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Maternar: Editorial aborda medidas do governo para reduzir cesáreas
Sugiro que mães e pais interessados na discussão sobre as medidas do governo para reduzir o número de cesáreas leiam editorial de hoje da Folha sobre o tema. Assunto é polêmico e costuma dividir opiniões. Clique e leia o editorial ... Leia post completo no blog
cotidiano
Maternar: Editorial aborda medidas do governo para reduzir cesáreasSugiro que mães e pais interessados na discussão sobre as medidas do governo para reduzir o número de cesáreas leiam editorial de hoje da Folha sobre o tema. Assunto é polêmico e costuma dividir opiniões. Clique e leia o editorial ... Leia post completo no blog
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Soluções para crise em universidades públicas opõem especialistas
A crise econômica que o Brasil enfrenta tem causado sérios impactos no orçamento de universidades públicas, gerando cortes, greves e até conflitos entre alunos e professores, como na Unicamp, conforme mostrou a Folha nesta quinta-feira (11). Especialistas ouvidos pela reportagem se dividem em relação às soluções para equilibrar o orçamento, que vão desde o aumento de repasses de impostos até a cobrança de mensalidades. O sociólogo Simon Schwartzman, membro do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e ex-presidente do IBGE, diz que a principal maneira de colocar as contas das instituições em dia é com uma gerência mais eficiente, fazendo cortes onde for preciso. "É preciso cortar programas, vagas e até fechar cursos inteiros, se for o caso. Qualquer instituição em uma situação financeira ruim faz isso, por que a universidade não?", questiona. Mesma opinião tem Leandro Tessler, professor da Unicamp e ex-coordenador da comissão de vestibulares da instituição. "Sindicatos e estudantes acham que temos um cofre sem fundo. Tomamos decisões pensando em projeções orçamentárias que não se realizaram, e agora temos que nos comportar em um ambiente de crise", afirma. Para o professor Francisco Miraglia, da USP, é preciso pensar a questão a longo prazo. "Não dá para tratar do ponto de vista momentâneo, quando você faz cortes, destrói uma coisa que demora muito tempo para reconstruir", diz. "Universidades são estratégicas. Sou um cientista experiente. Se eu me aposentar, demora 20, 30 anos para colocar outro no meu lugar. Se você fecha vagas, isso não acontece, você corta o acesso da população ao ensino superior", completa. AUMENTO DE REPASSES Para Miraglia, a saída está em um aumento de repasses de impostos às instituições e em uma reforma tributária, que envolva o imposto de renda. Hoje, por lei, 9,57% do arrecadado com o ICMS é repassado às universidades paulistas. Miraglia defende que a parcela chegue a 10% do total da arrecadação com o imposto estadual. O ex-presidente da Adusp (associação de professores da USP) Ciro Correia afirma que o problema é antigo. Segundo ele, quando, em 1989, o governo estadual determinou, por decreto, que as universidades seriam financiadas por 8,4% do ICMS, a somatória de gastos correspondia a cerca de 11% da arrecadação do imposto. Em 1995, o repasse chegou aos atuais 9,57%. "Desde então, os alunos de graduação na USP dobraram, e de pós graduação triplicaram na USP. Isso dá crise, não tem dúvidas", afirma. Tessler, por sua vez, é contra o aumento do repasse. "Nenhum Estado gasta 9,57% de sua arrecadação de ICMS com suas universidades, como São Paulo faz. Não é por acaso que as universidades paulistas estão entre as melhores do país: não somos melhores, temos um orçamento maior. Mas é um erro achar que o contribuinte paulista precisa arcar com isso." MENSALIDADES Para equilibrar as contas, Schwartzman defende a cobrança de mensalidades "dos alunos que podem pagar", ressalta. "As universidades precisam gerar recursos próprios, e uma parte disso pode vir de anuidades". Ele diz, contudo, que a principal solução ainda é aumentar a eficiência da gestão e que a cobrança não deve representar todo o orçamento das instituições. Tessler também defende as cobranças não como solução para a crise no orçamento, mas como forma de "justiça social", limitando-se a cerca de 20% do orçamento das universidades. Ele diz que parte dos recursos do Estado poderiam ser melhor aplicados em outras áreas da educação, como em cursos técnicos. Correia, porém, descarta a cobrança. "Direito social, e a gente entende a educação como um direito, é financiado por imposto no mundo inteiro, inclusive nos países capitalistas mais desenvolvidos", afirma ele. "Os mais ricos defendem pagar pelo ensino porque é mais barato manter a faixa de imposto lá embaixo e pagar pela escola e saúde dos filhos dele. Mas com isso o país não se desenvolve e se enterra a perspectiva de república e sociedade", afirma. Em 2016 - Valores em R$ bilhão Situação das outras estaduais - Até jul.2016, em %
educacao
Soluções para crise em universidades públicas opõem especialistasA crise econômica que o Brasil enfrenta tem causado sérios impactos no orçamento de universidades públicas, gerando cortes, greves e até conflitos entre alunos e professores, como na Unicamp, conforme mostrou a Folha nesta quinta-feira (11). Especialistas ouvidos pela reportagem se dividem em relação às soluções para equilibrar o orçamento, que vão desde o aumento de repasses de impostos até a cobrança de mensalidades. O sociólogo Simon Schwartzman, membro do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e ex-presidente do IBGE, diz que a principal maneira de colocar as contas das instituições em dia é com uma gerência mais eficiente, fazendo cortes onde for preciso. "É preciso cortar programas, vagas e até fechar cursos inteiros, se for o caso. Qualquer instituição em uma situação financeira ruim faz isso, por que a universidade não?", questiona. Mesma opinião tem Leandro Tessler, professor da Unicamp e ex-coordenador da comissão de vestibulares da instituição. "Sindicatos e estudantes acham que temos um cofre sem fundo. Tomamos decisões pensando em projeções orçamentárias que não se realizaram, e agora temos que nos comportar em um ambiente de crise", afirma. Para o professor Francisco Miraglia, da USP, é preciso pensar a questão a longo prazo. "Não dá para tratar do ponto de vista momentâneo, quando você faz cortes, destrói uma coisa que demora muito tempo para reconstruir", diz. "Universidades são estratégicas. Sou um cientista experiente. Se eu me aposentar, demora 20, 30 anos para colocar outro no meu lugar. Se você fecha vagas, isso não acontece, você corta o acesso da população ao ensino superior", completa. AUMENTO DE REPASSES Para Miraglia, a saída está em um aumento de repasses de impostos às instituições e em uma reforma tributária, que envolva o imposto de renda. Hoje, por lei, 9,57% do arrecadado com o ICMS é repassado às universidades paulistas. Miraglia defende que a parcela chegue a 10% do total da arrecadação com o imposto estadual. O ex-presidente da Adusp (associação de professores da USP) Ciro Correia afirma que o problema é antigo. Segundo ele, quando, em 1989, o governo estadual determinou, por decreto, que as universidades seriam financiadas por 8,4% do ICMS, a somatória de gastos correspondia a cerca de 11% da arrecadação do imposto. Em 1995, o repasse chegou aos atuais 9,57%. "Desde então, os alunos de graduação na USP dobraram, e de pós graduação triplicaram na USP. Isso dá crise, não tem dúvidas", afirma. Tessler, por sua vez, é contra o aumento do repasse. "Nenhum Estado gasta 9,57% de sua arrecadação de ICMS com suas universidades, como São Paulo faz. Não é por acaso que as universidades paulistas estão entre as melhores do país: não somos melhores, temos um orçamento maior. Mas é um erro achar que o contribuinte paulista precisa arcar com isso." MENSALIDADES Para equilibrar as contas, Schwartzman defende a cobrança de mensalidades "dos alunos que podem pagar", ressalta. "As universidades precisam gerar recursos próprios, e uma parte disso pode vir de anuidades". Ele diz, contudo, que a principal solução ainda é aumentar a eficiência da gestão e que a cobrança não deve representar todo o orçamento das instituições. Tessler também defende as cobranças não como solução para a crise no orçamento, mas como forma de "justiça social", limitando-se a cerca de 20% do orçamento das universidades. Ele diz que parte dos recursos do Estado poderiam ser melhor aplicados em outras áreas da educação, como em cursos técnicos. Correia, porém, descarta a cobrança. "Direito social, e a gente entende a educação como um direito, é financiado por imposto no mundo inteiro, inclusive nos países capitalistas mais desenvolvidos", afirma ele. "Os mais ricos defendem pagar pelo ensino porque é mais barato manter a faixa de imposto lá embaixo e pagar pela escola e saúde dos filhos dele. Mas com isso o país não se desenvolve e se enterra a perspectiva de república e sociedade", afirma. Em 2016 - Valores em R$ bilhão Situação das outras estaduais - Até jul.2016, em %
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Começa nesta segunda inscrição para vestibular da Fuvest; saiba o que fazer
A Fuvest vai abrir, a partir das 10h desta segunda-feira (21), o período de inscrição para o vestibular da USP (Universidade de São Paulo). As inscrições vão de 21 de agosto até 11 de setembro e só poderão ser feitas no site da fundação. A prova vai selecionar candidatos para 8.402 vagas. A universidade ainda disponibilizará outras 2.745 vagas pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), do Ministério da Educação. Além disso, esse é o primeiro ano em que estarão valendo as cotas sociais e raciais na USP, aprovada no mês passado pelo Conselho Universitário. Em 2018, 37% das vagas serão destinadas a alunos de escola pública. O percentual deverá crescer nos próximos anos, chegando a 50% em 2021. Dentro dessa cota, deverão ser reservadas vagas para pretos, pardos e indígenas na mesma proporção da presença dessa população verificada pelo IBGE no Estado de São Paulo -hoje, de 37%. Para garantir a inscrição, os interessados terão que utilizar o CPF e pagar a taxa de R$ 170 até o dia 12 de setembro. Quem buscou isenção ou redução da taxa teve até o dia 7 de agosto para garantir o benefício. A edição 2018 do vestibular da Fuveste será a primeira desde 1988 que a fundação não selecionará no mesmo exame os calouros para a Faculdade de Medicina da Santa Casa. A primeira etapa do vestibular está prevista para ser realizada no dia 26 de novembro, já a segunda fase será entre os dias 7 e 9 de janeiro de 2018. Haverá ainda provas específicas para artes visuais, artes cênicas e música. A lista de aprovados na primeira chamada será divulgada no dia 2 de fevereiro. Todas as informações sobre o exame constam no Manual do Candidato. Acesse aqui. LIVROS Em maio, a Fuvest divulgou uma alteração na lista de livros obrigatórios para o vestibular 2018. Saiu a obra "Capitães da Areia", de Jorge Amado, para a entrada de "Minha vida de menina", de Helena Morley. Os demais livros, não foram alterados. Veja lista completa abaixo: - "Iracema" ‐ José de Alencar; - "Memórias póstumas de Brás Cubas" ‐ Machado de Assis; - "O cortiço" ‐ Aluísio Azevedo; - "A cidade e as serras" ‐ Eça de Queirós; - "Vidas secas" ‐ Graciliano Ramos; - "Minha vida de menina" ‐ Helena Morley; - "Claro enigma" ‐ Carlos Drummond de Andrade; - "Sagarana" ‐ João Guimarães Rosa; - "Mayombe" ‐ Pepetela. UNICAMP Quem pretende disputar uma das 3.340 vagas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) terá até o dia 31 de agosto para se inscrever pelo site da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares). O pagamento da taxa, de R$ 165, precisa ser efetuado até 1º de setembro. A primeira fase do vestibular será realizada no dia 19 de novembro e a segunda fase acontecerá nos dias 14, 15 e 16 de janeiro de 2018. Neste ano, a universidade volta a aplicar a prova na cidades de Belo Horizonte e Fortaleza, com isso, sobe para três locais de prova fora do Estado de São Paulo. Além dos dois, o vestibular já vinha sendo aplicado em Brasília.
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Começa nesta segunda inscrição para vestibular da Fuvest; saiba o que fazerA Fuvest vai abrir, a partir das 10h desta segunda-feira (21), o período de inscrição para o vestibular da USP (Universidade de São Paulo). As inscrições vão de 21 de agosto até 11 de setembro e só poderão ser feitas no site da fundação. A prova vai selecionar candidatos para 8.402 vagas. A universidade ainda disponibilizará outras 2.745 vagas pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), do Ministério da Educação. Além disso, esse é o primeiro ano em que estarão valendo as cotas sociais e raciais na USP, aprovada no mês passado pelo Conselho Universitário. Em 2018, 37% das vagas serão destinadas a alunos de escola pública. O percentual deverá crescer nos próximos anos, chegando a 50% em 2021. Dentro dessa cota, deverão ser reservadas vagas para pretos, pardos e indígenas na mesma proporção da presença dessa população verificada pelo IBGE no Estado de São Paulo -hoje, de 37%. Para garantir a inscrição, os interessados terão que utilizar o CPF e pagar a taxa de R$ 170 até o dia 12 de setembro. Quem buscou isenção ou redução da taxa teve até o dia 7 de agosto para garantir o benefício. A edição 2018 do vestibular da Fuveste será a primeira desde 1988 que a fundação não selecionará no mesmo exame os calouros para a Faculdade de Medicina da Santa Casa. A primeira etapa do vestibular está prevista para ser realizada no dia 26 de novembro, já a segunda fase será entre os dias 7 e 9 de janeiro de 2018. Haverá ainda provas específicas para artes visuais, artes cênicas e música. A lista de aprovados na primeira chamada será divulgada no dia 2 de fevereiro. Todas as informações sobre o exame constam no Manual do Candidato. Acesse aqui. LIVROS Em maio, a Fuvest divulgou uma alteração na lista de livros obrigatórios para o vestibular 2018. Saiu a obra "Capitães da Areia", de Jorge Amado, para a entrada de "Minha vida de menina", de Helena Morley. Os demais livros, não foram alterados. Veja lista completa abaixo: - "Iracema" ‐ José de Alencar; - "Memórias póstumas de Brás Cubas" ‐ Machado de Assis; - "O cortiço" ‐ Aluísio Azevedo; - "A cidade e as serras" ‐ Eça de Queirós; - "Vidas secas" ‐ Graciliano Ramos; - "Minha vida de menina" ‐ Helena Morley; - "Claro enigma" ‐ Carlos Drummond de Andrade; - "Sagarana" ‐ João Guimarães Rosa; - "Mayombe" ‐ Pepetela. UNICAMP Quem pretende disputar uma das 3.340 vagas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) terá até o dia 31 de agosto para se inscrever pelo site da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares). O pagamento da taxa, de R$ 165, precisa ser efetuado até 1º de setembro. A primeira fase do vestibular será realizada no dia 19 de novembro e a segunda fase acontecerá nos dias 14, 15 e 16 de janeiro de 2018. Neste ano, a universidade volta a aplicar a prova na cidades de Belo Horizonte e Fortaleza, com isso, sobe para três locais de prova fora do Estado de São Paulo. Além dos dois, o vestibular já vinha sendo aplicado em Brasília.
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Companhias promovem mudanças em programas de milhas; veja opções
Para enfrentar a concorrência dos aplicativos e sites de transação de milhas, as companhias aéreas apostam no apelo à segurança. "Como não temos mercado regulamentado, essas empresas investem pouco em segurança de informações", diz Leonel Andrade, CEO da Smiles, programa que tem parceria com Gol, Delta, Air France e Emirates, entre outras. "O mercado de fidelização tem crescido no país e atraído novas oportunidades, mas fornecer dados que deveriam ser confidenciais é um risco", afirma Andrade. COMPANHIAS Novidades que facilitam resgates dentro da própria plataforma são uma tendência. Em março, a Smiles lançou o Viaje Fácil, que permite ao cliente resgatar uma passagem antes mesmo de acumular o total de milhas necessárias. O débito deve ser quitado 60 dias antes do voo. A empresa oferece outras modalidades como compra e transferência de milhas (para participantes do programa), reativação de milhas vencidas e uso da pontuação para pagamento de taxas de embarque. Em fevereiro, a Azul também passou a liberar transferência de pontos entre contas cadastradas em seu programa de recompensas. A Avianca, que ainda não opera na compra e venda de milhas a terceiros, vai mudar o regulamento do seu programa. "Estamos trabalhando para viabilizar essas operações ainda neste ano", afirma Tarcísio Gargioni, vice-presidente da companhia aérea no Brasil. Já a Latam afirma ser contra o mercado secundário de pontos, uma vez que ele transgride as regras de seu programa. A comercialização de recompensas é proibida e o cliente pode ser excluído se tal prática for comprovada, além de ter seus pontos cancelados, segundo a empresa. De acordo com o presidente da Abemf (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização), Roberto Medeiros, ceder dados pessoais a terceiros significa correr o risco de ter sua conta fraudada. "A responsabilidade pela senha é do cliente." Medeiros observa que é possível comprar pontos dos próprios programas ou combinar milhas e dinheiro para adquirir passagens, produtos e serviços. "Em um cenário de desafio macroeconômico, usar pontos virou uma alternativa para manter o nível de consumo", afirma.
turismo
Companhias promovem mudanças em programas de milhas; veja opçõesPara enfrentar a concorrência dos aplicativos e sites de transação de milhas, as companhias aéreas apostam no apelo à segurança. "Como não temos mercado regulamentado, essas empresas investem pouco em segurança de informações", diz Leonel Andrade, CEO da Smiles, programa que tem parceria com Gol, Delta, Air France e Emirates, entre outras. "O mercado de fidelização tem crescido no país e atraído novas oportunidades, mas fornecer dados que deveriam ser confidenciais é um risco", afirma Andrade. COMPANHIAS Novidades que facilitam resgates dentro da própria plataforma são uma tendência. Em março, a Smiles lançou o Viaje Fácil, que permite ao cliente resgatar uma passagem antes mesmo de acumular o total de milhas necessárias. O débito deve ser quitado 60 dias antes do voo. A empresa oferece outras modalidades como compra e transferência de milhas (para participantes do programa), reativação de milhas vencidas e uso da pontuação para pagamento de taxas de embarque. Em fevereiro, a Azul também passou a liberar transferência de pontos entre contas cadastradas em seu programa de recompensas. A Avianca, que ainda não opera na compra e venda de milhas a terceiros, vai mudar o regulamento do seu programa. "Estamos trabalhando para viabilizar essas operações ainda neste ano", afirma Tarcísio Gargioni, vice-presidente da companhia aérea no Brasil. Já a Latam afirma ser contra o mercado secundário de pontos, uma vez que ele transgride as regras de seu programa. A comercialização de recompensas é proibida e o cliente pode ser excluído se tal prática for comprovada, além de ter seus pontos cancelados, segundo a empresa. De acordo com o presidente da Abemf (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização), Roberto Medeiros, ceder dados pessoais a terceiros significa correr o risco de ter sua conta fraudada. "A responsabilidade pela senha é do cliente." Medeiros observa que é possível comprar pontos dos próprios programas ou combinar milhas e dinheiro para adquirir passagens, produtos e serviços. "Em um cenário de desafio macroeconômico, usar pontos virou uma alternativa para manter o nível de consumo", afirma.
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Mick Jagger se dedica ao filho e vai jantar com Luciana Gimenez em SP
Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, diz que pretende ficar à disposição do filho Lucas em São Paulo, evitando saltar de festa em festa, como fez no Rio. ENTRE NÓS Jagger e a banda vão jantar na casa de Lucas no domingo (28). O convite, em nome da apresentadora Luciana Gimenez, mãe do jovem, e do marido dela, Marcelo de Carvalho, sócio da RedeTV!, diz que será uma homenagem à turnê do grupo no Brasil. ETERNA VIGILÂNCIA E o guitarrista Ron Wood, dos Rolling Stones, foi acompanhado por mais de cinco seguranças em sua visita ao Beco do Batman, na Vila Madalena, ontem. Um carro da PM também vigiava a saída do beco. Ron gravou um documentário para a BBC, sobre sua relação com a pintura e a turnê da banda. Leia a coluna completa aqui
colunas
Mick Jagger se dedica ao filho e vai jantar com Luciana Gimenez em SPMick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, diz que pretende ficar à disposição do filho Lucas em São Paulo, evitando saltar de festa em festa, como fez no Rio. ENTRE NÓS Jagger e a banda vão jantar na casa de Lucas no domingo (28). O convite, em nome da apresentadora Luciana Gimenez, mãe do jovem, e do marido dela, Marcelo de Carvalho, sócio da RedeTV!, diz que será uma homenagem à turnê do grupo no Brasil. ETERNA VIGILÂNCIA E o guitarrista Ron Wood, dos Rolling Stones, foi acompanhado por mais de cinco seguranças em sua visita ao Beco do Batman, na Vila Madalena, ontem. Um carro da PM também vigiava a saída do beco. Ron gravou um documentário para a BBC, sobre sua relação com a pintura e a turnê da banda. Leia a coluna completa aqui
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Estudantes fazem protesto contra Dilma em SP por dificuldades com Fies
Cerca de cem estudantes protestarem nesta terça (17) na zona leste de São Paulo contra dificuldades para inscrição no Fies. Os alunos se queixam que não conseguem acessar o sistema do Ministério da Educação para se inscreverem ou renovarem o financiamento federal. A manifestação foi feita em frente à Universidade São Judas Tadeu. A estimativa de participantes foi dada pelos próprios estudantes. "A presidente ontem veio colocar a culpa nas universidades, mas temos certeza que é o governo que está dificultando para a gente desistir", disse a aluna de direito Carla Gomes da Silva, 23. "Fico horas no computador, até de madrugada, e o sistema só cai." Na segunda-feira (16), a presidente Dilma Rousseff disse que sua gestão errou ao deixar a distribuição de vagas no Fies com as faculdades privadas. Segundo ela, há dificuldades na inscrição agora porque o sistema está sendo alterado.
educacao
Estudantes fazem protesto contra Dilma em SP por dificuldades com FiesCerca de cem estudantes protestarem nesta terça (17) na zona leste de São Paulo contra dificuldades para inscrição no Fies. Os alunos se queixam que não conseguem acessar o sistema do Ministério da Educação para se inscreverem ou renovarem o financiamento federal. A manifestação foi feita em frente à Universidade São Judas Tadeu. A estimativa de participantes foi dada pelos próprios estudantes. "A presidente ontem veio colocar a culpa nas universidades, mas temos certeza que é o governo que está dificultando para a gente desistir", disse a aluna de direito Carla Gomes da Silva, 23. "Fico horas no computador, até de madrugada, e o sistema só cai." Na segunda-feira (16), a presidente Dilma Rousseff disse que sua gestão errou ao deixar a distribuição de vagas no Fies com as faculdades privadas. Segundo ela, há dificuldades na inscrição agora porque o sistema está sendo alterado.
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Análise: Prédios de Artigas são laboratórios de sociedade mais pública
A arquitetura de João Batista Vilanova Artigas é orientada para a dimensão urbana. Mesmo quando projetava casas, sedes de clubes, escolas ou até colônias de férias, estava construindo espaços urbanos, pensados para a interação coletiva. Seus prédios são, quase sempre, laboratórios de uma sociabilidade nova, mais pública e menos doméstica, mais compartilhada e menos secreta. Sua visão da arquitetura é marcada, essencialmente, pela noção de conflito. Conflito que aparece tanto na materialidade exposta da construção quanto na dialética entre leveza e peso que sua obra invoca. Isto é, por um lado, no uso do concreto aparente que revela as marcas das fôrmas de madeira usadas para moldar o edifício, evitando a sua fetichização, e, por outro, na criação de estruturas de grande porte que parecem pressionar o solo, mas se afinam ao tocá-lo, quase desfazendo-se. Artigas gostava de inserir os edifícios na paisagem com atenção e respeito pelo modo como eles sentam no chão, exprimindo, em suas palavras, uma dialética entre o fazer e a dificuldade de realizar. CÉU E TERRA Vemos muito bem, aqui, o ímpeto agonístico de sua obra, bem como de sua visão de mundo. Pois para Artigas a noção materialista de conflito é sempre determinante, mesmo quando mobiliza entidades cosmológicas como o céu e a terra, isto é, o imperativo telúrico, por um lado, e a promessa de transcendência, por outro. Em uma bela síntese da sua própria poética como algo construído pelo jogo de antagonismos, o arquiteto assim a define de modo primoroso. "Procuro o valor da força da gravidade, não pelos processos de fazer coisas fininhas, uma atrás das outras, de modo que o leve seja leve por ser leve. O que me encanta é usar formas pesadas e chegar perto da terra e, dialeticamente, negá-las."
ilustrada
Análise: Prédios de Artigas são laboratórios de sociedade mais públicaA arquitetura de João Batista Vilanova Artigas é orientada para a dimensão urbana. Mesmo quando projetava casas, sedes de clubes, escolas ou até colônias de férias, estava construindo espaços urbanos, pensados para a interação coletiva. Seus prédios são, quase sempre, laboratórios de uma sociabilidade nova, mais pública e menos doméstica, mais compartilhada e menos secreta. Sua visão da arquitetura é marcada, essencialmente, pela noção de conflito. Conflito que aparece tanto na materialidade exposta da construção quanto na dialética entre leveza e peso que sua obra invoca. Isto é, por um lado, no uso do concreto aparente que revela as marcas das fôrmas de madeira usadas para moldar o edifício, evitando a sua fetichização, e, por outro, na criação de estruturas de grande porte que parecem pressionar o solo, mas se afinam ao tocá-lo, quase desfazendo-se. Artigas gostava de inserir os edifícios na paisagem com atenção e respeito pelo modo como eles sentam no chão, exprimindo, em suas palavras, uma dialética entre o fazer e a dificuldade de realizar. CÉU E TERRA Vemos muito bem, aqui, o ímpeto agonístico de sua obra, bem como de sua visão de mundo. Pois para Artigas a noção materialista de conflito é sempre determinante, mesmo quando mobiliza entidades cosmológicas como o céu e a terra, isto é, o imperativo telúrico, por um lado, e a promessa de transcendência, por outro. Em uma bela síntese da sua própria poética como algo construído pelo jogo de antagonismos, o arquiteto assim a define de modo primoroso. "Procuro o valor da força da gravidade, não pelos processos de fazer coisas fininhas, uma atrás das outras, de modo que o leve seja leve por ser leve. O que me encanta é usar formas pesadas e chegar perto da terra e, dialeticamente, negá-las."
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Leitores criticam saúde pública
A Folha mostra a redução de 21% nos atendimentos na rede pública de São Paulo, o equivalente a 1,5 milhão de consultas a menos (Consultas em unidades de saúde da capital caem 21%). A prefeitura diz que, basicamente, faltam médicos. Tal retração, na verdade, é reflexo da diminuição de repasses do Estado e principalmente do município às organizações sociais, que têm dificuldades para pagar fornecedores e funcionários e outros compromissos. Em suma, é o baixo financiamento a causa do problema. Novamente, o governo busca transferir oportunisticamente à classe médica a responsabilidade pelas falhas de gestão e carência de verbas. FLORISVAL MEINÃO, presidente da Associação Paulista de Medicina (São Paulo, SP) * É, no mínimo, vergonhoso abrir o jornal e ver a elite política do país reunida, comendo, bebendo, brindando, tudo do bom e do melhor em evento de luxo de seu médico particular (Aliança nacional) e, no mesmo exemplar, ler as reportagens sobre o descalabro da saúde pública em São Paulo, o que se estende para todo o Brasil. Enquanto os políticos festejam com seu médico particular, causa revolta o desespero e o abandono de quem precisa de atendimento em São Paulo. VAGNER GUSMÃO (São Paulo, SP)
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Leitores criticam saúde públicaA Folha mostra a redução de 21% nos atendimentos na rede pública de São Paulo, o equivalente a 1,5 milhão de consultas a menos (Consultas em unidades de saúde da capital caem 21%). A prefeitura diz que, basicamente, faltam médicos. Tal retração, na verdade, é reflexo da diminuição de repasses do Estado e principalmente do município às organizações sociais, que têm dificuldades para pagar fornecedores e funcionários e outros compromissos. Em suma, é o baixo financiamento a causa do problema. Novamente, o governo busca transferir oportunisticamente à classe médica a responsabilidade pelas falhas de gestão e carência de verbas. FLORISVAL MEINÃO, presidente da Associação Paulista de Medicina (São Paulo, SP) * É, no mínimo, vergonhoso abrir o jornal e ver a elite política do país reunida, comendo, bebendo, brindando, tudo do bom e do melhor em evento de luxo de seu médico particular (Aliança nacional) e, no mesmo exemplar, ler as reportagens sobre o descalabro da saúde pública em São Paulo, o que se estende para todo o Brasil. Enquanto os políticos festejam com seu médico particular, causa revolta o desespero e o abandono de quem precisa de atendimento em São Paulo. VAGNER GUSMÃO (São Paulo, SP)
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Mortes: Um geólogo dedicado e apegado à família
O projeto de uma represa, de um aeroporto ou a simples necessidade de arrimo em uma encosta. Esses eram alguns dos trabalhos que despertaram a dedicação de Ivan Guedes de Ávila nos mais de 40 anos voltados à geologia. O que o levou a escolher a profissão é um mistério. Não tinha nenhum parente ou amigo geólogo, mas nunca teve dúvida do caminho que seguiria. Apaixonado pelo trabalho, hoje tentava convencer o neto mais velho, Lucas, a seguir seus passos. Nascido e criado na região de Pinheiros, em São Paulo, Ivan teve uma infância difícil ao lado dos pais e dos irmãos. Com uma família grande, eram poucas as oportunidades, mas a educação era prioridade, principalmente para sua mãe, que trabalhava como professora na época. Deixou a casa dos pais no final da década de 1960 para estudar geologia na Unesp, em Rio Claro (a 173 km de São Paulo). Formado, trabalhou na Ródio e no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), antes de virar consultor. Quando não estava trabalhando, gostava de sair com a família. Eram visitas ao sítio do irmão, em Atibaia (a 64 km de São Paulo), passeios no Jockey Club e cervejas na companhia dos filhos. Calmo, costumava trazer sempre um sorriso no rosto. "Era muito querido. O bom astral e a alegria eram um vício. Pra mim, não era só pai, era meu melhor amigo", diz o filho André. Morreu no dia 27 de fevereiro, aos 64 anos, em decorrência de complicações após um transplante de medula. Deixa a mulher, Cláudia, três irmãos, dois filhos, dois enteados e cinco netos. [email protected] - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas -
cotidiano
Mortes: Um geólogo dedicado e apegado à famíliaO projeto de uma represa, de um aeroporto ou a simples necessidade de arrimo em uma encosta. Esses eram alguns dos trabalhos que despertaram a dedicação de Ivan Guedes de Ávila nos mais de 40 anos voltados à geologia. O que o levou a escolher a profissão é um mistério. Não tinha nenhum parente ou amigo geólogo, mas nunca teve dúvida do caminho que seguiria. Apaixonado pelo trabalho, hoje tentava convencer o neto mais velho, Lucas, a seguir seus passos. Nascido e criado na região de Pinheiros, em São Paulo, Ivan teve uma infância difícil ao lado dos pais e dos irmãos. Com uma família grande, eram poucas as oportunidades, mas a educação era prioridade, principalmente para sua mãe, que trabalhava como professora na época. Deixou a casa dos pais no final da década de 1960 para estudar geologia na Unesp, em Rio Claro (a 173 km de São Paulo). Formado, trabalhou na Ródio e no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), antes de virar consultor. Quando não estava trabalhando, gostava de sair com a família. Eram visitas ao sítio do irmão, em Atibaia (a 64 km de São Paulo), passeios no Jockey Club e cervejas na companhia dos filhos. Calmo, costumava trazer sempre um sorriso no rosto. "Era muito querido. O bom astral e a alegria eram um vício. Pra mim, não era só pai, era meu melhor amigo", diz o filho André. Morreu no dia 27 de fevereiro, aos 64 anos, em decorrência de complicações após um transplante de medula. Deixa a mulher, Cláudia, três irmãos, dois filhos, dois enteados e cinco netos. [email protected] - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas -
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Maduro anuncia fechamento de novos postos de fronteira com a Colômbia
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta (28), durante uma manifestação pró-governo em Caracas, que a partir das 5h (horário local, 6h30 em Brasília) de sábado (29) serão fechados outros postos de fronteira com a Colômbia no Estado de Táchira. Desde 20 de agosto, estão interditadas as passagens de San Antonio Del Táchira e de Ureña. Agora, também serão fechados os postos que atendem as cidades de Lobatera, Ayacucho, Panamericano e García de Hevia. A região ficará sob estado de emergência. Ao todo, ficarão obstruídos 160 quilômetros (dos quase 2.300) da linha que divide Colômbia e Venezuela. Segundo a agência de notícias Efe, na nova área afetada não existem postos importantes, mas passagens que vinham sendo utilizadas como caminhos alternativos para cruzar a divisa entre os países nos últimos dias. Não foi dado prazo para a reabertura dos postos. Segundo Maduro, a decisão se mostrou necessária após um novo confronto entre Forças Armadas venezuelanas e supostos paramilitares na fronteira. O presidente disse que mais de 3.000 soldados foram mobilizados para atuar na região. Em discurso à multidão, Maduro afirmou que tem tido "bastante paciência" com a Colômbia. "Há um ano disse a Juan Manuel Santos [presidente colombiano]: vamos fazer um plano para combater o contrabando, os paramilitares, os aproveitadores. Um ano depois, o lado colombiano não fez nada." DIÁLOGO Apesar do novo anúncio, Maduro disse que está disposto a se encontrar com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para dialogar. "Estou disposto a me reunir com o presidente Santos para falar sobre esses temas onde ele quiser, quando ele quiser e como ele quiser. Ele e eu, sozinhos", disse. Um encontro entre representantes colombianos e venezuelanos na quarta (26) não chegou a um acordo para a reabertura da fronteira. Na quinta (27), o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, convocou o embaixador do país na Venezuela para consultas -gesto que, na linguagem diplomática, demonstra alto grau de insatisfação com o país anfitrião. Em resposta, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chamou de volta seu embaixador em Bogotá, horas depois. A Unasul convocou uma reunião extraordinária na próxima quinta (3) para debater a crise entre os dois países.
