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Morre poeta argentino Manuel Graña Etcheverry, genro de Drummond
Manuel Graña Etcheverry, poeta e tradutor argentino, morreu na madrugada desta quarta-feira (27), aos 99 anos, em Deán Funes, cidade do interior da Argentina onde morava. A causa da morte de Manolo, como gostava de ser chamado, foi insuficiência respiratória, desencadeada por uma infecção. Ele completaria cem anos em novembro. O poeta traduziu a obra de Carlos Drummond de Andrade para o espanhol. Casou-se com Maria Julieta, única filha do poeta itabirano, com quem teve três filhos – Carlos Manoel, Luís Maurício e Pedro Augusto. "Ouvi o Drummond dizer várias vezes que ele [Manolo] foi o melhor tradutor da obra dele para o espanhol", diz Edmílson Caminha, consultor da Fundação Carlos Drummond de Andrade. Manolo e Maria Julieta conheceram-se no Rio, nos anos 1940, e mudaram-se para Buenos Aires após o casamento. Inicialmente, Drummond resistiu ao pretendente de sua única filha, então com 21 anos, mas acabou concordando com o casamento dos dois. A filha confrontou o pai citando seus próprios versos: "Depressa, que o amor não pode esperar!". Em entrevista à Folha publicada em 2012, quando publicou-se a obra de Graña no Brasil pela primeira vez, a família contou que as maneiras do genro argentino mudaram o sogro. "Carlos acabou adotando o uísque das sete, um dos hábitos do papai", disse Luís Maurício Graña Drummond. Manolo também entrou para a história argentina para além do cânone literário. Orgulhava-se de ter sido o relator do projeto de lei que concedeu o voto feminino no país em 1947, quando foi deputado federal pela província de Córdoba durante o governo peronista. No Brasil, a principal obra do poeta, "Antologia Hede", saiu pela Companhia das Letras (R$ 37, 168 págs.) em 2012, em edição traduzida pelo próprio Manolo. Publicado originalmente em 1954, o livro versa sobre a cultura e os costumes de um povo primitivo, criado por Etcheverry. Leia o poema "Canto a Itabira" (trad. Edmílson Caminha), de Manuel Graña Etcheverry, dedicado à cidade de Drummond "Canto a Itabira" Deán Funes, Argentina, 16 e 17 de fevereiro de 2009 Não sou itabirano, mas a Itabira me levam minhas lembranças, nome repleto em mim de nítidas imagens, ruas que sobem e brilham no ocaso, crateras dos montes feridos pelas minas de ferro, a negra locomotiva que arrastava o maior trem do mundo, e a estátua do Poeta que com o gesto está dizendo: " - É aqui. Aqui é Itabira". Aqui é Itabira, escondida entre montanhas provinciais carcomidas, cortadas por caminhões gigantescos repletos do pó arrebatado que pacientemente esperam a grande viagem que leva tuas entranhas pelo mundo com teu nome, o nome de Itabira. Um jardim de Itabira, lá na casa das trinta portas, tem uma estrela, e o grande jardim na praça tem flores que falam, estudam, namoram mulheres de beleza itabirana que tiram o sono de quem as veja "passear na avenida, pelas tardes". Pelas tardes itabiranas os suspiros e os beijos em um pico de amor de amor amando, amando-te, Itabira. Itabira: quero desentranhar teu nome, saber o que és, qual o teu encanto, qual o ímã que atrai e me adere a ti. Teu nome, um estampido, lançou no ar o mágico 7 nas sete letras: o um varonil, O belo dois, somados dão a trindade, e fazem com o quatro figura perfeita, a perfeição em ti. Então te descubro, ita que quer dizer pedra, bira, erguida, altamente levantada, pedra dura, orgulhosa, de ferro, suave de coração para quem te conhece e te ama. Ao redobrar os tambores de um passado tumbaitá, aí estou eu entre danças, bailarinas, desejando que a lembrança não se dissipe, que não se apague o som escandido, que não me abandones, Itabira. Itabira: eu te canto com a voz que tenho, pouca para ti, mas que chegará ao teu coração generoso. Não é teu nome que não me abandona. És tu, completa entre montanhas feridas, erguida, levantada, endurecido o coração mineiro, ante feridas de mãos cobiçosas, abrandado na nostalgia de apenas um retrato na parede. Itabira, eu sou teu. Não é minha voz a voz de um poeta, mas te diz: eu te canto com a voz que tenho. Se teu nome ressoa pelos confins do mundo, faz-me chegar, ancoradas em meu ouvido, tuas sílabas sonoras as eufônicas letras do nome de Itabira.
ilustrada
Morre poeta argentino Manuel Graña Etcheverry, genro de DrummondManuel Graña Etcheverry, poeta e tradutor argentino, morreu na madrugada desta quarta-feira (27), aos 99 anos, em Deán Funes, cidade do interior da Argentina onde morava. A causa da morte de Manolo, como gostava de ser chamado, foi insuficiência respiratória, desencadeada por uma infecção. Ele completaria cem anos em novembro. O poeta traduziu a obra de Carlos Drummond de Andrade para o espanhol. Casou-se com Maria Julieta, única filha do poeta itabirano, com quem teve três filhos – Carlos Manoel, Luís Maurício e Pedro Augusto. "Ouvi o Drummond dizer várias vezes que ele [Manolo] foi o melhor tradutor da obra dele para o espanhol", diz Edmílson Caminha, consultor da Fundação Carlos Drummond de Andrade. Manolo e Maria Julieta conheceram-se no Rio, nos anos 1940, e mudaram-se para Buenos Aires após o casamento. Inicialmente, Drummond resistiu ao pretendente de sua única filha, então com 21 anos, mas acabou concordando com o casamento dos dois. A filha confrontou o pai citando seus próprios versos: "Depressa, que o amor não pode esperar!". Em entrevista à Folha publicada em 2012, quando publicou-se a obra de Graña no Brasil pela primeira vez, a família contou que as maneiras do genro argentino mudaram o sogro. "Carlos acabou adotando o uísque das sete, um dos hábitos do papai", disse Luís Maurício Graña Drummond. Manolo também entrou para a história argentina para além do cânone literário. Orgulhava-se de ter sido o relator do projeto de lei que concedeu o voto feminino no país em 1947, quando foi deputado federal pela província de Córdoba durante o governo peronista. No Brasil, a principal obra do poeta, "Antologia Hede", saiu pela Companhia das Letras (R$ 37, 168 págs.) em 2012, em edição traduzida pelo próprio Manolo. Publicado originalmente em 1954, o livro versa sobre a cultura e os costumes de um povo primitivo, criado por Etcheverry. Leia o poema "Canto a Itabira" (trad. Edmílson Caminha), de Manuel Graña Etcheverry, dedicado à cidade de Drummond "Canto a Itabira" Deán Funes, Argentina, 16 e 17 de fevereiro de 2009 Não sou itabirano, mas a Itabira me levam minhas lembranças, nome repleto em mim de nítidas imagens, ruas que sobem e brilham no ocaso, crateras dos montes feridos pelas minas de ferro, a negra locomotiva que arrastava o maior trem do mundo, e a estátua do Poeta que com o gesto está dizendo: " - É aqui. Aqui é Itabira". Aqui é Itabira, escondida entre montanhas provinciais carcomidas, cortadas por caminhões gigantescos repletos do pó arrebatado que pacientemente esperam a grande viagem que leva tuas entranhas pelo mundo com teu nome, o nome de Itabira. Um jardim de Itabira, lá na casa das trinta portas, tem uma estrela, e o grande jardim na praça tem flores que falam, estudam, namoram mulheres de beleza itabirana que tiram o sono de quem as veja "passear na avenida, pelas tardes". Pelas tardes itabiranas os suspiros e os beijos em um pico de amor de amor amando, amando-te, Itabira. Itabira: quero desentranhar teu nome, saber o que és, qual o teu encanto, qual o ímã que atrai e me adere a ti. Teu nome, um estampido, lançou no ar o mágico 7 nas sete letras: o um varonil, O belo dois, somados dão a trindade, e fazem com o quatro figura perfeita, a perfeição em ti. Então te descubro, ita que quer dizer pedra, bira, erguida, altamente levantada, pedra dura, orgulhosa, de ferro, suave de coração para quem te conhece e te ama. Ao redobrar os tambores de um passado tumbaitá, aí estou eu entre danças, bailarinas, desejando que a lembrança não se dissipe, que não se apague o som escandido, que não me abandones, Itabira. Itabira: eu te canto com a voz que tenho, pouca para ti, mas que chegará ao teu coração generoso. Não é teu nome que não me abandona. És tu, completa entre montanhas feridas, erguida, levantada, endurecido o coração mineiro, ante feridas de mãos cobiçosas, abrandado na nostalgia de apenas um retrato na parede. Itabira, eu sou teu. Não é minha voz a voz de um poeta, mas te diz: eu te canto com a voz que tenho. Se teu nome ressoa pelos confins do mundo, faz-me chegar, ancoradas em meu ouvido, tuas sílabas sonoras as eufônicas letras do nome de Itabira.
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YouTube está virando uma grande gincana, diz PC Siqueira
Paulo Cezar Goulart de Andrade Siqueira, o PC Siqueira, dono do canal "Mas Poxa Vida", é um dos youtubers mais antigos e influentes do Brasil. Ele é um dos palestrantes do youPIX CON, que acontece nesta quarta-feira (23) em São Paulo. Ele conversou com a Folha sobre o mundo digital. * Folha - A audiência influencia seu conteúdo? PC Siqueira - Se deixar as pessoas vão querer que você faça sempre a mesma coisa. Tem que fazer conteúdo diferente mesmo que as pessoas não gostem. Tem gente que reclama porque eu não faço mais vídeo de cultura pop. Eu não estou mais a fim. Lógico, eu faço coisa que dá audiência, mas procuro fazer o que eu gosto, o que julgo interessante, e não me importar demais com as pessoas. Se há críticas ou comentários negativos, procuro usar a meu favor. O conteúdo mudou muito nos últimos anos? Eu vejo que a grande mudança de quando eu comecei é que as pessoas estavam a fim de falar, mostrar alguma coisa. Atualmente elas querem aparecer, fazer parte de um grupinho, todo mundo quer ser o famosinho da internet. Vejo muita gente frustrada, preocupada em agradar aos outros. É preciso acompanhar o ritmo das redes sociais? Eu acho que não tem necessidade de estar sempre atrás. O interesse vai ser natural, afinal a gente fica na internet o dia inteiro, gostamos de coisas novas. Mas ter a obrigação de fazer alguma coisa é muito chato, eu não gosto disso. Lógico, tenho prazos para cumprir das datas dos meus vídeos, mas não é a obrigação de ser alguma coisa. E como você encara a produção de conteúdo no YouTube? As pessoas reclamam muito do conteúdo da TV, que só tinha bobagem, e agora muita gente faz vídeo para aparecer super simpático porque tem medo de perder público. Então basicamente estão tornando o YouTube idêntico àquela mesma coisa que você não gostava da TV. O YouTube está se transformando em uma grande gincana. Essa busca frenética pela audiência diminui a qualidade do seu conteúdo. O conteúdo só vai ser bom para um certo nicho de pessoas –aquelas que você quer agradar. Você tem um nicho de público? Eu não sei muito qual o meu nicho, mas eu sei que muitas pessoas que me assistem me entendem melhor do que outras. Eu acho que é um público da mesma idade minha. Acho que pessoas cinco anos mais velhas ou adolescentes não entendem muito meu conteúdo. É uma questão de geração, a internet ainda é muito vasta. Às vezes eu vejo gente com 4 milhões de inscritos que eu nunca ouvi falar. A Kéfera é famosa nível Rede Globo. Mas, diferentemente da TV, na internet o público que tem que ir atrás. Seus vídeos mudam com o passar do tempo? As coisas mudam naturalmente, não é de maneira deliberada. Os meus vídeos já mudaram bastante, porque são quase seis anos de canal. Eu só sei que tento não me agarrar à tentação só de agradar aos outros e ter mais números. Por que as pessoas estão vendo mais vídeos na internet? Eu acho que as pessoas ainda escrevem bastante no Facebook. Eu acho que o lance de consumir vídeo é só mais porque é mais fácil, no vídeo você conta sua personalidade. Mas eu acho que tem outras formas de leitura na internet, e que ela não vai acabar. Você não parece usar muito o Facebook, estou certo? Eu uso mais para divulgação do meu trabalho, é mais por obrigação. No Facebook, elas querem discutir tudo, tudo que você faz parece que está errado, sempre tem alguém querendo me bater, existem muitos haters. Não sou muito fã do Facebook. Você acha que a internet está mais restrita atualmente? Esse negócio da internet oferecer conteúdo baseado no que você já viu faz a pessoa viver num círculo de informação, vai sempre consumir a mesma coisa. Não tem mais aquela página aleatória, do conteúdo diferente. É um pouco prejudicial, você não tem acesso à informação livre. Prova disso é que o meu Google é diferente do seu.
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YouTube está virando uma grande gincana, diz PC SiqueiraPaulo Cezar Goulart de Andrade Siqueira, o PC Siqueira, dono do canal "Mas Poxa Vida", é um dos youtubers mais antigos e influentes do Brasil. Ele é um dos palestrantes do youPIX CON, que acontece nesta quarta-feira (23) em São Paulo. Ele conversou com a Folha sobre o mundo digital. * Folha - A audiência influencia seu conteúdo? PC Siqueira - Se deixar as pessoas vão querer que você faça sempre a mesma coisa. Tem que fazer conteúdo diferente mesmo que as pessoas não gostem. Tem gente que reclama porque eu não faço mais vídeo de cultura pop. Eu não estou mais a fim. Lógico, eu faço coisa que dá audiência, mas procuro fazer o que eu gosto, o que julgo interessante, e não me importar demais com as pessoas. Se há críticas ou comentários negativos, procuro usar a meu favor. O conteúdo mudou muito nos últimos anos? Eu vejo que a grande mudança de quando eu comecei é que as pessoas estavam a fim de falar, mostrar alguma coisa. Atualmente elas querem aparecer, fazer parte de um grupinho, todo mundo quer ser o famosinho da internet. Vejo muita gente frustrada, preocupada em agradar aos outros. É preciso acompanhar o ritmo das redes sociais? Eu acho que não tem necessidade de estar sempre atrás. O interesse vai ser natural, afinal a gente fica na internet o dia inteiro, gostamos de coisas novas. Mas ter a obrigação de fazer alguma coisa é muito chato, eu não gosto disso. Lógico, tenho prazos para cumprir das datas dos meus vídeos, mas não é a obrigação de ser alguma coisa. E como você encara a produção de conteúdo no YouTube? As pessoas reclamam muito do conteúdo da TV, que só tinha bobagem, e agora muita gente faz vídeo para aparecer super simpático porque tem medo de perder público. Então basicamente estão tornando o YouTube idêntico àquela mesma coisa que você não gostava da TV. O YouTube está se transformando em uma grande gincana. Essa busca frenética pela audiência diminui a qualidade do seu conteúdo. O conteúdo só vai ser bom para um certo nicho de pessoas –aquelas que você quer agradar. Você tem um nicho de público? Eu não sei muito qual o meu nicho, mas eu sei que muitas pessoas que me assistem me entendem melhor do que outras. Eu acho que é um público da mesma idade minha. Acho que pessoas cinco anos mais velhas ou adolescentes não entendem muito meu conteúdo. É uma questão de geração, a internet ainda é muito vasta. Às vezes eu vejo gente com 4 milhões de inscritos que eu nunca ouvi falar. A Kéfera é famosa nível Rede Globo. Mas, diferentemente da TV, na internet o público que tem que ir atrás. Seus vídeos mudam com o passar do tempo? As coisas mudam naturalmente, não é de maneira deliberada. Os meus vídeos já mudaram bastante, porque são quase seis anos de canal. Eu só sei que tento não me agarrar à tentação só de agradar aos outros e ter mais números. Por que as pessoas estão vendo mais vídeos na internet? Eu acho que as pessoas ainda escrevem bastante no Facebook. Eu acho que o lance de consumir vídeo é só mais porque é mais fácil, no vídeo você conta sua personalidade. Mas eu acho que tem outras formas de leitura na internet, e que ela não vai acabar. Você não parece usar muito o Facebook, estou certo? Eu uso mais para divulgação do meu trabalho, é mais por obrigação. No Facebook, elas querem discutir tudo, tudo que você faz parece que está errado, sempre tem alguém querendo me bater, existem muitos haters. Não sou muito fã do Facebook. Você acha que a internet está mais restrita atualmente? Esse negócio da internet oferecer conteúdo baseado no que você já viu faz a pessoa viver num círculo de informação, vai sempre consumir a mesma coisa. Não tem mais aquela página aleatória, do conteúdo diferente. É um pouco prejudicial, você não tem acesso à informação livre. Prova disso é que o meu Google é diferente do seu.
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Cortar glúten da dieta é controverso para quem não tem intolerância
Se há alguns anos só não comia glúten quem não podia –os celíacos–, agora há quem corte a proteína em busca de uma alimentação mais saudável. Mas estudos e especialistas apontam que deixar de comê-la não tem efeitos sobre a saúde. As atrizes Bruna Marquezine e Juliana Paes recorrem a uma dieta sem glúten para emagrecer. Até o atual melhor tenista do mundo, o sérvio Novak Djokovic, defende em seu recém-lançado livro "Sirva Para Vencer: A Dieta Sem Glúten Para a Excelência Física e Mental" (editora Évora) uma dieta livre da proteína. O que ocorre é que o glúten está presente em derivados do trigo, do centeio, da cevada, do malte e da aveia. Ou seja, pão, macarrão, cerveja e vários alimentos industrializados como bolachas e torradas. Quem deixa de comer esses alimentos, apontam os médicos, muitas vezes acaba perdendo peso –não por causa do glúten em si, mas porque pão, cerveja e bolacha não são exatamente as comidas mais saudáveis. "Você acaba fazendo uma reeducação alimentar, porque presta mais atenção no que está comendo e corta muitos alimentos industrializados da dieta", diz Jane Oba, médica gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein. INTOLERÂNCIA Os entusiastas antiglúten rebatem, porém, que não se trata apenas de peso. Muita gente alega sentir algum tipo de desconforto após ingerir algum produto que leva glúten na fabricação: inchaço e desconforto abdominal, gases, estufamento. O empresário Fernando Nakamura, 29, é uma dessas pessoas. Ele, que não é celíaco, sofreu com cólicas e gases desde criança. Decidiu então tentar uma dieta sem glúten e não tem mais os sintomas. "O primeiro mês que fiquei sem o glúten já foi uma maravilha. Às vezes uma cervejinha ou outra escapa, mas tento seguir a dieta." A publicitária Bete Cidreira, 53, também diz que passou a sentir menos inchada e mais disposta quando cortou o glúten da alimentação. Essas pessoas não são celíacas –uma doença autoimune desencadeada por um dos componentes do glúten que leva a um grave processo inflamatório–, mas podem ter algum tipo de intolerância. O problema é que não se sabe exatamente como se daria tal intolerância no organismo. Infográfico: Vida sem glúten "Não há um consenso sobre o assunto. Mas onde há fumaça há fogo, e alguns pesquisadores estão tentando entender qual é a origem de tantos sintomas", diz Fanny Dantas de Lima, médica alergista e imunologista clínica do Hospital Sírio-Libanês Pesquisas recentes apontam que talvez os responsáveis pelo desconforto sejam os "Fodmaps" –sigla em inglês para oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois fermentáveis–, carboidratos que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas. "Esses nutrientes não são quebrados como deveriam durante a digestão, então são fermentados pelas bactérias intestinais, o que acaba resultando na sensação de estufamento, inchaço e gases", afirma Jane. Não há relação entre os "Fodmaps" e o glúten, mas eles estão presentes em alguns alimentos em comum. Há "Fodmaps" em comidas sem glúten como a maçã e o abacate, mas também em pães, bolos, biscoitos ou cereais contendo trigo. Já banana, uva, tangerina, leite de soja e tapioca são exemplos de alimentos pobres em "Fodmaps" –mas, novamente, não há certeza entre os médicos sobre os impactos das substâncias no organismo. Para Sophie Deram, nutricionista da USP, a recomendação mais geral que se pode fazer não é cortar produtos da dieta, mas sim apostar em uma alimentação mais variada. "Dietas restritivas demais são insustentáveis a longo prazo e aumentam a ansiedade", afirma. Até porque uma dieta completamente livre de glúten não é barata: um pacote de 90 gramas de bolachas sem a substância custa cerca de R$ 8, e uma garrafa de 600 ml de cerveja sem glúten custa, em média, R$ 18.
equilibrioesaude
Cortar glúten da dieta é controverso para quem não tem intolerânciaSe há alguns anos só não comia glúten quem não podia –os celíacos–, agora há quem corte a proteína em busca de uma alimentação mais saudável. Mas estudos e especialistas apontam que deixar de comê-la não tem efeitos sobre a saúde. As atrizes Bruna Marquezine e Juliana Paes recorrem a uma dieta sem glúten para emagrecer. Até o atual melhor tenista do mundo, o sérvio Novak Djokovic, defende em seu recém-lançado livro "Sirva Para Vencer: A Dieta Sem Glúten Para a Excelência Física e Mental" (editora Évora) uma dieta livre da proteína. O que ocorre é que o glúten está presente em derivados do trigo, do centeio, da cevada, do malte e da aveia. Ou seja, pão, macarrão, cerveja e vários alimentos industrializados como bolachas e torradas. Quem deixa de comer esses alimentos, apontam os médicos, muitas vezes acaba perdendo peso –não por causa do glúten em si, mas porque pão, cerveja e bolacha não são exatamente as comidas mais saudáveis. "Você acaba fazendo uma reeducação alimentar, porque presta mais atenção no que está comendo e corta muitos alimentos industrializados da dieta", diz Jane Oba, médica gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein. INTOLERÂNCIA Os entusiastas antiglúten rebatem, porém, que não se trata apenas de peso. Muita gente alega sentir algum tipo de desconforto após ingerir algum produto que leva glúten na fabricação: inchaço e desconforto abdominal, gases, estufamento. O empresário Fernando Nakamura, 29, é uma dessas pessoas. Ele, que não é celíaco, sofreu com cólicas e gases desde criança. Decidiu então tentar uma dieta sem glúten e não tem mais os sintomas. "O primeiro mês que fiquei sem o glúten já foi uma maravilha. Às vezes uma cervejinha ou outra escapa, mas tento seguir a dieta." A publicitária Bete Cidreira, 53, também diz que passou a sentir menos inchada e mais disposta quando cortou o glúten da alimentação. Essas pessoas não são celíacas –uma doença autoimune desencadeada por um dos componentes do glúten que leva a um grave processo inflamatório–, mas podem ter algum tipo de intolerância. O problema é que não se sabe exatamente como se daria tal intolerância no organismo. Infográfico: Vida sem glúten "Não há um consenso sobre o assunto. Mas onde há fumaça há fogo, e alguns pesquisadores estão tentando entender qual é a origem de tantos sintomas", diz Fanny Dantas de Lima, médica alergista e imunologista clínica do Hospital Sírio-Libanês Pesquisas recentes apontam que talvez os responsáveis pelo desconforto sejam os "Fodmaps" –sigla em inglês para oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois fermentáveis–, carboidratos que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas. "Esses nutrientes não são quebrados como deveriam durante a digestão, então são fermentados pelas bactérias intestinais, o que acaba resultando na sensação de estufamento, inchaço e gases", afirma Jane. Não há relação entre os "Fodmaps" e o glúten, mas eles estão presentes em alguns alimentos em comum. Há "Fodmaps" em comidas sem glúten como a maçã e o abacate, mas também em pães, bolos, biscoitos ou cereais contendo trigo. Já banana, uva, tangerina, leite de soja e tapioca são exemplos de alimentos pobres em "Fodmaps" –mas, novamente, não há certeza entre os médicos sobre os impactos das substâncias no organismo. Para Sophie Deram, nutricionista da USP, a recomendação mais geral que se pode fazer não é cortar produtos da dieta, mas sim apostar em uma alimentação mais variada. "Dietas restritivas demais são insustentáveis a longo prazo e aumentam a ansiedade", afirma. Até porque uma dieta completamente livre de glúten não é barata: um pacote de 90 gramas de bolachas sem a substância custa cerca de R$ 8, e uma garrafa de 600 ml de cerveja sem glúten custa, em média, R$ 18.
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Igreja gótica monumental e templo do perfume atraem turistas a Colônia
A catedral de Colônia (ou Köln, como a chamam por lá) demorou mais de 600 anos para ser erguida: as obras foram iniciadas em 1248 e só terminaram em 1880. Hoje, a edificação está em reforma. Imponente, com traços góticos e 157 metros de altura nas torres, é uma das mais altas igrejas do mundo e domina a paisagem da cidade. Também é um dos monumentos mais visitados da Alemanha. Por seu valor arquitetônico, e também por guardar tesouros como um relicário em que se acredita estarem os ossos dos Três Reis Magos, ela foi nomeada patrimônio da humanidade em 1996. Outra atração turística óbvia da cidade é o museu do perfume, instalado na famosa Casa Farina, fabricante da água-de-colônia mais conhecida do mundo. A atmosfera de Colônia é turística e cosmopolita. Há grupos numerosos de visitantes americanos e asiáticos, e não é difícil achar lusófonos. Em 2015, foram registrados 30 mil pernoites de brasileiros na cidade, que ocupa a quarta posição no ranking de destinos de turistas do país na Alemanha. Diz-se que Colônia está na porção geograficamente mais festiva da Alemanha. Por lá, até a cerveja mais típica, a do tipo kölsch (da família das lagers), é mais leve, degustada em temperaturas mais baixas –e mais próximas ao que brasileiros estão habituados– e em copos estreitos. Na mistura de tradição e modernidade, é possível fazer uma refeição embaixo do que já foi uma ponte erguida pelo Império Romano, hoje no subterrâneo de Colônia, no restaurante Weinhaus Brungs. Também é de fácil acesso o Museu Romano-Germânico, que exibe um belo mosaico feito na antiguidade (quando a cidade era uma colônia romana) encontrado durante escavações. Outra opção é ir a um dos restaurantes às margens do rio Reno. O jogador de futebol Lukas Podolski, do clube turco Galatasaray, que esteve no Brasil durante a Copa de 2014 e afirmou ter se encantado com o país (ele não jogou no 7x1), tem um estabelecimento por ali. No Brauhaus Zum-Prizen, tomar uma cerveja kölsh e comer uma salada leve custa cerca de € 20 (R$ 72) . Ao longo do ano há festivais e farta agenda cultural na cidade. Vale notar que os principais pontos turísticos locais são acessíveis. * R$ 1.940 Três noites em Colônia, no hotel Adagio, com café. Sem extras ou aéreo. Preço válido para até quatro pessoas. Reservas: adagio-city.com R$ 2.348 Seis noites em Frankfurt, com aéreo. Por pessoa, sem refeições ou extras, saída em 16/11. No Decolar: decolar.com € 949 (R$ 3.440) Pacote de quatro noites, com café. Sem aéreo, inclui passeios a Frankfurt, Colônia e ao vale do Reno. Por pessoa. Na RCA: (11) 3017-8700; rcaturismo.com.br R$ 3.989 Valor por pessoa para quatro noites em Colônia. Sem café ou extras, com aéreo. No Submarino: (11) 4003-9888; submarinoviagens.com.br US$ 1.411 (R$ 4.588) Valor para sete noites entre a Bélgica, Holanda, França e Alemanha (Colônia e Frankfurt), em cruzeiro pelo rio Reno. Sem aéreo, com café, duas refeições e traslados. Por pessoa. Na Venice: (11) 3087-4747; veniceturismo.com.br US$ 1.435 (R$ 4.666) Valor por pessoa para oito noites entre Frankfurt, Colônia, Hamburgo e Berlim. Sem aéreo, com café, traslados e cruzeiro pelo Reno. Na Top Brasil: (11) 5576-6300; topbrasiltur.com.br R$ 6.602 Seis noites, passando pelo vale do Reno e incluindo tours na Bélgica e na Holanda. Com aéreo e café, preço por pessoa. Na Latam Travel: (11) 3274-1313; latamtravel.com.br € 1.995 (R$ 7.232) Pacote de 11 noites, passando, entre outras cidades, por Frankfurt, Berlim, Colônia e Munique. Sem aéreo, inclui café, traslados e passeios. Na Visual: (11) 3235-2000; visualturismo.com.br R$ 7.607 Pacote de seis noites no vale do Reno. Valor para duas pessoas, com aéreo e café da manhã, sem passeios ou extras. Na Expedia: 0800-7610765; expedia.com.br US$ 2.450 (R$ 7.967) Pacote de sete noites entre Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França e Alemanha (Colônia e vale do Reno). Inclui café, aéreo e passeios. Na Abreu: (11) 2860-1840; abreutur.com.br € 2.778 (R$ 10.070) Pacote de 12 noites passando por nove cidades alemãs. Preço por pessoa, com passeios, café e dois jantares típicos. Sem aéreo. Na CVC: (11) 3003-9282; cvc.com.br € 3.577 (R$ 12.967) Seis noites visitando, entre outras cidades, Berlim e Frankfurt. Por pessoa, com café, traslados, visitas a mercados de Natal e passeios. Sem aéreo, saída em 29/11. Na Queensberry: (11) 3217-7101; queensberry.com.br O jornalista viajou a convite da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo)
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Igreja gótica monumental e templo do perfume atraem turistas a ColôniaA catedral de Colônia (ou Köln, como a chamam por lá) demorou mais de 600 anos para ser erguida: as obras foram iniciadas em 1248 e só terminaram em 1880. Hoje, a edificação está em reforma. Imponente, com traços góticos e 157 metros de altura nas torres, é uma das mais altas igrejas do mundo e domina a paisagem da cidade. Também é um dos monumentos mais visitados da Alemanha. Por seu valor arquitetônico, e também por guardar tesouros como um relicário em que se acredita estarem os ossos dos Três Reis Magos, ela foi nomeada patrimônio da humanidade em 1996. Outra atração turística óbvia da cidade é o museu do perfume, instalado na famosa Casa Farina, fabricante da água-de-colônia mais conhecida do mundo. A atmosfera de Colônia é turística e cosmopolita. Há grupos numerosos de visitantes americanos e asiáticos, e não é difícil achar lusófonos. Em 2015, foram registrados 30 mil pernoites de brasileiros na cidade, que ocupa a quarta posição no ranking de destinos de turistas do país na Alemanha. Diz-se que Colônia está na porção geograficamente mais festiva da Alemanha. Por lá, até a cerveja mais típica, a do tipo kölsch (da família das lagers), é mais leve, degustada em temperaturas mais baixas –e mais próximas ao que brasileiros estão habituados– e em copos estreitos. Na mistura de tradição e modernidade, é possível fazer uma refeição embaixo do que já foi uma ponte erguida pelo Império Romano, hoje no subterrâneo de Colônia, no restaurante Weinhaus Brungs. Também é de fácil acesso o Museu Romano-Germânico, que exibe um belo mosaico feito na antiguidade (quando a cidade era uma colônia romana) encontrado durante escavações. Outra opção é ir a um dos restaurantes às margens do rio Reno. O jogador de futebol Lukas Podolski, do clube turco Galatasaray, que esteve no Brasil durante a Copa de 2014 e afirmou ter se encantado com o país (ele não jogou no 7x1), tem um estabelecimento por ali. No Brauhaus Zum-Prizen, tomar uma cerveja kölsh e comer uma salada leve custa cerca de € 20 (R$ 72) . Ao longo do ano há festivais e farta agenda cultural na cidade. Vale notar que os principais pontos turísticos locais são acessíveis. * R$ 1.940 Três noites em Colônia, no hotel Adagio, com café. Sem extras ou aéreo. Preço válido para até quatro pessoas. Reservas: adagio-city.com R$ 2.348 Seis noites em Frankfurt, com aéreo. Por pessoa, sem refeições ou extras, saída em 16/11. No Decolar: decolar.com € 949 (R$ 3.440) Pacote de quatro noites, com café. Sem aéreo, inclui passeios a Frankfurt, Colônia e ao vale do Reno. Por pessoa. Na RCA: (11) 3017-8700; rcaturismo.com.br R$ 3.989 Valor por pessoa para quatro noites em Colônia. Sem café ou extras, com aéreo. No Submarino: (11) 4003-9888; submarinoviagens.com.br US$ 1.411 (R$ 4.588) Valor para sete noites entre a Bélgica, Holanda, França e Alemanha (Colônia e Frankfurt), em cruzeiro pelo rio Reno. Sem aéreo, com café, duas refeições e traslados. Por pessoa. Na Venice: (11) 3087-4747; veniceturismo.com.br US$ 1.435 (R$ 4.666) Valor por pessoa para oito noites entre Frankfurt, Colônia, Hamburgo e Berlim. Sem aéreo, com café, traslados e cruzeiro pelo Reno. Na Top Brasil: (11) 5576-6300; topbrasiltur.com.br R$ 6.602 Seis noites, passando pelo vale do Reno e incluindo tours na Bélgica e na Holanda. Com aéreo e café, preço por pessoa. Na Latam Travel: (11) 3274-1313; latamtravel.com.br € 1.995 (R$ 7.232) Pacote de 11 noites, passando, entre outras cidades, por Frankfurt, Berlim, Colônia e Munique. Sem aéreo, inclui café, traslados e passeios. Na Visual: (11) 3235-2000; visualturismo.com.br R$ 7.607 Pacote de seis noites no vale do Reno. Valor para duas pessoas, com aéreo e café da manhã, sem passeios ou extras. Na Expedia: 0800-7610765; expedia.com.br US$ 2.450 (R$ 7.967) Pacote de sete noites entre Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França e Alemanha (Colônia e vale do Reno). Inclui café, aéreo e passeios. Na Abreu: (11) 2860-1840; abreutur.com.br € 2.778 (R$ 10.070) Pacote de 12 noites passando por nove cidades alemãs. Preço por pessoa, com passeios, café e dois jantares típicos. Sem aéreo. Na CVC: (11) 3003-9282; cvc.com.br € 3.577 (R$ 12.967) Seis noites visitando, entre outras cidades, Berlim e Frankfurt. Por pessoa, com café, traslados, visitas a mercados de Natal e passeios. Sem aéreo, saída em 29/11. Na Queensberry: (11) 3217-7101; queensberry.com.br O jornalista viajou a convite da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo)
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Trabalhar por amor
A nova encíclica do papa Francisco vincula-se às páginas iniciais da Sagrada Escritura: "Deus formou o ser humano –homem e mulher– e o colocou no jardim do Éden, para o cultivar e guardar", (Gênesis 2, 15). "Depois apresentou todos os animais ao homem, para ver como os chamaria" (Gênesis 2, 19). Foi um ato de amor por parte de Deus, um modo de exprimir a sua confiança em cada ser humano, a quem encomendou a tarefa de desenvolver as potencialidades que Ele mesmo pusera nas criaturas. Cada um de nós é guardião e protetor da criação. Como o papa recorda, Deus colocou o ser humano nesse jardim não só para que ele cuidasse do que já existia, mas para que produzisse fruto por meio da sua tarefa de lavoura, do seu trabalho. Se a humanidade se esforça em acolher o desígnio criador, tarefas nobres podem se transformar em instrumento para o progresso do mundo e para a dignificação da pessoa. Tudo depende de que se procure trabalhar com perfeição, com o desejo de servir os outros, por amor a Deus e ao próximo. Certamente outras motivações intervêm, como a necessidade de sustentar-se e de sustentar a própria família, o empenho generoso em ajudar as pessoas necessitadas, o desejo de adquirir a perfeição numa atividade concreta. Mas a chamada do papa recorda-nos que a meta é ainda mais elevada: colaborar, de certo modo, com Deus na redenção da humanidade. Justamente nesta sexta-feira (26) relembra-se o 40º aniversário de morte de são Josemaria Escrivá, esse santo sacerdote –fundador do Opus Dei– que proclamou ao mundo inteiro o valor evangélico do trabalho realizado por amor. Sou testemunha de como, até o fim de sua vida terrena, são Josemaria Escrivá procurou viver pessoalmente o que pregava sobre o trabalho. "O grande privilégio do homem é poder amar, transcendendo assim o efêmero e o transitório", escreveu no livro "É Cristo que Passa". Por isso –acrescentava–, "o homem não se deve limitar a fazer coisas, a construir objetos. O trabalho nasce do amor, manifesta o amor, orienta-se para o amor. [...] O trabalho é assim oração, ação de graças, porque nos sabemos colocados na terra por Deus, amados por Ele, herdeiros de suas promessas". Segundo a orientação que se dê ao trabalho, ele tem a capacidade de destruir ou de conferir dignidade às pessoas, de cuidar ou de desfigurar a natureza, de prestar ou de omitir o serviço devido ao próximo. Quem sofre o desemprego e experimenta a angústia da falta de recursos econômicos compreende bem o valor dignificante do trabalho. Por esse motivo, as pessoas que estão desempregadas são uma lembrança constante nas orações e nas preocupações do cristão. Como afirma o papa, ajudar os pobres ou os desempregados com dinheiro "deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências". Na verdade, o grande objetivo "deveria ser sempre proporcionar-lhes uma vida digna através do trabalho" (Laudato si', 128). Do mesmo modo, a encíclica recorda-nos que "renunciar a investir nas pessoas para se obter maior receita imediata é um péssimo negócio para a sociedade" (ibidem). Bento 16 definiu o cristão como "um coração que vê". No trabalho, sem dúvida, a eficácia econômica é um critério, mas não o único: o cristão põe o coração no seu trabalho porque assim o fez Cristo, e empenha-se em fazer dessa dedicação um serviço aos outros, o que também é louvor ao Criador. Só o trabalho entendido como serviço, o trabalho que põe o ser humano no centro, o trabalho realizado por amor a Deus, é capaz de abrir horizontes para a felicidade terrena e eterna das mulheres e dos homens do nosso tempo. DOM JAVIER ECHEVARRÍA, 83, doutor em direito civil e em direito canônico, é o bispo prelado do Opus Dei * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Trabalhar por amorA nova encíclica do papa Francisco vincula-se às páginas iniciais da Sagrada Escritura: "Deus formou o ser humano –homem e mulher– e o colocou no jardim do Éden, para o cultivar e guardar", (Gênesis 2, 15). "Depois apresentou todos os animais ao homem, para ver como os chamaria" (Gênesis 2, 19). Foi um ato de amor por parte de Deus, um modo de exprimir a sua confiança em cada ser humano, a quem encomendou a tarefa de desenvolver as potencialidades que Ele mesmo pusera nas criaturas. Cada um de nós é guardião e protetor da criação. Como o papa recorda, Deus colocou o ser humano nesse jardim não só para que ele cuidasse do que já existia, mas para que produzisse fruto por meio da sua tarefa de lavoura, do seu trabalho. Se a humanidade se esforça em acolher o desígnio criador, tarefas nobres podem se transformar em instrumento para o progresso do mundo e para a dignificação da pessoa. Tudo depende de que se procure trabalhar com perfeição, com o desejo de servir os outros, por amor a Deus e ao próximo. Certamente outras motivações intervêm, como a necessidade de sustentar-se e de sustentar a própria família, o empenho generoso em ajudar as pessoas necessitadas, o desejo de adquirir a perfeição numa atividade concreta. Mas a chamada do papa recorda-nos que a meta é ainda mais elevada: colaborar, de certo modo, com Deus na redenção da humanidade. Justamente nesta sexta-feira (26) relembra-se o 40º aniversário de morte de são Josemaria Escrivá, esse santo sacerdote –fundador do Opus Dei– que proclamou ao mundo inteiro o valor evangélico do trabalho realizado por amor. Sou testemunha de como, até o fim de sua vida terrena, são Josemaria Escrivá procurou viver pessoalmente o que pregava sobre o trabalho. "O grande privilégio do homem é poder amar, transcendendo assim o efêmero e o transitório", escreveu no livro "É Cristo que Passa". Por isso –acrescentava–, "o homem não se deve limitar a fazer coisas, a construir objetos. O trabalho nasce do amor, manifesta o amor, orienta-se para o amor. [...] O trabalho é assim oração, ação de graças, porque nos sabemos colocados na terra por Deus, amados por Ele, herdeiros de suas promessas". Segundo a orientação que se dê ao trabalho, ele tem a capacidade de destruir ou de conferir dignidade às pessoas, de cuidar ou de desfigurar a natureza, de prestar ou de omitir o serviço devido ao próximo. Quem sofre o desemprego e experimenta a angústia da falta de recursos econômicos compreende bem o valor dignificante do trabalho. Por esse motivo, as pessoas que estão desempregadas são uma lembrança constante nas orações e nas preocupações do cristão. Como afirma o papa, ajudar os pobres ou os desempregados com dinheiro "deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências". Na verdade, o grande objetivo "deveria ser sempre proporcionar-lhes uma vida digna através do trabalho" (Laudato si', 128). Do mesmo modo, a encíclica recorda-nos que "renunciar a investir nas pessoas para se obter maior receita imediata é um péssimo negócio para a sociedade" (ibidem). Bento 16 definiu o cristão como "um coração que vê". No trabalho, sem dúvida, a eficácia econômica é um critério, mas não o único: o cristão põe o coração no seu trabalho porque assim o fez Cristo, e empenha-se em fazer dessa dedicação um serviço aos outros, o que também é louvor ao Criador. Só o trabalho entendido como serviço, o trabalho que põe o ser humano no centro, o trabalho realizado por amor a Deus, é capaz de abrir horizontes para a felicidade terrena e eterna das mulheres e dos homens do nosso tempo. DOM JAVIER ECHEVARRÍA, 83, doutor em direito civil e em direito canônico, é o bispo prelado do Opus Dei * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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'A imprensa se tornou o arauto da cultura punitiva', diz Mariz
"Toque em um de nós e nos tocará a todos", disse o advogado Luiz Flávio D'Urso nesta segunda-feira (9), no ato de desagravo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. O encontro em São Paulo demonstrou a união da classe –reuniu os defensores mais influentes do país, em uma crítica ao vazamento à imprensa de trechos da delação do operador de valores Lúcio Funaro que envolviam Mariz. Estavam lá Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, Pierpaolo Bottini e Antônio Carlos de Almeida e Castro, o Kakay, defensores, entre outros, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Além de presidentes e representantes de entidades como o IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) e o Instituto dos Advogados do Brasil. O tom geral era de insatisfação com uma reportagem do jornal "O Globo", depois reproduzida pelo Jornal Nacional, que relatava trecho da delação premiada de Funaro. Funaro, tido como operador de Eduardo Cunha, relatou ter se reunido no escritório de Mariz, então seu advogado, para tratar de uma delação premiada combinada com os executivos da JBS. Advogado de Michel Temer, Mariz representou o presidente na primeira denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o peemedebista. Desta vez, abandonou a defesa na segunda denúncia, que leva em conta o depoimento de Funaro. Para a OAB, a reportagem com o vazamento do depoimento do relator violou as prerrogativas do exercício da advocacia ao divulgar o conteúdo de uma suposta conversa sigilosa entre o profissional e seu cliente. IMPRENSA Em seu discurso, Mariz fez críticas à "falta de limites e peso" da imprensa e disse haver um "conluio entre a imprensa e a cultura punitiva" que, de acordo com o advogado, "criou uma ruptura entre o direito penal e o seu exercício". "A imprensa se tornou o arauto dessa conduta punitiva", afirmou ele. Depois, a jornalistas, ele afirmou que não se referia especificamente a reportagens sobre a operação Lava Jato, mas de uma prática que disse ser histórica. "Por que entendem os jornalistas que o direito à informação é ilimitado?", disse o advogado. Para ele, "a mídia tem obrigação com a veracidade" e "não pode soltar a informação a esmo e correr atrás da veracidade depois". Mariz disse que a mídia "está necessitando de reflexão", precisa entender que não existe um direito absoluto à informação sem que se respeitem outros direitos. Marcos da Costa, presidente da seccional paulista da OAB, mencionou em seu pronunciamento a "tipificação do crime da publicidade ofensiva" em países como os Estados Unidos. Esse dispositivo, disse, permite anular julgamentos que foram influenciados pela exposição do caso na mídia, a ponto de orientar as decisões do juiz. À Folha, Costa afirmou que a Ordem planeja iniciar uma série de debates e audiências públicas sobre o assunto no Brasil. "É um debate fundamental até que ponto a Justiça não está sendo contaminada pela exposição de casos pela mídia", afirmou o presidente da OAB-SP.
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'A imprensa se tornou o arauto da cultura punitiva', diz Mariz"Toque em um de nós e nos tocará a todos", disse o advogado Luiz Flávio D'Urso nesta segunda-feira (9), no ato de desagravo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. O encontro em São Paulo demonstrou a união da classe –reuniu os defensores mais influentes do país, em uma crítica ao vazamento à imprensa de trechos da delação do operador de valores Lúcio Funaro que envolviam Mariz. Estavam lá Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, Pierpaolo Bottini e Antônio Carlos de Almeida e Castro, o Kakay, defensores, entre outros, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Além de presidentes e representantes de entidades como o IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) e o Instituto dos Advogados do Brasil. O tom geral era de insatisfação com uma reportagem do jornal "O Globo", depois reproduzida pelo Jornal Nacional, que relatava trecho da delação premiada de Funaro. Funaro, tido como operador de Eduardo Cunha, relatou ter se reunido no escritório de Mariz, então seu advogado, para tratar de uma delação premiada combinada com os executivos da JBS. Advogado de Michel Temer, Mariz representou o presidente na primeira denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o peemedebista. Desta vez, abandonou a defesa na segunda denúncia, que leva em conta o depoimento de Funaro. Para a OAB, a reportagem com o vazamento do depoimento do relator violou as prerrogativas do exercício da advocacia ao divulgar o conteúdo de uma suposta conversa sigilosa entre o profissional e seu cliente. IMPRENSA Em seu discurso, Mariz fez críticas à "falta de limites e peso" da imprensa e disse haver um "conluio entre a imprensa e a cultura punitiva" que, de acordo com o advogado, "criou uma ruptura entre o direito penal e o seu exercício". "A imprensa se tornou o arauto dessa conduta punitiva", afirmou ele. Depois, a jornalistas, ele afirmou que não se referia especificamente a reportagens sobre a operação Lava Jato, mas de uma prática que disse ser histórica. "Por que entendem os jornalistas que o direito à informação é ilimitado?", disse o advogado. Para ele, "a mídia tem obrigação com a veracidade" e "não pode soltar a informação a esmo e correr atrás da veracidade depois". Mariz disse que a mídia "está necessitando de reflexão", precisa entender que não existe um direito absoluto à informação sem que se respeitem outros direitos. Marcos da Costa, presidente da seccional paulista da OAB, mencionou em seu pronunciamento a "tipificação do crime da publicidade ofensiva" em países como os Estados Unidos. Esse dispositivo, disse, permite anular julgamentos que foram influenciados pela exposição do caso na mídia, a ponto de orientar as decisões do juiz. À Folha, Costa afirmou que a Ordem planeja iniciar uma série de debates e audiências públicas sobre o assunto no Brasil. "É um debate fundamental até que ponto a Justiça não está sendo contaminada pela exposição de casos pela mídia", afirmou o presidente da OAB-SP.
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Prado atrai turistas e baleias jubarte em busca de sossego e água quente
A 210 km da agitada Porto Seguro (BA), Prado é sinônimo de sossego. Ponto de encontro de turistas mineiros e capixabas, que aproveitam a proximidade com o sul da Bahia, o destino ainda está fora do circuito "hype". São 84 km de praias emolduradas por falésias de até 30 metros de altura. Ali, o mar é tão quente que o pé nem leva susto quando toca a água. A temperatura agradável não atrai só turistas friorentos. De julho a novembro, as baleias jubarte também estão nas redondezas para acasalar e dar à luz seus filhotes. É por isso que a região que vai do limite sul da Bahia a Prado é chamada de Costa das Baleias. Para vê-las, o melhor é fazer um passeio ao arquipélago de Abrolhos, a cerca de 70 km do litoral. Prado também reivindica seu espaço na zona turística vizinha, a Costa do Descobrimento. Basta falar com alguns moradores para vê-los revoltados com a versão oficial da história, segundo a qual, em 1500, portugueses desembarcaram pela primeira vez no Brasil em Porto Seguro. Antes de ancorar sua esquadra por lá, Pedro Álvares Cabral teria dado uma paradinha na Barra do Cahy, um dos lugares mais bonitos do litoral pradense. Fora um restaurante que fica à beira da praia, tudo ali permanece parecido há 500 anos: falésias avermelhadas, areias brancas, coqueiros, manguezal e um rio que deságua no mar. Quem passa de barco avista o monte Pascoal, com 536 metros de altura. Descrito na carta de Pero Vaz de Caminha, para os moradores ele seria a prova de que Prado é o berço do descobrimento. AGITO E SOSSEGO O maior agito –para os parâmetros de Prado– acontece na região central da cidade. Perto da maioria dos hotéis, é ali que estão os quiosques e os vendedores. Quando cai a noite, a cidade se encontra no Beco das Garrafas: duas ruelas perpendiculares tomadas por mesas e música ao vivo. O destaque é o restaurante Banana da Terra, da chef Márcia Marques, especializado em peixes e frutos do mar. Um dos pratos principais, chamado Falésias de Mariscos, mistura peixe budião, lagosta e camarão com purê de castanhas e molho de coquinho xandó, pitanga e guairu –frutas da região. O prato custa R$ 130, para dois. Para quem quer mais sossego, a cerca de 30 km do centro de Prado fica Cumuruxatiba, um vilarejo de pescadores pacato, mas com estrutura confortável de pousadas e restaurantes. Ali, a presença dos índios pataxós é forte. Às sextas-feiras, é possível conhecer a aldeia Tibá, a 7 km da vila –umas das 12 espalhadas pelo território de Prado. A visita, das 10h às 13h, custa R$ 50 por pessoa, para um grupo de no mínimo cinco turistas. O almoço, cujo prato é peixe na patioba, custa mais R$ 25. Se a ideia é ficar ainda mais isolado, o ideal é continuar o caminho rumo ao extremo norte do município. Com difícil acesso (feito em 55 km de estrada de terra), Corumbau significa "longe de todas as preocupações", na língua dos pataxós. A falta de sinal de celular prova a definição indígena e ajuda o turista a se desligar e se conectar com atrações do lugar. As principais são o Pontal, faixa de areia que avança por 1 km no oceano na maré baixa, e o rio Corumbau, no limite com Caraíva –outro ponto que atrai visitantes. * RECIFES DE GUARATIBA Próximo à costa de Prado, o banco de corais surge na maré baixa. Neles, formam-se pequenas piscinas naturais, onde peixes ficam presos até a maré subir novamente. Com máscara, é possível vê-los como se os animais estivessem em um aquário. Ao redor dos recifes, também dá para relaxar em boias tipo espaguete fornecidos pela escuna, que demora cerca de uma hora e meia para chegar até ali. O passeio sai do rio Jucuruçu e custa R$ 70 por pessoa. RECIFES DE ITACOLOMI As formações ficam a cerca de 20 minutos da ponta do Corumbau, de onde saem os barcos de pescadores que fazem o trajeto. O horário do passeio varia de acordo com a maré, que precisa estar baixa. A embarcação permanece uma hora nos recifes, onde é possível ver diferentes tipos de peixes e de corais, incluindo o coral-cérebro, típico da Bahia. O valor é de R$ 60 por pessoa, se o barco alcançar a lotação máxima (total de dez visitantes). RIO CORUMBAU A subida do rio é feita de barco ou de canoa pelos índios da aldeia Bugigão até uma prainha boa para se banhar. Dali, encara-se uma trilha de 15 minutos para assistir ao pôr do sol atrás do monte Pascoal. Por isso, o horário ideal para fazer o passeio é às 16h30. Na volta, ainda dá para pegar o pouso de andorinhas no mangue, fenômeno que ocorre por volta das 18h. O passeio custa R$ 200 (casal). * R$ 685 Preço para sete noites na pousada Coral de Fogo. Inclui café da manhã e traslado do aeroporto de Teixeira de Freitas a Prado. Sem aéreo. Na Prado Tour: pradotour.com.br R$ 960 Valor para viagem de 4 a 10 de junho, seis noites de hospedagem no Cahy Praia Hotel, em Prado. Com café da manhã, sem aéreo nem passeios no pacote. Na Submarino: submarinoviagens.com.br R$ 1.896 Com passagem aérea via Porto Seguro, seis noites em Prado. Valor por pessoa, para viagem de 13 a 19 de agosto. Não inclui passeios. Na Submarino: submarinoviagens.com.br R$ 1.904,99 Pacote para quatro noites em Prado, em hotel com café da manhã. Valor por pessoa, com aéreo. Na CVC: cvc.com.br R$ 2.553 Com aéreo, cinco noites no Hotel Pousada Casa de Maria, em Prado. Preço por pessoa, com café da manhã. Sem passeios. Na New Age: newage.tur.br R$ 3.873 Quatro noites em Corumbau, no hotel Vila Naiá, com café da manhã e jantar inclusos. Sem aéreo nem passeios incluídos pela região. Na Adventure Club: adventureclub.com.br R$ 4.105 Inclui café da manhã e jantar no hotel Fazenda São Francisco, em Corumbau. Pacote de quatro noites, sem aéreo nem passeios previstos no roteiro. Na Adventure Club: adventureclub.com.br
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Prado atrai turistas e baleias jubarte em busca de sossego e água quenteA 210 km da agitada Porto Seguro (BA), Prado é sinônimo de sossego. Ponto de encontro de turistas mineiros e capixabas, que aproveitam a proximidade com o sul da Bahia, o destino ainda está fora do circuito "hype". São 84 km de praias emolduradas por falésias de até 30 metros de altura. Ali, o mar é tão quente que o pé nem leva susto quando toca a água. A temperatura agradável não atrai só turistas friorentos. De julho a novembro, as baleias jubarte também estão nas redondezas para acasalar e dar à luz seus filhotes. É por isso que a região que vai do limite sul da Bahia a Prado é chamada de Costa das Baleias. Para vê-las, o melhor é fazer um passeio ao arquipélago de Abrolhos, a cerca de 70 km do litoral. Prado também reivindica seu espaço na zona turística vizinha, a Costa do Descobrimento. Basta falar com alguns moradores para vê-los revoltados com a versão oficial da história, segundo a qual, em 1500, portugueses desembarcaram pela primeira vez no Brasil em Porto Seguro. Antes de ancorar sua esquadra por lá, Pedro Álvares Cabral teria dado uma paradinha na Barra do Cahy, um dos lugares mais bonitos do litoral pradense. Fora um restaurante que fica à beira da praia, tudo ali permanece parecido há 500 anos: falésias avermelhadas, areias brancas, coqueiros, manguezal e um rio que deságua no mar. Quem passa de barco avista o monte Pascoal, com 536 metros de altura. Descrito na carta de Pero Vaz de Caminha, para os moradores ele seria a prova de que Prado é o berço do descobrimento. AGITO E SOSSEGO O maior agito –para os parâmetros de Prado– acontece na região central da cidade. Perto da maioria dos hotéis, é ali que estão os quiosques e os vendedores. Quando cai a noite, a cidade se encontra no Beco das Garrafas: duas ruelas perpendiculares tomadas por mesas e música ao vivo. O destaque é o restaurante Banana da Terra, da chef Márcia Marques, especializado em peixes e frutos do mar. Um dos pratos principais, chamado Falésias de Mariscos, mistura peixe budião, lagosta e camarão com purê de castanhas e molho de coquinho xandó, pitanga e guairu –frutas da região. O prato custa R$ 130, para dois. Para quem quer mais sossego, a cerca de 30 km do centro de Prado fica Cumuruxatiba, um vilarejo de pescadores pacato, mas com estrutura confortável de pousadas e restaurantes. Ali, a presença dos índios pataxós é forte. Às sextas-feiras, é possível conhecer a aldeia Tibá, a 7 km da vila –umas das 12 espalhadas pelo território de Prado. A visita, das 10h às 13h, custa R$ 50 por pessoa, para um grupo de no mínimo cinco turistas. O almoço, cujo prato é peixe na patioba, custa mais R$ 25. Se a ideia é ficar ainda mais isolado, o ideal é continuar o caminho rumo ao extremo norte do município. Com difícil acesso (feito em 55 km de estrada de terra), Corumbau significa "longe de todas as preocupações", na língua dos pataxós. A falta de sinal de celular prova a definição indígena e ajuda o turista a se desligar e se conectar com atrações do lugar. As principais são o Pontal, faixa de areia que avança por 1 km no oceano na maré baixa, e o rio Corumbau, no limite com Caraíva –outro ponto que atrai visitantes. * RECIFES DE GUARATIBA Próximo à costa de Prado, o banco de corais surge na maré baixa. Neles, formam-se pequenas piscinas naturais, onde peixes ficam presos até a maré subir novamente. Com máscara, é possível vê-los como se os animais estivessem em um aquário. Ao redor dos recifes, também dá para relaxar em boias tipo espaguete fornecidos pela escuna, que demora cerca de uma hora e meia para chegar até ali. O passeio sai do rio Jucuruçu e custa R$ 70 por pessoa. RECIFES DE ITACOLOMI As formações ficam a cerca de 20 minutos da ponta do Corumbau, de onde saem os barcos de pescadores que fazem o trajeto. O horário do passeio varia de acordo com a maré, que precisa estar baixa. A embarcação permanece uma hora nos recifes, onde é possível ver diferentes tipos de peixes e de corais, incluindo o coral-cérebro, típico da Bahia. O valor é de R$ 60 por pessoa, se o barco alcançar a lotação máxima (total de dez visitantes). RIO CORUMBAU A subida do rio é feita de barco ou de canoa pelos índios da aldeia Bugigão até uma prainha boa para se banhar. Dali, encara-se uma trilha de 15 minutos para assistir ao pôr do sol atrás do monte Pascoal. Por isso, o horário ideal para fazer o passeio é às 16h30. Na volta, ainda dá para pegar o pouso de andorinhas no mangue, fenômeno que ocorre por volta das 18h. O passeio custa R$ 200 (casal). * R$ 685 Preço para sete noites na pousada Coral de Fogo. Inclui café da manhã e traslado do aeroporto de Teixeira de Freitas a Prado. Sem aéreo. Na Prado Tour: pradotour.com.br R$ 960 Valor para viagem de 4 a 10 de junho, seis noites de hospedagem no Cahy Praia Hotel, em Prado. Com café da manhã, sem aéreo nem passeios no pacote. Na Submarino: submarinoviagens.com.br R$ 1.896 Com passagem aérea via Porto Seguro, seis noites em Prado. Valor por pessoa, para viagem de 13 a 19 de agosto. Não inclui passeios. Na Submarino: submarinoviagens.com.br R$ 1.904,99 Pacote para quatro noites em Prado, em hotel com café da manhã. Valor por pessoa, com aéreo. Na CVC: cvc.com.br R$ 2.553 Com aéreo, cinco noites no Hotel Pousada Casa de Maria, em Prado. Preço por pessoa, com café da manhã. Sem passeios. Na New Age: newage.tur.br R$ 3.873 Quatro noites em Corumbau, no hotel Vila Naiá, com café da manhã e jantar inclusos. Sem aéreo nem passeios incluídos pela região. Na Adventure Club: adventureclub.com.br R$ 4.105 Inclui café da manhã e jantar no hotel Fazenda São Francisco, em Corumbau. Pacote de quatro noites, sem aéreo nem passeios previstos no roteiro. Na Adventure Club: adventureclub.com.br
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PF apreende celular de Cunha em fase da Lava Jato que também mira Renan
Em nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira (15), a Polícia Federal mira os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) e os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Fernando Bezerra (PSB-PE). Outros dois inquéritos que também foram alvo das ações desta terça ainda são sigilosos. Ao todo, 53 mandados de busca e apreensão foram emitidos para endereços de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Ceará e Alagoas. Segundo a Procuradoria-Geral da República, são nove os políticos com foro privilegiado alvos desta operação. Foram emitidos mandados de busca e apreensão que atingiram imóveis de Cunha, incluindo endereços no Rio, sua residência oficial em Brasília e a diretoria-geral da Câmara, órgão responsável por fechar contratos e ordenar despesas. Três celulares de Cunha foram apreendidos. Ministros também tiveram buscas em seus endereços. Os policiais foram autorizados a acessar dados de computadores, smartphones, celulares em geral, tablets e outros dispositivos eletrônicos, além de apreender aparelhos eletrônicos, anotações, registros contábeis e comunicações realizadas entre os investigados. Renan chegou a ter um pedido contra si, feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas o mesmo foi negado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Não há, ao menos por ora, prisões na etapa atual da operação, chamada Catilinárias. O nome da operação é referência a uma série de discursos proferidos pelo cônsul romano Cícero por volta de 63 a.C. contra o senador Catilina, acusado de tentar derrubar a República. Os novos alvos da operação da PF MINISTROS Dois ministros peemedebistas foram alvo da ação da PF: Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo). Fábio Cleto, um dos principais operadores de Cunha e que ocupava uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal até a semana passada, também está envolvido, além de Altair Alves Pinto, apontado como responsável por transportar valores para o parlamentar. Buscas ocorreram ainda na sede do PMDB em Alagoas, incluindo um escritório do local que é usado eventualmente por Renan Calheiros, e em endereços do deputado Aníbal Gomes, incluindo seu gabinete na Câmara. Aníbal é apontado como interlocutor do presidente do Senado no esquema de corrupção da Petrobras. Outros atingidos pelas buscas são o senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) –investigado pela Lava Jato–, Nelson Bornier (PMDB-RJ), prefeito de Nova Iguaçu e aliado de Eduardo Cunha, Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, o deputado do Rio de Janeiro Aureo Lídio (SD-RJ) e o ex-deputado federal Alexandre Santos (PMDB-RJ) –ele foi foi citado nos depoimentos do delator Fernando Soares por suposta influência em uma das diretorias da Petrobras, de acordo com reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo". Santos foi filiado ao PSDB entre 1994 e 2003, mudou-se para o PP entre 2003 e 2005, e desde então está no PMDB. Baiano disse que foi apresentado por ele a Cunha em 2009. Em São Paulo, um dos alvos da busca foi o escritório do empresário Lucio Bolonha Funaro, ligado a Cunha. O peemedebista e deputados ligados ao presidente da Câmara são acusados de perseguir empresas do grupo Schahin a pedido de Funaro. A sede da empresa Estre em São Paulo –que tem como sócios o BTG Pactual, de André Esteves, e o fundador do grupo, Wilson Quintella Filho–, além do estaleiro do Rio Tietê, em Araçatuba, que tem Wilson Quintella como um dos sócios, também foi alvo de busca e apreensão na manhã desta terça. Em São Paulo 80 policiais e 15 viaturas foram destacados para a ação desta manhã. Foram autorizadas as apreensões de documentos, mídias, computadores e dinheiro em espécie. Lava Jato - Operação Catilinárias PROTEÇÃO DE PROVAS Segundo a PF, as buscas ocorrem em endereços funcionais de investigados, sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos com o objetivo de "evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados". Ainda segundo a PF, também foi autorizada apreensão de bens "que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa". CUNHA O presidente da Câmara é acusado de ser beneficiado de desvios da Petrobras. Segundo dois delatores, ele teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sondas e também de um negócio fechado pela Petrobras na África que teriam abastecido contas no exterior mantidas pelo peemedebista e familiares na Suíça. Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal pelo suposto recebimento de propina ligada a desvios na Petrobras há cerca de quatro meses, mas o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias. Sem o acolhimento, Cunha não é réu, somente investigado. A Procuradoria já manifestou preocupação sobre o andamento do inquérito. A respeito de um pedido da defesa de Cunha para ter acesso à íntegra de documentos usados como prova, o procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, pediu a Teori que indefira pedidos "de natureza manifestamente protelatória". OUTRO LADO Um dos advogados criminalistas de Eduardo Cunha, Davi Evangelista Machado, que foi à casa do parlamentar em Brasília nesta terça-feira (15), disse que só vai se manifestar após a defesa ter pleno conhecimento dos motivos da ação da PF. O delegado responsável pela busca e apreensão na casa do deputado autorizou a entrada no imóvel de apenas um dos advogados de Cunha, Alexandre Souza. Já o advogado de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, Marcelo Nobre, afirmou que a operação só reforça a tese da defesa de seu cliente. "Isso [a ação da Polícia Federal e do Ministério Público] só reforça a nossa defesa, só reforça. Porque a defesa tem dito duas questões: que não tem prova. E o que decorre da busca e apreensão na casa do meu cliente? A busca de prova. A segunda, a de que o Conselho não tem o poder investigativo, que é do Supremo Tribunal Federal", afirmou Nobre, acrescentando: "Não existe absolutamente prova nenhuma, porque a denúncia não faz prova, as delações não fazem provas." Em nota do Ministério da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera disse manifestar "pleno interesse" no esclarecimento dos fatos investigados e se colocou à disposição das autoridades para fornecer quaisquer informações necessárias. "E, desde já, abre mão espontaneamente do sigilo constitucional que protege seus dados de natureza bancária e fiscal. Pansera está certo de que o andamento das investigações estabelecerá a verdade", diz a nota do ministério. Fernando Bezerra afirmou que reitera sua confiança na Polícia Federal e acredita no pleno esclarecimento dos fatos. "O senador reitera sua confiança no trabalho das autoridades que conduzem este processo investigatório, acreditando no pleno esclarecimento dos fatos, e continua, como sempre esteve, à disposição para colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas", disse em nota. Já o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, por meio de uma nota divulgada por sua assessoria jurídica, disse que está à disposição de todos os órgãos envolvidos nas investigações, "como sempre esteve", para prestar os esclarecimentos solicitados. Ele ainda reitera "estar certo da lisura de sua gestão à frente da empresa e tem total confiança no trabalho dos investigadores e da Justiça". A assessoria de imprensa do deputado Áureo Lídio (SD-RJ) entrou em contato para informar que o parlamentar recebeu com surpresa o fato de ter sido alvo de busca de apreensão nesta terça, já que "não é investigado por nenhuma irregularidade relacionada à Operação Lava Jato". O presidente do Senado, Renan Calheiros, quando questionado sobre o pedido de busca e apreensão contra si, e que foi negado pelo STF, afirmou que ainda não tinha a confirmação sobre a informação e disse que prestou todas as explicações que foram a ele pedidas. Renan confirmou que a sessão conjunta do Congresso, marcada para a noite desta terça (15), está mantida. Ela foi convocada para que os parlamentares pudessem votar cinco vetos e a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). (NATUZA NERY, MÔNICA BERGAMO, GABRIEL MASCARENHAS, MÁRCIO FALCÃO, RUBENS VALENTE, AGUIRRE TALENTO, RANIER BRAGON, BELA MEGALE)
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PF apreende celular de Cunha em fase da Lava Jato que também mira RenanEm nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira (15), a Polícia Federal mira os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) e os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Fernando Bezerra (PSB-PE). Outros dois inquéritos que também foram alvo das ações desta terça ainda são sigilosos. Ao todo, 53 mandados de busca e apreensão foram emitidos para endereços de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Ceará e Alagoas. Segundo a Procuradoria-Geral da República, são nove os políticos com foro privilegiado alvos desta operação. Foram emitidos mandados de busca e apreensão que atingiram imóveis de Cunha, incluindo endereços no Rio, sua residência oficial em Brasília e a diretoria-geral da Câmara, órgão responsável por fechar contratos e ordenar despesas. Três celulares de Cunha foram apreendidos. Ministros também tiveram buscas em seus endereços. Os policiais foram autorizados a acessar dados de computadores, smartphones, celulares em geral, tablets e outros dispositivos eletrônicos, além de apreender aparelhos eletrônicos, anotações, registros contábeis e comunicações realizadas entre os investigados. Renan chegou a ter um pedido contra si, feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas o mesmo foi negado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Não há, ao menos por ora, prisões na etapa atual da operação, chamada Catilinárias. O nome da operação é referência a uma série de discursos proferidos pelo cônsul romano Cícero por volta de 63 a.C. contra o senador Catilina, acusado de tentar derrubar a República. Os novos alvos da operação da PF MINISTROS Dois ministros peemedebistas foram alvo da ação da PF: Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo). Fábio Cleto, um dos principais operadores de Cunha e que ocupava uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal até a semana passada, também está envolvido, além de Altair Alves Pinto, apontado como responsável por transportar valores para o parlamentar. Buscas ocorreram ainda na sede do PMDB em Alagoas, incluindo um escritório do local que é usado eventualmente por Renan Calheiros, e em endereços do deputado Aníbal Gomes, incluindo seu gabinete na Câmara. Aníbal é apontado como interlocutor do presidente do Senado no esquema de corrupção da Petrobras. Outros atingidos pelas buscas são o senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) –investigado pela Lava Jato–, Nelson Bornier (PMDB-RJ), prefeito de Nova Iguaçu e aliado de Eduardo Cunha, Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, o deputado do Rio de Janeiro Aureo Lídio (SD-RJ) e o ex-deputado federal Alexandre Santos (PMDB-RJ) –ele foi foi citado nos depoimentos do delator Fernando Soares por suposta influência em uma das diretorias da Petrobras, de acordo com reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo". Santos foi filiado ao PSDB entre 1994 e 2003, mudou-se para o PP entre 2003 e 2005, e desde então está no PMDB. Baiano disse que foi apresentado por ele a Cunha em 2009. Em São Paulo, um dos alvos da busca foi o escritório do empresário Lucio Bolonha Funaro, ligado a Cunha. O peemedebista e deputados ligados ao presidente da Câmara são acusados de perseguir empresas do grupo Schahin a pedido de Funaro. A sede da empresa Estre em São Paulo –que tem como sócios o BTG Pactual, de André Esteves, e o fundador do grupo, Wilson Quintella Filho–, além do estaleiro do Rio Tietê, em Araçatuba, que tem Wilson Quintella como um dos sócios, também foi alvo de busca e apreensão na manhã desta terça. Em São Paulo 80 policiais e 15 viaturas foram destacados para a ação desta manhã. Foram autorizadas as apreensões de documentos, mídias, computadores e dinheiro em espécie. Lava Jato - Operação Catilinárias PROTEÇÃO DE PROVAS Segundo a PF, as buscas ocorrem em endereços funcionais de investigados, sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos com o objetivo de "evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados". Ainda segundo a PF, também foi autorizada apreensão de bens "que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa". CUNHA O presidente da Câmara é acusado de ser beneficiado de desvios da Petrobras. Segundo dois delatores, ele teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sondas e também de um negócio fechado pela Petrobras na África que teriam abastecido contas no exterior mantidas pelo peemedebista e familiares na Suíça. Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal pelo suposto recebimento de propina ligada a desvios na Petrobras há cerca de quatro meses, mas o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias. Sem o acolhimento, Cunha não é réu, somente investigado. A Procuradoria já manifestou preocupação sobre o andamento do inquérito. A respeito de um pedido da defesa de Cunha para ter acesso à íntegra de documentos usados como prova, o procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, pediu a Teori que indefira pedidos "de natureza manifestamente protelatória". OUTRO LADO Um dos advogados criminalistas de Eduardo Cunha, Davi Evangelista Machado, que foi à casa do parlamentar em Brasília nesta terça-feira (15), disse que só vai se manifestar após a defesa ter pleno conhecimento dos motivos da ação da PF. O delegado responsável pela busca e apreensão na casa do deputado autorizou a entrada no imóvel de apenas um dos advogados de Cunha, Alexandre Souza. Já o advogado de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, Marcelo Nobre, afirmou que a operação só reforça a tese da defesa de seu cliente. "Isso [a ação da Polícia Federal e do Ministério Público] só reforça a nossa defesa, só reforça. Porque a defesa tem dito duas questões: que não tem prova. E o que decorre da busca e apreensão na casa do meu cliente? A busca de prova. A segunda, a de que o Conselho não tem o poder investigativo, que é do Supremo Tribunal Federal", afirmou Nobre, acrescentando: "Não existe absolutamente prova nenhuma, porque a denúncia não faz prova, as delações não fazem provas." Em nota do Ministério da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera disse manifestar "pleno interesse" no esclarecimento dos fatos investigados e se colocou à disposição das autoridades para fornecer quaisquer informações necessárias. "E, desde já, abre mão espontaneamente do sigilo constitucional que protege seus dados de natureza bancária e fiscal. Pansera está certo de que o andamento das investigações estabelecerá a verdade", diz a nota do ministério. Fernando Bezerra afirmou que reitera sua confiança na Polícia Federal e acredita no pleno esclarecimento dos fatos. "O senador reitera sua confiança no trabalho das autoridades que conduzem este processo investigatório, acreditando no pleno esclarecimento dos fatos, e continua, como sempre esteve, à disposição para colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas", disse em nota. Já o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, por meio de uma nota divulgada por sua assessoria jurídica, disse que está à disposição de todos os órgãos envolvidos nas investigações, "como sempre esteve", para prestar os esclarecimentos solicitados. Ele ainda reitera "estar certo da lisura de sua gestão à frente da empresa e tem total confiança no trabalho dos investigadores e da Justiça". A assessoria de imprensa do deputado Áureo Lídio (SD-RJ) entrou em contato para informar que o parlamentar recebeu com surpresa o fato de ter sido alvo de busca de apreensão nesta terça, já que "não é investigado por nenhuma irregularidade relacionada à Operação Lava Jato". O presidente do Senado, Renan Calheiros, quando questionado sobre o pedido de busca e apreensão contra si, e que foi negado pelo STF, afirmou que ainda não tinha a confirmação sobre a informação e disse que prestou todas as explicações que foram a ele pedidas. Renan confirmou que a sessão conjunta do Congresso, marcada para a noite desta terça (15), está mantida. Ela foi convocada para que os parlamentares pudessem votar cinco vetos e a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). (NATUZA NERY, MÔNICA BERGAMO, GABRIEL MASCARENHAS, MÁRCIO FALCÃO, RUBENS VALENTE, AGUIRRE TALENTO, RANIER BRAGON, BELA MEGALE)
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Investigadores usam DNA para criar retratos falados de suspeitos de crimes
Não há nenhuma testemunha ocular conhecida do assassinato, cometido em 2011, de uma jovem e de sua filha de três anos. Mas a polícia de Columbia, na Carolina do Sul, divulgou em janeiro um esboço do possível suspeito: um rosto gerado por um computador a partir do DNA encontrado no local do crime. Nunca antes o rosto de um suspeito havia sido divulgado ao público dessa forma. Mas, certamente, essa não será a última vez. Os peritos estão cada vez mais aptos a determinar as características física dos suspeitos a partir do material genético deixado para trás. Os detetives da genética já conseguem determinar com bastante precisão a cor dos olhos e dos cabelos de um suspeito. Também é possível, ou em breve será, identificar a cor da pele, a presença de sardas, a calvície, o cabelo liso ou encaracolado, a forma dos dentes e a idade. Um dia, os computadores também conseguirão comparar os rostos gerados a partir do DNA com as fotos de criminosos fichados. Mas a fenotipagem forense pelo DNA, como a técnica é chamada, também motiva preocupações. Alguns cientistas questionam sua precisão, especialmente na recriação de imagens faciais. Outros dizem que o uso dessas técnicas pode exacerbar a discriminação racial e levar as liberdades civis para águas desconhecidas. "Essa é uma área em que a tecnologia está à frente da discussão e do debate popular", disse Erin Murphy, professor de Direito na Universidade de Nova York. Embora a ciência ainda esteja em evolução, pequenas empresas como a Parabon Nanolabs, que fez a imagem no caso da Carolina do Sul, e a Identitas começaram a oferecer a fenotipagem pelo DNA a órgãos policiais. A Polícia de Toronto submeteu à  Identitas o DNA colhido em 29 casos entre o início dos anos 1980 e 2014. "Em vários deles, o estudo já permitiu mudar a direção na qual nos focamos inicialmente", disse o sargento Stacy Gallant, especializado em investigar homicídios arquivados. Mas ainda não houve prisões ou condenações, segundo ele. Há muito tempo, é possível identificar o sexo de suspeitos a partir do DNA no local do crime. E, em 2003, informações do DNA ajudaram a redirecionar a busca por um "serial killer" da Louisiana. O DNA encontrado no local de um dos homicídios indicava que a pessoa tinha 85% de ascendência oriunda da África Subsaariana. Um homem negro acabou sendo condenado pelos crimes. Agora, os pesquisadores estão se debruçando sobre traços físicos específicos, como cor dos olhos e o cabelo. Um sistema chamado HIrisPlex, desenvolvido no Centro Médico da Universidade Erasmus, da Holanda, oferece aproximadamente 94% de precisão para determinar se uma pessoa tem olhos azuis ou castanhos, mas não tanto para cores como o verde. Os cientistas procuram variantes genéticas associadas a traços físicos, da mesma forma como procuram genes que podem causar uma doença: estudando os genomas de pessoas com ou sem esse traço ou doença e procurando correlações. Mas isso pode ser uma tarefa complexa. Muitas variantes genéticas podem ser associadas a uma característica, mas cada uma pode fazer apenas uma pequena contribuição. Um estudo descobriu cerca de 700 variantes genéticas ligadas à altura, mas elas explicaram apenas aproximadamente 15% da variação de pessoa a pessoa, segundo Manfred Kayser, professor de biologia molecular forense da Erasmus. A cor do olho e do cabelo é relativamente fácil de determinar a partir de amostras do DNA, segundo Kayser, porque um único gene tem uma grande influência sobre essas características. Apontar a idade de um suspeito também não está fora de questão, graças à análise de marcadores que desligam certos genes à medida que as pessoas envelhecem. Alguns especialistas afirmam que ainda não há conhecimento suficiente sobre a relação entre os genes e as características faciais. "A esta altura, é um pouco ficção científica", disse Benedikt Hallgrimsson, chefe do departamento de biologia e anatomia celular na Universidade de Calgary, no Canadá. Os críticos observaram que a Parabon, com sede em Reston, na Virgínia, não validou seus métodos com informações publicadas em periódicos científicos com revisão por pares. A empresa se vale do trabalho de Mark Shriver, professor de antropologia e genética na Universidade Estadual da Pensilvânia, e Peter Claes, da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica. Os dois pesquisadores desenvolveram um método matemático complexo para representar os rostos, com base na mediação das coordenadas tridimensionais de mais de 7.000 pontos da face. Assim, criam uma espécie de rosto genérico com base no sexo e na miscigenação de determinada pessoa, conforme indicados por seu DNA. Os cientistas então ajustam esse rosto com base em 24 variações genéticas presentes em 20 genes comprovadamente envolvidos na variação facial. Algumas das imagens geradas por esse método de fato se parecem com o rosto real do dono do DNA; outras, nem tanto. No caso de Columbia, a imagem desenvolvida pela Parabon resultou em algumas pistas, que, no entanto, não prosperaram. O investigador Mark Vinson disse: "Achamos que valia a pena arriscar".