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Maduro anuncia fechamento de novos postos de fronteira com a ColômbiaO presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta (28), durante uma manifestação pró-governo em Caracas, que a partir das 5h (horário local, 6h30 em Brasília) de sábado (29) serão fechados outros postos de fronteira com a Colômbia no Estado de Táchira. Desde 20 de agosto, estão interditadas as passagens de San Antonio Del Táchira e de Ureña. Agora, também serão fechados os postos que atendem as cidades de Lobatera, Ayacucho, Panamericano e García de Hevia. A região ficará sob estado de emergência. Ao todo, ficarão obstruídos 160 quilômetros (dos quase 2.300) da linha que divide Colômbia e Venezuela. Segundo a agência de notícias Efe, na nova área afetada não existem postos importantes, mas passagens que vinham sendo utilizadas como caminhos alternativos para cruzar a divisa entre os países nos últimos dias. Não foi dado prazo para a reabertura dos postos. Segundo Maduro, a decisão se mostrou necessária após um novo confronto entre Forças Armadas venezuelanas e supostos paramilitares na fronteira. O presidente disse que mais de 3.000 soldados foram mobilizados para atuar na região. Em discurso à multidão, Maduro afirmou que tem tido "bastante paciência" com a Colômbia. "Há um ano disse a Juan Manuel Santos [presidente colombiano]: vamos fazer um plano para combater o contrabando, os paramilitares, os aproveitadores. Um ano depois, o lado colombiano não fez nada." DIÁLOGO Apesar do novo anúncio, Maduro disse que está disposto a se encontrar com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para dialogar. "Estou disposto a me reunir com o presidente Santos para falar sobre esses temas onde ele quiser, quando ele quiser e como ele quiser. Ele e eu, sozinhos", disse. Um encontro entre representantes colombianos e venezuelanos na quarta (26) não chegou a um acordo para a reabertura da fronteira. Na quinta (27), o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, convocou o embaixador do país na Venezuela para consultas -gesto que, na linguagem diplomática, demonstra alto grau de insatisfação com o país anfitrião. Em resposta, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chamou de volta seu embaixador em Bogotá, horas depois. A Unasul convocou uma reunião extraordinária na próxima quinta (3) para debater a crise entre os dois países.
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Sobrevivente relata ataque nuclear a Hiroshima há 70 anos
O Japão relembra nesta quinta (6) os ataques de bombas nucleares americanas a Hiroshima e Nagasaki, que completam 70 anos. Até hoje, os episódios são os únicos a envolverem o uso de artefatos de destruição em massa em uma situação de guerra.No vídeo, Kimie Mihara relata como sobreviveu ao vento ?funcionária do Ministério do Interior, ela só não morreu porque estava atrasada para o trabalho. Apesar dos estragos, as ruínas do prédio que abrigava o escritório foi uma das únicas construções a permanecer de pé após a explosão da primeira bomba. Hoje, ele é conhecido comoMemorial da Paz de Hiroshima, ou Domo Genbaku. Leia mais aqui
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Sobrevivente relata ataque nuclear a Hiroshima há 70 anosO Japão relembra nesta quinta (6) os ataques de bombas nucleares americanas a Hiroshima e Nagasaki, que completam 70 anos. Até hoje, os episódios são os únicos a envolverem o uso de artefatos de destruição em massa em uma situação de guerra.No vídeo, Kimie Mihara relata como sobreviveu ao vento ?funcionária do Ministério do Interior, ela só não morreu porque estava atrasada para o trabalho. Apesar dos estragos, as ruínas do prédio que abrigava o escritório foi uma das únicas construções a permanecer de pé após a explosão da primeira bomba. Hoje, ele é conhecido comoMemorial da Paz de Hiroshima, ou Domo Genbaku. Leia mais aqui
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Pouco mudou para músicos desde que Beethoven ganhou 50 libras pela Nona
Devem ter sido as 50 libras esterlinas mais bem gastas da história. Exatamente 200 anos atrás, a Royal Philharmonic Society britânica encomendou a Nona Sinfonia de Beethoven, um trabalho que inaugurou esse formato (e nos deu a melodia da "Ode à Alegria"). A sinfonia vem sendo tocada desde então. Agora, como no tempo de Beethoven, a música erudita é uma ilustração perfeita da economia dos concertos; os compositores vivem na dependência de patronos inconstantes e dos trabalhos que eles lhes encomendam. Mas a paisagem em que eles operam hoje não poderia ser mais diferente. Embora a música clássica seja de muitas maneiras uma cena vibrante, ela geralmente ocupa as margens da cultura contemporânea, tanto que representou apenas 53 milhões do total de 1 bilhão de horas de rádio ouvidas pelos britânicos no último trimestre. Com verbas reduzidas, as escolas estão cortando a música de seus currículos. E, enquanto Beethoven conta com 2,5 milhões de ouvintes mensais no serviço de streaming Spotify, Katy Perry tem 22 milhões. A maneira principal de ganhar a vida nesse mundo é por meio de encomendas de obras por parte de orquestras, festivais, emissoras ou (ocasionalmente) indivíduos particulares. Com a exceção dos compositores mais famosos, entretanto, os honorários são baixíssimos. "Uma canção pop pode levar uma tarde para ser escrita. Uma sinfonia leva vários anos e talvez só seja apresentada uma única vez. A remuneração paga por essas coisas não deveria ser igual", argumenta Sally Cavender, da editora Faber Music. ENCOMENDA DA BBC Tom Coult é um compositor jovem que recebeu um pedido de peso. A nova temporada do BBC Proms começou no dia 14 de julho, e Coult, 28 anos, foi convidado a escrever a primeira obra tocada na primeira noite. A BBC Proms é o que há de mais mainstream em matéria de música erudita: trata-se de uma série anual de mais de 90 concertos de música clássica –além de incursões na seara do jazz, gospel e música de teatro– com algumas das melhores orquestras do mundo. Trecho de "St John's Dance", de Tom Coult, na Primeira Noite dos Proms, 14 de julho de 2017 Trecho de "St John's Dance", de Tom Coult, na Primeira Noite dos Proms, 14 de julho de 2017 Fundada em 1895, a série de eventos atraiu mais de 300 mil espectadores ao vivo no ano passado, e a última noite dos Proms, que em 2016 foi vista por 9,1 milhões de pessoas na TV, é adorada ou ironizada por sua plateia de pessoas agitando bandeiras britânicas e pela sequência de músicas patrióticas que costuma ser apresentada. A primeira noite é a que recebe a segunda maior atenção. Tom Coult deu o tom, literalmente, da temporada inteira. Ele recebeu em fevereiro a encomenda da partitura; sua composição de seis minutos de duração teria que ser entregue em maio. Então ele teve que entrar em ação rapidamente. Coult adotou uma abordagem de trabalho estilo século 21: assistia a vídeos de Proms passadas no YouTube, via o regente entrar em cena, esperava-o erguer a batuta –e então apertava o "pause". "Eu pensava, 'ok, o que eu faria para romper esse silêncio?'". Ele acabou optando por um "solo muito hesitante de violino" que conduz a "uma série de danças, mas todas elas saem completamente de controle de várias maneiras". Na apresentação da Orquestra Sinfônica da BBC na primeira noite, as tubas davam o ritmo forte e um xilofone intervinha, enquanto as cordas voavam loucamente, aparentemente abrindo um espaço para os dois meses de música que viriam a seguir. A BBC é uma fonte importante de pedidos feitos a compositores: encomenda cerca de 30 obras por ano, desde canções de Natal até sinfonias. Outras orquestras destacadas variam em matéria de encomendas: a London Symphony Orchestra apresentou 27 trabalhos em estreia mundial nas últimas cinco temporadas, enquanto a Filarmônica de Viena tocou apenas 11 desde 2010. Todas destacam seu interesse por música nova, mas um representante de Viena admitiu que "parte de nosso público não gosta tanto assim" de novidades. Tom Coult hesita quando lhe perguntamos o que esse convite importante pode significar para sua carreira, dizendo apenas que "foi facilmente o trabalho mais público que já fiz, talvez o mais público que farei na vida". Mas Cavender, que publica suas composições e também as de outros compositores vivos respeitados, como Thomas Adѐs e George Benjamin, não deixa margem a dúvidas: "Sozinho, esse fato vai ajudar a consolidar a carreira futura dele". Ouça no spotify Ouça no spotify EDITOR MUSICAL A tarefa dos editores musicais é criar, filtrar e recomendar essas oportunidades, moldando carreiras e assegurando que os honorários continuem a ser suficientes. Janis Susskind, diretora gerente da Boosey & Hawkes, que publica as composições de John Adams e Harrison Birtwistle, diz que "para qualquer compositor com nome, partiríamos de pelo menos mil libras por minuto", e com frequência múltiplos desse valor. Música não chega a ser vendida realmente por quantidade, como tecido, por exemplo, "mas é assim que se faz para chegar a um valor aproximado". Porém, mesmo que um compositor possa receber algo perto disso por uma composição, é uma receita lamentavelmente insuficiente para sua subsistência. Coult calcula que o máximo que já ganhou foi cerca de 800 libras por minuto. Mas, com o número de pedidos de composição que recebe hoje, "ganho algo em torno de 10 mil libras por ano [cerca de R$ 42 mil] por essas duas ou três obras". Como viver em Londres com cerca de 10 mil libras por ano é praticamente impossível, Coult suplementou sua renda com uma bolsa de Ph.D. em composição, e, a partir de outubro deste ano, vai iniciar uma residência de dois anos no Trinity College, em Cambridge, com bolsa anual de US$ 25 mil. São a academia e os benefícios sociais que lhe possibilitam viver de música, e não o ato de compor. PARTICIPAÇÃO NA BILHETERIA Tansy Davies, 44, é conhecida sobretudo por sua bem recebida ópera "Between Worlds", baseada nos acontecimentos do 11 de Setembro de 2001, com seus personagens encurralados na Torre Norte do World Trade Center, sem poderem sair. Ela diz que trabalha "como louca" e que é capaz de passar 18 meses para escrever uma peça orquestral de 25 minutos de duração (incluindo outras composições no meio). Mesmo a mil libras o minuto, isso não parece uma renda suficiente para viver. Ouça no spotify Os retornos geralmente deixam muito a desejar. Uma obra de um compositor vivo recebe 4,8% da bilheteria, no caso de concertos; se o concerto inclui obras por mais de um compositor vivo, essa porcentagem é dividida entre eles, de acordo com o comprimento de seus trabalhos. Nos casos em que o compositor criou uma ópera ou um balé, os chamados "grandes direitos" são mais lucrativos: nesse caso, a editora musical negocia a porcentagem da bilheteria, que pode chegar a 10%. De qualquer maneira, o compositor é obrigado a dividir a remuneração com a editora. Em sua sala de trabalho em Bloomsbury, Londres, Sally Cavender folheia a declaração da renda auferida por compositores com royalties de rádio e televisão. "Algumas das rendas de que estamos falando são ínfimas! £0,01, £1,24, £12,85, £10,49, £1... Receber £0,01 quando sua composição é tocada na rádio!" Cavender diz que a economia da composição musical nem sempre foi tão ruim. Vinte anos atrás, a BBC e a PRS (que recolhe os royalties para compositores e instrumentistas) mudou a fórmula de cálculo dos honorários. Até então, a música erudita tinha um "tipo de fator multiplicador" de seus honorários, em comparação com a música pop, levando em conta sua plateia menor; hoje os compositores, independentemente do gênero musical, recebem de acordo com o número de pessoas que ouvem suas criações. As cifras trimestrais mais recentes da Rajar, que mede as plateias de rádio, mostraram que a Rádio 3 tinha tido 2,1 milhões de ouvintes, enquanto a estação de música pop Rádio 1 tivera 9,6 milhões. O que as editoras fazem com os compositores é, na realidade, um investimento de longo prazo. Em uma economia criativa como essa, esse investimento é, ao mesmo tempo, uma estratégia conservadora e estranhamente radical. "Pelo fato de o retorno ser tão pequeno para a editora", explica Cavender, "pensamos em um prazo de 20 a 30 anos. Muito diferente de um sabão em pó, que precisa ser rentável em dois anos." O investimento abrange a edição de partituras, a digitalização de manuscritos, a preparação das partes para cada instrumento e, naturalmente, a publicação de tudo isso. Susskind diz: "A música nova exige muito de nossa infraestrutura". Mas ela acrescenta que esse enfoque de longo prazo funciona bem: a Boosey é rentável com seus compositores vivos, e muitos estão na empresa há décadas. As editoras musicais britânicas também fecham um contrato incomum com seus compositores, diferente de qualquer coisa existente em outros gêneros musicais ou nas artes em geral: os compositores entregam às editoras seus direitos autorais por toda a vida mais 70 anos, e as editoras dão a eles (e seus herdeiros) uma participação de 50%. (Segundo Cavender, Adès disse, em tom jocoso: "Quando eu morrer, a inscrição na minha lápide dirá 'copyright Faber Music'.") Após a morte do compositor, ela diz, "continuamos a ganhar o mesmo valor, mas sem as despesas". Abrir mão dos direitos autorais é controverso: se o compositor troca de editora, deixa os direitos autorais com a editora que publicou sua obra até então. Quando Benjamin Britten deixou a Boosey & Hawkes para fundar a Faber Music, em 1965, a Boosey conservou os direitos sobre "Peter Grimes", apresentada com frequência, enquanto a Faber ficou com "Death in Venice". O compositor americano Philip Glass argumentou contra essa cláusula de direitos autorais e é uma figura de peso suficiente para ter conseguido conservar os dele, mas ele é uma raridade. É um negócio difícil, mas que não chega a ser faustiano. "Os compositores precisam ter algo de valor para oferecer às pessoas que vão investir neles e em sua música", diz Sally Cavender. "Se querem que a música deles seja disseminada pelo mundo, alguém precisa se encarregar disso." INDEPENDENTES Os compositores que trabalham sem editora não precisam assumir esse tipo de compromisso. Porém, sem contar com o apoio comercial ou administrativo de uma Faber ou Boosey, eles terão muitos outros encargos a encarar. Samantha Fernando, 32 anos, descreve tudo o que um compositor que se autopublica precisa saber e fazer para que seja remunerado por sua música e para que ela seja ouvida: criar um site, fazer a composição tipográfica de suas partituras para colocá-las à venda em sites como Composers Edition e BabelScores (uma espécie de Amazon para o Shostakóvitch moderno), estabelecer relacionamentos com diretores de orquestra e instrumentistas, negociar comissões e honorários de contratos. Ouça no soundcloud E tudo isso armado unicamente com os valores que constam da tabela do Sindicato de Músicos (que não mudam desde 2008)–, mais qualquer adicional que sua reputação lhe possa valer. A internet ajuda: os assistentes de Bach copiaram à mão "O Cravo Bem-Temperado", sua coletânea de composições para cravo solo, para garantir sua disseminação rápida. Hoje, o YouTube e o Spotify permitem uma distribuição global instantânea que Bach teria invejado. Durante o tempo que Samantha Fernando passou estudando em um conservatório ou obtendo seu Ph.D. em composição em Oxford, nunca ninguém lhe explicou como subsistir como compositora. Parece uma falha. Depois de concluir a universidade, os compositores jovens frequentemente recebem encomendas de obras de entidades como a Fundação Britten-Pears ou conseguem vagas em programas de desenvolvimento como o esquema Panufnik da London Symphony Orchestra. Mas, quando esses esquemas escasseiam, o espírito empreendedor dos compositores precisa entrar em ação. Os antecessores musicais de Fernando também procuravam patronos: Ludwig 2º da Bavária patrocinou a estreia de "Tristão e Isolda", de Wagner; Haydn foi músico na corte húngara dos Esterhazy; a Igreja financiou a música das liturgias. Mas esse tipo de figuras e instituições, que financiavam a carreira de compositores, não existe mais. Nina Whiteman, 36 anos, seguiu uma jornada exploratória semelhante à de Samantha Fernando. Quando não conseguiu encontrar repertório para seu conjunto –flauta, violoncelo e ela própria como mezzo-soprano–, começou a encomendar composições. Isso elevou seu perfil, fortaleceu sua rede e a levou a receber encomendas de outros, incluindo uma da BBC Radio 4 –a obra foi tocada pela BBC Philharmonic. Ouça no soundcloud Whiteman diz que sua remuneração habitual é algo entre 1.000 e 4.000 libras, valor pelo qual ela pode compor uma peça orquestral de dez a 15 minutos de duração, levando dois ou três meses para completar o trabalho em regime de tempo parcial. Como outros compositores com quem conversei, ela destacou que não compõe por dinheiro (de qualquer maneira, isso seria infrutífero); seu prazer está na realização de compor. Surpreendentemente, nem todos os compositores sem contrato adorariam a oportunidade de ser representados por editoras como Faber ou Boosey. Whiteman fala em conservar sua independência longe de uma editora, e Samantha Fernando diz que o sistema de trabalho integral para uma editora é um modelo que está morrendo na era da internet, apesar de seu status e de sua simplicidade. Mas ela também parece lamentar o fato: "Às vezes, acho que seria tão mais fácil não ter que fazer todas essas outras coisas. Às vezes, penso que eu deveria apenas compor música, e nada mais." A ESTREIA Todos os compositores sucumbem a uma doença particular, algo que talvez sirva para lançar luz sobre os aspectos econômicos mais arriscados dessa forma de arte: a síndrome da première. Um elemento da subsistência de um compositor deveriam ser os honorários recebidos sempre que suas obras são reapresentadas, mas a síndrome da première, que nasceu há cerca de 20 anos, privilegia a estreia de uma obra, segundo Cavender. Para Mark Pemberton, da Associação de Orquestras Britânicas, isso não funciona financeiramente: "Custa caro preparar uma obra para ser apresentada. Todo o custo recai sobre aquela primeira apresentação. Por isso, ficamos presos nesse modelo e queremos encontrar uma saída". O paradoxo diz respeito a algo fundamental na música erudita: os compositores gostariam que seus trabalhos mais antigos fossem apresentados mais de uma vez, mas, em um mercado que não está crescendo, isso significaria que receberiam menos pedidos de trabalhos novos. No entanto, sem serem tocadas muitas vezes, as obras não têm chances de ingressar no repertório e de ajudar a consolidar a reputação do compositor no longo prazo. E isso também pode ser negativo para a arte. Elena Kats-Chernin, que os leitores britânicos talvez conheçam por ser a criadora da música usada por vários anos em um anúncio do banco Lloyds, compara uma composição nova a um bebê recém-nascido, "ainda todo enrugado": "Ela precisa crescer. A apresentação seguinte será muito melhor, porque eu, como compositora, terei tido tempo de ouvir a música de novo e possivelmente de modificar algumas coisinhas das quais não gostei. Isso é ótimo. Se a música não é apresentada outras vezes, você não tem essa oportunidade". Ouça no spotify Os ouvintes também podem querer mais oportunidades de ouvir músicas novas, pois a música nova, diferentemente das composições melódicas e harmônicas tradicionais, não se mostra tão agradável quanto poderia ser o caso de uma sinfonia de Haydn quando ouvida pela primeira vez. Já vi o "Troubairitz" de Davies –baseado nas canções de trovadoras do século 11– tocado no Wigmore Hall, no West End de Londres. Mas o espectro da música nova é tão amplo que ouvi a mesma obra mais tarde na sala dos fundos, escura e abafada, de um pub em Dalston, na zona leste de Londres, como parte da série de apresentações Nonclassical. A cantora era sedutora, defensiva, astuta, desafiadora, e as pessoas da plateia –segurando cervejas nas mãos, e com os cabelos penteados em topknots [coques no topo da cabeça]– assobiaram e gritaram quando ela terminou. Enquanto a economia da música erudita for capaz de triunfar sobre a pobreza e os infortúnios, os trovadores do século 21 poderão continuar a cantar. Tradução de CLARA ALLAIN
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Pouco mudou para músicos desde que Beethoven ganhou 50 libras pela NonaDevem ter sido as 50 libras esterlinas mais bem gastas da história. Exatamente 200 anos atrás, a Royal Philharmonic Society britânica encomendou a Nona Sinfonia de Beethoven, um trabalho que inaugurou esse formato (e nos deu a melodia da "Ode à Alegria"). A sinfonia vem sendo tocada desde então. Agora, como no tempo de Beethoven, a música erudita é uma ilustração perfeita da economia dos concertos; os compositores vivem na dependência de patronos inconstantes e dos trabalhos que eles lhes encomendam. Mas a paisagem em que eles operam hoje não poderia ser mais diferente. Embora a música clássica seja de muitas maneiras uma cena vibrante, ela geralmente ocupa as margens da cultura contemporânea, tanto que representou apenas 53 milhões do total de 1 bilhão de horas de rádio ouvidas pelos britânicos no último trimestre. Com verbas reduzidas, as escolas estão cortando a música de seus currículos. E, enquanto Beethoven conta com 2,5 milhões de ouvintes mensais no serviço de streaming Spotify, Katy Perry tem 22 milhões. A maneira principal de ganhar a vida nesse mundo é por meio de encomendas de obras por parte de orquestras, festivais, emissoras ou (ocasionalmente) indivíduos particulares. Com a exceção dos compositores mais famosos, entretanto, os honorários são baixíssimos. "Uma canção pop pode levar uma tarde para ser escrita. Uma sinfonia leva vários anos e talvez só seja apresentada uma única vez. A remuneração paga por essas coisas não deveria ser igual", argumenta Sally Cavender, da editora Faber Music. ENCOMENDA DA BBC Tom Coult é um compositor jovem que recebeu um pedido de peso. A nova temporada do BBC Proms começou no dia 14 de julho, e Coult, 28 anos, foi convidado a escrever a primeira obra tocada na primeira noite. A BBC Proms é o que há de mais mainstream em matéria de música erudita: trata-se de uma série anual de mais de 90 concertos de música clássica –além de incursões na seara do jazz, gospel e música de teatro– com algumas das melhores orquestras do mundo. Trecho de "St John's Dance", de Tom Coult, na Primeira Noite dos Proms, 14 de julho de 2017 Trecho de "St John's Dance", de Tom Coult, na Primeira Noite dos Proms, 14 de julho de 2017 Fundada em 1895, a série de eventos atraiu mais de 300 mil espectadores ao vivo no ano passado, e a última noite dos Proms, que em 2016 foi vista por 9,1 milhões de pessoas na TV, é adorada ou ironizada por sua plateia de pessoas agitando bandeiras britânicas e pela sequência de músicas patrióticas que costuma ser apresentada. A primeira noite é a que recebe a segunda maior atenção. Tom Coult deu o tom, literalmente, da temporada inteira. Ele recebeu em fevereiro a encomenda da partitura; sua composição de seis minutos de duração teria que ser entregue em maio. Então ele teve que entrar em ação rapidamente. Coult adotou uma abordagem de trabalho estilo século 21: assistia a vídeos de Proms passadas no YouTube, via o regente entrar em cena, esperava-o erguer a batuta –e então apertava o "pause". "Eu pensava, 'ok, o que eu faria para romper esse silêncio?'". Ele acabou optando por um "solo muito hesitante de violino" que conduz a "uma série de danças, mas todas elas saem completamente de controle de várias maneiras". Na apresentação da Orquestra Sinfônica da BBC na primeira noite, as tubas davam o ritmo forte e um xilofone intervinha, enquanto as cordas voavam loucamente, aparentemente abrindo um espaço para os dois meses de música que viriam a seguir. A BBC é uma fonte importante de pedidos feitos a compositores: encomenda cerca de 30 obras por ano, desde canções de Natal até sinfonias. Outras orquestras destacadas variam em matéria de encomendas: a London Symphony Orchestra apresentou 27 trabalhos em estreia mundial nas últimas cinco temporadas, enquanto a Filarmônica de Viena tocou apenas 11 desde 2010. Todas destacam seu interesse por música nova, mas um representante de Viena admitiu que "parte de nosso público não gosta tanto assim" de novidades. Tom Coult hesita quando lhe perguntamos o que esse convite importante pode significar para sua carreira, dizendo apenas que "foi facilmente o trabalho mais público que já fiz, talvez o mais público que farei na vida". Mas Cavender, que publica suas composições e também as de outros compositores vivos respeitados, como Thomas Adѐs e George Benjamin, não deixa margem a dúvidas: "Sozinho, esse fato vai ajudar a consolidar a carreira futura dele". Ouça no spotify Ouça no spotify EDITOR MUSICAL A tarefa dos editores musicais é criar, filtrar e recomendar essas oportunidades, moldando carreiras e assegurando que os honorários continuem a ser suficientes. Janis Susskind, diretora gerente da Boosey & Hawkes, que publica as composições de John Adams e Harrison Birtwistle, diz que "para qualquer compositor com nome, partiríamos de pelo menos mil libras por minuto", e com frequência múltiplos desse valor. Música não chega a ser vendida realmente por quantidade, como tecido, por exemplo, "mas é assim que se faz para chegar a um valor aproximado". Porém, mesmo que um compositor possa receber algo perto disso por uma composição, é uma receita lamentavelmente insuficiente para sua subsistência. Coult calcula que o máximo que já ganhou foi cerca de 800 libras por minuto. Mas, com o número de pedidos de composição que recebe hoje, "ganho algo em torno de 10 mil libras por ano [cerca de R$ 42 mil] por essas duas ou três obras". Como viver em Londres com cerca de 10 mil libras por ano é praticamente impossível, Coult suplementou sua renda com uma bolsa de Ph.D. em composição, e, a partir de outubro deste ano, vai iniciar uma residência de dois anos no Trinity College, em Cambridge, com bolsa anual de US$ 25 mil. São a academia e os benefícios sociais que lhe possibilitam viver de música, e não o ato de compor. PARTICIPAÇÃO NA BILHETERIA Tansy Davies, 44, é conhecida sobretudo por sua bem recebida ópera "Between Worlds", baseada nos acontecimentos do 11 de Setembro de 2001, com seus personagens encurralados na Torre Norte do World Trade Center, sem poderem sair. Ela diz que trabalha "como louca" e que é capaz de passar 18 meses para escrever uma peça orquestral de 25 minutos de duração (incluindo outras composições no meio). Mesmo a mil libras o minuto, isso não parece uma renda suficiente para viver. Ouça no spotify Os retornos geralmente deixam muito a desejar. Uma obra de um compositor vivo recebe 4,8% da bilheteria, no caso de concertos; se o concerto inclui obras por mais de um compositor vivo, essa porcentagem é dividida entre eles, de acordo com o comprimento de seus trabalhos. Nos casos em que o compositor criou uma ópera ou um balé, os chamados "grandes direitos" são mais lucrativos: nesse caso, a editora musical negocia a porcentagem da bilheteria, que pode chegar a 10%. De qualquer maneira, o compositor é obrigado a dividir a remuneração com a editora. Em sua sala de trabalho em Bloomsbury, Londres, Sally Cavender folheia a declaração da renda auferida por compositores com royalties de rádio e televisão. "Algumas das rendas de que estamos falando são ínfimas! £0,01, £1,24, £12,85, £10,49, £1... Receber £0,01 quando sua composição é tocada na rádio!" Cavender diz que a economia da composição musical nem sempre foi tão ruim. Vinte anos atrás, a BBC e a PRS (que recolhe os royalties para compositores e instrumentistas) mudou a fórmula de cálculo dos honorários. Até então, a música erudita tinha um "tipo de fator multiplicador" de seus honorários, em comparação com a música pop, levando em conta sua plateia menor; hoje os compositores, independentemente do gênero musical, recebem de acordo com o número de pessoas que ouvem suas criações. As cifras trimestrais mais recentes da Rajar, que mede as plateias de rádio, mostraram que a Rádio 3 tinha tido 2,1 milhões de ouvintes, enquanto a estação de música pop Rádio 1 tivera 9,6 milhões. O que as editoras fazem com os compositores é, na realidade, um investimento de longo prazo. Em uma economia criativa como essa, esse investimento é, ao mesmo tempo, uma estratégia conservadora e estranhamente radical. "Pelo fato de o retorno ser tão pequeno para a editora", explica Cavender, "pensamos em um prazo de 20 a 30 anos. Muito diferente de um sabão em pó, que precisa ser rentável em dois anos." O investimento abrange a edição de partituras, a digitalização de manuscritos, a preparação das partes para cada instrumento e, naturalmente, a publicação de tudo isso. Susskind diz: "A música nova exige muito de nossa infraestrutura". Mas ela acrescenta que esse enfoque de longo prazo funciona bem: a Boosey é rentável com seus compositores vivos, e muitos estão na empresa há décadas. As editoras musicais britânicas também fecham um contrato incomum com seus compositores, diferente de qualquer coisa existente em outros gêneros musicais ou nas artes em geral: os compositores entregam às editoras seus direitos autorais por toda a vida mais 70 anos, e as editoras dão a eles (e seus herdeiros) uma participação de 50%. (Segundo Cavender, Adès disse, em tom jocoso: "Quando eu morrer, a inscrição na minha lápide dirá 'copyright Faber Music'.") Após a morte do compositor, ela diz, "continuamos a ganhar o mesmo valor, mas sem as despesas". Abrir mão dos direitos autorais é controverso: se o compositor troca de editora, deixa os direitos autorais com a editora que publicou sua obra até então. Quando Benjamin Britten deixou a Boosey & Hawkes para fundar a Faber Music, em 1965, a Boosey conservou os direitos sobre "Peter Grimes", apresentada com frequência, enquanto a Faber ficou com "Death in Venice". O compositor americano Philip Glass argumentou contra essa cláusula de direitos autorais e é uma figura de peso suficiente para ter conseguido conservar os dele, mas ele é uma raridade. É um negócio difícil, mas que não chega a ser faustiano. "Os compositores precisam ter algo de valor para oferecer às pessoas que vão investir neles e em sua música", diz Sally Cavender. "Se querem que a música deles seja disseminada pelo mundo, alguém precisa se encarregar disso." INDEPENDENTES Os compositores que trabalham sem editora não precisam assumir esse tipo de compromisso. Porém, sem contar com o apoio comercial ou administrativo de uma Faber ou Boosey, eles terão muitos outros encargos a encarar. Samantha Fernando, 32 anos, descreve tudo o que um compositor que se autopublica precisa saber e fazer para que seja remunerado por sua música e para que ela seja ouvida: criar um site, fazer a composição tipográfica de suas partituras para colocá-las à venda em sites como Composers Edition e BabelScores (uma espécie de Amazon para o Shostakóvitch moderno), estabelecer relacionamentos com diretores de orquestra e instrumentistas, negociar comissões e honorários de contratos. Ouça no soundcloud E tudo isso armado unicamente com os valores que constam da tabela do Sindicato de Músicos (que não mudam desde 2008)–, mais qualquer adicional que sua reputação lhe possa valer. A internet ajuda: os assistentes de Bach copiaram à mão "O Cravo Bem-Temperado", sua coletânea de composições para cravo solo, para garantir sua disseminação rápida. Hoje, o YouTube e o Spotify permitem uma distribuição global instantânea que Bach teria invejado. Durante o tempo que Samantha Fernando passou estudando em um conservatório ou obtendo seu Ph.D. em composição em Oxford, nunca ninguém lhe explicou como subsistir como compositora. Parece uma falha. Depois de concluir a universidade, os compositores jovens frequentemente recebem encomendas de obras de entidades como a Fundação Britten-Pears ou conseguem vagas em programas de desenvolvimento como o esquema Panufnik da London Symphony Orchestra. Mas, quando esses esquemas escasseiam, o espírito empreendedor dos compositores precisa entrar em ação. Os antecessores musicais de Fernando também procuravam patronos: Ludwig 2º da Bavária patrocinou a estreia de "Tristão e Isolda", de Wagner; Haydn foi músico na corte húngara dos Esterhazy; a Igreja financiou a música das liturgias. Mas esse tipo de figuras e instituições, que financiavam a carreira de compositores, não existe mais. Nina Whiteman, 36 anos, seguiu uma jornada exploratória semelhante à de Samantha Fernando. Quando não conseguiu encontrar repertório para seu conjunto –flauta, violoncelo e ela própria como mezzo-soprano–, começou a encomendar composições. Isso elevou seu perfil, fortaleceu sua rede e a levou a receber encomendas de outros, incluindo uma da BBC Radio 4 –a obra foi tocada pela BBC Philharmonic. Ouça no soundcloud Whiteman diz que sua remuneração habitual é algo entre 1.000 e 4.000 libras, valor pelo qual ela pode compor uma peça orquestral de dez a 15 minutos de duração, levando dois ou três meses para completar o trabalho em regime de tempo parcial. Como outros compositores com quem conversei, ela destacou que não compõe por dinheiro (de qualquer maneira, isso seria infrutífero); seu prazer está na realização de compor. Surpreendentemente, nem todos os compositores sem contrato adorariam a oportunidade de ser representados por editoras como Faber ou Boosey. Whiteman fala em conservar sua independência longe de uma editora, e Samantha Fernando diz que o sistema de trabalho integral para uma editora é um modelo que está morrendo na era da internet, apesar de seu status e de sua simplicidade. Mas ela também parece lamentar o fato: "Às vezes, acho que seria tão mais fácil não ter que fazer todas essas outras coisas. Às vezes, penso que eu deveria apenas compor música, e nada mais." A ESTREIA Todos os compositores sucumbem a uma doença particular, algo que talvez sirva para lançar luz sobre os aspectos econômicos mais arriscados dessa forma de arte: a síndrome da première. Um elemento da subsistência de um compositor deveriam ser os honorários recebidos sempre que suas obras são reapresentadas, mas a síndrome da première, que nasceu há cerca de 20 anos, privilegia a estreia de uma obra, segundo Cavender. Para Mark Pemberton, da Associação de Orquestras Britânicas, isso não funciona financeiramente: "Custa caro preparar uma obra para ser apresentada. Todo o custo recai sobre aquela primeira apresentação. Por isso, ficamos presos nesse modelo e queremos encontrar uma saída". O paradoxo diz respeito a algo fundamental na música erudita: os compositores gostariam que seus trabalhos mais antigos fossem apresentados mais de uma vez, mas, em um mercado que não está crescendo, isso significaria que receberiam menos pedidos de trabalhos novos. No entanto, sem serem tocadas muitas vezes, as obras não têm chances de ingressar no repertório e de ajudar a consolidar a reputação do compositor no longo prazo. E isso também pode ser negativo para a arte. Elena Kats-Chernin, que os leitores britânicos talvez conheçam por ser a criadora da música usada por vários anos em um anúncio do banco Lloyds, compara uma composição nova a um bebê recém-nascido, "ainda todo enrugado": "Ela precisa crescer. A apresentação seguinte será muito melhor, porque eu, como compositora, terei tido tempo de ouvir a música de novo e possivelmente de modificar algumas coisinhas das quais não gostei. Isso é ótimo. Se a música não é apresentada outras vezes, você não tem essa oportunidade". Ouça no spotify Os ouvintes também podem querer mais oportunidades de ouvir músicas novas, pois a música nova, diferentemente das composições melódicas e harmônicas tradicionais, não se mostra tão agradável quanto poderia ser o caso de uma sinfonia de Haydn quando ouvida pela primeira vez. Já vi o "Troubairitz" de Davies –baseado nas canções de trovadoras do século 11– tocado no Wigmore Hall, no West End de Londres. Mas o espectro da música nova é tão amplo que ouvi a mesma obra mais tarde na sala dos fundos, escura e abafada, de um pub em Dalston, na zona leste de Londres, como parte da série de apresentações Nonclassical. A cantora era sedutora, defensiva, astuta, desafiadora, e as pessoas da plateia –segurando cervejas nas mãos, e com os cabelos penteados em topknots [coques no topo da cabeça]– assobiaram e gritaram quando ela terminou. Enquanto a economia da música erudita for capaz de triunfar sobre a pobreza e os infortúnios, os trovadores do século 21 poderão continuar a cantar. Tradução de CLARA ALLAIN
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Escolha a foto mais representativa do Carnaval deste ano
A Folha selecionou cinco fotos mais representativas do Carnaval deste ano para fazer uma eleição entre os leitores. Você pode votar nas seguintes imagens: 1) a passagem de um carro alegórico da Portela pela Marquês de Sapucuaí 2) a atriz Leandra Leal como madrinha do bloco Cordão da Bola Preta 3) a presença das crianças no bloco Charanga do França, em São Paulo 4) o desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, no Rio de Janeiro 5) o beijo de um casal na chuva durante a passagem de um bloco na Vila Madalena Veja abaixo as fotos e clique aqui para votar. Veja imagens