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Investigadores usam DNA para criar retratos falados de suspeitos de crimesNão há nenhuma testemunha ocular conhecida do assassinato, cometido em 2011, de uma jovem e de sua filha de três anos. Mas a polícia de Columbia, na Carolina do Sul, divulgou em janeiro um esboço do possível suspeito: um rosto gerado por um computador a partir do DNA encontrado no local do crime. Nunca antes o rosto de um suspeito havia sido divulgado ao público dessa forma. Mas, certamente, essa não será a última vez. Os peritos estão cada vez mais aptos a determinar as características física dos suspeitos a partir do material genético deixado para trás. Os detetives da genética já conseguem determinar com bastante precisão a cor dos olhos e dos cabelos de um suspeito. Também é possível, ou em breve será, identificar a cor da pele, a presença de sardas, a calvície, o cabelo liso ou encaracolado, a forma dos dentes e a idade. Um dia, os computadores também conseguirão comparar os rostos gerados a partir do DNA com as fotos de criminosos fichados. Mas a fenotipagem forense pelo DNA, como a técnica é chamada, também motiva preocupações. Alguns cientistas questionam sua precisão, especialmente na recriação de imagens faciais. Outros dizem que o uso dessas técnicas pode exacerbar a discriminação racial e levar as liberdades civis para águas desconhecidas. "Essa é uma área em que a tecnologia está à frente da discussão e do debate popular", disse Erin Murphy, professor de Direito na Universidade de Nova York. Embora a ciência ainda esteja em evolução, pequenas empresas como a Parabon Nanolabs, que fez a imagem no caso da Carolina do Sul, e a Identitas começaram a oferecer a fenotipagem pelo DNA a órgãos policiais. A Polícia de Toronto submeteu à  Identitas o DNA colhido em 29 casos entre o início dos anos 1980 e 2014. "Em vários deles, o estudo já permitiu mudar a direção na qual nos focamos inicialmente", disse o sargento Stacy Gallant, especializado em investigar homicídios arquivados. Mas ainda não houve prisões ou condenações, segundo ele. Há muito tempo, é possível identificar o sexo de suspeitos a partir do DNA no local do crime. E, em 2003, informações do DNA ajudaram a redirecionar a busca por um "serial killer" da Louisiana. O DNA encontrado no local de um dos homicídios indicava que a pessoa tinha 85% de ascendência oriunda da África Subsaariana. Um homem negro acabou sendo condenado pelos crimes. Agora, os pesquisadores estão se debruçando sobre traços físicos específicos, como cor dos olhos e o cabelo. Um sistema chamado HIrisPlex, desenvolvido no Centro Médico da Universidade Erasmus, da Holanda, oferece aproximadamente 94% de precisão para determinar se uma pessoa tem olhos azuis ou castanhos, mas não tanto para cores como o verde. Os cientistas procuram variantes genéticas associadas a traços físicos, da mesma forma como procuram genes que podem causar uma doença: estudando os genomas de pessoas com ou sem esse traço ou doença e procurando correlações. Mas isso pode ser uma tarefa complexa. Muitas variantes genéticas podem ser associadas a uma característica, mas cada uma pode fazer apenas uma pequena contribuição. Um estudo descobriu cerca de 700 variantes genéticas ligadas à altura, mas elas explicaram apenas aproximadamente 15% da variação de pessoa a pessoa, segundo Manfred Kayser, professor de biologia molecular forense da Erasmus. A cor do olho e do cabelo é relativamente fácil de determinar a partir de amostras do DNA, segundo Kayser, porque um único gene tem uma grande influência sobre essas características. Apontar a idade de um suspeito também não está fora de questão, graças à análise de marcadores que desligam certos genes à medida que as pessoas envelhecem. Alguns especialistas afirmam que ainda não há conhecimento suficiente sobre a relação entre os genes e as características faciais. "A esta altura, é um pouco ficção científica", disse Benedikt Hallgrimsson, chefe do departamento de biologia e anatomia celular na Universidade de Calgary, no Canadá. Os críticos observaram que a Parabon, com sede em Reston, na Virgínia, não validou seus métodos com informações publicadas em periódicos científicos com revisão por pares. A empresa se vale do trabalho de Mark Shriver, professor de antropologia e genética na Universidade Estadual da Pensilvânia, e Peter Claes, da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica. Os dois pesquisadores desenvolveram um método matemático complexo para representar os rostos, com base na mediação das coordenadas tridimensionais de mais de 7.000 pontos da face. Assim, criam uma espécie de rosto genérico com base no sexo e na miscigenação de determinada pessoa, conforme indicados por seu DNA. Os cientistas então ajustam esse rosto com base em 24 variações genéticas presentes em 20 genes comprovadamente envolvidos na variação facial. Algumas das imagens geradas por esse método de fato se parecem com o rosto real do dono do DNA; outras, nem tanto. No caso de Columbia, a imagem desenvolvida pela Parabon resultou em algumas pistas, que, no entanto, não prosperaram. O investigador Mark Vinson disse: "Achamos que valia a pena arriscar".
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Google confirma rumores de que vai lançar serviço de telefonia móvel
Durante o primeiro dia do Mobile World Congress, o vice-presidente sênior do Google, Sundar Pichai, confirmou os rumores de que a empresa estaria trabalhando num serviço de telefonia móvel. Em janeiro, o site "The Information" reportou que o Google tem planos de se tornar uma operadora virtual de redes móveis (MVNO, na sigla em inglês). Isso quer dizer que a companhia revenderia a capacidade de rede de outras empresas do setor (Sprint e T-Mobile, no caso), em vez de construir suas próprias torres de celular. "Não pretendemos ser uma operadora em grande escala, e estamos trabalhando com parceiros existentes", afirmou Pichai durante uma discussão num palco da feira de tecnologia, realizada em Barcelona, na Espanha, nesta semana. Segundo o site "International Business Times", é provável que o serviço seja voltado apenas para os Estados Unidos. O vice-presidente sênior não deu muitos detalhes do plano, mas disse que seus frutos poderão começar a ser vistos "nos próximos meses". O Google já oferece um serviço de internet ultrarrápida, chamado Fiber, em algumas cidades dos EUA. A empresa também desenvolve um projeto para universalizar o acesso à internet por meio de balões e deve começar integrá-los com drones, para expandir o alcance do serviço.
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Google confirma rumores de que vai lançar serviço de telefonia móvelDurante o primeiro dia do Mobile World Congress, o vice-presidente sênior do Google, Sundar Pichai, confirmou os rumores de que a empresa estaria trabalhando num serviço de telefonia móvel. Em janeiro, o site "The Information" reportou que o Google tem planos de se tornar uma operadora virtual de redes móveis (MVNO, na sigla em inglês). Isso quer dizer que a companhia revenderia a capacidade de rede de outras empresas do setor (Sprint e T-Mobile, no caso), em vez de construir suas próprias torres de celular. "Não pretendemos ser uma operadora em grande escala, e estamos trabalhando com parceiros existentes", afirmou Pichai durante uma discussão num palco da feira de tecnologia, realizada em Barcelona, na Espanha, nesta semana. Segundo o site "International Business Times", é provável que o serviço seja voltado apenas para os Estados Unidos. O vice-presidente sênior não deu muitos detalhes do plano, mas disse que seus frutos poderão começar a ser vistos "nos próximos meses". O Google já oferece um serviço de internet ultrarrápida, chamado Fiber, em algumas cidades dos EUA. A empresa também desenvolve um projeto para universalizar o acesso à internet por meio de balões e deve começar integrá-los com drones, para expandir o alcance do serviço.
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Criticado por demora, Obama vai a região onde enchente matou 13
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, viajou nesta terça-feira (23) ao estado da Louisiana, afetado por graves inundações, na esperança de oferecer apoio às comunidades devastadas e silenciar os seus críticos, que dizem que ele deveria ter feito a visita antes. Obama foi de porta em porta em Baton Rouge, oferecendo garantias de que ajudará a cidade a se recuperar de uma das piores enchentes registradas na região. "Quero que as pessoas da Louisiana saibam que elas não estão sozinhas, mesmo depois que as câmeras da TV forem embora", disse Obama. O governo aprovou uma ajuda no valor de US$ 120 milhões [cerca de R$ 387 milhões] à população atingida. Mais de 76 cm de chuva caíram em partes do Estado, no pior desastre desde em 2012. Ao todo 13 mortes foram atribuídas à inundação e 60 mil casas foram danificadas. Obama tem sido criticado por não ter encurtado suas férias para visitar o estado. O candidato republicano à Presidência, Donald Trump, foi à Louisiana na semana passada e provocou o presidente: "Obama deveria sair do campo de golfe e ir para lá." Quando era candidato à Presidência, em 2008, Obama criticou o então presidente George W. Bush pela demora em visitar a Louisiana após o desastre causado pelo furacão Katrina. Em 2005, o Katrina inundou a região metropolitana de Nova Orleans e deixou mais de 1.800 mortos.
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Criticado por demora, Obama vai a região onde enchente matou 13O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, viajou nesta terça-feira (23) ao estado da Louisiana, afetado por graves inundações, na esperança de oferecer apoio às comunidades devastadas e silenciar os seus críticos, que dizem que ele deveria ter feito a visita antes. Obama foi de porta em porta em Baton Rouge, oferecendo garantias de que ajudará a cidade a se recuperar de uma das piores enchentes registradas na região. "Quero que as pessoas da Louisiana saibam que elas não estão sozinhas, mesmo depois que as câmeras da TV forem embora", disse Obama. O governo aprovou uma ajuda no valor de US$ 120 milhões [cerca de R$ 387 milhões] à população atingida. Mais de 76 cm de chuva caíram em partes do Estado, no pior desastre desde em 2012. Ao todo 13 mortes foram atribuídas à inundação e 60 mil casas foram danificadas. Obama tem sido criticado por não ter encurtado suas férias para visitar o estado. O candidato republicano à Presidência, Donald Trump, foi à Louisiana na semana passada e provocou o presidente: "Obama deveria sair do campo de golfe e ir para lá." Quando era candidato à Presidência, em 2008, Obama criticou o então presidente George W. Bush pela demora em visitar a Louisiana após o desastre causado pelo furacão Katrina. Em 2005, o Katrina inundou a região metropolitana de Nova Orleans e deixou mais de 1.800 mortos.
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Novo cadastro de adoção poderá ter desde foto até desenho de crianças
O desejo da administradora Joseline Moreira, 42, era adotar duas crianças com até seis anos. Mas, ao ver a foto de Gabriel, de oito meses, com microcefalia, não resistiu: queria conhecê-lo. "A foto nem era bonita, ele estava com a boquinha aberta, chorando. Mas bateu no meu coração", relata ela, que participou de um projeto do Ministério Público do Rio em prol da adoção de crianças com maior dificuldade de encontrar uma família. Histórias como a dela estão no centro de um debate sobre novas propostas para mudar o Cadastro Nacional de Adoção, sistema que reúne dados de interessados em adotar e de crianças à espera de adoção no país. As sugestões, coletadas em cinco encontros com juízes, promotores e técnicos de infância no país, estão agora sob análise do Conselho Nacional de Justiça. Uma delas é incluir no cadastro fotos, vídeos, cartas e até desenhos de crianças e adolescentes que estão à espera de adoção, especialmente daquelas que não tiveram pretendentes em buscas anteriores no sistema. Segundo Sandra Torres, juíza auxiliar da corregedoria do CNJ, as informações poderiam ser usadas pelos tribunais em programas de "busca ativa" de interessados em adotar. O acesso, porém, seria restrito a juízes e técnicos ou mediante autorização para "evitar risco de exposição", diz. O modelo tem base em experiências de alguns tribunais para estimular a adoção de crianças com mais de sete anos, com irmãos ou com deficiência, por exemplo. "Muitas adoções têm sido feitas no momento em que pretendentes se associam à imagem ou contexto de uma criança", diz Torres. Para Rodrigo Medina, coordenador da infância do MP-RJ, que mantém o projeto Quero Uma Família, a medida é uma forma de dar visibilidade a crianças que hoje ficam "invisíveis" nos abrigos. "Às vezes o pretendente se cadastra para adotar uma criança de cinco anos, vê no sistema, a foto de duas meninas de nove anos e decide mudar. É uma questão de empatia." A proposta, porém, ainda é vista com ressalvas. "Que tipo de imagem, carta, e que limites teria?", questiona Reinaldo Cintra, desembargador do Tribunal de Justiça de SP. "Tudo que é emocional em se tratando de adoção, é perigoso. A adoção tem que ser pensada com a cabeça, e não só com o coração", afirma. Sara Vargas, da Angaad (Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção), avalia que a mudança pode ser positiva, desde que usada nos casos em que não houver pretendentes em busca anterior. BUSCA DIÁRIA Também está em estudo a inclusão de uma busca diária no cadastro por um "match" entre o perfil de crianças e o desejado por futuros pais na fila de adoção. Hoje, é necessário o comando do juiz responsável pela criança para que essa busca seja feita, a qual é limitada às opções informadas pelos pretendentes. A proposta é que essa busca informe ao juiz diariamente os cinco primeiros pretendentes na fila que batem com o perfil da criança. Por outro lado, a pesquisa também poderá ampliar as opções dos futuros pais. Assim, se um casal planeja adotar uma criança de até três anos, o sistema informará que há outras crianças de quatro ou cinco anos cadastradas. Dados do CNJ mostram que 80% dos cadastrados informaram que pretendem adotar menores de cinco anos, enquanto apenas 26% das crianças à espera por uma família estão nessa faixa etária. DESCOMPASSO ENTRE PROCURA E REALIDADE - Quesito 'cor' DESCOMPASSO ENTRE PROCURA E REALIDADE - Quesito 'idade' DESCOMPASSO ENTRE PROCURA E REALIDADE - Quesito 'com irmãos' "É natural que os pretendentes cheguem à Vara da Infância com um olhar. A função é alertar para a realidade", afirma Sandra Torres. O CNJ deve discutir ainda o momento de inclusão da criança no cadastro de adoção. A orientação atual é que isso ocorra quando há uma sentença definitiva de destituição do poder familiar ""o que indica o rompimento de vínculo com a família biológica. Parte dos juízes, porém, tem proposto que essa inclusão seja feita assim que houver um primeiro aval favorável para encaminhamento da criança à adoção. A medida divide opiniões. "A adoção não é garantida", diz Cintra, para quem a opção traz insegurança. Para Sara Vargas, o ideal seria que a Justiça fosse mais célere na análise dos casos. A previsão é que o CNJ avalie as propostas até o fim deste ano. BUSCA ATIVA "Não me falta cadeira / Não me falta sofá / Só falta você sentada na sala / Só falta você estar". Foi com esses versos, da música de Arnaldo Antunes "A Casa É Sua", cantada por Maria Bethânia, que Maria Júlia, 10, soube que poderia ter, em breve, duas mães. "Nosso sim veio com música e poesia", conta Margarida Moutinho, 54, sobre o processo anterior ao encontro oficial da nova família. Número de adoções feitas no país - Um encontro que só foi possível porque o casal, que já estava na fila para adoção, decidiu aos poucos mudar o perfil esperado de criança para adotar. "Percebemos que não estávamos no grupo que acha que precisa adotar um bebê, mas sim no grupo que queria um filho, independente da idade", conta. O pontapé para a mudança veio por meio de um grupo de "busca ativa", recurso usado por grupos de apoio e tribunais para tentar encontrar famílias para crianças há mais tempo em abrigos. Assim, da opção inserida inicialmente no cadastro por adotar uma criança de até cinco anos, Margarida se ofereceu para se tornar mãe de uma menina de dez, que já havia sido devolvida anteriormente por uma família. Ao saberem que a menina também tinha uma irmã, de oito anos, combinaram com outro casal de amigas na "fila" e da mesma cidade a possibilidade de uma adoção conjugada. Assim, as meninas não perderiam o contato. "Só depois de alguns dias que recebemos a primeira foto. E nos encantamos com elas", relata. A criação de ferramentas que estimulam esse tipo de busca ativa por famílias, como ampliação da pesquisa além das opções definidas pelos pretendentes e inclusão de imagens para algumas crianças, é proposta na discussão do novo cadastro nacional de adoção. Foi essa busca que fez a vendedora autônoma Sandra Cristina dos Santos, 54, conhecer os filhos Teyllor, hoje com 16, e Maria Eduarda, 4. Inicialmente, ela havia preenchido o pedido para entrar no cadastro para adoção de duas crianças, de até cinco e sete anos de idade. Um grupo de busca ativa por pretendentes, porém, a avisou que havia dois irmãos, na época um com 12 anos e o outro com cinco meses de idade. "Perguntaram: você quer conhecer?" "Se ligaram para mim, é porque são meus filhos", respondeu. AMPLIAÇÃO "O desejo de adotar determinado perfil de criança é idealizado, e pode ser amadurecido e transformado", afirma Élio Braz Mendes, juiz da infância do Recife. Há dois anos, ele está à frente do projeto Adote um pequeno torcedor, que divulga fotos e perfil de crianças à espera por adoção como uma forma de atrair famílias interessadas. A medida, porém, gera críticas pelo risco de exposição. Mendes rebate. "Essas crianças precisam ter vez e voz", afirma. "Fazemos uma consulta no cadastro e, se tiver pretendentes, chamamos. Se não tiver, divulgamos. Nós não temos o direito de colocar uma cláusula de barreira." Sandra, que hoje é presidente de um grupo de apoio à adoção, concorda que o desejo de adotar uma criança pode ser ampliado. Para ela, porém, isso não pode ser uma imposição. "Tem que estar ciente. Não adianta mudar o perfil só para adiantar o processo", diz. - O que é o sistema Contém dados de pretendentes à adoção e de crianças aptas a serem adotadas. É mantido e acessado pelo CNJ e varas da infância Como é hoje Cadastro tem poucas informações, cruzamento de dados restrito e não é atualizado com frequência em todos os municípios Como deveria ser Sistema integrado e atualizado, com busca automática e mais rápida para encontrar famílias para crianças à espera de adoção * PROPOSTAS EM ANÁLISE PELO CNJ Unificação Junção dos sistemas de cadastro de pretendentes e de crianças que estão em abrigos. Hoje, eles são separados Busca diária Atualização diária automática, com alerta aos pretendentes sobre a existência de crianças com perfil aproximado ao procurado inicialmente Imagens das crianças Inserção de fotos, vídeos, cartas e desenhos das crianças, com divulgação restrita. Históricos Inclusão do histórico de acolhimento das crianças e relatório psicológico e social, hoje fora do sistema. Acesso continuaria restrito a juízes e equipes técnicas Sem definição Cadastro de crianças cujo processo de destituição familiar já teve primeiro aval, mas ainda não está decidido. Hoje, elas aguardam definição para serem encaminhadas à adoção Avisos Alertas periódicos aos pretendentes sobre a situação de seu processo e seu lugar na "fila" 41.003 é o número de pretendentes que aguardam na "fila" para adotar uma criança 7.983 é o número de crianças e adolescentes à espera por adoção no país
cotidiano
Novo cadastro de adoção poderá ter desde foto até desenho de criançasO desejo da administradora Joseline Moreira, 42, era adotar duas crianças com até seis anos. Mas, ao ver a foto de Gabriel, de oito meses, com microcefalia, não resistiu: queria conhecê-lo. "A foto nem era bonita, ele estava com a boquinha aberta, chorando. Mas bateu no meu coração", relata ela, que participou de um projeto do Ministério Público do Rio em prol da adoção de crianças com maior dificuldade de encontrar uma família. Histórias como a dela estão no centro de um debate sobre novas propostas para mudar o Cadastro Nacional de Adoção, sistema que reúne dados de interessados em adotar e de crianças à espera de adoção no país. As sugestões, coletadas em cinco encontros com juízes, promotores e técnicos de infância no país, estão agora sob análise do Conselho Nacional de Justiça. Uma delas é incluir no cadastro fotos, vídeos, cartas e até desenhos de crianças e adolescentes que estão à espera de adoção, especialmente daquelas que não tiveram pretendentes em buscas anteriores no sistema. Segundo Sandra Torres, juíza auxiliar da corregedoria do CNJ, as informações poderiam ser usadas pelos tribunais em programas de "busca ativa" de interessados em adotar. O acesso, porém, seria restrito a juízes e técnicos ou mediante autorização para "evitar risco de exposição", diz. O modelo tem base em experiências de alguns tribunais para estimular a adoção de crianças com mais de sete anos, com irmãos ou com deficiência, por exemplo. "Muitas adoções têm sido feitas no momento em que pretendentes se associam à imagem ou contexto de uma criança", diz Torres. Para Rodrigo Medina, coordenador da infância do MP-RJ, que mantém o projeto Quero Uma Família, a medida é uma forma de dar visibilidade a crianças que hoje ficam "invisíveis" nos abrigos. "Às vezes o pretendente se cadastra para adotar uma criança de cinco anos, vê no sistema, a foto de duas meninas de nove anos e decide mudar. É uma questão de empatia." A proposta, porém, ainda é vista com ressalvas. "Que tipo de imagem, carta, e que limites teria?", questiona Reinaldo Cintra, desembargador do Tribunal de Justiça de SP. "Tudo que é emocional em se tratando de adoção, é perigoso. A adoção tem que ser pensada com a cabeça, e não só com o coração", afirma. Sara Vargas, da Angaad (Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção), avalia que a mudança pode ser positiva, desde que usada nos casos em que não houver pretendentes em busca anterior. BUSCA DIÁRIA Também está em estudo a inclusão de uma busca diária no cadastro por um "match" entre o perfil de crianças e o desejado por futuros pais na fila de adoção. Hoje, é necessário o comando do juiz responsável pela criança para que essa busca seja feita, a qual é limitada às opções informadas pelos pretendentes. A proposta é que essa busca informe ao juiz diariamente os cinco primeiros pretendentes na fila que batem com o perfil da criança. Por outro lado, a pesquisa também poderá ampliar as opções dos futuros pais. Assim, se um casal planeja adotar uma criança de até três anos, o sistema informará que há outras crianças de quatro ou cinco anos cadastradas. Dados do CNJ mostram que 80% dos cadastrados informaram que pretendem adotar menores de cinco anos, enquanto apenas 26% das crianças à espera por uma família estão nessa faixa etária. DESCOMPASSO ENTRE PROCURA E REALIDADE - Quesito 'cor' DESCOMPASSO ENTRE PROCURA E REALIDADE - Quesito 'idade' DESCOMPASSO ENTRE PROCURA E REALIDADE - Quesito 'com irmãos' "É natural que os pretendentes cheguem à Vara da Infância com um olhar. A função é alertar para a realidade", afirma Sandra Torres. O CNJ deve discutir ainda o momento de inclusão da criança no cadastro de adoção. A orientação atual é que isso ocorra quando há uma sentença definitiva de destituição do poder familiar ""o que indica o rompimento de vínculo com a família biológica. Parte dos juízes, porém, tem proposto que essa inclusão seja feita assim que houver um primeiro aval favorável para encaminhamento da criança à adoção. A medida divide opiniões. "A adoção não é garantida", diz Cintra, para quem a opção traz insegurança. Para Sara Vargas, o ideal seria que a Justiça fosse mais célere na análise dos casos. A previsão é que o CNJ avalie as propostas até o fim deste ano. BUSCA ATIVA "Não me falta cadeira / Não me falta sofá / Só falta você sentada na sala / Só falta você estar". Foi com esses versos, da música de Arnaldo Antunes "A Casa É Sua", cantada por Maria Bethânia, que Maria Júlia, 10, soube que poderia ter, em breve, duas mães. "Nosso sim veio com música e poesia", conta Margarida Moutinho, 54, sobre o processo anterior ao encontro oficial da nova família. Número de adoções feitas no país - Um encontro que só foi possível porque o casal, que já estava na fila para adoção, decidiu aos poucos mudar o perfil esperado de criança para adotar. "Percebemos que não estávamos no grupo que acha que precisa adotar um bebê, mas sim no grupo que queria um filho, independente da idade", conta. O pontapé para a mudança veio por meio de um grupo de "busca ativa", recurso usado por grupos de apoio e tribunais para tentar encontrar famílias para crianças há mais tempo em abrigos. Assim, da opção inserida inicialmente no cadastro por adotar uma criança de até cinco anos, Margarida se ofereceu para se tornar mãe de uma menina de dez, que já havia sido devolvida anteriormente por uma família. Ao saberem que a menina também tinha uma irmã, de oito anos, combinaram com outro casal de amigas na "fila" e da mesma cidade a possibilidade de uma adoção conjugada. Assim, as meninas não perderiam o contato. "Só depois de alguns dias que recebemos a primeira foto. E nos encantamos com elas", relata. A criação de ferramentas que estimulam esse tipo de busca ativa por famílias, como ampliação da pesquisa além das opções definidas pelos pretendentes e inclusão de imagens para algumas crianças, é proposta na discussão do novo cadastro nacional de adoção. Foi essa busca que fez a vendedora autônoma Sandra Cristina dos Santos, 54, conhecer os filhos Teyllor, hoje com 16, e Maria Eduarda, 4. Inicialmente, ela havia preenchido o pedido para entrar no cadastro para adoção de duas crianças, de até cinco e sete anos de idade. Um grupo de busca ativa por pretendentes, porém, a avisou que havia dois irmãos, na época um com 12 anos e o outro com cinco meses de idade. "Perguntaram: você quer conhecer?" "Se ligaram para mim, é porque são meus filhos", respondeu. AMPLIAÇÃO "O desejo de adotar determinado perfil de criança é idealizado, e pode ser amadurecido e transformado", afirma Élio Braz Mendes, juiz da infância do Recife. Há dois anos, ele está à frente do projeto Adote um pequeno torcedor, que divulga fotos e perfil de crianças à espera por adoção como uma forma de atrair famílias interessadas. A medida, porém, gera críticas pelo risco de exposição. Mendes rebate. "Essas crianças precisam ter vez e voz", afirma. "Fazemos uma consulta no cadastro e, se tiver pretendentes, chamamos. Se não tiver, divulgamos. Nós não temos o direito de colocar uma cláusula de barreira." Sandra, que hoje é presidente de um grupo de apoio à adoção, concorda que o desejo de adotar uma criança pode ser ampliado. Para ela, porém, isso não pode ser uma imposição. "Tem que estar ciente. Não adianta mudar o perfil só para adiantar o processo", diz. - O que é o sistema Contém dados de pretendentes à adoção e de crianças aptas a serem adotadas. É mantido e acessado pelo CNJ e varas da infância Como é hoje Cadastro tem poucas informações, cruzamento de dados restrito e não é atualizado com frequência em todos os municípios Como deveria ser Sistema integrado e atualizado, com busca automática e mais rápida para encontrar famílias para crianças à espera de adoção * PROPOSTAS EM ANÁLISE PELO CNJ Unificação Junção dos sistemas de cadastro de pretendentes e de crianças que estão em abrigos. Hoje, eles são separados Busca diária Atualização diária automática, com alerta aos pretendentes sobre a existência de crianças com perfil aproximado ao procurado inicialmente Imagens das crianças Inserção de fotos, vídeos, cartas e desenhos das crianças, com divulgação restrita. Históricos Inclusão do histórico de acolhimento das crianças e relatório psicológico e social, hoje fora do sistema. Acesso continuaria restrito a juízes e equipes técnicas Sem definição Cadastro de crianças cujo processo de destituição familiar já teve primeiro aval, mas ainda não está decidido. Hoje, elas aguardam definição para serem encaminhadas à adoção Avisos Alertas periódicos aos pretendentes sobre a situação de seu processo e seu lugar na "fila" 41.003 é o número de pretendentes que aguardam na "fila" para adotar uma criança 7.983 é o número de crianças e adolescentes à espera por adoção no país
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Chefe da equipe de negociações de paz com as Farc põe cargo à disposição
Em declaração divulgada na manhã desta segunda (3), no Palácio de Nariño, sede do governo colombiano, o chefe da equipe de negociadores de paz, Humberto de la Calle, colocou seu cargo à disposição e disse que "seguirá lutando pela paz até o último dia de minha vida, mas não mais à frente dessa equipe". De la Calle agradeceu ao presidente Juan Manuel Santos por ser "valente e preferir a luta pela paz do que a inércia pela guerra" e insistiu que "a paz não foi vencida". Disse respeitar os que votaram pelo "não" no plebiscito deste domingo (2) e reforçou que a oposição (Centro Democrático, o partido ligado ao ex-presidente Alvaro Uribe ), "também quer a paz". De la Calle defendeu uma nova negociação em busca de um "apoio nacional". Ao final, declarou que assume toda a responsabilidade por erros que possa haver cometido durante as negociações. NÃO À PAZ Contrariando as pesquisas de intenção de voto, os colombianos rejeitaram neste domingo, em plebiscito, o acordo de paz negociado ao longo de quatro anos entre o governo de Santos e as Farc (Froças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O acordo havia sido assinado na semana passada de maneira festiva e com a presença de vários chefes de Estado da América Latina. O tratado previa o fim de uma guerra que envolve guerrilhas, grupos paramilitares e o Exército. O conflito se arrasta por 52 anos e já forçou 8 milhões de colombianos a deixar suas casas. A oposição fazia ressalvas especialmente aos pontos da Justiça transicional, que permitiria anistia e indultos para ex-guerrilheiros acusados de delitos graves; também contestavam e o artigo que garantia a participação política, com a concessão de dez cadeiras aos guerrilheiros no Congresso nas duas próximas legislaturas, além de subsídios para a formação do partido das Farc.
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Chefe da equipe de negociações de paz com as Farc põe cargo à disposiçãoEm declaração divulgada na manhã desta segunda (3), no Palácio de Nariño, sede do governo colombiano, o chefe da equipe de negociadores de paz, Humberto de la Calle, colocou seu cargo à disposição e disse que "seguirá lutando pela paz até o último dia de minha vida, mas não mais à frente dessa equipe". De la Calle agradeceu ao presidente Juan Manuel Santos por ser "valente e preferir a luta pela paz do que a inércia pela guerra" e insistiu que "a paz não foi vencida". Disse respeitar os que votaram pelo "não" no plebiscito deste domingo (2) e reforçou que a oposição (Centro Democrático, o partido ligado ao ex-presidente Alvaro Uribe ), "também quer a paz". De la Calle defendeu uma nova negociação em busca de um "apoio nacional". Ao final, declarou que assume toda a responsabilidade por erros que possa haver cometido durante as negociações. NÃO À PAZ Contrariando as pesquisas de intenção de voto, os colombianos rejeitaram neste domingo, em plebiscito, o acordo de paz negociado ao longo de quatro anos entre o governo de Santos e as Farc (Froças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O acordo havia sido assinado na semana passada de maneira festiva e com a presença de vários chefes de Estado da América Latina. O tratado previa o fim de uma guerra que envolve guerrilhas, grupos paramilitares e o Exército. O conflito se arrasta por 52 anos e já forçou 8 milhões de colombianos a deixar suas casas. A oposição fazia ressalvas especialmente aos pontos da Justiça transicional, que permitiria anistia e indultos para ex-guerrilheiros acusados de delitos graves; também contestavam e o artigo que garantia a participação política, com a concessão de dez cadeiras aos guerrilheiros no Congresso nas duas próximas legislaturas, além de subsídios para a formação do partido das Farc.
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Ator, diretor e dramaturgo mineiro Carl Schumacher morre aos 53 anos
O ator, diretor e dramaturgo mineiro Carl Schumacher, 53, foi encontrado morto na manhã deste domingo (23), em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. A morte foi anunciada pelo ator e assistente de direção Alexandre Bandeira e confirmada pelo Instituto Médico Legal e Polícia Civil de Belo Horizonte. A causa ainda não foi esclarecida. Segundo Bandeira, no sábado (22) Schumacher ensaiava a remontagem "Amor de Vampira" quando reclamou de mal estar. "Ele falou que estava passando mal, que achava que era dengue, mas não quis ir para o hospital e foi para casa descansar". A remontagem, em comemoração aos 30 anos da comédia musical, maior sucesso do dramaturgo, estrearia dia 14 de novembro, mas deve ser adiada. Nascido em Belo Horizonte como Carlos Schumacher, o dramaturgo também ficou conhecido por seus papeis em novelas como "A Turma do Didi" e "A Favorita", da TV Globo, além de passagens pelo SBT e Band. O ator deixa uma irmã. A família ainda não divulgou informações sobre velório e enterro.
ilustrada
Ator, diretor e dramaturgo mineiro Carl Schumacher morre aos 53 anosO ator, diretor e dramaturgo mineiro Carl Schumacher, 53, foi encontrado morto na manhã deste domingo (23), em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. A morte foi anunciada pelo ator e assistente de direção Alexandre Bandeira e confirmada pelo Instituto Médico Legal e Polícia Civil de Belo Horizonte. A causa ainda não foi esclarecida. Segundo Bandeira, no sábado (22) Schumacher ensaiava a remontagem "Amor de Vampira" quando reclamou de mal estar. "Ele falou que estava passando mal, que achava que era dengue, mas não quis ir para o hospital e foi para casa descansar". A remontagem, em comemoração aos 30 anos da comédia musical, maior sucesso do dramaturgo, estrearia dia 14 de novembro, mas deve ser adiada. Nascido em Belo Horizonte como Carlos Schumacher, o dramaturgo também ficou conhecido por seus papeis em novelas como "A Turma do Didi" e "A Favorita", da TV Globo, além de passagens pelo SBT e Band. O ator deixa uma irmã. A família ainda não divulgou informações sobre velório e enterro.
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Saúde responde: Como tratar cálculo renal?
Tenho cálculo renal e já fiz a litotripsia [procedimento que usa ondas de choque para quebrar as pedras] duas vezes. Eliminei apenas uma pedra e as dores voltaram. Quando vou ao hospital, só recebo remédios para dor. O que pode ser feito para eliminar os cálculos? G.F. Segundo Daniel Rinaldi, professor adjunto de nefrologia da Faculdade de Medicina do ABC, durante o episódio de dor é preciso tratá-la com analgésicos e tomar muita água. Se os cálculos forem de até 6 mm ou 7 mm, eles serão eliminados naturalmente. Se forem maiores, às vezes precisam ser removidos cirurgicamente. Mas o importante nesses casos é investigar a causa da formação de tantos cálculos. Isso é feito com exames de sangue e, principalmente, de urina. Com eles, o médico pode ver qual distúrbio metabólico o paciente tem e então tratá-lo para evitar a formação de novos cálculos.
equilibrioesaude
Saúde responde: Como tratar cálculo renal?Tenho cálculo renal e já fiz a litotripsia [procedimento que usa ondas de choque para quebrar as pedras] duas vezes. Eliminei apenas uma pedra e as dores voltaram. Quando vou ao hospital, só recebo remédios para dor. O que pode ser feito para eliminar os cálculos? G.F. Segundo Daniel Rinaldi, professor adjunto de nefrologia da Faculdade de Medicina do ABC, durante o episódio de dor é preciso tratá-la com analgésicos e tomar muita água. Se os cálculos forem de até 6 mm ou 7 mm, eles serão eliminados naturalmente. Se forem maiores, às vezes precisam ser removidos cirurgicamente. Mas o importante nesses casos é investigar a causa da formação de tantos cálculos. Isso é feito com exames de sangue e, principalmente, de urina. Com eles, o médico pode ver qual distúrbio metabólico o paciente tem e então tratá-lo para evitar a formação de novos cálculos.
16
'Mais fácil o Sargento García prender o Zorro do que eu renunciar', diz Cunha
"É mais fácil o Sargento García prender o Zorro do que eu renunciar". Foi em referência ao famoso militar da série de TV dos anos 1950, bastante gordo e sem a menor habilidade com a espada, que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) resumiu à Folha sua disposição de abrir mão do mandato como deputado federal. A negativa é sua resposta aos boatos que começaram a circular entre os parlamentares nesta segunda-feira (12) de que ele poderia renunciar ao cargo antes ou até mesmo durante sessão na Câmara que vai chancelar seu destino político. Isso porque, dizem técnicos da Casa, caso ele abra mão de seu mandato, permancerá com a prerrogativa de foro privilegiado até o fim da votação. Durante todo o dia, Cunha recebeu alguns parlamentares para conversas no apartamento funcional em Brasília em que vive com a mulher, Cláudia Cruz, e repetiu exaustivamente que não renunciaria "em hipótese alguma" e que não tinha "expectativa nenhuma" sobre o resultado da votação. A poucas horas do início da sessão, Cunha não parecia nervoso. Acordou cedo e passou boa parte do dia dedicando-se a seu discurso. Telefonou a alguns parlamentares e agradeceu pelo apoio àqueles que continuaram com ele até o fim. O peemedebista poderá falar por 25 minutos e promete ficar no plenário até o fim da votação que vai decidir se ele terá ou não seu mandato cassado. Depois, deve conceder uma coletiva de imprensa. Apesar dos rumores, até mesmo os interlocutores de Cunha acreditam que haverá quórum para a votação desta segunda e, mesmo que haja a renúncia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), promete resolver o assunto ainda esta semana.
poder
'Mais fácil o Sargento García prender o Zorro do que eu renunciar', diz Cunha"É mais fácil o Sargento García prender o Zorro do que eu renunciar". Foi em referência ao famoso militar da série de TV dos anos 1950, bastante gordo e sem a menor habilidade com a espada, que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) resumiu à Folha sua disposição de abrir mão do mandato como deputado federal. A negativa é sua resposta aos boatos que começaram a circular entre os parlamentares nesta segunda-feira (12) de que ele poderia renunciar ao cargo antes ou até mesmo durante sessão na Câmara que vai chancelar seu destino político. Isso porque, dizem técnicos da Casa, caso ele abra mão de seu mandato, permancerá com a prerrogativa de foro privilegiado até o fim da votação. Durante todo o dia, Cunha recebeu alguns parlamentares para conversas no apartamento funcional em Brasília em que vive com a mulher, Cláudia Cruz, e repetiu exaustivamente que não renunciaria "em hipótese alguma" e que não tinha "expectativa nenhuma" sobre o resultado da votação. A poucas horas do início da sessão, Cunha não parecia nervoso. Acordou cedo e passou boa parte do dia dedicando-se a seu discurso. Telefonou a alguns parlamentares e agradeceu pelo apoio àqueles que continuaram com ele até o fim. O peemedebista poderá falar por 25 minutos e promete ficar no plenário até o fim da votação que vai decidir se ele terá ou não seu mandato cassado. Depois, deve conceder uma coletiva de imprensa. Apesar dos rumores, até mesmo os interlocutores de Cunha acreditam que haverá quórum para a votação desta segunda e, mesmo que haja a renúncia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), promete resolver o assunto ainda esta semana.
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Sorveterias apostam em sabores inusitados, como gergelim negro
DANIELLE NAGASE DE SÃO PAULO Nem só de sorvetes de chocolate ou de frutas se faz a vitrine de sorveterias paulistanas. Além das opções tradicionais, algumas casas apostam em opções inusitadas, como gergelim negro e manjericão. Antes de ir direto no "de sempre", peça uma pazinha de uma versão inusitada; não custa nada —e vai que você gosta. Mas atenção: os sabores listados nem sempre estão disponíveis nas sorveterias; vale ligar antes para checar. ONDE EXPERIMENTAR Bacio di Latte (tel. 3063-2084) Pinoli com caramelo. Cuordicrema (tel. 3062-3982) tapioca e fruta do conde. Damp (tel. 2274-0746) alecrim do campo, manjericão com amora e queijo cuia com melaço de cana e pimenta-rosa. Dá Pá Virada (tel. 3721-2320) requeijão com goiabada. Davvero (tel. 3881-6552) jasmim. Dolci Magie (tel. 4371-6244) arroz doce e manjericão. Dri Dri (tel. 3061-9646) alcaçuz. Gelato Boutique (tel. 3541-1532) gergelim negro e matchá. La Girandola (tel. 3812-9387) tomate com manjericão e cajá. Vipiteno (tel. 3476-1881) algodão-doce.
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Sorveterias apostam em sabores inusitados, como gergelim negroDANIELLE NAGASE DE SÃO PAULO Nem só de sorvetes de chocolate ou de frutas se faz a vitrine de sorveterias paulistanas. Além das opções tradicionais, algumas casas apostam em opções inusitadas, como gergelim negro e manjericão. Antes de ir direto no "de sempre", peça uma pazinha de uma versão inusitada; não custa nada —e vai que você gosta. Mas atenção: os sabores listados nem sempre estão disponíveis nas sorveterias; vale ligar antes para checar. ONDE EXPERIMENTAR Bacio di Latte (tel. 3063-2084) Pinoli com caramelo. Cuordicrema (tel. 3062-3982) tapioca e fruta do conde. Damp (tel. 2274-0746) alecrim do campo, manjericão com amora e queijo cuia com melaço de cana e pimenta-rosa. Dá Pá Virada (tel. 3721-2320) requeijão com goiabada. Davvero (tel. 3881-6552) jasmim. Dolci Magie (tel. 4371-6244) arroz doce e manjericão. Dri Dri (tel. 3061-9646) alcaçuz. Gelato Boutique (tel. 3541-1532) gergelim negro e matchá. La Girandola (tel. 3812-9387) tomate com manjericão e cajá. Vipiteno (tel. 3476-1881) algodão-doce.
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Alma Esquina vai servir pratos com fígado magro por dez dias
O boteco Alma Esquina, do chef Ivan Achcar, servirá pratos com fígado no almoço e no jantar até o dia 12 de julho. O Festival do Fígado Magro começou nesta quinta-feira (2) e terá quatro sugestões: iscas de fígado de boi ao molho madeira, fígado de boi com compota de cebola, fígado de galhinha à provençal e fígado de bêbado com molho verde flambado na cachaça. Os pratos podem ser pedidos como porções (R$ 30) ou como pê-efe (R$ 25,50). O chef explicou que o evento é uma forma de homenagear uma das iguarias mais importantes da cozinha e que na falta de foie gras (a produção e consumo do fígado gordo de patos e gansos em São Paulo foi proibida ) "vamos comer fígado magro". ALMA ESQUINA Onde r. Cayowáa, 324, Perdizes; tel: 11/2769 5896 Horário de funcionamento dom. e seg. das 12h às 17h; ter. a sab. das 12h à meia-noite
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Alma Esquina vai servir pratos com fígado magro por dez diasO boteco Alma Esquina, do chef Ivan Achcar, servirá pratos com fígado no almoço e no jantar até o dia 12 de julho. O Festival do Fígado Magro começou nesta quinta-feira (2) e terá quatro sugestões: iscas de fígado de boi ao molho madeira, fígado de boi com compota de cebola, fígado de galhinha à provençal e fígado de bêbado com molho verde flambado na cachaça. Os pratos podem ser pedidos como porções (R$ 30) ou como pê-efe (R$ 25,50). O chef explicou que o evento é uma forma de homenagear uma das iguarias mais importantes da cozinha e que na falta de foie gras (a produção e consumo do fígado gordo de patos e gansos em São Paulo foi proibida ) "vamos comer fígado magro". ALMA ESQUINA Onde r. Cayowáa, 324, Perdizes; tel: 11/2769 5896 Horário de funcionamento dom. e seg. das 12h às 17h; ter. a sab. das 12h à meia-noite
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Escolhido para o BC tem formação acadêmica como o seu ponto forte
Muitos caminhos levavam Ilan Goldfajn, 50, para o Banco Central. Principal grife que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) quis para encorpar sua equipe, Goldfajn poderia ter chegado dois anos antes à presidência do BC. Na campanha de 2014, ele era um dos principais cotados para assumir o banco sob a gestão de Arminio Fraga na Fazenda, caso Aécio Neves (PSDB) fosse eleito. Os tucanos perderam, mas o nome de Goldfajn seguiu como favorito a sucessor de Alexandre Tombini, atual presidente do BC, desta vez no governo Michel Temer. Entre economistas, sua fortaleza mais citada é a formação acadêmica. Com doutorado no prestigiado MIT, passagem como professor da PUC-Rio e três anos a trabalho no FMI (Fundo Monetário Internacional), Goldfajn é considerado um economista completo. Um de seus trabalhos mais conhecidos, escrito nos anos 1990 com o atual ministro da Fazenda do Chile, Rodrigo Valdés, fala sobre como as economias se comportam depois de crises cambiais. Mas foi a habilidade política um dos fatores determinantes para sua volta a Brasília. Equipe economia Temer Antes da chegada de Meirelles à Fazenda, pessoas próximas ao atual ministro indicavam que ele buscava para o cargo alguém que tivesse formado sua equipe no BC. Os olhos se voltaram aos melhores anos de Meirelles, como 2006, quando a inflação foi de 3,14% –a meta naquele ano era de 4,5% anuais. Mas o eleito foi Goldfajn, que escolhido diretor de política econômica do BC por Arminio, em 2000, aceitou esticar sua permanência no cargo para ajudar a acalmar o mercado nos primeiros meses do governo Lula. Meirelles e Goldfajn conviveram no BC sete meses. Foi esse um dos períodos mais desafiadores que Goldfajn viveu no governo. O temor com a eleição de Lula, em 2002, fez o dólar disparar e a inflação chegou a 12% naquele ano. A meta foi ajustada para cima e houve críticas do mercado. Dias antes de Goldfajn ser confirmado no cargo, a fofoca nas mesas de operação era que o economista seria menos "hawkish" (expressão em inglês que designa intolerância ao aumento de preços) no combate à inflação. O ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore diz que a estratégia foi utilizada para reduzir os custos sociais de um aperto forte nos juros. Foram estipuladas metas intermediárias para fazer a inflação voltar a baixar. "Não fizeram isso no vazio, nem obedecendo o presidente da República. Fizeram a partir de uma avaliação técnica do que era melhor para a sociedade", afirma. De mochila, camisa social sem gravata e num voo de carreira que partiu de São Paulo, Goldfajn aterrissou em Brasília nesta terça (17) para sua segunda etapa no BC. Não quis comentar sobre a composição da diretoria do banco e quando assumirá o posto, nem sobre suas primeiras iniciativas. "Não vou fazer nenhum comentário, vocês sabem que eu tenho que seguir um processo", disse, referindo-se à sabatina no Senado. "Agradeço por terem vindo." Goldfajn não quis contar sequer o sexo dos três filhos (dois meninos e uma menina). Mas indicou concordar apenas quando perguntado, pela enésima vez por repórteres que o aguardavam na chegada, o seu time. "É flamenguista?" "Nessa você chegou perto", disse, entrando num táxi comum que o levou ao encontro de Meirelles.
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Escolhido para o BC tem formação acadêmica como o seu ponto forteMuitos caminhos levavam Ilan Goldfajn, 50, para o Banco Central. Principal grife que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) quis para encorpar sua equipe, Goldfajn poderia ter chegado dois anos antes à presidência do BC. Na campanha de 2014, ele era um dos principais cotados para assumir o banco sob a gestão de Arminio Fraga na Fazenda, caso Aécio Neves (PSDB) fosse eleito. Os tucanos perderam, mas o nome de Goldfajn seguiu como favorito a sucessor de Alexandre Tombini, atual presidente do BC, desta vez no governo Michel Temer. Entre economistas, sua fortaleza mais citada é a formação acadêmica. Com doutorado no prestigiado MIT, passagem como professor da PUC-Rio e três anos a trabalho no FMI (Fundo Monetário Internacional), Goldfajn é considerado um economista completo. Um de seus trabalhos mais conhecidos, escrito nos anos 1990 com o atual ministro da Fazenda do Chile, Rodrigo Valdés, fala sobre como as economias se comportam depois de crises cambiais. Mas foi a habilidade política um dos fatores determinantes para sua volta a Brasília. Equipe economia Temer Antes da chegada de Meirelles à Fazenda, pessoas próximas ao atual ministro indicavam que ele buscava para o cargo alguém que tivesse formado sua equipe no BC. Os olhos se voltaram aos melhores anos de Meirelles, como 2006, quando a inflação foi de 3,14% –a meta naquele ano era de 4,5% anuais. Mas o eleito foi Goldfajn, que escolhido diretor de política econômica do BC por Arminio, em 2000, aceitou esticar sua permanência no cargo para ajudar a acalmar o mercado nos primeiros meses do governo Lula. Meirelles e Goldfajn conviveram no BC sete meses. Foi esse um dos períodos mais desafiadores que Goldfajn viveu no governo. O temor com a eleição de Lula, em 2002, fez o dólar disparar e a inflação chegou a 12% naquele ano. A meta foi ajustada para cima e houve críticas do mercado. Dias antes de Goldfajn ser confirmado no cargo, a fofoca nas mesas de operação era que o economista seria menos "hawkish" (expressão em inglês que designa intolerância ao aumento de preços) no combate à inflação. O ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore diz que a estratégia foi utilizada para reduzir os custos sociais de um aperto forte nos juros. Foram estipuladas metas intermediárias para fazer a inflação voltar a baixar. "Não fizeram isso no vazio, nem obedecendo o presidente da República. Fizeram a partir de uma avaliação técnica do que era melhor para a sociedade", afirma. De mochila, camisa social sem gravata e num voo de carreira que partiu de São Paulo, Goldfajn aterrissou em Brasília nesta terça (17) para sua segunda etapa no BC. Não quis comentar sobre a composição da diretoria do banco e quando assumirá o posto, nem sobre suas primeiras iniciativas. "Não vou fazer nenhum comentário, vocês sabem que eu tenho que seguir um processo", disse, referindo-se à sabatina no Senado. "Agradeço por terem vindo." Goldfajn não quis contar sequer o sexo dos três filhos (dois meninos e uma menina). Mas indicou concordar apenas quando perguntado, pela enésima vez por repórteres que o aguardavam na chegada, o seu time. "É flamenguista?" "Nessa você chegou perto", disse, entrando num táxi comum que o levou ao encontro de Meirelles.
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eSocial libera guia de pagamento de domésticos nesta terça, diz Receita
A guia do eSocial, sistema unificado para registro e recolhimento de tributos de domésticos, para pagamento em dezembro estará disponível para emissão a partir da zero hora desta terça (1º), segundo a Receita Federal. Esse DAE (Documento de Arrecadação do eSocial) traz os encargos sobre os valores pagos em novembro, o que inclui o salário mensal e a primeira parcela do 13º salário. O documento deverá ser emitido e quitado pelos empregadores até segunda (7). Sobre a primeira parcela do 13º incide FGTS. Em novembro, o vencimento da guia foi adiado por causa de falhas técnicas no site do eSocial. A guia para recolhimento de encargos sobre o salário de dezembro e a segunda parcela do 13º deverá estar disponível em janeiro de 2016. A segunda parcela deve ser paga ao empregado até 18 de dezembro, caso seja feito por meio de crédito em conta. Se o doméstico trabalha no sábado ou domingo, o pagamento pode ser feito até o dia 20, desde que em dinheiro. Sabia regularizar o contrato de domésticos DEMISSÕES A Receita divulgou na semana passada que, a partir de dezembro, estaria disponível a funcionalidade para registro dos desligamentos no eSocial. Nesta segunda (30), no entanto, o órgão informou que essa função ainda está em desenvolvimento e sem data para entrar no ar. Por enquanto, para recolher encargos sobre demissões, é necessário utilizar a guia do FGTS da Caixa, disponível no site eSocial. Até as 17h de ontem, 1.366.228 empregadores haviam se cadastrado no site. O cadastro é necessário para gerar a guia de pagamento. Se os benefícios não forem recolhidos na data certa, o empregador paga multa de 0,33% ao dia, limitada a 20% do total. DIREITOS DOS DOMÉSTICOS - Veja tributos que serão recolhidos em guia única a partir de novembro
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eSocial libera guia de pagamento de domésticos nesta terça, diz ReceitaA guia do eSocial, sistema unificado para registro e recolhimento de tributos de domésticos, para pagamento em dezembro estará disponível para emissão a partir da zero hora desta terça (1º), segundo a Receita Federal. Esse DAE (Documento de Arrecadação do eSocial) traz os encargos sobre os valores pagos em novembro, o que inclui o salário mensal e a primeira parcela do 13º salário. O documento deverá ser emitido e quitado pelos empregadores até segunda (7). Sobre a primeira parcela do 13º incide FGTS. Em novembro, o vencimento da guia foi adiado por causa de falhas técnicas no site do eSocial. A guia para recolhimento de encargos sobre o salário de dezembro e a segunda parcela do 13º deverá estar disponível em janeiro de 2016. A segunda parcela deve ser paga ao empregado até 18 de dezembro, caso seja feito por meio de crédito em conta. Se o doméstico trabalha no sábado ou domingo, o pagamento pode ser feito até o dia 20, desde que em dinheiro. Sabia regularizar o contrato de domésticos DEMISSÕES A Receita divulgou na semana passada que, a partir de dezembro, estaria disponível a funcionalidade para registro dos desligamentos no eSocial. Nesta segunda (30), no entanto, o órgão informou que essa função ainda está em desenvolvimento e sem data para entrar no ar. Por enquanto, para recolher encargos sobre demissões, é necessário utilizar a guia do FGTS da Caixa, disponível no site eSocial. Até as 17h de ontem, 1.366.228 empregadores haviam se cadastrado no site. O cadastro é necessário para gerar a guia de pagamento. Se os benefícios não forem recolhidos na data certa, o empregador paga multa de 0,33% ao dia, limitada a 20% do total. DIREITOS DOS DOMÉSTICOS - Veja tributos que serão recolhidos em guia única a partir de novembro
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Uma proposta modesta
Nos últimos meses, muita gente boa tem se descabelado por conta de um tema que não costuma despertar paixões avassaladoras: o ensino de história no Brasil. Tudo começou quando o Ministério da Educação divulgou a versão preliminar de seu projeto para uma base curricular que valeria para o Brasil inteiro. Muitos intelectuais ficaram chocados ao ver que o plano dava ênfase à herança indígena e africana na história do país, praticamente ignorando a Antiguidade, a Idade Média e o Renascimento. Sem prejuízo da discussão sobre essas lacunas, porém, gostaria de fazer uma proposta modesta a ambos os lados: que tal ler Jared Diamond? Estou falando do biogeógrafo e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles que escreveu o best-seller "Armas, Germes e Aço" -não porque eu ache que seus livros deveriam ser usados de forma dogmática, mas porque o trabalho dele exemplifica uma tendência que ajuda a pensar a saga histórica (e pré-histórica) da humanidade de modo realmente global, integrando a história às demais ciências. Acho salutar que a molecada brasileira aprenda que complexidade social, artística e tecnológica não era privilégio das civilizações da Europa e da Ásia. A arqueologia tem revelado, por exemplo, que a Amazônia pré-Cabral tinha populações densas, construções monumentais e cerâmica de fazer inveja aos gregos da época de Platão; as estradas incas alcançam no mínimo um empate técnico com as romanas; e por aí vai. Comparar essa complexidade nativa com a do Velho Mundo é um ótimo meio de aprender como surgem os Estados -a resposta de Diamond, provavelmente correta, é que a capacidade de intensificar a produção de alimentos por meio da agricultura costuma desencadear processos de concentração de poder, os quais desembocam no surgimento de generais, reis e imperadores. Essas, claro, são as semelhanças entre Novo e Velho Mundo, mas também é preciso explicar as diferenças. Como diabos um bando de 168 aventureiros espanhóis conseguiu derrotar dezenas de milhares de guerreiros incas e capturar o imperador Atahualpa em 1532? Foi porque os índios eram covardes, burros ou, de maneira genérica, "inferiores"? A resposta de Diamond é um sonoro "não". A grande vantagem dos espanhóis sobre os incas era o uso bélico do cavalo - um animal que tinha sido extinto nas Américas, junto com quase todos os outros mamíferos "domesticáveis", por volta de 10 mil anos atrás, no fim da Era do Gelo. Os ancestrais dos incas tiveram de se contentar com as lhamas, que ninguém conseguiria montar em batalha. Foi a convivência constante dos europeus com seus animais domésticos de grande porte, aliás, que legou a eles doenças infecciosas (originalmente transmitidas pelos bichos) como a varíola, responsável por matar muito mais indígenas do que qualquer cavalo ou arcabuz ibéricos. Se você quer juntar os professores de biologia, geografia e história num único esforço para estimular os alunos a pensar nos padrões que regeram a saga da nossa espécie, a abordagem acima me parece muito mais empolgante do que o mero "Vamos valorizar nossa herança não europeia, pessoal". Como diz um velho samba, sonhar não custa nada.
colunas
Uma proposta modestaNos últimos meses, muita gente boa tem se descabelado por conta de um tema que não costuma despertar paixões avassaladoras: o ensino de história no Brasil. Tudo começou quando o Ministério da Educação divulgou a versão preliminar de seu projeto para uma base curricular que valeria para o Brasil inteiro. Muitos intelectuais ficaram chocados ao ver que o plano dava ênfase à herança indígena e africana na história do país, praticamente ignorando a Antiguidade, a Idade Média e o Renascimento. Sem prejuízo da discussão sobre essas lacunas, porém, gostaria de fazer uma proposta modesta a ambos os lados: que tal ler Jared Diamond? Estou falando do biogeógrafo e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles que escreveu o best-seller "Armas, Germes e Aço" -não porque eu ache que seus livros deveriam ser usados de forma dogmática, mas porque o trabalho dele exemplifica uma tendência que ajuda a pensar a saga histórica (e pré-histórica) da humanidade de modo realmente global, integrando a história às demais ciências. Acho salutar que a molecada brasileira aprenda que complexidade social, artística e tecnológica não era privilégio das civilizações da Europa e da Ásia. A arqueologia tem revelado, por exemplo, que a Amazônia pré-Cabral tinha populações densas, construções monumentais e cerâmica de fazer inveja aos gregos da época de Platão; as estradas incas alcançam no mínimo um empate técnico com as romanas; e por aí vai. Comparar essa complexidade nativa com a do Velho Mundo é um ótimo meio de aprender como surgem os Estados -a resposta de Diamond, provavelmente correta, é que a capacidade de intensificar a produção de alimentos por meio da agricultura costuma desencadear processos de concentração de poder, os quais desembocam no surgimento de generais, reis e imperadores. Essas, claro, são as semelhanças entre Novo e Velho Mundo, mas também é preciso explicar as diferenças. Como diabos um bando de 168 aventureiros espanhóis conseguiu derrotar dezenas de milhares de guerreiros incas e capturar o imperador Atahualpa em 1532? Foi porque os índios eram covardes, burros ou, de maneira genérica, "inferiores"? A resposta de Diamond é um sonoro "não". A grande vantagem dos espanhóis sobre os incas era o uso bélico do cavalo - um animal que tinha sido extinto nas Américas, junto com quase todos os outros mamíferos "domesticáveis", por volta de 10 mil anos atrás, no fim da Era do Gelo. Os ancestrais dos incas tiveram de se contentar com as lhamas, que ninguém conseguiria montar em batalha. Foi a convivência constante dos europeus com seus animais domésticos de grande porte, aliás, que legou a eles doenças infecciosas (originalmente transmitidas pelos bichos) como a varíola, responsável por matar muito mais indígenas do que qualquer cavalo ou arcabuz ibéricos. Se você quer juntar os professores de biologia, geografia e história num único esforço para estimular os alunos a pensar nos padrões que regeram a saga da nossa espécie, a abordagem acima me parece muito mais empolgante do que o mero "Vamos valorizar nossa herança não europeia, pessoal". Como diz um velho samba, sonhar não custa nada.
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Mudança dentro da área de marketing abre espaço para outras formações
ANNA RANGEL DE SÃO PAULO A demanda por profissionais que saibam analisar dados abriu as portas do marketing para quem tem formação fora da área de comunicação, como analistas de sistemas, estatísticos, economistas e cientistas sociais. É o caso de Bruno Silva, 25, formado em análise de sistemas. Ele começou a carreira trabalhando com segurança de bancos de dados, mas hoje cria estratégias de negócios para empresas. "O desafio maior ao mudar de área é enxergar que não são apenas números, mas potenciais oportunidades para o cliente", diz. A coordenadora do curso de MBA em marketing digital da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Regina Cantele, concorda. Segundo ela, apenas com conhecimentos de ciências sociais, antropologia e psicologia é possível fazer uma análise satisfatória de dados e identificar padrões de comportamento e de compra do público-alvo. "Dizemos aos jovens que eles devem escolher uma profissão, mas nem sempre isso é simples. A formação abrangente permite que ele decida isso mais adiante", afirma Marcelo Pontes, da área de Marketing, Pesquisa e Economia da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Isso acaba se refletindo no mercado de trabalho. Pedro Reiss, um dos presidentes da agência de publicidade F.biz, diz que há profissionais na empresa que trabalham com métricas e são sociólogos. "Há espaço para formações variadas e para aplicar esses conhecimentos em uma carreira mais criativa", afirma. Além da formação, o inglês é fundamental para a área, principalmente na hora de fazer cursos. O especialista em tecnologia da F.biz Nicholas Almeida, 36, por exemplo, se atualiza com cursos a distância da universidade norte-americana Stanford, disponibilizados na plataforma Coursera.
sobretudo
Mudança dentro da área de marketing abre espaço para outras formações ANNA RANGEL DE SÃO PAULO A demanda por profissionais que saibam analisar dados abriu as portas do marketing para quem tem formação fora da área de comunicação, como analistas de sistemas, estatísticos, economistas e cientistas sociais. É o caso de Bruno Silva, 25, formado em análise de sistemas. Ele começou a carreira trabalhando com segurança de bancos de dados, mas hoje cria estratégias de negócios para empresas. "O desafio maior ao mudar de área é enxergar que não são apenas números, mas potenciais oportunidades para o cliente", diz. A coordenadora do curso de MBA em marketing digital da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Regina Cantele, concorda. Segundo ela, apenas com conhecimentos de ciências sociais, antropologia e psicologia é possível fazer uma análise satisfatória de dados e identificar padrões de comportamento e de compra do público-alvo. "Dizemos aos jovens que eles devem escolher uma profissão, mas nem sempre isso é simples. A formação abrangente permite que ele decida isso mais adiante", afirma Marcelo Pontes, da área de Marketing, Pesquisa e Economia da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Isso acaba se refletindo no mercado de trabalho. Pedro Reiss, um dos presidentes da agência de publicidade F.biz, diz que há profissionais na empresa que trabalham com métricas e são sociólogos. "Há espaço para formações variadas e para aplicar esses conhecimentos em uma carreira mais criativa", afirma. Além da formação, o inglês é fundamental para a área, principalmente na hora de fazer cursos. O especialista em tecnologia da F.biz Nicholas Almeida, 36, por exemplo, se atualiza com cursos a distância da universidade norte-americana Stanford, disponibilizados na plataforma Coursera.
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Editorial: Mais um passo
Com o acordo de delação premiada entre a Procuradoria-Geral da República e o empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, dá-se mais um passo para desvelar o mecanismo de corrupção que interligou políticos de vários partidos, dirigentes da Petrobras e executivos de algumas das maiores construtoras do país. Apontado como chefe de um cartel de empresas no esquema, Pessoa já se comprometeu a pagar multa de R$ 50 milhões, além de explicitar detalhes sobre propinas que garantiram à UTC, junto com outras empreiteiras, diversos contratos na área de minas e energia. O ministro desse setor durante o primeiro governo de Dilma Rousseff (PT) e atual senador pelo PMDB, Edison Lobão (MA), é um dos nomes citados por Pessoa. Teria recebido R$ 1 milhão para facilitar os interesses da UTC nas obras da usina nuclear de Angra 3. Cifra talvez demasiado modesta, já que o montante total do contrato subia a R$ 2,9 bilhões. Mas Angra 3 constitui (ainda) um componente lateral do escândalo –que, como se sabe, materializou-se antes de tudo na Petrobras. Os pontos da delação mal começam, de todo modo, a ser recenseados. Ricardo Pessoa declarou, por exemplo, que tratou de doações com o tesoureiro da campanha de Dilma em 2014. Teriam sido R$ 7,5 milhões naquela ocasião, e ninguém teria a ingenuidade de acreditar que essa contribuição foi feita sem perspectiva de posterior vantagem em contratos oficiais. Ocorre, todavia, que a doação, nesse caso, se fez por vias regulares. Ainda sob exame no Supremo Tribunal Federal –onde sua constitucionalidade se questiona–, o sistema de contribuições empresariais a campanhas não tem, no momento, nada de ilegal. Entre o que é apenas suspeito e o que de fato é criminoso, entre o moralmente duvidoso e o escândalo desbragado, há diferenças que cabe à Justiça delimitar em cada caso concreto. Encarcerado por quase seis meses, só depois de lhe ter sido concedido o benefício da prisão domiciliar é que Ricardo Pessoa firmou o compromisso de delação. A circunstância não confirma nem desmente, a rigor, a noção de que o longo tempo de cadeia tenha servido como forma de pressioná-lo a aceitar o acordo. Talvez valha notar que, sempre, o objetivo do delator é diminuir seu tempo de punição –presente ou futuro. Se os envolvidos na Lava Jato se julgassem sob proteção da clássica cultura da impunidade, não firmariam acordos desse tipo. Num país ainda tido como leniente com a corrupção, o recurso à delação premiada parece indicar que, em especial após o julgamento do mensalão, vai-se instaurando um ciclo virtuoso: quanto mais se investiga e pune, mais se facilita o combate à corrupção.
opiniao
Editorial: Mais um passoCom o acordo de delação premiada entre a Procuradoria-Geral da República e o empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, dá-se mais um passo para desvelar o mecanismo de corrupção que interligou políticos de vários partidos, dirigentes da Petrobras e executivos de algumas das maiores construtoras do país. Apontado como chefe de um cartel de empresas no esquema, Pessoa já se comprometeu a pagar multa de R$ 50 milhões, além de explicitar detalhes sobre propinas que garantiram à UTC, junto com outras empreiteiras, diversos contratos na área de minas e energia. O ministro desse setor durante o primeiro governo de Dilma Rousseff (PT) e atual senador pelo PMDB, Edison Lobão (MA), é um dos nomes citados por Pessoa. Teria recebido R$ 1 milhão para facilitar os interesses da UTC nas obras da usina nuclear de Angra 3. Cifra talvez demasiado modesta, já que o montante total do contrato subia a R$ 2,9 bilhões. Mas Angra 3 constitui (ainda) um componente lateral do escândalo –que, como se sabe, materializou-se antes de tudo na Petrobras. Os pontos da delação mal começam, de todo modo, a ser recenseados. Ricardo Pessoa declarou, por exemplo, que tratou de doações com o tesoureiro da campanha de Dilma em 2014. Teriam sido R$ 7,5 milhões naquela ocasião, e ninguém teria a ingenuidade de acreditar que essa contribuição foi feita sem perspectiva de posterior vantagem em contratos oficiais. Ocorre, todavia, que a doação, nesse caso, se fez por vias regulares. Ainda sob exame no Supremo Tribunal Federal –onde sua constitucionalidade se questiona–, o sistema de contribuições empresariais a campanhas não tem, no momento, nada de ilegal. Entre o que é apenas suspeito e o que de fato é criminoso, entre o moralmente duvidoso e o escândalo desbragado, há diferenças que cabe à Justiça delimitar em cada caso concreto. Encarcerado por quase seis meses, só depois de lhe ter sido concedido o benefício da prisão domiciliar é que Ricardo Pessoa firmou o compromisso de delação. A circunstância não confirma nem desmente, a rigor, a noção de que o longo tempo de cadeia tenha servido como forma de pressioná-lo a aceitar o acordo. Talvez valha notar que, sempre, o objetivo do delator é diminuir seu tempo de punição –presente ou futuro. Se os envolvidos na Lava Jato se julgassem sob proteção da clássica cultura da impunidade, não firmariam acordos desse tipo. Num país ainda tido como leniente com a corrupção, o recurso à delação premiada parece indicar que, em especial após o julgamento do mensalão, vai-se instaurando um ciclo virtuoso: quanto mais se investiga e pune, mais se facilita o combate à corrupção.
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Como surgiu a areia? Leia coluna de estreia de Isadora, 11, na 'Folhinha'
Era uma vez criaturas que se adaptaram às novas condições do planeta inundado, logo após o dilúvio, chamadas sereios. Os sereios tinham um rei egoísta que só pensava em riquezas. Como seus tesouros ocupavam muito espaço, ele construía palácios colossais para guardá-los. O rei, que também era um poderosíssimo bruxo, não perdeu tempo. Transformou aquela imensa riqueza em pó de ouro, que ficou submerso. Leia a coluna completa aqui.
folhinha
Como surgiu a areia? Leia coluna de estreia de Isadora, 11, na 'Folhinha'Era uma vez criaturas que se adaptaram às novas condições do planeta inundado, logo após o dilúvio, chamadas sereios. Os sereios tinham um rei egoísta que só pensava em riquezas. Como seus tesouros ocupavam muito espaço, ele construía palácios colossais para guardá-los. O rei, que também era um poderosíssimo bruxo, não perdeu tempo. Transformou aquela imensa riqueza em pó de ouro, que ficou submerso. Leia a coluna completa aqui.
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Leitor critica governos de Dilma e Beto Richa
A maioria dos brasileiros está arrependida por ter votado em Dilma Rousseff (PT), e a maioria dos paranaenses tem o mesmo sentimento com respeito ao "mocinho" Beto Richa (PSDB). Dilma provavelmente não sabe o tamanho do formigueiro no qual está sentada! Por outro lado, vemos nosso governador metendo os pés pelas mãos, sendo engolido pelas suas mentiras e por sua incapacidade administrativa. Os dois precisam parar de olhar para seus umbigos. Quando um país ou um Estado se encontra em situação de emergência, urge que se comecem os cortes de despesas na própria pele. Deixem os demais trabalharem em paz! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Leitor critica governos de Dilma e Beto RichaA maioria dos brasileiros está arrependida por ter votado em Dilma Rousseff (PT), e a maioria dos paranaenses tem o mesmo sentimento com respeito ao "mocinho" Beto Richa (PSDB). Dilma provavelmente não sabe o tamanho do formigueiro no qual está sentada! Por outro lado, vemos nosso governador metendo os pés pelas mãos, sendo engolido pelas suas mentiras e por sua incapacidade administrativa. Os dois precisam parar de olhar para seus umbigos. Quando um país ou um Estado se encontra em situação de emergência, urge que se comecem os cortes de despesas na própria pele. Deixem os demais trabalharem em paz! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Provas ilícitas em processos de corrupção
Impressiona o grau de superficialidade que cerca o debate sobre o projeto das dez medidas contra a corrupção. Muitos acusam o Ministério Público, autor da proposta, de atacar direitos fundamentais sob o viés da legitimação das provas ilícitas. Trata-se de uma falácia. Toda prova é ilícita se obtida em desacordo com o sistema jurídico, violando alguma lei, regra ou princípio. Mas há nulidades absolutas ou relativas, que se estendem a processos penais, cíveis ou administrativos. O projeto das dez medidas questiona a amplitude desse conceito, devido à multiplicidade de graus de violação e de gravidade nas transgressões às normas legais. Note-se que o projeto não exime agentes públicos de suas responsabilidades pela produção de provas ilícitas, mas busca explicitar normas que balizem a variação da gravidade da ilicitude que agrida direitos fundamentais. Eis, portanto, uma primeira premissa: o projeto não defende, em hipótese alguma, o uso de provas obtidas ilegalmente. Apenas ressalva que existe uma deformação no conceito de "provas ilícitas", a ensejar uma enxurrada de nulidades sem fundamentos legítimos. Defende, por isso, com suporte no direito norte-americano, que se possa relativizar a declaração de nulidade nos seguintes casos: 1) Quando não se constatar que a condenação será causada exclusivamente pelas provas ilícitas; 2) Quando importantes provas derivadas puderem ser obtidas de fonte independente da origem das provas ilícitas; 3) Quando houver caracterização de boa-fé de quem obteve a prova, assim entendida a circunstância que levou a autoridade a crer que a diligência estava legalmente amparada, pois a ilicitude da prova guarda relação também com elemento subjetivo da conduta do agente, em determinados casos; 4) Quando a causa for remota, atenuada ou descontaminada; se houver decorrido muito tempo entre a violação da garantia e a obtenção da prova, tornando remota a relação de dependência ou consequência; ou quando fato posterior a houver descontaminado -por exemplo, o investigado resolve se tornar colaborador; 5) Quando se fizer presente a contraprova, ou seja, quando a prova for utilizada pela acusação para refutar álibi, contradizer fato inverídico argumentado pela defesa ou demonstrar a falsidade ou inidoneidade dessa prova produzida, não podendo, contudo, servir para demonstrar culpa ou agravar a pena; 6) Quando as provas ilícitas se destinarem a comprovar a inocência do acusado ou reduzir-lhe a pena, evitando que um inocente seja condenado ou réu fique mais tempo preso do que o devido; 7) Quando forem obtidas por quem, no exercício de suas atividades regulares, toma conhecimento do crime e o leva ao conhecimento das autoridades; 8) Quando forem obtidas por quem se encontre amparado por uma das causas que a lei penal classifica como excludente de ilicitude, tais como a legítima defesa, o exercício regular do direito e o estrito cumprimento do dever legal. É falacioso o argumento de que o Ministério Público Federal, com esse projeto, estaria a pretender usar provas ilícitas nos processos. Evidentemente que a proposta não transparece nada disso. É preciso boa-fé e lealdade nessa discussão pública, para que se possa travar um diálogo autêntico com a sociedade brasileira. FÁBIO MEDINA OSÓRIO, doutor em direito pela Universidad Complutense de Madri (Espanha), foi advogado-geral da União de maio a setembro deste ano (governo Temer) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
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Provas ilícitas em processos de corrupçãoImpressiona o grau de superficialidade que cerca o debate sobre o projeto das dez medidas contra a corrupção. Muitos acusam o Ministério Público, autor da proposta, de atacar direitos fundamentais sob o viés da legitimação das provas ilícitas. Trata-se de uma falácia. Toda prova é ilícita se obtida em desacordo com o sistema jurídico, violando alguma lei, regra ou princípio. Mas há nulidades absolutas ou relativas, que se estendem a processos penais, cíveis ou administrativos. O projeto das dez medidas questiona a amplitude desse conceito, devido à multiplicidade de graus de violação e de gravidade nas transgressões às normas legais. Note-se que o projeto não exime agentes públicos de suas responsabilidades pela produção de provas ilícitas, mas busca explicitar normas que balizem a variação da gravidade da ilicitude que agrida direitos fundamentais. Eis, portanto, uma primeira premissa: o projeto não defende, em hipótese alguma, o uso de provas obtidas ilegalmente. Apenas ressalva que existe uma deformação no conceito de "provas ilícitas", a ensejar uma enxurrada de nulidades sem fundamentos legítimos. Defende, por isso, com suporte no direito norte-americano, que se possa relativizar a declaração de nulidade nos seguintes casos: 1) Quando não se constatar que a condenação será causada exclusivamente pelas provas ilícitas; 2) Quando importantes provas derivadas puderem ser obtidas de fonte independente da origem das provas ilícitas; 3) Quando houver caracterização de boa-fé de quem obteve a prova, assim entendida a circunstância que levou a autoridade a crer que a diligência estava legalmente amparada, pois a ilicitude da prova guarda relação também com elemento subjetivo da conduta do agente, em determinados casos; 4) Quando a causa for remota, atenuada ou descontaminada; se houver decorrido muito tempo entre a violação da garantia e a obtenção da prova, tornando remota a relação de dependência ou consequência; ou quando fato posterior a houver descontaminado -por exemplo, o investigado resolve se tornar colaborador; 5) Quando se fizer presente a contraprova, ou seja, quando a prova for utilizada pela acusação para refutar álibi, contradizer fato inverídico argumentado pela defesa ou demonstrar a falsidade ou inidoneidade dessa prova produzida, não podendo, contudo, servir para demonstrar culpa ou agravar a pena; 6) Quando as provas ilícitas se destinarem a comprovar a inocência do acusado ou reduzir-lhe a pena, evitando que um inocente seja condenado ou réu fique mais tempo preso do que o devido; 7) Quando forem obtidas por quem, no exercício de suas atividades regulares, toma conhecimento do crime e o leva ao conhecimento das autoridades; 8) Quando forem obtidas por quem se encontre amparado por uma das causas que a lei penal classifica como excludente de ilicitude, tais como a legítima defesa, o exercício regular do direito e o estrito cumprimento do dever legal. É falacioso o argumento de que o Ministério Público Federal, com esse projeto, estaria a pretender usar provas ilícitas nos processos. Evidentemente que a proposta não transparece nada disso. É preciso boa-fé e lealdade nessa discussão pública, para que se possa travar um diálogo autêntico com a sociedade brasileira. FÁBIO MEDINA OSÓRIO, doutor em direito pela Universidad Complutense de Madri (Espanha), foi advogado-geral da União de maio a setembro deste ano (governo Temer) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
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Em peça, Lucio Mauro Filho e Celso Fonseca desmistificam a bossa nova
A "TV Folha" recebeu nesta sexta-feira (22) o ator Lucio Mauro Filho e o músico Celso Fonseca. Os dois estão em cartaz em São Paulo com o espetáculo "Desinventando a Bossa". Na performance teatral e musical, o ator provoca o músico em cena, criando um ambiente de ensaio onde o público é parte do processo de criação. A dupla mostra ainda que tudo pode virar bossa. O repertório inclui desde clássicos de Tom Jobim, como "Vivo Sonhando", a sucessos pop, entre eles músicas de Roberto Carlos e da extinta dupla Sandy e Júnior. "Tudo pode ser bossa nova", diz Fonseca. O músico também diz que há uma áurea em torno do estilo musical, que o torna elitizado e intocável. "Por isso é 'Desinventando a Bossa'. Para mostrarmos que qualquer som pode ter aquele balanço". Lucio Mauro Filho afirma que ainda há espaço para novas canções e brincadeiras. "Fizemos uma homenagem para David Bowie e sempre estamos antenados com os acontecimentos políticos para incluir uma coisa ou outra".
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Em peça, Lucio Mauro Filho e Celso Fonseca desmistificam a bossa novaA "TV Folha" recebeu nesta sexta-feira (22) o ator Lucio Mauro Filho e o músico Celso Fonseca. Os dois estão em cartaz em São Paulo com o espetáculo "Desinventando a Bossa". Na performance teatral e musical, o ator provoca o músico em cena, criando um ambiente de ensaio onde o público é parte do processo de criação. A dupla mostra ainda que tudo pode virar bossa. O repertório inclui desde clássicos de Tom Jobim, como "Vivo Sonhando", a sucessos pop, entre eles músicas de Roberto Carlos e da extinta dupla Sandy e Júnior. "Tudo pode ser bossa nova", diz Fonseca. O músico também diz que há uma áurea em torno do estilo musical, que o torna elitizado e intocável. "Por isso é 'Desinventando a Bossa'. Para mostrarmos que qualquer som pode ter aquele balanço". Lucio Mauro Filho afirma que ainda há espaço para novas canções e brincadeiras. "Fizemos uma homenagem para David Bowie e sempre estamos antenados com os acontecimentos políticos para incluir uma coisa ou outra".
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Presidente Trump não pode usar seu helicóptero pessoal
O presidente Donald Trump não pode usar seu helicóptero pessoal para se locomover enquanto estiver no cargo. Mas isso não o impediu de deixar o helicóptero "estacionado" no gramado de seu resort em Mar-a-Lago, durante o final de semana. O helicóptero, da marca Trump, ficou em exibição no novo heliponto de sábado até domingo, até decolar sem seu dono, segundo o Palm Beach Daily News. Enquanto estão no cargo, presidentes americanos só podem voar no Air Force One, um avião Boeing 747 modificado para o uso do presidente, ou no Marine One, o helicóptero exclusivo da presidência. Trata-se do padrão exigido pelo Serviço Secreto há décadas. Segundo o serviço secreto informou à agência AP, Trump não voa em seu helicóptero desde a posse. O presidente americano chegou em Mar-a-Lago no sábado em uma comitiva com batedores, depois de uma partida de golfe em seu clube em West Palm Beach. O helicóptero estacionado em Mar-a-Lago é um Sikorsky S-76 branco e azul, com o nome Trump escrito em letras vermelhas, junto com o selo de sua família. O presidente tem dois desses helicópteros. Autoridades de Palm Beach disseram estar surpresas com a presença do helicóptero em Mar-a-Lago, uma vez que o heliponto foi construído especialmente para o Marine One.
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Presidente Trump não pode usar seu helicóptero pessoalO presidente Donald Trump não pode usar seu helicóptero pessoal para se locomover enquanto estiver no cargo. Mas isso não o impediu de deixar o helicóptero "estacionado" no gramado de seu resort em Mar-a-Lago, durante o final de semana. O helicóptero, da marca Trump, ficou em exibição no novo heliponto de sábado até domingo, até decolar sem seu dono, segundo o Palm Beach Daily News. Enquanto estão no cargo, presidentes americanos só podem voar no Air Force One, um avião Boeing 747 modificado para o uso do presidente, ou no Marine One, o helicóptero exclusivo da presidência. Trata-se do padrão exigido pelo Serviço Secreto há décadas. Segundo o serviço secreto informou à agência AP, Trump não voa em seu helicóptero desde a posse. O presidente americano chegou em Mar-a-Lago no sábado em uma comitiva com batedores, depois de uma partida de golfe em seu clube em West Palm Beach. O helicóptero estacionado em Mar-a-Lago é um Sikorsky S-76 branco e azul, com o nome Trump escrito em letras vermelhas, junto com o selo de sua família. O presidente tem dois desses helicópteros. Autoridades de Palm Beach disseram estar surpresas com a presença do helicóptero em Mar-a-Lago, uma vez que o heliponto foi construído especialmente para o Marine One.
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Chegada de refugiados à Alemanha ouriça a nova direita intelectual
Não são apenas eleitores revoltados que estão dando o cartão vermelho à chanceler Angela Merkel e à sua política para refugiados. As críticas também vêm de alguns proeminentes da intelectualidade alemã, que não têm escrúpulos de chamar de "invasão" a massa de estrangeiros que entrou recentemente no país. O primeiro a se manifestar foi o filósofo e biógrafo Rüdiger Safranski ("Nietzsche: Biografia de uma Tragédia"), que, já em setembro passado, no auge da crise, declarara: "A política decidiu inundar a Alemanha. Se a chanceler diz que o país se transformará, quero ser consultado a respeito". Poucas semanas depois, o escritor Botho Strauss publicou na revista "Der Spiegel" um ensaio chamado "O Último Alemão". Ali, viu o germanismo ameaçado e disparou: "Prefiro viver num povo em extinção do que num povo que é, por especulações econômico-demográficas, misturado com outros estranhos, rejuvenescido e vital". Agora é a vez do filósofo Peter Sloterdijk ("Crítica da Razão Cínica"), que desde janeiro vem fazendo, numa série de artigos e entrevistas, um louvor às fronteiras. Para ele, a Alemanha vem renunciando à sua soberania e se deixando "esmagar". "Não existe a obrigação moral de autodestruição", afirmou. O semanário "Die Zeit" alerta para a "nova direita" intelectual, que estaria pintando um "quadro do apocalipse" e criando um clima de pânico no país. Para a "Spiegel", algumas expressões usadas lembram as dos grupos xenófobos, aqui cada vez mais populares. SEM TABUS O governo alemão vem sendo pressionado a aperfeiçoar os cursos de integração para refugiados. Educadores reivindicam, por exemplo, a inclusão do tema sexualidade nos chamados "cursos de orientação", nos quais se discutem valores como liberdade, igualdade e tolerância. Eles alegam que o tema é tabu dentro das famílias muçulmanas, o que dificulta o contato entre estrangeiros e alemãs. Várias iniciativas já estão sendo realizadas, desde que, na noite do último Réveillon, centenas de alemãs foram sexualmente molestadas ou mesmo atacadas em várias cidades, sobretudo em Colônia. Em meados de março, uma conferência internacional contra o antissemitismo, em Berlim, também exigiu que os cursos dedicassem mais tempo aos temas Holocausto e Israel. Representantes da comunidade judaica veem com preocupação os registros de manifestações antissemitas entre os refugiados, cuja maioria é muçulmana. QUASE ESQUECIDO Um dos primeiros livros de Siegfried Lenz, morto em 2014, acaba de ser lançado na Alemanha e já lidera a lista dos mais vendidos. "Der Überläufer" (o desertor) foi escrito em 1951, mas, na época, os editores recusaram-se a publicá-lo por questões políticas: ele seria pacifista demais para aqueles tempos, primórdios da Guerra Fria. A história se passa no último verão da Segunda Guerra, quando o jovem soldado alemão Walter Proska se bandeia para o Exército russo, tentando escapar de guerrilheiros no fronte oriental. Também aqui destacam-se alguns temas predominantes na obra de Lenz, como consciência do dever e culpa. Autor de "Deutschstunde" (aula de alemão) e "Minuto de Silêncio" (este publicado no Brasil, pela editora Rocco), Lenz foi, ao lado de Günter Grass e Heinrich Böll, um dos maiores escritores alemães do pós-Guerra. MINHA LUTA Depois de passar 70 anos proibido, "Mein Kampf" (minha luta) voltou a se tornar um best-seller na Alemanha. Agora, porém, não se trata do mero texto difamatório escrito por Adolf Hitler –e que vendeu milhões de exemplares durante o nazismo–, mas de sua edição comentada, recém-lançada pelo Instituto de História Contemporânea, de Munique. Com 2.000 páginas e 3.700 notas de rodapé que rebatem as ideias do ditador, a edição crítica vendeu desde janeiro passado –quando o texto foi definitivamente liberado na Alemanha– 24 mil exemplares e já se encontra na terceira edição. As vendas acontecem sobretudo por encomenda, já que a maior parte das livrarias alemãs, por respeito às vítimas do Holocausto, se recusa a destacar "Mein Kampf" em suas estantes. Questionados em diversos levantamentos sobre os motivos da compra, os leitores afirmam se interessar por história e política. Não há indícios, segundo livreiros, de que neonazistas tenham se precipitado sobre a obra. SILVIA BITTENCOURT, 50, é jornalista, autora de "Folha Explica o Euro" (Publifolha).
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Chegada de refugiados à Alemanha ouriça a nova direita intelectualNão são apenas eleitores revoltados que estão dando o cartão vermelho à chanceler Angela Merkel e à sua política para refugiados. As críticas também vêm de alguns proeminentes da intelectualidade alemã, que não têm escrúpulos de chamar de "invasão" a massa de estrangeiros que entrou recentemente no país. O primeiro a se manifestar foi o filósofo e biógrafo Rüdiger Safranski ("Nietzsche: Biografia de uma Tragédia"), que, já em setembro passado, no auge da crise, declarara: "A política decidiu inundar a Alemanha. Se a chanceler diz que o país se transformará, quero ser consultado a respeito". Poucas semanas depois, o escritor Botho Strauss publicou na revista "Der Spiegel" um ensaio chamado "O Último Alemão". Ali, viu o germanismo ameaçado e disparou: "Prefiro viver num povo em extinção do que num povo que é, por especulações econômico-demográficas, misturado com outros estranhos, rejuvenescido e vital". Agora é a vez do filósofo Peter Sloterdijk ("Crítica da Razão Cínica"), que desde janeiro vem fazendo, numa série de artigos e entrevistas, um louvor às fronteiras. Para ele, a Alemanha vem renunciando à sua soberania e se deixando "esmagar". "Não existe a obrigação moral de autodestruição", afirmou. O semanário "Die Zeit" alerta para a "nova direita" intelectual, que estaria pintando um "quadro do apocalipse" e criando um clima de pânico no país. Para a "Spiegel", algumas expressões usadas lembram as dos grupos xenófobos, aqui cada vez mais populares. SEM TABUS O governo alemão vem sendo pressionado a aperfeiçoar os cursos de integração para refugiados. Educadores reivindicam, por exemplo, a inclusão do tema sexualidade nos chamados "cursos de orientação", nos quais se discutem valores como liberdade, igualdade e tolerância. Eles alegam que o tema é tabu dentro das famílias muçulmanas, o que dificulta o contato entre estrangeiros e alemãs. Várias iniciativas já estão sendo realizadas, desde que, na noite do último Réveillon, centenas de alemãs foram sexualmente molestadas ou mesmo atacadas em várias cidades, sobretudo em Colônia. Em meados de março, uma conferência internacional contra o antissemitismo, em Berlim, também exigiu que os cursos dedicassem mais tempo aos temas Holocausto e Israel. Representantes da comunidade judaica veem com preocupação os registros de manifestações antissemitas entre os refugiados, cuja maioria é muçulmana. QUASE ESQUECIDO Um dos primeiros livros de Siegfried Lenz, morto em 2014, acaba de ser lançado na Alemanha e já lidera a lista dos mais vendidos. "Der Überläufer" (o desertor) foi escrito em 1951, mas, na época, os editores recusaram-se a publicá-lo por questões políticas: ele seria pacifista demais para aqueles tempos, primórdios da Guerra Fria. A história se passa no último verão da Segunda Guerra, quando o jovem soldado alemão Walter Proska se bandeia para o Exército russo, tentando escapar de guerrilheiros no fronte oriental. Também aqui destacam-se alguns temas predominantes na obra de Lenz, como consciência do dever e culpa. Autor de "Deutschstunde" (aula de alemão) e "Minuto de Silêncio" (este publicado no Brasil, pela editora Rocco), Lenz foi, ao lado de Günter Grass e Heinrich Böll, um dos maiores escritores alemães do pós-Guerra. MINHA LUTA Depois de passar 70 anos proibido, "Mein Kampf" (minha luta) voltou a se tornar um best-seller na Alemanha. Agora, porém, não se trata do mero texto difamatório escrito por Adolf Hitler –e que vendeu milhões de exemplares durante o nazismo–, mas de sua edição comentada, recém-lançada pelo Instituto de História Contemporânea, de Munique. Com 2.000 páginas e 3.700 notas de rodapé que rebatem as ideias do ditador, a edição crítica vendeu desde janeiro passado –quando o texto foi definitivamente liberado na Alemanha– 24 mil exemplares e já se encontra na terceira edição. As vendas acontecem sobretudo por encomenda, já que a maior parte das livrarias alemãs, por respeito às vítimas do Holocausto, se recusa a destacar "Mein Kampf" em suas estantes. Questionados em diversos levantamentos sobre os motivos da compra, os leitores afirmam se interessar por história e política. Não há indícios, segundo livreiros, de que neonazistas tenham se precipitado sobre a obra. SILVIA BITTENCOURT, 50, é jornalista, autora de "Folha Explica o Euro" (Publifolha).
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Leitores comentam reportagem sobre a derrocada de Eike Batista
Ao ler a reportagem Derrocada de Eike Batista provocou prejuízo de R$ 7,9 bilhões a bancos, quis ficar com pena dos bancos. Só que me lembrei que a legislação brasileira é amplamente favorável a eles, que lançarão esses prejuízos em balanços e descontarão do Imposto de Renda a pagar. O calote será repassado para a sociedade. CLOVIS DEITOS (Campinas, SP) * No total, o rombo causado por Eike chega a R$29,2 bilhões. E alguém do governo, que também nunca sabe de nada, nos brindou com esta pérola num passado recente: "Precisamos de mais empresários do porte de um Eike". Cômico e trágico. CARLOS ALBERTO BELLOZI (Belo Horizonte, MG) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Leitores comentam reportagem sobre a derrocada de Eike BatistaAo ler a reportagem Derrocada de Eike Batista provocou prejuízo de R$ 7,9 bilhões a bancos, quis ficar com pena dos bancos. Só que me lembrei que a legislação brasileira é amplamente favorável a eles, que lançarão esses prejuízos em balanços e descontarão do Imposto de Renda a pagar. O calote será repassado para a sociedade. CLOVIS DEITOS (Campinas, SP) * No total, o rombo causado por Eike chega a R$29,2 bilhões. E alguém do governo, que também nunca sabe de nada, nos brindou com esta pérola num passado recente: "Precisamos de mais empresários do porte de um Eike". Cômico e trágico. CARLOS ALBERTO BELLOZI (Belo Horizonte, MG) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Governo prepara mudanças no programa de alfabetização infantil
Sob crítica de gestores e sem diagnóstico preciso de seus resultados, o programa federal com foco na educação infantil passará por mudanças. O chamado Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi lançado no final de 2012 em "caráter de urgência", segundo afirmou a presidente Dilma Rousseff diante das estatísticas da época. Naquele ano, de acordo com dados do MEC (Ministério da Educação), 15,2% das crianças do país não estavam alfabetizadas aos oito anos. A iniciativa tinha como objetivo capacitar os docentes do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, distribuir material didático para os alfabetizadores e aplicar uma avaliação nacional para medir o aprendizado das crianças. Todos os Estados e o Distrito Federal aderiram ao programa. Em três anos, a iniciativa já gerou desembolsos da ordem de R$ 2 bilhões. Secretários de educação, entretanto, fazem ressalvas ao pacto. Expõem dificuldade em conciliar o material didático com programas locais de alfabetização e reclamam de calendário conflitante com o das próprias aulas. A formação dos alfabetizadores é feita por universidades federais. Um grupo de orientadores repassa o conteúdo para os chamados formadores, que fazem contato com os alfabetizadores. O MEC afirma que estuda alterações no pacto para "conceder mais espaço aos entes federados". A ideia é que Estados e municípios possam indicar para as universidades federais "suas prioridades e modelos de formação". "Estamos realizando uma consultoria que avaliará o desenho institucional e a formação do PNAIC [Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa], cujos resultados serão centrais para a realização dos ajustes necessários", disse a pasta em nota. O MEC afirma que, a partir disso, será possível uma avaliação "mais sistemática e rigorosa" do programa. AVALIAÇÃO Para medir o impacto do programa sobre o aprendizado, o governo passou a realizar, a partir de 2013, a ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), cujo resultado indicou um cenário alarmante. Naquele ano, o exame mostrou que o nível de leitura das crianças de oito anos era baixo em 22 Estados. Em matemática, o cenário foi semelhante. A prova foi novamente aplicada em 2014, e, segundo a Folha apurou, os avanços foram limitados. A divulgação deve ocorrer nesta semana. A pasta pondera que o resultado da ANA de 2013 –exame aplicado seis meses depois do início do programa nacional– serviu como um "diagnóstico inicial" para os professores. "O MEC aguarda os resultados da ANA 2014 para planejar ações formativas", diz. Além dos problemas com o formato do pacto, o programa foi afetado pela redução de recursos do MEC, e a capacitação dos professores começou apenas no segundo semestre. Se em 2014 o repasse para pagamento de bolsas e material didático chegou a um total de R$ 849,6 milhões, neste ano o volume é 48,6% menor (R$ 436 milhões). CRÍTICAS "Não podemos ter um projeto [elaborado] em Brasília que não considera as experiências dos Estados. Já temos um caminho andado", afirma Osvaldo Barreto, secretário de Educação da Bahia. Para os gestores, a cadeia formada para capacitar os professores acaba por diluir os resultados em sala. "A gente sabe que o momento é difícil. Se no âmbito federal há dificuldade para se manter um programa desse porte, imagina a dificuldade dos municípios", pondera Alessio Lima, presidente da Undime (entidade que reúne secretários municipais de educação).
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Governo prepara mudanças no programa de alfabetização infantilSob crítica de gestores e sem diagnóstico preciso de seus resultados, o programa federal com foco na educação infantil passará por mudanças. O chamado Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi lançado no final de 2012 em "caráter de urgência", segundo afirmou a presidente Dilma Rousseff diante das estatísticas da época. Naquele ano, de acordo com dados do MEC (Ministério da Educação), 15,2% das crianças do país não estavam alfabetizadas aos oito anos. A iniciativa tinha como objetivo capacitar os docentes do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, distribuir material didático para os alfabetizadores e aplicar uma avaliação nacional para medir o aprendizado das crianças. Todos os Estados e o Distrito Federal aderiram ao programa. Em três anos, a iniciativa já gerou desembolsos da ordem de R$ 2 bilhões. Secretários de educação, entretanto, fazem ressalvas ao pacto. Expõem dificuldade em conciliar o material didático com programas locais de alfabetização e reclamam de calendário conflitante com o das próprias aulas. A formação dos alfabetizadores é feita por universidades federais. Um grupo de orientadores repassa o conteúdo para os chamados formadores, que fazem contato com os alfabetizadores. O MEC afirma que estuda alterações no pacto para "conceder mais espaço aos entes federados". A ideia é que Estados e municípios possam indicar para as universidades federais "suas prioridades e modelos de formação". "Estamos realizando uma consultoria que avaliará o desenho institucional e a formação do PNAIC [Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa], cujos resultados serão centrais para a realização dos ajustes necessários", disse a pasta em nota. O MEC afirma que, a partir disso, será possível uma avaliação "mais sistemática e rigorosa" do programa. AVALIAÇÃO Para medir o impacto do programa sobre o aprendizado, o governo passou a realizar, a partir de 2013, a ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), cujo resultado indicou um cenário alarmante. Naquele ano, o exame mostrou que o nível de leitura das crianças de oito anos era baixo em 22 Estados. Em matemática, o cenário foi semelhante. A prova foi novamente aplicada em 2014, e, segundo a Folha apurou, os avanços foram limitados. A divulgação deve ocorrer nesta semana. A pasta pondera que o resultado da ANA de 2013 –exame aplicado seis meses depois do início do programa nacional– serviu como um "diagnóstico inicial" para os professores. "O MEC aguarda os resultados da ANA 2014 para planejar ações formativas", diz. Além dos problemas com o formato do pacto, o programa foi afetado pela redução de recursos do MEC, e a capacitação dos professores começou apenas no segundo semestre. Se em 2014 o repasse para pagamento de bolsas e material didático chegou a um total de R$ 849,6 milhões, neste ano o volume é 48,6% menor (R$ 436 milhões). CRÍTICAS "Não podemos ter um projeto [elaborado] em Brasília que não considera as experiências dos Estados. Já temos um caminho andado", afirma Osvaldo Barreto, secretário de Educação da Bahia. Para os gestores, a cadeia formada para capacitar os professores acaba por diluir os resultados em sala. "A gente sabe que o momento é difícil. Se no âmbito federal há dificuldade para se manter um programa desse porte, imagina a dificuldade dos municípios", pondera Alessio Lima, presidente da Undime (entidade que reúne secretários municipais de educação).
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Saúde responde: Dormência na perna pode indicar problema circulatório?
Tenho frequentes dormências nas pernas. Acontece bastante no cinema, por exemplo, mas também no trabalho e até em voos. Recentemente, após um desses formigamentos, cheguei a desmaiar. É possível que eu tenha algum problema circulatório, mesmo sendo jovem? F.M. - São Paulo - SP Os médicos Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do Hospital do Coração (HCor) e Renato Anghinah, coordenador do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano de SP concordam que a sensação de dormência pode estar relacionada tanto a problemas circulatórios quanto a neuropatias –anomalias gerais do sistema nervoso. Cury alerta que podem também estar relacionados a tensão e ao estresse. Os dois especialistas recomendam uma investigação mais profunda do caso, com avaliação de um cirurgião vascular e de um neurologista. * ENVIE SUA DÚVIDA A cada semana, nas edições de sábado do jornal impresso, a editoria de Saúde da Folha responde a uma pergunta dos leitores sobre saúde. É dada preferência a questões mais gerais sobre doenças, cuidados com a saúde e hábitos saudáveis. Mande sua dúvida para o e-mail [email protected], informando nome completo e cidade. Por carta, escreva para Editoria de Saúde, al. Barão de Limeira, 425, 4º. andar, CEP 01202-900, São Paulo-SP.
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Saúde responde: Dormência na perna pode indicar problema circulatório?Tenho frequentes dormências nas pernas. Acontece bastante no cinema, por exemplo, mas também no trabalho e até em voos. Recentemente, após um desses formigamentos, cheguei a desmaiar. É possível que eu tenha algum problema circulatório, mesmo sendo jovem? F.M. - São Paulo - SP Os médicos Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do Hospital do Coração (HCor) e Renato Anghinah, coordenador do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano de SP concordam que a sensação de dormência pode estar relacionada tanto a problemas circulatórios quanto a neuropatias –anomalias gerais do sistema nervoso. Cury alerta que podem também estar relacionados a tensão e ao estresse. Os dois especialistas recomendam uma investigação mais profunda do caso, com avaliação de um cirurgião vascular e de um neurologista. * ENVIE SUA DÚVIDA A cada semana, nas edições de sábado do jornal impresso, a editoria de Saúde da Folha responde a uma pergunta dos leitores sobre saúde. É dada preferência a questões mais gerais sobre doenças, cuidados com a saúde e hábitos saudáveis. Mande sua dúvida para o e-mail [email protected], informando nome completo e cidade. Por carta, escreva para Editoria de Saúde, al. Barão de Limeira, 425, 4º. andar, CEP 01202-900, São Paulo-SP.
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Conheça os 15 vencedores do 5º Concurso de Ilustração da Folha
Ao longo de pouco mais de três semanas, período em que as inscrições ficaram abertas, o 5º Concurso de Ilustração da Folha recebeu trabalhos de 803 artistas. Foram escolhidos três finalistas em cinco categorias: charge (desenho no qual o artista faz um comentário opinativo), cartum (uma piada atemporal ou observação gráfica, sem fronteiras geográficas), ilustração (na qual o traço e a forma são as grandes estrelas), caricatura (em que se deve reconhecer o personagem retratado) e tirinha (história geralmente em três quadrinhos). Havia uma sexta categoria no concurso, a charge econômica, mas os trabalhos enviados foram poucos, e o júri optou por não escolher classificados nem premiar. O júri também não apontou um grande vencedor, que, segundo o regulamento, se tornaria colaborador da Folha por três meses. Assim, todos os 15 finalistas estampados nestas páginas vão colaborar pelo menos uma vez com o jornal nesse período. O júri foi formado por Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, Thea Severino, editora de Imagem, Marcos Augusto Gonçalves, editor da "Ilustríssima", Ivan Finotti, editor de Cultura, e João Montanaro, chargista do jornal. DE 7 A 86 ANOS Os artistas participantes do concurso são de 212 municípios brasileiros, sendo a maioria de São Paulo —a cidade contou com 247 inscritos, seguida pelo Rio, com 55. Se a charge econômica foi a categoria menos visada, com a ilustração ocorreu o oposto. Cerca de um terço dos desenhos foi enviado para essa divisão. A maior parte dos inscritos (346 deles) tem entre 20 e 30 anos. O mais jovem a se inscrever tem 7 anos, e o mais velho, 86.
ilustrada
Conheça os 15 vencedores do 5º Concurso de Ilustração da FolhaAo longo de pouco mais de três semanas, período em que as inscrições ficaram abertas, o 5º Concurso de Ilustração da Folha recebeu trabalhos de 803 artistas. Foram escolhidos três finalistas em cinco categorias: charge (desenho no qual o artista faz um comentário opinativo), cartum (uma piada atemporal ou observação gráfica, sem fronteiras geográficas), ilustração (na qual o traço e a forma são as grandes estrelas), caricatura (em que se deve reconhecer o personagem retratado) e tirinha (história geralmente em três quadrinhos). Havia uma sexta categoria no concurso, a charge econômica, mas os trabalhos enviados foram poucos, e o júri optou por não escolher classificados nem premiar. O júri também não apontou um grande vencedor, que, segundo o regulamento, se tornaria colaborador da Folha por três meses. Assim, todos os 15 finalistas estampados nestas páginas vão colaborar pelo menos uma vez com o jornal nesse período. O júri foi formado por Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, Thea Severino, editora de Imagem, Marcos Augusto Gonçalves, editor da "Ilustríssima", Ivan Finotti, editor de Cultura, e João Montanaro, chargista do jornal. DE 7 A 86 ANOS Os artistas participantes do concurso são de 212 municípios brasileiros, sendo a maioria de São Paulo —a cidade contou com 247 inscritos, seguida pelo Rio, com 55. Se a charge econômica foi a categoria menos visada, com a ilustração ocorreu o oposto. Cerca de um terço dos desenhos foi enviado para essa divisão. A maior parte dos inscritos (346 deles) tem entre 20 e 30 anos. O mais jovem a se inscrever tem 7 anos, e o mais velho, 86.
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A bela trajetória de um diplomata
Luiz Felipe Lampreia, que nos deixou na terça (2), foi um diplomata de grande qualidade. Com seu talento e suas virtudes, teve destacada atuação na condução da política externa do país. Foi o primeiro chanceler do presidente Fernando Henrique Cardoso e, nesta condição, soube operar diplomaticamente, com competência e determinação, a visão do presidente sobre desafios e oportunidades da inserção internacional brasileira no globalizado mundo pós-Guerra Fria. Antes, destacara-se como embaixador em Genebra, tendo tido papel de relevo no fecho das negociações multilaterais que levaram à criação da OMC (Organização Mundial do Comércio). Integrava notável geração de diplomatas, altamente representativa dos grandes quadros do país. Lampreia tinha muita clareza sobre a relevância da política externa para o desenvolvimento. Daí o significado que sempre atribuiu à diplomacia econômica. Cada um de nós tem a estratégia própria de sua personalidade. Lampreia era uma forte e afirmativa personalidade, com gosto pela vida. Características de seu modo de ser e do seu agir de diplomata foram marcantes: a nitidez na definição dos propósitos, a segurança no encaminhamento das questões, a inteligência na delegação de tarefas e responsabilidades, a capacidade de hierarquizar os assuntos e de focar no relevante, sem perder-se em minúcias. Quem não teve a oportunidade de com ele conviver pode apreciar suas qualidades pela leitura do livro "Diplomacia Brasileira - Palavras, Contextos e Razões" (1999), no qual Lampreia comenta as posições brasileiras nas límpidas e personalíssimas notas que contextualizam seus discursos e artigos. Os textos comentam as formas de projetar o Brasil no plano internacional, discutem o quadro das nossas principais relações bilaterais na região e no mundo, examinam os assuntos econômicos e comerciais de grande transcendência para o Brasil, analisam os temas da pauta política multilateral e da segurança internacional. O livro sintetiza, enfim, como Lampreia cumpriu de maneira superior não só o ofício de orientar e definir mas também o de explicar para a sociedade a política externa, parte integrante da tarefa de um chanceler num país democrático. Em 2010, publicou "O Brasil e os Ventos do Mundo", livro de memórias em que faz uma estruturada narrativa reflexiva sobre a política externa brasileira, na perspectiva organizadora de quem dela participou em todos os estágios da carreira diplomática. Nas cinco décadas retratadas, os ventos sopraram em vários caminhos, mas o livro indica que Lampreia não perdeu o sentido de direção, pois, em consonância com seu modo de ser, não confundiu o que é acidental com o que é de fato importante para o país. Dizia o padre Antônio Vieira: "perdem-se as repúblicas porque os seus olhos veem o que não é, e não veem o que é". Lampreia sabia ver o que é e não se atrapalhava, como tantos, com as ilusões e fumaças do que não é. Por isso, foi na condução do Itamaraty, com o repertório de seu conhecimento e de sua experiência, um eminente membro da equipe de governo da esclarecida e lúcida Presidência FHC. Como seu amigo de longa data, parceiro de muitas jornadas, seu sucessor em Genebra e no Itamaraty, evoco com saudade, afeto e admiração a sua pessoa e a sua bela trajetória de serviços prestados ao país e à diplomacia brasileira. CELSO LAFER, 74, é professor emérito do Instituto de Relações Internacionais da USP. Foi ministro das Relações Exteriores em 1992 (governo Collor) e entre 2001 e 2002 (FHC), além de embaixador-chefe da missão do Brasil em Genebra (1995-1998) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
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A bela trajetória de um diplomataLuiz Felipe Lampreia, que nos deixou na terça (2), foi um diplomata de grande qualidade. Com seu talento e suas virtudes, teve destacada atuação na condução da política externa do país. Foi o primeiro chanceler do presidente Fernando Henrique Cardoso e, nesta condição, soube operar diplomaticamente, com competência e determinação, a visão do presidente sobre desafios e oportunidades da inserção internacional brasileira no globalizado mundo pós-Guerra Fria. Antes, destacara-se como embaixador em Genebra, tendo tido papel de relevo no fecho das negociações multilaterais que levaram à criação da OMC (Organização Mundial do Comércio). Integrava notável geração de diplomatas, altamente representativa dos grandes quadros do país. Lampreia tinha muita clareza sobre a relevância da política externa para o desenvolvimento. Daí o significado que sempre atribuiu à diplomacia econômica. Cada um de nós tem a estratégia própria de sua personalidade. Lampreia era uma forte e afirmativa personalidade, com gosto pela vida. Características de seu modo de ser e do seu agir de diplomata foram marcantes: a nitidez na definição dos propósitos, a segurança no encaminhamento das questões, a inteligência na delegação de tarefas e responsabilidades, a capacidade de hierarquizar os assuntos e de focar no relevante, sem perder-se em minúcias. Quem não teve a oportunidade de com ele conviver pode apreciar suas qualidades pela leitura do livro "Diplomacia Brasileira - Palavras, Contextos e Razões" (1999), no qual Lampreia comenta as posições brasileiras nas límpidas e personalíssimas notas que contextualizam seus discursos e artigos. Os textos comentam as formas de projetar o Brasil no plano internacional, discutem o quadro das nossas principais relações bilaterais na região e no mundo, examinam os assuntos econômicos e comerciais de grande transcendência para o Brasil, analisam os temas da pauta política multilateral e da segurança internacional. O livro sintetiza, enfim, como Lampreia cumpriu de maneira superior não só o ofício de orientar e definir mas também o de explicar para a sociedade a política externa, parte integrante da tarefa de um chanceler num país democrático. Em 2010, publicou "O Brasil e os Ventos do Mundo", livro de memórias em que faz uma estruturada narrativa reflexiva sobre a política externa brasileira, na perspectiva organizadora de quem dela participou em todos os estágios da carreira diplomática. Nas cinco décadas retratadas, os ventos sopraram em vários caminhos, mas o livro indica que Lampreia não perdeu o sentido de direção, pois, em consonância com seu modo de ser, não confundiu o que é acidental com o que é de fato importante para o país. Dizia o padre Antônio Vieira: "perdem-se as repúblicas porque os seus olhos veem o que não é, e não veem o que é". Lampreia sabia ver o que é e não se atrapalhava, como tantos, com as ilusões e fumaças do que não é. Por isso, foi na condução do Itamaraty, com o repertório de seu conhecimento e de sua experiência, um eminente membro da equipe de governo da esclarecida e lúcida Presidência FHC. Como seu amigo de longa data, parceiro de muitas jornadas, seu sucessor em Genebra e no Itamaraty, evoco com saudade, afeto e admiração a sua pessoa e a sua bela trajetória de serviços prestados ao país e à diplomacia brasileira. CELSO LAFER, 74, é professor emérito do Instituto de Relações Internacionais da USP. Foi ministro das Relações Exteriores em 1992 (governo Collor) e entre 2001 e 2002 (FHC), além de embaixador-chefe da missão do Brasil em Genebra (1995-1998) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
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Abrale participa da SPFW com coleção para conscientizar sobre o câncer
A Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), entidade que apoia pacientes com câncer do sangue, participa da 44ª edição da São Paulo Fashion Week, que começou nesta segunda-feira (28) e vai até quinta (31) na Bienal, no parque Ibirapuera. O estande da Abrale no evento vai vender peças das marcas Adriana Degreas, Aleatory, Barreds, Maison Alexandrine e Uma, que criaram roupas baseadas no logo e na história da entidade. As peças também serão vendidas nas lojas das grifes, com 40% da renda revertida para a associação, que completa 15 anos em 2017. Artistas e personalidades como Isabela Fiorentino e Hortência passarão pelo espaço durante a SPFW para mostrar apoio à causa. "Somos a única organização de apoio a pacientes presente neste evento importante, que dita tendências. Agradecemos a parceria com as marcas, que abraçaram nossa causa e entenderam a relevância de nosso trabalho", afirma a presidente da Abrale, Merula Steagall, ganhadora do Prêmio Empreendedor Social em 2013. Também haverá no estande uma ação de corte de cabelos, com profissionais do salão 1838, para confecção de perucas para pacientes com câncer.
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Abrale participa da SPFW com coleção para conscientizar sobre o câncerA Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), entidade que apoia pacientes com câncer do sangue, participa da 44ª edição da São Paulo Fashion Week, que começou nesta segunda-feira (28) e vai até quinta (31) na Bienal, no parque Ibirapuera. O estande da Abrale no evento vai vender peças das marcas Adriana Degreas, Aleatory, Barreds, Maison Alexandrine e Uma, que criaram roupas baseadas no logo e na história da entidade. As peças também serão vendidas nas lojas das grifes, com 40% da renda revertida para a associação, que completa 15 anos em 2017. Artistas e personalidades como Isabela Fiorentino e Hortência passarão pelo espaço durante a SPFW para mostrar apoio à causa. "Somos a única organização de apoio a pacientes presente neste evento importante, que dita tendências. Agradecemos a parceria com as marcas, que abraçaram nossa causa e entenderam a relevância de nosso trabalho", afirma a presidente da Abrale, Merula Steagall, ganhadora do Prêmio Empreendedor Social em 2013. Também haverá no estande uma ação de corte de cabelos, com profissionais do salão 1838, para confecção de perucas para pacientes com câncer.