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Escolha a foto mais representativa do Carnaval deste anoA Folha selecionou cinco fotos mais representativas do Carnaval deste ano para fazer uma eleição entre os leitores. Você pode votar nas seguintes imagens: 1) a passagem de um carro alegórico da Portela pela Marquês de Sapucuaí 2) a atriz Leandra Leal como madrinha do bloco Cordão da Bola Preta 3) a presença das crianças no bloco Charanga do França, em São Paulo 4) o desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, no Rio de Janeiro 5) o beijo de um casal na chuva durante a passagem de um bloco na Vila Madalena Veja abaixo as fotos e clique aqui para votar. Veja imagens
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Mercado busca especialistas em cores em áreas como cosméticos e tintas
JUSSARA SOARES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Durante o processo de criação de uma nova coleção de esmalte, uma empresa chega a desenvolver 20 opções de cores. Para chegar à versão final, é necessário um profissional capaz de analisar tendências, fazer pesquisas e desenvolver uma paleta que agrade aos clientes. Encontrar alguém com o perfil, porém, não é tarefa fácil. "É preciso ter feeling para entender o comportamento do consumidor. E não existe esse profissional disponível. É preciso prepará-lo na empresa ou buscá-lo na concorrência", diz Vivian Alves Silverio Barbosa, gerente de pesquisa e desenvolvimento da marca de esmalte Mundial Impala. Sem uma graduação específica para atuar na área, formados em marketing, moda, design, desenho industrial e química atuam em uma equipe multidisciplinar dentro dos setores de desenvolvimento de produtos focados na criação de cores em empresas de cosméticos, tintas decorativas, moda e automóveis, entre outras. É essa equipe que manda as referências para que os laboratórios químicos desenvolvam os pigmentos. A especialização dos profissionais ocorre na prática, dentro das próprias empresas. No caso da indústria de cosméticos, cabe ao profissional de colour marketing comandar o processo. Para isso, as marcas recorrem a consultorias que apontam tendências (WGSN e Fashion Snoops), avaliam hábitos de consumo e a moda das passarelas e observam o que é usado nas ruas das grandes cidades. "Fazemos todas as análises e enviamos os resultados para o laboratório, para o desenvolvimento dos pigmentos", afirma Cibeli Lelli, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Vult Cosméticos. Antes básicas em suas escolhas, as brasileiras, segundo Lelli, têm ousado mais. Isso abre espaço para que os profissionais que trabalhem na área sejam mais criativos. "Não é à toa que a maquiagem é o mercado de cosmético mais promissor, com muito espaço para novos profissionais", diz ela. Já existe, inclusive, formação superior em tecnologia em cosméticos. Quem se interessa pelo ramo das cores pode buscar a profissionalização com cursos de artes, colour marketing, colorimetria e comportamento de consumidor. O salário inicial para o cargo de analista de pesquisa e desenvolvimento de produto júnior fica em torno de R$ 5.000. "Para atuar nessa área, é preciso ter um olhar apurado para ver cor e ter facilidade para entender as composições. Existe uma demanda por este tipo de especialista", diz Priscila Perez, especialista em colour marketing da AkzoNobel, empresa holandesa dona da marca Coral. Formada em design de interiores e com MBA em administração, ela buscou cursos específicos quando começou a atuar na área, há dez anos. Responsável por entender o comportamento do consumidor, Perez coordena uma equipe de quatro pessoas que aponta as tendências para tintas decorativas. "Para chegarmos às novas cores, fazemos uma pesquisa ampla para entender o que ocorre na moda, na arquitetura e até mesmo na economia", explica ela. Para atender a cada região, a marca lança cores específicas para o Norte e Nordeste. "Há um gosto muito particular e a aceitação do público é diferente", afirma. Já na indústria automobilística, o uso de cores é mais homogêneo -76% dos veículos vendidos são brancos, pretos ou prata. Assim, uma das funções da equipe de desenvolvimento de cores é pensar as estampas das partes internas do carro, como painéis, tecidos e carpetes. Para Luiz Alberto Veiga, diretor de design da Volkswagen, esse é um setor onde não há muitas oportunidades. "É um nicho raro, com quatro estúdios de criação, dentro das próprias industrias automotivas. A maioria das definições vem de fora", diz. * O PERFIL DA PROFISSÃO CARREIRA Colour Marketing/ Analista de pesquisa e desenvolvimento SALÁRIO INICIAL R$ 5.000 O QUE FAZ Pesquisa tendências de design e moda e investiga o comportamento do consumidor para desenvolver cores para produtos e marcas HABILIDADES Interesse em design e novidades do mundo urbano. É preciso ter olhar apurado para entender as cores e composições FORMAÇÃO Design, artes, moda, desenho industrial e engenharia química, com especialização em marketing e cursos de colorimetria e comportamento do consumidor
sobretudo
Mercado busca especialistas em cores em áreas como cosméticos e tintas JUSSARA SOARES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Durante o processo de criação de uma nova coleção de esmalte, uma empresa chega a desenvolver 20 opções de cores. Para chegar à versão final, é necessário um profissional capaz de analisar tendências, fazer pesquisas e desenvolver uma paleta que agrade aos clientes. Encontrar alguém com o perfil, porém, não é tarefa fácil. "É preciso ter feeling para entender o comportamento do consumidor. E não existe esse profissional disponível. É preciso prepará-lo na empresa ou buscá-lo na concorrência", diz Vivian Alves Silverio Barbosa, gerente de pesquisa e desenvolvimento da marca de esmalte Mundial Impala. Sem uma graduação específica para atuar na área, formados em marketing, moda, design, desenho industrial e química atuam em uma equipe multidisciplinar dentro dos setores de desenvolvimento de produtos focados na criação de cores em empresas de cosméticos, tintas decorativas, moda e automóveis, entre outras. É essa equipe que manda as referências para que os laboratórios químicos desenvolvam os pigmentos. A especialização dos profissionais ocorre na prática, dentro das próprias empresas. No caso da indústria de cosméticos, cabe ao profissional de colour marketing comandar o processo. Para isso, as marcas recorrem a consultorias que apontam tendências (WGSN e Fashion Snoops), avaliam hábitos de consumo e a moda das passarelas e observam o que é usado nas ruas das grandes cidades. "Fazemos todas as análises e enviamos os resultados para o laboratório, para o desenvolvimento dos pigmentos", afirma Cibeli Lelli, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Vult Cosméticos. Antes básicas em suas escolhas, as brasileiras, segundo Lelli, têm ousado mais. Isso abre espaço para que os profissionais que trabalhem na área sejam mais criativos. "Não é à toa que a maquiagem é o mercado de cosmético mais promissor, com muito espaço para novos profissionais", diz ela. Já existe, inclusive, formação superior em tecnologia em cosméticos. Quem se interessa pelo ramo das cores pode buscar a profissionalização com cursos de artes, colour marketing, colorimetria e comportamento de consumidor. O salário inicial para o cargo de analista de pesquisa e desenvolvimento de produto júnior fica em torno de R$ 5.000. "Para atuar nessa área, é preciso ter um olhar apurado para ver cor e ter facilidade para entender as composições. Existe uma demanda por este tipo de especialista", diz Priscila Perez, especialista em colour marketing da AkzoNobel, empresa holandesa dona da marca Coral. Formada em design de interiores e com MBA em administração, ela buscou cursos específicos quando começou a atuar na área, há dez anos. Responsável por entender o comportamento do consumidor, Perez coordena uma equipe de quatro pessoas que aponta as tendências para tintas decorativas. "Para chegarmos às novas cores, fazemos uma pesquisa ampla para entender o que ocorre na moda, na arquitetura e até mesmo na economia", explica ela. Para atender a cada região, a marca lança cores específicas para o Norte e Nordeste. "Há um gosto muito particular e a aceitação do público é diferente", afirma. Já na indústria automobilística, o uso de cores é mais homogêneo -76% dos veículos vendidos são brancos, pretos ou prata. Assim, uma das funções da equipe de desenvolvimento de cores é pensar as estampas das partes internas do carro, como painéis, tecidos e carpetes. Para Luiz Alberto Veiga, diretor de design da Volkswagen, esse é um setor onde não há muitas oportunidades. "É um nicho raro, com quatro estúdios de criação, dentro das próprias industrias automotivas. A maioria das definições vem de fora", diz. * O PERFIL DA PROFISSÃO CARREIRA Colour Marketing/ Analista de pesquisa e desenvolvimento SALÁRIO INICIAL R$ 5.000 O QUE FAZ Pesquisa tendências de design e moda e investiga o comportamento do consumidor para desenvolver cores para produtos e marcas HABILIDADES Interesse em design e novidades do mundo urbano. É preciso ter olhar apurado para entender as cores e composições FORMAÇÃO Design, artes, moda, desenho industrial e engenharia química, com especialização em marketing e cursos de colorimetria e comportamento do consumidor
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'Diálogos Transformadores' debate uso responsável de tecnologia e internet
Na continuação da série "Diálogos Transformadores", especialistas e empreendedores sociais debateram "Tecnologia e Internet - Uso Responsável", na terça-feira (30), com transmissão ao vivo da "TV Folha". Realizado em parceria com a Ashoka, o evento multimídia mistura entrevista e debate para discutir e apontar caminhos para assuntos emergentes da agenda sustentável. Nesta edição, apresentada pela Vivo, participaram Rodrigo Baggio, fundador da ONG Recode; Rodrigo Nejm, diretor de educação da SaferNet; e Rose Leonel, criadora da ONG Marias da Internet. Também participaram Renato Opice Blum, advogado especialista em direito digital, e Beth Veloso, consultora da Câmara dos Deputados para a área de ciência, tecnologia, comunicação e informática. A plateia conheceu ainda os casos inspiradores de Kamila Brito, criadora do Barco Hacker, que usa a tecnologia como ferramenta de conexão entre pessoas de comunidades ribeirinhas da Amazônia, e Michael Kapps, sócio do Tá.Na.Hora Saúde Digital, que atua em parceria com o poder público e empresas privadas para informar, monitorar e interagir com pacientes por meio de mensagens SMS.
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'Diálogos Transformadores' debate uso responsável de tecnologia e internetNa continuação da série "Diálogos Transformadores", especialistas e empreendedores sociais debateram "Tecnologia e Internet - Uso Responsável", na terça-feira (30), com transmissão ao vivo da "TV Folha". Realizado em parceria com a Ashoka, o evento multimídia mistura entrevista e debate para discutir e apontar caminhos para assuntos emergentes da agenda sustentável. Nesta edição, apresentada pela Vivo, participaram Rodrigo Baggio, fundador da ONG Recode; Rodrigo Nejm, diretor de educação da SaferNet; e Rose Leonel, criadora da ONG Marias da Internet. Também participaram Renato Opice Blum, advogado especialista em direito digital, e Beth Veloso, consultora da Câmara dos Deputados para a área de ciência, tecnologia, comunicação e informática. A plateia conheceu ainda os casos inspiradores de Kamila Brito, criadora do Barco Hacker, que usa a tecnologia como ferramenta de conexão entre pessoas de comunidades ribeirinhas da Amazônia, e Michael Kapps, sócio do Tá.Na.Hora Saúde Digital, que atua em parceria com o poder público e empresas privadas para informar, monitorar e interagir com pacientes por meio de mensagens SMS.
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Galinhas enxergam as cores bem melhor do que os humanos
Galinhas são animais de visão, diz a ciência. Perto delas, somos uns daltônicos. Cientistas descobriram que suas retinas têm cinco cones sensíveis à cor. Humanos têm só três, que enxergam comprimentos de vermelho, azul e verde –o resto é mistura. Galinhas nos superam com um cone para violeta e alguns comprimentos ultravioleta e com um quinto receptor, ainda pouco compreendido. Além disso, no ano passado cientistas de Princeton (EUA) mostraram que os átomos do olho da galinha se organizam num estado da matéria inédito na biologia, com propriedades tanto de cristal sólido quanto de líquido. Tal arranjo permite que cores sejam recebidas de forma muito nítida. Foi assim que o olho da galinha foi parar na revista científica "Physical Review", entre artigos sobre temas da física como dissipação de energia ou mecânica quântica. Isso tudo faz com que seja difícil imaginarmos como uma galinha vê cores –só sabemos que é bem mais intenso e, digamos, psicodélico. Por que a evolução deixou o olho da galinha assim? É uma boa pergunta. As respostas passam pela importância das cores para ela –pense, por exemplo, na plumagem colorida dos parceiros sexuais.
ciencia
Galinhas enxergam as cores bem melhor do que os humanosGalinhas são animais de visão, diz a ciência. Perto delas, somos uns daltônicos. Cientistas descobriram que suas retinas têm cinco cones sensíveis à cor. Humanos têm só três, que enxergam comprimentos de vermelho, azul e verde –o resto é mistura. Galinhas nos superam com um cone para violeta e alguns comprimentos ultravioleta e com um quinto receptor, ainda pouco compreendido. Além disso, no ano passado cientistas de Princeton (EUA) mostraram que os átomos do olho da galinha se organizam num estado da matéria inédito na biologia, com propriedades tanto de cristal sólido quanto de líquido. Tal arranjo permite que cores sejam recebidas de forma muito nítida. Foi assim que o olho da galinha foi parar na revista científica "Physical Review", entre artigos sobre temas da física como dissipação de energia ou mecânica quântica. Isso tudo faz com que seja difícil imaginarmos como uma galinha vê cores –só sabemos que é bem mais intenso e, digamos, psicodélico. Por que a evolução deixou o olho da galinha assim? É uma boa pergunta. As respostas passam pela importância das cores para ela –pense, por exemplo, na plumagem colorida dos parceiros sexuais.
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Conheça a geração Y, os profissionais que nasceram entre 1980 e 1995
DE SÃO PAULO O termo "millenial" foi cunhado pelo historiador e economista norte-americano Neil Howe nos anos 1990. Fazia menção à geração nascida a partir do início dos anos 80, que se tornou adolescente ou jovem adulta na virada do milênio. É uma outra forma de se referir à Geração Y. * MULTITAREFAS Respondem a diversos estímulos ao mesmo tempo com mais facilidade que as gerações anteriores, o que permite que se dediquem a diversas tarefas simultâneas INFLUÊNCIA A liderança deve ser conquistada, e não imposta. Por isso, os executivos dessa nova geração se baseiam menos na hierarquia à moda tradicional e mais na reputação do gestor RETORNO Com seus funcionários, os "millenials" também são adeptos do feedback frequente, que vem mais associado a uma espécie de coaching FLEXIBILIDADE O chefe da geração Y não costuma observar os horários de entrada e saída dos funcionários. Não se importa em controlar atividades, mas em exigir foco nos resultados combinados DIVERSÃO A geração Y está menos atrelada a uma separação de trabalho e vida pessoal quando comparada às gerações anteriores. Sente-se mais à vontade para se divertir no trabalho AUTORIDADE EM XEQUE Criados com maior liberdade em casa, eles têm mais dificuldade de lidar com os chefes. Podem ficar descontentes com estruturas mais rígidas QUESTIONAMENTOS A criação familiar mais aberta, em geral, gerou adultos questionadores, que gostam de entender todos os lados de uma questão antes de dar início a uma tarefa BEM-ESTAR Eles podem responder a um e-mail de trabalho de casa, mas não querem passar 12 horas no escritório. Quando são líderes, preocupam-se com a qualidade de vida dos colaboradores ANSIEDADE O executivo "millenial" tem foco no curto prazo e, em geral, pode não querer se estabelecer em uma mesma empresa por mais de cinco anos * NO TRABALHO, NÃO VIVO SEM... dinamismo, inovação e motivação para aprender e crescer junto com um time que busca manter o alto nível de entrega, sem perder a alegria. É importante saber que você é protagonista da sua carreira. O autoconhecimento permite que o profissional trabalhe em uma empresa que se conecta com ele QUANDO A TECNOLOGIA AJUDA? Quando minimiza distâncias, conectando as pessoas globalmente. Facilita a troca de informações, provê mais flexibilidade nos horários e agilidade nas tomadas de decisões. Na Roche, fazemos videoconferências constantemente, o que minimiza custos e permite trabalhar com pessoas de outras culturas diferentes com apenas alguns cliques QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA? Tudo o que é excesso pode atrapalhar UM EXECUTIVO QUE ADMIRO: Bill Gates, que revolucionou o mercado de computadores e depois se associou a um propósito maior, com sua fundação, que tem beneficiado milhões de pessoas
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Conheça a geração Y, os profissionais que nasceram entre 1980 e 1995 DE SÃO PAULO O termo "millenial" foi cunhado pelo historiador e economista norte-americano Neil Howe nos anos 1990. Fazia menção à geração nascida a partir do início dos anos 80, que se tornou adolescente ou jovem adulta na virada do milênio. É uma outra forma de se referir à Geração Y. * MULTITAREFAS Respondem a diversos estímulos ao mesmo tempo com mais facilidade que as gerações anteriores, o que permite que se dediquem a diversas tarefas simultâneas INFLUÊNCIA A liderança deve ser conquistada, e não imposta. Por isso, os executivos dessa nova geração se baseiam menos na hierarquia à moda tradicional e mais na reputação do gestor RETORNO Com seus funcionários, os "millenials" também são adeptos do feedback frequente, que vem mais associado a uma espécie de coaching FLEXIBILIDADE O chefe da geração Y não costuma observar os horários de entrada e saída dos funcionários. Não se importa em controlar atividades, mas em exigir foco nos resultados combinados DIVERSÃO A geração Y está menos atrelada a uma separação de trabalho e vida pessoal quando comparada às gerações anteriores. Sente-se mais à vontade para se divertir no trabalho AUTORIDADE EM XEQUE Criados com maior liberdade em casa, eles têm mais dificuldade de lidar com os chefes. Podem ficar descontentes com estruturas mais rígidas QUESTIONAMENTOS A criação familiar mais aberta, em geral, gerou adultos questionadores, que gostam de entender todos os lados de uma questão antes de dar início a uma tarefa BEM-ESTAR Eles podem responder a um e-mail de trabalho de casa, mas não querem passar 12 horas no escritório. Quando são líderes, preocupam-se com a qualidade de vida dos colaboradores ANSIEDADE O executivo "millenial" tem foco no curto prazo e, em geral, pode não querer se estabelecer em uma mesma empresa por mais de cinco anos * NO TRABALHO, NÃO VIVO SEM... dinamismo, inovação e motivação para aprender e crescer junto com um time que busca manter o alto nível de entrega, sem perder a alegria. É importante saber que você é protagonista da sua carreira. O autoconhecimento permite que o profissional trabalhe em uma empresa que se conecta com ele QUANDO A TECNOLOGIA AJUDA? Quando minimiza distâncias, conectando as pessoas globalmente. Facilita a troca de informações, provê mais flexibilidade nos horários e agilidade nas tomadas de decisões. Na Roche, fazemos videoconferências constantemente, o que minimiza custos e permite trabalhar com pessoas de outras culturas diferentes com apenas alguns cliques QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA? Tudo o que é excesso pode atrapalhar UM EXECUTIVO QUE ADMIRO: Bill Gates, que revolucionou o mercado de computadores e depois se associou a um propósito maior, com sua fundação, que tem beneficiado milhões de pessoas
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Morre aos 88 anos o rei da Tailândia, monarca mais longevo do mundo
Morreu nesta quinta-feira (13) o rei Bhumibol Adulyadej, da Tailândia, que, aos 88 anos, era o monarca mais longevo do mundo. Adulyadej morreu pouco antes das 16h locais (6h em Brasília) em um hospital de Bancoc, capital tailandesa, onde vinha recebendo tratamento médico. O palácio real não informou o motivo da morte. "Sua Majestade morreu em paz no hospital Siriraj", disse um comunicado oficial. O primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha, declarou um período de luto de um ano para autoridades do governo. Adulyadej foi rei da Tailândia durante 70 anos e, para a maioria da população, representava um elemento de estabilidade no país. Segundo o governo, será coroado novo rei da Tailândia o príncipe Maha Vajiralongkorn, 63, filho de Adulyadej.
mundo
Morre aos 88 anos o rei da Tailândia, monarca mais longevo do mundoMorreu nesta quinta-feira (13) o rei Bhumibol Adulyadej, da Tailândia, que, aos 88 anos, era o monarca mais longevo do mundo. Adulyadej morreu pouco antes das 16h locais (6h em Brasília) em um hospital de Bancoc, capital tailandesa, onde vinha recebendo tratamento médico. O palácio real não informou o motivo da morte. "Sua Majestade morreu em paz no hospital Siriraj", disse um comunicado oficial. O primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha, declarou um período de luto de um ano para autoridades do governo. Adulyadej foi rei da Tailândia durante 70 anos e, para a maioria da população, representava um elemento de estabilidade no país. Segundo o governo, será coroado novo rei da Tailândia o príncipe Maha Vajiralongkorn, 63, filho de Adulyadej.
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Temer oferece MP para evitar mudanças na reforma trabalhista
Para evitar alterações no projeto da reforma trabalhista, o presidente Michel Temer ofereceu a parlamentares do PMDB a edição de uma medida provisória que contemple as propostas de modificação do texto que forem feitas pelos senadores. Em troca, o Senado se comprometeria a votar a favor da proposta que já foi aprovada pelos deputados no fim de abril. Assim, o governo evita alterações no texto, que obrigariam o retorno do projeto à Câmara para uma nova votação. A oferta de editar uma MP para "aperfeiçoar" a nova legislação trabalhista em troca da aprovação do texto atual foi feita pelo presidente em reunião com a bancada de senadores do PMDB, liderada por Renan Calheiros (AL), que é crítico do projeto do governo. Temer não apontou quais seria o conteúdo dessa medida provisória, mas afirmou que pretende acolher sugestões que serão apresentadas nos debates que realizados em comissões e no plenário do Senado. A proposta de edição de uma MP é uma tentativa de neutralizar as críticas de senadores da base aliada, como Renan, que afirmam que a reforma trabalhista coloca em risco direitos estabelecidos pela legislação atual. Temer apontou que uma medida provisória poderia incluir proteções aos trabalhadores. O governo quer aprovar a reforma trabalhista o quanto antes, para limpar a pauta do Congresso e dar atenção total às mudanças na legislação previdenciária. A estratégia de Temer é evitar que os senadores façam alterações no projeto, o que forçaria a volta do texto para a Câmara, para uma nova votação. Uma medida provisória é editada exclusivamente pelo presidente da República, tem força de lei e pode passar a valer na data de sua publicação. Ela precisa, entretanto, ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias. O governo também trabalha com a possibilidade de editar uma outra MP para criar salvaguardas que compensem a nova legislação sobre a terceirização. A ideia é estabelecer regras mais claras para evitar a chamada "pejotização" —processo de contratação de trabalhadores como pessoas jurídicas. REFORMA TRABALHISTA - Veja os principais pontos que mudam com a reforma trabalhista RENAN PRESENTE Líder do PMDB no Senado, Renan surpreendeu o governo ao comparecer ao encontro de Temer com a bancada do partido no Palácio do Planalto, na manhã desta terça-feira (9). Sua presença não era esperada, dadas suas fortes críticas à agenda de reformas do presidente. Depois de ter começado a semana em conversas com outros senadores peemedebistas, Renan decidiu comparecer para evitar seu isolamento na bancada. Embora a equipe de Temer tenha se surpreendido positivamente com a presença, a avaliação é de que a postura não representa uma mudança de comportamento do peemedebista em relação às reformas. Demonstraria, apenas, disposição do senador em retomar o diálogo. Nas palavras de um assessor presidencial, Renan é um político de "idas e vindas" e há o risco de essa eventual aproximação ser apenas mais um "jogo de cena". O presidente não conta mais com a possibilidade de reaproximação com Renan, mas a intenção é manter uma distância segura em relação ao senador. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), reforçou o discurso da necessidade de aprovação das reformas previdenciária e trabalhista no Congresso, e minimizou desconforto com a presença de Renan no encontro. "Acho que a presença do senador, que é líder do partido e tem experiência, deve se colocar a serviço da bancada e do país para ajudar a debater. Os pontos que podem ser melhorados, o governo agirá para melhorar", afirmou Jucá. De acordo com o líder do governo, Renan foi um dos primeiros senadores a falar. "Ele falou sobre a questão de debater a proposta para que não se tire direitos. E nós afirmamos que não há nenhuma retirada de direitos", disse. Temer se reuniu com 19 senadores do PMDB, e os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Ronaldo Nogueira (Trabalho). Três senadores se ausentaram: Roberto Requião (PMDB-PR), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Dário Berger (PMDB-SC). O encontro foi convocado pelo Planalto para tentar dar celeridade à aprovação da reforma trabalhista. No Senado, o texto passará pelo crivo de três comissões antes de ser submetido ao plenário. Jucá reconheceu a possibilidade de apresentar à base aliada um pedido de urgência para a tramitação do projeto. O primeiro debate está marcado para esta quarta-feira (10), em uma audiência pública conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos e da Comissão de Assuntos Sociais. Jucá evita falar em prazos para a conclusão das votações. Quantas horas o brasileiro trabalha habitualmente - Por semana, em %
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Temer oferece MP para evitar mudanças na reforma trabalhistaPara evitar alterações no projeto da reforma trabalhista, o presidente Michel Temer ofereceu a parlamentares do PMDB a edição de uma medida provisória que contemple as propostas de modificação do texto que forem feitas pelos senadores. Em troca, o Senado se comprometeria a votar a favor da proposta que já foi aprovada pelos deputados no fim de abril. Assim, o governo evita alterações no texto, que obrigariam o retorno do projeto à Câmara para uma nova votação. A oferta de editar uma MP para "aperfeiçoar" a nova legislação trabalhista em troca da aprovação do texto atual foi feita pelo presidente em reunião com a bancada de senadores do PMDB, liderada por Renan Calheiros (AL), que é crítico do projeto do governo. Temer não apontou quais seria o conteúdo dessa medida provisória, mas afirmou que pretende acolher sugestões que serão apresentadas nos debates que realizados em comissões e no plenário do Senado. A proposta de edição de uma MP é uma tentativa de neutralizar as críticas de senadores da base aliada, como Renan, que afirmam que a reforma trabalhista coloca em risco direitos estabelecidos pela legislação atual. Temer apontou que uma medida provisória poderia incluir proteções aos trabalhadores. O governo quer aprovar a reforma trabalhista o quanto antes, para limpar a pauta do Congresso e dar atenção total às mudanças na legislação previdenciária. A estratégia de Temer é evitar que os senadores façam alterações no projeto, o que forçaria a volta do texto para a Câmara, para uma nova votação. Uma medida provisória é editada exclusivamente pelo presidente da República, tem força de lei e pode passar a valer na data de sua publicação. Ela precisa, entretanto, ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias. O governo também trabalha com a possibilidade de editar uma outra MP para criar salvaguardas que compensem a nova legislação sobre a terceirização. A ideia é estabelecer regras mais claras para evitar a chamada "pejotização" —processo de contratação de trabalhadores como pessoas jurídicas. REFORMA TRABALHISTA - Veja os principais pontos que mudam com a reforma trabalhista RENAN PRESENTE Líder do PMDB no Senado, Renan surpreendeu o governo ao comparecer ao encontro de Temer com a bancada do partido no Palácio do Planalto, na manhã desta terça-feira (9). Sua presença não era esperada, dadas suas fortes críticas à agenda de reformas do presidente. Depois de ter começado a semana em conversas com outros senadores peemedebistas, Renan decidiu comparecer para evitar seu isolamento na bancada. Embora a equipe de Temer tenha se surpreendido positivamente com a presença, a avaliação é de que a postura não representa uma mudança de comportamento do peemedebista em relação às reformas. Demonstraria, apenas, disposição do senador em retomar o diálogo. Nas palavras de um assessor presidencial, Renan é um político de "idas e vindas" e há o risco de essa eventual aproximação ser apenas mais um "jogo de cena". O presidente não conta mais com a possibilidade de reaproximação com Renan, mas a intenção é manter uma distância segura em relação ao senador. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), reforçou o discurso da necessidade de aprovação das reformas previdenciária e trabalhista no Congresso, e minimizou desconforto com a presença de Renan no encontro. "Acho que a presença do senador, que é líder do partido e tem experiência, deve se colocar a serviço da bancada e do país para ajudar a debater. Os pontos que podem ser melhorados, o governo agirá para melhorar", afirmou Jucá. De acordo com o líder do governo, Renan foi um dos primeiros senadores a falar. "Ele falou sobre a questão de debater a proposta para que não se tire direitos. E nós afirmamos que não há nenhuma retirada de direitos", disse. Temer se reuniu com 19 senadores do PMDB, e os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Ronaldo Nogueira (Trabalho). Três senadores se ausentaram: Roberto Requião (PMDB-PR), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Dário Berger (PMDB-SC). O encontro foi convocado pelo Planalto para tentar dar celeridade à aprovação da reforma trabalhista. No Senado, o texto passará pelo crivo de três comissões antes de ser submetido ao plenário. Jucá reconheceu a possibilidade de apresentar à base aliada um pedido de urgência para a tramitação do projeto. O primeiro debate está marcado para esta quarta-feira (10), em uma audiência pública conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos e da Comissão de Assuntos Sociais. Jucá evita falar em prazos para a conclusão das votações. Quantas horas o brasileiro trabalha habitualmente - Por semana, em %
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Secretaria de educação rebate reportagem sobre escolas ocupadas
Sobre a reportagem "Governo Alckmin aceita rediscutir plano se escolas forem desocupadas", a Secretaria da Educação afirma que a Folha continua errando quando afirma que o secretário Herman Voorwald consentiu uma suspensão temporária da reorganização da rede estadual de ensino. O chefe da pasta deixou claro que manterá as mudanças, além de reforçar que o diálogo deve prevalecer entre alunos e dirigentes para conseguir, de maneira pacífica, chegar a um consenso. As diretorias regionais de ensino continuarão à disposição para dialogar e trabalhar em equipe para garantir que os 200 dias letivos sejam cumpridos. PATRÍCIA LOPES, assessora de imprensa da Secretaria da Educação do Estado (São Paulo, SP) * RESPOSTA DA JORNALISTA JULIANA GRAGNANI - A reportagem reproduz informações dadas pelo secretário em evento oficial. "A reorganização, até vocês encaminharem as propostas, ela não existe", disse ele ao apresentar a ideia de rediscussão do plano em troca da desocupação das escolas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Secretaria de educação rebate reportagem sobre escolas ocupadasSobre a reportagem "Governo Alckmin aceita rediscutir plano se escolas forem desocupadas", a Secretaria da Educação afirma que a Folha continua errando quando afirma que o secretário Herman Voorwald consentiu uma suspensão temporária da reorganização da rede estadual de ensino. O chefe da pasta deixou claro que manterá as mudanças, além de reforçar que o diálogo deve prevalecer entre alunos e dirigentes para conseguir, de maneira pacífica, chegar a um consenso. As diretorias regionais de ensino continuarão à disposição para dialogar e trabalhar em equipe para garantir que os 200 dias letivos sejam cumpridos. PATRÍCIA LOPES, assessora de imprensa da Secretaria da Educação do Estado (São Paulo, SP) * RESPOSTA DA JORNALISTA JULIANA GRAGNANI - A reportagem reproduz informações dadas pelo secretário em evento oficial. "A reorganização, até vocês encaminharem as propostas, ela não existe", disse ele ao apresentar a ideia de rediscussão do plano em troca da desocupação das escolas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Massagem tântrica muda uma pessoa, jurou Augusto; faça por você, por mim
Eu comia grão de bico com cottage por motivo de gastrite. Bebia água morna com limão, porque funciona como um detergente para o fígado. Usava um cachecolzinho leve: fazia sol, mas vai que o ar condicionado me arranha as amígdalas? Augusto pediu desculpas pelo atraso. Estava em sua sessão quinzenal de massagem tântrica. Tive certeza que era piada e mudei de assunto. Ele imobilizou meu pulso e olhou firme: é o tipo da coisa que muda a vida da pessoa. Com a outra mão, começou a digitar em seu celular. O que você está fazendo, Augusto? Marcando uma sessão pra você. Achei que era piada e mudei de assunto. Ele pediu risoto com linguiça. Sabia que uma salsicha pode encurtar sua vida em até cinco dias? "E pensar tanto pode encurtar sua vida em cinco anos!", ele respondeu, bebendo Coca Zero. Seria minha cabeça uma espécie de embutido com tudo o que eu tenho de pior? Um prensado de neuroses? Um defumado de angústias? Augusto acha que ter na bolsa Zoloft, Rivotril e Dramin não quer dizer que sofro de ansiedade aguda e sim que não aprendi a liberar as energias... Ele contou que explodiu uma luminária novinha e caríssima que ficava ao lado da cama. Poxa, e não dá pra trocar por outra na loja? Tem alguma coisa errada com quem pensa na parte "luminária" da história e não na parte "orgasmo intergaláctico", disse Augusto. E então me mostrou sua conversa de WhatsApp. Ele explicando à terapeuta, de nome Deva, que se tratava de uma amiga com tendinites, gastrites, amigdalites. E ela dizendo: "Sim, hoje mesmo, às duas da tarde." Fiquei ofendida com a exposição e roubei o celular da mão dele. Ia desmarcar a parada. Foi quando vi a pequena foto de Deva no cantinho direito acima. Cliquei pra ver maior. Acho que esse tipo de curiosidade não orna com uma técnica séria e milenar de autoconhecimento, mas tenho minhas limitações. "Vem tranquila, vamos trabalhar bastante a sua 'yoni'!", ela avisou por áudio. Bem, eu tenho uma tia com esse nome, mas no caso ela se referia à minha vagina. Lembrei de tia Yone comendo ameixas no Natal, os caroços se enfileirando no pratinho, o rosto molenga capengado sobre um queixo tremeliquento. Tia Yone dizendo que ameixa era bom pra "ir ao banheiro". Não ia dar certo. Nunca mais nada daria certo. Prefiro Efexor com chá de hortelã. Vamos esquecer essa coisa de libido louca, loucura, luminárias que explodem. Vamos apenas continuar vivendo, desse jeitinho grão de bico com cottage. Ser feliz dá fobia. Augusto paralisou novamente meu pulso. Faça isso por você, por mim, por todos os seus amigos, pelo seu casamento, pela cidade, pela Eletropaulo, pelo Haddad. Bom, tinham desmarcado mesmo a minha reunião. "Mas eles usam luvas?" E com essa pergunta encerrei a paciência de meu amigo. Ele pediu a conta e chamou meu carro. Coloquei aquela do refrão "Take me now, baby, here as I am" no último volume e parti com coragem e atitude para o orgasmo dos orgasmos. Para receber em minha yoni uma massagem com luvas (olhei no Google e, sim, eles usam) e salvar os golfinhos. Mas o Morumbi é um bairro dificílimo e me perdi pra sempre. Em comparação a achar uma rua no Morumbi, ter um orgasmo intergaláctico me pareceu a coisa mais fácil do mundo.
colunas
Massagem tântrica muda uma pessoa, jurou Augusto; faça por você, por mimEu comia grão de bico com cottage por motivo de gastrite. Bebia água morna com limão, porque funciona como um detergente para o fígado. Usava um cachecolzinho leve: fazia sol, mas vai que o ar condicionado me arranha as amígdalas? Augusto pediu desculpas pelo atraso. Estava em sua sessão quinzenal de massagem tântrica. Tive certeza que era piada e mudei de assunto. Ele imobilizou meu pulso e olhou firme: é o tipo da coisa que muda a vida da pessoa. Com a outra mão, começou a digitar em seu celular. O que você está fazendo, Augusto? Marcando uma sessão pra você. Achei que era piada e mudei de assunto. Ele pediu risoto com linguiça. Sabia que uma salsicha pode encurtar sua vida em até cinco dias? "E pensar tanto pode encurtar sua vida em cinco anos!", ele respondeu, bebendo Coca Zero. Seria minha cabeça uma espécie de embutido com tudo o que eu tenho de pior? Um prensado de neuroses? Um defumado de angústias? Augusto acha que ter na bolsa Zoloft, Rivotril e Dramin não quer dizer que sofro de ansiedade aguda e sim que não aprendi a liberar as energias... Ele contou que explodiu uma luminária novinha e caríssima que ficava ao lado da cama. Poxa, e não dá pra trocar por outra na loja? Tem alguma coisa errada com quem pensa na parte "luminária" da história e não na parte "orgasmo intergaláctico", disse Augusto. E então me mostrou sua conversa de WhatsApp. Ele explicando à terapeuta, de nome Deva, que se tratava de uma amiga com tendinites, gastrites, amigdalites. E ela dizendo: "Sim, hoje mesmo, às duas da tarde." Fiquei ofendida com a exposição e roubei o celular da mão dele. Ia desmarcar a parada. Foi quando vi a pequena foto de Deva no cantinho direito acima. Cliquei pra ver maior. Acho que esse tipo de curiosidade não orna com uma técnica séria e milenar de autoconhecimento, mas tenho minhas limitações. "Vem tranquila, vamos trabalhar bastante a sua 'yoni'!", ela avisou por áudio. Bem, eu tenho uma tia com esse nome, mas no caso ela se referia à minha vagina. Lembrei de tia Yone comendo ameixas no Natal, os caroços se enfileirando no pratinho, o rosto molenga capengado sobre um queixo tremeliquento. Tia Yone dizendo que ameixa era bom pra "ir ao banheiro". Não ia dar certo. Nunca mais nada daria certo. Prefiro Efexor com chá de hortelã. Vamos esquecer essa coisa de libido louca, loucura, luminárias que explodem. Vamos apenas continuar vivendo, desse jeitinho grão de bico com cottage. Ser feliz dá fobia. Augusto paralisou novamente meu pulso. Faça isso por você, por mim, por todos os seus amigos, pelo seu casamento, pela cidade, pela Eletropaulo, pelo Haddad. Bom, tinham desmarcado mesmo a minha reunião. "Mas eles usam luvas?" E com essa pergunta encerrei a paciência de meu amigo. Ele pediu a conta e chamou meu carro. Coloquei aquela do refrão "Take me now, baby, here as I am" no último volume e parti com coragem e atitude para o orgasmo dos orgasmos. Para receber em minha yoni uma massagem com luvas (olhei no Google e, sim, eles usam) e salvar os golfinhos. Mas o Morumbi é um bairro dificílimo e me perdi pra sempre. Em comparação a achar uma rua no Morumbi, ter um orgasmo intergaláctico me pareceu a coisa mais fácil do mundo.
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Mudanças na Argentina
Desde que os Kirchner –primeiro com Néstor, depois com Cristina– chegaram ao poder, há 12 anos, a Argentina não conhece disputa presidencial tão acirrada quanto a que levará a população às urnas neste domingo (25). Há chances de o pleito se decidir apenas num inédito segundo turno. No levantamento mais recente, o candidato governista, Daniel Scioli, apareceu com 38% das preferências. Os oposicionistas Mauricio Macri e Sergio Massa registraram 29% e 21%, respectivamente. A eleição terminará no primeiro turno se alguém alcançar 45% dos votos, ou se o primeiro colocado chegar a 40% e superar o segundo por pelo menos dez pontos. A incerteza quanto ao desfecho não é o único fator capaz de atrair a atenção de um observador brasileiro. Mais importante são as declarações dos candidatos a sugerir alterações na política externa que podem beneficiar o Brasil. Embora próxima e ideologicamente afinada, a relação dos governos Kirchner com as administrações petistas se desgastou ao longo do tempo. A Argentina ainda é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, mas os laços têm se afrouxado ano após ano. De 2011 a 2014, o intercâmbio comercial entre os dois países caiu de US$ 39,5 bilhões para US$ 28 bilhões, regredindo ao patamar de 2007. Em 2014, o vizinho perdeu para os EUA o posto de principal destino de nossos manufaturados. Ademais, a participação da Argentina no conjunto das exportações brasileiras encolheu nos últimos dez anos, de 8,3% para 6,3%. Nesse período, a Argentina aproximou-se da Rússia e, sobretudo, da China. Essa orientação pode mudar em breve. Durante a campanha, os principais postulantes deram demonstrações de que pretendem reavivar as relações econômicas e diplomáticas com o Brasil. A reaproximação tende a ser proveitosa para os dois lados. O Brasil poderia agir como espécie de fiador do novo governo –a exígua credibilidade internacional da Argentina kirchnerista afugenta investidores e financiamentos externos. Há também a possibilidade de destravar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que se arrasta há mais de 15 anos e encontra no protecionismo argentino seu principal obstáculo. As duas nações podem ir além. O favorito Daniel Scioli já manifestou interesse em buscar parcerias com outros países e blocos. São iniciativas que, naturalmente, também dependem do Brasil. Resta saber como a errante política externa brasileira irá se comportar nesse novo cenário. [email protected]
opiniao
Mudanças na ArgentinaDesde que os Kirchner –primeiro com Néstor, depois com Cristina– chegaram ao poder, há 12 anos, a Argentina não conhece disputa presidencial tão acirrada quanto a que levará a população às urnas neste domingo (25). Há chances de o pleito se decidir apenas num inédito segundo turno. No levantamento mais recente, o candidato governista, Daniel Scioli, apareceu com 38% das preferências. Os oposicionistas Mauricio Macri e Sergio Massa registraram 29% e 21%, respectivamente. A eleição terminará no primeiro turno se alguém alcançar 45% dos votos, ou se o primeiro colocado chegar a 40% e superar o segundo por pelo menos dez pontos. A incerteza quanto ao desfecho não é o único fator capaz de atrair a atenção de um observador brasileiro. Mais importante são as declarações dos candidatos a sugerir alterações na política externa que podem beneficiar o Brasil. Embora próxima e ideologicamente afinada, a relação dos governos Kirchner com as administrações petistas se desgastou ao longo do tempo. A Argentina ainda é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, mas os laços têm se afrouxado ano após ano. De 2011 a 2014, o intercâmbio comercial entre os dois países caiu de US$ 39,5 bilhões para US$ 28 bilhões, regredindo ao patamar de 2007. Em 2014, o vizinho perdeu para os EUA o posto de principal destino de nossos manufaturados. Ademais, a participação da Argentina no conjunto das exportações brasileiras encolheu nos últimos dez anos, de 8,3% para 6,3%. Nesse período, a Argentina aproximou-se da Rússia e, sobretudo, da China. Essa orientação pode mudar em breve. Durante a campanha, os principais postulantes deram demonstrações de que pretendem reavivar as relações econômicas e diplomáticas com o Brasil. A reaproximação tende a ser proveitosa para os dois lados. O Brasil poderia agir como espécie de fiador do novo governo –a exígua credibilidade internacional da Argentina kirchnerista afugenta investidores e financiamentos externos. Há também a possibilidade de destravar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que se arrasta há mais de 15 anos e encontra no protecionismo argentino seu principal obstáculo. As duas nações podem ir além. O favorito Daniel Scioli já manifestou interesse em buscar parcerias com outros países e blocos. São iniciativas que, naturalmente, também dependem do Brasil. Resta saber como a errante política externa brasileira irá se comportar nesse novo cenário. [email protected]
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Caixa amplia restrição a crédito imobiliário, diz agência
A Caixa Econômica Federal está ampliando o rigor na concessão de empréstimo imobiliário, na esteira de sucessivos resgates na caderneta de poupança, principal fonte de recursos para o setor. Embora formalmente o banco estatal ainda exiba condições inalteradas, a aprovação dos pedidos de financiamento está sendo mais rigorosa e demorada, segundo profissionais do mercado imobiliário, de construtoras e da própria Caixa. Mutuários potenciais sem renda formal ou estável, como autônomos, estão tendo pedidos reprovados. E os que têm o pedido de empréstimo avalizado estão tendo que esperar até cinco meses para receber os recursos, e sendo 'convidados' a pagar um valor maior de entrada. "O processo está demorando muito mais e às vezes dão menos crédito do que o pedido pelo tomador", disse à Reuters a sócia da consultoria Akamines Negócios Imobiliários Daniele Akamine. Dois gerentes de agências da Caixa consultados confirmam o aumento do rigor na aprovação das propostas. "Estamos fazendo menos crédito imobiliário e mais devagar", disse um gerente de uma agência da Caixa na capital paulista, sob condição de anonimato. Além disso, o banco está priorizando a concessão do crédito para mutuários de empreendimentos cuja construção foi financiada pelo próprio banco, segundo as fontes. DESACELERAÇÃO A Caixa é a maior financiadora de imóveis do país, com cerca de 60% do mercado. Em 12 meses até setembro, o avanço desses empréstimos na Caixa foi de 17% e a expectativa do banco é que tenha fechado 2015 com alta de 15%. Desde 2011, quando a taxa de crescimento alcançou 41%, o ritmo de expansão do estoque de financiamentos da Caixa para habitação vem desacelerando, e pode continuar caindo em 2016. O movimento acontece na esteira dos sucessivos resgates no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), principal fonte de financiamentos para o setor. Em 2015, a poupança viu resgates líquidos recordes de R$ 53,568 bilhões. Com isso, no ano passado a Caixa reduziu de 90% para 80% o valor do imóvel financiado pelo Sistema de Amortização Constante (SAC) e de 70% para 50% pela tabela Price. Além disso, foi negado acesso de detentores de crédito com recursos da poupança a novos financiamentos dessa linha. Houve ainda três aumentos das taxas de juros em 2015. Em dezembro, uma fonte da administração da Caixa já tinha afirmado à Reuters que o banco avaliava ampliar o rigor nas concessões. POUPANÇA O menor volume de recursos da poupança atingiu o sistema bancário como um todo. O volume de crédito liberado pelo sistema para compra da casa própria desabou 33% no ano passado, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). A julgar pelos números da caderneta de poupança divulgados pelo Banco Central na véspera, que mostraram que os resgates superaram os depósitos em R$ 12 bilhões em janeiro, no pior desempenho mensal da série histórica, a tendência vai continuar. Para o presidente da Abecip, Gilberto de Abreu Filho, esse cenário terá como consequência o encarecimento do crédito. "Para não se submeter aos recursos do SBPE, os bancos vão ter que buscar outras fontes de captação, a preços de mercado, o que resultará em aumento das taxas para o tomador", disse. No caso da Caixa, o desdobramento desse cenário pode ser mais forte. Primeiro porque o banco estatal costuma praticar taxas menores do que os principais rivais. Um mix de fundos da poupança e do mercado tenderia a tirar parte da atratividade que o banco oferece em termos de taxas. Além disso, pode ter uma deterioração mais rápida do índice de inadimplência, dado que a expansão mais acentuada das concessões nos últimos anos foi um dos fatores que mantiveram os calotes em níveis controlados. Mesmo tendo mais da metade da carteira vinculada ao setor imobiliário, considerado de baixo risco, a Caixa viu sua taxa de financiamentos com atraso superior a 90 dias chegar a 3,3% no terceiro trimestre, maior nível em pelo menos cinco anos. Para evitar esse cenário, a Caixa aposta na expansão da carteira imobiliária por meio do Minha Casa Minha Vida, com recursos do governo federal. Mas a terceira fase do programa habitacional terá 2 milhões de unidades, 1 milhão a menos do que o anunciado anteriormente. MINHA CASA MINHA VIDA O aumento do rigor também está atingindo o Minha Casa Minha Vida, segundo executivos de construtoras. O diretor de Relações Institucionais da Cury Construtora, Ronaldo Cury, disse que pessoas com renda não estável, como taxistas, têm tido mais dificuldade para conseguir financiamento. "A Caixa está ficando mais criteriosa para oferecer crédito (para essas pessoas)." O presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Rubens Menin, concordou, comentando ainda que o aumento do rigor também ocorre no Banco do Brasil. Consultada, a Caixa respondeu em nota que "sempre foi e continuará rigorosa nos critérios de concessão de crédito" e que segue os critérios de apuração de renda definidos pelo BC. Em nota, o BB disse que "não fez alterações em sua política de crédito imobiliário e que a comprovação de renda sempre foi uma exigência do processo de análise de crédito".
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Caixa amplia restrição a crédito imobiliário, diz agênciaA Caixa Econômica Federal está ampliando o rigor na concessão de empréstimo imobiliário, na esteira de sucessivos resgates na caderneta de poupança, principal fonte de recursos para o setor. Embora formalmente o banco estatal ainda exiba condições inalteradas, a aprovação dos pedidos de financiamento está sendo mais rigorosa e demorada, segundo profissionais do mercado imobiliário, de construtoras e da própria Caixa. Mutuários potenciais sem renda formal ou estável, como autônomos, estão tendo pedidos reprovados. E os que têm o pedido de empréstimo avalizado estão tendo que esperar até cinco meses para receber os recursos, e sendo 'convidados' a pagar um valor maior de entrada. "O processo está demorando muito mais e às vezes dão menos crédito do que o pedido pelo tomador", disse à Reuters a sócia da consultoria Akamines Negócios Imobiliários Daniele Akamine. Dois gerentes de agências da Caixa consultados confirmam o aumento do rigor na aprovação das propostas. "Estamos fazendo menos crédito imobiliário e mais devagar", disse um gerente de uma agência da Caixa na capital paulista, sob condição de anonimato. Além disso, o banco está priorizando a concessão do crédito para mutuários de empreendimentos cuja construção foi financiada pelo próprio banco, segundo as fontes. DESACELERAÇÃO A Caixa é a maior financiadora de imóveis do país, com cerca de 60% do mercado. Em 12 meses até setembro, o avanço desses empréstimos na Caixa foi de 17% e a expectativa do banco é que tenha fechado 2015 com alta de 15%. Desde 2011, quando a taxa de crescimento alcançou 41%, o ritmo de expansão do estoque de financiamentos da Caixa para habitação vem desacelerando, e pode continuar caindo em 2016. O movimento acontece na esteira dos sucessivos resgates no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), principal fonte de financiamentos para o setor. Em 2015, a poupança viu resgates líquidos recordes de R$ 53,568 bilhões. Com isso, no ano passado a Caixa reduziu de 90% para 80% o valor do imóvel financiado pelo Sistema de Amortização Constante (SAC) e de 70% para 50% pela tabela Price. Além disso, foi negado acesso de detentores de crédito com recursos da poupança a novos financiamentos dessa linha. Houve ainda três aumentos das taxas de juros em 2015. Em dezembro, uma fonte da administração da Caixa já tinha afirmado à Reuters que o banco avaliava ampliar o rigor nas concessões. POUPANÇA O menor volume de recursos da poupança atingiu o sistema bancário como um todo. O volume de crédito liberado pelo sistema para compra da casa própria desabou 33% no ano passado, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). A julgar pelos números da caderneta de poupança divulgados pelo Banco Central na véspera, que mostraram que os resgates superaram os depósitos em R$ 12 bilhões em janeiro, no pior desempenho mensal da série histórica, a tendência vai continuar. Para o presidente da Abecip, Gilberto de Abreu Filho, esse cenário terá como consequência o encarecimento do crédito. "Para não se submeter aos recursos do SBPE, os bancos vão ter que buscar outras fontes de captação, a preços de mercado, o que resultará em aumento das taxas para o tomador", disse. No caso da Caixa, o desdobramento desse cenário pode ser mais forte. Primeiro porque o banco estatal costuma praticar taxas menores do que os principais rivais. Um mix de fundos da poupança e do mercado tenderia a tirar parte da atratividade que o banco oferece em termos de taxas. Além disso, pode ter uma deterioração mais rápida do índice de inadimplência, dado que a expansão mais acentuada das concessões nos últimos anos foi um dos fatores que mantiveram os calotes em níveis controlados. Mesmo tendo mais da metade da carteira vinculada ao setor imobiliário, considerado de baixo risco, a Caixa viu sua taxa de financiamentos com atraso superior a 90 dias chegar a 3,3% no terceiro trimestre, maior nível em pelo menos cinco anos. Para evitar esse cenário, a Caixa aposta na expansão da carteira imobiliária por meio do Minha Casa Minha Vida, com recursos do governo federal. Mas a terceira fase do programa habitacional terá 2 milhões de unidades, 1 milhão a menos do que o anunciado anteriormente. MINHA CASA MINHA VIDA O aumento do rigor também está atingindo o Minha Casa Minha Vida, segundo executivos de construtoras. O diretor de Relações Institucionais da Cury Construtora, Ronaldo Cury, disse que pessoas com renda não estável, como taxistas, têm tido mais dificuldade para conseguir financiamento. "A Caixa está ficando mais criteriosa para oferecer crédito (para essas pessoas)." O presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Rubens Menin, concordou, comentando ainda que o aumento do rigor também ocorre no Banco do Brasil. Consultada, a Caixa respondeu em nota que "sempre foi e continuará rigorosa nos critérios de concessão de crédito" e que segue os critérios de apuração de renda definidos pelo BC. Em nota, o BB disse que "não fez alterações em sua política de crédito imobiliário e que a comprovação de renda sempre foi uma exigência do processo de análise de crédito".
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Carro sem motorista do Google estimula contratações nas montadoras
As fabricantes de carros de luxo alemãs BMW, Mercedes-Benz e Audi estão atraindo especialistas em software enquanto companhias de tecnologia como Google ameaçam ultrapassá-las na corrida para desenvolver um carro sem motorista. Conhecimento em software se tornou um novo campo de batalha para as montadoras de veículos e empresas de tecnologia, com carros precisando de linhas de códigos que conectem motor elétrico, smartphones e freios quando o sistema de radar identifica um obstáculo à frente. Sem reforçar seus conhecimentos digitais, as montadoras alemãs vão enfrentar dificuldades para oferecerem novos recursos sofisticados, como direção autônoma e serviços de compartilhamento de carros para competirem com novos rivais como Google e Uber. "O que as companhias de carros estão fazendo é contratar pessoas geralmente fora do setor automotivo. Algumas companhias há alguns anos atrás não tinham um departamento de carro conectado. Todas têm isso agora", disse o presidente-executivo da Magma People, Malcolm Earp. Em agosto BMW, Audi e Mercedes disseram que vão pagar cerca de 2,5 bilhões de euros (2,8 bilhões de dólares) para comprar a divisão de mapas digitais da Nokia, ultrapassando rivais de tecnologia em um dos serviços vistos como uma das chaves para o futuro dos carros que não precisam de motorista. No último exemplo de cruzamento entre os setores de tecnologia e automóveis, o Google nomeou o veterano John Krafcik, ex presidente-executivo da Hyundai Motors America para conduzir seu projeto de carro sem motorista. A força de trabalho da BMW cresceu 6,2%, para 119.489 no final de junho, com a montadora afirmando que vai continuar a recrutar funcionários em 2015 para ajudar "no desenvolvimento de novas tecnologias, incluindo a cada vez maior escala de digitalização". Na Audi, houve aumento de 8% nos postos de trabalho entre janeiro e junho, para 81.640 funcionários. A montadora planeja adicionar mais 6 mil empregados para "apoiar o desenvolvimento de tecnologias pioneiras, bem como para expansão de nossas instalações internacionais". A controladora da Mercedes, Daimler, afirmou que o quadro de pessoal cresceu 1,6% no primeiro semestre do ano, para 284.441 e que o número ao final do ano deve ser maior que em 2014. Em junho, a Daimler Trucks comprou a fornecedora de informações de telemetria Zonar Systems para ajudar no lançamento de serviços como diagnóstico de veículos por satélite voltados a operadoras de frotas de veículos.
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Carro sem motorista do Google estimula contratações nas montadorasAs fabricantes de carros de luxo alemãs BMW, Mercedes-Benz e Audi estão atraindo especialistas em software enquanto companhias de tecnologia como Google ameaçam ultrapassá-las na corrida para desenvolver um carro sem motorista. Conhecimento em software se tornou um novo campo de batalha para as montadoras de veículos e empresas de tecnologia, com carros precisando de linhas de códigos que conectem motor elétrico, smartphones e freios quando o sistema de radar identifica um obstáculo à frente. Sem reforçar seus conhecimentos digitais, as montadoras alemãs vão enfrentar dificuldades para oferecerem novos recursos sofisticados, como direção autônoma e serviços de compartilhamento de carros para competirem com novos rivais como Google e Uber. "O que as companhias de carros estão fazendo é contratar pessoas geralmente fora do setor automotivo. Algumas companhias há alguns anos atrás não tinham um departamento de carro conectado. Todas têm isso agora", disse o presidente-executivo da Magma People, Malcolm Earp. Em agosto BMW, Audi e Mercedes disseram que vão pagar cerca de 2,5 bilhões de euros (2,8 bilhões de dólares) para comprar a divisão de mapas digitais da Nokia, ultrapassando rivais de tecnologia em um dos serviços vistos como uma das chaves para o futuro dos carros que não precisam de motorista. No último exemplo de cruzamento entre os setores de tecnologia e automóveis, o Google nomeou o veterano John Krafcik, ex presidente-executivo da Hyundai Motors America para conduzir seu projeto de carro sem motorista. A força de trabalho da BMW cresceu 6,2%, para 119.489 no final de junho, com a montadora afirmando que vai continuar a recrutar funcionários em 2015 para ajudar "no desenvolvimento de novas tecnologias, incluindo a cada vez maior escala de digitalização". Na Audi, houve aumento de 8% nos postos de trabalho entre janeiro e junho, para 81.640 funcionários. A montadora planeja adicionar mais 6 mil empregados para "apoiar o desenvolvimento de tecnologias pioneiras, bem como para expansão de nossas instalações internacionais". A controladora da Mercedes, Daimler, afirmou que o quadro de pessoal cresceu 1,6% no primeiro semestre do ano, para 284.441 e que o número ao final do ano deve ser maior que em 2014. Em junho, a Daimler Trucks comprou a fornecedora de informações de telemetria Zonar Systems para ajudar no lançamento de serviços como diagnóstico de veículos por satélite voltados a operadoras de frotas de veículos.
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Escola no Brasil deveria ir além das operações básicas, afirma leitor
O editorial Educação fora da caixa abrange quase todos os aspectos para torná-la realmente o instrumento principal na transformação do cidadão e consequentemente do país em grande nação. Não sei se estou sendo muito exigente, mas gostaria que a escola fosse além das operações básicas de matemática, português e ciência. Penso em uma instituição que transforme o aluno em um cidadão autônomo, critico e que saiba seus direitos, deveres e as consequências de seus atos. Sem esse sujeito transformador, dificilmente o Brasil sairá da inércia e do atoleiro que volta e meia se encontra. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) * Concordo totalmente com a advogada tributarista Flávia Regina Oliveira quando ela afirma que o processo para obter isenção de ITCMD no caso de entidade que recebe doação acima de cerca de R$ 53 mil é burocrático (Isenção de imposto estadual é burocrática ). De fato, o Brasil não tem a cultura da doação e o primeiro passo para a mudança dessa cultura é, justamente, o incentivo do benefício fiscal, que quase não existe no Brasil e que é sucesso em tantos outros países como estímulo à filantropia. MARINA MORAES A. FERREIRA, vice-presidente da Associação Endowment Direito GV (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
paineldoleitor
Escola no Brasil deveria ir além das operações básicas, afirma leitorO editorial Educação fora da caixa abrange quase todos os aspectos para torná-la realmente o instrumento principal na transformação do cidadão e consequentemente do país em grande nação. Não sei se estou sendo muito exigente, mas gostaria que a escola fosse além das operações básicas de matemática, português e ciência. Penso em uma instituição que transforme o aluno em um cidadão autônomo, critico e que saiba seus direitos, deveres e as consequências de seus atos. Sem esse sujeito transformador, dificilmente o Brasil sairá da inércia e do atoleiro que volta e meia se encontra. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) * Concordo totalmente com a advogada tributarista Flávia Regina Oliveira quando ela afirma que o processo para obter isenção de ITCMD no caso de entidade que recebe doação acima de cerca de R$ 53 mil é burocrático (Isenção de imposto estadual é burocrática ). De fato, o Brasil não tem a cultura da doação e o primeiro passo para a mudança dessa cultura é, justamente, o incentivo do benefício fiscal, que quase não existe no Brasil e que é sucesso em tantos outros países como estímulo à filantropia. MARINA MORAES A. FERREIRA, vice-presidente da Associação Endowment Direito GV (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Sem apoiar outro republicano, Ben Carson oficializa fim de candidatura
Ao oficializar sua saída da disputa pela candidatura do Partido Republicano, Ben Carson evitou endossar outro nome para as eleições presidenciais deste ano nos EUA. Na quarta (2), após um mau desempenho nas prévias da Superterça, o neurocirurgião já tinha dito que não via "caminho político" para continuar no páreo. "Ainda que eu esteja saindo da campanha, vocês sabem que há muitas pessoas que me amam. Elas só não poderão votar em mim", disse, durante conferência com representantes de diversos grupos conservadores do país, a Conservative Political Action Conference, em Maryland. "Mas está tudo bem. Não é um problema. Eu continuarei envolvido em tentar salvar a nossa nação." Embora não tenha endossado nenhum outro nome, Carson disse que uma disputa prolongada entre os republicanos enfraqueceria as chances do partido contra o democrata escolhido para concorrer à Casa Branca. Somente Hillary Clinton e Bernie Sanders disputam a candidatura do Partido Democrata. "Precisamos entender que nós, Republicanos, não somos nossos próprios inimigos. Não podemos nos dar ao luxo de dar essa munição aos democratas."
mundo
Sem apoiar outro republicano, Ben Carson oficializa fim de candidaturaAo oficializar sua saída da disputa pela candidatura do Partido Republicano, Ben Carson evitou endossar outro nome para as eleições presidenciais deste ano nos EUA. Na quarta (2), após um mau desempenho nas prévias da Superterça, o neurocirurgião já tinha dito que não via "caminho político" para continuar no páreo. "Ainda que eu esteja saindo da campanha, vocês sabem que há muitas pessoas que me amam. Elas só não poderão votar em mim", disse, durante conferência com representantes de diversos grupos conservadores do país, a Conservative Political Action Conference, em Maryland. "Mas está tudo bem. Não é um problema. Eu continuarei envolvido em tentar salvar a nossa nação." Embora não tenha endossado nenhum outro nome, Carson disse que uma disputa prolongada entre os republicanos enfraqueceria as chances do partido contra o democrata escolhido para concorrer à Casa Branca. Somente Hillary Clinton e Bernie Sanders disputam a candidatura do Partido Democrata. "Precisamos entender que nós, Republicanos, não somos nossos próprios inimigos. Não podemos nos dar ao luxo de dar essa munição aos democratas."
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Casa de carnes do grupo Ráscal aposta em cortes estrangeiros
DANIELLE NAGASE DE SÃO PAULO As carnes são as vedetes do novo Cortés, inaugurado em janeiro no piso térreo do shopping Villa-Lobos. A casa pertence ao mesmo grupo à frente do Ráscal, rede de restaurantes que aposta em bufês. Em um salão moderno e aconchegante, a casa sugere um cardápio enxuto com sete opções de cortes argentinos, uruguaios e norte-americanos, como o bife de chorizo (miolo do contrafilé) e asado de tira (costela) —não há picanha. As carnes são bem servidas (têm em média 330g). O bife Cortés (R$ 55), por exemplo —vegetarianos, pulem essa parte!—, chega à mesa num prato branco, dividido em dois pedaços, e mais nada. O suco da carne derrama a cada fatia. Se quiser acompanhamentos, é preciso pedir à parte. Há saladas e guarnições, como a parrillada de legumes, a porção de polenta frita, o arroz com brócolis e a farofa de biju. Para beber, há drinques exclusivos preparados no bar da casa, além da carta de vinhos e cervejas que sugere "bons rótulos para harmonizar com carne vermelha". Anexo opera um miniempório onde se pode comprar ingredientes usados na cozinha do restaurante, inclusive as carnes e o carvão. Shopping Villa-Lobos. Av. das Nações Unidas, 4.777, Jardim Universidade Pinheiros, região oeste, tel. 3024-4301. Seg. a qui.: 12h às 15h15 e 19h às 22h15. Sex. e sáb.: 12h às 17h15 e 19h às 23h15. Dom.: 12h às 17h15 e 19h às 22h15.
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Casa de carnes do grupo Ráscal aposta em cortes estrangeirosDANIELLE NAGASE DE SÃO PAULO As carnes são as vedetes do novo Cortés, inaugurado em janeiro no piso térreo do shopping Villa-Lobos. A casa pertence ao mesmo grupo à frente do Ráscal, rede de restaurantes que aposta em bufês. Em um salão moderno e aconchegante, a casa sugere um cardápio enxuto com sete opções de cortes argentinos, uruguaios e norte-americanos, como o bife de chorizo (miolo do contrafilé) e asado de tira (costela) —não há picanha. As carnes são bem servidas (têm em média 330g). O bife Cortés (R$ 55), por exemplo —vegetarianos, pulem essa parte!—, chega à mesa num prato branco, dividido em dois pedaços, e mais nada. O suco da carne derrama a cada fatia. Se quiser acompanhamentos, é preciso pedir à parte. Há saladas e guarnições, como a parrillada de legumes, a porção de polenta frita, o arroz com brócolis e a farofa de biju. Para beber, há drinques exclusivos preparados no bar da casa, além da carta de vinhos e cervejas que sugere "bons rótulos para harmonizar com carne vermelha". Anexo opera um miniempório onde se pode comprar ingredientes usados na cozinha do restaurante, inclusive as carnes e o carvão. Shopping Villa-Lobos. Av. das Nações Unidas, 4.777, Jardim Universidade Pinheiros, região oeste, tel. 3024-4301. Seg. a qui.: 12h às 15h15 e 19h às 22h15. Sex. e sáb.: 12h às 17h15 e 19h às 23h15. Dom.: 12h às 17h15 e 19h às 22h15.