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Musical sobre Chico é interrompido em BH após comentário político
Uma apresentação da peça "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" em Belo Horizonte foi interrompida no sábado (19) após a plateia reagir a um comentário político do ator Claudio Botelho (codiretor da montagem, ao lado de Charles Möeller).O caso levou Chico Buarque a declarar que não autorizará Botelho a usar suas canções em trabalhos futuros.Segundo o relato de pessoas que estavam no teatro Sesc Palladium e do ator, o protesto foi motivado por um "caco" (improviso, no jargão teatral) na metade da peça, que retrata uma trupe teatral e transita entre canções dos quatro musicais criados por Chico. Leia a reportagem
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Musical sobre Chico é interrompido em BH após comentário políticoUma apresentação da peça "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" em Belo Horizonte foi interrompida no sábado (19) após a plateia reagir a um comentário político do ator Claudio Botelho (codiretor da montagem, ao lado de Charles Möeller).O caso levou Chico Buarque a declarar que não autorizará Botelho a usar suas canções em trabalhos futuros.Segundo o relato de pessoas que estavam no teatro Sesc Palladium e do ator, o protesto foi motivado por um "caco" (improviso, no jargão teatral) na metade da peça, que retrata uma trupe teatral e transita entre canções dos quatro musicais criados por Chico. Leia a reportagem
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Desigualdade no Brasil é maior do que se pensava, apontam novos estudos
RESUMO Novos trabalhos acadêmicos lançam dúvidas sobre alcance das transformações sociais durante os anos petistas. Dados recentes sugerem que a desigualdade no Brasil é ainda maior do que se imaginava. Diferenças metodológicas explicam os resultados divergentes dos estudos e apontam a necessidade de mais pesquisas. * Em março do ano passado, quando a Polícia Federal levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para depor sobre suas relações com empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, o delegado que o interrogou quis saber como eram definidos os temas das palestras que ele começou a fazer para as construtoras no exterior após deixar o poder. "No meu caso, e é isso que me dá orgulho, o que mais as pessoas queriam saber é qual foi o milagre que aconteceu no Brasil", disse o petista. "Porque as pessoas viram no mundo pela primeira vez o pessoal do degrau de baixo subir um degrau na vida e fortalecer aquilo que eu dizia. Pobre não é problema. Pobre é solução." Em seguida, o ex-presidente explicou as vantagens da transferência de recursos para os mais carentes. "Empresta um bilhão para um rico, ele vai abrir uma conta para fazer especulação", afirmou. "Empreste R$ 50 para um pobre que ele vai comprar pão, ele vai comprar um chinelo, ele vai comprar uma coisa que vai fazer o mercado funcionar no dia seguinte." Para Lula, a redução da pobreza e a queda da desigualdade foram as principais realizações de seu governo e formam a essência do seu legado. Elas são também uma explicação para o forte apoio popular que o líder petista ainda encontra no Nordeste, além de um escudo que ele usa para se defender das acusações que enfrenta na Justiça e garantir um lugar na eleição presidencial do próximo ano. Um número crescente de estudos acadêmicos, porém, tem lançado dúvidas sobre o alcance das transformações ocorridas no Brasil nos últimos anos. A onda revisionista ameaça enfraquecer o discurso eleitoral petista e abre caminho para rediscutir as estratégias adotadas até aqui para reduzir a pobreza e diminuir o fosso que separa ricos e pobres no país. A contribuição mais recente para esse debate é o trabalho publicado no início de setembro pelo irlandês Marc Morgan. Estudante de doutorado da Escola de Economia de Paris, ele tem como orientador o economista francês Thomas Piketty, autor de "O Capital no Século 21", vasto painel sobre a evolução da desigualdade no mundo que se tornou sucesso de vendas há três anos. NOVOS DADOS Em busca de um retrato mais completo da situação no Brasil do que o exibido por levantamentos tradicionais, Morgan construiu uma nova base de dados sobre a renda nacional, juntando informações de pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com outras extraídas pela Receita Federal das declarações do Imposto de Renda. Uma análise restrita aos dados colhidos pelo IBGE com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) –o levantamento mais abrangente disponível sobre as condições de vida dos brasileiros– mostra que a fatia da renda nacional apropriada pelos 10% mais ricos encolheu de 46% para 41% nos últimos anos, enquanto a dos 50% mais pobres cresceu de 14% para 18% e o pedaço da classe média passou de 40% para 41%. Mas os números de Morgan sugerem que a desigualdade no Brasil é muito maior do que se imaginava, com enorme concentração de renda no topo da pirâmide social. O grupo que representa os 10% mais ricos da população fica com mais da metade da renda nacional e viu sua fatia aumentar de 54% para 55% de 2001 a 2015, diz o estudo. Os dados de Morgan indicam que o pedaço da renda apropriado pelos 50% mais pobres também cresceu nos últimos anos, indo de 11% para 12% do total. Um grupo que representa 40% da população ficou espremido no meio e viu sua fatia da renda encolher de 34% para 32%, segundo seus cálculos. a Pnad - Mostra as parcelas da população possuem estas partes da riqueza total do país Novos estudos - Sugerem que a fatia dos mais ricos é muito maior, assim como a desigualdade no Brasil, que mudou pouco ao longo dos anos Morgan reconhece que a desigualdade no mercado de trabalho diminuiu. Mas não é possível extrair dos seus números conclusões seguras sobre a evolução do quadro geral, porque as variações relativas no período analisado foram pequenas e a renda aumentou nos dois extremos da distribuição. Mesmo assim, o contraste com o diagnóstico apresentado por estudos anteriores é enorme. "Perdemos a segurança que tínhamos para analisar o que está acontecendo com a distribuição da renda no Brasil", diz o economista Marcelo Medeiros, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e um dos primeiros a usar informações do Imposto de Renda para analisar a desigualdade no país. "Temos que lidar com um problema novo, a concentração extrema de capital no topo." A distância entre os números da Pnad e as conclusões de Morgan é explicada pelas diferenças metodológicas. Ao incorporar à sua base de dados informações da Receita e outras estatísticas do IBGE, o economista irlandês contabilizou rendas que pesquisas domiciliares como a Pnad não conseguem captar. Como resultado, a fatia dos grupos mais ricos da população ficou maior. CORREÇÃO DE FALHAS O discípulo de Piketty foi mais longe do que autores de outros estudos que adotaram metodologia semelhante. Medeiros e outro pesquisador do Ipea, Pedro Ferreira de Souza, publicaram nos últimos anos vários trabalhos com resultados na mesma direção. Em sua tese de doutorado, apresentada no ano passado ao Departamento de Sociologia da UnB (Universidade de Brasília), Souza calculou a fração da renda apropriada pelos brasileiros mais ricos desde 1926 e encontrou níveis de concentração semelhantes. O economista irlandês, no entanto, incorporou dados usados no cálculo do PIB (Produto Interno Bruto) e outros que não haviam sido considerados por levantamentos anteriores, num esforço para corrigir falhas que prejudicam estudos sobre renda e desigualdade exclusivamente baseados em pesquisas domiciliares. Se duas pessoas declaram a mesma renda aos entrevistadores do IBGE, não há diferença entre elas para a Pnad. Contudo, elas não podem ser tratadas como iguais se uma vive em casa própria e a outra paga aluguel para morar. A solução adotada por Morgan e outros pesquisadores é atribuir ao proprietário uma renda extra, equivalente ao valor da locação que ele não precisa desembolsar. Outras escolhas do economista são controversas, na avaliação de especialistas. Lucros retidos pelas empresas e não distribuídos a seus acionistas, por exemplo, foram tratados por Morgan como renda e somados aos rendimentos recebidos por essas pessoas de outras fontes, como salários, juros e aluguéis. Ocorre que muitos acionistas não têm controle sobre a distribuição dos lucros de suas empresas, especialmente em grandes corporações, e esse dinheiro em geral não fica disponível para que eles o usem quando quiserem. Morgan argumenta que o procedimento permite enxergar com mais clareza a distribuição dos recursos econômicos entre os vários grupos da sociedade. Segundo seus cálculos, os lucros retidos pelas empresas representam 6% da renda nacional e cresceram 231% de 2000 a 2015. No mesmo período, o total de salários pagos pelos empregadores cresceu 74%, e os lucros distribuídos aos acionistas das empresas na forma de dividendos aumentaram 18%, diz Morgan. LIMITAÇÕES Os motivos pelos quais pesquisas domiciliares como a Pnad são insuficientes para capturar a renda dos ricos são conhecidos pelos especialistas há muito tempo. Pesquisadores do IBGE dificilmente conseguem entrar nos condomínios em que os ricos moram. Os que são entrevistados em geral escondem informações, em vez de oferecer um retrato completo de suas finanças pessoais. Problemas desse tipo, porém, também ocorrem com os mais pobres. Muitos não se lembram de rendimentos eventuais como o abono de férias, o seguro desemprego e a ajuda de familiares. Trabalhadores sem registro em carteira nem sempre informam a renda com precisão. A produção que pequenos agricultores usam para consumo próprio não é contabilizada como renda pela Pnad, assim como a alimentação oferecida pelos patrões a empregados domésticos. "Boa parte da renda dos mais pobres é eventual e não aparece nas pesquisas", diz Sergio Firpo, professor do Insper. "Esse problema diminuiu com a formalização do mercado de trabalho nos últimos anos, mas pode estar voltando agora, porque a recessão empurrou muita gente de volta para a informalidade." Em 2007, num trabalho minucioso produzido pelo Ipea, os economistas Ricardo Paes de Barros, Samir Cury e Gabriel Ulyssea compararam dados da Pnad com outras estatísticas produzidas pelo IBGE e concluíram que o grau de subestimação da renda nas pesquisas do instituto é maior entre os 10% mais pobres do que nos grupos em que se concentram os mais ricos. As declarações do Imposto de Renda ajudam a preencher muitas lacunas, mas também apresentam problemas. Rodolfo Hoffmann, da USP (Universidade de São Paulo), observa que os rendimentos de aplicações financeiras informados pelos contribuintes incluem juros e correção monetária. Ou seja, parte do que é computado como renda é apenas reposição da inflação –uma "ilusão monetária", como ele diz. Isso não significa que as conclusões de Morgan, Medeiros e outros economistas que incorporaram os dados da Receita estejam erradas. Mesmo pesquisadores que veem com maior ceticismo os novos estudos reconhecem que eles oferecem contribuições relevantes. As ressalvas, contudo, indicam que é preciso analisar com cuidado os dados antes de tirar conclusões. No estudo para o Ipea em 2007, Paes de Barros e seus colegas fizeram vários testes para examinar o efeito que ajustes estatísticos teriam na medição da desigualdade. A conclusão foi que o impacto seria praticamente neutro, mesmo se várias rendas não declaradas por pobres e ricos fossem incorporadas aos cálculos. RICOS MUITO RICOS De todo modo, os novos estudos não só confirmam que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo –o que pesquisas anteriores já indicavam–, mas também mostram que o grau de concentração de renda no andar de cima é maior do que em nações mais desenvolvidas, nas quais o poder econômico das elites também suscita preocupação. Segundo os cálculos do discípulo de Piketty, o grupo correspondente ao estrato mais rico da população, representado por apenas 1% dos brasileiros, fica com 28% da renda nacional. Grupos equivalentes se apropriam de 20% da renda nos Estados Unidos e 11% na França. No Brasil, a renda média anual dos membros desse clube alcança valores equivalentes a R$ 1 milhão, diz Morgan. Na França, ela é inferior a R$ 925 mil. O trabalho do economista irlandês, no entanto, não ajuda a entender como os ricos ficaram tão ricos no Brasil. Seriam necessários novos estudos para saber se essa riqueza foi acumulada com heranças, aplicações financeiras ou investimentos nos setores mais dinâmicos da economia –para ficar em apenas três hipóteses– e qual a contribuição de cada um desses fatores. Não é tarefa simples. Um estudo recente que examinou a evolução da desigualdade no mercado de trabalho de 1995 a 2012 põe em xeque até algumas das explicações mais comuns para as melhorias observadas nos últimos anos, como o aumento da escolaridade da força de trabalho e a política de valorização do salário mínimo. Produzido a seis mãos pelos economistas Francisco Ferreira, do Banco Mundial, Sergio Firpo, do Insper, e Julián Messina, do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o estudo afirma que a contribuição da educação foi neutra. Com mais gente de nível médio e superior no mercado, a diferença salarial entre trabalhadores mais e menos qualificados de fato diminuiu. Mas o aumento dos níveis de escolaridade não foi homogêneo na força de trabalho, o que gerou efeito contrário, segundo eles. O trio também concluiu que o impacto do aumento do salário mínimo deveria ser reconsiderado. Seus cálculos sugerem que ele contribuiu para reduzir a desigualdade em anos mais recentes, quando a economia cresceu aceleradamente e a formalização do mercado de trabalho aumentou, mas não em períodos de baixo crescimento, quando muitas empresas teriam preferido contratar sem registro em carteira e pagar menos. Segundo o estudo, o fator que mais contribuiu para a queda da desigualdade da renda do trabalho nos últimos anos foi um fenômeno que os economistas identificaram ao analisar informações sobre idade e experiência dos trabalhadores ocupados. A experiência parece contar cada vez menos para a remuneração, o que tende a favorecer jovens recém-chegados ao mercado de trabalho, reduzindo a distância entre sua renda e a dos mais velhos. "É uma questão que ainda precisamos estudar melhor", diz Francisco Ferreira. "É possível que isso esteja relacionado com o envelhecimento da população e a capacidade da força de trabalho de se adaptar a mudanças tecnológicas." Também contribuíram para diminuir a desigualdade no mercado de trabalho nos últimos anos, segundo o estudo, reduções significativas observadas nas diferenças existentes nos rendimentos obtidos por homens e mulheres, brancos e negros, trabalhadores urbanos e rurais, com registro formal e sem carteira assinada. GOVERNOS Os novos estudos indicam que é um equívoco associar a evolução da desigualdade em determinado período a políticas do governo da época. "A qualidade da educação da maioria das pessoas que hoje estão no mercado de trabalho é resultado de políticas adotadas há várias décadas", observa Medeiros. "A maior parte dos investimentos nessa área foi feita por prefeitos e governadores, e não pelo governo federal." Ao destacar a concentração de riqueza no topo da escala social, os estudos propõem também novas questões. Alguns pesquisadores temem consequências políticas, como o risco de captura do governo pelos interesses dos mais ricos. Outros se preocupam com efeitos econômicos, como a redução dos incentivos que as pessoas têm para empreender e explorar oportunidades de negócio. Piketty e seus seguidores defendem mudanças que tornem os sistemas tributários dos países mais justos e eficientes, com aumento dos impostos cobrados sobre a renda e o patrimônio dos mais ricos. Outros especialistas, como o economista Ricardo Paes de Barros, temem que essa discussão tire o foco da necessidade de aperfeiçoar políticas sociais e os gastos públicos em geral. Souza, colega de Medeiros no Ipea, afirma: "É evidente que o combate à pobreza é importante, mas, se não queremos um país tão desigual, não tem como fazer isso sem tratar da concentração de renda no topo da sociedade". Num trabalho recente em que usou dados da Pnad de 2015, Rodolfo Hoffmann calculou que o nível de desigualdade da renda no Brasil cairia 23% se todos pagassem Imposto de Renda de acordo com as alíquotas em vigor, sem deduções, e todo o dinheiro arrecadado fosse transferido para os pobres. Em outro exercício, a queda seria de 27% se fosse criada uma alíquota de 40% de IR para rendas superiores a R$ 7.000 mensais. Discussões sobre impostos são árduas no mundo inteiro, mas ainda mais em países como o Brasil, onde a carga tributária representa mais de um terço do PIB e já é bastante elevada para padrões internacionais. "A obsessão com a extrema riqueza não pode nos deixar esquecer da pobreza, porque é isso que precisamos corrigir com as políticas públicas", diz Ferreira. "Talvez os recursos do governo aumentem se os ricos forem mais tributados, mas o problema será sempre como usar esse dinheiro." RICARDO BALTHAZAR, 48, é repórter especial da Folha.
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Desigualdade no Brasil é maior do que se pensava, apontam novos estudosRESUMO Novos trabalhos acadêmicos lançam dúvidas sobre alcance das transformações sociais durante os anos petistas. Dados recentes sugerem que a desigualdade no Brasil é ainda maior do que se imaginava. Diferenças metodológicas explicam os resultados divergentes dos estudos e apontam a necessidade de mais pesquisas. * Em março do ano passado, quando a Polícia Federal levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para depor sobre suas relações com empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, o delegado que o interrogou quis saber como eram definidos os temas das palestras que ele começou a fazer para as construtoras no exterior após deixar o poder. "No meu caso, e é isso que me dá orgulho, o que mais as pessoas queriam saber é qual foi o milagre que aconteceu no Brasil", disse o petista. "Porque as pessoas viram no mundo pela primeira vez o pessoal do degrau de baixo subir um degrau na vida e fortalecer aquilo que eu dizia. Pobre não é problema. Pobre é solução." Em seguida, o ex-presidente explicou as vantagens da transferência de recursos para os mais carentes. "Empresta um bilhão para um rico, ele vai abrir uma conta para fazer especulação", afirmou. "Empreste R$ 50 para um pobre que ele vai comprar pão, ele vai comprar um chinelo, ele vai comprar uma coisa que vai fazer o mercado funcionar no dia seguinte." Para Lula, a redução da pobreza e a queda da desigualdade foram as principais realizações de seu governo e formam a essência do seu legado. Elas são também uma explicação para o forte apoio popular que o líder petista ainda encontra no Nordeste, além de um escudo que ele usa para se defender das acusações que enfrenta na Justiça e garantir um lugar na eleição presidencial do próximo ano. Um número crescente de estudos acadêmicos, porém, tem lançado dúvidas sobre o alcance das transformações ocorridas no Brasil nos últimos anos. A onda revisionista ameaça enfraquecer o discurso eleitoral petista e abre caminho para rediscutir as estratégias adotadas até aqui para reduzir a pobreza e diminuir o fosso que separa ricos e pobres no país. A contribuição mais recente para esse debate é o trabalho publicado no início de setembro pelo irlandês Marc Morgan. Estudante de doutorado da Escola de Economia de Paris, ele tem como orientador o economista francês Thomas Piketty, autor de "O Capital no Século 21", vasto painel sobre a evolução da desigualdade no mundo que se tornou sucesso de vendas há três anos. NOVOS DADOS Em busca de um retrato mais completo da situação no Brasil do que o exibido por levantamentos tradicionais, Morgan construiu uma nova base de dados sobre a renda nacional, juntando informações de pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com outras extraídas pela Receita Federal das declarações do Imposto de Renda. Uma análise restrita aos dados colhidos pelo IBGE com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) –o levantamento mais abrangente disponível sobre as condições de vida dos brasileiros– mostra que a fatia da renda nacional apropriada pelos 10% mais ricos encolheu de 46% para 41% nos últimos anos, enquanto a dos 50% mais pobres cresceu de 14% para 18% e o pedaço da classe média passou de 40% para 41%. Mas os números de Morgan sugerem que a desigualdade no Brasil é muito maior do que se imaginava, com enorme concentração de renda no topo da pirâmide social. O grupo que representa os 10% mais ricos da população fica com mais da metade da renda nacional e viu sua fatia aumentar de 54% para 55% de 2001 a 2015, diz o estudo. Os dados de Morgan indicam que o pedaço da renda apropriado pelos 50% mais pobres também cresceu nos últimos anos, indo de 11% para 12% do total. Um grupo que representa 40% da população ficou espremido no meio e viu sua fatia da renda encolher de 34% para 32%, segundo seus cálculos. a Pnad - Mostra as parcelas da população possuem estas partes da riqueza total do país Novos estudos - Sugerem que a fatia dos mais ricos é muito maior, assim como a desigualdade no Brasil, que mudou pouco ao longo dos anos Morgan reconhece que a desigualdade no mercado de trabalho diminuiu. Mas não é possível extrair dos seus números conclusões seguras sobre a evolução do quadro geral, porque as variações relativas no período analisado foram pequenas e a renda aumentou nos dois extremos da distribuição. Mesmo assim, o contraste com o diagnóstico apresentado por estudos anteriores é enorme. "Perdemos a segurança que tínhamos para analisar o que está acontecendo com a distribuição da renda no Brasil", diz o economista Marcelo Medeiros, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e um dos primeiros a usar informações do Imposto de Renda para analisar a desigualdade no país. "Temos que lidar com um problema novo, a concentração extrema de capital no topo." A distância entre os números da Pnad e as conclusões de Morgan é explicada pelas diferenças metodológicas. Ao incorporar à sua base de dados informações da Receita e outras estatísticas do IBGE, o economista irlandês contabilizou rendas que pesquisas domiciliares como a Pnad não conseguem captar. Como resultado, a fatia dos grupos mais ricos da população ficou maior. CORREÇÃO DE FALHAS O discípulo de Piketty foi mais longe do que autores de outros estudos que adotaram metodologia semelhante. Medeiros e outro pesquisador do Ipea, Pedro Ferreira de Souza, publicaram nos últimos anos vários trabalhos com resultados na mesma direção. Em sua tese de doutorado, apresentada no ano passado ao Departamento de Sociologia da UnB (Universidade de Brasília), Souza calculou a fração da renda apropriada pelos brasileiros mais ricos desde 1926 e encontrou níveis de concentração semelhantes. O economista irlandês, no entanto, incorporou dados usados no cálculo do PIB (Produto Interno Bruto) e outros que não haviam sido considerados por levantamentos anteriores, num esforço para corrigir falhas que prejudicam estudos sobre renda e desigualdade exclusivamente baseados em pesquisas domiciliares. Se duas pessoas declaram a mesma renda aos entrevistadores do IBGE, não há diferença entre elas para a Pnad. Contudo, elas não podem ser tratadas como iguais se uma vive em casa própria e a outra paga aluguel para morar. A solução adotada por Morgan e outros pesquisadores é atribuir ao proprietário uma renda extra, equivalente ao valor da locação que ele não precisa desembolsar. Outras escolhas do economista são controversas, na avaliação de especialistas. Lucros retidos pelas empresas e não distribuídos a seus acionistas, por exemplo, foram tratados por Morgan como renda e somados aos rendimentos recebidos por essas pessoas de outras fontes, como salários, juros e aluguéis. Ocorre que muitos acionistas não têm controle sobre a distribuição dos lucros de suas empresas, especialmente em grandes corporações, e esse dinheiro em geral não fica disponível para que eles o usem quando quiserem. Morgan argumenta que o procedimento permite enxergar com mais clareza a distribuição dos recursos econômicos entre os vários grupos da sociedade. Segundo seus cálculos, os lucros retidos pelas empresas representam 6% da renda nacional e cresceram 231% de 2000 a 2015. No mesmo período, o total de salários pagos pelos empregadores cresceu 74%, e os lucros distribuídos aos acionistas das empresas na forma de dividendos aumentaram 18%, diz Morgan. LIMITAÇÕES Os motivos pelos quais pesquisas domiciliares como a Pnad são insuficientes para capturar a renda dos ricos são conhecidos pelos especialistas há muito tempo. Pesquisadores do IBGE dificilmente conseguem entrar nos condomínios em que os ricos moram. Os que são entrevistados em geral escondem informações, em vez de oferecer um retrato completo de suas finanças pessoais. Problemas desse tipo, porém, também ocorrem com os mais pobres. Muitos não se lembram de rendimentos eventuais como o abono de férias, o seguro desemprego e a ajuda de familiares. Trabalhadores sem registro em carteira nem sempre informam a renda com precisão. A produção que pequenos agricultores usam para consumo próprio não é contabilizada como renda pela Pnad, assim como a alimentação oferecida pelos patrões a empregados domésticos. "Boa parte da renda dos mais pobres é eventual e não aparece nas pesquisas", diz Sergio Firpo, professor do Insper. "Esse problema diminuiu com a formalização do mercado de trabalho nos últimos anos, mas pode estar voltando agora, porque a recessão empurrou muita gente de volta para a informalidade." Em 2007, num trabalho minucioso produzido pelo Ipea, os economistas Ricardo Paes de Barros, Samir Cury e Gabriel Ulyssea compararam dados da Pnad com outras estatísticas produzidas pelo IBGE e concluíram que o grau de subestimação da renda nas pesquisas do instituto é maior entre os 10% mais pobres do que nos grupos em que se concentram os mais ricos. As declarações do Imposto de Renda ajudam a preencher muitas lacunas, mas também apresentam problemas. Rodolfo Hoffmann, da USP (Universidade de São Paulo), observa que os rendimentos de aplicações financeiras informados pelos contribuintes incluem juros e correção monetária. Ou seja, parte do que é computado como renda é apenas reposição da inflação –uma "ilusão monetária", como ele diz. Isso não significa que as conclusões de Morgan, Medeiros e outros economistas que incorporaram os dados da Receita estejam erradas. Mesmo pesquisadores que veem com maior ceticismo os novos estudos reconhecem que eles oferecem contribuições relevantes. As ressalvas, contudo, indicam que é preciso analisar com cuidado os dados antes de tirar conclusões. No estudo para o Ipea em 2007, Paes de Barros e seus colegas fizeram vários testes para examinar o efeito que ajustes estatísticos teriam na medição da desigualdade. A conclusão foi que o impacto seria praticamente neutro, mesmo se várias rendas não declaradas por pobres e ricos fossem incorporadas aos cálculos. RICOS MUITO RICOS De todo modo, os novos estudos não só confirmam que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo –o que pesquisas anteriores já indicavam–, mas também mostram que o grau de concentração de renda no andar de cima é maior do que em nações mais desenvolvidas, nas quais o poder econômico das elites também suscita preocupação. Segundo os cálculos do discípulo de Piketty, o grupo correspondente ao estrato mais rico da população, representado por apenas 1% dos brasileiros, fica com 28% da renda nacional. Grupos equivalentes se apropriam de 20% da renda nos Estados Unidos e 11% na França. No Brasil, a renda média anual dos membros desse clube alcança valores equivalentes a R$ 1 milhão, diz Morgan. Na França, ela é inferior a R$ 925 mil. O trabalho do economista irlandês, no entanto, não ajuda a entender como os ricos ficaram tão ricos no Brasil. Seriam necessários novos estudos para saber se essa riqueza foi acumulada com heranças, aplicações financeiras ou investimentos nos setores mais dinâmicos da economia –para ficar em apenas três hipóteses– e qual a contribuição de cada um desses fatores. Não é tarefa simples. Um estudo recente que examinou a evolução da desigualdade no mercado de trabalho de 1995 a 2012 põe em xeque até algumas das explicações mais comuns para as melhorias observadas nos últimos anos, como o aumento da escolaridade da força de trabalho e a política de valorização do salário mínimo. Produzido a seis mãos pelos economistas Francisco Ferreira, do Banco Mundial, Sergio Firpo, do Insper, e Julián Messina, do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o estudo afirma que a contribuição da educação foi neutra. Com mais gente de nível médio e superior no mercado, a diferença salarial entre trabalhadores mais e menos qualificados de fato diminuiu. Mas o aumento dos níveis de escolaridade não foi homogêneo na força de trabalho, o que gerou efeito contrário, segundo eles. O trio também concluiu que o impacto do aumento do salário mínimo deveria ser reconsiderado. Seus cálculos sugerem que ele contribuiu para reduzir a desigualdade em anos mais recentes, quando a economia cresceu aceleradamente e a formalização do mercado de trabalho aumentou, mas não em períodos de baixo crescimento, quando muitas empresas teriam preferido contratar sem registro em carteira e pagar menos. Segundo o estudo, o fator que mais contribuiu para a queda da desigualdade da renda do trabalho nos últimos anos foi um fenômeno que os economistas identificaram ao analisar informações sobre idade e experiência dos trabalhadores ocupados. A experiência parece contar cada vez menos para a remuneração, o que tende a favorecer jovens recém-chegados ao mercado de trabalho, reduzindo a distância entre sua renda e a dos mais velhos. "É uma questão que ainda precisamos estudar melhor", diz Francisco Ferreira. "É possível que isso esteja relacionado com o envelhecimento da população e a capacidade da força de trabalho de se adaptar a mudanças tecnológicas." Também contribuíram para diminuir a desigualdade no mercado de trabalho nos últimos anos, segundo o estudo, reduções significativas observadas nas diferenças existentes nos rendimentos obtidos por homens e mulheres, brancos e negros, trabalhadores urbanos e rurais, com registro formal e sem carteira assinada. GOVERNOS Os novos estudos indicam que é um equívoco associar a evolução da desigualdade em determinado período a políticas do governo da época. "A qualidade da educação da maioria das pessoas que hoje estão no mercado de trabalho é resultado de políticas adotadas há várias décadas", observa Medeiros. "A maior parte dos investimentos nessa área foi feita por prefeitos e governadores, e não pelo governo federal." Ao destacar a concentração de riqueza no topo da escala social, os estudos propõem também novas questões. Alguns pesquisadores temem consequências políticas, como o risco de captura do governo pelos interesses dos mais ricos. Outros se preocupam com efeitos econômicos, como a redução dos incentivos que as pessoas têm para empreender e explorar oportunidades de negócio. Piketty e seus seguidores defendem mudanças que tornem os sistemas tributários dos países mais justos e eficientes, com aumento dos impostos cobrados sobre a renda e o patrimônio dos mais ricos. Outros especialistas, como o economista Ricardo Paes de Barros, temem que essa discussão tire o foco da necessidade de aperfeiçoar políticas sociais e os gastos públicos em geral. Souza, colega de Medeiros no Ipea, afirma: "É evidente que o combate à pobreza é importante, mas, se não queremos um país tão desigual, não tem como fazer isso sem tratar da concentração de renda no topo da sociedade". Num trabalho recente em que usou dados da Pnad de 2015, Rodolfo Hoffmann calculou que o nível de desigualdade da renda no Brasil cairia 23% se todos pagassem Imposto de Renda de acordo com as alíquotas em vigor, sem deduções, e todo o dinheiro arrecadado fosse transferido para os pobres. Em outro exercício, a queda seria de 27% se fosse criada uma alíquota de 40% de IR para rendas superiores a R$ 7.000 mensais. Discussões sobre impostos são árduas no mundo inteiro, mas ainda mais em países como o Brasil, onde a carga tributária representa mais de um terço do PIB e já é bastante elevada para padrões internacionais. "A obsessão com a extrema riqueza não pode nos deixar esquecer da pobreza, porque é isso que precisamos corrigir com as políticas públicas", diz Ferreira. "Talvez os recursos do governo aumentem se os ricos forem mais tributados, mas o problema será sempre como usar esse dinheiro." RICARDO BALTHAZAR, 48, é repórter especial da Folha.
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Leia poema inédito de Edimilson de Almeida Pereira, que participa da Flip
SOBRE O TEXTO Este poema inédito integra o mesmo universo que aqueles reunidos em "qvasi", que a editora 34 lança durante a Flip. O poeta participa de mesa da programação oficial na quinta (27), com Beatriz Resende e Felipe Botelho Corrêa. 1 UMA CAMA PARA O PAI. Não se engorda três vasos, nem com o melhor farelo. Por estar ditado, ninguém se atrevia a lhe perguntar quais os tais. Se bem não faltasse vontade. Porque na carência do que fazer, a burla com a palavra era um divertimento. Mas, dessa feita, não. Nenhum queria rilhar às custas do pai, fosse porque a mãe lhe morrera de pouco ou porque carecíamos das ferramentas para dizer. Os vazios saíam de sua boca como feras do apocalipse e nos punham contra a parede. E se tivessem as unhas do filador de porcas? Pior: e se o respingo de sua saliva desse em ferida, como a rosa vermelha? Não havia do que rilhar. O pai era nosso, de pele enferma e macia voz. Suas orações, como um carrinho de mão, iam até a borda com a ânsia de mitigar os vãos. Aos poucos, a ruga de um deles cedia e no lugar repontava uma horta. Dias de grã alegria. O corpo conciliado não dava à cabeça tempo para a aritmética. Porém, o que é da morte só para engano se tapa. Vestida de boa senhora, ela injeta a sombra onde o sol durava. Ariadne sem piedade. 2 É desse medo que me perturbo. Onde a severa esteve, sem deixar cadáver, mas o assunto dele. O suficiente para um menino não abandonar no homem a sua desventura. A solidão da descoberta, que se faz em outro tempo, olhando baús e outras resmas. Daí salta um retrato que nos assalta aos sete anos. Nessa idade, deveriam saber que o melhor de nós, o que almejaremos ser, já está ali, como um desperdício de mangas no quintal. Eles deveriam saber disso e nos livrar dos fantasmas que, gentilmente, educam para nos acompanhar. Um retrato aos sete anos é tão importante, que o tiramos na escola. E jamais o tiramos de nossos pertences. Mesmo que o queiramos secreto, mais tarde, porque naquele dia algo não funcionava bem: um corte indesejado de cabelo, uma sujeira nas unhas, um rubor, enfim, de quem não imagina trairá a si mesmo. Eu me lembro –por isso, minto– de minha foto, aos sete anos. Eu tinha mais rugas, mas entendo que não me apreciassem por isso. Sempre ouvi dizer que o silêncio em mim era precipitado. Não o silêncio de quem nada diz. Eu, com os outros, soube gritar e falar em hora imprópria. Arrastei as cadeiras e derrubei os pratos de família, aqueles que não se poderiam romper. Cometi os pecados todos do rumor. Nunca foi, pois, pelo silêncio cobrado como responsabilidade que eu me arranhei. Foi por aquele outro, armado entre as palavras. EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA, 54, poeta e professor do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Juiz de Fora, lança "A Saliva da Fala - Notas sobre a Poética Banto-Católica no Brasil" e "Entre Orfe(x)u e Exunouveau" (Azougue Editorial). CAMILE SPROESSER, 31, é artista plástica.
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Leia poema inédito de Edimilson de Almeida Pereira, que participa da FlipSOBRE O TEXTO Este poema inédito integra o mesmo universo que aqueles reunidos em "qvasi", que a editora 34 lança durante a Flip. O poeta participa de mesa da programação oficial na quinta (27), com Beatriz Resende e Felipe Botelho Corrêa. 1 UMA CAMA PARA O PAI. Não se engorda três vasos, nem com o melhor farelo. Por estar ditado, ninguém se atrevia a lhe perguntar quais os tais. Se bem não faltasse vontade. Porque na carência do que fazer, a burla com a palavra era um divertimento. Mas, dessa feita, não. Nenhum queria rilhar às custas do pai, fosse porque a mãe lhe morrera de pouco ou porque carecíamos das ferramentas para dizer. Os vazios saíam de sua boca como feras do apocalipse e nos punham contra a parede. E se tivessem as unhas do filador de porcas? Pior: e se o respingo de sua saliva desse em ferida, como a rosa vermelha? Não havia do que rilhar. O pai era nosso, de pele enferma e macia voz. Suas orações, como um carrinho de mão, iam até a borda com a ânsia de mitigar os vãos. Aos poucos, a ruga de um deles cedia e no lugar repontava uma horta. Dias de grã alegria. O corpo conciliado não dava à cabeça tempo para a aritmética. Porém, o que é da morte só para engano se tapa. Vestida de boa senhora, ela injeta a sombra onde o sol durava. Ariadne sem piedade. 2 É desse medo que me perturbo. Onde a severa esteve, sem deixar cadáver, mas o assunto dele. O suficiente para um menino não abandonar no homem a sua desventura. A solidão da descoberta, que se faz em outro tempo, olhando baús e outras resmas. Daí salta um retrato que nos assalta aos sete anos. Nessa idade, deveriam saber que o melhor de nós, o que almejaremos ser, já está ali, como um desperdício de mangas no quintal. Eles deveriam saber disso e nos livrar dos fantasmas que, gentilmente, educam para nos acompanhar. Um retrato aos sete anos é tão importante, que o tiramos na escola. E jamais o tiramos de nossos pertences. Mesmo que o queiramos secreto, mais tarde, porque naquele dia algo não funcionava bem: um corte indesejado de cabelo, uma sujeira nas unhas, um rubor, enfim, de quem não imagina trairá a si mesmo. Eu me lembro –por isso, minto– de minha foto, aos sete anos. Eu tinha mais rugas, mas entendo que não me apreciassem por isso. Sempre ouvi dizer que o silêncio em mim era precipitado. Não o silêncio de quem nada diz. Eu, com os outros, soube gritar e falar em hora imprópria. Arrastei as cadeiras e derrubei os pratos de família, aqueles que não se poderiam romper. Cometi os pecados todos do rumor. Nunca foi, pois, pelo silêncio cobrado como responsabilidade que eu me arranhei. Foi por aquele outro, armado entre as palavras. EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA, 54, poeta e professor do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Juiz de Fora, lança "A Saliva da Fala - Notas sobre a Poética Banto-Católica no Brasil" e "Entre Orfe(x)u e Exunouveau" (Azougue Editorial). CAMILE SPROESSER, 31, é artista plástica.
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Vídeo mostra momento em que chefe de cartel foge de prisão no México
Uma câmera de vídeo gravou o momento em que o chefe do cartel de drogas de Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán, fugiu de uma penitenciária de segurança máxima por um túnel, no último sábado (11). Na gravação, Guzmán aparece agachando sob a ducha de sua cela. Depois, ele senta sobre sua cama, troca de sapatos e finalmente desaparece por um buraco no chão. O narcotraficante fugiu da prisão de Altiplano, na cidade de Almoloya de Juárez, por um túnel de 1,5 km de comprimento, 1,70 m de altura. No sofisticado túnel, que contava com ventilação e iluminação, as autoridades encontraram uma motocicleta adaptada sobre trilhos que teria servido para transportar as ferramentas necessárias para a escavação, assim como para retirar a terra. Autoridades acreditam que Guzmán possa ter usado a moto na fuga. O canal, no qual também foram encontrados instrumentos de construção, tanques de oxigênio e recipientes com combustível, desemboca em um imóvel em construção, no bairro de Santa Juanita, ao sudoeste da penitenciária. Segundo a construtora mexicana Arquipromotora, a escavação do túnel usado para a fuga gerou 531 caçambas de entulho. A fuga —a segunda de Guzmán em 14 anos—, além de levantar temores sobre o retorno à ativa do homem que já foi apontado como o narcotraficante mais poderoso do mundo, expõe o governo do presidente Enrique Peña Nieto, que havia promovido sua prisão, no ano passado, como símbolo de sucesso na guerra contra os cartéis.
mundo
Vídeo mostra momento em que chefe de cartel foge de prisão no MéxicoUma câmera de vídeo gravou o momento em que o chefe do cartel de drogas de Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán, fugiu de uma penitenciária de segurança máxima por um túnel, no último sábado (11). Na gravação, Guzmán aparece agachando sob a ducha de sua cela. Depois, ele senta sobre sua cama, troca de sapatos e finalmente desaparece por um buraco no chão. O narcotraficante fugiu da prisão de Altiplano, na cidade de Almoloya de Juárez, por um túnel de 1,5 km de comprimento, 1,70 m de altura. No sofisticado túnel, que contava com ventilação e iluminação, as autoridades encontraram uma motocicleta adaptada sobre trilhos que teria servido para transportar as ferramentas necessárias para a escavação, assim como para retirar a terra. Autoridades acreditam que Guzmán possa ter usado a moto na fuga. O canal, no qual também foram encontrados instrumentos de construção, tanques de oxigênio e recipientes com combustível, desemboca em um imóvel em construção, no bairro de Santa Juanita, ao sudoeste da penitenciária. Segundo a construtora mexicana Arquipromotora, a escavação do túnel usado para a fuga gerou 531 caçambas de entulho. A fuga —a segunda de Guzmán em 14 anos—, além de levantar temores sobre o retorno à ativa do homem que já foi apontado como o narcotraficante mais poderoso do mundo, expõe o governo do presidente Enrique Peña Nieto, que havia promovido sua prisão, no ano passado, como símbolo de sucesso na guerra contra os cartéis.
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A cegueira política mata mais do que o frio
Diante da notícia da quinta morte de um morador de rua em São Paulo por causa do frio, estranhei o silêncio em minhas redes sociais, sempre tão ativas, engajadas, prontas para defender minorias e injustiças sociais. Enquanto os sem-teto morrem, a prefeitura recolhe colchões e papelões para "impedir a refavelização das praças públicas", segundo o prefeito Fernando Haddad (PT). Ainda que tenha gente com propensão à esquerda, ao centro, poucos à direita, a cada limpa acredito que no meu círculo não tenha espaço para homofobia, racismo, machismo. Também percebo que a maioria tem posicionamento parecido sobre pautas como a descriminalização do aborto, legalização da maconha, sobrando algumas divergências em relação à diminuição da maioridade penal, por exemplo. Por isso, resolvi dar uma cutucada no silêncio e questionei onde estava o pessoal que ama o Haddad, tira foto com o Haddad, acha o Haddad gato, incrível, para falar alguma coisa sobre aquelas mortes. Eu nem voto em São Paulo, mas tenho simpatia por várias ações do prefeito –e também críticas. Nem um pio. Nem um postzinho. Nem uma revoltazinha. Nem um link compartilhado. Nem um avatar em protesto. Triste. Tenho certeza de que a Paulista estaria fechada e lotada (com toda razão), se essas mortes estivessem sob a guarda do governo estadual, do PSDB. Fosse político de outro partido, ganharia um crachazinho de "higienista" da turba indignada. A resposta veio por meio da deputada Luiza Erundina (PSOL), pré-candidata à prefeitura, que cobrou o prefeito Haddad em sua página no Facebook, sobre as mortes, sobre a ação da Guarda Civil Metropolitana e sobre a declaração do comandante da CGM, Gilson Menezes, de que a ação é para "evitar que o espaço público seja privatizado". "É inaceitável que a maior cidade do país e terceira do mundo trate os seres humanos com tal crueldade, os pobres, como se fossem casos de polícia", escreveu a deputada. Para total espanto, Erundina foi bombardeada por comentários indignados, não pela morte de cinco pessoas ou pelo descaso governamental, mas porque "Haddad não é o político a ser batido", "desestabilizar Haddad não é o caminho, servirá apenas para dar vez a candidaturas reacionárias", "isso sempre existiu nas gestões dos prefeitos anteriores", "essa campanha de ataques ao Haddad foi o que me fez de desistir de me filiar ao PSOL", "impossível a qualquer ser humano vigiar a conduta do todo servidor público o tempo todo", "leve os moradores de rua para sua casa, criticar é facim facim", "vir com pedras atacando o prefeito mais visionário e combatente da desigualdade social que SP já teve não é digno de um partido de esquerda". A resposta para o silêncio entre amigos e conhecidos, além de parte da esquerda, que se vê, só ela, progressista, em relação a esse episódio lamentável, encontrou explicação em cada uma dessas declarações. Em bom português, dane-se que morreram cinco pessoas na rua, não vamos colocar essa culpa na conta do nosso político de estimação. Não vamos cobrá-lo porque não queremos que ele carregue essa responsabilidade, em nome de um projeto, que é de ter no poder apenas o meu político preferido, apenas o partido que decidi ser o melhor, mesmo que ele seja responsável por coisas horríveis como a morte de cinco pessoas que pereceram porque lhes foi negado um bendito dum papelão que poderia ter evitado o pior. Essa cegueira política, com contornos fascistas –queiram ou não, mata mais do que o frio. Mata as reais possibilidades de que se exija dos governos, sejam eles quais forem, o que for melhor para a população, em detrimento de vaidade (como dar o braço a torcer?) e posicionamento político. De um lado temos eleitores que varrem para baixo do tapete declarações homofóbicas e machistas, potencialmente nocivas, de seus políticos preferidos. Do outro, aqueles que defendem que tem político corrupto bom e político corrupto mau. E como vemos agora, temos também aqueles que tentam a todo custo passar um paninho com alvejante no currículo de um prefeito que deixou pessoas, sob a sua tutela, morrerem de frio na rua.
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A cegueira política mata mais do que o frioDiante da notícia da quinta morte de um morador de rua em São Paulo por causa do frio, estranhei o silêncio em minhas redes sociais, sempre tão ativas, engajadas, prontas para defender minorias e injustiças sociais. Enquanto os sem-teto morrem, a prefeitura recolhe colchões e papelões para "impedir a refavelização das praças públicas", segundo o prefeito Fernando Haddad (PT). Ainda que tenha gente com propensão à esquerda, ao centro, poucos à direita, a cada limpa acredito que no meu círculo não tenha espaço para homofobia, racismo, machismo. Também percebo que a maioria tem posicionamento parecido sobre pautas como a descriminalização do aborto, legalização da maconha, sobrando algumas divergências em relação à diminuição da maioridade penal, por exemplo. Por isso, resolvi dar uma cutucada no silêncio e questionei onde estava o pessoal que ama o Haddad, tira foto com o Haddad, acha o Haddad gato, incrível, para falar alguma coisa sobre aquelas mortes. Eu nem voto em São Paulo, mas tenho simpatia por várias ações do prefeito –e também críticas. Nem um pio. Nem um postzinho. Nem uma revoltazinha. Nem um link compartilhado. Nem um avatar em protesto. Triste. Tenho certeza de que a Paulista estaria fechada e lotada (com toda razão), se essas mortes estivessem sob a guarda do governo estadual, do PSDB. Fosse político de outro partido, ganharia um crachazinho de "higienista" da turba indignada. A resposta veio por meio da deputada Luiza Erundina (PSOL), pré-candidata à prefeitura, que cobrou o prefeito Haddad em sua página no Facebook, sobre as mortes, sobre a ação da Guarda Civil Metropolitana e sobre a declaração do comandante da CGM, Gilson Menezes, de que a ação é para "evitar que o espaço público seja privatizado". "É inaceitável que a maior cidade do país e terceira do mundo trate os seres humanos com tal crueldade, os pobres, como se fossem casos de polícia", escreveu a deputada. Para total espanto, Erundina foi bombardeada por comentários indignados, não pela morte de cinco pessoas ou pelo descaso governamental, mas porque "Haddad não é o político a ser batido", "desestabilizar Haddad não é o caminho, servirá apenas para dar vez a candidaturas reacionárias", "isso sempre existiu nas gestões dos prefeitos anteriores", "essa campanha de ataques ao Haddad foi o que me fez de desistir de me filiar ao PSOL", "impossível a qualquer ser humano vigiar a conduta do todo servidor público o tempo todo", "leve os moradores de rua para sua casa, criticar é facim facim", "vir com pedras atacando o prefeito mais visionário e combatente da desigualdade social que SP já teve não é digno de um partido de esquerda". A resposta para o silêncio entre amigos e conhecidos, além de parte da esquerda, que se vê, só ela, progressista, em relação a esse episódio lamentável, encontrou explicação em cada uma dessas declarações. Em bom português, dane-se que morreram cinco pessoas na rua, não vamos colocar essa culpa na conta do nosso político de estimação. Não vamos cobrá-lo porque não queremos que ele carregue essa responsabilidade, em nome de um projeto, que é de ter no poder apenas o meu político preferido, apenas o partido que decidi ser o melhor, mesmo que ele seja responsável por coisas horríveis como a morte de cinco pessoas que pereceram porque lhes foi negado um bendito dum papelão que poderia ter evitado o pior. Essa cegueira política, com contornos fascistas –queiram ou não, mata mais do que o frio. Mata as reais possibilidades de que se exija dos governos, sejam eles quais forem, o que for melhor para a população, em detrimento de vaidade (como dar o braço a torcer?) e posicionamento político. De um lado temos eleitores que varrem para baixo do tapete declarações homofóbicas e machistas, potencialmente nocivas, de seus políticos preferidos. Do outro, aqueles que defendem que tem político corrupto bom e político corrupto mau. E como vemos agora, temos também aqueles que tentam a todo custo passar um paninho com alvejante no currículo de um prefeito que deixou pessoas, sob a sua tutela, morrerem de frio na rua.
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Três jornalistas ficam 2 dias presos após entrar em prisão na Venezuela
Três jornalistas –um italiano, um suíço e um venezuelano– foram presos depois de entrarem em uma perigosa penitenciária venezuelana para realizar uma reportagem, denunciaram organizações de imprensa e de defesa dos direitos humanos. Eles ficaram dois dias detidos e foram libertados neste domingo (8), após decisão da Justiça venezuelana. O italiano Roberto Di Matteo e o suíço Filippo Rossi, bem como o venezuelano Jesús Medina, foram presos na última sexta-feira (6) depois de entrarem com suas equipes de filmagem na penitenciária de Tocorón, no norte do Estado de Aragua, de acordo com a ONG Foro Penal. Di Matteo trabalha como cinegrafista para o site do jornal italiano "Il Giornale", para o qual colabora regularmente o jornalista freelancer Rossi. O suíço também trabalhou com o "Corriere del Ticino". Jornalistas detidos na Venezuela Um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Suíça confirmou a detenção de um de seus cidadãos, acrescentando que sua embaixada em Caracas "está em contato com as autoridades competentes e auxilia o compatriota no âmbito da proteção consular". Já o Ministério das Relações Exteriores italiano afirmou que sua embaixada na Venezuela "acompanha desde o início o caso da prisão do cidadão italiano Roberto Di Matteo e está em contato com as autoridades locais". Os três jornalistas "estavam na prisão de Tocorón (...) produzindo uma investigação jornalística quando foram detidos", indicou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP). As organizações de imprensa não especificaram para quais meios os jornalistas estrangeiros trabalham, enquanto que Medina é um fotojornalista do portal "DolarToday", opositor ao governo de Nicolás Maduro. Uma imagem dos jornalistas algemados com dois militares foi transmitida pelo sindicato. Foram confiscados telefones celulares e câmeras. Porta-vozes do sindicato disseram à AFP que os jornalistas "estão bem, sem indicações de maus-tratos". "Eles receberam um convite para entrar em Tocorón. Estavam se registrando na entrada quando tiveram o acesso negado e receberam a ordem de detenção. Ao que parece, houve uma contra-ordem para impedir sua entrada", segundo o sindicato. Alfredo Romero, diretor do Foro Penal, afirmou que advogados da ONG foram para Tocorón –cerca de duas horas de Caracas– para ajudá-los. De acordo com o sindicato, foram detidos por funcionários do ministério Penitenciário e colocados sob ordem judicial. Eles serão apresentados nas próximas horas ante à Justiça. Várias organizações não governamentais denunciaram a superlotação e desnutrição em centros de detenção venezuelanos. A ONG Una Ventana a La Libertad estimou em 2016 que as prisões venezuelanas abrigavam 88.000 presos, quando sua capacidade é de apenas 35.000. Desde julho de 2011, o governo lançou um plano para readequar as penitenciárias. Segundo as autoridades, 98% das 50 prisões na Venezuela funcionam sob o novo regime.
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Três jornalistas ficam 2 dias presos após entrar em prisão na VenezuelaTrês jornalistas –um italiano, um suíço e um venezuelano– foram presos depois de entrarem em uma perigosa penitenciária venezuelana para realizar uma reportagem, denunciaram organizações de imprensa e de defesa dos direitos humanos. Eles ficaram dois dias detidos e foram libertados neste domingo (8), após decisão da Justiça venezuelana. O italiano Roberto Di Matteo e o suíço Filippo Rossi, bem como o venezuelano Jesús Medina, foram presos na última sexta-feira (6) depois de entrarem com suas equipes de filmagem na penitenciária de Tocorón, no norte do Estado de Aragua, de acordo com a ONG Foro Penal. Di Matteo trabalha como cinegrafista para o site do jornal italiano "Il Giornale", para o qual colabora regularmente o jornalista freelancer Rossi. O suíço também trabalhou com o "Corriere del Ticino". Jornalistas detidos na Venezuela Um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Suíça confirmou a detenção de um de seus cidadãos, acrescentando que sua embaixada em Caracas "está em contato com as autoridades competentes e auxilia o compatriota no âmbito da proteção consular". Já o Ministério das Relações Exteriores italiano afirmou que sua embaixada na Venezuela "acompanha desde o início o caso da prisão do cidadão italiano Roberto Di Matteo e está em contato com as autoridades locais". Os três jornalistas "estavam na prisão de Tocorón (...) produzindo uma investigação jornalística quando foram detidos", indicou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP). As organizações de imprensa não especificaram para quais meios os jornalistas estrangeiros trabalham, enquanto que Medina é um fotojornalista do portal "DolarToday", opositor ao governo de Nicolás Maduro. Uma imagem dos jornalistas algemados com dois militares foi transmitida pelo sindicato. Foram confiscados telefones celulares e câmeras. Porta-vozes do sindicato disseram à AFP que os jornalistas "estão bem, sem indicações de maus-tratos". "Eles receberam um convite para entrar em Tocorón. Estavam se registrando na entrada quando tiveram o acesso negado e receberam a ordem de detenção. Ao que parece, houve uma contra-ordem para impedir sua entrada", segundo o sindicato. Alfredo Romero, diretor do Foro Penal, afirmou que advogados da ONG foram para Tocorón –cerca de duas horas de Caracas– para ajudá-los. De acordo com o sindicato, foram detidos por funcionários do ministério Penitenciário e colocados sob ordem judicial. Eles serão apresentados nas próximas horas ante à Justiça. Várias organizações não governamentais denunciaram a superlotação e desnutrição em centros de detenção venezuelanos. A ONG Una Ventana a La Libertad estimou em 2016 que as prisões venezuelanas abrigavam 88.000 presos, quando sua capacidade é de apenas 35.000. Desde julho de 2011, o governo lançou um plano para readequar as penitenciárias. Segundo as autoridades, 98% das 50 prisões na Venezuela funcionam sob o novo regime.
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Anna Veronica Mautner: Não se pode flanar em São Paulo
As calçadas de São Paulo têm uma infinita diversidade e isso não é obra do acaso. Cada proprietário é responsável pela calçada em frente ao seu terreno. Ao mesmo tempo, ninguém é responsável: cada um faz na calçada o que quer, quando bem entende, do jeito que quer. Se todos são responsáveis, ninguém é. O estado das calçadas impede que São Paulo seja uma boa cidade para "flanar". Essa é uma expressão que usamos pouco. Flanar quer dizer andar despreocupado, à toa, sem destino, sem hora para ir nem para voltar. Flanar em São Paulo fica restrito aos habitantes de classe AAA. Em alguns bairros, as calçadas são largas e bem cuidadas. Seus moradores, ricos. Aí, sim, é possível bater perna despreocupadamente. Mas na maioria das ruas de Perdizes, Pinheiros, Mooca e tantos outros bairros residenciais não dá pra flanar. Temos que prestar atenção demais ao chão em que pisamos. Como cada dono de terreno é, por lei, responsável pela calçada adjacente, o chão se torna um grande quebra-cabeças onde muitos escorregam e vários caem. Aproveito o ensejo para contar uma historinha. Um dia –lá se vão alguns anos–, um amigo meu tornou-se secretário municipal de Planejamento. Nessa época eu era dona de um sobradinho na rua Veiga Filho, em Higienópolis. Na esquina com a rua Tupi havia um bar que ficava cheio no café da manhã. Os pãezinhos eram entreguem aos fregueses dentro de papeizinhos e todo dia o pessoal do bar varria esses papéis para a rua às custas de um esguicho. A água levava os papeizinhos, que desciam a ladeira e iam parar na avenida Pacaembu. Esse meu amigo ouviu de mim a seguinte queixa: "Ô, Paulo, dá um jeito! Multa esse meu vizinho que fica jogando papel na rua", implorei. Ao que ele me respondeu: "Na prefeitura tem uma sala enorme entulhada de multas do chão ao teto. Não temos estrutura para cobrar essas multas todas". Não consigo, queridos leitores, parar de imaginar esse espaço cheio de multas do chão até o teto. Mesmo que o dono do bar soubesse disso, não ia deixar de varrer os papeizinhos que entregava ao freguês com o sanduíche da manhã. E certamente no resto de São Paulo não deve ser muito diferente. Tenho ainda uma imagem clara das multas que nunca cheguei a ver, mas que imagino que continuem no mesmo lugar onde sempre estiveram. Pode até ser que muita coisa tenha mudado, pois isso ocorreu há uns 20 anos, mas alguém acredita que mudou? Os campinhos de antigamente, que era como chamávamos os terrenos baldios, podem ser considerados as calçadas de hoje –terra de ninguém. Ambos são públicos. A calçada é de todos, mas responsabilidade do dono do terreno e ninguém cobra nada de ninguém. Aí temos um fato estranho: a manutenção da calçada cabe ao dono do terreno adjacente, ao mesmo tempo ela é pública para o uso da população que, por outro lado, não pode invadi-la para montar uma barraquinha, por exemplo. Pública ou privada? Eis uma situação em que sou responsável pelo que não é meu. Estranhezas de uma cidade que cresceu de repente e que apresenta tantas outras incongruências em sua legislação. O resultado dessa confusão –meu, teu, seu, nosso– é que não se consegue andar livremente no quebra-cabeça acidentado das calçadas paulistanas. Não dá para flanar em São Paulo. ANNA VERONICA MAUTNER é psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e autora de "Cotidiano nas Entrelinhas" (Ágora) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Anna Veronica Mautner: Não se pode flanar em São PauloAs calçadas de São Paulo têm uma infinita diversidade e isso não é obra do acaso. Cada proprietário é responsável pela calçada em frente ao seu terreno. Ao mesmo tempo, ninguém é responsável: cada um faz na calçada o que quer, quando bem entende, do jeito que quer. Se todos são responsáveis, ninguém é. O estado das calçadas impede que São Paulo seja uma boa cidade para "flanar". Essa é uma expressão que usamos pouco. Flanar quer dizer andar despreocupado, à toa, sem destino, sem hora para ir nem para voltar. Flanar em São Paulo fica restrito aos habitantes de classe AAA. Em alguns bairros, as calçadas são largas e bem cuidadas. Seus moradores, ricos. Aí, sim, é possível bater perna despreocupadamente. Mas na maioria das ruas de Perdizes, Pinheiros, Mooca e tantos outros bairros residenciais não dá pra flanar. Temos que prestar atenção demais ao chão em que pisamos. Como cada dono de terreno é, por lei, responsável pela calçada adjacente, o chão se torna um grande quebra-cabeças onde muitos escorregam e vários caem. Aproveito o ensejo para contar uma historinha. Um dia –lá se vão alguns anos–, um amigo meu tornou-se secretário municipal de Planejamento. Nessa época eu era dona de um sobradinho na rua Veiga Filho, em Higienópolis. Na esquina com a rua Tupi havia um bar que ficava cheio no café da manhã. Os pãezinhos eram entreguem aos fregueses dentro de papeizinhos e todo dia o pessoal do bar varria esses papéis para a rua às custas de um esguicho. A água levava os papeizinhos, que desciam a ladeira e iam parar na avenida Pacaembu. Esse meu amigo ouviu de mim a seguinte queixa: "Ô, Paulo, dá um jeito! Multa esse meu vizinho que fica jogando papel na rua", implorei. Ao que ele me respondeu: "Na prefeitura tem uma sala enorme entulhada de multas do chão ao teto. Não temos estrutura para cobrar essas multas todas". Não consigo, queridos leitores, parar de imaginar esse espaço cheio de multas do chão até o teto. Mesmo que o dono do bar soubesse disso, não ia deixar de varrer os papeizinhos que entregava ao freguês com o sanduíche da manhã. E certamente no resto de São Paulo não deve ser muito diferente. Tenho ainda uma imagem clara das multas que nunca cheguei a ver, mas que imagino que continuem no mesmo lugar onde sempre estiveram. Pode até ser que muita coisa tenha mudado, pois isso ocorreu há uns 20 anos, mas alguém acredita que mudou? Os campinhos de antigamente, que era como chamávamos os terrenos baldios, podem ser considerados as calçadas de hoje –terra de ninguém. Ambos são públicos. A calçada é de todos, mas responsabilidade do dono do terreno e ninguém cobra nada de ninguém. Aí temos um fato estranho: a manutenção da calçada cabe ao dono do terreno adjacente, ao mesmo tempo ela é pública para o uso da população que, por outro lado, não pode invadi-la para montar uma barraquinha, por exemplo. Pública ou privada? Eis uma situação em que sou responsável pelo que não é meu. Estranhezas de uma cidade que cresceu de repente e que apresenta tantas outras incongruências em sua legislação. O resultado dessa confusão –meu, teu, seu, nosso– é que não se consegue andar livremente no quebra-cabeça acidentado das calçadas paulistanas. Não dá para flanar em São Paulo. ANNA VERONICA MAUTNER é psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e autora de "Cotidiano nas Entrelinhas" (Ágora) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Trump inventa a 'Nâmbia' em discurso a africanos em Nova York
O presidente dos EUA, Donald Trump, fez não uma, mas duas referências a um país chamado "Nâmbia", falando a líderes africanos na última quarta-feira (20), em reunião paralela à Assembleia Geral da ONU em Nova York. "O sistema de saúde da 'Nâmbia' é cada vez mais autossuficiente", disse Trump em tom elogioso durante a fala. Infelizmente, há um problema: seja o sistema de saúde bom ou não, a "Nâmbia" não existe. Os comentários em tom positivo do presidente dos EUA sobre o país inexistente rapidamente levaram a piadas na internet. Muitos sugeriram que Trump havia criado uma nova nação juntando duas que já existem –Zâmbia e Namíbia. A transcrição do discurso de Trump pela Casa Branca corrigiu o erro, tornando claro que o presidente não quis criar um novo país e estava se referindo à Namíbia. A Namíbia não costuma chamar a atenção no Ocidente. O país, que tem população de apenas 2 milhões, tornou-se independente no ano de 1990, depois de uma longa guerra civil com a vizinha África do Sul. A nação é mais conhecida internacionalmente pela mineração de diamantes. Hage Geingob, presidente da Namíbia, estava na sala quando Trump fez o discurso. Em público, ele não reagiu à sugestão de que era o líder da "Nâmbia". Graham Hopwood, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa em Política Pública da Namíbia, disse que o fato de Geingob não ter se manifestado provavelmente se deve ao protocolo diplomático. No entanto, diz ele, Geingob pode ter intencionalmente ignorado a gafe em favor das boas relações entre a Namíbia e os EUA.
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Trump inventa a 'Nâmbia' em discurso a africanos em Nova YorkO presidente dos EUA, Donald Trump, fez não uma, mas duas referências a um país chamado "Nâmbia", falando a líderes africanos na última quarta-feira (20), em reunião paralela à Assembleia Geral da ONU em Nova York. "O sistema de saúde da 'Nâmbia' é cada vez mais autossuficiente", disse Trump em tom elogioso durante a fala. Infelizmente, há um problema: seja o sistema de saúde bom ou não, a "Nâmbia" não existe. Os comentários em tom positivo do presidente dos EUA sobre o país inexistente rapidamente levaram a piadas na internet. Muitos sugeriram que Trump havia criado uma nova nação juntando duas que já existem –Zâmbia e Namíbia. A transcrição do discurso de Trump pela Casa Branca corrigiu o erro, tornando claro que o presidente não quis criar um novo país e estava se referindo à Namíbia. A Namíbia não costuma chamar a atenção no Ocidente. O país, que tem população de apenas 2 milhões, tornou-se independente no ano de 1990, depois de uma longa guerra civil com a vizinha África do Sul. A nação é mais conhecida internacionalmente pela mineração de diamantes. Hage Geingob, presidente da Namíbia, estava na sala quando Trump fez o discurso. Em público, ele não reagiu à sugestão de que era o líder da "Nâmbia". Graham Hopwood, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa em Política Pública da Namíbia, disse que o fato de Geingob não ter se manifestado provavelmente se deve ao protocolo diplomático. No entanto, diz ele, Geingob pode ter intencionalmente ignorado a gafe em favor das boas relações entre a Namíbia e os EUA.