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Lombriga aumenta fertilidade das mulheres, diz estudo
James Gallagher Editor de Saúde da BBC News Uma infecção causada por um conhecido verme parasita aumenta a fertilidade da mulher, afirmam cientistas. Um estudo realizado com 986 índias na Amazônia boliviana concluiu que aquelas que tinham infecção permanente por Ascaris lumbricoides, ou lombriga, tiveram dois filhos a mais do que aquelas sem a doença. Também registraram menor tempo entre as gestações e a primeira gravidez em idade menor. Leia também: Cientistas descobrem mutação que torna bactérias imbatíveis por antibióticos Em artigo publicado na revista especializada Science, pesquisadores sugerem que o parasita, que pode alcançar até 36 cm de comprimento, altera o sistema imunológico para facilitar a gravidez. Assim como os fetos, os parasitas são considerados intrusos por esse sistema, e estimulam estratégias de tolerância imunológica para não serem atacados pelo próprio organismo. Os resultados da investigação podem levar a novos medicamentos usados em tratamentos de infertilidade, concluem. Em média, as famílias das mulheres da etnia tsimané possuem nove crianças. E cerca de 70% da população possui infecção provocada por vermes parasitas. O povo da etnia indígena Tsimané, na Bolivia, vive da coleta e da caça Cerca de um terço da população mundial também vive com tais infecções. Estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas possuam doenças causadas por vermes intestinais, sobretudo em áreas com más condições sanitárias. Mas enquanto o Ascaris lumbricoides elevou a fertilidade no estudo, que levou nove anos, vermes nematódeos, como os causadores da ancilostomose (ou amarelão), causaram o efeito oposto - três filhos a menos ao longo da vida. Um dos autores do estudo, Aaron Blackwell, da Universidade da Califórnia Santa Bárbara, disse que os efeitos identificados são "inesperadamente grandes". Leia também: Estamos vencendo a luta contra o HIV? Segundo ele, o sistema imunológico da mulher muda naturalmente durante a gravidez, para evitar a rejeição ao feto, e algo semelhante ocorre na presença da lombriga. "Acreditamos que os efeitos que notamos provavelmente se devem a essas infecções alterando o sistema imunológico das mulheres, de modo a torná-las mais ou menos receptivas à gravidez." Blackwell diz que o uso de parasitas como tratamento de fertilidade é uma "possibilidade intrigante", mas diz que é preciso mais pesquisas "antes que possamos recomendar qualquer pessoa a tentar isso". Rick Maizels, especialista em vermes parasitas e sistema imunológico da Universidade de Edimburgo, considerou "horrível" a descoberta dos efeitos negativos das infecções por nematódeos sobre a gravidez. "Metade das mulheres de 26 a 28 anos ainda não engravidaram, e isso tem um impacto enorme na vida." Ele acredita que esses vermes também possam estar estimulando infertilidade porque causam anemia. Allan Pacey, especialista em reprodução humana da Universidade de Sheffield, disse que a descoberta da relação entre infecção por lombriga e fertilidade é "surpreendente e intrigante". Segundo ele, drogas já foram empregadas para alterar o sistema imunológico da mulher e tentar elevar a possibilidade de sucesso em fertilizações in vitro, mas os resultados não foram satisfatórios. "Não gostaria de sugerir que mulheres tentem se infectar com parasitas para elevar a fertilidade, mas estudos complementares sobre a imunologia de mulheres que possuem lombrigas podem levar a novas drogas para tratamento da infertilidade".
bbc
Lombriga aumenta fertilidade das mulheres, diz estudoJames Gallagher Editor de Saúde da BBC News Uma infecção causada por um conhecido verme parasita aumenta a fertilidade da mulher, afirmam cientistas. Um estudo realizado com 986 índias na Amazônia boliviana concluiu que aquelas que tinham infecção permanente por Ascaris lumbricoides, ou lombriga, tiveram dois filhos a mais do que aquelas sem a doença. Também registraram menor tempo entre as gestações e a primeira gravidez em idade menor. Leia também: Cientistas descobrem mutação que torna bactérias imbatíveis por antibióticos Em artigo publicado na revista especializada Science, pesquisadores sugerem que o parasita, que pode alcançar até 36 cm de comprimento, altera o sistema imunológico para facilitar a gravidez. Assim como os fetos, os parasitas são considerados intrusos por esse sistema, e estimulam estratégias de tolerância imunológica para não serem atacados pelo próprio organismo. Os resultados da investigação podem levar a novos medicamentos usados em tratamentos de infertilidade, concluem. Em média, as famílias das mulheres da etnia tsimané possuem nove crianças. E cerca de 70% da população possui infecção provocada por vermes parasitas. O povo da etnia indígena Tsimané, na Bolivia, vive da coleta e da caça Cerca de um terço da população mundial também vive com tais infecções. Estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas possuam doenças causadas por vermes intestinais, sobretudo em áreas com más condições sanitárias. Mas enquanto o Ascaris lumbricoides elevou a fertilidade no estudo, que levou nove anos, vermes nematódeos, como os causadores da ancilostomose (ou amarelão), causaram o efeito oposto - três filhos a menos ao longo da vida. Um dos autores do estudo, Aaron Blackwell, da Universidade da Califórnia Santa Bárbara, disse que os efeitos identificados são "inesperadamente grandes". Leia também: Estamos vencendo a luta contra o HIV? Segundo ele, o sistema imunológico da mulher muda naturalmente durante a gravidez, para evitar a rejeição ao feto, e algo semelhante ocorre na presença da lombriga. "Acreditamos que os efeitos que notamos provavelmente se devem a essas infecções alterando o sistema imunológico das mulheres, de modo a torná-las mais ou menos receptivas à gravidez." Blackwell diz que o uso de parasitas como tratamento de fertilidade é uma "possibilidade intrigante", mas diz que é preciso mais pesquisas "antes que possamos recomendar qualquer pessoa a tentar isso". Rick Maizels, especialista em vermes parasitas e sistema imunológico da Universidade de Edimburgo, considerou "horrível" a descoberta dos efeitos negativos das infecções por nematódeos sobre a gravidez. "Metade das mulheres de 26 a 28 anos ainda não engravidaram, e isso tem um impacto enorme na vida." Ele acredita que esses vermes também possam estar estimulando infertilidade porque causam anemia. Allan Pacey, especialista em reprodução humana da Universidade de Sheffield, disse que a descoberta da relação entre infecção por lombriga e fertilidade é "surpreendente e intrigante". Segundo ele, drogas já foram empregadas para alterar o sistema imunológico da mulher e tentar elevar a possibilidade de sucesso em fertilizações in vitro, mas os resultados não foram satisfatórios. "Não gostaria de sugerir que mulheres tentem se infectar com parasitas para elevar a fertilidade, mas estudos complementares sobre a imunologia de mulheres que possuem lombrigas podem levar a novas drogas para tratamento da infertilidade".
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Folha agradece e retribui votos de boas-festas
A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de Oscar Hipólito, reitor da Universidade Anhembi Morumbi (São Paulo, SP), de Alfredo Muradas Dapena (Rio de Janeiro, RJ), de Ronilson de Souza Luiz, capitão da Polícia Militar (São Paulo, SP), de Jorge Duarte Rodrigues, do jornal "Taperá" (Salto, SP), e de Ademir Valezi (São Paulo, SP). * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Folha agradece e retribui votos de boas-festasA Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de Oscar Hipólito, reitor da Universidade Anhembi Morumbi (São Paulo, SP), de Alfredo Muradas Dapena (Rio de Janeiro, RJ), de Ronilson de Souza Luiz, capitão da Polícia Militar (São Paulo, SP), de Jorge Duarte Rodrigues, do jornal "Taperá" (Salto, SP), e de Ademir Valezi (São Paulo, SP). * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Partido Republicano passa por pior crise em 50 anos, diz analista
O Partido Republicano se vê diante de sua pior crise existencial em mais de meio século e não há sinais de recuperação em um futuro próximo, afirmam analistas. Uma eventual saída do empresário Donald Trump da legenda apenas aprofundaria a crise interna, enquanto a oficialização de sua candidatura mudaria radicalmente a plataforma política republicana, apontam. O pesquisador William Galston, ex-assessor do ex-presidente Bill Clinton e especialista em polarização política, afirma que o comando republicano deve perder, em menos de duas semanas, a sua única chance de conter a disparada de Trump. Para isso, diz, seria necessário evitar que o magnata vença em mais Estados. Uma estratégia seria que os demais pré-candidatos concordassem em não fazer campanha em Ohio -salvo pelo governador do Estado, John Kasich. Isso permitiria que ele ganhasse as prévias no dia 15 e levasse os 66 delegados na disputa. Da mesma forma, seria necessário um acordo na Flórida para que o senador pelo Estado Marco Rubio saia vitorioso da votação no mesmo dia e leve os 99 delegados em questão. "Esse nível de coordenação simplesmente não existe", observou Galston. "Não há ninguém com capacidade de organizar a oposição a Trump dentro do partido. Seus adversários estão divididos, o que é decisivo." Prévia da Eleição nos EUA O analista diz que o último racha comparável se deu em 1964, quando o então senador Barry Goldwater conquistou a candidatura presidencial. Ele, contudo, perdeu a eleição geral, devolvendo o controle do partido à sua base tradicional. Entre as explicações para a crise de identidade do partido conservador americano, estudiosos apontam os fatores econômico e demográfico. Não houve, de parte de nenhum partido, resposta ao empobrecimento em curso da população, especialmente da classe média, o que deflagrou o sentimento de insatisfação que marca a atual corrida. Ao mesmo tempo, a população se diversifica ano após ano, com aumento da parcela de imigrantes e negros. Projeções apontam que, em 2045, os brancos serão grupo minoritário nos EUA. "Há décadas, o Partido Republicano se apoia na combinação de dois grupos: os favoráveis aos negócios privados e pessoas do 'establishment', e brancos de classe média baixa e alguns da classe trabalhadora preocupados com questões sociais e de raça", aponta Alex Keyssar, pesquisador da Universidade Harvard. "Essa não é necessariamente uma coalizão natural, e não acho que continuará a existir como vinha sendo nos últimos anos." Disputa pela Casa Branca
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Partido Republicano passa por pior crise em 50 anos, diz analistaO Partido Republicano se vê diante de sua pior crise existencial em mais de meio século e não há sinais de recuperação em um futuro próximo, afirmam analistas. Uma eventual saída do empresário Donald Trump da legenda apenas aprofundaria a crise interna, enquanto a oficialização de sua candidatura mudaria radicalmente a plataforma política republicana, apontam. O pesquisador William Galston, ex-assessor do ex-presidente Bill Clinton e especialista em polarização política, afirma que o comando republicano deve perder, em menos de duas semanas, a sua única chance de conter a disparada de Trump. Para isso, diz, seria necessário evitar que o magnata vença em mais Estados. Uma estratégia seria que os demais pré-candidatos concordassem em não fazer campanha em Ohio -salvo pelo governador do Estado, John Kasich. Isso permitiria que ele ganhasse as prévias no dia 15 e levasse os 66 delegados na disputa. Da mesma forma, seria necessário um acordo na Flórida para que o senador pelo Estado Marco Rubio saia vitorioso da votação no mesmo dia e leve os 99 delegados em questão. "Esse nível de coordenação simplesmente não existe", observou Galston. "Não há ninguém com capacidade de organizar a oposição a Trump dentro do partido. Seus adversários estão divididos, o que é decisivo." Prévia da Eleição nos EUA O analista diz que o último racha comparável se deu em 1964, quando o então senador Barry Goldwater conquistou a candidatura presidencial. Ele, contudo, perdeu a eleição geral, devolvendo o controle do partido à sua base tradicional. Entre as explicações para a crise de identidade do partido conservador americano, estudiosos apontam os fatores econômico e demográfico. Não houve, de parte de nenhum partido, resposta ao empobrecimento em curso da população, especialmente da classe média, o que deflagrou o sentimento de insatisfação que marca a atual corrida. Ao mesmo tempo, a população se diversifica ano após ano, com aumento da parcela de imigrantes e negros. Projeções apontam que, em 2045, os brancos serão grupo minoritário nos EUA. "Há décadas, o Partido Republicano se apoia na combinação de dois grupos: os favoráveis aos negócios privados e pessoas do 'establishment', e brancos de classe média baixa e alguns da classe trabalhadora preocupados com questões sociais e de raça", aponta Alex Keyssar, pesquisador da Universidade Harvard. "Essa não é necessariamente uma coalizão natural, e não acho que continuará a existir como vinha sendo nos últimos anos." Disputa pela Casa Branca
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Robson encurta férias após ouro na Rio-16 por estreia como profissional
As merecidas férias de campeão olímpico a que Robson Conceição, 28, tem direito são gozadas em uma abafada academia na periferia de sua cidade natal, Salvador. Não há glamour algum enquanto o suor escorre incessantemente em seu 1,71 m durante as duas horas de atividades pela manhã em uma semana em que os termômetros não deram qualquer clemência —máximas de 31ºC. O único boxeador brasileiro a conquistar um ouro em Jogos Olímpicos golpeia sacos, treina luva, pula corda. No instante seguinte, sobe ao ringue e movimenta-se alternando esquivas e socos contra o vazio, como se guiado pelo mantra de seu ídolo, Muhammad Ali (1942-2016): voe como uma borboleta e ferroe como uma abelha. O devaneio é interrompido ao comando do técnico Luiz Dórea, proprietário do estabelecimento e quem dá o rumo da carreira de Robson. Dórea, cujo pupilo mais famoso foi Popó, tetracampeão mundial nos 1990 e 2000, quer que Robson passe a carregar o mesmo título que deu à sua academia: Champion. Pouco mais de dois meses depois de derrotar o francês Soufiane Oumiha no pavilhão 6 do Riocentro para subir ao topo do pódio olímpico do peso leve (até 60 kg), Robson entra na contagem final de sua preparação para a estreia no boxe profissional. No próximo sábado (5), ele enfrentará o norte-americano Clay Burns, 29, no Thomas & Mack Center, em Las Vegas, nos Estados Unidos. O adversário apresenta um cartel modesto com quatro vitórias, dois empates e duas derrotas. O combate é válido pelos super-penas (até 59 kg), terá seis rounds de duração e será o primeiro compromisso do baiano na meca do boxe. Não vale qualquer título e, por razões contratuais, o estafe do brasileiro não divulga a bolsa que lhe será paga. Sua luta será preliminar do combate entre o filipino Manny Pacquiao, um dos grandes nomes do esporte internacionalmente, e Jessie Vargas. Desde que anunciou seu contrato de cinco anos com a promotora Top Rank, no início de setembro, Robson já tem se programado para disputar seis lutas por temporada. A segunda aparição deverá ocorrer em março. Apesar do começo contra um oponente pouco expressivo, Robson reconhece que o projeto é ambicioso. "Nós estamos trabalhando para lutar por cinturões mundiais." O baiano é conhecido por ser agressivo, com golpes retos e rápidos. O estilo no ringue contamina seu discurso. "Eu quero chegar ao patamar de um Popó, de um Eder [Jofre]. É a lei da superação. Eu e minha equipe trabalhamos para que daqui a um ano e meio lute por um título mundial. Quero entrar para o hall da fama do boxe", disse, em entrevista à Folha, ao fim de um treino na terça (25). Sem dúvida uma caminhada longa, mas Robson afirmou ter os predicados para brilhar no meio profissional. No fundo, o baiano acredita que seu estilo se enquadra melhor ao novo desafio do que à modalidade olímpica -que tem três rounds com três minutos cada um. Robson e Dórea não planejam disputar competições do boxe olímpico. Assim, uma eventual participação nos Jogos de Tóquio-2020, onde ele poderia defender seu título, por ora está descartada. Uma reviravolta, porém, ainda é possível. Profissionais podem participar da Olimpíada, o que não era permitido até 2016, depois que a associação internacional de boxe amador, a AIBA, flexibilizou regras. "Agora terei mais tempo de luta para buscar o nocaute e não só pontos", comentou. Como as lutas têm meses de intervalo, também há possibilidade de estudar mais os oponentes. No formato amador, os torneios se desenrolam geralmente em duas semanas, com combates em dias no mínimo intercalados. Nestes dias que antecedem sua estreia, Robson fará atividades de "manutenção", para não perder ritmo, e se dedicará a analisar Burns. A diminuição na frequência também será importante para ajudá-lo a domar um outro adversário encardido, que o acompanha por onde vai. Devido às dores nas costas, ele usa uma cinta que lhe alivia o incômodo. Praticamente só a tira para os treinos. "Atleta sem dor não é um atleta. É preciso superar os adversários em cima do ringue e embaixo do ringue, mas está melhor do que na Olimpíada", comemorou. Por uma dessas ironias da vida, o campeão olímpico, supostamente a maior de todas as distinções, caminhará rumo a um terreno incógnito. Para dissipar qualquer receio ele repete que, mesmo perante quase 19 mil pessoas no ginásio, lutará por apenas um motivo: a filha Sofia, 2, que não estará no local. "Como pai, luto para dar um futuro melhor para ela, uma infância melhor." "Estou pronto para dar um show", brincou o lutador. RAIO-X Robson Conceição NASCIMENTO: 25 de outubro de 1988 (28 anos), em Salvador (BA) FAMÍLIA: Casado com a boxeadora Érica Matos, primeira brasileira a lutar em uma Olimpíada (Londres-2012). Têm uma filha, Sophia ALTURA/PESO: 1,75 m/60 kg TÉCNICO: Luiz Dórea PRINCIPAIS CONQUISTAS: Prata no Panamericano de Guadalajara (2011) e ouro nos Jogos Olímpicos do Rio PIONEIRO: É o primeiro e, por enquanto, único boxeador brasileiro a ser campeão olímpico
esporte
Robson encurta férias após ouro na Rio-16 por estreia como profissionalAs merecidas férias de campeão olímpico a que Robson Conceição, 28, tem direito são gozadas em uma abafada academia na periferia de sua cidade natal, Salvador. Não há glamour algum enquanto o suor escorre incessantemente em seu 1,71 m durante as duas horas de atividades pela manhã em uma semana em que os termômetros não deram qualquer clemência —máximas de 31ºC. O único boxeador brasileiro a conquistar um ouro em Jogos Olímpicos golpeia sacos, treina luva, pula corda. No instante seguinte, sobe ao ringue e movimenta-se alternando esquivas e socos contra o vazio, como se guiado pelo mantra de seu ídolo, Muhammad Ali (1942-2016): voe como uma borboleta e ferroe como uma abelha. O devaneio é interrompido ao comando do técnico Luiz Dórea, proprietário do estabelecimento e quem dá o rumo da carreira de Robson. Dórea, cujo pupilo mais famoso foi Popó, tetracampeão mundial nos 1990 e 2000, quer que Robson passe a carregar o mesmo título que deu à sua academia: Champion. Pouco mais de dois meses depois de derrotar o francês Soufiane Oumiha no pavilhão 6 do Riocentro para subir ao topo do pódio olímpico do peso leve (até 60 kg), Robson entra na contagem final de sua preparação para a estreia no boxe profissional. No próximo sábado (5), ele enfrentará o norte-americano Clay Burns, 29, no Thomas & Mack Center, em Las Vegas, nos Estados Unidos. O adversário apresenta um cartel modesto com quatro vitórias, dois empates e duas derrotas. O combate é válido pelos super-penas (até 59 kg), terá seis rounds de duração e será o primeiro compromisso do baiano na meca do boxe. Não vale qualquer título e, por razões contratuais, o estafe do brasileiro não divulga a bolsa que lhe será paga. Sua luta será preliminar do combate entre o filipino Manny Pacquiao, um dos grandes nomes do esporte internacionalmente, e Jessie Vargas. Desde que anunciou seu contrato de cinco anos com a promotora Top Rank, no início de setembro, Robson já tem se programado para disputar seis lutas por temporada. A segunda aparição deverá ocorrer em março. Apesar do começo contra um oponente pouco expressivo, Robson reconhece que o projeto é ambicioso. "Nós estamos trabalhando para lutar por cinturões mundiais." O baiano é conhecido por ser agressivo, com golpes retos e rápidos. O estilo no ringue contamina seu discurso. "Eu quero chegar ao patamar de um Popó, de um Eder [Jofre]. É a lei da superação. Eu e minha equipe trabalhamos para que daqui a um ano e meio lute por um título mundial. Quero entrar para o hall da fama do boxe", disse, em entrevista à Folha, ao fim de um treino na terça (25). Sem dúvida uma caminhada longa, mas Robson afirmou ter os predicados para brilhar no meio profissional. No fundo, o baiano acredita que seu estilo se enquadra melhor ao novo desafio do que à modalidade olímpica -que tem três rounds com três minutos cada um. Robson e Dórea não planejam disputar competições do boxe olímpico. Assim, uma eventual participação nos Jogos de Tóquio-2020, onde ele poderia defender seu título, por ora está descartada. Uma reviravolta, porém, ainda é possível. Profissionais podem participar da Olimpíada, o que não era permitido até 2016, depois que a associação internacional de boxe amador, a AIBA, flexibilizou regras. "Agora terei mais tempo de luta para buscar o nocaute e não só pontos", comentou. Como as lutas têm meses de intervalo, também há possibilidade de estudar mais os oponentes. No formato amador, os torneios se desenrolam geralmente em duas semanas, com combates em dias no mínimo intercalados. Nestes dias que antecedem sua estreia, Robson fará atividades de "manutenção", para não perder ritmo, e se dedicará a analisar Burns. A diminuição na frequência também será importante para ajudá-lo a domar um outro adversário encardido, que o acompanha por onde vai. Devido às dores nas costas, ele usa uma cinta que lhe alivia o incômodo. Praticamente só a tira para os treinos. "Atleta sem dor não é um atleta. É preciso superar os adversários em cima do ringue e embaixo do ringue, mas está melhor do que na Olimpíada", comemorou. Por uma dessas ironias da vida, o campeão olímpico, supostamente a maior de todas as distinções, caminhará rumo a um terreno incógnito. Para dissipar qualquer receio ele repete que, mesmo perante quase 19 mil pessoas no ginásio, lutará por apenas um motivo: a filha Sofia, 2, que não estará no local. "Como pai, luto para dar um futuro melhor para ela, uma infância melhor." "Estou pronto para dar um show", brincou o lutador. RAIO-X Robson Conceição NASCIMENTO: 25 de outubro de 1988 (28 anos), em Salvador (BA) FAMÍLIA: Casado com a boxeadora Érica Matos, primeira brasileira a lutar em uma Olimpíada (Londres-2012). Têm uma filha, Sophia ALTURA/PESO: 1,75 m/60 kg TÉCNICO: Luiz Dórea PRINCIPAIS CONQUISTAS: Prata no Panamericano de Guadalajara (2011) e ouro nos Jogos Olímpicos do Rio PIONEIRO: É o primeiro e, por enquanto, único boxeador brasileiro a ser campeão olímpico
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Marcus Pestana: O lugar do fato
Há determinadas abordagens da mídia que causam prejuízos inestimáveis à imagem de quem acaba vítima de imprecisões. É o caso da notícia veiculada, que mereceu coluna deste jornal, afirmando que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria utilizado de forma indevida um helicóptero e um avião do governo de Minas Gerais para deslocamentos em agendas oficiais de trabalho. Certamente fui uma das muitas pessoas que leu e releu a reportagem para tentar entender o que havia de errado com deslocamentos realizados em data, hora e percursos rotineiros de agenda de autoridade pública entre endereços de trabalho. O senador Aécio Neves usou o helicóptero do governo de Minas para traslado entre a residência do então governador, Antonio Anastasia, e a sede administrativa do governo e, uma vez, um avião no deslocamento entre Belo Horizonte e Brasília. Em todas as oportunidades para tratar de matérias de interesse do Estado e pelo qual tem representação política como senador. Não havendo dúvida, portanto, do caráter oficial dos traslados, o combate político nas redes sociais derivou para a acusação de que Aécio utilizou uma aeronave do governo de Minas na condição de ex-governador. Isso não é verdade. Aécio o fez como autoridade pública, na condição de senador pelo Estado e em demandas devidamente autorizadas, como ocorreu em outras casos e ocasiões no transporte de ministros, deputados e presidentes de estatais. Há uma diferença enorme entre as duas situações. Para tirar a dúvida, basta considerar o conteúdo do decreto que estabelece os procedimentos legais para uso das aeronaves do Estado. O texto é claro ao afirmar que as aeronaves podem ser usadas por autoridades públicas em cumprimento de missão oficial. É também claro em determinar que algumas, no caso específico um helicóptero, são destinadas ao atendimento do governador. Ou seja, não podem ser utilizadas sem autorização dele. Mas o decreto não condiciona o uso exclusivo do governador. Refere-se, sim, ao atendimento de demandas do governador e de nenhuma outra autoridade do governo. A mim chamou especial atenção o tratamento de denúncia dado ao fato, mesmo estando disponível a informação de que outras autoridades fizeram uso das mesmas aeronaves, nos mesmos trajetos e condições de trabalho. Inexplicavelmente, essa informação não foi considerada como relevante. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) usaram em Minas as mesmas aeronaves que o senador Aécio e em iguais percursos. Por que só Aécio foi notícia? É incompreensível a comparação feita entre a utilização de aeronaves por um senador com a feita em 2005 de um avião da FAB para transportar amigos de um dos filhos do então presidente Lula para gozar férias. Quero repor a verdade sobre um fato: o senador Aécio Neves utilizou as aeronaves do governo de Minas de forma regular, no cumprimento de agendas oficiais, assim como o fizeram outras autoridades. MARCUS PESTANA, 54, deputado federal, é presidente do PSDB de Minas Gerais * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Marcus Pestana: O lugar do fatoHá determinadas abordagens da mídia que causam prejuízos inestimáveis à imagem de quem acaba vítima de imprecisões. É o caso da notícia veiculada, que mereceu coluna deste jornal, afirmando que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria utilizado de forma indevida um helicóptero e um avião do governo de Minas Gerais para deslocamentos em agendas oficiais de trabalho. Certamente fui uma das muitas pessoas que leu e releu a reportagem para tentar entender o que havia de errado com deslocamentos realizados em data, hora e percursos rotineiros de agenda de autoridade pública entre endereços de trabalho. O senador Aécio Neves usou o helicóptero do governo de Minas para traslado entre a residência do então governador, Antonio Anastasia, e a sede administrativa do governo e, uma vez, um avião no deslocamento entre Belo Horizonte e Brasília. Em todas as oportunidades para tratar de matérias de interesse do Estado e pelo qual tem representação política como senador. Não havendo dúvida, portanto, do caráter oficial dos traslados, o combate político nas redes sociais derivou para a acusação de que Aécio utilizou uma aeronave do governo de Minas na condição de ex-governador. Isso não é verdade. Aécio o fez como autoridade pública, na condição de senador pelo Estado e em demandas devidamente autorizadas, como ocorreu em outras casos e ocasiões no transporte de ministros, deputados e presidentes de estatais. Há uma diferença enorme entre as duas situações. Para tirar a dúvida, basta considerar o conteúdo do decreto que estabelece os procedimentos legais para uso das aeronaves do Estado. O texto é claro ao afirmar que as aeronaves podem ser usadas por autoridades públicas em cumprimento de missão oficial. É também claro em determinar que algumas, no caso específico um helicóptero, são destinadas ao atendimento do governador. Ou seja, não podem ser utilizadas sem autorização dele. Mas o decreto não condiciona o uso exclusivo do governador. Refere-se, sim, ao atendimento de demandas do governador e de nenhuma outra autoridade do governo. A mim chamou especial atenção o tratamento de denúncia dado ao fato, mesmo estando disponível a informação de que outras autoridades fizeram uso das mesmas aeronaves, nos mesmos trajetos e condições de trabalho. Inexplicavelmente, essa informação não foi considerada como relevante. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) usaram em Minas as mesmas aeronaves que o senador Aécio e em iguais percursos. Por que só Aécio foi notícia? É incompreensível a comparação feita entre a utilização de aeronaves por um senador com a feita em 2005 de um avião da FAB para transportar amigos de um dos filhos do então presidente Lula para gozar férias. Quero repor a verdade sobre um fato: o senador Aécio Neves utilizou as aeronaves do governo de Minas de forma regular, no cumprimento de agendas oficiais, assim como o fizeram outras autoridades. MARCUS PESTANA, 54, deputado federal, é presidente do PSDB de Minas Gerais * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Com suporte a 4K, PlayStation 4 Pro é anunciado pela Sony
A Sony anunciou nesta quarta-feira (7) o PlayStation 4 Pro, versão mais robusta do console lançado no fim de 2013, que terá compatibilidade com a resolução 4K. O console foi revelado durante um evento realizado pela empresa em Nova York. O PS4 Pro será um hardware mais poderoso que o PS4 comum, capaz de rodar games com gráficos melhores. A Sony promete, porém, que ele não terá jogos exclusivos —todos os futuros lançamentos ainda poderão ser jogados no PS4 regular. Nos EUA, o PlayStation 4 Pro chegará às lojas no dia 10 de novembro de 2016 custando US$ 400. Por enquanto, não há informações sobre o lançamento do novo console no Brasil. De acordo com a Sony, o PS4 Pro terá mais do que o dobro de poder na unidade de processamento gráfico; uma velocidade de clock mais alta na CPU; e total compatibilidade com o PS4 comum. "A ideia não é embaçar as linhas entre gerações, mas sim permitir experiências com mais fidelidade gráfica dentro dessa geração atual", disse Mark Cerny, responsável pelo hardware. GRÁFICOS MELHORADOS Durante seu evento, a Sony demonstrou cenas de jogos como o novo "Spider-Man", "Watch Dogs 2", "Rise of the Tomb Raider", "For Honor" e "Deus Ex: Mankind Divided" rodando no PlayStation 4 Pro com mais clareza e fidelidade gráfica do que no PS4 comum, em 4K. A tecnologia HDR, que permite a TVs modernas exibir um número maior de cores simultaneamente, também será uma das novas funcionalidades do PS4 Pro, conforme demonstrado em games como "Days Gone", "Uncharted 4 - A Thief's End" e "inFamous: First Light". Consoles PlayStation 4 comuns também receberão suporte a HDR com uma atualização de firmware. A Sony promete ainda, porém, que PS4 Pro fará jogos mais bonitos até mesmo para quem não tem uma TV 4K ou com suporte a HDR. Rumores sobre o PS4 Pro começaram a aparecer pouco antes da E3 deste ano, mas a Sony preferiu adiar o anúncio até setembro. Na época, o executivo Andrew House confirmou o desenvolvimento do novo console, mas disse que ainda esperava ter mais jogos que mostrassem a diferença entre games rodando no PS4 atual e no novo sistema. "SLIM" O PlayStation 4 ganhará uma nova versão, mais compacta do que o modelo atual. O console sai em 15 de setembro nos EUA e vai custar US$ 300. Por enquanto, não há informações sobre o lançamento do aparelho no Brasil. O console apareceu algumas semanas atrás na internet e chegou a ser comercializado por uma rede de lojas na Inglaterra, antes mesmo do anúncio oficial. Só agora, porém, a Sony confirma a existência do aparelho. Além do tamanho reduzido, o novo modelo do PlayStation 4 é acompanhado por um novo controle, similar ao atual DualShock 4 em tamanho, mas com pequenas mudanças estéticas. A luz frontal do controle, por exemplo, agora pode ser vista também pela parte de cima. Outra novidade é que o aparelho já vem pronto para o uso dos óculos de realidade virtual PlayStation VR.
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Com suporte a 4K, PlayStation 4 Pro é anunciado pela SonyA Sony anunciou nesta quarta-feira (7) o PlayStation 4 Pro, versão mais robusta do console lançado no fim de 2013, que terá compatibilidade com a resolução 4K. O console foi revelado durante um evento realizado pela empresa em Nova York. O PS4 Pro será um hardware mais poderoso que o PS4 comum, capaz de rodar games com gráficos melhores. A Sony promete, porém, que ele não terá jogos exclusivos —todos os futuros lançamentos ainda poderão ser jogados no PS4 regular. Nos EUA, o PlayStation 4 Pro chegará às lojas no dia 10 de novembro de 2016 custando US$ 400. Por enquanto, não há informações sobre o lançamento do novo console no Brasil. De acordo com a Sony, o PS4 Pro terá mais do que o dobro de poder na unidade de processamento gráfico; uma velocidade de clock mais alta na CPU; e total compatibilidade com o PS4 comum. "A ideia não é embaçar as linhas entre gerações, mas sim permitir experiências com mais fidelidade gráfica dentro dessa geração atual", disse Mark Cerny, responsável pelo hardware. GRÁFICOS MELHORADOS Durante seu evento, a Sony demonstrou cenas de jogos como o novo "Spider-Man", "Watch Dogs 2", "Rise of the Tomb Raider", "For Honor" e "Deus Ex: Mankind Divided" rodando no PlayStation 4 Pro com mais clareza e fidelidade gráfica do que no PS4 comum, em 4K. A tecnologia HDR, que permite a TVs modernas exibir um número maior de cores simultaneamente, também será uma das novas funcionalidades do PS4 Pro, conforme demonstrado em games como "Days Gone", "Uncharted 4 - A Thief's End" e "inFamous: First Light". Consoles PlayStation 4 comuns também receberão suporte a HDR com uma atualização de firmware. A Sony promete ainda, porém, que PS4 Pro fará jogos mais bonitos até mesmo para quem não tem uma TV 4K ou com suporte a HDR. Rumores sobre o PS4 Pro começaram a aparecer pouco antes da E3 deste ano, mas a Sony preferiu adiar o anúncio até setembro. Na época, o executivo Andrew House confirmou o desenvolvimento do novo console, mas disse que ainda esperava ter mais jogos que mostrassem a diferença entre games rodando no PS4 atual e no novo sistema. "SLIM" O PlayStation 4 ganhará uma nova versão, mais compacta do que o modelo atual. O console sai em 15 de setembro nos EUA e vai custar US$ 300. Por enquanto, não há informações sobre o lançamento do aparelho no Brasil. O console apareceu algumas semanas atrás na internet e chegou a ser comercializado por uma rede de lojas na Inglaterra, antes mesmo do anúncio oficial. Só agora, porém, a Sony confirma a existência do aparelho. Além do tamanho reduzido, o novo modelo do PlayStation 4 é acompanhado por um novo controle, similar ao atual DualShock 4 em tamanho, mas com pequenas mudanças estéticas. A luz frontal do controle, por exemplo, agora pode ser vista também pela parte de cima. Outra novidade é que o aparelho já vem pronto para o uso dos óculos de realidade virtual PlayStation VR.
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Ações da Petrobras sobem quase 9% com alta do petróleo e queda do dólar
As ações da Petrobras subiram quase 9% nesta quarta-feira (8), impulsionando o Ibovespa, que avançou 2,26%. Os papéis preferenciais da estatal fecharam a sessão com ganho de 8,93%, a R$ 9,39, e os ordinários subiram 8,26%, a R$ 12,05. Segundo analistas, uma série de fatores favorece os papéis da estatal de petróleo. O petróleo Brent, negociado Londres, está acima de US$ 52 o barril, na maior cotação desde outubro. Outro fator é o câmbio. "A forte queda do dólar ante o real reduz bastante a dívida da companhia", comenta Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor. "A nova gestão da companhia, com Pedro Parente na presidência, também agrada ao mercado." O dólar comercial fechou em baixa de 2,34%, a R$ 3,3700, na menor cotação desde 29 de julho do ano passado (R$ 3,3300). Além disso, a Petrobras anunciou nesta terça-feira (7) que vai vender pacotes com terminais de importação de gás e termelétricas. Em comunicado oficial, a companhia informou que iniciou um processo competitivo para vender os ativos, o que a ajudará a reduzir o alto endividamento. Nesta quarta-feira, a estatal anunciou que sua produção de petróleo e gás cresceu 5% em maio, na comparação com abril, para 2,83 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Na comparação com o mesmo mês de 2015, a alta foi de 2%. O salto na produção se deve ao retorno de plataformas que estavam paradas para manutenção e do início da operação de novos poços no pré-sal.
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Ações da Petrobras sobem quase 9% com alta do petróleo e queda do dólarAs ações da Petrobras subiram quase 9% nesta quarta-feira (8), impulsionando o Ibovespa, que avançou 2,26%. Os papéis preferenciais da estatal fecharam a sessão com ganho de 8,93%, a R$ 9,39, e os ordinários subiram 8,26%, a R$ 12,05. Segundo analistas, uma série de fatores favorece os papéis da estatal de petróleo. O petróleo Brent, negociado Londres, está acima de US$ 52 o barril, na maior cotação desde outubro. Outro fator é o câmbio. "A forte queda do dólar ante o real reduz bastante a dívida da companhia", comenta Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor. "A nova gestão da companhia, com Pedro Parente na presidência, também agrada ao mercado." O dólar comercial fechou em baixa de 2,34%, a R$ 3,3700, na menor cotação desde 29 de julho do ano passado (R$ 3,3300). Além disso, a Petrobras anunciou nesta terça-feira (7) que vai vender pacotes com terminais de importação de gás e termelétricas. Em comunicado oficial, a companhia informou que iniciou um processo competitivo para vender os ativos, o que a ajudará a reduzir o alto endividamento. Nesta quarta-feira, a estatal anunciou que sua produção de petróleo e gás cresceu 5% em maio, na comparação com abril, para 2,83 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Na comparação com o mesmo mês de 2015, a alta foi de 2%. O salto na produção se deve ao retorno de plataformas que estavam paradas para manutenção e do início da operação de novos poços no pré-sal.
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De volta à Papuda, Geddel reencontra mesmos companheiros de cela
De volta ao presídio da Papuda, no Distrito Federal, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) reencontrou os mesmos companheiros de cela da primeira vez em que esteve no local. O peemedebista foi preso na última sexta (8) depois de a Polícia Federal descobrir um "bunker" em Salvador, onde estavam guardados R$ 51 milhões em dinheiro vivo. A PF identificou nas notas impressões digitais do ex-ministro e de seu ex-assessor Gustavo Ferraz, também detido. Geddel chegou à Papuda no fim da tarde de sexta, dois meses depois da primeira vez, quando foi preso por obstrução de Justiça no dia 3 de julho. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do DF, o baiano divide cela com nove presos, exatamente os mesmos da outra vez. Segundo o órgão, a capacidade da cela é para 12 pessoas, com quatro treliches. De acordo com a SSP, há apenas chuveiro frio no local e um espaço para necessidades fisiológicas. Geddel está no mesmo presídio de Lucio Bolonha Funaro, pessoa que foi determinante para a decisão da Justiça da primeira prisão do peemedebista. Preso desde julho do ano passado, Funaro é apontado pelas investigações como operador do ex-deputado Eduardo Cunha e de todo o PMDB da Câmara. De acordo com a SSP, eles estão em alas separadas na Papuda. Geddel está na ala A e Funaro na ala B, no bloco 5. Segundo a assessoria de imprensa da SSP, eles não têm permissão de se encontrarem. Os dois têm direito a duas horas por dia de banho de sol, mas em momentos diferentes. Todos os detentos da cela de Geddel têm ensino superior, segundo a SSP. GOVERNO Geddel deixou o governo Temer, de quem é amigo de longa data, sob acusação de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (Cultura) para viabilizar um empreendimento na Bahia. Os apartamentos no prédio pivô da queda do baiano são avaliados em R$ 2,6 milhões, com vista para a Baía de Todos-os-Santos, em Salvador. Se a suspeita da PF se confirmar de que o dinheiro todo encontrado no "bunker" é de Geddel, pode-se concluir que ele poderia comprar quase 20 imóveis iguais a esse que determinou sua saída do governo. A defesa do ex-ministro diz que não teve acesso ainda ao processo e, portanto, não comentaria.
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De volta à Papuda, Geddel reencontra mesmos companheiros de celaDe volta ao presídio da Papuda, no Distrito Federal, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) reencontrou os mesmos companheiros de cela da primeira vez em que esteve no local. O peemedebista foi preso na última sexta (8) depois de a Polícia Federal descobrir um "bunker" em Salvador, onde estavam guardados R$ 51 milhões em dinheiro vivo. A PF identificou nas notas impressões digitais do ex-ministro e de seu ex-assessor Gustavo Ferraz, também detido. Geddel chegou à Papuda no fim da tarde de sexta, dois meses depois da primeira vez, quando foi preso por obstrução de Justiça no dia 3 de julho. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do DF, o baiano divide cela com nove presos, exatamente os mesmos da outra vez. Segundo o órgão, a capacidade da cela é para 12 pessoas, com quatro treliches. De acordo com a SSP, há apenas chuveiro frio no local e um espaço para necessidades fisiológicas. Geddel está no mesmo presídio de Lucio Bolonha Funaro, pessoa que foi determinante para a decisão da Justiça da primeira prisão do peemedebista. Preso desde julho do ano passado, Funaro é apontado pelas investigações como operador do ex-deputado Eduardo Cunha e de todo o PMDB da Câmara. De acordo com a SSP, eles estão em alas separadas na Papuda. Geddel está na ala A e Funaro na ala B, no bloco 5. Segundo a assessoria de imprensa da SSP, eles não têm permissão de se encontrarem. Os dois têm direito a duas horas por dia de banho de sol, mas em momentos diferentes. Todos os detentos da cela de Geddel têm ensino superior, segundo a SSP. GOVERNO Geddel deixou o governo Temer, de quem é amigo de longa data, sob acusação de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (Cultura) para viabilizar um empreendimento na Bahia. Os apartamentos no prédio pivô da queda do baiano são avaliados em R$ 2,6 milhões, com vista para a Baía de Todos-os-Santos, em Salvador. Se a suspeita da PF se confirmar de que o dinheiro todo encontrado no "bunker" é de Geddel, pode-se concluir que ele poderia comprar quase 20 imóveis iguais a esse que determinou sua saída do governo. A defesa do ex-ministro diz que não teve acesso ainda ao processo e, portanto, não comentaria.
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Veja o cartum da edição deste domingo
JOÃO MONTANARO, 18, é cartunista da Folha.
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Veja o cartum da edição deste domingoJOÃO MONTANARO, 18, é cartunista da Folha.
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Premiê britânico vai congelar salários de ministros por cinco anos
Os ministros do governo britânico terão seus salários congelados por mais cinco anos, enquanto o governo tenta reduzir o deficit orçamentário, afirmou neste domingo (24) o primeiro-ministro David Cameron. Os ministros britânicos ganham £ 134.565 (cerca de R$ 645 mil) por ano, incluindo seu salário de parlamentar, o adicional pelo cargo e a verba para gastos. Este valor está congelado desde 2010, quando foi cortado em 5% como parte dos esforços de austeridade do governo. O Partido Conservador de Cameron, que surpreendeu ao ganhar a maioria das cadeiras na eleição parlamentar deste mês, se comprometeu a cortar £ 25 bilhões (cerca de R$ 120 bilhões) em gastos do governo ao longo dos próximos dois anos, como parte do esforço para transformar um déficit orçamentário de 5% em um superavit até 2018 e 2019. "Vamos continuar a tomar as decisões difíceis necessárias para reduzir os gastos e assegurar nossa economia", escreveu Cameron em artigo no jornal "Sunday Times". "Eu decidi congelar o salário dos ministros no governo [...], todos nós vamos desempenhar os nossos papéis [na recuperação]." Uma organização independente que supervisiona a remuneração e as despesas dos legisladores recomendou que todos os 650 membros do Parlamento, incluindo ministros, recebam um aumento salarial de 10% neste ano, o que elevaria seu salário parlamentar para £ 74 mil (R$ 354 mil). Cameron pediu que o órgão reconsiderasse a proposta. Em anos anteriores, quando a organização pediu aumento dos salários dos parlamentares, o governo cortou o que os ministros ganham além do seu salário de parlamentares para que o Orçamento permanecesse o mesmo.
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Premiê britânico vai congelar salários de ministros por cinco anosOs ministros do governo britânico terão seus salários congelados por mais cinco anos, enquanto o governo tenta reduzir o deficit orçamentário, afirmou neste domingo (24) o primeiro-ministro David Cameron. Os ministros britânicos ganham £ 134.565 (cerca de R$ 645 mil) por ano, incluindo seu salário de parlamentar, o adicional pelo cargo e a verba para gastos. Este valor está congelado desde 2010, quando foi cortado em 5% como parte dos esforços de austeridade do governo. O Partido Conservador de Cameron, que surpreendeu ao ganhar a maioria das cadeiras na eleição parlamentar deste mês, se comprometeu a cortar £ 25 bilhões (cerca de R$ 120 bilhões) em gastos do governo ao longo dos próximos dois anos, como parte do esforço para transformar um déficit orçamentário de 5% em um superavit até 2018 e 2019. "Vamos continuar a tomar as decisões difíceis necessárias para reduzir os gastos e assegurar nossa economia", escreveu Cameron em artigo no jornal "Sunday Times". "Eu decidi congelar o salário dos ministros no governo [...], todos nós vamos desempenhar os nossos papéis [na recuperação]." Uma organização independente que supervisiona a remuneração e as despesas dos legisladores recomendou que todos os 650 membros do Parlamento, incluindo ministros, recebam um aumento salarial de 10% neste ano, o que elevaria seu salário parlamentar para £ 74 mil (R$ 354 mil). Cameron pediu que o órgão reconsiderasse a proposta. Em anos anteriores, quando a organização pediu aumento dos salários dos parlamentares, o governo cortou o que os ministros ganham além do seu salário de parlamentares para que o Orçamento permanecesse o mesmo.
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Leitor comenta artigo de Maurício de Sousa sobre quadrinhos e literatura
A iniciação literária relatada por Maurício de Sousa também foi a minha ("Quadrinho é literatura", Tendências/Debates, 20/4). Deve-se usar o estímulo da arte visual para a apresentação do texto, como nos foram apresentadas as Mônicas e Emílias. Ainda mais hoje, onde o fantástico é a literatura capilarizada entre os jovens, parece estar faltando essa transição para leituras, digamos, mais densas e profundas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Leitor comenta artigo de Maurício de Sousa sobre quadrinhos e literaturaA iniciação literária relatada por Maurício de Sousa também foi a minha ("Quadrinho é literatura", Tendências/Debates, 20/4). Deve-se usar o estímulo da arte visual para a apresentação do texto, como nos foram apresentadas as Mônicas e Emílias. Ainda mais hoje, onde o fantástico é a literatura capilarizada entre os jovens, parece estar faltando essa transição para leituras, digamos, mais densas e profundas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Seis passos para comprar um imóvel nos Estados Unidos
Os investimentos de brasileiros em imóveis no exterior praticamente triplicaram entre 2008 e 2013, passando de US$ 1,9 bilhão para S$ 5,4 bilhões em propriedades. Só os EUA concentraram 31% do valor investido em 2013. Com a recuperação da economia norte-americana, o cenário de preços de imóveis "no chão" passou, mas ointeresse das empresas pelo brasileiro que busca adquirir unidades no país persiste. A demanda por imóveis nos EUA está concentrada na Flórida, sobretudo em Miami Beach e em cidades no sul do Estado, como Orlando e Fort Lauderdale. Embora com procura menor de brasileiros, o mercado imobiliário de alto luxo em Nova York está a todo vapor e tem demanda. As vendas de apartamentos acima de US$ 10 milhões (R$ 27 milhões) na ilha de Manhattan subiram quase 80% em 2014, segundo estudo da CityRealty, imobiliária que compila dados do setor. Edifícios como o One57 e o 432 Park Avenue já tiveram compradores brasileiros que, segundo profissionais do setor, são exigentes em relação aos serviços oferecidos. Conheça os passos e documentos necessários para comprar um imóvel nos Estados Unidos. Para adquirir um imóvel nos Estados Unidos é preciso apresentar o passaporte com visto válido e comprovação de renda (mediante extrato bancário, aplicação financeira ou declaração do Imposto de Renda) coerente com o valor do imóvel escolhido. Para abrir uma conta nos EUA é necessário uma cópia do passaporte e um depósito mínimo de US$100 (R$ 286). Após a escolha do imóvel, o comprador estrangeiro envia os recursos para sua conta nos EUA através de uma remessa de patrimônio. A transferência de fundos deverá ser feita dentro das regras do Banco Central brasileiro. Para a operação ser efetuada, a conta bancária aberta em nome da pessoa que fará a transferência deve ser aprovada pelo BC. Nenhum imposto é devido para a operação. Com o dinheiro na conta nos EUA, esse valor é transferido para a conta "escrow" do cartório escolhido, que faz a transação e a verificação legal do vendedor e do imóvel. O cartório prepara a documentação de transferência e, após a assinatura do vendedor, é efetuado o pagamento. A maioria dos negócios imobiliários nos EUA são realizados por meio das "Title Companies" (Companhias de Títulos), que são formadas por advogados licenciados para atuarem no mercado imobiliário e responsáveis pela legalidade da transação. Documentos necessários para a compra à vista: Apesar de as compras à vista possuírem condições mais atrativas, o financiamento para estrangeiros está disponível em algumas instituições e precisa ser aprovado pelo banco. As condições para aprovação podem variar em função da instituição financeira e do empreendimento, mas nem todo o imóvel se qualifica para financiamento. A entrada pode ser de 30% ou 40%, com o restante financiado em até 30 anos e juros de 3,5% a 6% ao ano, dependendo do pacote. A taxa inicial será fixa nos primeiros três anos e depois reajustada anualmente. Documentos necessários para a compra financiada: Importante: todos os documentos devem estar em inglês, com tradução juramentada. Quem compra o imóvel pensando em alugar pode ter um retorno bruto de cerca de 1,5% a 2% ao mês. Se contratar uma imobiliária para angariar inquilinos, receber os aluguéis e fazer manutenção no imóvel, a administradora ficará com 10% a 15% do valor do aluguel.
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Seis passos para comprar um imóvel nos Estados UnidosOs investimentos de brasileiros em imóveis no exterior praticamente triplicaram entre 2008 e 2013, passando de US$ 1,9 bilhão para S$ 5,4 bilhões em propriedades. Só os EUA concentraram 31% do valor investido em 2013. Com a recuperação da economia norte-americana, o cenário de preços de imóveis "no chão" passou, mas ointeresse das empresas pelo brasileiro que busca adquirir unidades no país persiste. A demanda por imóveis nos EUA está concentrada na Flórida, sobretudo em Miami Beach e em cidades no sul do Estado, como Orlando e Fort Lauderdale. Embora com procura menor de brasileiros, o mercado imobiliário de alto luxo em Nova York está a todo vapor e tem demanda. As vendas de apartamentos acima de US$ 10 milhões (R$ 27 milhões) na ilha de Manhattan subiram quase 80% em 2014, segundo estudo da CityRealty, imobiliária que compila dados do setor. Edifícios como o One57 e o 432 Park Avenue já tiveram compradores brasileiros que, segundo profissionais do setor, são exigentes em relação aos serviços oferecidos. Conheça os passos e documentos necessários para comprar um imóvel nos Estados Unidos. Para adquirir um imóvel nos Estados Unidos é preciso apresentar o passaporte com visto válido e comprovação de renda (mediante extrato bancário, aplicação financeira ou declaração do Imposto de Renda) coerente com o valor do imóvel escolhido. Para abrir uma conta nos EUA é necessário uma cópia do passaporte e um depósito mínimo de US$100 (R$ 286). Após a escolha do imóvel, o comprador estrangeiro envia os recursos para sua conta nos EUA através de uma remessa de patrimônio. A transferência de fundos deverá ser feita dentro das regras do Banco Central brasileiro. Para a operação ser efetuada, a conta bancária aberta em nome da pessoa que fará a transferência deve ser aprovada pelo BC. Nenhum imposto é devido para a operação. Com o dinheiro na conta nos EUA, esse valor é transferido para a conta "escrow" do cartório escolhido, que faz a transação e a verificação legal do vendedor e do imóvel. O cartório prepara a documentação de transferência e, após a assinatura do vendedor, é efetuado o pagamento. A maioria dos negócios imobiliários nos EUA são realizados por meio das "Title Companies" (Companhias de Títulos), que são formadas por advogados licenciados para atuarem no mercado imobiliário e responsáveis pela legalidade da transação. Documentos necessários para a compra à vista: Apesar de as compras à vista possuírem condições mais atrativas, o financiamento para estrangeiros está disponível em algumas instituições e precisa ser aprovado pelo banco. As condições para aprovação podem variar em função da instituição financeira e do empreendimento, mas nem todo o imóvel se qualifica para financiamento. A entrada pode ser de 30% ou 40%, com o restante financiado em até 30 anos e juros de 3,5% a 6% ao ano, dependendo do pacote. A taxa inicial será fixa nos primeiros três anos e depois reajustada anualmente. Documentos necessários para a compra financiada: Importante: todos os documentos devem estar em inglês, com tradução juramentada. Quem compra o imóvel pensando em alugar pode ter um retorno bruto de cerca de 1,5% a 2% ao mês. Se contratar uma imobiliária para angariar inquilinos, receber os aluguéis e fazer manutenção no imóvel, a administradora ficará com 10% a 15% do valor do aluguel.
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Encontros desconfortáveis entre Obama e Putin refletem diferenças entre EUA e Rússia; veja fotos
O desconfortável aperto de mãos entre Barack Obama e Vladimir Putin após uma conversa privada nesta segunda-feira (28) na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, foi o mais recente encontro entre os presidentes de Estados Unidos e Rússia, dois dos homens mais poderosos do planeta. Em seus discursos na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Obama e Putin deixaram claras suas divergências sobre assuntos delicados das relações internacionais. A respeito da crise humanitária na Síria, o líder americano defendeu a deposição do ditador Bashar al-Assad, quem chamou de "tirano". Por sua vez, o presidente russo disse ser um erro não oferecer suporte militar ao regime de Assad para combater a facção radical Estado Islâmico, que controla grande parte do território sírio. Apesar das diferenças, Obama afirmou que aceita atuar junto à Rússia para pôr fim à guerra civil na Síria. Além disso, Obama foi enfático ao criticar a Rússia por sua atuação no conflito no Leste da Ucrânia. A Rússia é alvo de sanções internacionais por supostamente oferecer suporte a separatistas e por ter anexado a península da Crimeia. Confira abaixo fotos de encontros entre os mandatários nos últimos anos.
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Encontros desconfortáveis entre Obama e Putin refletem diferenças entre EUA e Rússia; veja fotosO desconfortável aperto de mãos entre Barack Obama e Vladimir Putin após uma conversa privada nesta segunda-feira (28) na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, foi o mais recente encontro entre os presidentes de Estados Unidos e Rússia, dois dos homens mais poderosos do planeta. Em seus discursos na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Obama e Putin deixaram claras suas divergências sobre assuntos delicados das relações internacionais. A respeito da crise humanitária na Síria, o líder americano defendeu a deposição do ditador Bashar al-Assad, quem chamou de "tirano". Por sua vez, o presidente russo disse ser um erro não oferecer suporte militar ao regime de Assad para combater a facção radical Estado Islâmico, que controla grande parte do território sírio. Apesar das diferenças, Obama afirmou que aceita atuar junto à Rússia para pôr fim à guerra civil na Síria. Além disso, Obama foi enfático ao criticar a Rússia por sua atuação no conflito no Leste da Ucrânia. A Rússia é alvo de sanções internacionais por supostamente oferecer suporte a separatistas e por ter anexado a península da Crimeia. Confira abaixo fotos de encontros entre os mandatários nos últimos anos.
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Sph: Quinta tem festival de design e via da zona sul é bloqueada até sábado
DE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA A rua Engenheiro Mesquita Sampaio, na zona sul, será interditada entre as ruas José Vicente Cavalheiro e José Guerra para estacionamento de guindaste e içamento de materiais e deve atrapalhar o acesso à Marginal Pinheiros para quem vem do bairro. O bloqueio vai das 7h desta quinta (13) às 19h de sábado (15). A CET aconselha que os desvios sejam feitos à esquerda na rua José Vicente Cavalheiro e à direita na rua da Paz. Fique atento: Motoristas que foram multados desde sábado (8) por circular a mais de 50km/h na av. Brás Leme, na zona norte, e na rua Sena Madureira, na zona sul, terão as autuações canceladas pela prefeitura. O motivo é a má sinalização da CET nas vias, que tiveram suas velocidades reduzidas para 50km/h na última semana.Saiba mais. E por falar nisso... O prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou no começo desta semana que todas as vias arteriais da capital terão o limite de velocidade reduzido para 50km/h. A intenção, segundo a prefeitura, é diminuir o número de vítimas do trânsito na capital. Entenda Vale lembrar: não devem circular nesta quinta (13) veículos com placas que terminam em 7 ou 8. O rodízio no centro expandido vale das 7h às 10h e entre 17h e 20h * TEMPO O tempo não muda muito em relação aos últimos dias: seco e quente durante o dia, com temperaturas mais amenas ao anoitecer. As temperaturas ficam entre 15ºC e 27ºC, segundo o Inmet. O dia segue claro e com névoa seca. * CULTURA E LAZER Vai até domingo (16) oDesign Weekend, maior festival urbano de design da América Latina. Na programação há palestras, exposições, workshops e intervenções artísticas em diversos pontos da cidade -entre eles o Jockey Club e o Centro Universitário Belas Artes de SP, na Vila Mariana. O "Guia" conversou com os idealizadores do evento para saber quais são as atrações imperdíveis desta edição. Clique e faça a sua própria programação. Quinta é dia de estreia nos cinemas. Confira os filmes em cartaz na capital capital e escolha sua sessão! O compositor Peri Pane lança o disco "Canções Velhas para Embrulhar Peixes - Volume 2" nesta quinta (13), no Centro Cultural São Paulo. Participam do show as cantoras Marcia Castro e Alzira E, além do poeta arrudA. Ing.: GRÁTIS Já no Bourbon Street Music Club, o guitarrista Robben Ford -que já acompanhou nomes como Miles Davis, Joni Mitchell e Bob Dylan– apresenta canções do novo disco, "Into The Sun". Ingr.: R$ 170 (mesa) R$ 220 (mesa premium) Já estão à venda os ingressos para o show do grupo Los Hermanos, que acontece em outubro na Arena Anhembi. Como a concorrência é grande, é bom reservar uma dose de paciência para o processo: há uma espécie de fila organizada no site (Ticket 360 ) e, assim que a compra é liberada, você tem apenas dez minutos para efetuá-la. Saiba mais aqui. Veja mais opções de como aproveitar o dia em SP no site do "Guia Folha" * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Amanda Massuela
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Sph: Quinta tem festival de design e via da zona sul é bloqueada até sábadoDE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA A rua Engenheiro Mesquita Sampaio, na zona sul, será interditada entre as ruas José Vicente Cavalheiro e José Guerra para estacionamento de guindaste e içamento de materiais e deve atrapalhar o acesso à Marginal Pinheiros para quem vem do bairro. O bloqueio vai das 7h desta quinta (13) às 19h de sábado (15). A CET aconselha que os desvios sejam feitos à esquerda na rua José Vicente Cavalheiro e à direita na rua da Paz. Fique atento: Motoristas que foram multados desde sábado (8) por circular a mais de 50km/h na av. Brás Leme, na zona norte, e na rua Sena Madureira, na zona sul, terão as autuações canceladas pela prefeitura. O motivo é a má sinalização da CET nas vias, que tiveram suas velocidades reduzidas para 50km/h na última semana.Saiba mais. E por falar nisso... O prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou no começo desta semana que todas as vias arteriais da capital terão o limite de velocidade reduzido para 50km/h. A intenção, segundo a prefeitura, é diminuir o número de vítimas do trânsito na capital. Entenda Vale lembrar: não devem circular nesta quinta (13) veículos com placas que terminam em 7 ou 8. O rodízio no centro expandido vale das 7h às 10h e entre 17h e 20h * TEMPO O tempo não muda muito em relação aos últimos dias: seco e quente durante o dia, com temperaturas mais amenas ao anoitecer. As temperaturas ficam entre 15ºC e 27ºC, segundo o Inmet. O dia segue claro e com névoa seca. * CULTURA E LAZER Vai até domingo (16) oDesign Weekend, maior festival urbano de design da América Latina. Na programação há palestras, exposições, workshops e intervenções artísticas em diversos pontos da cidade -entre eles o Jockey Club e o Centro Universitário Belas Artes de SP, na Vila Mariana. O "Guia" conversou com os idealizadores do evento para saber quais são as atrações imperdíveis desta edição. Clique e faça a sua própria programação. Quinta é dia de estreia nos cinemas. Confira os filmes em cartaz na capital capital e escolha sua sessão! O compositor Peri Pane lança o disco "Canções Velhas para Embrulhar Peixes - Volume 2" nesta quinta (13), no Centro Cultural São Paulo. Participam do show as cantoras Marcia Castro e Alzira E, além do poeta arrudA. Ing.: GRÁTIS Já no Bourbon Street Music Club, o guitarrista Robben Ford -que já acompanhou nomes como Miles Davis, Joni Mitchell e Bob Dylan– apresenta canções do novo disco, "Into The Sun". Ingr.: R$ 170 (mesa) R$ 220 (mesa premium) Já estão à venda os ingressos para o show do grupo Los Hermanos, que acontece em outubro na Arena Anhembi. Como a concorrência é grande, é bom reservar uma dose de paciência para o processo: há uma espécie de fila organizada no site (Ticket 360 ) e, assim que a compra é liberada, você tem apenas dez minutos para efetuá-la. Saiba mais aqui. Veja mais opções de como aproveitar o dia em SP no site do "Guia Folha" * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Amanda Massuela
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O PT e os pistoleiros
Esse negócio de que, mesmo antigos, devemos conservar, diante de tudo, o olhar de surpresa e de novidade típico da juventude é conversa mole. Como é mesmo? O diabo é diabo porque velho, não porque sábio. Mas não sou do tipo que deixa cair as bochechas, com as retinas cansadas. Aos 53, é dever não se assustar nem se prostrar. Mas eis que os poderosos de turno, a seu modo, fazem com que me sinta um recém-nascido. Produzem o inédito, falam o inaudito, acenam com o inesperado. A companheirada tem me permitido vivenciar a tábula rasa. Meu cérebro não tem prescrição para o que está aí. É como se eu tivesse chegado ao mundo deles sem experiência anterior. Cid Gomes, até quarta ministro da Educação (nada menos!) de um governo em crise, afirmou haver no Congresso 300 achacadores e foi chamado a se explicar na Câmara. Em vez de buscar uma forma decorosa de se desculpar, deu um piti ridículo, à moda dos Gomes, e foi demitido em seguida. Quem exibiu a sua cabeça foi Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa. Cid saiu de lá dirigindo o próprio carro e foi aplaudido por uma claque de cearenses. Há ou não os achacadores? Em setembro de 1993, um certo Lula disse que havia "300 picaretas no Congresso". Em 2015, o PT é o protagonista do petrolão. "Boquirrotice" é lixo. A cena momesca se deu um dia depois de ter vindo a público um documento da Secretaria de Comunicação da Presidência em que o governo reconhece usar os chamados blogs sujos para o serviço de pistolagem política. O documento prega a intensificação de uma parceria que parece ser comercial e criminosa. O texto sabe ser explícito: "A guerrilha política precisa ter munição vinda de dentro do governo, mas ser disparada por soldados fora dele". Munição? Soldados? Disparo? O plano anuncia ainda a intenção de pôr órgãos do Estado a serviço do proselitismo rasteiro e de usar a verba oficial de publicidade para a promoção pessoal de políticos, o que afronta a Constituição. Como o ciclo do desatino nunca está completo sem Rui Falcão, o presidente do PT compareceu ao debate. Deixando claro o que entende por "controle social da mídia" –ou "regulamentação econômica"–, o homem quer que o governo corte verba oficial de publicidade dos veículos que, segundo ele, "incentivaram" ou "convocaram" as manifestações. Só fez uma ressalva: "A Record, que sempre teve uma simpatia maior por nós, no domingo, começou em rede aberta a convocar a manifestação. Foi uma briga por audiência. Nesse caso não foi nem má-fé". Entendi. É para privilegiar quem tem "simpatia por nós" e punir quem não tem. No domingo, depois da maior manifestação política da história do país, dois ministros concederam entrevista coletiva. José Eduardo Cardozo (Justiça) defendeu uma reforma política rejeitada pelo PMDB, o maior parceiro do PT no governo. E Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) criticou os manifestantes, tratando-os como golpistas. O país virou uma orquestra de panelas. Vivendo e aprendendo. Nessa toada, os destrambelhados a favor derrubam Dilma antes que as ruas o façam. Ah, sim: espero que o Congresso honre as suas funções constitucionais e convoque os guerrilheiros da Secom para explicar a que custo o governo fornece "munição" para pistoleiros, chamados de "soldados de fora".
colunas
O PT e os pistoleirosEsse negócio de que, mesmo antigos, devemos conservar, diante de tudo, o olhar de surpresa e de novidade típico da juventude é conversa mole. Como é mesmo? O diabo é diabo porque velho, não porque sábio. Mas não sou do tipo que deixa cair as bochechas, com as retinas cansadas. Aos 53, é dever não se assustar nem se prostrar. Mas eis que os poderosos de turno, a seu modo, fazem com que me sinta um recém-nascido. Produzem o inédito, falam o inaudito, acenam com o inesperado. A companheirada tem me permitido vivenciar a tábula rasa. Meu cérebro não tem prescrição para o que está aí. É como se eu tivesse chegado ao mundo deles sem experiência anterior. Cid Gomes, até quarta ministro da Educação (nada menos!) de um governo em crise, afirmou haver no Congresso 300 achacadores e foi chamado a se explicar na Câmara. Em vez de buscar uma forma decorosa de se desculpar, deu um piti ridículo, à moda dos Gomes, e foi demitido em seguida. Quem exibiu a sua cabeça foi Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa. Cid saiu de lá dirigindo o próprio carro e foi aplaudido por uma claque de cearenses. Há ou não os achacadores? Em setembro de 1993, um certo Lula disse que havia "300 picaretas no Congresso". Em 2015, o PT é o protagonista do petrolão. "Boquirrotice" é lixo. A cena momesca se deu um dia depois de ter vindo a público um documento da Secretaria de Comunicação da Presidência em que o governo reconhece usar os chamados blogs sujos para o serviço de pistolagem política. O documento prega a intensificação de uma parceria que parece ser comercial e criminosa. O texto sabe ser explícito: "A guerrilha política precisa ter munição vinda de dentro do governo, mas ser disparada por soldados fora dele". Munição? Soldados? Disparo? O plano anuncia ainda a intenção de pôr órgãos do Estado a serviço do proselitismo rasteiro e de usar a verba oficial de publicidade para a promoção pessoal de políticos, o que afronta a Constituição. Como o ciclo do desatino nunca está completo sem Rui Falcão, o presidente do PT compareceu ao debate. Deixando claro o que entende por "controle social da mídia" –ou "regulamentação econômica"–, o homem quer que o governo corte verba oficial de publicidade dos veículos que, segundo ele, "incentivaram" ou "convocaram" as manifestações. Só fez uma ressalva: "A Record, que sempre teve uma simpatia maior por nós, no domingo, começou em rede aberta a convocar a manifestação. Foi uma briga por audiência. Nesse caso não foi nem má-fé". Entendi. É para privilegiar quem tem "simpatia por nós" e punir quem não tem. No domingo, depois da maior manifestação política da história do país, dois ministros concederam entrevista coletiva. José Eduardo Cardozo (Justiça) defendeu uma reforma política rejeitada pelo PMDB, o maior parceiro do PT no governo. E Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) criticou os manifestantes, tratando-os como golpistas. O país virou uma orquestra de panelas. Vivendo e aprendendo. Nessa toada, os destrambelhados a favor derrubam Dilma antes que as ruas o façam. Ah, sim: espero que o Congresso honre as suas funções constitucionais e convoque os guerrilheiros da Secom para explicar a que custo o governo fornece "munição" para pistoleiros, chamados de "soldados de fora".