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Moradia popular na Vila Leopoldina gera reação mesquinha, diz leitor
O poder público não deve se intimidar ante a reação discriminatória e mesquinha de moradores da Vila Leopoldina contra projeto de moradia popular na região (Moradores temem 'mistura de classes' com prédio popular). A medida visa integrar famílias carentes em área bem servida de saúde, educação e lazer. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Moradia popular na Vila Leopoldina gera reação mesquinha, diz leitorO poder público não deve se intimidar ante a reação discriminatória e mesquinha de moradores da Vila Leopoldina contra projeto de moradia popular na região (Moradores temem 'mistura de classes' com prédio popular). A medida visa integrar famílias carentes em área bem servida de saúde, educação e lazer. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Centro de treinamento em SP prepara potenciais medalhistas olímpicos
MARIANA LAJOLO COLABORAÇÃO PARA A SÃOPAULO Corredores ajustam suas próteses ao lado da pista de atletismo. Deficientes visuais já correm com seus guias. Na grama, gigantes do rúgbi treinam jogadas após levantarem (muito) peso na área de musculação. Lá de dentro, ouve-se os gritos dos lutadores de taekwondo a cada golpe aplicado. Essa é a rotina no NAR (Núcleo de Alto Rendimento Esportivo) na reta final da preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos do Rio. Nos últimos quatro anos, o centro de treinamento e pesquisa em São Paulo esteve sempre cheio. Enquanto atletas correm, lutam e suam, pesquisadores colhem dados para desenvolver técnicas e métodos que podem fazer a diferença na disputa pelas medalhas. A delegação do Brasil na Olimpíada ainda não está fechada, mas já é possível dizer que cerca de um terço dos atletas que estarão em ação na competição carioca passaram em algum momento pelo NAR neste ciclo olímpico (2013-2016). Entre eles, estão candidatos ao pódio no Rio, como os membros das equipes de judô, vôlei, boxe e handebol e a saltadora Fabiana Murer, entre outros. E também estreantes, como o time de rúgbi. "Nossa parceria já dura três anos. Foi um diferencial muito grande na preparação para a Olimpíada pela estrutura de ponta e pela metodologia de treinamento", afirma José Eduardo Moraes, preparador físico da seleção de rúgbi sevens. "Conseguimos individualizar os trabalhos para cada atleta, definir a carga ideal para cada um, e isso foi essencial." O NAR atende cerca de 70 modalidades, entre atletas de ponta e iniciantes. Já havia auxiliado boa parte dos esportistas que foram aos Jogos de Londres-2012. O destaque neste ciclo foi o crescimento de jovens promessas. Vitor Hugo dos Santos, 20, único velocista do país a se classificar para os 100 m rasos, é um exemplo. Atleta da BM&F, ele também conta com a ajuda dos testes do NAR em sua preparação. O núcleo existe desde 2011. Ele tem como seu principal objetivo auxiliar treinadores e desenvolver o conhecimento científico sobre o esporte. No ano passado, mudou-se para uma sede de 20 mil metros quadrados na zona sul de São Paulo, com pista de atletismo oficial, campo de grama, raias de corrida indoor, centro de musculação, octógono de MMA, além de refeitório, espaço para lazer e descanso. O NAR é mantido pelo Instituto Península, braço de investimentos sociais da família do empresário Abílio Diniz (ex-Pão de Açúcar), e oferece também cursos para pesquisadores e técnicos. "Com a nova sede, deixamos de ser apenas um centro de formação de treinadores e viramos um centro de treinamento mesmo", diz Irineu Loturco, doutor em treinamento esportivo e diretor técnico do NAR. Algumas equipes usam as instalações não só para testes como também para todas as fases do treinamento. É o caso do atletismo paraolímpico. A delegação brasileira na Paraolimpíada do Rio, aliás, deve ter 71% dos atletas com passagem pelo centro, em 11 modalidades. No último ciclo olímpico, 80% das medalhas conquistas pelo Brasil em eventos internacionais foram obtidas por esportistas que foram testados ou treinaram no local. "Essa parceria, que começou em 2011, foi fundamental. O CPB [Comitê Paralímpico Brasileiro] sempre fez testes nos atletas, mas tínhamos mais o lado fisiológico. Com a equipe do Irineu, complementamos com testes de força, potência, a parte neuromotora. Publicamos vários artigos científicos baseados nesses testes", diz Ciro Winckler, coordenador técnico de atletismo do CPB. Ele destaca um estudo feito com Alan Fonteles, brasileiro que corre com duas próteses nas pernas e campeão dos 200 m da categoria T44 nos Jogos de Londres-2012. "Percebemos que, com a prótese, o atleta paraolímpico perde muito mais tempo no contato da lâmina com o chão do que o atleta convencional. O Alan perdia quase um segundo numa prova de 100 m, o que é muita coisa. Trocamos a lâmina dele por uma menos flexível para diminuir essa perda." Uma mudança nos parâmetros de treino da equipe de atletismo para o Parapan de Toronto, em 2015, com base em estudos do NAR, ajudou os brasileiros a ganharem 80 medalhas, 20 a mais do que quatro anos antes. O trabalho foi publicado na prestigiada revista "Frontiers in Physiology". E se depender do trabalho do núcleo, as conquistas devem continuar em longo prazo. O NAR presta consultoria para todas as equipes de atletismo da Prefeitura de São Paulo e tem trabalhos com a base do rúgbi, do futebol e do taekwondo. "São mais de 150 crianças beneficiadas por esse trabalho voltado para o alto rendimento. E vamos expandir no ano que vem", diz Irineu Loturco. - QUEM JÁ PASSOU POR LÁ Atletismo Fabiana Murer - Salto com Vara Keila Costa - Salto em distância, Salto triplo Marílson Gomes - Maratona Boxe Patrick Lourenço - até 49kg Robenilson de Jesus - até 56kg Robson Conceição - até 60kg Joedison Teixeira - até 64kg Judô Tiago Camilo - até 90kg Sarah Menezes - até 48kg Erika Miranda - até 52kg Rafaela Silva - até 57kg Mayra Aguiar - até 78kg Taekwondo Iris Tang Sing - até 49kg Venilton Teixeira - até 58kg E mais... Jogadores da seleções masculina e feminina de vôlei e handebal e do basquete masculino
saopaulo
Centro de treinamento em SP prepara potenciais medalhistas olímpicosMARIANA LAJOLO COLABORAÇÃO PARA A SÃOPAULO Corredores ajustam suas próteses ao lado da pista de atletismo. Deficientes visuais já correm com seus guias. Na grama, gigantes do rúgbi treinam jogadas após levantarem (muito) peso na área de musculação. Lá de dentro, ouve-se os gritos dos lutadores de taekwondo a cada golpe aplicado. Essa é a rotina no NAR (Núcleo de Alto Rendimento Esportivo) na reta final da preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos do Rio. Nos últimos quatro anos, o centro de treinamento e pesquisa em São Paulo esteve sempre cheio. Enquanto atletas correm, lutam e suam, pesquisadores colhem dados para desenvolver técnicas e métodos que podem fazer a diferença na disputa pelas medalhas. A delegação do Brasil na Olimpíada ainda não está fechada, mas já é possível dizer que cerca de um terço dos atletas que estarão em ação na competição carioca passaram em algum momento pelo NAR neste ciclo olímpico (2013-2016). Entre eles, estão candidatos ao pódio no Rio, como os membros das equipes de judô, vôlei, boxe e handebol e a saltadora Fabiana Murer, entre outros. E também estreantes, como o time de rúgbi. "Nossa parceria já dura três anos. Foi um diferencial muito grande na preparação para a Olimpíada pela estrutura de ponta e pela metodologia de treinamento", afirma José Eduardo Moraes, preparador físico da seleção de rúgbi sevens. "Conseguimos individualizar os trabalhos para cada atleta, definir a carga ideal para cada um, e isso foi essencial." O NAR atende cerca de 70 modalidades, entre atletas de ponta e iniciantes. Já havia auxiliado boa parte dos esportistas que foram aos Jogos de Londres-2012. O destaque neste ciclo foi o crescimento de jovens promessas. Vitor Hugo dos Santos, 20, único velocista do país a se classificar para os 100 m rasos, é um exemplo. Atleta da BM&F, ele também conta com a ajuda dos testes do NAR em sua preparação. O núcleo existe desde 2011. Ele tem como seu principal objetivo auxiliar treinadores e desenvolver o conhecimento científico sobre o esporte. No ano passado, mudou-se para uma sede de 20 mil metros quadrados na zona sul de São Paulo, com pista de atletismo oficial, campo de grama, raias de corrida indoor, centro de musculação, octógono de MMA, além de refeitório, espaço para lazer e descanso. O NAR é mantido pelo Instituto Península, braço de investimentos sociais da família do empresário Abílio Diniz (ex-Pão de Açúcar), e oferece também cursos para pesquisadores e técnicos. "Com a nova sede, deixamos de ser apenas um centro de formação de treinadores e viramos um centro de treinamento mesmo", diz Irineu Loturco, doutor em treinamento esportivo e diretor técnico do NAR. Algumas equipes usam as instalações não só para testes como também para todas as fases do treinamento. É o caso do atletismo paraolímpico. A delegação brasileira na Paraolimpíada do Rio, aliás, deve ter 71% dos atletas com passagem pelo centro, em 11 modalidades. No último ciclo olímpico, 80% das medalhas conquistas pelo Brasil em eventos internacionais foram obtidas por esportistas que foram testados ou treinaram no local. "Essa parceria, que começou em 2011, foi fundamental. O CPB [Comitê Paralímpico Brasileiro] sempre fez testes nos atletas, mas tínhamos mais o lado fisiológico. Com a equipe do Irineu, complementamos com testes de força, potência, a parte neuromotora. Publicamos vários artigos científicos baseados nesses testes", diz Ciro Winckler, coordenador técnico de atletismo do CPB. Ele destaca um estudo feito com Alan Fonteles, brasileiro que corre com duas próteses nas pernas e campeão dos 200 m da categoria T44 nos Jogos de Londres-2012. "Percebemos que, com a prótese, o atleta paraolímpico perde muito mais tempo no contato da lâmina com o chão do que o atleta convencional. O Alan perdia quase um segundo numa prova de 100 m, o que é muita coisa. Trocamos a lâmina dele por uma menos flexível para diminuir essa perda." Uma mudança nos parâmetros de treino da equipe de atletismo para o Parapan de Toronto, em 2015, com base em estudos do NAR, ajudou os brasileiros a ganharem 80 medalhas, 20 a mais do que quatro anos antes. O trabalho foi publicado na prestigiada revista "Frontiers in Physiology". E se depender do trabalho do núcleo, as conquistas devem continuar em longo prazo. O NAR presta consultoria para todas as equipes de atletismo da Prefeitura de São Paulo e tem trabalhos com a base do rúgbi, do futebol e do taekwondo. "São mais de 150 crianças beneficiadas por esse trabalho voltado para o alto rendimento. E vamos expandir no ano que vem", diz Irineu Loturco. - QUEM JÁ PASSOU POR LÁ Atletismo Fabiana Murer - Salto com Vara Keila Costa - Salto em distância, Salto triplo Marílson Gomes - Maratona Boxe Patrick Lourenço - até 49kg Robenilson de Jesus - até 56kg Robson Conceição - até 60kg Joedison Teixeira - até 64kg Judô Tiago Camilo - até 90kg Sarah Menezes - até 48kg Erika Miranda - até 52kg Rafaela Silva - até 57kg Mayra Aguiar - até 78kg Taekwondo Iris Tang Sing - até 49kg Venilton Teixeira - até 58kg E mais... Jogadores da seleções masculina e feminina de vôlei e handebal e do basquete masculino
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Dívidas põem 61 milhões com nome sujo na praça, recorde desde 2012
O país tem 61 milhões de pessoas com nome sujo na praça, segundo o birô de dados de crédito Serasa Experian. Trata-se de um novo recorde na série histórica da empresa, iniciada em 2012.Entre abril e maio, mais 900 mil pessoas atrasaram o pagamento de contas e foram incluídas na lista de devedores. O crescimento dos calotes acompanhou o desemprego e a queda da renda das famílias. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país tinha 13,8 milhões de desempregados no trimestre encerrado em maio. São incluídos no cadastro de inadimplentes do Serasa consumidores que não pagam dívidas como empréstimos pessoais, faturas do cartão de crédito e contas de luz e telefone, entre outras. Ao entrar na lista, essas pessoas deixam de ter acesso a crédito nos bancos e no varejo. Somadas, as dívidas em atraso alcançaram R$ 274,6 bilhões em maio, de acordo com os cálculos do Serasa. Isso significa que, em média, cada pessoa deve R$ 4.059. Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, afirma que, em média, cada devedor está em atraso com quatro credores diferentes —um banco e outras três empresas, entre concessionárias de serviços básicos e varejo, exemplifica. Ele ressalta, no entanto, que a inadimplência costuma aumentar em março e maio. Em março, porque vencem tributos como IPTU e IPVA. Em maio, por causa das compras de presentes de Dia das Mães sem planejamento. No ano passado, no entanto, o pico de inadimplência ocorreu em abril, quando 60 milhões de pessoas apareciam no cadastro de devedores. Na semana passada, o Banco Central indicou que houve um repique na inadimplência das operações de crédito em maio, apesar da liberação do dinheiro de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que deveria trazer alívio financeiro para os brasileiros. Os calotes subiram nas linhas mais caras, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. No cheque especial, a inadimplência subiu de 15% para 15,5% em maio. No rotativo, foi de 34,4% para 38%, diz o BC. A exceção foi o crédito com desconto em folha para funcionários públicos. Embora a linha conte com juros bem abaixo do mercado, os calotes tiveram leve alta de 2,3% para 2,5% no período. Uma possível explicação é a crise de Estados como o Rio, que têm pago com atraso os salários dos servidores públicos. Mesmo com o dinheiro extra, Rabi avalia que a inadimplência só deverá se estabilizar no segundo semestre, quando se espera que a economia volte a gerar empregos com mais vigor.
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Dívidas põem 61 milhões com nome sujo na praça, recorde desde 2012O país tem 61 milhões de pessoas com nome sujo na praça, segundo o birô de dados de crédito Serasa Experian. Trata-se de um novo recorde na série histórica da empresa, iniciada em 2012.Entre abril e maio, mais 900 mil pessoas atrasaram o pagamento de contas e foram incluídas na lista de devedores. O crescimento dos calotes acompanhou o desemprego e a queda da renda das famílias. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país tinha 13,8 milhões de desempregados no trimestre encerrado em maio. São incluídos no cadastro de inadimplentes do Serasa consumidores que não pagam dívidas como empréstimos pessoais, faturas do cartão de crédito e contas de luz e telefone, entre outras. Ao entrar na lista, essas pessoas deixam de ter acesso a crédito nos bancos e no varejo. Somadas, as dívidas em atraso alcançaram R$ 274,6 bilhões em maio, de acordo com os cálculos do Serasa. Isso significa que, em média, cada pessoa deve R$ 4.059. Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, afirma que, em média, cada devedor está em atraso com quatro credores diferentes —um banco e outras três empresas, entre concessionárias de serviços básicos e varejo, exemplifica. Ele ressalta, no entanto, que a inadimplência costuma aumentar em março e maio. Em março, porque vencem tributos como IPTU e IPVA. Em maio, por causa das compras de presentes de Dia das Mães sem planejamento. No ano passado, no entanto, o pico de inadimplência ocorreu em abril, quando 60 milhões de pessoas apareciam no cadastro de devedores. Na semana passada, o Banco Central indicou que houve um repique na inadimplência das operações de crédito em maio, apesar da liberação do dinheiro de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que deveria trazer alívio financeiro para os brasileiros. Os calotes subiram nas linhas mais caras, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. No cheque especial, a inadimplência subiu de 15% para 15,5% em maio. No rotativo, foi de 34,4% para 38%, diz o BC. A exceção foi o crédito com desconto em folha para funcionários públicos. Embora a linha conte com juros bem abaixo do mercado, os calotes tiveram leve alta de 2,3% para 2,5% no período. Uma possível explicação é a crise de Estados como o Rio, que têm pago com atraso os salários dos servidores públicos. Mesmo com o dinheiro extra, Rabi avalia que a inadimplência só deverá se estabilizar no segundo semestre, quando se espera que a economia volte a gerar empregos com mais vigor.
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Sucesso de público, McDonald's é eleito novamente melhor fast food
GUSTAVO SIMON COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A crítica diz que não gosta -mas, a gente sabe, até os maiores gourmands dão lá suas escapulidas. O público? Bem, o público dá seu veredito desde o primeiro "O Melhor de sãopaulo -Comidinhas & Guloseimas", em 2012. É um fenômeno, não importam as categorias: batata frita, milk-shake, hambúrguer, sorvete, lanchonete, rede de fast food... Em todas elas, já deu Mc na cabeça. Neste ano, de novo (!), em duas categorias, melhor lanchonete (para 24% dos entrevistados) e melhor sorveteria (para 7% entre os que souberam responder), segundo pesquisa Datafolha. Mas em São Paulo, a capital da gastronomia? Mas com o sorvete dito artesanal formando filas por aí? Mas com o hambúrguer "de raiz" dominando food trucks e lanchonetes bacanas? Mas... Que nos desculpem todos, com a voz do povo não tem mas. O McDonald's, trazido ao Brasil em 1979, é espécie de "comfort fast food". Comfort, sim. Qual comida de mãe, a gente (a crítica e o público) sabe que o Big Mac vai estar sempre lá, do mesmo jeitinho, com o mesmo sabor. E o Quarterão, e a batata, e as casquinhas... É outro fenômeno -industrial, talvez, mas um fenômeno. De que outra maneira explicar as filas constantes, a qualquer horário, em qualquer parte da cidade, em qualquer cidade? (A despeito de os balanços oficiais da empresa registrarem quedas de receita.) É que até novidades, como os recentes Grand Cheddar McMelt e Super Cheddar Bacon, ganham o público não pela capacidade de surpreender com novos sabores ou apelos "gourmet" (harmonização, acidez, untuosidade...). O que nos move é a certeza de repetir a experiência, de reencontrar aquele indefectível gostinho, por vezes até multiplicado, como nesses novos sanduíches -ainda que nem tanto quanto faça parecer a foto da propaganda... E, lado bom de ser fast food, de forma furtiva, assim como acontece com os melhores prazeres deliberadamente escondidos. * Lembre-se: se imagem é tudo, no caso das redes de fast food, é tudo o que você não vai encontrar dentro da caixinha. Mas mantenha a calma e concentre-se no sabor. Minha "refeição" por lá só fica completa depois de uma tortinha da maçã. * R. Henrique Schaumann, 80, Pinheiros, região oeste, tel. 3083-4248. 400 lugares. Seg. a dom.: 24 horas.
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Sucesso de público, McDonald's é eleito novamente melhor fast foodGUSTAVO SIMON COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A crítica diz que não gosta -mas, a gente sabe, até os maiores gourmands dão lá suas escapulidas. O público? Bem, o público dá seu veredito desde o primeiro "O Melhor de sãopaulo -Comidinhas & Guloseimas", em 2012. É um fenômeno, não importam as categorias: batata frita, milk-shake, hambúrguer, sorvete, lanchonete, rede de fast food... Em todas elas, já deu Mc na cabeça. Neste ano, de novo (!), em duas categorias, melhor lanchonete (para 24% dos entrevistados) e melhor sorveteria (para 7% entre os que souberam responder), segundo pesquisa Datafolha. Mas em São Paulo, a capital da gastronomia? Mas com o sorvete dito artesanal formando filas por aí? Mas com o hambúrguer "de raiz" dominando food trucks e lanchonetes bacanas? Mas... Que nos desculpem todos, com a voz do povo não tem mas. O McDonald's, trazido ao Brasil em 1979, é espécie de "comfort fast food". Comfort, sim. Qual comida de mãe, a gente (a crítica e o público) sabe que o Big Mac vai estar sempre lá, do mesmo jeitinho, com o mesmo sabor. E o Quarterão, e a batata, e as casquinhas... É outro fenômeno -industrial, talvez, mas um fenômeno. De que outra maneira explicar as filas constantes, a qualquer horário, em qualquer parte da cidade, em qualquer cidade? (A despeito de os balanços oficiais da empresa registrarem quedas de receita.) É que até novidades, como os recentes Grand Cheddar McMelt e Super Cheddar Bacon, ganham o público não pela capacidade de surpreender com novos sabores ou apelos "gourmet" (harmonização, acidez, untuosidade...). O que nos move é a certeza de repetir a experiência, de reencontrar aquele indefectível gostinho, por vezes até multiplicado, como nesses novos sanduíches -ainda que nem tanto quanto faça parecer a foto da propaganda... E, lado bom de ser fast food, de forma furtiva, assim como acontece com os melhores prazeres deliberadamente escondidos. * Lembre-se: se imagem é tudo, no caso das redes de fast food, é tudo o que você não vai encontrar dentro da caixinha. Mas mantenha a calma e concentre-se no sabor. Minha "refeição" por lá só fica completa depois de uma tortinha da maçã. * R. Henrique Schaumann, 80, Pinheiros, região oeste, tel. 3083-4248. 400 lugares. Seg. a dom.: 24 horas.
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Dólar recua e fecha a R$ 3,816 após intervenção do Banco Central
A atuação mais intensa do Banco Central no câmbio influenciou a queda do dólar nesta terça-feira (8), depois de a moeda americana ter subido mais de 7% na semana passada e ultrapassado R$ 3,85. O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, recuou 1,11%, para R$ 3,816 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,71%, para R$ 3,809 na venda. Diante da escalada recente do dólar, o BC realizou nesta terça-feira um leilão de empréstimos de US$ 3 bilhões das reservas internacionais. Na segunda (7), o mercado esteve fechado por causa do feriado de Independência. EFEITO CAMBIAL - Dólar, em R$ A instituição já vem atuando diariamente no mercado por meio da renegociação de contratos de câmbio (swap cambial) para suprir parte da demanda por moeda estrangeira. Mas isso não impediu que o dólar acumulasse alta de mais de 40% neste ano, até agora. O novo empréstimo foi dividido em dois leilões que foram realizados entre 15h30 e 15h55 (de Brasília), nesta terça. O montante negociado na primeira operação ficou emprestado até 4 de novembro. Os negócios fechados na segunda etapa têm vencimento em 2 de dezembro. Nessas datas, os dólares são recomprados pelo BC e voltam para as reservas, que estão atualmente em US$ 370,3 bilhões. Segundo operadores, a presença mais atuante do BC no mercado é positiva, pois visa reduzir a volatilidade da moeda americana, embora não impeça sua valorização. Na semana passada, da Nomura Securities e o banco americano JP Morgan elevaram suas projeções para o dólar, prevendo que a divisa encerrará o ano a R$ 4 e R$ 4,10, respectivamente. As projeções anteriores eram de R$ 3,40 e R$ 3,55. Os juros futuros acompanharam o alívio do dólar e fecharam em queda –ainda que estejam em patamares considerados bastante elevados, compatíveis com um cenário de muitas incertezas. O contrato de DI com vencimento em janeiro de 2017 fechou em 14,86%, ante 15,04% no fechamento da sexta-feira. Já o DI para janeiro de 2021 teve taxa de 14,80%, ante 15,01% na sessão anterior. FISCAL "A queda dos juros reflete uma perspectiva um pouco mais otimista dos investidores após declarações do ministro da Fazenda [Joaquim Levy] no final de semana sobre preservar a meta de superavit fiscal de 0,7% do PIB em 2016", disse Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho. "O desafio é grande, mas o Levy sabe que aceitar um deficit para o próximo ano é jogar a toalha e ele não parece querer isso. Tem se falado muito na criação de impostos temporários para reforçar a arrecadação. Quem sabe isso pode ajudar o governo a melhorar o quadro fiscal do país", afirmou. "Mas tem que se falar mais em novos cortes de despesas públicas também." No geral, a preocupação com as contas públicas brasileiras deve continuar pressionando o dólar para cima e a Bolsa para baixo, segundo analistas. O ministro da Fazenda previu à Folha ser difícil haver queda de juros e de inflação no começo de 2016 no Brasil caso os entraves fiscais não sejam corrigidos imediatamente. NO AZUL Na Bolsa, o principal índice de ações da BM&FBovespa fechou no azul, acompanhando o bom humor nos mercados acionários internacionais. O Ibovespa subiu 0,57%, para 46.762 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,319 bilhões. No exterior, os índices de Nova York ganharam mais de 2%, enquanto as Bolsas europeias tiveram valorizações superiores a 1%. Há expectativas de que, após fraca leitura dos mais recentes dados sobre o comércio exterior da China, o BC chinês injete mais estímulos para a recuperação da segunda maior economia do mundo –e principal parceiro comercial do Brasil. Por este motivo, os preços das commodities subiram, empurrando para cima as ações de grandes produtores de matérias-primas. "O ambiente de maior apetite ao risco no mundo, por causa da China, ajudou o Ibovespa na sessão. Nesse cenário, os mercados emergentes, que proporcionam risco maior, acabam se beneficiando", disse Leonardo Bardese, estrategista da BGC Liquidez. "Apesar da alta de hoje, [o Ibovespa] continua em tendência de queda. O ambiente político e econômico está muito complicado. As contas públicas estão desequilibradas e o governo não consegue chegar a um ajuste fiscal efetivo", disse Hegedus, da Lopes Filho. AÇÕES O dia marcou a estreia da nova carteira teórica do Ibovespa que irá vigorar até 30 de dezembro e que traz entre as novidades os papéis de Raia Drogasil e Equatorial Energia. Ambos subiram ao longo do dia, mas fecharam com sinais opostos: o primeiro teve ganho de 1,49%, para R$ 38,88, enquanto o segundo terminou com desvalorização de 0,67%, a R$ 32,48. As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) de Petrobras e Vale ajudaram a sustentar o ganho do Ibovespa, com altas de 1,53% e 4,28%, nesta ordem. O mesmo ocorreu com os papéis do setor bancário, segmento com maior peso dentro do índice, com Itaú e Bradesco ganhando mais de 1%. Quem liderou a ponta positiva do Ibovespa foi a ação preferencial da Usiminas, com ganho de 7,80%, a R$ 3,73. Também no setor siderúrgico, a CSN subiu 5,71%, enquanto a Gerdau teve valorização de 3,29%. O movimento se deu após a Gerdau ter anunciado aos clientes reajuste de 15% nos preços de aços longos, segundo reportagem da "Agência Estado". Em sentido oposto, as ações da concessionária CCR lideraram as perdas do Ibovespa, com queda de 6,76%, para R$ 13,10 cada uma. No mesmo setor, os papéis da EcoRodovias registraram perda de 0,78%, a R$ 6,34. Uma decisão da Justiça antecipou o fim da concessão do sistema Anhanguera-Bandeirantes para 2018 e o governo Geraldo Alckmin (PSDB) cogita uma nova licitação que pode baixar o valor do pedágio. Com agências de notícias
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Dólar recua e fecha a R$ 3,816 após intervenção do Banco CentralA atuação mais intensa do Banco Central no câmbio influenciou a queda do dólar nesta terça-feira (8), depois de a moeda americana ter subido mais de 7% na semana passada e ultrapassado R$ 3,85. O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, recuou 1,11%, para R$ 3,816 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,71%, para R$ 3,809 na venda. Diante da escalada recente do dólar, o BC realizou nesta terça-feira um leilão de empréstimos de US$ 3 bilhões das reservas internacionais. Na segunda (7), o mercado esteve fechado por causa do feriado de Independência. EFEITO CAMBIAL - Dólar, em R$ A instituição já vem atuando diariamente no mercado por meio da renegociação de contratos de câmbio (swap cambial) para suprir parte da demanda por moeda estrangeira. Mas isso não impediu que o dólar acumulasse alta de mais de 40% neste ano, até agora. O novo empréstimo foi dividido em dois leilões que foram realizados entre 15h30 e 15h55 (de Brasília), nesta terça. O montante negociado na primeira operação ficou emprestado até 4 de novembro. Os negócios fechados na segunda etapa têm vencimento em 2 de dezembro. Nessas datas, os dólares são recomprados pelo BC e voltam para as reservas, que estão atualmente em US$ 370,3 bilhões. Segundo operadores, a presença mais atuante do BC no mercado é positiva, pois visa reduzir a volatilidade da moeda americana, embora não impeça sua valorização. Na semana passada, da Nomura Securities e o banco americano JP Morgan elevaram suas projeções para o dólar, prevendo que a divisa encerrará o ano a R$ 4 e R$ 4,10, respectivamente. As projeções anteriores eram de R$ 3,40 e R$ 3,55. Os juros futuros acompanharam o alívio do dólar e fecharam em queda –ainda que estejam em patamares considerados bastante elevados, compatíveis com um cenário de muitas incertezas. O contrato de DI com vencimento em janeiro de 2017 fechou em 14,86%, ante 15,04% no fechamento da sexta-feira. Já o DI para janeiro de 2021 teve taxa de 14,80%, ante 15,01% na sessão anterior. FISCAL "A queda dos juros reflete uma perspectiva um pouco mais otimista dos investidores após declarações do ministro da Fazenda [Joaquim Levy] no final de semana sobre preservar a meta de superavit fiscal de 0,7% do PIB em 2016", disse Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho. "O desafio é grande, mas o Levy sabe que aceitar um deficit para o próximo ano é jogar a toalha e ele não parece querer isso. Tem se falado muito na criação de impostos temporários para reforçar a arrecadação. Quem sabe isso pode ajudar o governo a melhorar o quadro fiscal do país", afirmou. "Mas tem que se falar mais em novos cortes de despesas públicas também." No geral, a preocupação com as contas públicas brasileiras deve continuar pressionando o dólar para cima e a Bolsa para baixo, segundo analistas. O ministro da Fazenda previu à Folha ser difícil haver queda de juros e de inflação no começo de 2016 no Brasil caso os entraves fiscais não sejam corrigidos imediatamente. NO AZUL Na Bolsa, o principal índice de ações da BM&FBovespa fechou no azul, acompanhando o bom humor nos mercados acionários internacionais. O Ibovespa subiu 0,57%, para 46.762 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,319 bilhões. No exterior, os índices de Nova York ganharam mais de 2%, enquanto as Bolsas europeias tiveram valorizações superiores a 1%. Há expectativas de que, após fraca leitura dos mais recentes dados sobre o comércio exterior da China, o BC chinês injete mais estímulos para a recuperação da segunda maior economia do mundo –e principal parceiro comercial do Brasil. Por este motivo, os preços das commodities subiram, empurrando para cima as ações de grandes produtores de matérias-primas. "O ambiente de maior apetite ao risco no mundo, por causa da China, ajudou o Ibovespa na sessão. Nesse cenário, os mercados emergentes, que proporcionam risco maior, acabam se beneficiando", disse Leonardo Bardese, estrategista da BGC Liquidez. "Apesar da alta de hoje, [o Ibovespa] continua em tendência de queda. O ambiente político e econômico está muito complicado. As contas públicas estão desequilibradas e o governo não consegue chegar a um ajuste fiscal efetivo", disse Hegedus, da Lopes Filho. AÇÕES O dia marcou a estreia da nova carteira teórica do Ibovespa que irá vigorar até 30 de dezembro e que traz entre as novidades os papéis de Raia Drogasil e Equatorial Energia. Ambos subiram ao longo do dia, mas fecharam com sinais opostos: o primeiro teve ganho de 1,49%, para R$ 38,88, enquanto o segundo terminou com desvalorização de 0,67%, a R$ 32,48. As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) de Petrobras e Vale ajudaram a sustentar o ganho do Ibovespa, com altas de 1,53% e 4,28%, nesta ordem. O mesmo ocorreu com os papéis do setor bancário, segmento com maior peso dentro do índice, com Itaú e Bradesco ganhando mais de 1%. Quem liderou a ponta positiva do Ibovespa foi a ação preferencial da Usiminas, com ganho de 7,80%, a R$ 3,73. Também no setor siderúrgico, a CSN subiu 5,71%, enquanto a Gerdau teve valorização de 3,29%. O movimento se deu após a Gerdau ter anunciado aos clientes reajuste de 15% nos preços de aços longos, segundo reportagem da "Agência Estado". Em sentido oposto, as ações da concessionária CCR lideraram as perdas do Ibovespa, com queda de 6,76%, para R$ 13,10 cada uma. No mesmo setor, os papéis da EcoRodovias registraram perda de 0,78%, a R$ 6,34. Uma decisão da Justiça antecipou o fim da concessão do sistema Anhanguera-Bandeirantes para 2018 e o governo Geraldo Alckmin (PSDB) cogita uma nova licitação que pode baixar o valor do pedágio. Com agências de notícias
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Último volume da Coleção Folha apresenta clássico natalino de Dickens
No dia 28, chega às bancas o 28º e último volume da Coleção Folha Minha Primeira Biblioteca: a adaptação de "Um Conto de Natal" (R$ 18,90), clássico de 1843 de Charles Dickens. Ela retrata a transformação de Ebenezer Scrooge, um pão-duro que acreditava que ganhar dinheiro era mais importante que tudo. Em dezembro, ele recebe a visita de três espíritos: o dos Natais Passados, o do Natal Presente e o dos Natais Futuros. Com cada um, Scrooge testemunha diferentes momentos de sua vida e percebe que aquilo que havia se tornado não era positivo. A adaptação é assinada por Silvia Oberg e ilustrada por André Rocca.
ilustrada
Último volume da Coleção Folha apresenta clássico natalino de DickensNo dia 28, chega às bancas o 28º e último volume da Coleção Folha Minha Primeira Biblioteca: a adaptação de "Um Conto de Natal" (R$ 18,90), clássico de 1843 de Charles Dickens. Ela retrata a transformação de Ebenezer Scrooge, um pão-duro que acreditava que ganhar dinheiro era mais importante que tudo. Em dezembro, ele recebe a visita de três espíritos: o dos Natais Passados, o do Natal Presente e o dos Natais Futuros. Com cada um, Scrooge testemunha diferentes momentos de sua vida e percebe que aquilo que havia se tornado não era positivo. A adaptação é assinada por Silvia Oberg e ilustrada por André Rocca.
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Um prólogo inédito para 'Game of Thrones', só que em língua valenciana
Enquanto esperam mais dois longos invernos pela última temporada de "Game of Thrones", espanhóis terão um alento: o livro "Rogues", organizado por George R.R. Martin, criador da série, será publicado no país em breve. A obra inclui um conto ambientado no continente de Westeros (onde se passa a maior parte da trama de "Game") cem anos antes da série, com valiosas informações sobre o clã Targaryen. Mas felicidade de dragão dura pouco, como bem sabe quem assiste ao programa, e o texto estará inicialmente disponível apenas em valenciano, um dialeto falado por 2,4 milhões de nativos. Só meses depois o complemento a "Joc de Trons" chegará ao castelhano e a seus 570 milhões de falantes. O diretor da editora Llibres de L'Encobert, José López Camarillas, explicou a decisão ao jornal "Vanguardia": é uma maneira de pôr em evidência sua língua regional, de valorizar a cultura de um dos reinados –não de Westeros, mas da Espanha. Esses incentivos são recorrentes no país, e o peso dado aos idiomas se emaranha à política. Tamanha é a sensibilidade do tema que a mídia espanhola ainda discute as implicações de um chefe policial ter explicado à imprensa em catalão os detalhes do atentado terrorista de 17 de agosto em Barcelona. O jornalista holandês Marcel Haenen se frustrou com as informações, limitadas à língua regional, e deixou o local. O chefe de polícia disse, como quem não se importa: "Bueno, pues molt bé, pues adiós" (bom, pois muito bem, pois adeus). TODO CARNAVAL TEM SEU FIM Com o fim de agosto, a Espanha entrou em um período que equivale ao nosso fim de Carnaval –escritórios voltaram a funcionar, médicos voltaram a atender, as ruas se encheram outra vez. As férias de verão, com temperaturas que chegaram aos 40º C, foram encerradas por festas tradicionais em toda a região de Madri, marcadas neste ano pelo incremento na segurança. As autoridades temem que algo de dimensão similar à do atentado de Barcelona se produza em outras paragens. Houve 16 mortos nos ataques da Catalunha. Em Colmenar Viejo, povoado de 48 mil habitantes, a polícia ergueu barreiras de concreto para controlar a entrada de pedestres. Veículos de segurança foram posicionados em ziguezague para impedir que automóveis se chocassem contra o público. Em Alcalá de Henares, de 195 mil habitantes, onde nasceu Miguel de Cervantes (1547-1616), o tráfego foi suspenso em todo o centro. Já em Alcorcón, de 167 mil habitantes, a segurança será feita por 235 policiais e um sem-fim de câmaras –as festanças ali se arrastam até 10 de setembro. TURISMO PARA TODOS Não basta na Espanha que um vilarejo tenha castelos e igrejinhas medievais. Como essas atrações se distribuem democraticamente pelo território, a arquitetura antiga não serve de diferencial. Os turistas acabam então se amontoando nos cartões postais de "toda la vida", como se diz ali –Toledo, Ávila, Segóvia. Para espalhar um pouco melhor os visitantes e assim socializar os lucros, o governo da região de Madri está financiando programas de incentivo ao turismo em pequenos povoados. O projeto existe desde 2014 e passa agora a incluir cidades de menos de 200 habitantes, como Patones de Arriba e Torrelaguna. São auspiciosos os precedentes –o número de turistas em Nuevo Baztán, por exemplo, saltou de 8.500 a 15.000 entre 2014 e 2017. A iniciativa já inclui 11 municípios. PENSANDO NA MORTE DA PESETA O Banco da Espanha recentemente recontou seu vil metal e anunciou, no fim de agosto, que há 1,6 bilhão de euros (cerca de R$ 6,1 bilhões) desaparecidos. "No limbo", como descreveu o jornal "El País". É o montante de dinheiro que ainda existe em forma de pesetas, a antiga moeda espanhola, provavelmente escondido embaixo de colchões ou dentro de porquinhos. A Espanha aderiu ao euro em 1º de janeiro de 2002 e decretou ali a morte da peseta, depois de 133 anos de circulação. É uma morte lenta, e essa pesada moeda ainda poderá ser trocada por euros até o primeiro dia de 2021. Mas os proprietários precisam acelerar um pouco o passo –no atual ritmo, esse câmbio demoraria 130 anos. DIOGO BERCITO, 29, é correspondente da Folha em Madri e assina os blogs Mundialíssimo e Orientalíssimo no site do jornal.
ilustrissima
Um prólogo inédito para 'Game of Thrones', só que em língua valencianaEnquanto esperam mais dois longos invernos pela última temporada de "Game of Thrones", espanhóis terão um alento: o livro "Rogues", organizado por George R.R. Martin, criador da série, será publicado no país em breve. A obra inclui um conto ambientado no continente de Westeros (onde se passa a maior parte da trama de "Game") cem anos antes da série, com valiosas informações sobre o clã Targaryen. Mas felicidade de dragão dura pouco, como bem sabe quem assiste ao programa, e o texto estará inicialmente disponível apenas em valenciano, um dialeto falado por 2,4 milhões de nativos. Só meses depois o complemento a "Joc de Trons" chegará ao castelhano e a seus 570 milhões de falantes. O diretor da editora Llibres de L'Encobert, José López Camarillas, explicou a decisão ao jornal "Vanguardia": é uma maneira de pôr em evidência sua língua regional, de valorizar a cultura de um dos reinados –não de Westeros, mas da Espanha. Esses incentivos são recorrentes no país, e o peso dado aos idiomas se emaranha à política. Tamanha é a sensibilidade do tema que a mídia espanhola ainda discute as implicações de um chefe policial ter explicado à imprensa em catalão os detalhes do atentado terrorista de 17 de agosto em Barcelona. O jornalista holandês Marcel Haenen se frustrou com as informações, limitadas à língua regional, e deixou o local. O chefe de polícia disse, como quem não se importa: "Bueno, pues molt bé, pues adiós" (bom, pois muito bem, pois adeus). TODO CARNAVAL TEM SEU FIM Com o fim de agosto, a Espanha entrou em um período que equivale ao nosso fim de Carnaval –escritórios voltaram a funcionar, médicos voltaram a atender, as ruas se encheram outra vez. As férias de verão, com temperaturas que chegaram aos 40º C, foram encerradas por festas tradicionais em toda a região de Madri, marcadas neste ano pelo incremento na segurança. As autoridades temem que algo de dimensão similar à do atentado de Barcelona se produza em outras paragens. Houve 16 mortos nos ataques da Catalunha. Em Colmenar Viejo, povoado de 48 mil habitantes, a polícia ergueu barreiras de concreto para controlar a entrada de pedestres. Veículos de segurança foram posicionados em ziguezague para impedir que automóveis se chocassem contra o público. Em Alcalá de Henares, de 195 mil habitantes, onde nasceu Miguel de Cervantes (1547-1616), o tráfego foi suspenso em todo o centro. Já em Alcorcón, de 167 mil habitantes, a segurança será feita por 235 policiais e um sem-fim de câmaras –as festanças ali se arrastam até 10 de setembro. TURISMO PARA TODOS Não basta na Espanha que um vilarejo tenha castelos e igrejinhas medievais. Como essas atrações se distribuem democraticamente pelo território, a arquitetura antiga não serve de diferencial. Os turistas acabam então se amontoando nos cartões postais de "toda la vida", como se diz ali –Toledo, Ávila, Segóvia. Para espalhar um pouco melhor os visitantes e assim socializar os lucros, o governo da região de Madri está financiando programas de incentivo ao turismo em pequenos povoados. O projeto existe desde 2014 e passa agora a incluir cidades de menos de 200 habitantes, como Patones de Arriba e Torrelaguna. São auspiciosos os precedentes –o número de turistas em Nuevo Baztán, por exemplo, saltou de 8.500 a 15.000 entre 2014 e 2017. A iniciativa já inclui 11 municípios. PENSANDO NA MORTE DA PESETA O Banco da Espanha recentemente recontou seu vil metal e anunciou, no fim de agosto, que há 1,6 bilhão de euros (cerca de R$ 6,1 bilhões) desaparecidos. "No limbo", como descreveu o jornal "El País". É o montante de dinheiro que ainda existe em forma de pesetas, a antiga moeda espanhola, provavelmente escondido embaixo de colchões ou dentro de porquinhos. A Espanha aderiu ao euro em 1º de janeiro de 2002 e decretou ali a morte da peseta, depois de 133 anos de circulação. É uma morte lenta, e essa pesada moeda ainda poderá ser trocada por euros até o primeiro dia de 2021. Mas os proprietários precisam acelerar um pouco o passo –no atual ritmo, esse câmbio demoraria 130 anos. DIOGO BERCITO, 29, é correspondente da Folha em Madri e assina os blogs Mundialíssimo e Orientalíssimo no site do jornal.
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Colônias do interior falam idioma que não existe mais nem em outros países
Quando elas se encontram, é difícil acompanhar o que falam as mulheres de Colombo, cidade no interior do Paraná a apenas 15 km de Curitiba. Em meio às frases em português, soltam um "Ma varda, che bruti mistiri" ("mas olhe, que coisa feia"), ou "Sboraminti, tusi" (algo como "meninada bagunceira"). Parece italiano, mas não é. Entre gargalhadas e memórias, elas exercitam o vêneto, dialeto da terra dos pais e avós que quase não existe mais nem na Itália. "É uma viagem no tempo", diz a pesquisadora italiana Giorgia Miazzo, 39, que é doutora em linguística pela Universidade de Veneza e visitou a região neste ano. "É lá que estão os últimos italianos." Colônias como a de Colombo preservam idiomas e tradições quase perdidos nos países de origem –e atraem pesquisadores que querem saber como eles se mantiveram quase 200 anos após o início da imigração do século 19. O isolamento e a religiosidade dos imigrantes ajudam a explicar o porquê. "É uma outra dinâmica: são pequenos municípios, a maioria de cunho rural, onde a mobilidade é muito pequena", diz a professora da Universidade Federal da Fronteira Sul Cristiane Horst, que estuda o alemão falado no Brasil –conhecido como hunsriqueano. Entre os descendentes alemães do oeste catarinense, por exemplo, zepelin é sinônimo de avião, e caminhão, que nem existia à época da imigração, ganhou uma terminação alemã: caminhong. "É praticamente aquela língua que chegou ao Brasil em 1824", diz Horst. Na colônia italiana de Colombo, ocorre o mesmo. Pia ainda é chamada pelos mais velhos de "seciaro" (fala-se "setiaro"), um antigo móvel em que se penduravam baldes para enxaguar a louça. Há descendentes que ainda preservam expressões do século 17. É o caso da colônia russa de Santa Cruz, no interior do Paraná. O local foi tema de pesquisa da professora Olga Rovnova, do Instituto de Língua Russa Vinográdov, que estuda o dialeto dos chamados "fiéis antigos", ou starovéri. São russos que deixaram o país no século 17, por perseguição religiosa, migraram para a China e, depois, para o Brasil. O isolamento da colônia, que vive da agricultura, fez com que a língua se preservasse quase intacta. TRADIÇÃO Junto ao idioma, tradições também se preservaram. Entre imigrantes da Ucrânia, país que sofreu com o domínio soviético por quase todo o século 20, costumes como a pêssanka, ovos decorados com celebrações à primavera e à Páscoa, se mantiveram por muito tempo mais fortes no Brasil do que lá. "Tudo foi proibido durante o regime soviético; quem mantinha era em segredo", diz a descendente Mirna Voloschen, 51, que vive em Curitiba e é diretora da Sociedade Ucraniana do Brasil. Na década de 1990, brasileiros que estiveram na Ucrânia após a independência do país ajudaram a revitalizar o costume do pêssanka por lá. Manter os costumes e o idioma é desafiador para muitos descendentes no Brasil. No interior, crianças ainda são alfabetizadas em alemão ou ucraniano e só aprendem o português na escola. Já em Colombo, só os mais velhos falam vêneto. De tradição oral, ele é de difícil transmissão –na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a proibição de idiomas estrangeiros no Brasil acabou intimidando os falantes. "Uma vez chamei minha professora de maestra. Para quê... Quebrou a régua na minha cabeça", lembra a comerciante Maristela Cavassin, 54. "Infelizmente, a língua está se perdendo. Da minha idade, só conheço uns seis que falam", afirma o pesquisador Fábio Machioski, 33, coordenador do museu e membro da associação italiana da cidade. O talian, variação "abrasileirada" do vêneto e falada em colônias do Sul, já é considerado um idioma cooficial em algumas cidades e foi reconhecido como referência cultural brasileira em 2014. O mesmo esforço está sendo feito com o hunsriqueano, a variante do alemão: pesquisadores estão trabalhando num inventário de palavras para vê-lo reconhecido como patrimônio cultural imaterial. Para o antropólogo Paulo Guérios, da Universidade Federal do Paraná, que estudou a imigração ucraniana, os costumes e idiomas só permanecem se ainda fazem sentido e é natural que se mesclem à cultura brasileira. "Elementos culturais mudam, e o purismo está ligado à retórica da perda: a impressão de que no passado havia algo puro, que foi perdido. O importante é que os elementos vitais fiquem se ainda têm significado", explica.
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Colônias do interior falam idioma que não existe mais nem em outros paísesQuando elas se encontram, é difícil acompanhar o que falam as mulheres de Colombo, cidade no interior do Paraná a apenas 15 km de Curitiba. Em meio às frases em português, soltam um "Ma varda, che bruti mistiri" ("mas olhe, que coisa feia"), ou "Sboraminti, tusi" (algo como "meninada bagunceira"). Parece italiano, mas não é. Entre gargalhadas e memórias, elas exercitam o vêneto, dialeto da terra dos pais e avós que quase não existe mais nem na Itália. "É uma viagem no tempo", diz a pesquisadora italiana Giorgia Miazzo, 39, que é doutora em linguística pela Universidade de Veneza e visitou a região neste ano. "É lá que estão os últimos italianos." Colônias como a de Colombo preservam idiomas e tradições quase perdidos nos países de origem –e atraem pesquisadores que querem saber como eles se mantiveram quase 200 anos após o início da imigração do século 19. O isolamento e a religiosidade dos imigrantes ajudam a explicar o porquê. "É uma outra dinâmica: são pequenos municípios, a maioria de cunho rural, onde a mobilidade é muito pequena", diz a professora da Universidade Federal da Fronteira Sul Cristiane Horst, que estuda o alemão falado no Brasil –conhecido como hunsriqueano. Entre os descendentes alemães do oeste catarinense, por exemplo, zepelin é sinônimo de avião, e caminhão, que nem existia à época da imigração, ganhou uma terminação alemã: caminhong. "É praticamente aquela língua que chegou ao Brasil em 1824", diz Horst. Na colônia italiana de Colombo, ocorre o mesmo. Pia ainda é chamada pelos mais velhos de "seciaro" (fala-se "setiaro"), um antigo móvel em que se penduravam baldes para enxaguar a louça. Há descendentes que ainda preservam expressões do século 17. É o caso da colônia russa de Santa Cruz, no interior do Paraná. O local foi tema de pesquisa da professora Olga Rovnova, do Instituto de Língua Russa Vinográdov, que estuda o dialeto dos chamados "fiéis antigos", ou starovéri. São russos que deixaram o país no século 17, por perseguição religiosa, migraram para a China e, depois, para o Brasil. O isolamento da colônia, que vive da agricultura, fez com que a língua se preservasse quase intacta. TRADIÇÃO Junto ao idioma, tradições também se preservaram. Entre imigrantes da Ucrânia, país que sofreu com o domínio soviético por quase todo o século 20, costumes como a pêssanka, ovos decorados com celebrações à primavera e à Páscoa, se mantiveram por muito tempo mais fortes no Brasil do que lá. "Tudo foi proibido durante o regime soviético; quem mantinha era em segredo", diz a descendente Mirna Voloschen, 51, que vive em Curitiba e é diretora da Sociedade Ucraniana do Brasil. Na década de 1990, brasileiros que estiveram na Ucrânia após a independência do país ajudaram a revitalizar o costume do pêssanka por lá. Manter os costumes e o idioma é desafiador para muitos descendentes no Brasil. No interior, crianças ainda são alfabetizadas em alemão ou ucraniano e só aprendem o português na escola. Já em Colombo, só os mais velhos falam vêneto. De tradição oral, ele é de difícil transmissão –na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a proibição de idiomas estrangeiros no Brasil acabou intimidando os falantes. "Uma vez chamei minha professora de maestra. Para quê... Quebrou a régua na minha cabeça", lembra a comerciante Maristela Cavassin, 54. "Infelizmente, a língua está se perdendo. Da minha idade, só conheço uns seis que falam", afirma o pesquisador Fábio Machioski, 33, coordenador do museu e membro da associação italiana da cidade. O talian, variação "abrasileirada" do vêneto e falada em colônias do Sul, já é considerado um idioma cooficial em algumas cidades e foi reconhecido como referência cultural brasileira em 2014. O mesmo esforço está sendo feito com o hunsriqueano, a variante do alemão: pesquisadores estão trabalhando num inventário de palavras para vê-lo reconhecido como patrimônio cultural imaterial. Para o antropólogo Paulo Guérios, da Universidade Federal do Paraná, que estudou a imigração ucraniana, os costumes e idiomas só permanecem se ainda fazem sentido e é natural que se mesclem à cultura brasileira. "Elementos culturais mudam, e o purismo está ligado à retórica da perda: a impressão de que no passado havia algo puro, que foi perdido. O importante é que os elementos vitais fiquem se ainda têm significado", explica.
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Leitor diz que Levy fracassou e pede volta de Guido Mantega
Joaquim Levy admite faltar confiança na economia brasileira. Ora, um dos principais motivos da escolha do ministro era justamente por ser ele um nome capaz de trazer confiança aos mercados. Reconhecido o fracasso, melhor seria trazer de volta o "inconfiável" Guido Mantega, sob cuja gestão o Brasil obteve seus melhores resultados econômicos em décadas. Com o perdão dos frequentadores de restaurantes caros de São Paulo, é claro! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Leitor diz que Levy fracassou e pede volta de Guido MantegaJoaquim Levy admite faltar confiança na economia brasileira. Ora, um dos principais motivos da escolha do ministro era justamente por ser ele um nome capaz de trazer confiança aos mercados. Reconhecido o fracasso, melhor seria trazer de volta o "inconfiável" Guido Mantega, sob cuja gestão o Brasil obteve seus melhores resultados econômicos em décadas. Com o perdão dos frequentadores de restaurantes caros de São Paulo, é claro! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Retomada da economia nas cidades pode ajudar o país a prosperar
O Brasil enfrenta uma das mais longas e profundas crises econômicas de sua história. Paralelamente, assistimos aterrorizados a uma interminável sequência de revelações sobre as mais perversas e engenhosas formas de dilapidar o patrimônio público e extorquir, de forma covarde e criminosa, os direitos básicos da população mais pobre deste país. Estamos todos cientes de que reformas profundas são essenciais para a recolocação do país nos trilhos do desenvolvimento e da prosperidade econômica, embora nem todos estejam dispostos a abrir mão de privilégios ou a mudar a forma de pensar e agir. Nesse cenário complexo e obscuro, como podemos ajudar a reverter a crise e contribuir para que a retomada do crescimento econômico nas cidades ajude o Brasil a prosperar? O poder de fazer mudanças na política econômica, sabemos, não está nas cidades. As políticas que mais afetam a economia urbana são formuladas em níveis superiores de governo. Porém, tudo acontece nas cidades e é nelas que as políticas locais têm a capacidade de instrumentalizar e alavancar as políticas nacionais, gerando empregos e prosperidade. As cidades são capazes de produzir riquezas, captar o crescimento econômico nacional, retroalimentar o processo de produção e, assim, gerar um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento econômico. Um dos princípios básicos da economia urbana é que a localização e o tamanho das cidades são determinantes para sua riqueza. Desse modo, o desenvolvimento econômico das cidades de maior porte reverbera o progresso e a evolução dos polos em seu entorno. Portanto, o foco em medidas que incentivem o desenvolvimento econômico nas cidades de maior porte pode ser de grande ajuda no processo de recuperação econômica. Segundo o IBGE, em 2013, somente as capitais brasileiras contribuíram com aproximadamente 33% do PIB nacional, sendo a cidade de São Paulo, sozinha, responsável por 10,73% do PIB do país. O crescimento econômico da China, por exemplo, está firmemente ancorado no investimento em infraestrutura urbana, incluindo a mobilidade da produção e dos trabalhadores. A urbanização é vista como estratégica na redução da dependência chinesa em relação à demanda externa e à exportação. Mobilidade e acessibilidade são fatores fundamentais para alicerçar o crescimento econômico urbano e estão relacionados à capacidade das pessoas de alcançar os diversos destinos nas cidades, considerados os custos de transporte e tempo dispendido. Além desses, muitos outros fatores são importantes para o crescimento das cidades, apesar de muitas vezes serem impossíveis de quantificar, como as habilidades individuais de um prefeito ou de empreendedores que fazem a diferença. A administração municipal e o empresariado local, sem prejuízo de outras forças da sociedade, são fundamentais para estruturar e fortalecer o processo de crescimento e desenvolvimento das cidades. Não posso deixar de mencionar a importância econômica do mercado imobiliário e da construção civil no modelo de desenvolvimento urbano. Medidas indutoras e estimuladoras do processo de produção imobiliária, alicerçadas na criação de condições para atendimento da enorme demanda por habitação no país, tanto em aspectos ligados à viabilização da aquisição quanto à produção, podem ser fundamentais para ajudar a estruturar o crescimento da economia brasileira.
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Retomada da economia nas cidades pode ajudar o país a prosperarO Brasil enfrenta uma das mais longas e profundas crises econômicas de sua história. Paralelamente, assistimos aterrorizados a uma interminável sequência de revelações sobre as mais perversas e engenhosas formas de dilapidar o patrimônio público e extorquir, de forma covarde e criminosa, os direitos básicos da população mais pobre deste país. Estamos todos cientes de que reformas profundas são essenciais para a recolocação do país nos trilhos do desenvolvimento e da prosperidade econômica, embora nem todos estejam dispostos a abrir mão de privilégios ou a mudar a forma de pensar e agir. Nesse cenário complexo e obscuro, como podemos ajudar a reverter a crise e contribuir para que a retomada do crescimento econômico nas cidades ajude o Brasil a prosperar? O poder de fazer mudanças na política econômica, sabemos, não está nas cidades. As políticas que mais afetam a economia urbana são formuladas em níveis superiores de governo. Porém, tudo acontece nas cidades e é nelas que as políticas locais têm a capacidade de instrumentalizar e alavancar as políticas nacionais, gerando empregos e prosperidade. As cidades são capazes de produzir riquezas, captar o crescimento econômico nacional, retroalimentar o processo de produção e, assim, gerar um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento econômico. Um dos princípios básicos da economia urbana é que a localização e o tamanho das cidades são determinantes para sua riqueza. Desse modo, o desenvolvimento econômico das cidades de maior porte reverbera o progresso e a evolução dos polos em seu entorno. Portanto, o foco em medidas que incentivem o desenvolvimento econômico nas cidades de maior porte pode ser de grande ajuda no processo de recuperação econômica. Segundo o IBGE, em 2013, somente as capitais brasileiras contribuíram com aproximadamente 33% do PIB nacional, sendo a cidade de São Paulo, sozinha, responsável por 10,73% do PIB do país. O crescimento econômico da China, por exemplo, está firmemente ancorado no investimento em infraestrutura urbana, incluindo a mobilidade da produção e dos trabalhadores. A urbanização é vista como estratégica na redução da dependência chinesa em relação à demanda externa e à exportação. Mobilidade e acessibilidade são fatores fundamentais para alicerçar o crescimento econômico urbano e estão relacionados à capacidade das pessoas de alcançar os diversos destinos nas cidades, considerados os custos de transporte e tempo dispendido. Além desses, muitos outros fatores são importantes para o crescimento das cidades, apesar de muitas vezes serem impossíveis de quantificar, como as habilidades individuais de um prefeito ou de empreendedores que fazem a diferença. A administração municipal e o empresariado local, sem prejuízo de outras forças da sociedade, são fundamentais para estruturar e fortalecer o processo de crescimento e desenvolvimento das cidades. Não posso deixar de mencionar a importância econômica do mercado imobiliário e da construção civil no modelo de desenvolvimento urbano. Medidas indutoras e estimuladoras do processo de produção imobiliária, alicerçadas na criação de condições para atendimento da enorme demanda por habitação no país, tanto em aspectos ligados à viabilização da aquisição quanto à produção, podem ser fundamentais para ajudar a estruturar o crescimento da economia brasileira.
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Com greve de professores, governo faz proposta para melhorias a temporário
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo apresenta nesta segunda-feira (30) à Apeoesp (sindicato dos professores) proposta para melhorar condições aos docentes temporários da rede. Essa é uma das reivindicações do sindicato, que aprovou greve neste mês. Mas a principal pauta dos grevistas é o reajuste salarial de 75%, que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz não ter condições de atender. Segundo a Folha apurou, o governo apresenta, em reunião que está em curso entre secretaria e sindicato, projeto para que o período que os temporários devem ficar fora da rede após um ano de trabalho caia de 200 para 40 dias. Com a regra atual, os temporários têm de ficar praticamente um ano fora da rede, após um ano de trabalho. O período de 40 dias vale apenas para o primeiro ano de atuação (nos seguintes, a "quarentena" sobe para os 200 dias). O governo adotou períodos de "quarentena" para que os docentes não possam reivindicar vínculo empregatício com o Estado. Como os 40 dias equivalem ao período de férias de fim de ano, diz a secretaria, na prática a quarentena acaba. O sindicato, porém, reivindica o fim total do período. Outra proposta é que os temporários passem a ter direito ao Iamspe, serviço de atendimento médico do Estado. As duas mudanças dependem de alteração na legislação. As propostas são apresentadas após manifestação feita na sexta-feira, em que os grevistas ocuparam quase toda a extensão da rua da Consolação, no sentido Paulista-centro. Na próxima quinta-feira (2), véspera do feriado, deve haver nova assembleia da categoria. A secretaria diz que a reunião desta segunda já estava marcada antes mesmo da deflagração da greve. Veja imagens
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Com greve de professores, governo faz proposta para melhorias a temporárioA Secretaria de Estado da Educação de São Paulo apresenta nesta segunda-feira (30) à Apeoesp (sindicato dos professores) proposta para melhorar condições aos docentes temporários da rede. Essa é uma das reivindicações do sindicato, que aprovou greve neste mês. Mas a principal pauta dos grevistas é o reajuste salarial de 75%, que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz não ter condições de atender. Segundo a Folha apurou, o governo apresenta, em reunião que está em curso entre secretaria e sindicato, projeto para que o período que os temporários devem ficar fora da rede após um ano de trabalho caia de 200 para 40 dias. Com a regra atual, os temporários têm de ficar praticamente um ano fora da rede, após um ano de trabalho. O período de 40 dias vale apenas para o primeiro ano de atuação (nos seguintes, a "quarentena" sobe para os 200 dias). O governo adotou períodos de "quarentena" para que os docentes não possam reivindicar vínculo empregatício com o Estado. Como os 40 dias equivalem ao período de férias de fim de ano, diz a secretaria, na prática a quarentena acaba. O sindicato, porém, reivindica o fim total do período. Outra proposta é que os temporários passem a ter direito ao Iamspe, serviço de atendimento médico do Estado. As duas mudanças dependem de alteração na legislação. As propostas são apresentadas após manifestação feita na sexta-feira, em que os grevistas ocuparam quase toda a extensão da rua da Consolação, no sentido Paulista-centro. Na próxima quinta-feira (2), véspera do feriado, deve haver nova assembleia da categoria. A secretaria diz que a reunião desta segunda já estava marcada antes mesmo da deflagração da greve. Veja imagens
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Dilma Rousseff sanciona MP do Futebol
Após dias de impasse, a presidente Dilma Rousseff decidiu sancionar apenas com vetos técnicos a medida provisória que refinancia as dívidas fiscais dos clubes de futebol com a União. A sanção foi publicada em edição do "Diário Oficial da União" desta quarta-feira (5). Foram 36 vetos considerados "técnicos" ou "laterais" tanto por ministros de Dilma como por parlamentares da chamada "bancada da bola" ouvidos pela Folha. O relator da MP, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), afirmou que "a espinha dorsal" do que foi aprovado no Congresso "foi preservada". "Os clubes vão poder sair do atoleiro [financeiro] desde que adotem práticas administrativas responsáveis", completou. Para ele, o principal veto foi à instituição da sociedade empresarial. Hoje, os clubes têm natureza jurídica de sociedade civil sem fins lucrativos e a MP possibilitaria aos que desejassem migrar para a figura jurídica de sociedade empresarial, podendo captar recursos no mercado. "Vamos trabalhar para a derrubada desse veto", disse o deputado tucano. A presidente vetou ainda a chamada cláusula compensatória, que determinava que a multa mínima de rescisão contratual por parte do clube seria de 100% dos salários mensais a que teria direito o atleta até o fim da duração do contrato. O Congresso tinha mudado a rescisão para 50%, mas a presidente não aprovou a mudança. Aprovada pelo Senado em julho, em versão que reduz as punições aos clubes, a MP do Futebol, como ficou conhecida, estabelece contrapartidas para que eles possam quitar seus débitos, com regras de transparência e boa gestão, embora os deputados e senadores tenham suavizado os termos fixados inicialmente no texto. Na segunda-feira (3), era dada como certa a sanção de Dilma com apenas alguns vetos técnicos. Na manhã de terça (4), porém, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) pediu veto a um artigo que, segundo parlamentares que acompanharam a medida com atenção, inviabilizaria o resto da lei. Dilma e sua equipe discutiram por horas quais seriam os possíveis vetos à MP aprovada pelo Congresso –o Senado não fez mudanças no texto que veio da Câmara – mas, até o início da noite de terça, equipe econômica e núcleo político ainda não haviam chegado a um acordo. A presidente teria até a meia-noite para assinar a MP e publicá-la no DOU de quarta, mas o martelo só foi batido, contrariando Levy e sua equipe, na manhã de quarta. NOVAS REGRAS No acordo fechado no Congresso para garantir a aprovação da MP, o governo conseguiu manter a exigência de contrapartidas para refinanciar as dívidas dos clubes, mas teve que beneficiar federações e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Pressionados pela "bancada da bola', formada por parlamentares com ligações com clubes e federações, e pela CBF, os deputados e senadores retiraram a obrigatoriedade de extinção do déficit financeiro dos clubes até 2021. Eles ficam autorizados a ter até 5% de déficit a partir de 2019. O percentual tem que chegar em 10% a partir de janeiro de 2017, reduzindo gradualmente até os 5%. Na versão inicial, a MP determinava a redução para zero de déficit a partir de 2021. A exceção vale para clubes com faturamento anual inferior a R$ 5,4 milhões, que não precisarão cumprir as medidas de redução de déficit. A MP mantém a taxa Selic (taxa básica de juros) para corrigir o parcelamento das dívidas dos clubes. Os clubes também terão 240 meses para parcelar suas dívidas, apresentando suas Certidões Negativas de Débitos para poder participar de campeonatos oficiais, sob pena de rebaixamento para a série inferior. No entanto, só serão punidos quando o processo sobre a emissão da CND chegar à Justiça. Durante a discussão da MP, os deputados reduziram os descontos que serão aplicados nos juros e multas do dinheiro a ser parcelado. Ficou mantido o abatimento de 100% dos encargos legais para as entidades esportivas que aderirem ao programa de refinanciamento da MP. A MP determina que todos os clubes limitem em 80% de sua receita bruta os gastos com a folha de futebol profissional. Inicialmente, o valor era de 70%, garantindo maiores valores para outras modalidades ou futebol feminino -mas uma pressão de congressistas ligados à CBF conseguiu alterar o texto. A partir de janeiro de 2016, o clube terá de se adequar a outras exigências, como não gastar mais de 80% da receita bruta anual com direitos de imagem. Também a partir de 2016, o clube deverá manter investimentos mínimos na formação de atletas e no futebol feminino, entre outras medidas.
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Dilma Rousseff sanciona MP do FutebolApós dias de impasse, a presidente Dilma Rousseff decidiu sancionar apenas com vetos técnicos a medida provisória que refinancia as dívidas fiscais dos clubes de futebol com a União. A sanção foi publicada em edição do "Diário Oficial da União" desta quarta-feira (5). Foram 36 vetos considerados "técnicos" ou "laterais" tanto por ministros de Dilma como por parlamentares da chamada "bancada da bola" ouvidos pela Folha. O relator da MP, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), afirmou que "a espinha dorsal" do que foi aprovado no Congresso "foi preservada". "Os clubes vão poder sair do atoleiro [financeiro] desde que adotem práticas administrativas responsáveis", completou. Para ele, o principal veto foi à instituição da sociedade empresarial. Hoje, os clubes têm natureza jurídica de sociedade civil sem fins lucrativos e a MP possibilitaria aos que desejassem migrar para a figura jurídica de sociedade empresarial, podendo captar recursos no mercado. "Vamos trabalhar para a derrubada desse veto", disse o deputado tucano. A presidente vetou ainda a chamada cláusula compensatória, que determinava que a multa mínima de rescisão contratual por parte do clube seria de 100% dos salários mensais a que teria direito o atleta até o fim da duração do contrato. O Congresso tinha mudado a rescisão para 50%, mas a presidente não aprovou a mudança. Aprovada pelo Senado em julho, em versão que reduz as punições aos clubes, a MP do Futebol, como ficou conhecida, estabelece contrapartidas para que eles possam quitar seus débitos, com regras de transparência e boa gestão, embora os deputados e senadores tenham suavizado os termos fixados inicialmente no texto. Na segunda-feira (3), era dada como certa a sanção de Dilma com apenas alguns vetos técnicos. Na manhã de terça (4), porém, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) pediu veto a um artigo que, segundo parlamentares que acompanharam a medida com atenção, inviabilizaria o resto da lei. Dilma e sua equipe discutiram por horas quais seriam os possíveis vetos à MP aprovada pelo Congresso –o Senado não fez mudanças no texto que veio da Câmara – mas, até o início da noite de terça, equipe econômica e núcleo político ainda não haviam chegado a um acordo. A presidente teria até a meia-noite para assinar a MP e publicá-la no DOU de quarta, mas o martelo só foi batido, contrariando Levy e sua equipe, na manhã de quarta. NOVAS REGRAS No acordo fechado no Congresso para garantir a aprovação da MP, o governo conseguiu manter a exigência de contrapartidas para refinanciar as dívidas dos clubes, mas teve que beneficiar federações e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Pressionados pela "bancada da bola', formada por parlamentares com ligações com clubes e federações, e pela CBF, os deputados e senadores retiraram a obrigatoriedade de extinção do déficit financeiro dos clubes até 2021. Eles ficam autorizados a ter até 5% de déficit a partir de 2019. O percentual tem que chegar em 10% a partir de janeiro de 2017, reduzindo gradualmente até os 5%. Na versão inicial, a MP determinava a redução para zero de déficit a partir de 2021. A exceção vale para clubes com faturamento anual inferior a R$ 5,4 milhões, que não precisarão cumprir as medidas de redução de déficit. A MP mantém a taxa Selic (taxa básica de juros) para corrigir o parcelamento das dívidas dos clubes. Os clubes também terão 240 meses para parcelar suas dívidas, apresentando suas Certidões Negativas de Débitos para poder participar de campeonatos oficiais, sob pena de rebaixamento para a série inferior. No entanto, só serão punidos quando o processo sobre a emissão da CND chegar à Justiça. Durante a discussão da MP, os deputados reduziram os descontos que serão aplicados nos juros e multas do dinheiro a ser parcelado. Ficou mantido o abatimento de 100% dos encargos legais para as entidades esportivas que aderirem ao programa de refinanciamento da MP. A MP determina que todos os clubes limitem em 80% de sua receita bruta os gastos com a folha de futebol profissional. Inicialmente, o valor era de 70%, garantindo maiores valores para outras modalidades ou futebol feminino -mas uma pressão de congressistas ligados à CBF conseguiu alterar o texto. A partir de janeiro de 2016, o clube terá de se adequar a outras exigências, como não gastar mais de 80% da receita bruta anual com direitos de imagem. Também a partir de 2016, o clube deverá manter investimentos mínimos na formação de atletas e no futebol feminino, entre outras medidas.
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Robson Conceição segue ritual para luta mais importante de sua vida
LUCAS VETTORAZZO DO RIO MARIANA LAJOLO ENVIADA ESPECIAL AO RIO Na noite anterior às suas lutas, Robson Conceição, 27, costuma ficar sozinho num canto, mentalizando os golpes que irá desferir quando o combate for à vera. Às vezes faz isso deitado, no escuro. Em outras prefere pensar no banho. Dá socos imaginários na água e simula movimentos de esquiva. Tudo isso para manter o foco até o momento decisivo. Nesta terça-feira (16), fará a luta mais importante de sua vida. Conceição disputará a final do peso ligeiro (60 kg) na Olimpíada, contra o francês Sofiane Oumiha, 21, sexto no ranking, às 19h15, no pavilhão 6 do Riocentro. Se vencer, Conceição, quinto no ranking, leva ouro inédito para o Brasil no esporte. Ele costuma ouvir música evangélica nos dias que precedem o combate e também minutos antes de subir no ringue. O pugilista não é evangélico. Acredita em Deus e usa o poder motivador do gospel para lhe dar inspiração. Conceição chega à final após dois duros ciclos olímpicos. Estreante em Pequim-08, perdeu na primeira luta. Em Londres-12, cotado para ser medalhista, repetiu o desempenho. Em 2013, lutou o mundial do Cazaquistão com duas lesões, uma na lombar e a outra no peito. Conseguiu a prata, após perder para o cubano Jorge Lázaro Álvarez, 25, primeiro no ranking. Nestes Jogos, fez três boas lutas e desbancou na semifinal seu algoz. O foco no ouro é total e o atleta tem crescido com a torcida. Após passar para a semifinal e assegurar pelo menos o bronze, o treinador Cláudio Aires disse que não havia espaço para comemoração. "A comemoração vai ser no treino. Não ficamos de passeio pela Vila dos Atletas ou no shopping. Viemos aqui para buscar a medalha. Depois aproveitamos a cidade", disse. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo
esporte
Robson Conceição segue ritual para luta mais importante de sua vida LUCAS VETTORAZZO DO RIO MARIANA LAJOLO ENVIADA ESPECIAL AO RIO Na noite anterior às suas lutas, Robson Conceição, 27, costuma ficar sozinho num canto, mentalizando os golpes que irá desferir quando o combate for à vera. Às vezes faz isso deitado, no escuro. Em outras prefere pensar no banho. Dá socos imaginários na água e simula movimentos de esquiva. Tudo isso para manter o foco até o momento decisivo. Nesta terça-feira (16), fará a luta mais importante de sua vida. Conceição disputará a final do peso ligeiro (60 kg) na Olimpíada, contra o francês Sofiane Oumiha, 21, sexto no ranking, às 19h15, no pavilhão 6 do Riocentro. Se vencer, Conceição, quinto no ranking, leva ouro inédito para o Brasil no esporte. Ele costuma ouvir música evangélica nos dias que precedem o combate e também minutos antes de subir no ringue. O pugilista não é evangélico. Acredita em Deus e usa o poder motivador do gospel para lhe dar inspiração. Conceição chega à final após dois duros ciclos olímpicos. Estreante em Pequim-08, perdeu na primeira luta. Em Londres-12, cotado para ser medalhista, repetiu o desempenho. Em 2013, lutou o mundial do Cazaquistão com duas lesões, uma na lombar e a outra no peito. Conseguiu a prata, após perder para o cubano Jorge Lázaro Álvarez, 25, primeiro no ranking. Nestes Jogos, fez três boas lutas e desbancou na semifinal seu algoz. O foco no ouro é total e o atleta tem crescido com a torcida. Após passar para a semifinal e assegurar pelo menos o bronze, o treinador Cláudio Aires disse que não havia espaço para comemoração. "A comemoração vai ser no treino. Não ficamos de passeio pela Vila dos Atletas ou no shopping. Viemos aqui para buscar a medalha. Depois aproveitamos a cidade", disse. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo
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Fãs de São Paulo têm show de Bon Jovi que Rock in Rio queria
"Chupa, Rock in Rio" era a frase que mais se ouvia em meio aos fãs que foram ao show da banda Bon Jovi nesse sábado (23) no Allianz Park. Enquanto o público do festival carioca se esgoelou em vão, na sexta-feira (22), pedindo um dos maiores hits do grupo, "Always", até o fim do show, em São Paulo, o vocalista Jon Bon Jovi cantou o clássico sem precisar do apelo da massa —e levando o público ao delírio. A música não fazia parte do set list original e foi incluída pela banda no repertório em cima da hora. O cantor, que mantém a pinta de galã aos 55 anos, mas que hoje desfila cabelos grisalhos que combinam com os dentes reluzentes, parecia dizer "chupa" também aos que pensavam que ele não era mais capaz de alcançar os agudos da canção. Ele realmente não é, mas, esperto, usa vários truques pra disfarçar: abaixa o tom das músicas, faz pausas entre os versos —em que o resto da banda assume os vocais— e, claro, joga pra galera, que adora cantar junto. Foram duas horas e meia de apresentação com a plateia ganha na única noite com ingressos esgotados no festival São Paulo Trip, rebarba paulistana do Rock in Rio. Além do desfile de hits dos mais de 30 anos de carreira da banda de Nova Jersey, como "You Give Love a Bad Name", "Born to be My Baby" e " In These Arms", o grupo também apresentou algumas músicas do álbum mais novo, "This House Is Not for Sale" (2016) —a faixa-título e "Knockout". O show deste ano foi, em muitos aspectos, melhor que o último da banda por aqui, em 2013 (também em São Paulo e no Rock in Rio). Naquela época, o guitarrista Richie Sambora havia acabado de se desligar do grupo. E o baterista Tico Torres teve que fazer uma cirurgia na vesícula e cancelou a vinda ao Brasil em cima da hora. O público de São Paulo em 2013 ainda contou com uma chuva torrencial que atrapalhou o show, a saída do Morumbi e o ânimo pós-show. Dessa vez, tudo parecia mais azeitado —banda, repertório, tempo. O ritmo caiu por vezes, mas o público do Bon Jovi é como boa torcida de time de futebol, não desanima nem quando a equipe está por baixo. Para agradecer o apoio, o vocalista encerrou o show prometendo voltar no ano que vem, em nova turnê mundial. Antes do Bon Jovi, o duo The Kills, formado pela americana Alison Mosshart e pelo britânico Jamie Hince, serviu de esquenta fino e deu um toque mais indie e garageiro ao festival roqueiro. Alison e Jamie fizeram um bom show, e os fãs de Bon Jovi foram simpáticos e aplaudiram. Mas quase ninguém parecia estar ali por eles. * SET LIST "This House Is Not For Sale" "Raise Your Hands" "Knockout" "You Give Love A Bad Name " "Born To Be My Baby" "Lost Highway" "Born To Follow" "Lay Your Hands On Me" "In These Arms" "New Year's Day" "Memory" "Bed Of Roses" "It's My Life" "Someday I'll Be Saturday Night" "Wanted Dead Or Alive" "I'll Sleep When I'm Dead" "Have A Nice Day" "Keep The Faith" "Bad Medicine" bis "Always" "Livin' On A Prayer" "These Days
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Fãs de São Paulo têm show de Bon Jovi que Rock in Rio queria"Chupa, Rock in Rio" era a frase que mais se ouvia em meio aos fãs que foram ao show da banda Bon Jovi nesse sábado (23) no Allianz Park. Enquanto o público do festival carioca se esgoelou em vão, na sexta-feira (22), pedindo um dos maiores hits do grupo, "Always", até o fim do show, em São Paulo, o vocalista Jon Bon Jovi cantou o clássico sem precisar do apelo da massa —e levando o público ao delírio. A música não fazia parte do set list original e foi incluída pela banda no repertório em cima da hora. O cantor, que mantém a pinta de galã aos 55 anos, mas que hoje desfila cabelos grisalhos que combinam com os dentes reluzentes, parecia dizer "chupa" também aos que pensavam que ele não era mais capaz de alcançar os agudos da canção. Ele realmente não é, mas, esperto, usa vários truques pra disfarçar: abaixa o tom das músicas, faz pausas entre os versos —em que o resto da banda assume os vocais— e, claro, joga pra galera, que adora cantar junto. Foram duas horas e meia de apresentação com a plateia ganha na única noite com ingressos esgotados no festival São Paulo Trip, rebarba paulistana do Rock in Rio. Além do desfile de hits dos mais de 30 anos de carreira da banda de Nova Jersey, como "You Give Love a Bad Name", "Born to be My Baby" e " In These Arms", o grupo também apresentou algumas músicas do álbum mais novo, "This House Is Not for Sale" (2016) —a faixa-título e "Knockout". O show deste ano foi, em muitos aspectos, melhor que o último da banda por aqui, em 2013 (também em São Paulo e no Rock in Rio). Naquela época, o guitarrista Richie Sambora havia acabado de se desligar do grupo. E o baterista Tico Torres teve que fazer uma cirurgia na vesícula e cancelou a vinda ao Brasil em cima da hora. O público de São Paulo em 2013 ainda contou com uma chuva torrencial que atrapalhou o show, a saída do Morumbi e o ânimo pós-show. Dessa vez, tudo parecia mais azeitado —banda, repertório, tempo. O ritmo caiu por vezes, mas o público do Bon Jovi é como boa torcida de time de futebol, não desanima nem quando a equipe está por baixo. Para agradecer o apoio, o vocalista encerrou o show prometendo voltar no ano que vem, em nova turnê mundial. Antes do Bon Jovi, o duo The Kills, formado pela americana Alison Mosshart e pelo britânico Jamie Hince, serviu de esquenta fino e deu um toque mais indie e garageiro ao festival roqueiro. Alison e Jamie fizeram um bom show, e os fãs de Bon Jovi foram simpáticos e aplaudiram. Mas quase ninguém parecia estar ali por eles. * SET LIST "This House Is Not For Sale" "Raise Your Hands" "Knockout" "You Give Love A Bad Name " "Born To Be My Baby" "Lost Highway" "Born To Follow" "Lay Your Hands On Me" "In These Arms" "New Year's Day" "Memory" "Bed Of Roses" "It's My Life" "Someday I'll Be Saturday Night" "Wanted Dead Or Alive" "I'll Sleep When I'm Dead" "Have A Nice Day" "Keep The Faith" "Bad Medicine" bis "Always" "Livin' On A Prayer" "These Days
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Após conversa com Dilma, Temer se reúne com Cunha no Jaburu
Após se reunir com Dilma Rousseff durante toda a amanhã desta segunda-feira (21), o vice-presidente Michel Temer chamou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para uma reunião no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República. Rompido desde julho com o governo, Cunha é o responsável direto pela abertura ou não de um processo de impeachment contra Dilma pelo Legislativo. Na quinta-feira (17), o peemedebista recebeu representação de um pedido pelo afastamento da presidente feito pelo advogado e fundador do PT Hélio Bicudo. Temer e Dilma conversaram reservadamente no Palácio do Planalto para discutir a reforma administrativa, que deve ser anunciada pelo governo até a próxima quarta-feira (23). A presidente se comprometeu a tratar pessoalmente do novo mapa da Esplanada com líderes dos partidos aliados no Congresso, mas pediu o apoio do vice em relação ao PMDB, que deve perder três das sete pastas que possui hoje. Em suas últimas conversas com Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a sucessora precisava "recompor" com Temer e o PMDB, "fundamentais" para que a presidente não perca completamente sua governabilidade. A presidente também deve chamar Cunha para uma conversa esta semana, assim como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Durante reunião com o vice e, em seguida, com sua coordenação política, nesta segunda, Dilma pediu a ministros que a ajudem na articulação para que a reforma tenha "lastro político", assim como a aconselhou Lula. O objetivo é que o governo consiga garantir os votos para aprovar o novo pacote fiscal e impedir que caminhem os pedidos de impeachment no Congresso. No desenho mais atual, três secretarias com status de ministérios seriam fundidas em uma -Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos- e a pasta do Trabalho seria incorporada à Previdência Social. Além disso, Turismo e a Secretaria de Micro e Pequenas Empresas ficariam sob a guarda do Ministério do Desenvolvimento, enquanto Portos fundiria com Aviação Civil e Pesca, com Agricultura. Ao contrário do projeto inicial, CGU (Controladoria-Geral da União), AGU (Advocacia-Geral da União) e Banco Central não perderão status de ministério. Temer tem sido alijado de decisões importantes do governo, como a da proposta de recriação da CPMF, e, desde que chegou de uma viagem oficial à Rússia, na última quinta-feira (17), não havia sido contato pela presidente para tratar do assunto. A presidente chegou a marcar uma reunião para domingo (20) com diversos ministros –mas sem convidar o vice–, com o objetivo de tratar do espaço que os partidos aliados terão na nova Esplanada, mas acabou desmarcando o encontro para viajar a Porto Alegre para a festa em comemoração do aniversário de cinco anos de seu neto, Gabriel. Na noite de domingo, ministros de partidos da base estavam preocupados com a forma que a presidente iria comunicar os cortes e fusões de pastas. Eles queriam ter sido consultados com antecedência. Dilma, por sua vez, garantiu que o governo fará o anúncio somente quanto todos os partidos aliados forem consultados.
poder
Após conversa com Dilma, Temer se reúne com Cunha no JaburuApós se reunir com Dilma Rousseff durante toda a amanhã desta segunda-feira (21), o vice-presidente Michel Temer chamou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para uma reunião no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República. Rompido desde julho com o governo, Cunha é o responsável direto pela abertura ou não de um processo de impeachment contra Dilma pelo Legislativo. Na quinta-feira (17), o peemedebista recebeu representação de um pedido pelo afastamento da presidente feito pelo advogado e fundador do PT Hélio Bicudo. Temer e Dilma conversaram reservadamente no Palácio do Planalto para discutir a reforma administrativa, que deve ser anunciada pelo governo até a próxima quarta-feira (23). A presidente se comprometeu a tratar pessoalmente do novo mapa da Esplanada com líderes dos partidos aliados no Congresso, mas pediu o apoio do vice em relação ao PMDB, que deve perder três das sete pastas que possui hoje. Em suas últimas conversas com Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a sucessora precisava "recompor" com Temer e o PMDB, "fundamentais" para que a presidente não perca completamente sua governabilidade. A presidente também deve chamar Cunha para uma conversa esta semana, assim como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Durante reunião com o vice e, em seguida, com sua coordenação política, nesta segunda, Dilma pediu a ministros que a ajudem na articulação para que a reforma tenha "lastro político", assim como a aconselhou Lula. O objetivo é que o governo consiga garantir os votos para aprovar o novo pacote fiscal e impedir que caminhem os pedidos de impeachment no Congresso. No desenho mais atual, três secretarias com status de ministérios seriam fundidas em uma -Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos- e a pasta do Trabalho seria incorporada à Previdência Social. Além disso, Turismo e a Secretaria de Micro e Pequenas Empresas ficariam sob a guarda do Ministério do Desenvolvimento, enquanto Portos fundiria com Aviação Civil e Pesca, com Agricultura. Ao contrário do projeto inicial, CGU (Controladoria-Geral da União), AGU (Advocacia-Geral da União) e Banco Central não perderão status de ministério. Temer tem sido alijado de decisões importantes do governo, como a da proposta de recriação da CPMF, e, desde que chegou de uma viagem oficial à Rússia, na última quinta-feira (17), não havia sido contato pela presidente para tratar do assunto. A presidente chegou a marcar uma reunião para domingo (20) com diversos ministros –mas sem convidar o vice–, com o objetivo de tratar do espaço que os partidos aliados terão na nova Esplanada, mas acabou desmarcando o encontro para viajar a Porto Alegre para a festa em comemoração do aniversário de cinco anos de seu neto, Gabriel. Na noite de domingo, ministros de partidos da base estavam preocupados com a forma que a presidente iria comunicar os cortes e fusões de pastas. Eles queriam ter sido consultados com antecedência. Dilma, por sua vez, garantiu que o governo fará o anúncio somente quanto todos os partidos aliados forem consultados.
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Prepare-se: terça-feira de chuva forte e show de Adriana Calcanhotto
DE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Live and let die/Viva e deixe viver. Obrigada, Paul McCartney, por essa linda canção" Letícia Hernandez, 18, estudante de medicina veterinária, Barra Funda * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
saopaulo
Prepare-se: terça-feira de chuva forte e show de Adriana CalcanhottoDE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Live and let die/Viva e deixe viver. Obrigada, Paul McCartney, por essa linda canção" Letícia Hernandez, 18, estudante de medicina veterinária, Barra Funda * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
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Com línguas inventadas, espetáculo analisa história do amor romântico
O amor é uma farsa. Ou ao menos é a ideia que se tem do sentimento hoje: algo inato a todos nós. "Pensamos no amor romântico como uma coisa instintiva do homem, mas é uma construção cultural", afirma Ivan Sugahara, diretor da companhia teatral Os Dezequilibrados. É o que discute "Beija-me como nos Livros", espetáculo que o grupo carioca estreia neste sábado (6), em São Paulo, após temporada no Rio. A peça fecha uma trilogia sobre o amor iniciada em 2014, quando o coletivo completou 18 anos. A primeira parte foi "Amores", de Domingos Oliveira. No mesmo ano veio "Fala Comigo como a Chuva e me Deixa Ouvir", de Tennessee Williams. Leia a reportagem
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Com línguas inventadas, espetáculo analisa história do amor românticoO amor é uma farsa. Ou ao menos é a ideia que se tem do sentimento hoje: algo inato a todos nós. "Pensamos no amor romântico como uma coisa instintiva do homem, mas é uma construção cultural", afirma Ivan Sugahara, diretor da companhia teatral Os Dezequilibrados. É o que discute "Beija-me como nos Livros", espetáculo que o grupo carioca estreia neste sábado (6), em São Paulo, após temporada no Rio. A peça fecha uma trilogia sobre o amor iniciada em 2014, quando o coletivo completou 18 anos. A primeira parte foi "Amores", de Domingos Oliveira. No mesmo ano veio "Fala Comigo como a Chuva e me Deixa Ouvir", de Tennessee Williams. Leia a reportagem
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'Inseparáveis' se conforma a viver na sombra de longa francês
INSEPARÁVEIS (regular) QUANDO: EM CARTAZ PRODUÇÃO: ARGENTINA, 2016, 14 ANOS DIREÇÃO: MARCOS CARNEVALE * Nada se cria, tudo se copia. O ditado é levado à risca em "Inseparáveis", filme dirigido pelo argentino Marcos Carnevale inspirado no sucesso francês "Intocáveis" (2011). A bem da verdade, inspirado não é exatamente a palavra. O remake sobre a relação do tetraplégico milionário Philippe (François Cluzet) com seu cuidador Driss (Omar Sy) traz aos cinemas nada mais do que uma reprodução fiel da versão original. Repetem-se enquadramentos, planos, diálogos, piadas, músicas e dramas. A impressão é que Carnevale seguiu passo a passo o roteiro do longa francês, ainda fresco na memória dos espectadores. A diferença é protocolar. À exceção do idioma, tais mudanças apenas confirmam que "Inseparáveis" —tal como denuncia o título— foi concebido para ser "Intocáveis", do início ao fim. Literalmente do início ao fim. Da cena de abertura ao último letreiro, aqueles que assistiram à comédia dramática dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano devem experimentar uma sensação ininterrupta de déjà vu. Na refilmagem argentina, ambientada em Buenos Aires, Oscar Martínez vive o empresário tetraplégico Felipe. Embora bem ajustado ao papel, Martínez tem poucas chances de criar algo novo. Sua função resume-se a repetir as expressões e a traduzir para o espanhol as falas ditas por Cluzet. Rodrigo de la Serna interpreta Tito, o cuidador despachado de Felipe. Menos carismático do que o Driss de Omar Sy, De la Serna exagera na atuação e dá ar abobalhado ao personagem. Em ambos os casos, são jovens pobres e desfavorecidos. Mas aqui há uma alteração significativa entre as versões. Driss é um imigrante negro e, por isso, o racismo também entra em pauta na discussão sobre os excluídos. Alejandra Flechner (Ivonne) e Carla Peterson (Verónica) completam o elenco. Assim como seus pares, elas cumprem a tarefa de resgatar com precisão as situações encenadas por Anne Le Ny (Yvonne) e Audrey Fleurot (Magalie). Aos que não conhecem a história, a obra argentina pode ser uma surpresa boa. Há sensibilidade, comédia e uma dose equilibrada de drama —acertos herdados da produção original. Esse é o grande problema. "Inseparáveis" se conforma a viver na sombra de "Intocáveis". Para quem viu o filme francês, o remake se torna uma mera comparação.
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'Inseparáveis' se conforma a viver na sombra de longa francêsINSEPARÁVEIS (regular) QUANDO: EM CARTAZ PRODUÇÃO: ARGENTINA, 2016, 14 ANOS DIREÇÃO: MARCOS CARNEVALE * Nada se cria, tudo se copia. O ditado é levado à risca em "Inseparáveis", filme dirigido pelo argentino Marcos Carnevale inspirado no sucesso francês "Intocáveis" (2011). A bem da verdade, inspirado não é exatamente a palavra. O remake sobre a relação do tetraplégico milionário Philippe (François Cluzet) com seu cuidador Driss (Omar Sy) traz aos cinemas nada mais do que uma reprodução fiel da versão original. Repetem-se enquadramentos, planos, diálogos, piadas, músicas e dramas. A impressão é que Carnevale seguiu passo a passo o roteiro do longa francês, ainda fresco na memória dos espectadores. A diferença é protocolar. À exceção do idioma, tais mudanças apenas confirmam que "Inseparáveis" —tal como denuncia o título— foi concebido para ser "Intocáveis", do início ao fim. Literalmente do início ao fim. Da cena de abertura ao último letreiro, aqueles que assistiram à comédia dramática dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano devem experimentar uma sensação ininterrupta de déjà vu. Na refilmagem argentina, ambientada em Buenos Aires, Oscar Martínez vive o empresário tetraplégico Felipe. Embora bem ajustado ao papel, Martínez tem poucas chances de criar algo novo. Sua função resume-se a repetir as expressões e a traduzir para o espanhol as falas ditas por Cluzet. Rodrigo de la Serna interpreta Tito, o cuidador despachado de Felipe. Menos carismático do que o Driss de Omar Sy, De la Serna exagera na atuação e dá ar abobalhado ao personagem. Em ambos os casos, são jovens pobres e desfavorecidos. Mas aqui há uma alteração significativa entre as versões. Driss é um imigrante negro e, por isso, o racismo também entra em pauta na discussão sobre os excluídos. Alejandra Flechner (Ivonne) e Carla Peterson (Verónica) completam o elenco. Assim como seus pares, elas cumprem a tarefa de resgatar com precisão as situações encenadas por Anne Le Ny (Yvonne) e Audrey Fleurot (Magalie). Aos que não conhecem a história, a obra argentina pode ser uma surpresa boa. Há sensibilidade, comédia e uma dose equilibrada de drama —acertos herdados da produção original. Esse é o grande problema. "Inseparáveis" se conforma a viver na sombra de "Intocáveis". Para quem viu o filme francês, o remake se torna uma mera comparação.
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Hoje na TV: Etapa de SP da Copa do Mundo de ginástica artística
7h30 - Torneio masculino de Istambul, Fox Sports 12h - Grand Prix de judô, ESPN e SporTV 2 15h10 - Mundial de ginástica artística, SporTV 15h40 - Real Sociedad x Levante, Espanhol, ESPN 15h25 - Metz x Olympique de Marselha, Francês, ESPN Brasil 21h10 - Houston Dynamo x Dallas, Americano, SporTV 3
esporte
Hoje na TV: Etapa de SP da Copa do Mundo de ginástica artística7h30 - Torneio masculino de Istambul, Fox Sports 12h - Grand Prix de judô, ESPN e SporTV 2 15h10 - Mundial de ginástica artística, SporTV 15h40 - Real Sociedad x Levante, Espanhol, ESPN 15h25 - Metz x Olympique de Marselha, Francês, ESPN Brasil 21h10 - Houston Dynamo x Dallas, Americano, SporTV 3
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Estúdios da Paramount liberam mais de cem filmes no YouTube americano
A Paramount, um dos maiores estúdios de Hollywood, disponibilizou em um canal no YouTube mais de cem filmes que ela produziu. O acesso, contudo, só é válido para americanos: brasileiros que tentarem acessar o canal não conseguirão assistir aos filmes. Estão lá no canal chamado Paramount Vault, por exemplo, "Ironweed" (1987), dirigido por Hector Babenco e com Jack Nicholson e Meryl Streep no elenco; "1900", de Bernardo Bertolucci; e "Hamlet", de Franco Zefirelli. A atitude é inusitada para um estúdio, já que essas companhias têm feito uma cruzada contra serviços de streaming, que só têm crescido nos últimos anos. Nota-se também que alguns dos títulos mais pop dos estúdios, como "Titanic" (1997), não estão disponíveis ali. O canal pode ser acessado aqui.
ilustrada
Estúdios da Paramount liberam mais de cem filmes no YouTube americanoA Paramount, um dos maiores estúdios de Hollywood, disponibilizou em um canal no YouTube mais de cem filmes que ela produziu. O acesso, contudo, só é válido para americanos: brasileiros que tentarem acessar o canal não conseguirão assistir aos filmes. Estão lá no canal chamado Paramount Vault, por exemplo, "Ironweed" (1987), dirigido por Hector Babenco e com Jack Nicholson e Meryl Streep no elenco; "1900", de Bernardo Bertolucci; e "Hamlet", de Franco Zefirelli. A atitude é inusitada para um estúdio, já que essas companhias têm feito uma cruzada contra serviços de streaming, que só têm crescido nos últimos anos. Nota-se também que alguns dos títulos mais pop dos estúdios, como "Titanic" (1997), não estão disponíveis ali. O canal pode ser acessado aqui.
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Falangetas pérfidas
Dizem que William Carlos Williams estava no quintal da casa de um velho pescador, e que o homem tinha acabado de lhe falar da sua vida de trabalho e de como não sentia frio nem mesmo quando os pés estavam na água gelada. Então, Williams viu de longe um carrinho de mão vermelho e escreveu o poema que hoje conhecemos: "tanta coisa depende/ de// um carrinho de mão/ vermelho// perlado de gotas de/ chuva// junto das galinhas/ brancas". Sempre que pensava nesta história, em todas as suas ricas sugestões e pormenores, ocorria-me a mesma ideia: os pais de William Williams tinham pouca imaginação para nomes. Mas, no outro dia, a minha amiga Maria estava no computador e apertou o botão "curtir" por baixo de um comentário. Eu, por razões de saúde, não tenho redes sociais, mas a Maria explicou-me o que se passava. Aquela era uma curtida de retaliação. Uma amiga dela tinha tido a desfaçatez de curtir uma fotografia de uma pessoa da qual a Maria não gostava. Foi uma curtida especialmente humilhante para a Maria, uma vez que não se tratava de um mero "curtir": a amiga tinha apertado o botão em que o bonequinho amarelo está a rir com a boca aberta e os seus olhos são o símbolo de maior e menor que. O fato de o bonequinho estar abandonado à gargalhada daquele jeito, a ponto de os olhos se fecharem em forma de sinais matemáticos, indicava que a amiga da Maria tinha gostado bastante da foto, talvez não tanto quanto se ela tivesse apertado o botão do coração cor-de-rosa, mas em todo o caso o suficiente para ferir a sensibilidade da Maria. Por isso, Maria tinha agora curtido o comentário de um ex-namorado da sua amiga. Com a falangeta do indicador, ela apertou o botão do mouse e fez levantar a falangeta do polegar azul, lá no monitor. Tudo decorria no âmbito das falangetas. Maria tinha ficado ofendida com a atitude da falangeta cretina da amiga, e levantava uma falangeta vingativa através da sua falangeta ressentida. Eu devia ter desconfiado. Há muito que a polícia anda de olho nas falangetas. São as primeiras a ser investigadas, quando o suspeito entra na delegacia. Não é por acaso. É óbvio que são a parte mais perigosa do corpo. Foi quando vi a mão da minha amiga no mouse, ainda tremendo de desforço, que me ocorreu o poema: "tanta coisa depende/ de// uma falangeta/ trêmula //latejando de/ agastamento// sobre um mouse da/ Logitech".
colunas
Falangetas pérfidasDizem que William Carlos Williams estava no quintal da casa de um velho pescador, e que o homem tinha acabado de lhe falar da sua vida de trabalho e de como não sentia frio nem mesmo quando os pés estavam na água gelada. Então, Williams viu de longe um carrinho de mão vermelho e escreveu o poema que hoje conhecemos: "tanta coisa depende/ de// um carrinho de mão/ vermelho// perlado de gotas de/ chuva// junto das galinhas/ brancas". Sempre que pensava nesta história, em todas as suas ricas sugestões e pormenores, ocorria-me a mesma ideia: os pais de William Williams tinham pouca imaginação para nomes. Mas, no outro dia, a minha amiga Maria estava no computador e apertou o botão "curtir" por baixo de um comentário. Eu, por razões de saúde, não tenho redes sociais, mas a Maria explicou-me o que se passava. Aquela era uma curtida de retaliação. Uma amiga dela tinha tido a desfaçatez de curtir uma fotografia de uma pessoa da qual a Maria não gostava. Foi uma curtida especialmente humilhante para a Maria, uma vez que não se tratava de um mero "curtir": a amiga tinha apertado o botão em que o bonequinho amarelo está a rir com a boca aberta e os seus olhos são o símbolo de maior e menor que. O fato de o bonequinho estar abandonado à gargalhada daquele jeito, a ponto de os olhos se fecharem em forma de sinais matemáticos, indicava que a amiga da Maria tinha gostado bastante da foto, talvez não tanto quanto se ela tivesse apertado o botão do coração cor-de-rosa, mas em todo o caso o suficiente para ferir a sensibilidade da Maria. Por isso, Maria tinha agora curtido o comentário de um ex-namorado da sua amiga. Com a falangeta do indicador, ela apertou o botão do mouse e fez levantar a falangeta do polegar azul, lá no monitor. Tudo decorria no âmbito das falangetas. Maria tinha ficado ofendida com a atitude da falangeta cretina da amiga, e levantava uma falangeta vingativa através da sua falangeta ressentida. Eu devia ter desconfiado. Há muito que a polícia anda de olho nas falangetas. São as primeiras a ser investigadas, quando o suspeito entra na delegacia. Não é por acaso. É óbvio que são a parte mais perigosa do corpo. Foi quando vi a mão da minha amiga no mouse, ainda tremendo de desforço, que me ocorreu o poema: "tanta coisa depende/ de// uma falangeta/ trêmula //latejando de/ agastamento// sobre um mouse da/ Logitech".
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Valor do altruísmo está no exemplo que se dá, afirma leitor
Talvez falte uma ou outra variável na equação consequencialista de William MacAskill (Altruísmo efetivo). O valor do altruísmo está no exemplo que se dá, não necessariamente nos ganhos a curto e médio prazo. Crianças vacinadas ganharão mais tempo de vida, mas os exemplos de médicos altruístas podem causar efeito maior e mais duradouro. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Valor do altruísmo está no exemplo que se dá, afirma leitorTalvez falte uma ou outra variável na equação consequencialista de William MacAskill (Altruísmo efetivo). O valor do altruísmo está no exemplo que se dá, não necessariamente nos ganhos a curto e médio prazo. Crianças vacinadas ganharão mais tempo de vida, mas os exemplos de médicos altruístas podem causar efeito maior e mais duradouro. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Classificação de golpe pelo Tribunal Supremo na Venezuela divide analistas
O Tribunal Superior de Justiça (TSJ) venezuelano sustenta sua decisão de assumir as funções da Assembleia Nacional em um artigo da Constituição que trata das atribuições da Sala Constitucional do TSJ. O tribunal considera que houve "omissão parlamentar inconstitucional" da Assembleia, que empossou deputados acusados de fraude eleitoral, o que gerou uma sentença de que o Parlamento estava em desacato. Em caso de omissão, diz o artigo 336, o Tribunal Supremo pode "estabelecer diretrizes de correção". O texto, porém, não cita claramente que o TSJ pode exercer diretamente as competências parlamentares, como o tribunal anunciou na quinta-feira (30). "O que prevê o 336 estabelece que o TSJ deve estabelecer prazos e diretrizes para a correção de atos inconstitucionais. Disso para o ato de 'atuar como o Poder Legislativo' vai uma distância muito grande", afirma o cientista político da Unicamp Wagner de Melo Romão. Romão avalia que o TSJ já atuava de forma mais extrema se comparado a outros tribunais superiores da região e lembra do caso que originou a decisão de desacato —a posse de três deputados do Estado de Amazonas acusados de fraude eleitoral. "A decisão do tribunal já foi a de cassar esses deputados, ou seja, nem sequer reconhecer que eles foram eleitos num processo eleitoral legal. O que seria aplicável no Brasil? Que houvesse a posse desses deputados eleitos e depois a instauração de todos os processos legais, no seu devido tempo, com investigação, contraditório e assim por diante." O analista, porém, é cauteloso ao classificar a ação do TSJ como um golpe de Estado. "Enquanto não se tiver caracterizada uma situação em que o Executivo e o Judiciário, irmanados, tomam conta de todas as representações de poder no país, eu ainda não caracterizaria como um golpe de Estado completo, como algo irreversível." Já o professor da Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade Columbia (EUA), Christopher Sabatini, afirma que há em curso um "golpe em pequenos passos". Ele cita as decisões da Assembleia anuladas pelo TSJ, o adiamento das eleições regionais de dezembro, as manobras do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) para atrasar a convocação de um referendo revogatório contra Maduro e a apresentação do orçamento pelo presidente aos juízes do STJ, passando ao largo da Assembleia, que deve fiscalizar o Executivo. "Efetivamente os processos democráticos já eram ignorados", diz. "A erosão da democracia é uma ameaça maior do que um golpe de fato. Um golpe geralmente é um ato que você pode reconhecer: tanques marcham pelas ruas ou uma multidão invade o palácio presidencial", avalia Sabatini. Para o cientista político Enrique Peruzzotti, da Universidade Torcuato di Tella em Buenos Aires, a Venezuela hoje pode ser considerada uma ditadura "posto que foi formalmente desmantelado o princípio republicano da separação de poderes, ignorando a vontade popular que o voto legislativo supõe". Gerardo Arellano, professor de Relações Internacionais da Universidade Central da Venezuela, acredita que o crescente "isolamento da Venezuela em organizações internacionais" como a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Mercosul é um importante instrumento de pressão contra o governo chavista. O docente também alerta para o "risco de confrontos" entre manifestantes opositores e milícias chavistas devido ao impasse político. Em 2010, o então presidente Hugo Chávez comparou a ameaça da oposição, então minoria no Parlamento, de dissolver a Assembleia Nacional a um golpe de Estado. "Sendo minoria querem agora dissolver a Assembleia Nacional, porque a única forma em que a Assembleia Nacional não pode legislar é que se dissolva, estão colocando um golpe de Estado."
mundo
Classificação de golpe pelo Tribunal Supremo na Venezuela divide analistasO Tribunal Superior de Justiça (TSJ) venezuelano sustenta sua decisão de assumir as funções da Assembleia Nacional em um artigo da Constituição que trata das atribuições da Sala Constitucional do TSJ. O tribunal considera que houve "omissão parlamentar inconstitucional" da Assembleia, que empossou deputados acusados de fraude eleitoral, o que gerou uma sentença de que o Parlamento estava em desacato. Em caso de omissão, diz o artigo 336, o Tribunal Supremo pode "estabelecer diretrizes de correção". O texto, porém, não cita claramente que o TSJ pode exercer diretamente as competências parlamentares, como o tribunal anunciou na quinta-feira (30). "O que prevê o 336 estabelece que o TSJ deve estabelecer prazos e diretrizes para a correção de atos inconstitucionais. Disso para o ato de 'atuar como o Poder Legislativo' vai uma distância muito grande", afirma o cientista político da Unicamp Wagner de Melo Romão. Romão avalia que o TSJ já atuava de forma mais extrema se comparado a outros tribunais superiores da região e lembra do caso que originou a decisão de desacato —a posse de três deputados do Estado de Amazonas acusados de fraude eleitoral. "A decisão do tribunal já foi a de cassar esses deputados, ou seja, nem sequer reconhecer que eles foram eleitos num processo eleitoral legal. O que seria aplicável no Brasil? Que houvesse a posse desses deputados eleitos e depois a instauração de todos os processos legais, no seu devido tempo, com investigação, contraditório e assim por diante." O analista, porém, é cauteloso ao classificar a ação do TSJ como um golpe de Estado. "Enquanto não se tiver caracterizada uma situação em que o Executivo e o Judiciário, irmanados, tomam conta de todas as representações de poder no país, eu ainda não caracterizaria como um golpe de Estado completo, como algo irreversível." Já o professor da Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade Columbia (EUA), Christopher Sabatini, afirma que há em curso um "golpe em pequenos passos". Ele cita as decisões da Assembleia anuladas pelo TSJ, o adiamento das eleições regionais de dezembro, as manobras do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) para atrasar a convocação de um referendo revogatório contra Maduro e a apresentação do orçamento pelo presidente aos juízes do STJ, passando ao largo da Assembleia, que deve fiscalizar o Executivo. "Efetivamente os processos democráticos já eram ignorados", diz. "A erosão da democracia é uma ameaça maior do que um golpe de fato. Um golpe geralmente é um ato que você pode reconhecer: tanques marcham pelas ruas ou uma multidão invade o palácio presidencial", avalia Sabatini. Para o cientista político Enrique Peruzzotti, da Universidade Torcuato di Tella em Buenos Aires, a Venezuela hoje pode ser considerada uma ditadura "posto que foi formalmente desmantelado o princípio republicano da separação de poderes, ignorando a vontade popular que o voto legislativo supõe". Gerardo Arellano, professor de Relações Internacionais da Universidade Central da Venezuela, acredita que o crescente "isolamento da Venezuela em organizações internacionais" como a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Mercosul é um importante instrumento de pressão contra o governo chavista. O docente também alerta para o "risco de confrontos" entre manifestantes opositores e milícias chavistas devido ao impasse político. Em 2010, o então presidente Hugo Chávez comparou a ameaça da oposição, então minoria no Parlamento, de dissolver a Assembleia Nacional a um golpe de Estado. "Sendo minoria querem agora dissolver a Assembleia Nacional, porque a única forma em que a Assembleia Nacional não pode legislar é que se dissolva, estão colocando um golpe de Estado."
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Eletropaulo não religa energia elétrica após quitação, reclama leitora
A leitora Sandra Raveli diz estar sem energia desde a noite de 30 de novembro. Ela afirma que a AES Eletropaulo ficou de enviar um técnico em 24 horas, com a orientação de que houvesse alguém para recebê-lo. O marido da leitora deixou de ir ao trabalho para receber o técnico, que não apareceu. Foram informados então que o prazo era de 48 horas, mas novamente ninguém foi. A conta estava em débito automático. O corte ocorreu porque o titular foi alterado, e o vínculo bancário se perdeu. Sandra já quitou todas as pendências, mas ainda não teve a energia restabelecida. Resposta - A AES Eletropaulo afirma que lamenta o ocorrido e que a religação já foi efetuada. A cliente receberá uma compensação pelo período sem energia elétrica. - Queixa de Sueli Scarlati: acesso negado A leitora não consegue acessar o home broker do Bradesco. Quando tinha esse problema, ligava na corretora, que resolvia a questão. Recentemente, os atendentes deixaram de solucionar ou de transferir à área técnica. Resposta do Bradesco Informa que manteve contato com a leitora para prestar os esclarecimentos necessários. - Queixa de Gisele Smith: mudança de endereço Leitora mudou de cidade e tenta transferir as linhas de internet e telefone da NET, mantendo os números –o DDD é o mesmo. Ela já fez nove contatos com a empresa, mas a cada ligação recebe orientação diferente. Resposta da NET Diz que entrou em contato com a cliente e regularizou a situação. - Queixa de Antônio Menezes de Araújo: transferência de conta Dono de aparelho Nextel vinculado à empresa quer migrar o número para conta pessoal e fazer a portabilidade para outra operadora. Já entregou a documentação necessária duas vezes, sem sucesso. Resposta da Nextel Informa que entrou em contato com o cliente e prestou os devidos esclarecimentos. - Queixa de Vivian Oliveira Santos: portabilidade Leitora fez portabilidade para a TIM, mas a mudança não ocorreu no prazo previsto. Ela retornou outras duas vezes e recebeu novos prazos, mas nenhum deles foi atendido. Ficou sem telefone por quase um mês. Resposta da TIM Disse que entrou em contato com a cliente e que a portabilidade da linha foi realizada.
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Eletropaulo não religa energia elétrica após quitação, reclama leitoraA leitora Sandra Raveli diz estar sem energia desde a noite de 30 de novembro. Ela afirma que a AES Eletropaulo ficou de enviar um técnico em 24 horas, com a orientação de que houvesse alguém para recebê-lo. O marido da leitora deixou de ir ao trabalho para receber o técnico, que não apareceu. Foram informados então que o prazo era de 48 horas, mas novamente ninguém foi. A conta estava em débito automático. O corte ocorreu porque o titular foi alterado, e o vínculo bancário se perdeu. Sandra já quitou todas as pendências, mas ainda não teve a energia restabelecida. Resposta - A AES Eletropaulo afirma que lamenta o ocorrido e que a religação já foi efetuada. A cliente receberá uma compensação pelo período sem energia elétrica. - Queixa de Sueli Scarlati: acesso negado A leitora não consegue acessar o home broker do Bradesco. Quando tinha esse problema, ligava na corretora, que resolvia a questão. Recentemente, os atendentes deixaram de solucionar ou de transferir à área técnica. Resposta do Bradesco Informa que manteve contato com a leitora para prestar os esclarecimentos necessários. - Queixa de Gisele Smith: mudança de endereço Leitora mudou de cidade e tenta transferir as linhas de internet e telefone da NET, mantendo os números –o DDD é o mesmo. Ela já fez nove contatos com a empresa, mas a cada ligação recebe orientação diferente. Resposta da NET Diz que entrou em contato com a cliente e regularizou a situação. - Queixa de Antônio Menezes de Araújo: transferência de conta Dono de aparelho Nextel vinculado à empresa quer migrar o número para conta pessoal e fazer a portabilidade para outra operadora. Já entregou a documentação necessária duas vezes, sem sucesso. Resposta da Nextel Informa que entrou em contato com o cliente e prestou os devidos esclarecimentos. - Queixa de Vivian Oliveira Santos: portabilidade Leitora fez portabilidade para a TIM, mas a mudança não ocorreu no prazo previsto. Ela retornou outras duas vezes e recebeu novos prazos, mas nenhum deles foi atendido. Ficou sem telefone por quase um mês. Resposta da TIM Disse que entrou em contato com a cliente e que a portabilidade da linha foi realizada.
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Janot prepara lista para investigar políticos; veja os próximos passos
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou apresentar na terça-feira (14) 83 pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos citados em delação da Odebrecht. Mas quais serão os desdobramentos do pedido —já popularizado como "lista de Janot"— depois que ele chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal)? Veja abaixo como deve ser a tramitação: * O QUE ACONTECE AGORA... 1. Os pedidos serão feitos ao relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin 2. No pedido, a PGR (Procuradoria-Geral da República) relata fatos e pessoas que devem ser investigados e deverá pedir que inquéritos não tenham sigilo 3. A PGR diz qual o foro adequado para tratar daquele caso: se fica no STF ou se deve ser desmembrado para outras instâncias. Têm foro no STF (Supremo Tribunal Federal): senadores, deputados federais e ministros; No STJ (Superior Tribunal de Justiça): governadores, vice-governadores e conselheiros de tribunal de contas; No TRF (Tribunal Regional Federal): prefeitos; E, na Justiça Federal, todas as demais pessoas sem foro privilegiado 4. Fachin decide se a investigação deve ser aberta ou arquivada e se declina a competência para outras instâncias ...E NO STF 5. Fachin não tem prazo para decidir sobre pedidos da PGR. No entanto, a expectativa é que ele não demore para analisar o material 6. No inquérito aberto, os investigadores juntam provas para saber se há indícios de autoria e materialidade dos crimes 7. Os procuradores podem apresentar denúncias ao fim de cada investigação ou pedir o arquivamento 8. No STF, a denúncia precisa ser analisada em colegiado. Quem decide casos de senadores, deputados federais e ministros é a Segunda Turma do Supremo (5 ministros). Já os presidentes da República, do Senado e da Câmara têm o caso analisado no plenário da corte, por todos os 11 ministros. RETROSPECTIVA 1. A primeira "lista de Janot" chegou ao STF em 6 de março de 2015 2. A PGR já apresentou 20 denúncias, com 59 acusados 3. Cinco casos foram recebidos pelo STF, ou seja, os acusados viraram réus. Destes, dois processos foram encaminhados para o juiz Sergio Moro porque o político perdeu foro (no caso, o ex-deputado Eduardo Cunha, do PMDB-RJ). Seis inquéritos foram arquivados. Os demais ainda estão em análise.
poder
Janot prepara lista para investigar políticos; veja os próximos passosO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou apresentar na terça-feira (14) 83 pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos citados em delação da Odebrecht. Mas quais serão os desdobramentos do pedido —já popularizado como "lista de Janot"— depois que ele chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal)? Veja abaixo como deve ser a tramitação: * O QUE ACONTECE AGORA... 1. Os pedidos serão feitos ao relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin 2. No pedido, a PGR (Procuradoria-Geral da República) relata fatos e pessoas que devem ser investigados e deverá pedir que inquéritos não tenham sigilo 3. A PGR diz qual o foro adequado para tratar daquele caso: se fica no STF ou se deve ser desmembrado para outras instâncias. Têm foro no STF (Supremo Tribunal Federal): senadores, deputados federais e ministros; No STJ (Superior Tribunal de Justiça): governadores, vice-governadores e conselheiros de tribunal de contas; No TRF (Tribunal Regional Federal): prefeitos; E, na Justiça Federal, todas as demais pessoas sem foro privilegiado 4. Fachin decide se a investigação deve ser aberta ou arquivada e se declina a competência para outras instâncias ...E NO STF 5. Fachin não tem prazo para decidir sobre pedidos da PGR. No entanto, a expectativa é que ele não demore para analisar o material 6. No inquérito aberto, os investigadores juntam provas para saber se há indícios de autoria e materialidade dos crimes 7. Os procuradores podem apresentar denúncias ao fim de cada investigação ou pedir o arquivamento 8. No STF, a denúncia precisa ser analisada em colegiado. Quem decide casos de senadores, deputados federais e ministros é a Segunda Turma do Supremo (5 ministros). Já os presidentes da República, do Senado e da Câmara têm o caso analisado no plenário da corte, por todos os 11 ministros. RETROSPECTIVA 1. A primeira "lista de Janot" chegou ao STF em 6 de março de 2015 2. A PGR já apresentou 20 denúncias, com 59 acusados 3. Cinco casos foram recebidos pelo STF, ou seja, os acusados viraram réus. Destes, dois processos foram encaminhados para o juiz Sergio Moro porque o político perdeu foro (no caso, o ex-deputado Eduardo Cunha, do PMDB-RJ). Seis inquéritos foram arquivados. Os demais ainda estão em análise.
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Identidade brasileira volta ganhar força nas coleções de verão para 2016
Por muitos anos os estilistas brasileiros negaram as raízes da "tropicalidade" nacional para agradar a uma clientela que recebia informações de moda importadas do hemisfério norte e queria ver esses códigos reproduzidos nas vitrines do Brasil. Os desfiles da temporada de verão 2016, porém, revelaram uma mudança de pensamento na execução das roupas. Símbolos do sincretismo religioso da Bahia, mar, surfe, sereias, carnaval e tribos indígenas desconhecidas dominaram as passarelas dos dois últimos eventos de moda do país. As brasilidades apareceram em várias das apresentações da última São Paulo Fashion Week e do Minas Trend Preview, misto de desfiles e feira de negócios realizado em Belo Horizonte, o segundo mais importante do país. Mas essa onda não tem nada a ver com patriotismo. Assim como toda mudança de padrão estético, esta também é movida por motivações econômicas. A consolidação das grifes internacionais instaladas no país é um dos fatores que alavancaram essa festa. Afinal, seria um tiro no pé reproduzir a coleção do colega estrangeiro da loja ao lado no shopping. A velha máxima de criar roupa para inglês ver parece ter se tornado urgente e, impulsionada pela alta do dólar, definitiva para os planos de expansão das marcas no exterior. A moeda americana valorizada impulsiona a produção têxtil nacional e barateia o produto brasileiro nos Estados Unidos e na Europa. Prova disso é que a mineira Patricia Bonaldi, dona de uma grife que carrega o seu nome e das marcas Lucas Magalhães e Apartamento 03, conseguiu, segundo disse nos bastidores da SPFW, abrir as exportações para os Estados Unidos, o Japão e os Emirados Árabes. No Brasil, o desejo do brasileiro de consumir roupas que dialoguem com sua própria cultura, bolso e corpo também contribui para o movimento. No Minas Trend, terreno de marcas de sucesso como Vivaz, Arte Sacra, Madreperola e Anne Fernandes, as peças mais desejadas e vendidas são aquelas com aplicações de brilho, detalhes em renda dourada e muita, muita cor. A solução para diferenciar-se do manjado barroco e da explosão de cores característica da estética Carmen Miranda, esta que a coroa fashion brasileira evitou por muito tempo, foi aplicar nas coleções elementos e silhuetas semelhantes à da moda europeia. Não à toa, a alfaiataria um tanto andrógina, a mistura de preto com branco e o movimento punk, referências vistas na temporada internacional, surgiram no visual das roupas desfiladas no Brasil. A equação atende, portanto, as expectativas do mercado internacional. Em uma conversa com Lizzy Bowring, diretora de passarelas do escritório de tendências inglês WGSN, ela disse que o Brasil, nesta temporada, "transportou os signos de sua cultura em um olhar globalizado e atento à moda contemporânea". O neotropicalismo é o novo pretinho básico.
serafina
Identidade brasileira volta ganhar força nas coleções de verão para 2016Por muitos anos os estilistas brasileiros negaram as raízes da "tropicalidade" nacional para agradar a uma clientela que recebia informações de moda importadas do hemisfério norte e queria ver esses códigos reproduzidos nas vitrines do Brasil. Os desfiles da temporada de verão 2016, porém, revelaram uma mudança de pensamento na execução das roupas. Símbolos do sincretismo religioso da Bahia, mar, surfe, sereias, carnaval e tribos indígenas desconhecidas dominaram as passarelas dos dois últimos eventos de moda do país. As brasilidades apareceram em várias das apresentações da última São Paulo Fashion Week e do Minas Trend Preview, misto de desfiles e feira de negócios realizado em Belo Horizonte, o segundo mais importante do país. Mas essa onda não tem nada a ver com patriotismo. Assim como toda mudança de padrão estético, esta também é movida por motivações econômicas. A consolidação das grifes internacionais instaladas no país é um dos fatores que alavancaram essa festa. Afinal, seria um tiro no pé reproduzir a coleção do colega estrangeiro da loja ao lado no shopping. A velha máxima de criar roupa para inglês ver parece ter se tornado urgente e, impulsionada pela alta do dólar, definitiva para os planos de expansão das marcas no exterior. A moeda americana valorizada impulsiona a produção têxtil nacional e barateia o produto brasileiro nos Estados Unidos e na Europa. Prova disso é que a mineira Patricia Bonaldi, dona de uma grife que carrega o seu nome e das marcas Lucas Magalhães e Apartamento 03, conseguiu, segundo disse nos bastidores da SPFW, abrir as exportações para os Estados Unidos, o Japão e os Emirados Árabes. No Brasil, o desejo do brasileiro de consumir roupas que dialoguem com sua própria cultura, bolso e corpo também contribui para o movimento. No Minas Trend, terreno de marcas de sucesso como Vivaz, Arte Sacra, Madreperola e Anne Fernandes, as peças mais desejadas e vendidas são aquelas com aplicações de brilho, detalhes em renda dourada e muita, muita cor. A solução para diferenciar-se do manjado barroco e da explosão de cores característica da estética Carmen Miranda, esta que a coroa fashion brasileira evitou por muito tempo, foi aplicar nas coleções elementos e silhuetas semelhantes à da moda europeia. Não à toa, a alfaiataria um tanto andrógina, a mistura de preto com branco e o movimento punk, referências vistas na temporada internacional, surgiram no visual das roupas desfiladas no Brasil. A equação atende, portanto, as expectativas do mercado internacional. Em uma conversa com Lizzy Bowring, diretora de passarelas do escritório de tendências inglês WGSN, ela disse que o Brasil, nesta temporada, "transportou os signos de sua cultura em um olhar globalizado e atento à moda contemporânea". O neotropicalismo é o novo pretinho básico.
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Homem morre com tiro na cabeça após entrar por engano em favela
Um homem foi morto a tiros na noite de sábado (9) após errar o caminho e entrar por engano na favela Vila Sapê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ulisses da Costa Cancela, 36, estava em seu carro com a mulher e um casal de amigos quando se perdeu e entrou em um dos acessos para comunidade. Ele queria ir para a Região Serrana. De acordo com testemunhas, Ulisses, que trabalhava como alpinista industrial, tentava fazer um retorno quando se confundiu. Após entrar em uma rua sem iluminação, ele escutou o som de um tiro e deu ré. No momento que tentava voltar com o veículo, foi atingido na cabeça por outro disparo. A vítima foi socorrida e levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque Caxias, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo testemunhas, os disparos teriam partido de traficantes de drogas que controlam a região. Os outros três ocupantes do carro não se feriram. De acordo com Fábio Cardoso, delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, ainda não há confirmação de onde teriam partido os tiros que atingiram o carro. "Ainda estamos investigando para identificar de onde partiram os tiros que atingiram a vítima. Já temos algumas linhas de investigação, mas como a área não possui câmeras e nada que possa ter registrado a investigação se torna mais difícil", disse Cardoso. Ainda segundo ele, o carro da vítima e o local já foram periciados. A expectativa é que ainda nesta semana outras testemunhas prestem depoimento. O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que situações como essa podem ocorrer em qualquer comunidade carioca que não seja pacificada. "Se qualquer pessoa entrar em áreas como Chapadão, Pedreira e locais onde esses bandidos ainda estão, infelizmente é possível que isso aconteça. Esses lugares estão esquecidos há muito tempo. Pelo menos em áreas com UPPs isso não tem acontecido e se acontece são em números infinitamente menores."
cotidiano
Homem morre com tiro na cabeça após entrar por engano em favelaUm homem foi morto a tiros na noite de sábado (9) após errar o caminho e entrar por engano na favela Vila Sapê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ulisses da Costa Cancela, 36, estava em seu carro com a mulher e um casal de amigos quando se perdeu e entrou em um dos acessos para comunidade. Ele queria ir para a Região Serrana. De acordo com testemunhas, Ulisses, que trabalhava como alpinista industrial, tentava fazer um retorno quando se confundiu. Após entrar em uma rua sem iluminação, ele escutou o som de um tiro e deu ré. No momento que tentava voltar com o veículo, foi atingido na cabeça por outro disparo. A vítima foi socorrida e levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque Caxias, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo testemunhas, os disparos teriam partido de traficantes de drogas que controlam a região. Os outros três ocupantes do carro não se feriram. De acordo com Fábio Cardoso, delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, ainda não há confirmação de onde teriam partido os tiros que atingiram o carro. "Ainda estamos investigando para identificar de onde partiram os tiros que atingiram a vítima. Já temos algumas linhas de investigação, mas como a área não possui câmeras e nada que possa ter registrado a investigação se torna mais difícil", disse Cardoso. Ainda segundo ele, o carro da vítima e o local já foram periciados. A expectativa é que ainda nesta semana outras testemunhas prestem depoimento. O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que situações como essa podem ocorrer em qualquer comunidade carioca que não seja pacificada. "Se qualquer pessoa entrar em áreas como Chapadão, Pedreira e locais onde esses bandidos ainda estão, infelizmente é possível que isso aconteça. Esses lugares estão esquecidos há muito tempo. Pelo menos em áreas com UPPs isso não tem acontecido e se acontece são em números infinitamente menores."
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Variedade de diversões infantis vira dilema de pais durante férias escolares
Vencida a questão logística das férias escolares, ou seja, quem fica com as crianças e onde, muitos pais enfrentam novo dilema: o que fazer com elas na cidade? Contornar o apelo da tríade TV, videogame e shopping, além da tentação de abarrotar a agenda dos filhos com atividades ao longo do dia, requer não criatividade mas um retorno à simplicidade do brincar, apontam especialistas. "A criança contemporânea que mora na cidade grande e vai pra escola desde cedo precisa de tempo e espaço para ser criança", explica a diretora pedagógica Josiane Pareja, da escola Ateliê Carambola. "O brincar é a linguagem genuína da infância e nasce do ócio e da observação. É o desejo da criança em ação." Para a psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão, "as crianças são muito dirigidas o tempo todo". "São poucas que conseguem, no meio de tantos comandos, descobrir o que gostam de fazer. Períodos de tédio e ócio permitem criação e encontro consigo." Segundo Josiane, para isso, é importante evitar espaços estressantes e cansativos. "Produzir um cantinho dentro de casa, com plantas e materialidades naturais para a criança explorar, promove um ambiente calmo, simples e seguro para o brincar. Não precisa de mirabolância." De acordo com a pesquisa "A visão da sociedade sobre o desenvolvimento da primeira infância", do Instituto Maria Cecília Souto Vidigal e do Ibope, 81% dos pais brasileiros não sabem que brincar é importante para o desenvolvimento da criança. "Nossa missão é conscientizar adultos sobre a importância do brincar e dar soluções práticas para que as crianças brinquem mais", diz Patrícia Marinho, criadora do blog "Tempojuntos" e autora do livro "100 Brincadeiras Incríveis para Fazer com seus Filhos em Qualquer Lugar". "Muita gente, de fato, não tem repertório de brincadeiras e, durante as férias, se vê diante de um problema." No blog e no livro, ela cria propostas de brincadeiras com materiais simples, como copos descartáveis, fitas crepe, Tupperwares e outros objetos não estruturados, como parte dos materiais recicláveis que iriam para o lixo. ESTAR JUNTO "Para mim, as férias das crianças são o momento mais esperado do ano", diz a assessora Cristina Guimarães, mãe de Antônio, 8, Miguel, 6 e João, 5. "Trabalho em casa e tiro férias com eles. Devolvo eles para a escola, no final de janeiro, triste porque queria que as férias continuassem." O fisioterapeuta Alexandre De Maior também consegue se planejar para estar durante as férias com o filho Eduardo, 11. "Sempre quis participar do desenvolvimento dele, e as férias são a grande oportunidade de termos mais tempo juntos. Quem não quer ou não consegue flexibilizar a agenda, perde esse tempo de estar junto." Cristina diz notar certo desespero em outros pais com a chegada das férias. "Muita gente tem comportamento padrão de só ir a shopping ou ao cinema, o que se torna repetitivo muito rapidamente." No primeiro dia do recesso escolar, ela e os filhos fazem juntos um planejamento do que eles querem realizar no período. A programação é escrita em uma cartolina, que é colada na parede da sala. "Meu desafio é deixá-los o menor tempo possível na TV ou com eletrônicos", diz. Com sua "tropa", como diz, Cristina usa a primeira semana de férias para colocar em dia dentista, oculista e pediatra. Depois, procura programas sem custo na cidade, como certas sessões de cinema e dias em museus. Em casa, faz pintura no azulejo do box do banheiro, arrumação das fantasias e dos brinquedos, e bolos. "Cada dia que passa é um dia vencido."
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Variedade de diversões infantis vira dilema de pais durante férias escolaresVencida a questão logística das férias escolares, ou seja, quem fica com as crianças e onde, muitos pais enfrentam novo dilema: o que fazer com elas na cidade? Contornar o apelo da tríade TV, videogame e shopping, além da tentação de abarrotar a agenda dos filhos com atividades ao longo do dia, requer não criatividade mas um retorno à simplicidade do brincar, apontam especialistas. "A criança contemporânea que mora na cidade grande e vai pra escola desde cedo precisa de tempo e espaço para ser criança", explica a diretora pedagógica Josiane Pareja, da escola Ateliê Carambola. "O brincar é a linguagem genuína da infância e nasce do ócio e da observação. É o desejo da criança em ação." Para a psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão, "as crianças são muito dirigidas o tempo todo". "São poucas que conseguem, no meio de tantos comandos, descobrir o que gostam de fazer. Períodos de tédio e ócio permitem criação e encontro consigo." Segundo Josiane, para isso, é importante evitar espaços estressantes e cansativos. "Produzir um cantinho dentro de casa, com plantas e materialidades naturais para a criança explorar, promove um ambiente calmo, simples e seguro para o brincar. Não precisa de mirabolância." De acordo com a pesquisa "A visão da sociedade sobre o desenvolvimento da primeira infância", do Instituto Maria Cecília Souto Vidigal e do Ibope, 81% dos pais brasileiros não sabem que brincar é importante para o desenvolvimento da criança. "Nossa missão é conscientizar adultos sobre a importância do brincar e dar soluções práticas para que as crianças brinquem mais", diz Patrícia Marinho, criadora do blog "Tempojuntos" e autora do livro "100 Brincadeiras Incríveis para Fazer com seus Filhos em Qualquer Lugar". "Muita gente, de fato, não tem repertório de brincadeiras e, durante as férias, se vê diante de um problema." No blog e no livro, ela cria propostas de brincadeiras com materiais simples, como copos descartáveis, fitas crepe, Tupperwares e outros objetos não estruturados, como parte dos materiais recicláveis que iriam para o lixo. ESTAR JUNTO "Para mim, as férias das crianças são o momento mais esperado do ano", diz a assessora Cristina Guimarães, mãe de Antônio, 8, Miguel, 6 e João, 5. "Trabalho em casa e tiro férias com eles. Devolvo eles para a escola, no final de janeiro, triste porque queria que as férias continuassem." O fisioterapeuta Alexandre De Maior também consegue se planejar para estar durante as férias com o filho Eduardo, 11. "Sempre quis participar do desenvolvimento dele, e as férias são a grande oportunidade de termos mais tempo juntos. Quem não quer ou não consegue flexibilizar a agenda, perde esse tempo de estar junto." Cristina diz notar certo desespero em outros pais com a chegada das férias. "Muita gente tem comportamento padrão de só ir a shopping ou ao cinema, o que se torna repetitivo muito rapidamente." No primeiro dia do recesso escolar, ela e os filhos fazem juntos um planejamento do que eles querem realizar no período. A programação é escrita em uma cartolina, que é colada na parede da sala. "Meu desafio é deixá-los o menor tempo possível na TV ou com eletrônicos", diz. Com sua "tropa", como diz, Cristina usa a primeira semana de férias para colocar em dia dentista, oculista e pediatra. Depois, procura programas sem custo na cidade, como certas sessões de cinema e dias em museus. Em casa, faz pintura no azulejo do box do banheiro, arrumação das fantasias e dos brinquedos, e bolos. "Cada dia que passa é um dia vencido."