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Após doação de milionário, Chile terá rede de parques do tamanho da Suíça
Graças a uma doação, o Chile terá agora uma rede de parques nacionais do tamanho da Suíça. Kristine McDivitt, viúva do magnata norte-americano Douglas Tompkins, doou 407.625 hectares de terra ao governo chileno para a criação de uma área de conservação. Cofundador da marca de roupas e artigos esportivos The North Face, Tompkins morreu em 2015, aos 72 anos, após um acidente de caiaque na Patagônia chilena. A presidente do país, Michelle Bachelet, e McDivitt assinaram o acordo para transferência dos terrenos, que farão parte da futura Rede de Parques Nacionais da Patagônia. O governo chileno se comprometeu ainda a adicionar 949 mil hectares de terra para a criação da rede. PARQUES NACIONAIS Os terrenos em questão —"a maior doação de terras privadas da história", segundo a família Tompkins— serão usados para abrigar três parques nacionais, Pumalin, Melimoyu e Patagônia, de acordo com um comunicado divulgado pela Presidência do Chile. Além disso, três parques existentes serão ampliados: Hornopirén, Corcovado e Isla Magdalena. Os seis parques fazem parte dos 17 que vão compor a Rede de Parques Nacionais da Patagônia, cuja criação oficial ainda está pendente. Até agora, só existe um protocolo de intenção. As terras estão localizadas nas regiões de Los Lagos, Aysén, Magalhães e Antártica Chilena. Elas se estendem por mais de 2.000 quilômetros, de Puerto Montt até Cabo de Hornos, no extremo sul do Chile. Segundo Bachelet, "a rede protegerá 4,5 milhões de hectares de biodiversidade", ou seja, uma área do tamanho da Suíça. A magnitude da doação não é por acaso. Douglas Tompkins acreditava que a conservação, para ser eficaz, precisava ser "grande, selvagem, conectada". A rede de parques planejada atende aos três requisitos. "É um grande dia para o Chile! A visão dos Tompkins, somada à vontade e aportes do Estado, vão criar a Rede de Parques Nacional da Patagônia", disse Bachelet no Twitter. A presidente acrescentou tratar-se do "maior projeto de parques terrestres desde a década de 1960" no Chile e um passo para preservar a "vasta fonte de biodiversidade do país." "Hoje é um dia histórico para nós. Tenho certeza que Doug está lá com um sorriso", afirmou a viúva, apontando para cima. McDivitt ofereceu as terras ao governo de Chile em janeiro de 2016, um mês após a morte de Tompkins. Desde então, os dois lados estavam em processo de negociação para chegar a um acordo sobre as condições da doação. O acordo de transferência foi assinado no Parque Pumalin, na região de Los Lagos, no sul do Chile. QUEM FOI DOUGLAS TOMPKINS? Ao longo da vida, o ambientalista Doug Tompkins comprou grandes extensões de terra no sul do Chile e da Argentina para preservar. "Se Doug estivesse aqui hoje, ele diria que os parques nacionais são uma das maiores expressões da democracia", afirmou McDivitt. Gideon Long, jornalista da BBC em Santiago, disse que o acordo entre o governo do Chile e a família Tompkins "é um marco importante para a conservação da Patagônia" e "mostra como a relação entre ambos tem melhorado desde que o ambientalista desembarcou pela primeira vez no país, no início dos anos 90". Naquela época, muitos chilenos viam os Tompkins com desconfiança e se perguntavam por que aqueles "gringos" ricos estavam comprando grandes extensões de terra no sul do país. "Os chilenos temiam que os Tompkins acabassem sendo donos das terras da costa até a fronteira argentina e dividissem o país em dois", afirma Long. O cofundador da The North Face era considerado por alguns como um "gringo" que chegou à América do Sul para tomar áreas de recursos naturais da Patagônia chilena e argentina. O que para Tompkins era filantropia, alguns moradores chamavam de interferência. Na Patagônia chilena, onde passou as últimas duas décadas da sua vida, Tompkins disse que estava "salvando o paraíso" e não explorando, como haviam feito muitos milionários antes dele. Ele não conseguiu evitar, no entanto, que alguns o rotulassem de "o maior latifundiário" do Chile e da Argentina. Com a doação, os Tompkins cumpriram a promessa feita repetidas vezes desde sua chegada: comprar as terras para que fossem preservadas e devolvê-las algum dia para uso público.
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Após doação de milionário, Chile terá rede de parques do tamanho da SuíçaGraças a uma doação, o Chile terá agora uma rede de parques nacionais do tamanho da Suíça. Kristine McDivitt, viúva do magnata norte-americano Douglas Tompkins, doou 407.625 hectares de terra ao governo chileno para a criação de uma área de conservação. Cofundador da marca de roupas e artigos esportivos The North Face, Tompkins morreu em 2015, aos 72 anos, após um acidente de caiaque na Patagônia chilena. A presidente do país, Michelle Bachelet, e McDivitt assinaram o acordo para transferência dos terrenos, que farão parte da futura Rede de Parques Nacionais da Patagônia. O governo chileno se comprometeu ainda a adicionar 949 mil hectares de terra para a criação da rede. PARQUES NACIONAIS Os terrenos em questão —"a maior doação de terras privadas da história", segundo a família Tompkins— serão usados para abrigar três parques nacionais, Pumalin, Melimoyu e Patagônia, de acordo com um comunicado divulgado pela Presidência do Chile. Além disso, três parques existentes serão ampliados: Hornopirén, Corcovado e Isla Magdalena. Os seis parques fazem parte dos 17 que vão compor a Rede de Parques Nacionais da Patagônia, cuja criação oficial ainda está pendente. Até agora, só existe um protocolo de intenção. As terras estão localizadas nas regiões de Los Lagos, Aysén, Magalhães e Antártica Chilena. Elas se estendem por mais de 2.000 quilômetros, de Puerto Montt até Cabo de Hornos, no extremo sul do Chile. Segundo Bachelet, "a rede protegerá 4,5 milhões de hectares de biodiversidade", ou seja, uma área do tamanho da Suíça. A magnitude da doação não é por acaso. Douglas Tompkins acreditava que a conservação, para ser eficaz, precisava ser "grande, selvagem, conectada". A rede de parques planejada atende aos três requisitos. "É um grande dia para o Chile! A visão dos Tompkins, somada à vontade e aportes do Estado, vão criar a Rede de Parques Nacional da Patagônia", disse Bachelet no Twitter. A presidente acrescentou tratar-se do "maior projeto de parques terrestres desde a década de 1960" no Chile e um passo para preservar a "vasta fonte de biodiversidade do país." "Hoje é um dia histórico para nós. Tenho certeza que Doug está lá com um sorriso", afirmou a viúva, apontando para cima. McDivitt ofereceu as terras ao governo de Chile em janeiro de 2016, um mês após a morte de Tompkins. Desde então, os dois lados estavam em processo de negociação para chegar a um acordo sobre as condições da doação. O acordo de transferência foi assinado no Parque Pumalin, na região de Los Lagos, no sul do Chile. QUEM FOI DOUGLAS TOMPKINS? Ao longo da vida, o ambientalista Doug Tompkins comprou grandes extensões de terra no sul do Chile e da Argentina para preservar. "Se Doug estivesse aqui hoje, ele diria que os parques nacionais são uma das maiores expressões da democracia", afirmou McDivitt. Gideon Long, jornalista da BBC em Santiago, disse que o acordo entre o governo do Chile e a família Tompkins "é um marco importante para a conservação da Patagônia" e "mostra como a relação entre ambos tem melhorado desde que o ambientalista desembarcou pela primeira vez no país, no início dos anos 90". Naquela época, muitos chilenos viam os Tompkins com desconfiança e se perguntavam por que aqueles "gringos" ricos estavam comprando grandes extensões de terra no sul do país. "Os chilenos temiam que os Tompkins acabassem sendo donos das terras da costa até a fronteira argentina e dividissem o país em dois", afirma Long. O cofundador da The North Face era considerado por alguns como um "gringo" que chegou à América do Sul para tomar áreas de recursos naturais da Patagônia chilena e argentina. O que para Tompkins era filantropia, alguns moradores chamavam de interferência. Na Patagônia chilena, onde passou as últimas duas décadas da sua vida, Tompkins disse que estava "salvando o paraíso" e não explorando, como haviam feito muitos milionários antes dele. Ele não conseguiu evitar, no entanto, que alguns o rotulassem de "o maior latifundiário" do Chile e da Argentina. Com a doação, os Tompkins cumpriram a promessa feita repetidas vezes desde sua chegada: comprar as terras para que fossem preservadas e devolvê-las algum dia para uso público.
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Abordagem sobre feminismo precisa fugir de estereótipos; veja debate
Um problema oculto nos debates sobre o feminismo é o estereótipo a que são submetidas suas ativistas. A avaliação é da escritora Antonia Pellegrino, do blog #AgoraÉQueSãoElas. Ela se refere aos comentários de que a feminista não aceita receber um presente de um homem, por exemplo, porque isso sugeriria que ela pode ser tratada como objeto ou comprada. "Existem vários tipos de feminismo. Usar caricaturas ou clichês para definir o movimento é uma tentativa de diminuir a luta das mulheres contra o poder hegemônico dos homens", disse a roteirista durante debate realizado nesta terça-feira (16), na "TV Folha". Do outro lado da mesa, o colunista Luiz Felipe Pondé, conhecido por criticar a politização do sexo e das relações pessoais, criticou o "movimento paranoico que patrulha até o vocabulário dos homens". Segundo o filósofo, a "militância semântica" virou piada. Pondé destaca, porém, que os homens sempre tiveram medos das mulheres. Para o filósofo, o receio de brochar, de ser alvo de críticas ou até mesmo de ser superado no mercado de trabalho por uma mulher faz com que os homens se tornem cada vez mais desarticulados. Ele diz se basear em sua vivência acadêmica e na percepção de que seus alunos não emitem opiniões com medo de serem taxados de machistas. Em mesa mediada pela repórter especial Fernanda Mena, Antonia defendeu que os homens devem se aliar ao feminismo e não temê-lo. Para ela, a leitura machista se detém em brigas miúdas para desqualificar o movimento. A blogueira afirma também que a grande articulação do feminismo no Brasil é o combate à violência contra a mulher, mais do que a briga por melhores salários e maior representatividade, algo que pode ser debatido mais profundamente depois de superada a questão mais urgente do assédio, do estupro e da morte de mulheres. DEBATE Na segunda-feira (15), Vinicius Torres Freire e Alexandre Schwartsman debateram a cobertura de economia do jornal. Nesta quarta-feira (17), é a vez de Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha ser sabatinado pela colunista Mônica Bergamo e pela editora do "Painel", Natuza Nery. O jornalista falará sobre as perspectivas para o futuro da Folha, além de erros e acertos do jornal. Os debates ocorrem sempre às 15h, e fazem parte das comemorações do aniversário da Folha, que completa 95 anos na próxima sexta, dia 19.
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Abordagem sobre feminismo precisa fugir de estereótipos; veja debateUm problema oculto nos debates sobre o feminismo é o estereótipo a que são submetidas suas ativistas. A avaliação é da escritora Antonia Pellegrino, do blog #AgoraÉQueSãoElas. Ela se refere aos comentários de que a feminista não aceita receber um presente de um homem, por exemplo, porque isso sugeriria que ela pode ser tratada como objeto ou comprada. "Existem vários tipos de feminismo. Usar caricaturas ou clichês para definir o movimento é uma tentativa de diminuir a luta das mulheres contra o poder hegemônico dos homens", disse a roteirista durante debate realizado nesta terça-feira (16), na "TV Folha". Do outro lado da mesa, o colunista Luiz Felipe Pondé, conhecido por criticar a politização do sexo e das relações pessoais, criticou o "movimento paranoico que patrulha até o vocabulário dos homens". Segundo o filósofo, a "militância semântica" virou piada. Pondé destaca, porém, que os homens sempre tiveram medos das mulheres. Para o filósofo, o receio de brochar, de ser alvo de críticas ou até mesmo de ser superado no mercado de trabalho por uma mulher faz com que os homens se tornem cada vez mais desarticulados. Ele diz se basear em sua vivência acadêmica e na percepção de que seus alunos não emitem opiniões com medo de serem taxados de machistas. Em mesa mediada pela repórter especial Fernanda Mena, Antonia defendeu que os homens devem se aliar ao feminismo e não temê-lo. Para ela, a leitura machista se detém em brigas miúdas para desqualificar o movimento. A blogueira afirma também que a grande articulação do feminismo no Brasil é o combate à violência contra a mulher, mais do que a briga por melhores salários e maior representatividade, algo que pode ser debatido mais profundamente depois de superada a questão mais urgente do assédio, do estupro e da morte de mulheres. DEBATE Na segunda-feira (15), Vinicius Torres Freire e Alexandre Schwartsman debateram a cobertura de economia do jornal. Nesta quarta-feira (17), é a vez de Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha ser sabatinado pela colunista Mônica Bergamo e pela editora do "Painel", Natuza Nery. O jornalista falará sobre as perspectivas para o futuro da Folha, além de erros e acertos do jornal. Os debates ocorrem sempre às 15h, e fazem parte das comemorações do aniversário da Folha, que completa 95 anos na próxima sexta, dia 19.
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Em Paraty, terra da Flip, crise levou ao fechamento de biblioteca
Paraty às vésperas da Flip é sempre bela nas manhãs de inverno: o voo concêntrico dos urubus se aquecendo ao sol, o mergulho dos biguás em busca de alimento, o pouso silencioso das garças, os barqueiros pintando o costado das pequenas embarcações. Pego a bicicleta e vou zanzar pela beira-rio e nas imediações do centro histórico. A cidade se prepara para o encontro literário. Nos bares, restaurantes e pousadas, todos estão em compasso de espera. Mas a placidez do cenário não esconde certa apreensão no ar, um receio de que a festa possa acabar. A crise econômica que dilacera o país dos bruzundangas (para lembrar a república paródica criada pelo homenageado da festa neste 2017, Lima Barreto) não atingiu apenas a programação principal da festa. Resvalou na Flipinha e na FlipZona, voltadas, respectivamente, aos públicos infantil e juvenil. Com dificuldades na captação de recursos, a Casa Azul, associação que promove o evento, teve de realizá-lo no final de julho, coincidindo com as férias escolares, o que certamente diminuirá a participação das escolas da região. A biblioteca mantida pela entidade na periferia fechou as portas –e é sintomático que, no mesmo dia, uma educadora tenha visto um garoto cabisbaixo sentado no degrau de entrada do local e, na rua, meninos brincando com armas de fogo feitas de papelão e fita isolante. A Flip deste ano será de resistência. Paraty, de seu lado, é terra de piratas e saberá não se dobrar. Como diz Flávio de Araújo, poeta da terra e filho de caiçaras: "É na tempestade que cada um sabe a âncora que tem". COBRA MÁGICA Provinciana e cosmopolita, Paraty prestará homenagem à escrita combativa de Lima Barreto. Palco principal dos debates, a igreja matriz (igreja de Nossa Senhora dos Remédios, erguida em 1873) passará por adequações cenográficas. Uma reportagem publicada em maio causou espécie na comunidade católica ao informar que os santos seriam retirados do templo para a realização do evento. Logo a Flip soltou uma nota para desfazer o mal-entendido: o que será removido é o sacrário (pequeno cofre onde se guarda a hóstia). Segundo uma lenda que ainda atiça a imaginação dos locais, uma cobra repousa naquela edificação, onde uma santa prende a cabeça do réptil. Isso não impede o animal de seguir se espichando em direção ao Pontal, a algumas centenas de metros. Reza a crença que, se alguém tirar a santa do lugar, a igreja afunda e a cobra destrói a cidade. BISCOITO FINO Mas nem só de pão vive o homem. Digna de nota é a criação de um novo espaço do Sesc em Paraty. Situada na área urbana da cidade, às margens do Perequê-Açu, a nova unidade fica em um terreno de vegetação preservada, com área de 28 mil m². O espaço será inaugurado com uma exposição de 34 obras do escultor pernambucano Francisco Brennand e acolherá atividades culturais ao longo de todo o ano. A NOVA CALIFÓRNIA No conto "A Nova Califórnia", de Lima Barreto, uma pequena cidade é levada à loucura depois que o químico Raimundo Flamel revela ter descoberto uma fórmula para transformar ossos humanos em ouro. Começa então uma onda de saques a sepulturas: "os mortos eram poucos e não bastavam para satisfazer a fome dos vivos". O conflito se estende e leva os habitantes a se matarem uns aos outros. De manhã, o cemitério local tem mais mortos do que recebera desde sua criação. O único personagem que não se envolve na sandice é o bêbado Belmiro, que entra em uma bodega vazia para encher uma garrafa de parati. A história se passa em Tubiacanga, mas poderia ser ambientada em Paraty –que, segundo alguns, deve seu nome à aguardente citada no conto. Mesmo com a crise, as pousadas estão custando o olho da cara. Tentando defender o seu osso, os proprietários não se dão conta de que podem estar cavando a própria sepultura. OVÍDIO POLI JUNIOR, 55, escritor e doutor em literatura brasileira pela USP, é autor de "O Caso do Cavalo Probo" (OFF Flip).
ilustrissima
Em Paraty, terra da Flip, crise levou ao fechamento de bibliotecaParaty às vésperas da Flip é sempre bela nas manhãs de inverno: o voo concêntrico dos urubus se aquecendo ao sol, o mergulho dos biguás em busca de alimento, o pouso silencioso das garças, os barqueiros pintando o costado das pequenas embarcações. Pego a bicicleta e vou zanzar pela beira-rio e nas imediações do centro histórico. A cidade se prepara para o encontro literário. Nos bares, restaurantes e pousadas, todos estão em compasso de espera. Mas a placidez do cenário não esconde certa apreensão no ar, um receio de que a festa possa acabar. A crise econômica que dilacera o país dos bruzundangas (para lembrar a república paródica criada pelo homenageado da festa neste 2017, Lima Barreto) não atingiu apenas a programação principal da festa. Resvalou na Flipinha e na FlipZona, voltadas, respectivamente, aos públicos infantil e juvenil. Com dificuldades na captação de recursos, a Casa Azul, associação que promove o evento, teve de realizá-lo no final de julho, coincidindo com as férias escolares, o que certamente diminuirá a participação das escolas da região. A biblioteca mantida pela entidade na periferia fechou as portas –e é sintomático que, no mesmo dia, uma educadora tenha visto um garoto cabisbaixo sentado no degrau de entrada do local e, na rua, meninos brincando com armas de fogo feitas de papelão e fita isolante. A Flip deste ano será de resistência. Paraty, de seu lado, é terra de piratas e saberá não se dobrar. Como diz Flávio de Araújo, poeta da terra e filho de caiçaras: "É na tempestade que cada um sabe a âncora que tem". COBRA MÁGICA Provinciana e cosmopolita, Paraty prestará homenagem à escrita combativa de Lima Barreto. Palco principal dos debates, a igreja matriz (igreja de Nossa Senhora dos Remédios, erguida em 1873) passará por adequações cenográficas. Uma reportagem publicada em maio causou espécie na comunidade católica ao informar que os santos seriam retirados do templo para a realização do evento. Logo a Flip soltou uma nota para desfazer o mal-entendido: o que será removido é o sacrário (pequeno cofre onde se guarda a hóstia). Segundo uma lenda que ainda atiça a imaginação dos locais, uma cobra repousa naquela edificação, onde uma santa prende a cabeça do réptil. Isso não impede o animal de seguir se espichando em direção ao Pontal, a algumas centenas de metros. Reza a crença que, se alguém tirar a santa do lugar, a igreja afunda e a cobra destrói a cidade. BISCOITO FINO Mas nem só de pão vive o homem. Digna de nota é a criação de um novo espaço do Sesc em Paraty. Situada na área urbana da cidade, às margens do Perequê-Açu, a nova unidade fica em um terreno de vegetação preservada, com área de 28 mil m². O espaço será inaugurado com uma exposição de 34 obras do escultor pernambucano Francisco Brennand e acolherá atividades culturais ao longo de todo o ano. A NOVA CALIFÓRNIA No conto "A Nova Califórnia", de Lima Barreto, uma pequena cidade é levada à loucura depois que o químico Raimundo Flamel revela ter descoberto uma fórmula para transformar ossos humanos em ouro. Começa então uma onda de saques a sepulturas: "os mortos eram poucos e não bastavam para satisfazer a fome dos vivos". O conflito se estende e leva os habitantes a se matarem uns aos outros. De manhã, o cemitério local tem mais mortos do que recebera desde sua criação. O único personagem que não se envolve na sandice é o bêbado Belmiro, que entra em uma bodega vazia para encher uma garrafa de parati. A história se passa em Tubiacanga, mas poderia ser ambientada em Paraty –que, segundo alguns, deve seu nome à aguardente citada no conto. Mesmo com a crise, as pousadas estão custando o olho da cara. Tentando defender o seu osso, os proprietários não se dão conta de que podem estar cavando a própria sepultura. OVÍDIO POLI JUNIOR, 55, escritor e doutor em literatura brasileira pela USP, é autor de "O Caso do Cavalo Probo" (OFF Flip).
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Densidade psicológica marca 'Para Minha Amada Morta'
Uma história de violência sem tiroteios nem sangue jorrando. Uma trama sobre o abismo do sexo na qual os corpos nem se tocam. Um filme que contradiz quem ainda acha que cinema brasileiro é sinônimo de miséria, humor barato e sexo gratuito. Assim é "Para Minha Amada Morta", primeiro longa solo do diretor Aly Muritiba. O filme também desmente quem ainda pensa que só os argentinos sabem fazer cinema com densidade psicológica, superior ao nosso, autossatisfeito com a sociologia de Facebooteco. Muritiba vem sendo tratado como um personagem quase folclórico por ter sido bilheteiro da CPTM enquanto estudou história na USP e, depois, por ter trabalhado no Corpo de Bombeiros e como agente penitenciário antes de se impor ao fechado clube do cinema. Em curtas excelentes, como "A Fábrica" e "Pátio", sua vivência do universo carcerário transparecia em experiências cinematográficas claustrofóbicas. "Para Minha Amada Morta" testa seu fôlego de cineasta para além das grades dos festivais. A trama gira em torno de Fernando (Fernando Alves Pinto), jovem viúvo que ao lado do filho pequeno vive o luto recente por meio de objetos da mulher, como sapatos e vestidos, e memórias, fotos e vídeos. A descoberta de uma traição empurra Fernando rumo ao ressentimento e à vontade de vingança, e ele se aproxima da família de Salvador (Lourinelson Vladmir), o amante. O filme é construído todo a partir de tensões. O sofrimento da traição, a intromissão na casa do amante, os desejos e provocações com a filha adolescente e a mulher do outro, uma arma, o sumiço de um cão são situações que o filme elege para criar um suspense que se acumula. Muritiba, no entanto, não recorre às molas de tensão e catarse do "thriller" clássico. Seu cinema se interessa mais pela forma como o sentimento age como um veneno, corroendo Fernando e depois fragilizando a rigidez da moral evangélica que Salvador impõe à família. Depois de criar, nos curtas, narrativas em que o espaço era mais que um ambiente, era um personagem eloquente, Muritiba amplifica esse conceito. Em "Para Minha Amada Morta", uma sala bagunçada, um espelho quebrado, um quarto de fundos e uma pilha de entulhos dizem mais sobre o estado terminal de uma paixão do que mil palavras. PARA MINHA AMADA MORTA DIREÇÃO Aly Muritiba ELENCO Fernando Alves Pinto, Mayana Neiva, Lourinelson Vladmir e Giuly Biancato PRODUÇÃO Brasil, 2015, 14 anos QUANDO estreia nesta quinta (31)
ilustrada
Densidade psicológica marca 'Para Minha Amada Morta'Uma história de violência sem tiroteios nem sangue jorrando. Uma trama sobre o abismo do sexo na qual os corpos nem se tocam. Um filme que contradiz quem ainda acha que cinema brasileiro é sinônimo de miséria, humor barato e sexo gratuito. Assim é "Para Minha Amada Morta", primeiro longa solo do diretor Aly Muritiba. O filme também desmente quem ainda pensa que só os argentinos sabem fazer cinema com densidade psicológica, superior ao nosso, autossatisfeito com a sociologia de Facebooteco. Muritiba vem sendo tratado como um personagem quase folclórico por ter sido bilheteiro da CPTM enquanto estudou história na USP e, depois, por ter trabalhado no Corpo de Bombeiros e como agente penitenciário antes de se impor ao fechado clube do cinema. Em curtas excelentes, como "A Fábrica" e "Pátio", sua vivência do universo carcerário transparecia em experiências cinematográficas claustrofóbicas. "Para Minha Amada Morta" testa seu fôlego de cineasta para além das grades dos festivais. A trama gira em torno de Fernando (Fernando Alves Pinto), jovem viúvo que ao lado do filho pequeno vive o luto recente por meio de objetos da mulher, como sapatos e vestidos, e memórias, fotos e vídeos. A descoberta de uma traição empurra Fernando rumo ao ressentimento e à vontade de vingança, e ele se aproxima da família de Salvador (Lourinelson Vladmir), o amante. O filme é construído todo a partir de tensões. O sofrimento da traição, a intromissão na casa do amante, os desejos e provocações com a filha adolescente e a mulher do outro, uma arma, o sumiço de um cão são situações que o filme elege para criar um suspense que se acumula. Muritiba, no entanto, não recorre às molas de tensão e catarse do "thriller" clássico. Seu cinema se interessa mais pela forma como o sentimento age como um veneno, corroendo Fernando e depois fragilizando a rigidez da moral evangélica que Salvador impõe à família. Depois de criar, nos curtas, narrativas em que o espaço era mais que um ambiente, era um personagem eloquente, Muritiba amplifica esse conceito. Em "Para Minha Amada Morta", uma sala bagunçada, um espelho quebrado, um quarto de fundos e uma pilha de entulhos dizem mais sobre o estado terminal de uma paixão do que mil palavras. PARA MINHA AMADA MORTA DIREÇÃO Aly Muritiba ELENCO Fernando Alves Pinto, Mayana Neiva, Lourinelson Vladmir e Giuly Biancato PRODUÇÃO Brasil, 2015, 14 anos QUANDO estreia nesta quinta (31)
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Faz mal colocar plantas no quarto? Paisagista responde e dá dicas
DE SÃO PAULO Para a pessoa não faz mal nenhum. O vegetal libera gás carbônico à noite, mas a quantidade não é suficiente para prejudicar o sono de ninguém. Humanos liberam uma quantidade de gás oito vezes maior que as plantas. Se não é fatal para o homem, pode ser para o vegetal. Como a maioria dos quartos passa o dia fechado, com pouca luz e ventilação, esse não é o melhor ambiente para as plantas, que precisam de luz para fazer a fotossíntese. Quem quiser muito trazer um pouco de verde para o quarto pode apostar em plantas que encaram bem ambientes fechados, como a espada-de-são-jorge, samambaias, jiboia, filodendro e zamioculca, todas folhagens. Para que as plantas do quarto se mantenham saudáveis, a dica é fazer um rodízio de ambientes, deixando-as alguns dias da semana na sala e na varanda, para aproveitarem o ar fresco e a luminosidade. Fonte: Catê Poli, paisagista
sobretudo
Faz mal colocar plantas no quarto? Paisagista responde e dá dicas DE SÃO PAULO Para a pessoa não faz mal nenhum. O vegetal libera gás carbônico à noite, mas a quantidade não é suficiente para prejudicar o sono de ninguém. Humanos liberam uma quantidade de gás oito vezes maior que as plantas. Se não é fatal para o homem, pode ser para o vegetal. Como a maioria dos quartos passa o dia fechado, com pouca luz e ventilação, esse não é o melhor ambiente para as plantas, que precisam de luz para fazer a fotossíntese. Quem quiser muito trazer um pouco de verde para o quarto pode apostar em plantas que encaram bem ambientes fechados, como a espada-de-são-jorge, samambaias, jiboia, filodendro e zamioculca, todas folhagens. Para que as plantas do quarto se mantenham saudáveis, a dica é fazer um rodízio de ambientes, deixando-as alguns dias da semana na sala e na varanda, para aproveitarem o ar fresco e a luminosidade. Fonte: Catê Poli, paisagista
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Especialistas em saúde se reúnem para discutir big data no setor
Líderes dos setores público, privado e social se reúnem na quarta-feira (15), no Masp, para debater os conceitos de big data na saúde, as tecnologias de análise e gerenciamento de grandes bases de dados e os desafios e as oportunidades futuros no Fórum Big Data em Saúde. Eles discutem o imenso volume de dados gerados no dia a dia –denominado de big data– que impacta diretamente nossas vidas. A influência disso no setor da saúde se dá em três principais áreas: medicina de precisão, prontuários eletrônicos dos pacientes e internet das coisas. Para mais informações, acesse o site do movimento Todos Juntos contra o Câncer. Confira a programação: 9h - Credenciamento e boas-vindas 9h20 - Palestra de abertura: A Eficiência através dos Dados Com Gonzalo Vecina Neto, professor assistente da Faculdade de Saúde Pública (USP) desde 1988, ex-superintendente do Hospital Sírio Libanês e ex-secretário municipal de saúde de São Paulo 10h - Debate Mediador: Luis Fernando Correia, médico, comentarista de saúde da CBN, TV Globo e GloboNews Com Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho, economista e professor da Faculdade de Saúde Pública (USP); Fabio Gandour, médico e cientista-chefe da IBM Brasil; Fernando Cotait Maluf, oncologista e fundador do Instituto Vencer o Câncer; Marcel de Moraes Pedroso, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz; e Merula Steagall, empreendedora social e presidente da Abrale 12h - Encerramento
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Especialistas em saúde se reúnem para discutir big data no setorLíderes dos setores público, privado e social se reúnem na quarta-feira (15), no Masp, para debater os conceitos de big data na saúde, as tecnologias de análise e gerenciamento de grandes bases de dados e os desafios e as oportunidades futuros no Fórum Big Data em Saúde. Eles discutem o imenso volume de dados gerados no dia a dia –denominado de big data– que impacta diretamente nossas vidas. A influência disso no setor da saúde se dá em três principais áreas: medicina de precisão, prontuários eletrônicos dos pacientes e internet das coisas. Para mais informações, acesse o site do movimento Todos Juntos contra o Câncer. Confira a programação: 9h - Credenciamento e boas-vindas 9h20 - Palestra de abertura: A Eficiência através dos Dados Com Gonzalo Vecina Neto, professor assistente da Faculdade de Saúde Pública (USP) desde 1988, ex-superintendente do Hospital Sírio Libanês e ex-secretário municipal de saúde de São Paulo 10h - Debate Mediador: Luis Fernando Correia, médico, comentarista de saúde da CBN, TV Globo e GloboNews Com Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho, economista e professor da Faculdade de Saúde Pública (USP); Fabio Gandour, médico e cientista-chefe da IBM Brasil; Fernando Cotait Maluf, oncologista e fundador do Instituto Vencer o Câncer; Marcel de Moraes Pedroso, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz; e Merula Steagall, empreendedora social e presidente da Abrale 12h - Encerramento
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Polícia catalã se recusa a impedir plebiscito sobre independência
Enquanto se aproxima o domingo (1º), data do plebiscito pela independência catalã, disputas políticas têm emaranhado as instituições espanholas, afetando diferentes forças policiais e ministérios. A desavença mais recente ocorreu nesta quarta-feira (27) com uma série de recusas da polícia autônoma catalã, chamada de Mossos d'Esquadra, em cumprir ordens do Ministério Público. O Ministério Público havia ordenado que os Mossos cercassem colégios eleitorais e impedissem o voto deste domingo. Mas Pere Soler, diretor da polícia catalã, escreveu em sua conta oficial na rede social Twitter: "Que ninguém se equivoque. A principal missão é garantir direitos, e não impedir o seu exercício". Mais tarde, Josep Lluís Trapero, major dessa mesma polícia, afirmou que as ordens do Ministério Público ameaçam a ordem pública. Serão cumpridas, disse, mas de maneira "proporcional", algo que ele não detalhou. Os Mossos são subordinados ao governo catalão e têm jurisdição apenas nesse território –uma das liberdades dessa região, que já tem mais independência do que outras partes da Espanha. Mas, em meio à investigação judicial sobre o plebiscito, o Ministério Público tem o poder de dar ordens diretas à polícia catalã, algo que tem sido criticado no país. Esse órgão estaria excedendo seus poderes, segundo oponentes. O conselheiro catalão de Interior, Joaquim Forn, espécie de ministro regional, também desafiou as ordens do Ministério Público —conhecido na Espanha como Fiscalía— e afirmou que os Mossos vão permitir o plebiscito deste domingo. POLÍCIAS A Catalunha, uma região espanhola já parcialmente independente, quer separar-se de completo da Espanha. O governo central em Madri, porém, diz que o plebiscito é ilegal e planeja impedi-lo. Essas posições irreconciliáveis significam que diversos órgãos estão em embate. A situação se complica porque Madri enviou centenas de membros da Polícia Nacional para a Catalunha para garantir a ordem durante o domingo, em que é previsto algum grau de confronto entre independentistas e as forças de segurança. A Polícia Nacional é o corpo policial que atua em todo o território espanhol. Também foram deslocadas tropas da Guarda Civil, uma espécie de polícia com atribuições militares ligada aos ministérios de Interior e Defesa. Diante desse cenário, o conselheiro Forn disse na quarta que "a Polícia Nacional e a Guarda Civil vêm à Catalunha alterar a ordem". O governo catalão diz não poder estimar o número de policiais enviados por Madri, movimento que descreve como "em massa", por não ter sido informado oficialmente. O envio de policiais à Catalunha causou bastante incômodo nesta semana, com celebrações organizadas em diferentes regiões da Espanha para celebrar seu deslocamento. Cidadãos aparecem, em vídeos, gritando "a por ellos!" aos policiais –algo como "peguem eles". "As imagens são inacreditáveis", afirmou o conselheiro Forn. "É como se fossem a uma guerra ou colonizar, e ninguém lhes desautorizou." HISTÓRICO O movimento pela independência da Catalunha é antigo, com influência das ideologias nacionalistas do século 19. Mas esse projeto ganhou força nos últimos anos com a formação de um governo regional em 2015 de partidos pró-independência. O argumento é tradicionalmente cultural. Catalães têm, afinal, sua própria história e língua, em paralelo à sua identidade espanhola. Mas ativistas passaram a insistir, recentemente, em razões econômicas: a Catalunha contribui com 20% do PIB espanhol, mas se ressente de não receber um repasse proporcional. Há a sensação de que, independente, essa região poderá ter um melhor desempenho econômico. O plebiscito deste domingo é ilegal, no sentido de que contraria a lei espanhola, inclusive uma decisão clara do Tribunal Constitucional. Mas o Parlamento catalão planeja declarar depois de 48 horas do voto sua independência de maneira unilateral. Se o gesto for de fato feito, a situação pode escalar de maneira considerável, com o governo central em Madri revogando a autonomia catalã e tomando o controle. Analistas preveem que nesse cenário o presidente catalão, Carles Puigdemont, será detido na semana que vem, agravando o cenário.