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O Paulistinha na hora agá
Paulistinha sim, porque se fosse Paulistão não chegaria às quartas de final com a ridícula média de público de apenas 6.500 torcedores por jogo. E olhe que é o campeonato estadual mais frequentado do país, para se ter uma ideia da inutilidade dos demais. O de Brasília, por exemplo, que teria no Mané Garrincha seu palco ideal, tem a média de menos de 800 torcedores por jogo. Já no seu principal estádio cabem 72 mil torcedores, o que obriga um viva para o ex-governador petista Agnelo Queiroz e outro para o ex-ministro do Esporte, o pecedobista Aldo Rebelo. Não pergunte as médias dos estaduais do Rio Grande do Norte, que abriga a Arena das Dunas, nem do Estado de Amazonas e sua imponente Arena Amazônia, ou do Mato Grosso, com sua não menos dispendiosa Arena Pantanal. Todos têm médias anêmicas, alguns abaixo dos 300 torcedores, outros sem chegar à casa dos 1.700. Mas voltemos ao Paulistinha em sua fase de quartas de final. Cabe aqui, rapidamente, explicar por que Paulistinha. Se a Federação Paulista de Futebol tivesse, digamos, a humildade de chamar o campeonato –como em seus bons tempos, até, no máximo, e com muita boa vontade, 1990–, simplesmente de Campeonato Paulista, assim aqui seria tratado. Mas o aumentativo meramente marqueteiro merece que alguém o chame por seu porte verdadeiro, no diminutivo. "Õ", no máximo, é o Brasileirão, exclusivamente por ser o mais importante do Brasil, embora com média de apenas 17 mil pagantes por partida. O Alemão tem média de 42 mil. Dito isso, voltemos novamente a ele, ao Paulistinha. Depois de longos 75 dias, eis que chegamos aos jogos decisivos, únicos nas quartas e semifinais, para ter o mata-mata apenas na decisão. Prolonga-se o tédio para encurtar a emoção. No sábado, dois jogos que parecem fadados a ter vitórias dos grandes Corinthians e Santos, contra os pequenos Red Bull Brasil e São Bento, em Itaquera e na Vila Belmiro. Em futebol, sabe-se, tudo pode acontecer, inclusive nada. Deve ser o caso para os dois alvinegros. No domingo, o jogo mais complicado, em Osasco, para Audax e São Paulo. Embate entre a saudável ousadia do treinador Fernando Diniz e o pragmático Edgardo Bauza que, se o Tricolor tiver juízo, já terá voado com seus principais jogadores para La Paz, onde jogará a classificação para as oitavas de final da Taça Libertadores da América. Não tenha dúvida a rara leitora e o raro leitor que uma vaga nos mata-matas do torneio continental é muito mais importante que a das semifinais do estadual. Já na segunda-feira, o Palmeiras recebe o São Bernardo, deprimido pela eliminação na Libertadores ou eufórico pela classificação (sim, escreve-se aqui antes de uma coisa ou outra). O risco do Alviverde é conhecido: o de ir mal em casa, contra times menores. De realmente notável até agora no Paulistinha, de pouquíssimos jogos dignos de nota, apenas a média de público do Corinthians, de 29 mil torcedores pagantes por jogo, 10 mil a mais que o segundo colocado no quesito, exatamente o rival Palmeiras. Resta torcer para que, além da emoção, tenhamos bom futebol.
colunas
O Paulistinha na hora agáPaulistinha sim, porque se fosse Paulistão não chegaria às quartas de final com a ridícula média de público de apenas 6.500 torcedores por jogo. E olhe que é o campeonato estadual mais frequentado do país, para se ter uma ideia da inutilidade dos demais. O de Brasília, por exemplo, que teria no Mané Garrincha seu palco ideal, tem a média de menos de 800 torcedores por jogo. Já no seu principal estádio cabem 72 mil torcedores, o que obriga um viva para o ex-governador petista Agnelo Queiroz e outro para o ex-ministro do Esporte, o pecedobista Aldo Rebelo. Não pergunte as médias dos estaduais do Rio Grande do Norte, que abriga a Arena das Dunas, nem do Estado de Amazonas e sua imponente Arena Amazônia, ou do Mato Grosso, com sua não menos dispendiosa Arena Pantanal. Todos têm médias anêmicas, alguns abaixo dos 300 torcedores, outros sem chegar à casa dos 1.700. Mas voltemos ao Paulistinha em sua fase de quartas de final. Cabe aqui, rapidamente, explicar por que Paulistinha. Se a Federação Paulista de Futebol tivesse, digamos, a humildade de chamar o campeonato –como em seus bons tempos, até, no máximo, e com muita boa vontade, 1990–, simplesmente de Campeonato Paulista, assim aqui seria tratado. Mas o aumentativo meramente marqueteiro merece que alguém o chame por seu porte verdadeiro, no diminutivo. "Õ", no máximo, é o Brasileirão, exclusivamente por ser o mais importante do Brasil, embora com média de apenas 17 mil pagantes por partida. O Alemão tem média de 42 mil. Dito isso, voltemos novamente a ele, ao Paulistinha. Depois de longos 75 dias, eis que chegamos aos jogos decisivos, únicos nas quartas e semifinais, para ter o mata-mata apenas na decisão. Prolonga-se o tédio para encurtar a emoção. No sábado, dois jogos que parecem fadados a ter vitórias dos grandes Corinthians e Santos, contra os pequenos Red Bull Brasil e São Bento, em Itaquera e na Vila Belmiro. Em futebol, sabe-se, tudo pode acontecer, inclusive nada. Deve ser o caso para os dois alvinegros. No domingo, o jogo mais complicado, em Osasco, para Audax e São Paulo. Embate entre a saudável ousadia do treinador Fernando Diniz e o pragmático Edgardo Bauza que, se o Tricolor tiver juízo, já terá voado com seus principais jogadores para La Paz, onde jogará a classificação para as oitavas de final da Taça Libertadores da América. Não tenha dúvida a rara leitora e o raro leitor que uma vaga nos mata-matas do torneio continental é muito mais importante que a das semifinais do estadual. Já na segunda-feira, o Palmeiras recebe o São Bernardo, deprimido pela eliminação na Libertadores ou eufórico pela classificação (sim, escreve-se aqui antes de uma coisa ou outra). O risco do Alviverde é conhecido: o de ir mal em casa, contra times menores. De realmente notável até agora no Paulistinha, de pouquíssimos jogos dignos de nota, apenas a média de público do Corinthians, de 29 mil torcedores pagantes por jogo, 10 mil a mais que o segundo colocado no quesito, exatamente o rival Palmeiras. Resta torcer para que, além da emoção, tenhamos bom futebol.
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Em livro, criador de 'Downton Abbey' retorna à era vitoriana
Desde que se atirou de um helicóptero abraçada a James Bond, durante os Jogos de Londres, em 2012, a rainha Elizabeth nunca mais foi a mesma. Conquistada por meio de um notável esforço de marketing, a retumbante popularidade atual da monarca seria impensável no auge dos conflitos na Irlanda do Norte, nos anos 1960, ou mesmo nos 1970, quando os Sex Pistols rugiam: "Deus salve a rainha, Ela não é um ser humano". Naqueles anos fervilhantes, o autor, historiador e roteirista Julian Fellowes ("Downton Abbey" e "Gosford Park"), com sua prosa de bisbilhotices de alcova, jamais seria levado a sério como material para "bestseller". O "Belgravia", que ele acaba de lançar em capítulos pela internet (Dickens, a quem Fellowes gostaria de ser comparado, também serializava suas histórias em capítulos semanais publicados em revistas) dificilmente emplacaria na era punk dos recessivos anos 1970. Fato está que, hoje, a rainha é pop. A energia outrora despendida em militância contra o sistema foi toda canalizada para o consumismo. Assim, o baronete Fellowes (sim, ele também possui um título) aproveita a onda para discorrer sobre seu fascínio pela realeza e pelos idos de glória do falecido (ou quase) Império Britânico. Na esteira da popularidade que a transformou na simpática vovó de seu reino, Elizabeth, e o sistema constitucional que a precede, permitem que o autor repita "ad náusea" o mesmo enredo: o embate entre privilegiados e pés-rapados e suas decorrentes tensões eróticas. Benza Deus, esse não é seu único assunto. A Inglaterra vitoriana foi uma era sem precedentes na história, de conquistas fascinantes advindas da Revolução Industrial. O pano de fundo do capítulo inicial de "Downton Abbey" é o naufrágio do Titanic. Neste novo "Belgravia" –que você pode ler em capítulos via internet, ouvir baixando o app de mesmo nome ou perscrutar na forma de livro recém-lançado pela editora Intrínseca–, Fellowes ambienta a apresentação de sua história em 15 de junho de 1815, véspera da Batalha de Waterloo, no famoso baile promovido em Bruxelas pela duquesa de Richmond. O regabofe reuniu a alta nobreza europeia para homenagear o Duque de Wellington, general britânico que, horas depois, iria neutralizar Napoleão no campo de batalha. A intriga, a fofoca e os usos e costumes dos vitorianos serão atirados 25 anos adiante e desembarcados na exclusivíssima Belgravia, bairro londrino que foi lançado como empreendimento imobiliário de luxo nos anos 1830 pela família mais rica da Inglaterra, os Grosvenor (e talvez uma das mais nobres, posto que eles ainda detêm o título do ducado de Westminster, região central de Londres). A esta altura, quem nunca curtiu história de príncipe e de princesa, certamente está se perguntando: "E eu com os Grosvenor?" (pronuncia-se grouvenôr). A estes, eu responderia: "Remember Sarajevo". Não custa, nem que seja de forma lúdica e um tanto despropositada enquanto ponto de vista histórico, tentar investigar os motivos pelos quais a Europa de hoje anda sendo tão comparada com a de antes da Primeira Grande Guerra. Não é que o esnobe Julian Fellowes pode ajudar nas explicações? BELGRAVIA AUTOR Julian Fellowes EDITORA Intrínseca QUANTO: R$ 49,90 (368 págs.)
ilustrada
Em livro, criador de 'Downton Abbey' retorna à era vitorianaDesde que se atirou de um helicóptero abraçada a James Bond, durante os Jogos de Londres, em 2012, a rainha Elizabeth nunca mais foi a mesma. Conquistada por meio de um notável esforço de marketing, a retumbante popularidade atual da monarca seria impensável no auge dos conflitos na Irlanda do Norte, nos anos 1960, ou mesmo nos 1970, quando os Sex Pistols rugiam: "Deus salve a rainha, Ela não é um ser humano". Naqueles anos fervilhantes, o autor, historiador e roteirista Julian Fellowes ("Downton Abbey" e "Gosford Park"), com sua prosa de bisbilhotices de alcova, jamais seria levado a sério como material para "bestseller". O "Belgravia", que ele acaba de lançar em capítulos pela internet (Dickens, a quem Fellowes gostaria de ser comparado, também serializava suas histórias em capítulos semanais publicados em revistas) dificilmente emplacaria na era punk dos recessivos anos 1970. Fato está que, hoje, a rainha é pop. A energia outrora despendida em militância contra o sistema foi toda canalizada para o consumismo. Assim, o baronete Fellowes (sim, ele também possui um título) aproveita a onda para discorrer sobre seu fascínio pela realeza e pelos idos de glória do falecido (ou quase) Império Britânico. Na esteira da popularidade que a transformou na simpática vovó de seu reino, Elizabeth, e o sistema constitucional que a precede, permitem que o autor repita "ad náusea" o mesmo enredo: o embate entre privilegiados e pés-rapados e suas decorrentes tensões eróticas. Benza Deus, esse não é seu único assunto. A Inglaterra vitoriana foi uma era sem precedentes na história, de conquistas fascinantes advindas da Revolução Industrial. O pano de fundo do capítulo inicial de "Downton Abbey" é o naufrágio do Titanic. Neste novo "Belgravia" –que você pode ler em capítulos via internet, ouvir baixando o app de mesmo nome ou perscrutar na forma de livro recém-lançado pela editora Intrínseca–, Fellowes ambienta a apresentação de sua história em 15 de junho de 1815, véspera da Batalha de Waterloo, no famoso baile promovido em Bruxelas pela duquesa de Richmond. O regabofe reuniu a alta nobreza europeia para homenagear o Duque de Wellington, general britânico que, horas depois, iria neutralizar Napoleão no campo de batalha. A intriga, a fofoca e os usos e costumes dos vitorianos serão atirados 25 anos adiante e desembarcados na exclusivíssima Belgravia, bairro londrino que foi lançado como empreendimento imobiliário de luxo nos anos 1830 pela família mais rica da Inglaterra, os Grosvenor (e talvez uma das mais nobres, posto que eles ainda detêm o título do ducado de Westminster, região central de Londres). A esta altura, quem nunca curtiu história de príncipe e de princesa, certamente está se perguntando: "E eu com os Grosvenor?" (pronuncia-se grouvenôr). A estes, eu responderia: "Remember Sarajevo". Não custa, nem que seja de forma lúdica e um tanto despropositada enquanto ponto de vista histórico, tentar investigar os motivos pelos quais a Europa de hoje anda sendo tão comparada com a de antes da Primeira Grande Guerra. Não é que o esnobe Julian Fellowes pode ajudar nas explicações? BELGRAVIA AUTOR Julian Fellowes EDITORA Intrínseca QUANTO: R$ 49,90 (368 págs.)
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Emoção instantânea: as arrebatadoras fotos do 'Travel Photographer of the Year'
As melhores imagens do último concurso 'Travel Photographer of the Year', ou Fotógrafo de Viagem do Ano, estão em exposição em Londres. Para um fotógrafo se destacar, segundo Caroline Metcalfe, da comissão julgadora, ela deve provocar reação emocional instantânea. Os registros incluem ursos polares, cavernas submarinas e retratos. As imagens finalistas de 2014 podem ser vistas no Royal Geographical Society em Kensington, Londres, até 5 de setembro de 2015.
bbc
Emoção instantânea: as arrebatadoras fotos do 'Travel Photographer of the Year'As melhores imagens do último concurso 'Travel Photographer of the Year', ou Fotógrafo de Viagem do Ano, estão em exposição em Londres. Para um fotógrafo se destacar, segundo Caroline Metcalfe, da comissão julgadora, ela deve provocar reação emocional instantânea. Os registros incluem ursos polares, cavernas submarinas e retratos. As imagens finalistas de 2014 podem ser vistas no Royal Geographical Society em Kensington, Londres, até 5 de setembro de 2015.
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Feliz 2018?
Creio que Pedro Malan foi o primeiro a ter essa ideia, anos atrás, sobre quando convidado a opinar sobre o ano seguinte, responder dando felicitações ao ano subsequente. Nada mais atual neste começo de 2016 do que repetir a piada do ex-ministro da Fazenda. A questão aqui, então, será discutir por que já damos 2016 como perdido e por que corremos o risco disso se repetir em 2017, 2018 ou 2025. Precisamos esclarecer duas questões: o ano estar perdido em face do crescimento não necessariamente é culpa de 2016. Não é exagero apontar o não entendimento do tamanho do problema em 2015 por parte do governo como maior culpado de o PIB em 2016 cair algo em torno de 3,5% novamente. As medidas, mesmo quando feitas corretamente, demoram a produzir resultados. Outro ponto é que, exatamente por buscar o crescimento de curto prazo e de qualquer maneira, é que nos encontramos no atual cenário. Por outro lado, se o país usasse esse momento horroroso e colocasse em pauta algumas das inúmeras necessidades estruturais que temos hoje, seria até injusto dizer que o ano foi "perdido". A crise atual pode, sim, ser catalizadora das tão sonhadas reformas. Dilma precisa, em algum momento, assumir e determinar qualquer outra agenda que não seja não sofrer o Impeachment ou rezar pra queda de Eduardo Cunha. O país e a sociedade não aguentam quatro anos sem que absolutamente nada seja efetivamente feito. O pior biênio da história em termos de crescimento deve vir junto com o pior biênio em termos de inflação desde o Plano Real. Quando você tem uma estrada a ser feita e retarda a construção o saldo é o mesmo: temos uma estrada por fazer; em economia, infelizmente, a inação ou a ação equivocada provocam estragos maiores. Quando você demora pra "derrubar" a inflação, o trabalho de correção é mais difícil, mais demorado e mais custoso a todos. É nesse momento em que estamos, achando que os erros econômicos e estruturais do País podem esperar essa briga de 5ª série acabar. Não pode! Se nada for feito, teremos novamente um déficit fiscal (não é absurdo dizermos em R$ 50 bilhões pra 2016); pelo menos 7% de inflação e uma relação dívida/PIB acima de 70%. Os juros e o dólar, apesar de altos, seguirão subindo caso nada seja apresentado. Ver a Selic acima de 15% e o dólar acima de R$ 4,50 será uma consequência dos problemas acima. A crise política, a inação do Congresso e a ausência por completo de um presidente e de uma agenda foram responsáveis por parte significativa da queda do PIB no ano passado e deste ano. Por isso, não basta alguém assumir o país. Faria diferença se alguém assumisse e conseguisse convencer a todos que o pior ficou pra trás, que já atingimos o fundo do poço. Acharmos ou percebermos que o fundo do poço existe ou foi atingido é X da questão nesse momento. É o que fará com que todos virem a chave para um ciclo virtuoso. Como estamos no Brasil e somos humanos, o fundo do poço ainda pode ficar maior. Alguém pode assumir e ter como agenda repetir as medidas equivocadas, as ações que nos colocaram onde estamos hoje. A boa notícia é que o espaço pra bobagens está restrito por falta de dinheiro; a má é que esse governo já se mostrou imune a qualquer tipo de aprendizado. Assim sendo, penso estarmos naquela encruzilhada típica onde ou salvamos 2016 ou podemos começar a escrever artigos e textos no final do ano desejando um "Feliz 2018". LUIZ GUSTAVO MEDINA, sócio da M2 Investimentos, é co-apresentador dos programas ''Fim de Expediente'', "Hora de Expediente" e "Call de Abertura" na rádio CBN. É autor do livro ''Investindo em Ações - Os primeiros passos'', entre outros * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Feliz 2018?Creio que Pedro Malan foi o primeiro a ter essa ideia, anos atrás, sobre quando convidado a opinar sobre o ano seguinte, responder dando felicitações ao ano subsequente. Nada mais atual neste começo de 2016 do que repetir a piada do ex-ministro da Fazenda. A questão aqui, então, será discutir por que já damos 2016 como perdido e por que corremos o risco disso se repetir em 2017, 2018 ou 2025. Precisamos esclarecer duas questões: o ano estar perdido em face do crescimento não necessariamente é culpa de 2016. Não é exagero apontar o não entendimento do tamanho do problema em 2015 por parte do governo como maior culpado de o PIB em 2016 cair algo em torno de 3,5% novamente. As medidas, mesmo quando feitas corretamente, demoram a produzir resultados. Outro ponto é que, exatamente por buscar o crescimento de curto prazo e de qualquer maneira, é que nos encontramos no atual cenário. Por outro lado, se o país usasse esse momento horroroso e colocasse em pauta algumas das inúmeras necessidades estruturais que temos hoje, seria até injusto dizer que o ano foi "perdido". A crise atual pode, sim, ser catalizadora das tão sonhadas reformas. Dilma precisa, em algum momento, assumir e determinar qualquer outra agenda que não seja não sofrer o Impeachment ou rezar pra queda de Eduardo Cunha. O país e a sociedade não aguentam quatro anos sem que absolutamente nada seja efetivamente feito. O pior biênio da história em termos de crescimento deve vir junto com o pior biênio em termos de inflação desde o Plano Real. Quando você tem uma estrada a ser feita e retarda a construção o saldo é o mesmo: temos uma estrada por fazer; em economia, infelizmente, a inação ou a ação equivocada provocam estragos maiores. Quando você demora pra "derrubar" a inflação, o trabalho de correção é mais difícil, mais demorado e mais custoso a todos. É nesse momento em que estamos, achando que os erros econômicos e estruturais do País podem esperar essa briga de 5ª série acabar. Não pode! Se nada for feito, teremos novamente um déficit fiscal (não é absurdo dizermos em R$ 50 bilhões pra 2016); pelo menos 7% de inflação e uma relação dívida/PIB acima de 70%. Os juros e o dólar, apesar de altos, seguirão subindo caso nada seja apresentado. Ver a Selic acima de 15% e o dólar acima de R$ 4,50 será uma consequência dos problemas acima. A crise política, a inação do Congresso e a ausência por completo de um presidente e de uma agenda foram responsáveis por parte significativa da queda do PIB no ano passado e deste ano. Por isso, não basta alguém assumir o país. Faria diferença se alguém assumisse e conseguisse convencer a todos que o pior ficou pra trás, que já atingimos o fundo do poço. Acharmos ou percebermos que o fundo do poço existe ou foi atingido é X da questão nesse momento. É o que fará com que todos virem a chave para um ciclo virtuoso. Como estamos no Brasil e somos humanos, o fundo do poço ainda pode ficar maior. Alguém pode assumir e ter como agenda repetir as medidas equivocadas, as ações que nos colocaram onde estamos hoje. A boa notícia é que o espaço pra bobagens está restrito por falta de dinheiro; a má é que esse governo já se mostrou imune a qualquer tipo de aprendizado. Assim sendo, penso estarmos naquela encruzilhada típica onde ou salvamos 2016 ou podemos começar a escrever artigos e textos no final do ano desejando um "Feliz 2018". LUIZ GUSTAVO MEDINA, sócio da M2 Investimentos, é co-apresentador dos programas ''Fim de Expediente'', "Hora de Expediente" e "Call de Abertura" na rádio CBN. É autor do livro ''Investindo em Ações - Os primeiros passos'', entre outros * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Vôlei de praia, canoagem e pentatlo têm ano pré-olímpico positivo
Se para os "medalhões" 2015 é esquecível, também pode-se dizer que o ano pré-olímpico foi positivo para outros brasileiros que chegarão ao Rio mais fortes na briga por medalhas. Uma delas é Yane Marques, bronze em Londres-2012 no pentatlo moderno e que, neste ano, foi terceira no Mundial da modalidade. Mais do que a medalha, porém, para a pernambucana, a classificação olímpica era a meta. DESEMPENHO EM OLIMPÍADA E MUNDIAIS - Como alguns dos principais atletas do Brasil estão no ciclo até a Rio-2016 "Este ano era muito importante, pois já podia me classificar para a Olimpíada. Agora, já garantida, posso fazer uma temporada mais ajustável aos Jogos", disse Yane, que foi prata no Mundial em 2013. Fabiana Murer, no salto com vara, e a dupla Martine Grael e Kahena Kunze, na vela, foram outras que se mantiveram entre as melhores do mundo na temporada, ambas com pratas em seus respectivos campeonatos mundiais. Um degrau acima ficou o desempenho das duplas de vôlei de praia, com os títulos mundiais —e as vagas olímpicas asseguradas— tanto de Ágatha e Bárbara Seixas quanto de Alison e Bruno Schmidt. A canoagem velocidade também teve um ano positivo, com o título mundial de Isaquias Queiroz e Erlon de Souza (no C2 1.000 m), o que assegurou mais uma vaga olímpica ao país. No tênis, o Brasil teve o número um da temporada nas duplas: Marcelo Melo. "Após o Aberto da Austrália [em janeiro], o foco será a Olimpíada, especialmente por ser no Brasil", afirmou Melo.
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Vôlei de praia, canoagem e pentatlo têm ano pré-olímpico positivoSe para os "medalhões" 2015 é esquecível, também pode-se dizer que o ano pré-olímpico foi positivo para outros brasileiros que chegarão ao Rio mais fortes na briga por medalhas. Uma delas é Yane Marques, bronze em Londres-2012 no pentatlo moderno e que, neste ano, foi terceira no Mundial da modalidade. Mais do que a medalha, porém, para a pernambucana, a classificação olímpica era a meta. DESEMPENHO EM OLIMPÍADA E MUNDIAIS - Como alguns dos principais atletas do Brasil estão no ciclo até a Rio-2016 "Este ano era muito importante, pois já podia me classificar para a Olimpíada. Agora, já garantida, posso fazer uma temporada mais ajustável aos Jogos", disse Yane, que foi prata no Mundial em 2013. Fabiana Murer, no salto com vara, e a dupla Martine Grael e Kahena Kunze, na vela, foram outras que se mantiveram entre as melhores do mundo na temporada, ambas com pratas em seus respectivos campeonatos mundiais. Um degrau acima ficou o desempenho das duplas de vôlei de praia, com os títulos mundiais —e as vagas olímpicas asseguradas— tanto de Ágatha e Bárbara Seixas quanto de Alison e Bruno Schmidt. A canoagem velocidade também teve um ano positivo, com o título mundial de Isaquias Queiroz e Erlon de Souza (no C2 1.000 m), o que assegurou mais uma vaga olímpica ao país. No tênis, o Brasil teve o número um da temporada nas duplas: Marcelo Melo. "Após o Aberto da Austrália [em janeiro], o foco será a Olimpíada, especialmente por ser no Brasil", afirmou Melo.
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Brasileiros comem poucas frutas, verduras e legumes, aponta estudo
Não é difícil perceber que frutas, legumes e verduras têm perdido espaço para os alimentos industrializados no prato do brasileiro. Um novo estudo confirmou essa tendência e mostrou que o problema é ainda mais grave justamente entre os mais novos. O trabalho, que será publicado na revista científica "Journal of Human Growth and Development", revisou 23 pesquisas feitas no Brasil sobre o tema entre 2005 e 2015. O resultado final mostra, por exemplo, que só 12,5% dos adolescentes consomem uma porção de fruta, legume ou verdura por dia, quando o ideal, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), seriam cinco porções (ou 400 gramas). Entre os idosos a situação é um pouco melhor. Em algumas capitais, como Belo Horizonte e Florianópolis, até 40% deles têm um consumo adequado desses alimentos. Além desse grupo, mulheres e pessoas de melhor nível socioeconômico são as que mais comem alimentos mais saudáveis. Mas, considerando todas as faixas etárias, os resultados não são bons. Curiosamente, alguns estudos apontam que até 80% das pessoas estavam equivocadas sobre seu próprio consumo de frutas e legumes, acreditando que estavam ingerindo a quantidade ideal de alimentos saudáveis. Pesquisa do IBGE de 2011 já havia apontado que 90% da população brasileira não consumia os 400 gramas diários de frutas, legumes e verduras preconizados pela OMS. Segundo o nutrólogo Rubens Feferbaum, professor de pediatria da Faculdade de Medicina da USP e autor do estudo, o consumo inadequado está relacionado ao ganho de peso, o que ajuda a explicar por que mais da metade dos adultos no país está obesa. "Quando você come frutas e verduras, ingere carboidratos mais complexos, com fibras, e acaba comendo menos carboidratos mais simples [feitos de farinha refinada, como pães brancos e bolachas]." Outro estudo, publicado na revista científica "Plos One", mostrou ainda que o consumo de frutas e legumes, de fato, ajuda a perder peso, mas depende de quais frutas e legumes estamos falando. A pesquisa acompanhou a dieta de mais de 117 mil pessoas entre 30 e 40 anos de idade no início do estudo durante um período de 24 anos. Em geral, o consumo maior de "berries", como morango e amora, mostrou-se relacionado a uma perda de peso de 500 g. O de frutas cítricas, a uma perda de 112 g. Adicionar uma porção diária de tofu ou soja pode representar perda de até 1 kg, enquanto maçãs e peras levam a 560 g a menos. Batatas, ervilhas e milho não levaram a perda nenhuma.
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Brasileiros comem poucas frutas, verduras e legumes, aponta estudoNão é difícil perceber que frutas, legumes e verduras têm perdido espaço para os alimentos industrializados no prato do brasileiro. Um novo estudo confirmou essa tendência e mostrou que o problema é ainda mais grave justamente entre os mais novos. O trabalho, que será publicado na revista científica "Journal of Human Growth and Development", revisou 23 pesquisas feitas no Brasil sobre o tema entre 2005 e 2015. O resultado final mostra, por exemplo, que só 12,5% dos adolescentes consomem uma porção de fruta, legume ou verdura por dia, quando o ideal, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), seriam cinco porções (ou 400 gramas). Entre os idosos a situação é um pouco melhor. Em algumas capitais, como Belo Horizonte e Florianópolis, até 40% deles têm um consumo adequado desses alimentos. Além desse grupo, mulheres e pessoas de melhor nível socioeconômico são as que mais comem alimentos mais saudáveis. Mas, considerando todas as faixas etárias, os resultados não são bons. Curiosamente, alguns estudos apontam que até 80% das pessoas estavam equivocadas sobre seu próprio consumo de frutas e legumes, acreditando que estavam ingerindo a quantidade ideal de alimentos saudáveis. Pesquisa do IBGE de 2011 já havia apontado que 90% da população brasileira não consumia os 400 gramas diários de frutas, legumes e verduras preconizados pela OMS. Segundo o nutrólogo Rubens Feferbaum, professor de pediatria da Faculdade de Medicina da USP e autor do estudo, o consumo inadequado está relacionado ao ganho de peso, o que ajuda a explicar por que mais da metade dos adultos no país está obesa. "Quando você come frutas e verduras, ingere carboidratos mais complexos, com fibras, e acaba comendo menos carboidratos mais simples [feitos de farinha refinada, como pães brancos e bolachas]." Outro estudo, publicado na revista científica "Plos One", mostrou ainda que o consumo de frutas e legumes, de fato, ajuda a perder peso, mas depende de quais frutas e legumes estamos falando. A pesquisa acompanhou a dieta de mais de 117 mil pessoas entre 30 e 40 anos de idade no início do estudo durante um período de 24 anos. Em geral, o consumo maior de "berries", como morango e amora, mostrou-se relacionado a uma perda de peso de 500 g. O de frutas cítricas, a uma perda de 112 g. Adicionar uma porção diária de tofu ou soja pode representar perda de até 1 kg, enquanto maçãs e peras levam a 560 g a menos. Batatas, ervilhas e milho não levaram a perda nenhuma.
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Quem tem medo do enxame de drones?
Em 1942, em meio ao desespero da Segunda Guerra, um dentista chamado Lytle Adams convenceu o presidente Roosevelt a desenvolver um novo tipo de arma. Sua ideia era pegar morcegos de um tipo comum nas cavernas do Novo México e fazer com que cada um deles fosse equipado com uma bomba incendiária. A partir daí os morcegos seriam soltos por um bombardeio americano voando em baixa altitude e se espalhariam pelos céus do Japão de forma aleatória, incendiando o maior número possível das casas típicas do país, construídas com papel e bambu. A ideia foi concretizada (principalmente pelo fato de o dentista ser amigo de Eleanor Roosevelt). Um grande número de morcegos foi capturado e um tipo de bomba de 28 g foi desenvolvida para ser grampeada nos animais. Foram gastos US$ 2 milhões na empreitada, e mais de 6.000 morcegos foram capturados. Só que o experimento provou-se um desastre. As bombas não funcionavam, ou pior, os morcegos saíam do controle e incendiaram várias estruturas militares dos EUA, incluindo um aeroporto. Essa história pitoresca mostra que o desejo de matar pelo ar, por meio de meios autônomos, vem de longe. Corte para 2017. Na semana passada, o Departamento de Defesa dos EUA divulgou o primeiro vídeo do uso militar de enxames de drones autônomos. Um caça F-18 lançou com sucesso 104 drones chamados Perdix a mais de 740 km/h (curiosamente, cada drone é exatamente o tamanho de um morcego). Imediatamente esses 104 aparelhos foram capazes de se reagrupar. Cada um atua como unidade autônoma, capaz de atualizar seu plano de voo de acordo com as circunstâncias reais que encontra. Isso leva em consideração o ambiente, as interações com outros drones, obstáculos e a missão. De outra forma seria impossível controlar 104 objetos simultaneamente. Tal como os morcegos, cada drone pode ser equipado com armamentos, só que muito mais letais do que bombas incendiárias. São também capazes de receber ordens remotas. Por exemplo, o vídeo divulgado mostra imagens impressionantes, como o enxame assumindo as mais diversas formas tridimensionais e cercando um alvo sob todos os ângulos. O Perdix foi desenvolvido por um estudante do MIT, à época com pouco mais de 20 anos. Agora é uma das principais tecnologias militares dos EUA. Quem escutou o som do enxame descreveu a experiência como "aterrorizante". Como toda a tecnologia militar, a tendência é que com o passar do tempo ela se massifique, tornando-se acessível também ao setor privado ou indivíduos. O avanço desse conceito é capaz de produzir mudanças profundas na forma como pensamos a guerra (que fica ainda mais parecida com um videogame) ou mesmo a segurança nas cidades. É mais um exemplo do admirável mundo novo que já habitamos. O dentista Adams estaria se sentindo parcialmente vingado de sua derrota. Reader JÁ ERA Táxis e ônibus só como concessões públicas JÁ É Aplicativos de carona ou de compartilhamento de veículos JÁ VEM Aplicativos de compartilhamento de ônibus
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Quem tem medo do enxame de drones?Em 1942, em meio ao desespero da Segunda Guerra, um dentista chamado Lytle Adams convenceu o presidente Roosevelt a desenvolver um novo tipo de arma. Sua ideia era pegar morcegos de um tipo comum nas cavernas do Novo México e fazer com que cada um deles fosse equipado com uma bomba incendiária. A partir daí os morcegos seriam soltos por um bombardeio americano voando em baixa altitude e se espalhariam pelos céus do Japão de forma aleatória, incendiando o maior número possível das casas típicas do país, construídas com papel e bambu. A ideia foi concretizada (principalmente pelo fato de o dentista ser amigo de Eleanor Roosevelt). Um grande número de morcegos foi capturado e um tipo de bomba de 28 g foi desenvolvida para ser grampeada nos animais. Foram gastos US$ 2 milhões na empreitada, e mais de 6.000 morcegos foram capturados. Só que o experimento provou-se um desastre. As bombas não funcionavam, ou pior, os morcegos saíam do controle e incendiaram várias estruturas militares dos EUA, incluindo um aeroporto. Essa história pitoresca mostra que o desejo de matar pelo ar, por meio de meios autônomos, vem de longe. Corte para 2017. Na semana passada, o Departamento de Defesa dos EUA divulgou o primeiro vídeo do uso militar de enxames de drones autônomos. Um caça F-18 lançou com sucesso 104 drones chamados Perdix a mais de 740 km/h (curiosamente, cada drone é exatamente o tamanho de um morcego). Imediatamente esses 104 aparelhos foram capazes de se reagrupar. Cada um atua como unidade autônoma, capaz de atualizar seu plano de voo de acordo com as circunstâncias reais que encontra. Isso leva em consideração o ambiente, as interações com outros drones, obstáculos e a missão. De outra forma seria impossível controlar 104 objetos simultaneamente. Tal como os morcegos, cada drone pode ser equipado com armamentos, só que muito mais letais do que bombas incendiárias. São também capazes de receber ordens remotas. Por exemplo, o vídeo divulgado mostra imagens impressionantes, como o enxame assumindo as mais diversas formas tridimensionais e cercando um alvo sob todos os ângulos. O Perdix foi desenvolvido por um estudante do MIT, à época com pouco mais de 20 anos. Agora é uma das principais tecnologias militares dos EUA. Quem escutou o som do enxame descreveu a experiência como "aterrorizante". Como toda a tecnologia militar, a tendência é que com o passar do tempo ela se massifique, tornando-se acessível também ao setor privado ou indivíduos. O avanço desse conceito é capaz de produzir mudanças profundas na forma como pensamos a guerra (que fica ainda mais parecida com um videogame) ou mesmo a segurança nas cidades. É mais um exemplo do admirável mundo novo que já habitamos. O dentista Adams estaria se sentindo parcialmente vingado de sua derrota. Reader JÁ ERA Táxis e ônibus só como concessões públicas JÁ É Aplicativos de carona ou de compartilhamento de veículos JÁ VEM Aplicativos de compartilhamento de ônibus
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Livro para criança não precisa ser educativo, diz vencedora do Jabuti
A vida da escritora Marina Colasanti, 77, é um livro de histórias. Começa na África, em um país chamado Eritreia, onde nasceu. Depois, vem a Segunda Guerra Mundial e a infância na Itália. Aos dez anos de idade, ela passa a viver no Brasil, em um palacete no Rio. Autora de poemas, crônicas e até contos de fadas, Colasanti adicionou um novo capítulo a sua vida: Ganhou o Jabuti de melhor livro de 2014 com o infantil "Breve História de um Pequeno Amor" -seu sétimo Jabuti, um dos prêmios literários mais importantes do Brasil. "Não esperava. É raro que um livro para crianças seja considerado o melhor do ano", disse a escritora à "Folhinha". Leia abaixo a entrevista. * Folhinha - Foi uma surpresa ganhar o Jabuti de melhor livro do ano? Marina Colasanti - É muito raro que um livro para crianças vença como o melhor do ano. Foi uma surpresa absoluta. O prêmio mostra uma valorização da literatura infantil? Gostaria de dizer que sim. Mas há um certo demérito ligado à literatura infantil, como se não fosse necessário ser escritor para escrever livros para crianças. Veja uma coisa: se algum escritor brasileiro ganhasse o Nobel, todos fariam muito barulho, concorda? Porém, o Brasil já ganhou por três vezes o Hans Christian Andersen [considerado o Nobel da literatura infantil], e ninguém fala sobre isso. Por outro lado, a literatura infantil e juvenil está na ponta mais valorizada do mercado, que tem altíssimo interesse por esse tipo de livro. Há muita demanda, muito lançamento. Mas muitas vezes sem um cuidado literário. Como assim? A produção de livros sofre de duas doenças. Uma é o descrédito da inteligência infantil por parte dos adultos. Eles acreditam que qualquer coisa pode ser publicada e que a criança não vai perceber que o livro é ruim. O outro problema é que a literatura infantil tem um pé amarrado na educação, como se ela servisse para carregar conhecimentos, princípios morais, como uma cápsula que tivesse outra coisa dentro. E isso envenena a literatura. As grande obras são grandes porque escaparam disso. Por exemplo, o [Lewis] Carroll, que era um educador, não colocou nada de educativo na "Alice". Fez um baita sucesso. Toda a produção do [Carlo] Collodi é extremamente educativa, menos uma: "Pinóquio", que é uma obra genial. Esse envenenamento pela educação é um problema não só do Brasil. A literatura é formadora e ensina por si, e não por ensinamentos embutidos. No Brasil, isso se agrava por que o maior comprador de livros é o governo? Sim. No Brasil, a literatura chega às crianças quase que exclusivamente através da escola. Num país onde quem compra livro é o governo e os professores não costumam ler, escolhe-se obras educativas e o mais simplificadas possível. Não tem jeito. Quando terminei "Breve História de um Pequeno Amor", fiquei com a dúvida: É um livro para criança? Adoro quando essa pergunta aparece no fim. É o melhor atestado de qualidade que o livro pode ter. Se uma obra infantil não toca um adulto, ele também não vai tocar a criança. Eu nunca escrevi para distrair ninguém. Não sou um palhaço. Eu quero tocar, emocionar, sacudir, fazer refletir. Nada disso é possível se aquilo que você escreve não toca pontos profundos do leitor. É possível tocar esses pontos com um pombo como personagem principal? A criança não se identifica apenas com o "eu", como se fosse um espelho. É um erro achar que a melhor chave de leitura é a identificação. A criança busca a identidade no outro, no melhor amigo, no convívio com os irmãos. Achar que livro infantil sempre tem que ter criança é deixar a literatura mais pobre. Quanto de realidade e quanto de ficção existe no livro? Tudo é real! Eu tenho uma fotos do pombo pousado no meu ombro, falando no meu ouvido, recebendo comida com um palito. A criança de hoje é muito diferente da de sua época? A principal mudança foi a valorização do desejo da criança. A gente até podia ter vontades, mas isso não significava que seriam atendidas pelos adultos. Hoje, o desejo da criança é uma ordem. Ela quer algo e ponto. Na minha época, no máximo, a criança gostaria de alguma coisa. Mas ela segue precisando de cuidados, com medo da morte, pavor do escuro. A criança continua a mesma, embora o cotidiano seja muito diferente. Outra mudança foi o aparecimento do digital. Como isso se reflete na literatura? O livro não vai acabar. O que pode mudar é a chamada sacralização do livro. Ler sempre foi um momento importante. Não sabemos se, com a popularização do digital e livros mais baratos, o valor da leitura não será quebrado. Tudo é muito recente.
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Livro para criança não precisa ser educativo, diz vencedora do JabutiA vida da escritora Marina Colasanti, 77, é um livro de histórias. Começa na África, em um país chamado Eritreia, onde nasceu. Depois, vem a Segunda Guerra Mundial e a infância na Itália. Aos dez anos de idade, ela passa a viver no Brasil, em um palacete no Rio. Autora de poemas, crônicas e até contos de fadas, Colasanti adicionou um novo capítulo a sua vida: Ganhou o Jabuti de melhor livro de 2014 com o infantil "Breve História de um Pequeno Amor" -seu sétimo Jabuti, um dos prêmios literários mais importantes do Brasil. "Não esperava. É raro que um livro para crianças seja considerado o melhor do ano", disse a escritora à "Folhinha". Leia abaixo a entrevista. * Folhinha - Foi uma surpresa ganhar o Jabuti de melhor livro do ano? Marina Colasanti - É muito raro que um livro para crianças vença como o melhor do ano. Foi uma surpresa absoluta. O prêmio mostra uma valorização da literatura infantil? Gostaria de dizer que sim. Mas há um certo demérito ligado à literatura infantil, como se não fosse necessário ser escritor para escrever livros para crianças. Veja uma coisa: se algum escritor brasileiro ganhasse o Nobel, todos fariam muito barulho, concorda? Porém, o Brasil já ganhou por três vezes o Hans Christian Andersen [considerado o Nobel da literatura infantil], e ninguém fala sobre isso. Por outro lado, a literatura infantil e juvenil está na ponta mais valorizada do mercado, que tem altíssimo interesse por esse tipo de livro. Há muita demanda, muito lançamento. Mas muitas vezes sem um cuidado literário. Como assim? A produção de livros sofre de duas doenças. Uma é o descrédito da inteligência infantil por parte dos adultos. Eles acreditam que qualquer coisa pode ser publicada e que a criança não vai perceber que o livro é ruim. O outro problema é que a literatura infantil tem um pé amarrado na educação, como se ela servisse para carregar conhecimentos, princípios morais, como uma cápsula que tivesse outra coisa dentro. E isso envenena a literatura. As grande obras são grandes porque escaparam disso. Por exemplo, o [Lewis] Carroll, que era um educador, não colocou nada de educativo na "Alice". Fez um baita sucesso. Toda a produção do [Carlo] Collodi é extremamente educativa, menos uma: "Pinóquio", que é uma obra genial. Esse envenenamento pela educação é um problema não só do Brasil. A literatura é formadora e ensina por si, e não por ensinamentos embutidos. No Brasil, isso se agrava por que o maior comprador de livros é o governo? Sim. No Brasil, a literatura chega às crianças quase que exclusivamente através da escola. Num país onde quem compra livro é o governo e os professores não costumam ler, escolhe-se obras educativas e o mais simplificadas possível. Não tem jeito. Quando terminei "Breve História de um Pequeno Amor", fiquei com a dúvida: É um livro para criança? Adoro quando essa pergunta aparece no fim. É o melhor atestado de qualidade que o livro pode ter. Se uma obra infantil não toca um adulto, ele também não vai tocar a criança. Eu nunca escrevi para distrair ninguém. Não sou um palhaço. Eu quero tocar, emocionar, sacudir, fazer refletir. Nada disso é possível se aquilo que você escreve não toca pontos profundos do leitor. É possível tocar esses pontos com um pombo como personagem principal? A criança não se identifica apenas com o "eu", como se fosse um espelho. É um erro achar que a melhor chave de leitura é a identificação. A criança busca a identidade no outro, no melhor amigo, no convívio com os irmãos. Achar que livro infantil sempre tem que ter criança é deixar a literatura mais pobre. Quanto de realidade e quanto de ficção existe no livro? Tudo é real! Eu tenho uma fotos do pombo pousado no meu ombro, falando no meu ouvido, recebendo comida com um palito. A criança de hoje é muito diferente da de sua época? A principal mudança foi a valorização do desejo da criança. A gente até podia ter vontades, mas isso não significava que seriam atendidas pelos adultos. Hoje, o desejo da criança é uma ordem. Ela quer algo e ponto. Na minha época, no máximo, a criança gostaria de alguma coisa. Mas ela segue precisando de cuidados, com medo da morte, pavor do escuro. A criança continua a mesma, embora o cotidiano seja muito diferente. Outra mudança foi o aparecimento do digital. Como isso se reflete na literatura? O livro não vai acabar. O que pode mudar é a chamada sacralização do livro. Ler sempre foi um momento importante. Não sabemos se, com a popularização do digital e livros mais baratos, o valor da leitura não será quebrado. Tudo é muito recente.
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As mulheres que enfrentam a menopausa com testosterona
"Minha vida sexual era ótima, algo que para mim tinha muita importância. [Fazia sexo] duas vezes por semana e com qualidade." Aos 50 anos, a paulistana Márcia (nome fictício), que trabalha na área da saúde, estava satisfeita com sua vida sexual, até que um cisto no ovário fez com que, em apenas uma semana, ela entrasse na menopausa –com efeitos negativos sobre toda a sua rotina. "Tive de fazer uma histerectomia [remoção de parte ou da totalidade do útero] e também tive meus ovários removidos. Depois de uma semana, comecei a sentir algumas mudanças. Calor, irritação, insônia. Mas o pior foi 15 dias após a cirurgia. Dormia uma hora e meia por dia, só chorava, tinha uma irritação absurda, muita transpiração e mal-estar em geral", diz Márcia à BBC Brasil. A mudança hormonal afetou profundamente sua vida. "Eu brigava no trânsito, discutia com pessoas na rua. Em casa, não tinha paciência com meus filhos e com meu marido. [A menopausa] também afetou totalmente minha vida sexual. Passado o período recuperatório, minha libido desapareceu totalmente, me sentia um ser assexuado", diz. Márcia acabou decidindo recorrer a um tratamento que muitos médicos consideram arriscado, mas que é cada vez mais comum: a terapia com testosterona. Antes disso, porém, ela ainda tentou tratamentos mais tradicionais com seu ginecologista. "[O médico] dizia para eu ter paciência, que era só uma fase. Ele entrou com um hormônio levinho [estrogênio] e eu sentia quase nada de melhora. Como viu meu desespero, entrou com uma medicação um pouco mais forte. Um hormônio sintético, tibolona. Fiquei um pouco mais equilibrada e com zero libido. Continuava sem ânimo para nada, como se eu tivesse perdido a vontade de viver", lembra. Foi aí que Márcia decidiu buscar uma segunda opinião, apesar da relação de extrema confiança que tinha com seu ginecologista. Ele havia feito os partos de seus dois filhos. "Foi doído, mas eu não tinha mais condição de viver daquele jeito." A pedido da nova médica, Márcia se submeteu a vários exames, para identificar a presença de tumores. "Os resultados estavam todos normais e como não tenho nenhum antecedente familiar de câncer, ela me receitou a testosterona e o estradiol", explica. E assim começou o tratamento de Márcia com testosterona, hormônio que é produzido pelo homem em grandes quantidades e em pequenas doses pela mulher. EFEITO NA LIBIDO Terapias à base de testosterona vêm ganhando adeptos internacionalmente, ainda que não haja estudos que comprovem a segurança desses tratamentos. Na mulher, seu efeito mais conhecido é na sexualidade: age na fantasia sexual, no erotismo. E também na manutenção da massa muscular e no vigor físico. Não há consenso científico sobre o tema, mas médicos ouvidos pela BBC Brasil associaram o uso de testosterona a um aumento nos índices de colesterol e nos riscos de arteriosclerose e do câncer. Márcia diz ter sido informada sobre os riscos. "Apesar de ser uma pessoa supernatureba para certas coisas, essa foi a forma que encontrei de continuar vivendo com qualidade", diz. "A vida estava sofrida, desequilibrada e com tendência à depressão. A decisão de tomar um hormônio mais forte foi a esperança de voltar a ser quem eu era", completa. PRIMEIRA INJEÇÃO Márcia tomou sua primeira injeção de testosterona em 2015. As doses são anuais e, como as drogas podem aumentar o risco de enfartes, é preciso fazer uma avaliação cardiológica prévia além de exames periódicos para reavaliar os efeitos da medicação. "A primeira coisa que percebi foi o retorno do sono. Voltei a dormir normalmente, por volta de seis horas por noite. A disposição melhorou. Parei de chorar –porque eu chorava muito. E a libido voltou. Voltei a viver", lembra. "Meu marido amou. Ele estava achando que eu não tinha mais nenhum interesse nele e não era por aí. É que simplesmente você não consegue pensar em sexo. Algumas mulheres chegam à menopausa e a vida segue normalmente. No meu caso, tinha morrido para a vida. [Mas] não é todo mundo que pode tomar hormônio, então, a pessoa deve procurar um profissional competente para saber se tem condições ou não de utilizar a medicação", ressalva. TERAPIA POLÊMICA Dúvidas quanto à segurança da terapia de reposição hormonal clássica, baseada principalmente no uso dos hormônios femininos, persistem na medicina há décadas e não há consenso sobre o assunto. No caso da terapia à base de testosterona, de uso mais recente, a incerteza é ainda maior. Há menos estudos e os que existem tiveram curta duração. Em 2014, as médicas Sandra Léa Bonfim Reis e Carmita Abdo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fizeram uma análise de estudos publicados entre 1998 e 2012 sobre benefícios e riscos de terapias à base de testosterona para tratar a perda de libido. O relatório das pesquisadoras, publicado na revista científica "Clinics", do Hospital das Clínicas da FMUSP, concluiu que embora não haja dúvidas sobre os efeitos positivos da testosterona na resposta sexual feminina, todos os estudos publicados no período avaliado foram de curta duração (no máximo, 24 semanas). "Portanto, é impossível tirar conclusões definitivas a respeito dos efeitos colaterais do uso da testosterona a longo prazo", diz o estudo. Médicos ouvidos pela BBC Brasil têm opiniões divergentes sobre o assunto. O ginecologista Manoel Girão, chefe do Departamento de Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz estar preocupado com o que considera uma nova tendência em tratamentos no Brasil. "Essa tendência é bem perceptível, intensa e colocada muitas vezes como isenta de riscos. No entanto, há riscos. E ela [a testosterona] está sendo usada de forma excessiva", alerta. RISCOS A BBC Brasil procurou o laboratório Bayer, fabricante do remédio Nebido –à base de testosterona– para pedir dados sobre as vendas atuais no Brasil. A empresa não disponibilizou a informação. "Não tenho um número exato mas, hoje, estudos da sexualidade atingem uma parcela significativa de mulheres com idades entre 45 a 55 anos. E [nesse grupo] o número de pedidos de terapias para melhorar a libido é alto, entre 20 e 25%", diz Girão. "Os riscos mais conhecidos e usuais são aumento de alterações [nos índices] de colesterol e triglicerídeos. Alterações nos níveis de lipídios. Aumento nos riscos de doenças vasculares, por exemplo, a arteriosclerose. E, a depender da dose, aumento nos riscos de certos tipos de câncer", acrescenta o especialista. Girão ressaltou que múltiplos fatores interferem na libido feminina. "A libido é o relacionamento, o estresse do cotidiano, o quadro hormonal. A testosterona resolveria uma partezinha desse todo, mas com riscos. Uma mulher, para sentir vontade de ter relação, precisa se sentir bonita consigo mesma, admirada, cortejada, respeitada pelo parceiro. Ela precisa desse contexto todo", explica. Por outro lado, diz o médico, a forma como a mulher vive e pensa a menopausa está vinculada a valores sociais. "A sociedade está cobrando da mulher vigor e aparência de juventude para sempre. Não dá para esperar que uma mulher de 60 anos se vista ou se porte como as de 20 anos. É uma beleza diferente", pontua. Girão reitera que não indicaria testosterona para resolver problemas de libido de suas pacientes. MENOPAUSA* A médica britânica Heather Currie, presidente da Sociedade Britânica de Menopausa, concorda parcialmente com o médico brasileiro. "A libido e o desejo sexual são afetados por muitos fatores, não apenas a perda da testosterona", diz Currie à BBC Brasil. "A menopausa produz muitos sintomas que, juntos, podem afetar a libido. Por exemplo, aumento de peso e o ressecamento vaginal, muito comum nesse período", acrescenta. Mas, quando a terapia de reposição hormonal convencional não funciona, a testosterona pode ter um papel a cumprir, opina Currie –"especialmente em casos em que a paciente vivenciou uma queda brusca na produção de testosterona por ter tido seus ovários extraídos". "Essas mulheres têm maior probabilidade de se beneficiar da testosterona –mas somente se a terapia de reposição hormonal comum não funcionar", ressalta a médica. "Nem toda mulher que teve seus ovários extraídos precisará tomar testosterona", acrescenta. A médica Helena Hachul, especialista em ginecologia e medicina do sono, responsável pelo Setor Sono na Mulher da Unifesp, vem oferecendo a testosterona –quando a terapia clássica não funciona e se as condições clínicas do paciente não oferecem riscos, explica ela. "Chego a usar terapia androgênica [com testosterona] em cerca de 5% a 10% dos casos. Muitas mulheres pedem, vamos dizer, metade delas atualmente –acho que pela moda do tema. Mas quando explico as evidências e a linha acadêmica, elas aceitam sem problemas", assinala. No entanto, o monitoramento da paciente é essencial, adverte Hachul. "O androgênio pode piorar o perfil lipídico, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, por isso é importante acompanhar dosagens de colesterol e a pressão sanguínea", diz. Hachul tem, no entanto, uma visão positiva desse período na vida da mulher. "Acredito que, exatamente após a menopausa, a mulher atinge a maior maturidade. Já é mais segura. Viveu bastante e tem muita experiência de vida", nota. A médica conta que trabalhou com pacientes na menopausa em seu doutorado e se apaixonou por essa fase na vida da mulher. Essas mulheres, diz ela, "me ajudaram a ver o mundo com outros olhos".
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As mulheres que enfrentam a menopausa com testosterona"Minha vida sexual era ótima, algo que para mim tinha muita importância. [Fazia sexo] duas vezes por semana e com qualidade." Aos 50 anos, a paulistana Márcia (nome fictício), que trabalha na área da saúde, estava satisfeita com sua vida sexual, até que um cisto no ovário fez com que, em apenas uma semana, ela entrasse na menopausa –com efeitos negativos sobre toda a sua rotina. "Tive de fazer uma histerectomia [remoção de parte ou da totalidade do útero] e também tive meus ovários removidos. Depois de uma semana, comecei a sentir algumas mudanças. Calor, irritação, insônia. Mas o pior foi 15 dias após a cirurgia. Dormia uma hora e meia por dia, só chorava, tinha uma irritação absurda, muita transpiração e mal-estar em geral", diz Márcia à BBC Brasil. A mudança hormonal afetou profundamente sua vida. "Eu brigava no trânsito, discutia com pessoas na rua. Em casa, não tinha paciência com meus filhos e com meu marido. [A menopausa] também afetou totalmente minha vida sexual. Passado o período recuperatório, minha libido desapareceu totalmente, me sentia um ser assexuado", diz. Márcia acabou decidindo recorrer a um tratamento que muitos médicos consideram arriscado, mas que é cada vez mais comum: a terapia com testosterona. Antes disso, porém, ela ainda tentou tratamentos mais tradicionais com seu ginecologista. "[O médico] dizia para eu ter paciência, que era só uma fase. Ele entrou com um hormônio levinho [estrogênio] e eu sentia quase nada de melhora. Como viu meu desespero, entrou com uma medicação um pouco mais forte. Um hormônio sintético, tibolona. Fiquei um pouco mais equilibrada e com zero libido. Continuava sem ânimo para nada, como se eu tivesse perdido a vontade de viver", lembra. Foi aí que Márcia decidiu buscar uma segunda opinião, apesar da relação de extrema confiança que tinha com seu ginecologista. Ele havia feito os partos de seus dois filhos. "Foi doído, mas eu não tinha mais condição de viver daquele jeito." A pedido da nova médica, Márcia se submeteu a vários exames, para identificar a presença de tumores. "Os resultados estavam todos normais e como não tenho nenhum antecedente familiar de câncer, ela me receitou a testosterona e o estradiol", explica. E assim começou o tratamento de Márcia com testosterona, hormônio que é produzido pelo homem em grandes quantidades e em pequenas doses pela mulher. EFEITO NA LIBIDO Terapias à base de testosterona vêm ganhando adeptos internacionalmente, ainda que não haja estudos que comprovem a segurança desses tratamentos. Na mulher, seu efeito mais conhecido é na sexualidade: age na fantasia sexual, no erotismo. E também na manutenção da massa muscular e no vigor físico. Não há consenso científico sobre o tema, mas médicos ouvidos pela BBC Brasil associaram o uso de testosterona a um aumento nos índices de colesterol e nos riscos de arteriosclerose e do câncer. Márcia diz ter sido informada sobre os riscos. "Apesar de ser uma pessoa supernatureba para certas coisas, essa foi a forma que encontrei de continuar vivendo com qualidade", diz. "A vida estava sofrida, desequilibrada e com tendência à depressão. A decisão de tomar um hormônio mais forte foi a esperança de voltar a ser quem eu era", completa. PRIMEIRA INJEÇÃO Márcia tomou sua primeira injeção de testosterona em 2015. As doses são anuais e, como as drogas podem aumentar o risco de enfartes, é preciso fazer uma avaliação cardiológica prévia além de exames periódicos para reavaliar os efeitos da medicação. "A primeira coisa que percebi foi o retorno do sono. Voltei a dormir normalmente, por volta de seis horas por noite. A disposição melhorou. Parei de chorar –porque eu chorava muito. E a libido voltou. Voltei a viver", lembra. "Meu marido amou. Ele estava achando que eu não tinha mais nenhum interesse nele e não era por aí. É que simplesmente você não consegue pensar em sexo. Algumas mulheres chegam à menopausa e a vida segue normalmente. No meu caso, tinha morrido para a vida. [Mas] não é todo mundo que pode tomar hormônio, então, a pessoa deve procurar um profissional competente para saber se tem condições ou não de utilizar a medicação", ressalva. TERAPIA POLÊMICA Dúvidas quanto à segurança da terapia de reposição hormonal clássica, baseada principalmente no uso dos hormônios femininos, persistem na medicina há décadas e não há consenso sobre o assunto. No caso da terapia à base de testosterona, de uso mais recente, a incerteza é ainda maior. Há menos estudos e os que existem tiveram curta duração. Em 2014, as médicas Sandra Léa Bonfim Reis e Carmita Abdo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fizeram uma análise de estudos publicados entre 1998 e 2012 sobre benefícios e riscos de terapias à base de testosterona para tratar a perda de libido. O relatório das pesquisadoras, publicado na revista científica "Clinics", do Hospital das Clínicas da FMUSP, concluiu que embora não haja dúvidas sobre os efeitos positivos da testosterona na resposta sexual feminina, todos os estudos publicados no período avaliado foram de curta duração (no máximo, 24 semanas). "Portanto, é impossível tirar conclusões definitivas a respeito dos efeitos colaterais do uso da testosterona a longo prazo", diz o estudo. Médicos ouvidos pela BBC Brasil têm opiniões divergentes sobre o assunto. O ginecologista Manoel Girão, chefe do Departamento de Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz estar preocupado com o que considera uma nova tendência em tratamentos no Brasil. "Essa tendência é bem perceptível, intensa e colocada muitas vezes como isenta de riscos. No entanto, há riscos. E ela [a testosterona] está sendo usada de forma excessiva", alerta. RISCOS A BBC Brasil procurou o laboratório Bayer, fabricante do remédio Nebido –à base de testosterona– para pedir dados sobre as vendas atuais no Brasil. A empresa não disponibilizou a informação. "Não tenho um número exato mas, hoje, estudos da sexualidade atingem uma parcela significativa de mulheres com idades entre 45 a 55 anos. E [nesse grupo] o número de pedidos de terapias para melhorar a libido é alto, entre 20 e 25%", diz Girão. "Os riscos mais conhecidos e usuais são aumento de alterações [nos índices] de colesterol e triglicerídeos. Alterações nos níveis de lipídios. Aumento nos riscos de doenças vasculares, por exemplo, a arteriosclerose. E, a depender da dose, aumento nos riscos de certos tipos de câncer", acrescenta o especialista. Girão ressaltou que múltiplos fatores interferem na libido feminina. "A libido é o relacionamento, o estresse do cotidiano, o quadro hormonal. A testosterona resolveria uma partezinha desse todo, mas com riscos. Uma mulher, para sentir vontade de ter relação, precisa se sentir bonita consigo mesma, admirada, cortejada, respeitada pelo parceiro. Ela precisa desse contexto todo", explica. Por outro lado, diz o médico, a forma como a mulher vive e pensa a menopausa está vinculada a valores sociais. "A sociedade está cobrando da mulher vigor e aparência de juventude para sempre. Não dá para esperar que uma mulher de 60 anos se vista ou se porte como as de 20 anos. É uma beleza diferente", pontua. Girão reitera que não indicaria testosterona para resolver problemas de libido de suas pacientes. MENOPAUSA* A médica britânica Heather Currie, presidente da Sociedade Britânica de Menopausa, concorda parcialmente com o médico brasileiro. "A libido e o desejo sexual são afetados por muitos fatores, não apenas a perda da testosterona", diz Currie à BBC Brasil. "A menopausa produz muitos sintomas que, juntos, podem afetar a libido. Por exemplo, aumento de peso e o ressecamento vaginal, muito comum nesse período", acrescenta. Mas, quando a terapia de reposição hormonal convencional não funciona, a testosterona pode ter um papel a cumprir, opina Currie –"especialmente em casos em que a paciente vivenciou uma queda brusca na produção de testosterona por ter tido seus ovários extraídos". "Essas mulheres têm maior probabilidade de se beneficiar da testosterona –mas somente se a terapia de reposição hormonal comum não funcionar", ressalta a médica. "Nem toda mulher que teve seus ovários extraídos precisará tomar testosterona", acrescenta. A médica Helena Hachul, especialista em ginecologia e medicina do sono, responsável pelo Setor Sono na Mulher da Unifesp, vem oferecendo a testosterona –quando a terapia clássica não funciona e se as condições clínicas do paciente não oferecem riscos, explica ela. "Chego a usar terapia androgênica [com testosterona] em cerca de 5% a 10% dos casos. Muitas mulheres pedem, vamos dizer, metade delas atualmente –acho que pela moda do tema. Mas quando explico as evidências e a linha acadêmica, elas aceitam sem problemas", assinala. No entanto, o monitoramento da paciente é essencial, adverte Hachul. "O androgênio pode piorar o perfil lipídico, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, por isso é importante acompanhar dosagens de colesterol e a pressão sanguínea", diz. Hachul tem, no entanto, uma visão positiva desse período na vida da mulher. "Acredito que, exatamente após a menopausa, a mulher atinge a maior maturidade. Já é mais segura. Viveu bastante e tem muita experiência de vida", nota. A médica conta que trabalhou com pacientes na menopausa em seu doutorado e se apaixonou por essa fase na vida da mulher. Essas mulheres, diz ela, "me ajudaram a ver o mundo com outros olhos".
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Mesa III e instituto oferecem aula de horta e compostagem neste sábado
Neste sábado (28) a Mesa III Rotisseria e o Instituto Guandu vão realizar uma aula sobre compostagem e horta caseira. A aula, que terá duração de 50 minutos, pretende ensinar os participantes a reutilizar o lixo produzido na cozinha e como criar uma horta urbana, plantada em casas de ovos e será ministrada por Fernanda Danelon, sócio fundadora do Instituto Guandu, cujo trabalho é recolher resíduos orgânicos de restaurantes, transformá-los em fertilizante usado em hortas orgânicas e depois devolver a colheita para os restaurantes. O evento, gratuito, vai ser realizado no jardim da Mesa III, da chef Ana Soares, a partir das 11h. Na calçada da rotisseria, estará estacionada a carroça de orgânicos de Cynthia Ziviani, com cerca de 60 produtos garimpados no interior de São Paulo e Minas, no Sul do País e também no Nordeste. São frutas, verduras, legumes e grãos, além de manteiga, pesto e ovos para levar para casa. Mesa III Endereço: Rua Alves Guimarães, 1474 - Pinheiros; Tel: (11) 3868-5501 Horário de funcionamento: de segunda a sexta: 09h - 19h; sábado: 09h - 16h; domingo: 09h - 14h
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Mesa III e instituto oferecem aula de horta e compostagem neste sábadoNeste sábado (28) a Mesa III Rotisseria e o Instituto Guandu vão realizar uma aula sobre compostagem e horta caseira. A aula, que terá duração de 50 minutos, pretende ensinar os participantes a reutilizar o lixo produzido na cozinha e como criar uma horta urbana, plantada em casas de ovos e será ministrada por Fernanda Danelon, sócio fundadora do Instituto Guandu, cujo trabalho é recolher resíduos orgânicos de restaurantes, transformá-los em fertilizante usado em hortas orgânicas e depois devolver a colheita para os restaurantes. O evento, gratuito, vai ser realizado no jardim da Mesa III, da chef Ana Soares, a partir das 11h. Na calçada da rotisseria, estará estacionada a carroça de orgânicos de Cynthia Ziviani, com cerca de 60 produtos garimpados no interior de São Paulo e Minas, no Sul do País e também no Nordeste. São frutas, verduras, legumes e grãos, além de manteiga, pesto e ovos para levar para casa. Mesa III Endereço: Rua Alves Guimarães, 1474 - Pinheiros; Tel: (11) 3868-5501 Horário de funcionamento: de segunda a sexta: 09h - 19h; sábado: 09h - 16h; domingo: 09h - 14h
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Sem acordo com FMI, agência S&P rebaixa nota da Grécia
A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota da Grécia para "CCC-", ante "CCC" nesta segunda-feira (29), dizendo que a probabilidade de o país deixar a zona do euro estava agora em cerca de 50%. As conversas sobre o resgate da Grécia com os credores falharam no fim de semana, intensificando receios de que o país pode sair da zona do euro em breve. Uma autoridade grega disse à Reuters nesta segunda (29) que o país não pagará a dívida de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que vence na terça-feira (30). A S&P informou em seu comunicado que a Grécia provavelmente dará calote em sua dívida ao longo dos próximos seis meses. No caso de a Grécia sair da zona do euro, haverá uma séria restrição de moeda estrangeira para os setores público e privado no país, o que pode levar a restrição de importações importantes, de acordo com a agência de classificação de riscos. A perspectiva da S&P para o país é negativa. A agência disse que poderia rebaixar o rating de longo prazo do país dentro dos próximos seis meses no caso de um mercado cambial tenso ou do calote da dívida.
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Sem acordo com FMI, agência S&P rebaixa nota da GréciaA agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota da Grécia para "CCC-", ante "CCC" nesta segunda-feira (29), dizendo que a probabilidade de o país deixar a zona do euro estava agora em cerca de 50%. As conversas sobre o resgate da Grécia com os credores falharam no fim de semana, intensificando receios de que o país pode sair da zona do euro em breve. Uma autoridade grega disse à Reuters nesta segunda (29) que o país não pagará a dívida de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que vence na terça-feira (30). A S&P informou em seu comunicado que a Grécia provavelmente dará calote em sua dívida ao longo dos próximos seis meses. No caso de a Grécia sair da zona do euro, haverá uma séria restrição de moeda estrangeira para os setores público e privado no país, o que pode levar a restrição de importações importantes, de acordo com a agência de classificação de riscos. A perspectiva da S&P para o país é negativa. A agência disse que poderia rebaixar o rating de longo prazo do país dentro dos próximos seis meses no caso de um mercado cambial tenso ou do calote da dívida.
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Veja o cartum de Hubert na edição deste domingo
HUBERT, 55, cartunista carioca, um dos criadores do "Programa Legal", faz parte do grupo do Casseta & Planeta.
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Veja o cartum de Hubert na edição deste domingoHUBERT, 55, cartunista carioca, um dos criadores do "Programa Legal", faz parte do grupo do Casseta & Planeta.
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Senado ratifica redução na proteção de áreas de conservação na Amazônia
Sem alterações, o Senado ratificou nesta terça-feira (23) duas medidas provisórias que reduzem a proteção de 597 mil hectares de áreas protegidas na Amazônia, o equivalente a quatro municípios de São Paulo. As medidas provisórias 756 e 758, que abrem caminho para a legalização de grileiros e posseiros, haviam sido aprovadas pela Câmara na semana passada e agora seguem para sanção ou veto do presidente Michel Temer. A área de conservação mais afetada é a Floresta Nacional do Jamanxim, na região de Novo Progresso (PA), que pode perder 486 mil hectares (37% do total). A mudança prevê que essa área seja transformada em Área de Proteção Ambiental (APA), que permite pecuária e mineração. O Senado manteve a emenda parlamentar que prevê a retirada de 10,4 mil hectares do Parque Nacional de São Joaquim (SC), localizado a milhares de quilômetros do Pará, escopo inicial das medidas provisórias. Membros da bancada paraense, os defensores das medidas provisórias argumentam que a alteração visa pacificar a região e regularizar a posse da terra. Para ambientalistas e estudiosos, no entanto, a legalização de invasões incentivará mais grilagem de áreas protegidas. "Ao transformar áreas ilegalmente ocupadas de florestas e parques nacionais em APA, categoria de unidade de conservação de menor proteção que permite ocupação e é a mais desmatada da Amazônia, o governo estimula a invasão e o desmatamento de áreas destinadas à conservação em todo o país", afirma a pesquisadora Elis Araújo, da ONG Imazon, sediada em Belém.
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Senado ratifica redução na proteção de áreas de conservação na AmazôniaSem alterações, o Senado ratificou nesta terça-feira (23) duas medidas provisórias que reduzem a proteção de 597 mil hectares de áreas protegidas na Amazônia, o equivalente a quatro municípios de São Paulo. As medidas provisórias 756 e 758, que abrem caminho para a legalização de grileiros e posseiros, haviam sido aprovadas pela Câmara na semana passada e agora seguem para sanção ou veto do presidente Michel Temer. A área de conservação mais afetada é a Floresta Nacional do Jamanxim, na região de Novo Progresso (PA), que pode perder 486 mil hectares (37% do total). A mudança prevê que essa área seja transformada em Área de Proteção Ambiental (APA), que permite pecuária e mineração. O Senado manteve a emenda parlamentar que prevê a retirada de 10,4 mil hectares do Parque Nacional de São Joaquim (SC), localizado a milhares de quilômetros do Pará, escopo inicial das medidas provisórias. Membros da bancada paraense, os defensores das medidas provisórias argumentam que a alteração visa pacificar a região e regularizar a posse da terra. Para ambientalistas e estudiosos, no entanto, a legalização de invasões incentivará mais grilagem de áreas protegidas. "Ao transformar áreas ilegalmente ocupadas de florestas e parques nacionais em APA, categoria de unidade de conservação de menor proteção que permite ocupação e é a mais desmatada da Amazônia, o governo estimula a invasão e o desmatamento de áreas destinadas à conservação em todo o país", afirma a pesquisadora Elis Araújo, da ONG Imazon, sediada em Belém.
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Morte de Cristiano Araújo trouxe intolerância de volta, diz leitora
A intolerância mais uma vez tomou conta das redes sociais. Não se pode atualmente discordar de nada para não ser execrado. É o que está ocorrendo com o jornalista Zeca Camargo, que criticou a exagerada comoção da população ante a morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo. Infelizmente, pela falta de bom senso, de referências culturais etc., muitos são embalados pelo fanatismo que a mídia costuma fomentar em momentos trágicos e acabam sendo intolerantes com quem discorda da opinião da maioria. Iniciam-se, então, os xingamentos e a desvalorização do profissional que apresentou uma opinião contrária. Será muito mais saudável reavaliarmos nossas adesões às causas que podem suscitar intolerância. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Morte de Cristiano Araújo trouxe intolerância de volta, diz leitoraA intolerância mais uma vez tomou conta das redes sociais. Não se pode atualmente discordar de nada para não ser execrado. É o que está ocorrendo com o jornalista Zeca Camargo, que criticou a exagerada comoção da população ante a morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo. Infelizmente, pela falta de bom senso, de referências culturais etc., muitos são embalados pelo fanatismo que a mídia costuma fomentar em momentos trágicos e acabam sendo intolerantes com quem discorda da opinião da maioria. Iniciam-se, então, os xingamentos e a desvalorização do profissional que apresentou uma opinião contrária. Será muito mais saudável reavaliarmos nossas adesões às causas que podem suscitar intolerância. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Crítica: Minimalismo faz de 'Club Sandwich' um filme entediante
O cineasta mexicano Fernando Eimbcke fez uma celebrada estreia com "Temporada de Patos" (2004), produção modesta sobre dois adolescentes que tentam vencer o tédio ao longo de um dia em um apartamento no México. Dez anos depois, ele lança "Club Sandwich", produção modesta sobre mãe e filho que tentam vencer o tédio ao longo das férias em um hotel vazio do litoral do México. Os filmes estão unidos não apenas pelas premissas, mas sobretudo pelo estilo minimalista da direção, com planos longos e poucos diálogos. Em ambos, um acontecimento interrompe o marasmo. No primeiro, uma queda de energia, que força os garotos a largar o videogame. Em "Club Sandwich", algo mais complexo: a descoberta da sexualidade. Paloma tem uma relação de intimidade física e afetiva com o filho Héctor, de 15 anos, que beira a fixação incestuosa e que se acentua quando eles dividem o quarto de hotel. A rotina de férias entre mãe e filho –ao mesmo tempo monótona e erótica– é abalada pela chegada ao hotel da adolescente Jazmín, com quem Héctor logo estabelece um laço sexual, deixando Paloma desarvorada. Eimbcke filma a ebulição hormonal dos adolescentes com a mesma placidez distante com que mostra o cenário do hotel –tornando enfadonho o assunto mais empolgante. E, assim, estabelece uma diferença entre este filme e seu primeiro: em "Club Sandwich", o espectador compartilha do tédio dos personagens –o que não ocorria em "Temporada de Patos". "Club Sandwich" chega ao fim deixando no ar uma pergunta: em que momento o minimalismo virou maneirismo? CLUB SANDWICH DIREÇÃO: FERNANDO EIMBCKE ELENCO: LUCIO GIMÉNEZ CACHO, MARÍA RENÉE PRUDENCIO PRODUÇÃO: MÉXICO, 2013 QUANDO: ESTREIA HOJE (9), CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA NÃO INFORMADA AVALIAÇÃO REGULAR
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Crítica: Minimalismo faz de 'Club Sandwich' um filme entedianteO cineasta mexicano Fernando Eimbcke fez uma celebrada estreia com "Temporada de Patos" (2004), produção modesta sobre dois adolescentes que tentam vencer o tédio ao longo de um dia em um apartamento no México. Dez anos depois, ele lança "Club Sandwich", produção modesta sobre mãe e filho que tentam vencer o tédio ao longo das férias em um hotel vazio do litoral do México. Os filmes estão unidos não apenas pelas premissas, mas sobretudo pelo estilo minimalista da direção, com planos longos e poucos diálogos. Em ambos, um acontecimento interrompe o marasmo. No primeiro, uma queda de energia, que força os garotos a largar o videogame. Em "Club Sandwich", algo mais complexo: a descoberta da sexualidade. Paloma tem uma relação de intimidade física e afetiva com o filho Héctor, de 15 anos, que beira a fixação incestuosa e que se acentua quando eles dividem o quarto de hotel. A rotina de férias entre mãe e filho –ao mesmo tempo monótona e erótica– é abalada pela chegada ao hotel da adolescente Jazmín, com quem Héctor logo estabelece um laço sexual, deixando Paloma desarvorada. Eimbcke filma a ebulição hormonal dos adolescentes com a mesma placidez distante com que mostra o cenário do hotel –tornando enfadonho o assunto mais empolgante. E, assim, estabelece uma diferença entre este filme e seu primeiro: em "Club Sandwich", o espectador compartilha do tédio dos personagens –o que não ocorria em "Temporada de Patos". "Club Sandwich" chega ao fim deixando no ar uma pergunta: em que momento o minimalismo virou maneirismo? CLUB SANDWICH DIREÇÃO: FERNANDO EIMBCKE ELENCO: LUCIO GIMÉNEZ CACHO, MARÍA RENÉE PRUDENCIO PRODUÇÃO: MÉXICO, 2013 QUANDO: ESTREIA HOJE (9), CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA NÃO INFORMADA AVALIAÇÃO REGULAR
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Concerned About Being Booed, Temer Decides Against Participating in the Olympic Closing Ceremony
GUSTAVO URIBE FROM BRASÍLIA Interim President Michel Temer is not planning to participate in the closing ceremony for the Olympic Games, set for Sunday the 21st at Maracanã stadium. Last week Folha had anticipated that the PMDB leader would be reluctant to participate in the event. And now, the President has informed his aides and assistants that he plans to not participate at the closing. The concern surrounding the interim President is that right before the final phase of the impeachment process for Dilma Rousseff in the Senate, which is set to begin on the 25th, any new booing could have an unnecessary negative effect on his image. At the opening ceremonies to the worldwide competition on the 5th, the interim President tried without success to avoid being booed and heckled by spectators. The organizers of the event tried to spare him. His name wasn't announced at any moment during the ceremony even though it was included in the official script. However, he was booed after all when he declared the opening of the Games. According to what Folha has learned, the PMDB leader will recommend to the IOC (International Olympic Committee) that he be substituted by the President of the Congress, Rodrigo Maia (DEM-RJ), or of the Senate, Renan Calheiros (PMDB-AL). With the absence of the interim President at the ceremony itself, the Brazilian Government is now considering the best way to arrange for a bilateral encounter between Temer and the Japanese Prime Minister, Shjinzo Abe, who should be in Rio de Janeiro for the ceremony. With the federal government's expectation that suspended president Dilma Rousseff will be definitively removed by the end of the month, the interim President has already indicated to aides and assistants that he is planning to participate in the opening ceremony for the Paralympics on the 7th of September. Translated by LLOYD HARDER Read the article in the original language +Latest news in English *Spectators Make a Joke Out of Protest Ban at Olympics *American Website Exposes Gay Athletes at Olympics and Receives Media Backlash *Highway Patrolman Assigned to Olympics Is Shot in Rio
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Concerned About Being Booed, Temer Decides Against Participating in the Olympic Closing Ceremony GUSTAVO URIBE FROM BRASÍLIA Interim President Michel Temer is not planning to participate in the closing ceremony for the Olympic Games, set for Sunday the 21st at Maracanã stadium. Last week Folha had anticipated that the PMDB leader would be reluctant to participate in the event. And now, the President has informed his aides and assistants that he plans to not participate at the closing. The concern surrounding the interim President is that right before the final phase of the impeachment process for Dilma Rousseff in the Senate, which is set to begin on the 25th, any new booing could have an unnecessary negative effect on his image. At the opening ceremonies to the worldwide competition on the 5th, the interim President tried without success to avoid being booed and heckled by spectators. The organizers of the event tried to spare him. His name wasn't announced at any moment during the ceremony even though it was included in the official script. However, he was booed after all when he declared the opening of the Games. According to what Folha has learned, the PMDB leader will recommend to the IOC (International Olympic Committee) that he be substituted by the President of the Congress, Rodrigo Maia (DEM-RJ), or of the Senate, Renan Calheiros (PMDB-AL). With the absence of the interim President at the ceremony itself, the Brazilian Government is now considering the best way to arrange for a bilateral encounter between Temer and the Japanese Prime Minister, Shjinzo Abe, who should be in Rio de Janeiro for the ceremony. With the federal government's expectation that suspended president Dilma Rousseff will be definitively removed by the end of the month, the interim President has already indicated to aides and assistants that he is planning to participate in the opening ceremony for the Paralympics on the 7th of September. Translated by LLOYD HARDER Read the article in the original language +Latest news in English *Spectators Make a Joke Out of Protest Ban at Olympics *American Website Exposes Gay Athletes at Olympics and Receives Media Backlash *Highway Patrolman Assigned to Olympics Is Shot in Rio
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Gosta de malabarismo? Palhaços apresentam shows em São Paulo
Os Irmãos Becker, dupla de palhaços que aposta em números de malabarismo, faz uma série de apresentação gratuitas em São Paulo. Os shows acontecem sempre aos domingos, na área de convivência do Sesc Santana. Neste domingo (12), a dupla passeia entre o público com suas malas e fazem números de malabarismo e equilíbrio com diferentes objetos. Já no dia 19, o show tem como tema feiras e parques de diversões, com apresentações que envolvem balões que flutuam. A série termina no dia 26, quando os dois palhaços andam de monociclo e em uma bicicleta minúscula. PARA CONFERIR Irmãos Beck QUANDO dias 12, 19 e 26/4, às 15h30 ONDE Sesc Santana - av. Luiz Dumont Villares, 579; tel.: (11) 2971-8700 QUANTO grátis
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Gosta de malabarismo? Palhaços apresentam shows em São PauloOs Irmãos Becker, dupla de palhaços que aposta em números de malabarismo, faz uma série de apresentação gratuitas em São Paulo. Os shows acontecem sempre aos domingos, na área de convivência do Sesc Santana. Neste domingo (12), a dupla passeia entre o público com suas malas e fazem números de malabarismo e equilíbrio com diferentes objetos. Já no dia 19, o show tem como tema feiras e parques de diversões, com apresentações que envolvem balões que flutuam. A série termina no dia 26, quando os dois palhaços andam de monociclo e em uma bicicleta minúscula. PARA CONFERIR Irmãos Beck QUANDO dias 12, 19 e 26/4, às 15h30 ONDE Sesc Santana - av. Luiz Dumont Villares, 579; tel.: (11) 2971-8700 QUANTO grátis
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Paraguaios Barrios e Balbuena são convocados para jogo contra o Brasil
O técnico do Paraguai, Ramón Díaz, convocou nesta terça-feira (8) 27 jogadores para os jogos contra Equador e Brasil, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo-2018. Entre os nomes da lista estão o atacante do Palmeiras Lucas Barrios e o zagueiro do Corinthians Fabián Balbuena. Uma novidade é o atacante Juan Iturbe, 22, que nasceu na argentina, mas decidiu defender a seleção do país onde iniciou a sua carreira. Como a partida contra o Equador será em 24 de março, e o jogo diante do Brasil no dia 29, os dois jogadores podem perder até quatro compromissos por suas equipes no Campeonato Paulista. O Corinthians enfrenta Linense (19), São Bernardo (23), Ituano (26) e Ponte Preta (30). Já a sequência do Palmeiras tem jogos contra Audax (20), Red Bull (23), Água Santa (27) e Rio Claro (31). A equipe paraguaia, em quarto lugar nas eliminatórias, se concentra no dia 20. Um dia depois viaja para o duelo contra o Equador. CONVOCADOS PARA A SELEÇÃO DO PARAGUAI Goleiros: Justo Villar (Colo Colo, Chile), Antony Silva (Cerro Porteño, Paraguai) e Alfredo Aguilar (Guaraní, Paraguai) Defensores: Paulo Da Silva (Toluca, México), Gustavo Gómez (Lanús, Argentina), Pablo Aguilar (América, México), Fabián Balbuena (Corinthians, Brasil), Iván Piris (Udinese, Italia), Bruno Valdez (Cerro Porteño, Paraguai), Miguel Samudio (América, México), Blas Riveros (Olimpia, Paraguai), Juan Gabriel Patiño (Guaraní, Paraguai) Meias: Richard Ortiz (Toluca, México), Celso Ortiz (AZ Alkmaar, Holanda), Rodrigo Rojas (Cerro Porteño, Paraguai), Osvaldo Martínez (América, México), Néstor Ortigoza (San Lorenzo, Argentina), Óscar Romero (Racing, Argentina). Atacantes: Roque Santa Cruz (Málaga, Espanha), Jorge Benítez (Cruz Azul, México), Darío Lezcano (Ingolstadt 04, Alemanha), Antonio Sanabria (Sporting de Gijón, Espanha), Lucas Barrios (Palmeiras, Brasil), Derlis González (Dínamo de Kiev, Ucrânia), Hernán Pérez (Espanyol, Espanha), Juan Iturbe (Bournemouth, Inglaterra), Edgar Benítez (Querétaro, México).
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Paraguaios Barrios e Balbuena são convocados para jogo contra o BrasilO técnico do Paraguai, Ramón Díaz, convocou nesta terça-feira (8) 27 jogadores para os jogos contra Equador e Brasil, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo-2018. Entre os nomes da lista estão o atacante do Palmeiras Lucas Barrios e o zagueiro do Corinthians Fabián Balbuena. Uma novidade é o atacante Juan Iturbe, 22, que nasceu na argentina, mas decidiu defender a seleção do país onde iniciou a sua carreira. Como a partida contra o Equador será em 24 de março, e o jogo diante do Brasil no dia 29, os dois jogadores podem perder até quatro compromissos por suas equipes no Campeonato Paulista. O Corinthians enfrenta Linense (19), São Bernardo (23), Ituano (26) e Ponte Preta (30). Já a sequência do Palmeiras tem jogos contra Audax (20), Red Bull (23), Água Santa (27) e Rio Claro (31). A equipe paraguaia, em quarto lugar nas eliminatórias, se concentra no dia 20. Um dia depois viaja para o duelo contra o Equador. CONVOCADOS PARA A SELEÇÃO DO PARAGUAI Goleiros: Justo Villar (Colo Colo, Chile), Antony Silva (Cerro Porteño, Paraguai) e Alfredo Aguilar (Guaraní, Paraguai) Defensores: Paulo Da Silva (Toluca, México), Gustavo Gómez (Lanús, Argentina), Pablo Aguilar (América, México), Fabián Balbuena (Corinthians, Brasil), Iván Piris (Udinese, Italia), Bruno Valdez (Cerro Porteño, Paraguai), Miguel Samudio (América, México), Blas Riveros (Olimpia, Paraguai), Juan Gabriel Patiño (Guaraní, Paraguai) Meias: Richard Ortiz (Toluca, México), Celso Ortiz (AZ Alkmaar, Holanda), Rodrigo Rojas (Cerro Porteño, Paraguai), Osvaldo Martínez (América, México), Néstor Ortigoza (San Lorenzo, Argentina), Óscar Romero (Racing, Argentina). Atacantes: Roque Santa Cruz (Málaga, Espanha), Jorge Benítez (Cruz Azul, México), Darío Lezcano (Ingolstadt 04, Alemanha), Antonio Sanabria (Sporting de Gijón, Espanha), Lucas Barrios (Palmeiras, Brasil), Derlis González (Dínamo de Kiev, Ucrânia), Hernán Pérez (Espanyol, Espanha), Juan Iturbe (Bournemouth, Inglaterra), Edgar Benítez (Querétaro, México).
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Discurso de Arquette é estímulo a outras manifestações, diz leitora
A cerimônia do Oscar tradicionalmente é esperada com vistas aos belos corpos e vestimentas de luxo que dão o tom dos próximos pomposos eventos sociais. No entanto, no último domingo a atriz Patricia Arquette, com sua fala em favor da igualdade entre os sexos (Pergunte mais a ela), tentou desviar o olhar para temas até então nunca levados àquela tribuna. Ainda não é possível crer que a atitude da premiada possa estar delineando uma nova postura no universo daquela academia, uma vez que pouco se pode esperar de uma indústria cinematográfica ávida pelo retorno de seus dólares nas produções –a menos que temas como este e afins possam significar divisas aos seus ricos cofres. Não deixa de se um estímulo a outras manifestações. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Discurso de Arquette é estímulo a outras manifestações, diz leitoraA cerimônia do Oscar tradicionalmente é esperada com vistas aos belos corpos e vestimentas de luxo que dão o tom dos próximos pomposos eventos sociais. No entanto, no último domingo a atriz Patricia Arquette, com sua fala em favor da igualdade entre os sexos (Pergunte mais a ela), tentou desviar o olhar para temas até então nunca levados àquela tribuna. Ainda não é possível crer que a atitude da premiada possa estar delineando uma nova postura no universo daquela academia, uma vez que pouco se pode esperar de uma indústria cinematográfica ávida pelo retorno de seus dólares nas produções –a menos que temas como este e afins possam significar divisas aos seus ricos cofres. Não deixa de se um estímulo a outras manifestações. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Junho termina sem chuva e com presença de névoa seca em SP
Junho começou chuvoso e deve terminar sem nenhuma gota-d'água nesta semana, segundo meteorologistas do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), órgão da Prefeitura de São Paulo. Nos sete primeiros dias do mês, São Paulo acumulou 167,8 mm de água, quando o esperado para todo o mês era de 45,2 mm. Contudo, desde o dia 8 de junho a cidade não registrou chuvas significativas. Até as 7h desta segunda (27), a capital paulista havia registrado 170,9 mm. Ou seja, nos últimos 20 dias a cidade acumulou apenas 3,1 mm. A previsão para a reta final de junho, segundo o meteorologista Adilson Nazário, é de tempo seco, baixa umidade relativa do ar e surgimento de névoa seca na cidade. Com isso, São Paulo ganha um aspecto acinzentado no céu devido à condensação de vapor de água, associado com a poeira, fumaça e outros poluentes. É isso que os meteorologistas chamam de névoa seca, comum nos dias frios de inverno. Apesar da ajuda do vento na dispersão dos poluentes, a névoa seca deve persistir ao longo da semana. Um sistema de alta pressão atmosférica se intensifica sobre a região central do país, impedindo a formação de nuvens carregadas e a chegada de frentes frias. O movimento do ar de cima para baixo, segundo o meteorologista, traz um ar mais seco para a superfície, o que favorece a ocorrência de inversões térmicas. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) diz que todos os índices de qualidade do ar em São Paulo estão bons nesta segunda. Os dados fazem parte de um balanço da companhia divulgado às 11h. Segundo o CGE, a umidade relativa do ar deve ficar acima de 44% ao longo do dia. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera estado de atenção quando os níveis estão entre 20% e 30%. O sol aparece e deixa o céu claro na capital na tarde desta segunda, com temperatura máxima em torno de 21°C. Os próximos dias serão mais ensolarados, com maior predomínio de sol, declínio dos índices de umidade do ar e madrugadas com temperaturas um pouco mais elevadas e ligeiramente acima da média para a estação. Segundo Nazário, a madrugada desta terça (28) deve ter temperatura em torno de 13°C com formação de neblina ao amanhecer. Com o ar mais seco, a temperatura deve ficar em torno de 24°C e o índice de umidade entre 38% e 85%.
cotidiano
Junho termina sem chuva e com presença de névoa seca em SPJunho começou chuvoso e deve terminar sem nenhuma gota-d'água nesta semana, segundo meteorologistas do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), órgão da Prefeitura de São Paulo. Nos sete primeiros dias do mês, São Paulo acumulou 167,8 mm de água, quando o esperado para todo o mês era de 45,2 mm. Contudo, desde o dia 8 de junho a cidade não registrou chuvas significativas. Até as 7h desta segunda (27), a capital paulista havia registrado 170,9 mm. Ou seja, nos últimos 20 dias a cidade acumulou apenas 3,1 mm. A previsão para a reta final de junho, segundo o meteorologista Adilson Nazário, é de tempo seco, baixa umidade relativa do ar e surgimento de névoa seca na cidade. Com isso, São Paulo ganha um aspecto acinzentado no céu devido à condensação de vapor de água, associado com a poeira, fumaça e outros poluentes. É isso que os meteorologistas chamam de névoa seca, comum nos dias frios de inverno. Apesar da ajuda do vento na dispersão dos poluentes, a névoa seca deve persistir ao longo da semana. Um sistema de alta pressão atmosférica se intensifica sobre a região central do país, impedindo a formação de nuvens carregadas e a chegada de frentes frias. O movimento do ar de cima para baixo, segundo o meteorologista, traz um ar mais seco para a superfície, o que favorece a ocorrência de inversões térmicas. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) diz que todos os índices de qualidade do ar em São Paulo estão bons nesta segunda. Os dados fazem parte de um balanço da companhia divulgado às 11h. Segundo o CGE, a umidade relativa do ar deve ficar acima de 44% ao longo do dia. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera estado de atenção quando os níveis estão entre 20% e 30%. O sol aparece e deixa o céu claro na capital na tarde desta segunda, com temperatura máxima em torno de 21°C. Os próximos dias serão mais ensolarados, com maior predomínio de sol, declínio dos índices de umidade do ar e madrugadas com temperaturas um pouco mais elevadas e ligeiramente acima da média para a estação. Segundo Nazário, a madrugada desta terça (28) deve ter temperatura em torno de 13°C com formação de neblina ao amanhecer. Com o ar mais seco, a temperatura deve ficar em torno de 24°C e o índice de umidade entre 38% e 85%.
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Desocupar escolas sem aval judicial não é arbitrário, diz governo Alckmin
"Não há arbitrariedade por parte do Estado, na medida em que sempre se tentou o diálogo, a conciliação, a desocupação pacífica", disse Adalberto Robert Alves, autor do parecer que subsidiou decisão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de fazer reintegrações sem ir à Justiça. Nesta sexta (13), quatro escolas técnicas foram desocupadas por meio dessa estratégia. Alves, assessor-chefe da assessoria jurídica do gabinete da Procuradoria-Geral do Estado, disse que recorrer à Justiça significa, em alguns casos, demora para resolver o problema de ocupações simultâneas. "Muitas vezes o Judiciário não aprecia o nosso pedido com a urgência necessária. É um procedimento que acaba atrapalhando, demorando para que retomemos a posse." Ele citou decisão dada na semana passada em que um juiz de primeira instância proibiu que a Polícia Militar usasse arma na reintegração de posse da sede administrativa do Centro Paula Souza, órgão que cuida das escolas técnicas do governo paulista. A sentença foi revertida em segunda instância. LEGITIMIDADE A medida do governo, com base na chamada "autotutela do Estado", tem legitimidade e está amparada em precedentes do Tribunal de Justiça de São Paulo e em ao menos um caso do Superior Tribunal de Justiça, afirmou. "Inúmeros alunos são prejudicados por essa ocupação ao não desenvolver atividades acadêmicas. Isso causou prejuízos a eles", disse. "O que a Procuradoria está fazendo é assegurar o direito de os alunos assistirem às aulas, o que é um dever do Estado."
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Desocupar escolas sem aval judicial não é arbitrário, diz governo Alckmin"Não há arbitrariedade por parte do Estado, na medida em que sempre se tentou o diálogo, a conciliação, a desocupação pacífica", disse Adalberto Robert Alves, autor do parecer que subsidiou decisão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de fazer reintegrações sem ir à Justiça. Nesta sexta (13), quatro escolas técnicas foram desocupadas por meio dessa estratégia. Alves, assessor-chefe da assessoria jurídica do gabinete da Procuradoria-Geral do Estado, disse que recorrer à Justiça significa, em alguns casos, demora para resolver o problema de ocupações simultâneas. "Muitas vezes o Judiciário não aprecia o nosso pedido com a urgência necessária. É um procedimento que acaba atrapalhando, demorando para que retomemos a posse." Ele citou decisão dada na semana passada em que um juiz de primeira instância proibiu que a Polícia Militar usasse arma na reintegração de posse da sede administrativa do Centro Paula Souza, órgão que cuida das escolas técnicas do governo paulista. A sentença foi revertida em segunda instância. LEGITIMIDADE A medida do governo, com base na chamada "autotutela do Estado", tem legitimidade e está amparada em precedentes do Tribunal de Justiça de São Paulo e em ao menos um caso do Superior Tribunal de Justiça, afirmou. "Inúmeros alunos são prejudicados por essa ocupação ao não desenvolver atividades acadêmicas. Isso causou prejuízos a eles", disse. "O que a Procuradoria está fazendo é assegurar o direito de os alunos assistirem às aulas, o que é um dever do Estado."
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Vale leva a prejuízo o braço de participação em empresas do BNDES
O BNDESPar, braço de participação do BNDES em empresas, teve um prejuízo de R$ 891 milhões no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período de 2014, a BNDESPar tinha apresentado lucro de R$ 181 milhões. O prejuízo foi resultado da queda das ações da Vale. O BNDESPar fez provisões por desvalorização (impairment) de R$ 1,1 bilhão (líquido de impostos) no período, dos quais R$ 733 milhões (70% do total) por causa dos papéis da mineradora. O impairment é um ajuste nos valores dos ativos em relação à capacidade de gerar receita no futuro. Ele ocorre geralmente quando a queda dos preços de um ativo é intenso. O resultado foi divulgado na noite desta sexta-feira (15). O BNDESPar tem 5,2% do capital total da mineradora. E 9,6% da Valepar, que controla a Vale. No total, o BNDESPar vê ainda um ganho potencial de R$ 2 bilhões com os papéis da companhia. O desempenho das ações da mineradora na Bolsa foi afetado principalmente pela queda do preço do minério de ferro no mercado internacional. "O registro do impairment, entretanto, não representa uma perda financeira efetiva, uma vez que as ações não foram alienadas, ou seja, a BNDESPar mantém sua posição no investimento", explicou no comunicado. O BNDESPar tem ainda 10,37% das ações da Petrobras. No fim de março, o BNDES informou que teve uma perda de R$ 2,6 bilhões com a Petrobras, após reavaliar sua participação na companhia em razão "do declínio prolongado e significativo de valor de mercado das ações".
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Vale leva a prejuízo o braço de participação em empresas do BNDESO BNDESPar, braço de participação do BNDES em empresas, teve um prejuízo de R$ 891 milhões no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período de 2014, a BNDESPar tinha apresentado lucro de R$ 181 milhões. O prejuízo foi resultado da queda das ações da Vale. O BNDESPar fez provisões por desvalorização (impairment) de R$ 1,1 bilhão (líquido de impostos) no período, dos quais R$ 733 milhões (70% do total) por causa dos papéis da mineradora. O impairment é um ajuste nos valores dos ativos em relação à capacidade de gerar receita no futuro. Ele ocorre geralmente quando a queda dos preços de um ativo é intenso. O resultado foi divulgado na noite desta sexta-feira (15). O BNDESPar tem 5,2% do capital total da mineradora. E 9,6% da Valepar, que controla a Vale. No total, o BNDESPar vê ainda um ganho potencial de R$ 2 bilhões com os papéis da companhia. O desempenho das ações da mineradora na Bolsa foi afetado principalmente pela queda do preço do minério de ferro no mercado internacional. "O registro do impairment, entretanto, não representa uma perda financeira efetiva, uma vez que as ações não foram alienadas, ou seja, a BNDESPar mantém sua posição no investimento", explicou no comunicado. O BNDESPar tem ainda 10,37% das ações da Petrobras. No fim de março, o BNDES informou que teve uma perda de R$ 2,6 bilhões com a Petrobras, após reavaliar sua participação na companhia em razão "do declínio prolongado e significativo de valor de mercado das ações".
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Entusiasta analisa excessos e delícias dos cruzeiros; MSC é eleito o melhor
ANA RIBEIRO DE SÃO PAULO Uma viagem de vários dias em que você passa o tempo livre tomando aqueles drinques com guarda-chuvinha, enquanto as cidades vão chegando mais perto. A cada manhã, uma paisagem diferente, sem precisar fazer e desfazer malas. À noite, atrações a bordo, cassino, boate, quem sabe até um show do Roberto Carlos?, e ninguém lembra que existem as filas de embarque nos aeroportos. A vida é mansa em um cruzeiro de navio. Para o turista paulistano das classes A e B, a MSC é a melhor escolha para um cruzeiro marítimo —foi citada por 10% dos entrevistados. Outras companhias mencionadas foram CVC (3%), Royal Caribbean (2%), Costa Cruzeiros, Pullmantur e o cruzeiro de Roberto Carlos (1%). A maioria (74%), entretanto, não soube apontar sua favorita. Nos últimos 20 anos, fiz diversos cruzeiros e, ainda que exista gente que não curte, eu adorei. Num deles, recente, a bordo de uma embarcação de luxo, percebi uma tendência entre idosos americanos: passar vários meses embarcados. No navio, eles sabem que têm garantidos companhia, diversão, conforto, segurança e, às vezes, até um hospital. Cruzeiros marítimos podem mesmo virar estilo de vida. Em 1996, fiz o meu primeiro, pelo Caribe, numa embarcação três estrelas. A bordo, a classe média dos EUA. Um grupo de 15 amigos de Chicago viajava junto todo ano: o dinheiro, juntavam organizando rifas, bingos, bazares. Dependendo do cacife do navio, o céu é o limite para as atrações a bordo. A diária de uma cabine de luxo pode custar centenas de dólares, mas as condições para um programa desses não são apenas econômicas. Dependem de boa disponibilidade de tempo e também de um estado de espírito favorável. Em primeiro lugar, não importam os mares que você escolha navegar, grande parte de uma viagem de navio é o próprio navio. Você tem de estar a fim de se divertir, de socializar, de confraternizar. Mesmo que, durante o dia, você decida ir na contramão da excursão sugerida pelo navio —eu sempre prefiro tomar um táxi e ir pelo meu caminho—, ao seu final, todo mundo vai se reencontrar. Segundo: abrace o excesso —ele faz parte da estética dos cruzeiros. Tudo pronto? Malas desfeitas, nécessaire abastecida, os problemas da vida em "pause"? Sente-se no deck, pegue um drinque e observe como é lindo o pôr-do-sol cercado de água por todos os lados. Ana Ribeiro é jornalista especializada no tema LGBT e criadora da campanha "Homofobia É...".
saopaulo
Entusiasta analisa excessos e delícias dos cruzeiros; MSC é eleito o melhorANA RIBEIRO DE SÃO PAULO Uma viagem de vários dias em que você passa o tempo livre tomando aqueles drinques com guarda-chuvinha, enquanto as cidades vão chegando mais perto. A cada manhã, uma paisagem diferente, sem precisar fazer e desfazer malas. À noite, atrações a bordo, cassino, boate, quem sabe até um show do Roberto Carlos?, e ninguém lembra que existem as filas de embarque nos aeroportos. A vida é mansa em um cruzeiro de navio. Para o turista paulistano das classes A e B, a MSC é a melhor escolha para um cruzeiro marítimo —foi citada por 10% dos entrevistados. Outras companhias mencionadas foram CVC (3%), Royal Caribbean (2%), Costa Cruzeiros, Pullmantur e o cruzeiro de Roberto Carlos (1%). A maioria (74%), entretanto, não soube apontar sua favorita. Nos últimos 20 anos, fiz diversos cruzeiros e, ainda que exista gente que não curte, eu adorei. Num deles, recente, a bordo de uma embarcação de luxo, percebi uma tendência entre idosos americanos: passar vários meses embarcados. No navio, eles sabem que têm garantidos companhia, diversão, conforto, segurança e, às vezes, até um hospital. Cruzeiros marítimos podem mesmo virar estilo de vida. Em 1996, fiz o meu primeiro, pelo Caribe, numa embarcação três estrelas. A bordo, a classe média dos EUA. Um grupo de 15 amigos de Chicago viajava junto todo ano: o dinheiro, juntavam organizando rifas, bingos, bazares. Dependendo do cacife do navio, o céu é o limite para as atrações a bordo. A diária de uma cabine de luxo pode custar centenas de dólares, mas as condições para um programa desses não são apenas econômicas. Dependem de boa disponibilidade de tempo e também de um estado de espírito favorável. Em primeiro lugar, não importam os mares que você escolha navegar, grande parte de uma viagem de navio é o próprio navio. Você tem de estar a fim de se divertir, de socializar, de confraternizar. Mesmo que, durante o dia, você decida ir na contramão da excursão sugerida pelo navio —eu sempre prefiro tomar um táxi e ir pelo meu caminho—, ao seu final, todo mundo vai se reencontrar. Segundo: abrace o excesso —ele faz parte da estética dos cruzeiros. Tudo pronto? Malas desfeitas, nécessaire abastecida, os problemas da vida em "pause"? Sente-se no deck, pegue um drinque e observe como é lindo o pôr-do-sol cercado de água por todos os lados. Ana Ribeiro é jornalista especializada no tema LGBT e criadora da campanha "Homofobia É...".
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No interior de SP, usina e moradores sofrem com crise hídrica
Cortada por rios como o Jaguari e o Pirapitingui, Cosmópolis (a 135 km de SP) estava acostumada com a abundância de água. Desde o ano passado, porém, a realidade do município de 66 mil habitantes mudou. A cada dia, um dos dois setores da cidade, na região de Campinas, tem o fornecimento interrompido entre as 6h e as 18h. Além disso, há diminuição da pressão do volume enviado às torneiras sempre no período das 7h às 17h. Como outras cidades da região que adotaram racionamento, a captação de água para a represa do município, no rio Pirapitingui, também disputa espaço com o abastecimento de indústrias. No caso de Cosmópolis, o rio fornece água à usina Ester, que tem uma das maiores autorizações para captar na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jaguari, onde fica o sistema Cantareira. O rodízio de água na cidade foi iniciado em fevereiro do ano passado. Desde então, a população vem tentando se adaptar às novas restrições. O funileiro Vinicius Moraes, 26, conta que a restrição o obrigou a trocar a lavadora de alta pressão por um pano úmido no serviço. "Mesmo assim, na semana passada tivemos que parar o serviço por falta de água", diz. Pessoas que trabalham na área da construção relatam problemas similares. "Chegamos a ficar com a obra duas semanas parada por falta de água", afirma o servente José Antônio Fernandes, 30. Nascido na cidade, o aposentado Valentin Estevanato, 82, não se lembra de outra seca parecida. "Na roça, muita gente perdeu toda a plantação por falta de água", diz ele, que mudou os hábitos em casa para economizar. A Usina Ester, que emprega cerca de 2.000 pessoas na região, afirma também ter diminuído o uso da água no processo produtivo (lavagem da cana, moagem, fabricação de açúcar, álcool e geração de energia). "Temos solicitação de renovação, revisada, prevendo captação de 40% da outorga atual", afirmou a usina, por meio de nota. Em 2014, ano da crise hídrica, a produtividade agrícola foi 19% menor do que a esperada, diz a usina. REGIÃO Cidades próximas a Cosmópolis também adotaram rodízio de água, como Valinhos, Santo Antonio de Posse e Santa Bárbara D'Oeste. Em Santa Bárbara, o racionamento veio mesmo com a existência de três represas para abastecer a cidade. O rodízio já acabou, mas a cidade estuda passar a captar água também do rio Piracicaba. "[Antes] Todo mundo achava que tinha água em abundância. Mesmo com o fim do racionamento, você não vê mais desperdício", diz Carlos Bueno de Camargo Junior, 41, dono de um pet shop.
cotidiano
No interior de SP, usina e moradores sofrem com crise hídricaCortada por rios como o Jaguari e o Pirapitingui, Cosmópolis (a 135 km de SP) estava acostumada com a abundância de água. Desde o ano passado, porém, a realidade do município de 66 mil habitantes mudou. A cada dia, um dos dois setores da cidade, na região de Campinas, tem o fornecimento interrompido entre as 6h e as 18h. Além disso, há diminuição da pressão do volume enviado às torneiras sempre no período das 7h às 17h. Como outras cidades da região que adotaram racionamento, a captação de água para a represa do município, no rio Pirapitingui, também disputa espaço com o abastecimento de indústrias. No caso de Cosmópolis, o rio fornece água à usina Ester, que tem uma das maiores autorizações para captar na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jaguari, onde fica o sistema Cantareira. O rodízio de água na cidade foi iniciado em fevereiro do ano passado. Desde então, a população vem tentando se adaptar às novas restrições. O funileiro Vinicius Moraes, 26, conta que a restrição o obrigou a trocar a lavadora de alta pressão por um pano úmido no serviço. "Mesmo assim, na semana passada tivemos que parar o serviço por falta de água", diz. Pessoas que trabalham na área da construção relatam problemas similares. "Chegamos a ficar com a obra duas semanas parada por falta de água", afirma o servente José Antônio Fernandes, 30. Nascido na cidade, o aposentado Valentin Estevanato, 82, não se lembra de outra seca parecida. "Na roça, muita gente perdeu toda a plantação por falta de água", diz ele, que mudou os hábitos em casa para economizar. A Usina Ester, que emprega cerca de 2.000 pessoas na região, afirma também ter diminuído o uso da água no processo produtivo (lavagem da cana, moagem, fabricação de açúcar, álcool e geração de energia). "Temos solicitação de renovação, revisada, prevendo captação de 40% da outorga atual", afirmou a usina, por meio de nota. Em 2014, ano da crise hídrica, a produtividade agrícola foi 19% menor do que a esperada, diz a usina. REGIÃO Cidades próximas a Cosmópolis também adotaram rodízio de água, como Valinhos, Santo Antonio de Posse e Santa Bárbara D'Oeste. Em Santa Bárbara, o racionamento veio mesmo com a existência de três represas para abastecer a cidade. O rodízio já acabou, mas a cidade estuda passar a captar água também do rio Piracicaba. "[Antes] Todo mundo achava que tinha água em abundância. Mesmo com o fim do racionamento, você não vê mais desperdício", diz Carlos Bueno de Camargo Junior, 41, dono de um pet shop.
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Mudança no clima leva marca francesa a produzir 'champanhe' na Inglaterra
A célebre marca de champanhe francês Taittinger anunciou nesta semana que comprou terras no sul da Inglaterra para produzir vinho espumante, se beneficiando do aquecimento do clima britânico. A Taittinger comprou um terreno de 69 hectares em Kent, um condado do sudeste da Inglaterra, em que plantará vinhas de uvas chardonnay, pinot noir e pinot meunier para produzir o espumante inglês. O produto não pode ser chamado "champanhe", porque a denominação se resume ao produto da região francesa de mesmo nome. "Nosso objetivo é fazer um verdadeiro produto de excelência em um clima britânico cada vez mais moderado, sem compará-lo ao champanhe ou qualquer outro espumante", explicou Pierre-Emmanuel Taittinger, presidente da bodega. O vinho levará a marca Domaine Evremond, em homenagem a Charles de Saint-Evremond (1614-1703), poeta e sibarita francês que popularizou o champanhe na corte do rei Carlos 2 da Inglaterra.
comida
Mudança no clima leva marca francesa a produzir 'champanhe' na InglaterraA célebre marca de champanhe francês Taittinger anunciou nesta semana que comprou terras no sul da Inglaterra para produzir vinho espumante, se beneficiando do aquecimento do clima britânico. A Taittinger comprou um terreno de 69 hectares em Kent, um condado do sudeste da Inglaterra, em que plantará vinhas de uvas chardonnay, pinot noir e pinot meunier para produzir o espumante inglês. O produto não pode ser chamado "champanhe", porque a denominação se resume ao produto da região francesa de mesmo nome. "Nosso objetivo é fazer um verdadeiro produto de excelência em um clima britânico cada vez mais moderado, sem compará-lo ao champanhe ou qualquer outro espumante", explicou Pierre-Emmanuel Taittinger, presidente da bodega. O vinho levará a marca Domaine Evremond, em homenagem a Charles de Saint-Evremond (1614-1703), poeta e sibarita francês que popularizou o champanhe na corte do rei Carlos 2 da Inglaterra.
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Morte de coronel Ustra confirmou sua convicção de que nunca seria punido
O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 83, tinha uma cega convicção de que nunca seria punido pelos crimes que era acusado de cometer na ditadura (1964-85). Chegara a prever, certa vez, que morreria sem ser julgado e condenado. Nesta quinta (15), com sua morte em Brasília por falência múltipla de órgãos decorrente de uma pneumonia, cumpriu-se a profecia do militar. Acusado por familiares de mortos na ditadura, ex-presos políticos e pelo Ministério Público Federal de crimes como torturas, assassinatos e desaparições forçadas, o chefe de um dos mais violentos órgãos da repressão só sofrera um único revés nos últimos dez anos, quando as ações começaram a ser apresentadas à Justiça. Ustra era o único militar reconhecido pela Justiça, em ação declaratória e até agora inédita, como torturador. O resultado, que tentava reverter, causou-lhe imenso desgosto. Nas outras oito ações que ainda tramitavam contra ele, o militar conseguira safar-se de eventual condenação graças à Lei da Anistia -recursos foram apresentados e ainda seriam analisados, mas agora os casos serão extintos. Nascido em Santa Maria (RS), Brilhante Ustra formou-se em 1954 na Academia Militar das Agulhas Negras. De sua turma sairiam outros militares acusados de crimes na ditadura, como o general José Antônio Nogueira Belham, o coronel Audir Maciel e o major Euclides Chignall, morto no ano passado. Em 1964, como capitão, Ustra fora escalado no dia 31 de março pelo governo João Goulart para conter, nos arredores do Rio, as tropas golpistas que vinham de Minas Gerais. Contaminado pela conspiração, juntara-se aos revoltosos no meio do caminho. O militar assumira o DOI (Destacamento de Operações de Informações) do 2º Exército, em São Paulo, em 1970. Era o auge do combate às organizações da esquerda armada. Até o final de 1974, quando deixaria o cargo, o DOI tivera cerca de 2.000 presos. Segundo o livro "Brasil: Nunca Mais", 502 pessoas foram torturadas no local no período. A Comissão da Verdade contou ao menos 45 mortes e desaparecimentos por ação de subordinados a Ustra. As acusações contra o coronel começaram a surgir após a ditadura. A primeira foi feita pela atriz e então deputada Bete Mendes, que o apontou como seu torturador. Ainda nos anos 1980, ele começou com a ajuda da mulher, Joseíta, a relatar sua versão da ditadura –primeiro para mostrar às filhas, publicando posteriormente dois livros. Ustra sempre achou que deveria lutar para impor seu relato, mesmo que considerasse esta uma batalha perdida. Gostava de citar uma frase de Siqueira Campos, militar famoso pela participação nas revoltas tenentistas: "À pátria se deve dar e nada pedir, nem mesmo compreensão". Ele mesmo reconhecera que, enquanto vivesse, estaria no foco dos grupos de direitos humanos que defendem a punição dos que cometeram crimes na ditadura. Do Exército, ele sempre recebeu apoio e respeito. Em Brasília, onde vivia havia mais de 30 anos, costumava reunir-se com militares que também já estavam reformados. Calmo e doce no trato pessoal, Ustra sempre negou as acusações. Dizia apenas ter cumprido ordens. Em 2013, ao falar na Comissão da Verdade, declarou: "Quem deveria estar sentado aqui é o Exército brasileiro, não eu". Desde o início deste ano sua saúde estava debilitada –sofrera um infarto e tratava-se de um câncer. Nos últimos dias, em coma, respirava com a ajuda de aparelhos. O corpo de Ustra será cremado nesta sexta (16). Avesso a qualquer tipo de publicidade, ele não queria sepultura.
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Morte de coronel Ustra confirmou sua convicção de que nunca seria punidoO coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 83, tinha uma cega convicção de que nunca seria punido pelos crimes que era acusado de cometer na ditadura (1964-85). Chegara a prever, certa vez, que morreria sem ser julgado e condenado. Nesta quinta (15), com sua morte em Brasília por falência múltipla de órgãos decorrente de uma pneumonia, cumpriu-se a profecia do militar. Acusado por familiares de mortos na ditadura, ex-presos políticos e pelo Ministério Público Federal de crimes como torturas, assassinatos e desaparições forçadas, o chefe de um dos mais violentos órgãos da repressão só sofrera um único revés nos últimos dez anos, quando as ações começaram a ser apresentadas à Justiça. Ustra era o único militar reconhecido pela Justiça, em ação declaratória e até agora inédita, como torturador. O resultado, que tentava reverter, causou-lhe imenso desgosto. Nas outras oito ações que ainda tramitavam contra ele, o militar conseguira safar-se de eventual condenação graças à Lei da Anistia -recursos foram apresentados e ainda seriam analisados, mas agora os casos serão extintos. Nascido em Santa Maria (RS), Brilhante Ustra formou-se em 1954 na Academia Militar das Agulhas Negras. De sua turma sairiam outros militares acusados de crimes na ditadura, como o general José Antônio Nogueira Belham, o coronel Audir Maciel e o major Euclides Chignall, morto no ano passado. Em 1964, como capitão, Ustra fora escalado no dia 31 de março pelo governo João Goulart para conter, nos arredores do Rio, as tropas golpistas que vinham de Minas Gerais. Contaminado pela conspiração, juntara-se aos revoltosos no meio do caminho. O militar assumira o DOI (Destacamento de Operações de Informações) do 2º Exército, em São Paulo, em 1970. Era o auge do combate às organizações da esquerda armada. Até o final de 1974, quando deixaria o cargo, o DOI tivera cerca de 2.000 presos. Segundo o livro "Brasil: Nunca Mais", 502 pessoas foram torturadas no local no período. A Comissão da Verdade contou ao menos 45 mortes e desaparecimentos por ação de subordinados a Ustra. As acusações contra o coronel começaram a surgir após a ditadura. A primeira foi feita pela atriz e então deputada Bete Mendes, que o apontou como seu torturador. Ainda nos anos 1980, ele começou com a ajuda da mulher, Joseíta, a relatar sua versão da ditadura –primeiro para mostrar às filhas, publicando posteriormente dois livros. Ustra sempre achou que deveria lutar para impor seu relato, mesmo que considerasse esta uma batalha perdida. Gostava de citar uma frase de Siqueira Campos, militar famoso pela participação nas revoltas tenentistas: "À pátria se deve dar e nada pedir, nem mesmo compreensão". Ele mesmo reconhecera que, enquanto vivesse, estaria no foco dos grupos de direitos humanos que defendem a punição dos que cometeram crimes na ditadura. Do Exército, ele sempre recebeu apoio e respeito. Em Brasília, onde vivia havia mais de 30 anos, costumava reunir-se com militares que também já estavam reformados. Calmo e doce no trato pessoal, Ustra sempre negou as acusações. Dizia apenas ter cumprido ordens. Em 2013, ao falar na Comissão da Verdade, declarou: "Quem deveria estar sentado aqui é o Exército brasileiro, não eu". Desde o início deste ano sua saúde estava debilitada –sofrera um infarto e tratava-se de um câncer. Nos últimos dias, em coma, respirava com a ajuda de aparelhos. O corpo de Ustra será cremado nesta sexta (16). Avesso a qualquer tipo de publicidade, ele não queria sepultura.
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EUA anunciam nova rodada de negociações com Cuba para 21 de maio
O Departamento de Estado americano anunciou nesta quinta-feira (14) que Cuba e Estados Unidos terão uma quarta rodada de negociações no próximo dia 21, na qual será discutido o restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países e a reabertura de embaixadas em Washington e Havana. No encontro de 21 de maio, se reunirão a secretária de Estado adjunta para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, e a diretora geral para os Estados Unidos do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, Josefina Vidal. A próxima reunião será a primeira em pessoa dos chefes negociadores desde março, a quarta desde que o presidente Barack Obama e o ditador Raúl Castro anunciaram em 17 de dezembro o início de um processo para o restabelecimento dos laços diplomáticos, rompidos desde 1961. A última rodada de negociações aconteceu em março, em Havana, quase um mês antes da Cúpula das Américas no Panamá, onde Obama e Castro se encontraram pessoalmente. O Departamento de Estado anunciou que "receberá uma delegação do governo cubano", liderada por Josefina Vidal, mas não revelou o local exato do encontro. "Uma embaixada americana em Havana permitirá aos Estados Unidos promover de maneira mais eficaz nossos interesses e valores, e aumentar nosso compromisso com o povo cubano", afirmou o Departamento de Estado em comunicado. "Desde o anúncio do presidente (Obama) em dezembro, EUA e Cuba incrementaram sua comunicação em várias questões, incluindo assuntos de importância mútua como imigração, aplicação das leis, acesso à informação, proteção ambiental e tráfico de pessoas", concluiu a nota. Paralelamente às negociações entre Roberta Jacobson e Josefina Vidal, os dois países estão mantendo uma série de contatos sobre assuntos técnicos, como aviação civil e tráfico de pessoas. No dia 31 de março, as duas nações também mantiveram um primeiro encontro sobre direitos humanos, um dos temas mais polêmicos no processo de aproximação. Além disso, Obama anunciou em abril sua decisão de retirar Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo, uma medida reivindicada há anos pelo governo cubano e que poderia agilizar o processo de normalização das relações diplomáticas. O Departamento de Estado informou que dará mais detalhes sobre o encontro nos próximos dias.
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EUA anunciam nova rodada de negociações com Cuba para 21 de maioO Departamento de Estado americano anunciou nesta quinta-feira (14) que Cuba e Estados Unidos terão uma quarta rodada de negociações no próximo dia 21, na qual será discutido o restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países e a reabertura de embaixadas em Washington e Havana. No encontro de 21 de maio, se reunirão a secretária de Estado adjunta para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, e a diretora geral para os Estados Unidos do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, Josefina Vidal. A próxima reunião será a primeira em pessoa dos chefes negociadores desde março, a quarta desde que o presidente Barack Obama e o ditador Raúl Castro anunciaram em 17 de dezembro o início de um processo para o restabelecimento dos laços diplomáticos, rompidos desde 1961. A última rodada de negociações aconteceu em março, em Havana, quase um mês antes da Cúpula das Américas no Panamá, onde Obama e Castro se encontraram pessoalmente. O Departamento de Estado anunciou que "receberá uma delegação do governo cubano", liderada por Josefina Vidal, mas não revelou o local exato do encontro. "Uma embaixada americana em Havana permitirá aos Estados Unidos promover de maneira mais eficaz nossos interesses e valores, e aumentar nosso compromisso com o povo cubano", afirmou o Departamento de Estado em comunicado. "Desde o anúncio do presidente (Obama) em dezembro, EUA e Cuba incrementaram sua comunicação em várias questões, incluindo assuntos de importância mútua como imigração, aplicação das leis, acesso à informação, proteção ambiental e tráfico de pessoas", concluiu a nota. Paralelamente às negociações entre Roberta Jacobson e Josefina Vidal, os dois países estão mantendo uma série de contatos sobre assuntos técnicos, como aviação civil e tráfico de pessoas. No dia 31 de março, as duas nações também mantiveram um primeiro encontro sobre direitos humanos, um dos temas mais polêmicos no processo de aproximação. Além disso, Obama anunciou em abril sua decisão de retirar Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo, uma medida reivindicada há anos pelo governo cubano e que poderia agilizar o processo de normalização das relações diplomáticas. O Departamento de Estado informou que dará mais detalhes sobre o encontro nos próximos dias.
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Conheça instrumento típico usado por índios na Sibéria
Saina é da etnia yakut, dos povos da Sibéria, e uma das representantes da Rússia nos Jogos Mundiais. Ao ser abordada pela reportagem, fez questão de pedir para vestir suas roupas tradicionais dos povos siberianos.Devidamente trajada, ela pede para cantar canções típicas dos povos siberianos. Em seguida, presenteia o pequeno público ao tocar o homus, um pequeno instrumento de sopro feito de metal dos povos siberianos. Ao passo que sopra, faz também sons guturais com a garganta.Sania não participou de nenhuma competição: a russa quis apenas mostrar os costumes dos yakut e de outras cinco etnias da Sibéria. Este esforço individual traz, no fundo, uma preocupação, a de que os costumes das etnias siberianas se percam com o tempo, sem apoio do poder público.?Falta prestígio para os nossos povos. Então eu faço esse trabalho de divulgação para quem um dia sejamos prestigiados?, disse, em inglês.
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Conheça instrumento típico usado por índios na SibériaSaina é da etnia yakut, dos povos da Sibéria, e uma das representantes da Rússia nos Jogos Mundiais. Ao ser abordada pela reportagem, fez questão de pedir para vestir suas roupas tradicionais dos povos siberianos.Devidamente trajada, ela pede para cantar canções típicas dos povos siberianos. Em seguida, presenteia o pequeno público ao tocar o homus, um pequeno instrumento de sopro feito de metal dos povos siberianos. Ao passo que sopra, faz também sons guturais com a garganta.Sania não participou de nenhuma competição: a russa quis apenas mostrar os costumes dos yakut e de outras cinco etnias da Sibéria. Este esforço individual traz, no fundo, uma preocupação, a de que os costumes das etnias siberianas se percam com o tempo, sem apoio do poder público.?Falta prestígio para os nossos povos. Então eu faço esse trabalho de divulgação para quem um dia sejamos prestigiados?, disse, em inglês.
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USP usar Enem dá prestígio à prova, diz ministro da Educação
O ministro da Educação, Renato Janine, comemorou nesta quarta-feira (24) a decisão da USP de adotar a nota do Enem como critério de ingresso para 13,4% de suas vagas. "[A USP] está prestigiando uma iniciativa do MEC, que é um exame particularmente bom, bem qualificado", disse ele após encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na manhã desta quarta-feira (24). Docente da instituição, Janine ponderou que "gradualmente", a melhor universidade do país "poderá incluir mais cursos" –graduações tradicionais como medicina e engenharia ficaram de fora de medida. "O importante nisso, como em quase toda questão da educação, é persuadir, não é impor", afirmou. GREVE NAS FEDERAIS Janine voltou a criticar a paralisação de servidores e professores das universidades federais e argumentou que "não há reivindicação para este ano", em referência à pagamento de parcela de reajuste acordado entre os profissionais e o governo federal na greve passada, em 2012. "Nós entendemos que este ano já foi atendido o pleito –que geralmente, é o principal– que é o reajuste para enfrentar a inflação que sempre existe." Na terça (23), o Andes (sindicato nacional dos docentes) teve reunião com o secretário de Ensino Superior da pasta, Jesualdo Farias, mas a entidade afirma que não houve progressos. "Já no primeiro encontro com o ministro, primeira vez já informaram a data de greve, sem esperar, sem usar a greve como último recurso porque ela sem dúvida perturba muitas pessoas", disse o ministro. De acordo com o sindicato, a greve já atinge ao menos 30 das 63 universidades federais. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO O ministro comentou ainda o primeiro ano de vigência do Plano Nacional de Educação –a lei entrou em vigor em 26 de junho do ano passado. Segundo balanço mais recente da pasta, 5 Estados aprovaram plano local de educação no prazo definido no documento (até o fim desta semana). Outros sete têm lei aprovada pendente de sanção do governador. "Até meados de julho, essas leis deverão estar sancionadas e teremos cerca de metade dos estados; dos 5.700 municípios, quase dois mil já promulgaram suas leis. (...) Isso é um bom sinal. Mais alguns meses, e o Brasil todo vai cumprir o seu dever. Janine ainda comentou projeto do senador Cristovam Buarque, aprovado ontem na Casa, que federaliza a educação básica. Se não houver questionamento de senadores, o texto segue para a Câmara. "Na estrutura unitária, se o Estado brasileiro assumisse todas as escolas, também demoraria bastante tempo [para ter alta qualidade em toda a rede pública] e nós não teríamos o engajamento decisivo dos governadores e prefeitos", ponderou o ministro.
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USP usar Enem dá prestígio à prova, diz ministro da EducaçãoO ministro da Educação, Renato Janine, comemorou nesta quarta-feira (24) a decisão da USP de adotar a nota do Enem como critério de ingresso para 13,4% de suas vagas. "[A USP] está prestigiando uma iniciativa do MEC, que é um exame particularmente bom, bem qualificado", disse ele após encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na manhã desta quarta-feira (24). Docente da instituição, Janine ponderou que "gradualmente", a melhor universidade do país "poderá incluir mais cursos" –graduações tradicionais como medicina e engenharia ficaram de fora de medida. "O importante nisso, como em quase toda questão da educação, é persuadir, não é impor", afirmou. GREVE NAS FEDERAIS Janine voltou a criticar a paralisação de servidores e professores das universidades federais e argumentou que "não há reivindicação para este ano", em referência à pagamento de parcela de reajuste acordado entre os profissionais e o governo federal na greve passada, em 2012. "Nós entendemos que este ano já foi atendido o pleito –que geralmente, é o principal– que é o reajuste para enfrentar a inflação que sempre existe." Na terça (23), o Andes (sindicato nacional dos docentes) teve reunião com o secretário de Ensino Superior da pasta, Jesualdo Farias, mas a entidade afirma que não houve progressos. "Já no primeiro encontro com o ministro, primeira vez já informaram a data de greve, sem esperar, sem usar a greve como último recurso porque ela sem dúvida perturba muitas pessoas", disse o ministro. De acordo com o sindicato, a greve já atinge ao menos 30 das 63 universidades federais. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO O ministro comentou ainda o primeiro ano de vigência do Plano Nacional de Educação –a lei entrou em vigor em 26 de junho do ano passado. Segundo balanço mais recente da pasta, 5 Estados aprovaram plano local de educação no prazo definido no documento (até o fim desta semana). Outros sete têm lei aprovada pendente de sanção do governador. "Até meados de julho, essas leis deverão estar sancionadas e teremos cerca de metade dos estados; dos 5.700 municípios, quase dois mil já promulgaram suas leis. (...) Isso é um bom sinal. Mais alguns meses, e o Brasil todo vai cumprir o seu dever. Janine ainda comentou projeto do senador Cristovam Buarque, aprovado ontem na Casa, que federaliza a educação básica. Se não houver questionamento de senadores, o texto segue para a Câmara. "Na estrutura unitária, se o Estado brasileiro assumisse todas as escolas, também demoraria bastante tempo [para ter alta qualidade em toda a rede pública] e nós não teríamos o engajamento decisivo dos governadores e prefeitos", ponderou o ministro.
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