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Polícia catalã se recusa a impedir plebiscito sobre independênciaEnquanto se aproxima o domingo (1º), data do plebiscito pela independência catalã, disputas políticas têm emaranhado as instituições espanholas, afetando diferentes forças policiais e ministérios. A desavença mais recente ocorreu nesta quarta-feira (27) com uma série de recusas da polícia autônoma catalã, chamada de Mossos d'Esquadra, em cumprir ordens do Ministério Público. O Ministério Público havia ordenado que os Mossos cercassem colégios eleitorais e impedissem o voto deste domingo. Mas Pere Soler, diretor da polícia catalã, escreveu em sua conta oficial na rede social Twitter: "Que ninguém se equivoque. A principal missão é garantir direitos, e não impedir o seu exercício". Mais tarde, Josep Lluís Trapero, major dessa mesma polícia, afirmou que as ordens do Ministério Público ameaçam a ordem pública. Serão cumpridas, disse, mas de maneira "proporcional", algo que ele não detalhou. Os Mossos são subordinados ao governo catalão e têm jurisdição apenas nesse território –uma das liberdades dessa região, que já tem mais independência do que outras partes da Espanha. Mas, em meio à investigação judicial sobre o plebiscito, o Ministério Público tem o poder de dar ordens diretas à polícia catalã, algo que tem sido criticado no país. Esse órgão estaria excedendo seus poderes, segundo oponentes. O conselheiro catalão de Interior, Joaquim Forn, espécie de ministro regional, também desafiou as ordens do Ministério Público —conhecido na Espanha como Fiscalía— e afirmou que os Mossos vão permitir o plebiscito deste domingo. POLÍCIAS A Catalunha, uma região espanhola já parcialmente independente, quer separar-se de completo da Espanha. O governo central em Madri, porém, diz que o plebiscito é ilegal e planeja impedi-lo. Essas posições irreconciliáveis significam que diversos órgãos estão em embate. A situação se complica porque Madri enviou centenas de membros da Polícia Nacional para a Catalunha para garantir a ordem durante o domingo, em que é previsto algum grau de confronto entre independentistas e as forças de segurança. A Polícia Nacional é o corpo policial que atua em todo o território espanhol. Também foram deslocadas tropas da Guarda Civil, uma espécie de polícia com atribuições militares ligada aos ministérios de Interior e Defesa. Diante desse cenário, o conselheiro Forn disse na quarta que "a Polícia Nacional e a Guarda Civil vêm à Catalunha alterar a ordem". O governo catalão diz não poder estimar o número de policiais enviados por Madri, movimento que descreve como "em massa", por não ter sido informado oficialmente. O envio de policiais à Catalunha causou bastante incômodo nesta semana, com celebrações organizadas em diferentes regiões da Espanha para celebrar seu deslocamento. Cidadãos aparecem, em vídeos, gritando "a por ellos!" aos policiais –algo como "peguem eles". "As imagens são inacreditáveis", afirmou o conselheiro Forn. "É como se fossem a uma guerra ou colonizar, e ninguém lhes desautorizou." HISTÓRICO O movimento pela independência da Catalunha é antigo, com influência das ideologias nacionalistas do século 19. Mas esse projeto ganhou força nos últimos anos com a formação de um governo regional em 2015 de partidos pró-independência. O argumento é tradicionalmente cultural. Catalães têm, afinal, sua própria história e língua, em paralelo à sua identidade espanhola. Mas ativistas passaram a insistir, recentemente, em razões econômicas: a Catalunha contribui com 20% do PIB espanhol, mas se ressente de não receber um repasse proporcional. Há a sensação de que, independente, essa região poderá ter um melhor desempenho econômico. O plebiscito deste domingo é ilegal, no sentido de que contraria a lei espanhola, inclusive uma decisão clara do Tribunal Constitucional. Mas o Parlamento catalão planeja declarar depois de 48 horas do voto sua independência de maneira unilateral. Se o gesto for de fato feito, a situação pode escalar de maneira considerável, com o governo central em Madri revogando a autonomia catalã e tomando o controle. Analistas preveem que nesse cenário o presidente catalão, Carles Puigdemont, será detido na semana que vem, agravando o cenário.
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Tudo indica que será muito difícil para Corinthians e São Paulo
CADA UM a seu modo, DNA à mostra, a estreia dos quatro grandes de São Paulo no Paulistinha não permite conclusão alguma, mas dá pano para mangas. O Santos goleou na Vila Belmiro diante de quase 11 mil torcedores. O Linense é só o melhor time de Lins? Azar dele. Tome um, tome dois, tome três, tome meia dúzia de gols. Verdade que Dorival Júnior, perfeccionista como é, há de puxar as orelhas da defesa porque tomou dois gols que não precisava ter tomado. O time praiano foi quem estreou melhor e mostrou com o 6 a 2 que o tri está em seus melhores planos. O campeão brasileiro não foi tão bem na estreia de Eduardo Baptista em jogos oficiais. Suou, também em casa, para vencer o Botinha graças, mais uma vez, a este formidável Tchê Tchê, autor do 1 a 0. Fernando Prass acabou por trabalhar muito mais que o goleiro Neneca e o empate em 1 a 1 teria até sido justo, embora seja preciso considerar que o adversário voltou aos treinamentos em Ribeirão Preto bem antes do Palmeiras. Ainda sem Mina, Moisés e Guerra, o Alviverde tem muito a progredir. Pior aconteceu com o Corinthians, um dos grandes que aparecem como azarões na luta pelo título. Num gramado encharcado em Sorocaba, só venceu graças ao polêmico pênalti que Jô bateu para fazer outro 1 a 0. O São Bento pouco ameaçou, mas não se viu, nem o gramado permitia, o jogo de posse de bola que o Alvinegro promete sob o comando de Fábio Carille. De bom mesmo apenas as atuações do zagueiro Pablo, que veio da França, e de Moisés, lateral que mostrou novamente segurança e personalidade para 6.000 torcedores. O melhor jogo da rodada para os grandes ocorreu na deserta Arena Barueri com pouco mais de 2.000 pagantes, fruto do boicote da torcida são-paulina às provocações de Vampeta, ex-jogador corintiano que preside o Audax e apelidou o Tricolor de Bambi, além de ter prometido tapete rosa para receber a estreia oficial de Rogério Ceni como treinador. Se o tiro dele saiu pela culatra, o time dele pintou e bordou na frágil defesa do São Paulo, em tarde pra lá de infeliz. . De positivo mesmo só a capacidade de reagir ainda no primeiro tempo aos 2 a 0 que sofreu com apenas 8 minutos de partida. Chávez empatou ao receber passes preciosos de Cueva e Rodrigo Caio e por pouco Cueva não virou, ao chutar no travessão uma falta no fim da etapa inicial. A sensação no começo do tempo final era a de que a virada viria, mas, aí, Fernando Diniz, o brilhante e genioso técnico do Audax, que havia espinafrado publicamente sua defesa ao tomar o primeiro gol e demolido o moral do time, foi expulso. Não passou um minuto para o Audax fazer 3 a 2, de costas, e 4 a 2, de pênalti. A vida não está fácil e não estará para ninguém, nem mesmo para o goleador Santos. Tudo indica que será muito difícil para Corinthians e São Paulo. JESUS! Mestre Tostão está certo: devagar com o andor. Gabriel Jesus precisa de tempo. Como ontem, em Manchester. Precisou de 10 minutos para fazer 1 a 0 e de 93 para fazer 2 a 1. Quase aos 20 anos, tempo não lhe faltará para ser o camisa 9 de que a Seleção precisa.
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Tudo indica que será muito difícil para Corinthians e São PauloCADA UM a seu modo, DNA à mostra, a estreia dos quatro grandes de São Paulo no Paulistinha não permite conclusão alguma, mas dá pano para mangas. O Santos goleou na Vila Belmiro diante de quase 11 mil torcedores. O Linense é só o melhor time de Lins? Azar dele. Tome um, tome dois, tome três, tome meia dúzia de gols. Verdade que Dorival Júnior, perfeccionista como é, há de puxar as orelhas da defesa porque tomou dois gols que não precisava ter tomado. O time praiano foi quem estreou melhor e mostrou com o 6 a 2 que o tri está em seus melhores planos. O campeão brasileiro não foi tão bem na estreia de Eduardo Baptista em jogos oficiais. Suou, também em casa, para vencer o Botinha graças, mais uma vez, a este formidável Tchê Tchê, autor do 1 a 0. Fernando Prass acabou por trabalhar muito mais que o goleiro Neneca e o empate em 1 a 1 teria até sido justo, embora seja preciso considerar que o adversário voltou aos treinamentos em Ribeirão Preto bem antes do Palmeiras. Ainda sem Mina, Moisés e Guerra, o Alviverde tem muito a progredir. Pior aconteceu com o Corinthians, um dos grandes que aparecem como azarões na luta pelo título. Num gramado encharcado em Sorocaba, só venceu graças ao polêmico pênalti que Jô bateu para fazer outro 1 a 0. O São Bento pouco ameaçou, mas não se viu, nem o gramado permitia, o jogo de posse de bola que o Alvinegro promete sob o comando de Fábio Carille. De bom mesmo apenas as atuações do zagueiro Pablo, que veio da França, e de Moisés, lateral que mostrou novamente segurança e personalidade para 6.000 torcedores. O melhor jogo da rodada para os grandes ocorreu na deserta Arena Barueri com pouco mais de 2.000 pagantes, fruto do boicote da torcida são-paulina às provocações de Vampeta, ex-jogador corintiano que preside o Audax e apelidou o Tricolor de Bambi, além de ter prometido tapete rosa para receber a estreia oficial de Rogério Ceni como treinador. Se o tiro dele saiu pela culatra, o time dele pintou e bordou na frágil defesa do São Paulo, em tarde pra lá de infeliz. . De positivo mesmo só a capacidade de reagir ainda no primeiro tempo aos 2 a 0 que sofreu com apenas 8 minutos de partida. Chávez empatou ao receber passes preciosos de Cueva e Rodrigo Caio e por pouco Cueva não virou, ao chutar no travessão uma falta no fim da etapa inicial. A sensação no começo do tempo final era a de que a virada viria, mas, aí, Fernando Diniz, o brilhante e genioso técnico do Audax, que havia espinafrado publicamente sua defesa ao tomar o primeiro gol e demolido o moral do time, foi expulso. Não passou um minuto para o Audax fazer 3 a 2, de costas, e 4 a 2, de pênalti. A vida não está fácil e não estará para ninguém, nem mesmo para o goleador Santos. Tudo indica que será muito difícil para Corinthians e São Paulo. JESUS! Mestre Tostão está certo: devagar com o andor. Gabriel Jesus precisa de tempo. Como ontem, em Manchester. Precisou de 10 minutos para fazer 1 a 0 e de 93 para fazer 2 a 1. Quase aos 20 anos, tempo não lhe faltará para ser o camisa 9 de que a Seleção precisa.
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Toyota Corolla muda estilo e recebe controles de tração e de estabilidade
DE SÃO PAULO O Toyota Corolla 2018 já está à venda, em seis versões. Os preços vão de R$ 69,6 mil (XLi 1.8, manual) a R$ 114,9 mil (Altis 2.0, automático do tipo CVT). Pela primeira vez desde que foi lançado no país, no início dos anos 1990, o sedã vem equipado com um pacote de segurança que inclui controles de estabilidade e de tração. Os sete airbags agora são item de série em todos os modelos. Por fora, a grande mudança se deu na parte dianteira. Os faróis e a grade estão mais finos, "look" inspirado no olhar de atletas antes de uma competição, segundo a marca. A versão XRS está de volta: por R$ 108,9 mil, leva-se para a garagem um Corolla com traje esporte. Há também uma novidade na paleta de cores: o marrom urban foi escolhido como tom de lançamento.
sobretudo
Toyota Corolla muda estilo e recebe controles de tração e de estabilidade DE SÃO PAULO O Toyota Corolla 2018 já está à venda, em seis versões. Os preços vão de R$ 69,6 mil (XLi 1.8, manual) a R$ 114,9 mil (Altis 2.0, automático do tipo CVT). Pela primeira vez desde que foi lançado no país, no início dos anos 1990, o sedã vem equipado com um pacote de segurança que inclui controles de estabilidade e de tração. Os sete airbags agora são item de série em todos os modelos. Por fora, a grande mudança se deu na parte dianteira. Os faróis e a grade estão mais finos, "look" inspirado no olhar de atletas antes de uma competição, segundo a marca. A versão XRS está de volta: por R$ 108,9 mil, leva-se para a garagem um Corolla com traje esporte. Há também uma novidade na paleta de cores: o marrom urban foi escolhido como tom de lançamento.
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Após entrar no G-4, Marcelo diz que Palmeiras tem dedo do antecessor
Após a goleada sobre o Vasco por 4 a 1, neste domingo (26), no estádio São Januário, o técnico do Palmeiras, Marcelo Oliveira, afirmou que a equipe tem o dedo do seu antecessor, Oswaldo de Oliveira, que deixou o clube em junho. Com a vitória, o Palmeiras entrou pela primeira vez no G-4 do Campeonato Brasileiro. O time soma 28 pontos e está na terceira colocação. O líder é o Atlético-MG, que soma 32 pontos. "Tem coisas do Oswaldo sim, inclusive a formação e o modo de jogar além dos jogadores que ele indicou e são importantes como o Gabriel, Lucas, Rafael. Tem muito do Oswaldo, pegamos e demos sequência. Claro que tem um pouco de nós", disse o treinador. Marcelo Oliveira também ressaltou os pontos conquistados como visitante. Desde sua chegada, a equipe venceu o Vasco, a Ponte Preta, empatou com o Sport e perdeu para o Grêmio —o jogo marcou a estreia do técnico— pelo Campeonato Brasileiro. Na Copa do Brasil, venceu o ASA. "Essa vitória é importante, fundamental. Passar os 50% de aproveitamento fora de casa é fundamental para um campeonato de pontos corridos", completou. O Palmeiras volta a campo no domingo (2), quando enfrenta o Atlético-PR em casa. Veja vídeo
esporte
Após entrar no G-4, Marcelo diz que Palmeiras tem dedo do antecessorApós a goleada sobre o Vasco por 4 a 1, neste domingo (26), no estádio São Januário, o técnico do Palmeiras, Marcelo Oliveira, afirmou que a equipe tem o dedo do seu antecessor, Oswaldo de Oliveira, que deixou o clube em junho. Com a vitória, o Palmeiras entrou pela primeira vez no G-4 do Campeonato Brasileiro. O time soma 28 pontos e está na terceira colocação. O líder é o Atlético-MG, que soma 32 pontos. "Tem coisas do Oswaldo sim, inclusive a formação e o modo de jogar além dos jogadores que ele indicou e são importantes como o Gabriel, Lucas, Rafael. Tem muito do Oswaldo, pegamos e demos sequência. Claro que tem um pouco de nós", disse o treinador. Marcelo Oliveira também ressaltou os pontos conquistados como visitante. Desde sua chegada, a equipe venceu o Vasco, a Ponte Preta, empatou com o Sport e perdeu para o Grêmio —o jogo marcou a estreia do técnico— pelo Campeonato Brasileiro. Na Copa do Brasil, venceu o ASA. "Essa vitória é importante, fundamental. Passar os 50% de aproveitamento fora de casa é fundamental para um campeonato de pontos corridos", completou. O Palmeiras volta a campo no domingo (2), quando enfrenta o Atlético-PR em casa. Veja vídeo
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Três carros batem na marginal Tietê, e CET só aparece após 1 hora e 20 min
Uma colisão entre três carros registrada na madrugada desta segunda-feira (15), na pista central da marginal Tietê, em São Paulo, levou 1h20 para ser atendida por agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Ao menos uma pessoa ficou ferida e foi levada para o Pronto-Socorro da Freguesia do Ó (zona oeste), segundo informações da Polícia Militar. De acordo com o Bom Dia SP, o acidente ocorreu por volta das 5h10 nas proximidades da Ponte da Vila Maria, no sentido Ayrton Senna. Uma equipe da CET só apareceu no local às 6h30. À Folha, a CET confirmou em nota que houve atraso no atendimento porque "a agente que deveria atender a ocorrência parou durante o deslocamento para socorrer um motoqueiro que estava caído na pista." Ainda segundo a CET, a agente não avisou à central que estava prestando um outro atendimento na região. Ela portava um rádio comunicador. O órgão ressaltou que foi acionado às 5h17 e chegou ao local do acidente às 6h20. Disse ainda que está intensificando o treinamento de seus agentes e revisando os protocolos de atendimento para evitar falhas. A Polícia Militar não esclareceu à reportagem as causas do acidente. Informou apenas que foi acionada às 5h26 e que prestou atendimento às vítimas no local do acidente.
cotidiano
Três carros batem na marginal Tietê, e CET só aparece após 1 hora e 20 minUma colisão entre três carros registrada na madrugada desta segunda-feira (15), na pista central da marginal Tietê, em São Paulo, levou 1h20 para ser atendida por agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Ao menos uma pessoa ficou ferida e foi levada para o Pronto-Socorro da Freguesia do Ó (zona oeste), segundo informações da Polícia Militar. De acordo com o Bom Dia SP, o acidente ocorreu por volta das 5h10 nas proximidades da Ponte da Vila Maria, no sentido Ayrton Senna. Uma equipe da CET só apareceu no local às 6h30. À Folha, a CET confirmou em nota que houve atraso no atendimento porque "a agente que deveria atender a ocorrência parou durante o deslocamento para socorrer um motoqueiro que estava caído na pista." Ainda segundo a CET, a agente não avisou à central que estava prestando um outro atendimento na região. Ela portava um rádio comunicador. O órgão ressaltou que foi acionado às 5h17 e chegou ao local do acidente às 6h20. Disse ainda que está intensificando o treinamento de seus agentes e revisando os protocolos de atendimento para evitar falhas. A Polícia Militar não esclareceu à reportagem as causas do acidente. Informou apenas que foi acionada às 5h26 e que prestou atendimento às vítimas no local do acidente.
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Outras contas
Audácia e astúcia –eis Eduardo Cunha. É ele mesmo, em pessoa, a explicação para a tão difundida curiosidade sobre o desfecho do seu caso no Conselho de Ética. Ou, mais ainda, sobre o desempenho do próprio naqueles circunstâncias. Eduardo Cunha já disse que provará não haver mentido à CPI da Petrobras, como alegado por proponentes da cassação do seu mandato, com base nas contas suíças do deputado. O mais provável argumento mágico que usará é o de que afirmou à CPI não ter contas do exterior. E as contas mandadas pelos suíços têm nomes de fantasia, ou "empresariais", não o seu. Ainda que não se desconecte das contas, cujos registros têm sua assinatura, pode contestar o motivo da acusação. Mas, entre a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal, é indiferente o que se passe no Conselho de Ética. O interesse está, acima das delações verbais, em um levantamento contábil do "recebido e a receber" que Fernando Soares, o Baiano, diz ter recebido de Eduardo Cunha como cópia, em e-mail, da contabilidade das transações de ambos com terceiros. Esta é tida como uma das mais importantes delações e a mais forte referente a Eduardo Cunha. PROVOCAÇÃO O plano da facção de caminhoneiros que quer "paralisar o abastecimento das cidades", como exposto na internet, é de irresponsabilidade só menor que a dos movimentos pró-impeachment que o incentivam. A combinação e o propósito retiram o caráter reivindicatório da greve de parte dos estradeiros, marcada para segunda-feira (9). A ação pretendida daria características físicas ao confronto até aqui próprio de forças apenas políticas. Não é o tom que se eleva, quando entrara em declínio. É o salto para uma zona sombria em que não há possibilidade alguma de resultado positivo, por menor que seja, para qualquer das partes. Quase tudo parece recomeçar, por desconhecimento ou má-fé, o já vivido a caminho dos tantos precipícios em que o Brasil caiu, ou foi até à iminência de despencar. VOCAÇÃO Nem toda a importância que as contas ilegais no exterior adquiriram, para a opinião pública e a política, foi capaz de fazer a oposição na Câmara tratá-las pela ótica do conveniente ao país. O projeto de lei para atrair de volta esse dinheirão, desde que não proveniente de ilicitudes, sofreu duplo boicote de deputados, por integrar as medidas propostas pelo governo. A tentativa de acordo para a pronta votação do projeto, feita por vários ministros e deputados governistas, encontrou a oposição com a ideia de protelar a votação e, portanto, a lei e o retorno do dinheiro. A alternativa ficou clara: a disputa a todo risco. O relator do projeto, Manoel Júnior, paraibano do PMDB, incluiu variadas formas de proteção a criminosos financeiros. Até a importação sem pagamento dos impostos devidos, que em português razoável é o velho contrabando, entrou no projeto. Aliás, como contrabando de Manoel Júnior.
colunas
Outras contasAudácia e astúcia –eis Eduardo Cunha. É ele mesmo, em pessoa, a explicação para a tão difundida curiosidade sobre o desfecho do seu caso no Conselho de Ética. Ou, mais ainda, sobre o desempenho do próprio naqueles circunstâncias. Eduardo Cunha já disse que provará não haver mentido à CPI da Petrobras, como alegado por proponentes da cassação do seu mandato, com base nas contas suíças do deputado. O mais provável argumento mágico que usará é o de que afirmou à CPI não ter contas do exterior. E as contas mandadas pelos suíços têm nomes de fantasia, ou "empresariais", não o seu. Ainda que não se desconecte das contas, cujos registros têm sua assinatura, pode contestar o motivo da acusação. Mas, entre a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal, é indiferente o que se passe no Conselho de Ética. O interesse está, acima das delações verbais, em um levantamento contábil do "recebido e a receber" que Fernando Soares, o Baiano, diz ter recebido de Eduardo Cunha como cópia, em e-mail, da contabilidade das transações de ambos com terceiros. Esta é tida como uma das mais importantes delações e a mais forte referente a Eduardo Cunha. PROVOCAÇÃO O plano da facção de caminhoneiros que quer "paralisar o abastecimento das cidades", como exposto na internet, é de irresponsabilidade só menor que a dos movimentos pró-impeachment que o incentivam. A combinação e o propósito retiram o caráter reivindicatório da greve de parte dos estradeiros, marcada para segunda-feira (9). A ação pretendida daria características físicas ao confronto até aqui próprio de forças apenas políticas. Não é o tom que se eleva, quando entrara em declínio. É o salto para uma zona sombria em que não há possibilidade alguma de resultado positivo, por menor que seja, para qualquer das partes. Quase tudo parece recomeçar, por desconhecimento ou má-fé, o já vivido a caminho dos tantos precipícios em que o Brasil caiu, ou foi até à iminência de despencar. VOCAÇÃO Nem toda a importância que as contas ilegais no exterior adquiriram, para a opinião pública e a política, foi capaz de fazer a oposição na Câmara tratá-las pela ótica do conveniente ao país. O projeto de lei para atrair de volta esse dinheirão, desde que não proveniente de ilicitudes, sofreu duplo boicote de deputados, por integrar as medidas propostas pelo governo. A tentativa de acordo para a pronta votação do projeto, feita por vários ministros e deputados governistas, encontrou a oposição com a ideia de protelar a votação e, portanto, a lei e o retorno do dinheiro. A alternativa ficou clara: a disputa a todo risco. O relator do projeto, Manoel Júnior, paraibano do PMDB, incluiu variadas formas de proteção a criminosos financeiros. Até a importação sem pagamento dos impostos devidos, que em português razoável é o velho contrabando, entrou no projeto. Aliás, como contrabando de Manoel Júnior.
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Regulamentação é estelionato
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cometeu um estelionato político e econômico contra os taxistas de São Paulo. Após sancionar lei, aprovada pela Câmara, que proibia o uso do Uber em São Paulo, o prefeito anunciou um novo sistema, o "táxi preto", limitado a 5.000 veículos. O custo da modalidade é de R$ 60 mil a cada profissional sorteado para conseguir o novo alvará. Pois bem, menos de três meses depois, após a categoria ter se comprometido com custos de R$ 300 milhões para adquirir os veículos, Haddad recua e promete regulamentar o Uber. Estamos cansados de estelionatos políticos e eleitorais, a exemplo dos que sofremos em 2014. Pagamos hoje a conta com desemprego, inflação e juros altos. O Uber escolheu ser clandestino, tendo a certeza de que o prefeito o regulamentaria. Confirma nossa hipótese o fato de Haddad ter estabelecido multa de R$ 4.500 para cada Uber apreendido e nada ter acontecido até agora. Típico dos estelionatários políticos: o poder público finge que pune e o aplicativo se mantém na clandestinidade, até que a regularização seja estabelecida. Contestamos também a afirmação de Haddad, divulgada por esta Folha em 28/1, de que os taxistas "vão desaparecer pela concorrência predatória" se não aceitarem o aplicativo na cidade. A valer a análise do prefeito, seríamos obrigados a acreditar que a cidade de São Paulo, suas instituições políticas e os milhares de taxistas profissionais que há décadas prestam serviços para a população são mais frágeis do que um serviço de transporte clandestino, ilegal e estrangeiro. A submissão do prefeito ao Uber é uma agressão sem precedentes ao lema da cidade de São Paulo, como consta em nosso brasão: "Non ducor duco" (não sou conduzido, conduzo). A subserviência, a ponto de não se preocupar com o estelionato econômico e político que aplicou nos taxistas e na Câmara dos Vereadores, desrespeita também a Constituição Federal. De acordo com a análise do advogado Rodrigo Matheus, mestre em direito do Estado, consultor jurídico em transporte e diretor do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), a Constituição Federal estabelece que o transporte individual de passageiros é considerado um serviço de utilidade pública. Como tal, segundo a lei federal nº 12.587/12, deve ser organizado, disciplinado e fiscalizado pelo poder público municipal, com base nos requisitos mínimos de segurança, de conforto, de higiene, de qualidade dos serviços e de fixação prévia dos valores máximos das tarifas a serem cobradas. Parâmetros que Haddad fingiu respeitar ao "proibir" o Uber e ao prejudicar 5.000 taxistas que se comprometeram com dívidas de R$ 60 mil reais cada um para adquirirem os "táxis pretos". Agora, por manobras escusas, promete regularizar o aplicativo e deixar a categoria com dívidas de R$ 300 milhões. EDMILSON AMERICANO é presidente da Associação Brasileira das Associações e Cooperativas de Motoristas de Táxis - Abracomtaxi * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
opiniao
Regulamentação é estelionatoO prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cometeu um estelionato político e econômico contra os taxistas de São Paulo. Após sancionar lei, aprovada pela Câmara, que proibia o uso do Uber em São Paulo, o prefeito anunciou um novo sistema, o "táxi preto", limitado a 5.000 veículos. O custo da modalidade é de R$ 60 mil a cada profissional sorteado para conseguir o novo alvará. Pois bem, menos de três meses depois, após a categoria ter se comprometido com custos de R$ 300 milhões para adquirir os veículos, Haddad recua e promete regulamentar o Uber. Estamos cansados de estelionatos políticos e eleitorais, a exemplo dos que sofremos em 2014. Pagamos hoje a conta com desemprego, inflação e juros altos. O Uber escolheu ser clandestino, tendo a certeza de que o prefeito o regulamentaria. Confirma nossa hipótese o fato de Haddad ter estabelecido multa de R$ 4.500 para cada Uber apreendido e nada ter acontecido até agora. Típico dos estelionatários políticos: o poder público finge que pune e o aplicativo se mantém na clandestinidade, até que a regularização seja estabelecida. Contestamos também a afirmação de Haddad, divulgada por esta Folha em 28/1, de que os taxistas "vão desaparecer pela concorrência predatória" se não aceitarem o aplicativo na cidade. A valer a análise do prefeito, seríamos obrigados a acreditar que a cidade de São Paulo, suas instituições políticas e os milhares de taxistas profissionais que há décadas prestam serviços para a população são mais frágeis do que um serviço de transporte clandestino, ilegal e estrangeiro. A submissão do prefeito ao Uber é uma agressão sem precedentes ao lema da cidade de São Paulo, como consta em nosso brasão: "Non ducor duco" (não sou conduzido, conduzo). A subserviência, a ponto de não se preocupar com o estelionato econômico e político que aplicou nos taxistas e na Câmara dos Vereadores, desrespeita também a Constituição Federal. De acordo com a análise do advogado Rodrigo Matheus, mestre em direito do Estado, consultor jurídico em transporte e diretor do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), a Constituição Federal estabelece que o transporte individual de passageiros é considerado um serviço de utilidade pública. Como tal, segundo a lei federal nº 12.587/12, deve ser organizado, disciplinado e fiscalizado pelo poder público municipal, com base nos requisitos mínimos de segurança, de conforto, de higiene, de qualidade dos serviços e de fixação prévia dos valores máximos das tarifas a serem cobradas. Parâmetros que Haddad fingiu respeitar ao "proibir" o Uber e ao prejudicar 5.000 taxistas que se comprometeram com dívidas de R$ 60 mil reais cada um para adquirirem os "táxis pretos". Agora, por manobras escusas, promete regularizar o aplicativo e deixar a categoria com dívidas de R$ 300 milhões. EDMILSON AMERICANO é presidente da Associação Brasileira das Associações e Cooperativas de Motoristas de Táxis - Abracomtaxi * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
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Estado Islâmico usa Ramadã para estimular seus seguidores
Quando se aproximava o início o Ramadã, o mês mais sagrado do islamismo, propagandistas do Estado Islâmico disseram a seus discípulos que era um bom momento para matar pessoas. Um porta-voz do EI, Abu Mohamed al-Adnani, afirmou, no fim de maio, que extremistas deveriam "fazer do Ramadã, com a permissão de Alá, um mês de dor para infiéis em todo o mundo". Foi mesmo um mês sangrento, em que ataques mataram ou feriram centenas, de Orlando a Istambul, de Dacca a, agora, Bagdá, cujo alvo foi um mercado cheio de famílias que faziam compras para o feriado de Eid al-Fitr, nesta quarta (6), que marca justamente o fim do Ramadã —determinado pelo calendário lunar islâmico. Para a maioria dos muçulmanos no mundo, violência é algo completamente destoante do mês sagrado —que, além do jejum do nascer ao pôr-do-sol, é um tempo de renovação espiritual e orações. Muçulmanos creem que a recompensa por atos nobres no Ramadã é maior. Extremistas perverteram essa crença para servir a seus próprios fins, dizem analistas. "Não há dúvida de que o EI usa o Ramadã como um divisor de águas, um marco para inspirar e motivar seus seguidores", afirma Fawaz A. Gerges, professor da London School of Economics que tem livros sobre o extremismo. No ano passado também houve muitos atentados durante o Ramadã: contra um resort na Tunísia. uma mesquita xiita no Kuait, contra tropas da União Africana na Somália e contra outro mercado perto de Bagdá, numa ação bastante parecida com a deste domingo. Alguns estudiosos argumentam, porém, que ataques ocorrem ao longo de um ano inteiro e não há evidências de que aumentam durante o mês sagrado. Ressalvam, também, que é impossível dizer que papel o Ramadã exerce sobre cada extremista. O que está claro é que a manipulação do sentido do Ramadã é mais um meio de os extremistas interpretarem o islã de forma que a maioria muçulmana deplora. Em uma mensagem de áudio divulgada antes do início do mês sagrado, o porta-voz Adnani pedia ataques no Ocidente em retaliação à ofensiva liderada pelos EUA contra o EI. Segundo Adnani, os membros da facção deveriam agir porque, "talvez, possam ganhar a recompensa do martírio no Ramadã". HISTÓRIA Outros propagandistas recorrem à história do islamismo para comparar a guerra santa moderna com a batalha de Badr, em 624, mencionada no Alcorão, em que forças leais ao profeta Maomé expulsaram inimigos de Meca, na Arábia Saudita. "Na história islâmica, o Ramadã é um lembrete aos muçulmanos de quem são eles, separando os fiéis dos infiéis", afirma Gerges. "Mas o que a Al Qaeda e agora o EI fizeram com grande eficiência foi focar mais no espírito de guerra em vez do espírito moral." A recente onda de ataques pode até ter menos a ver com Ramadã do que com o desejo do EI de projetar força diante da crescente perda de território na Síria e no Iraque. A queda de Fallujah para o Exército iraquiano durante o mês sagrado foi considerada uma humilhação. Uma vez que essas derrotas minam o discurso do EI de ser um Estado com território próprio, ataques com grande repercussão ajudam a desviar o foco do que está acontecendo em solo sírio e iraquiano.
mundo
Estado Islâmico usa Ramadã para estimular seus seguidoresQuando se aproximava o início o Ramadã, o mês mais sagrado do islamismo, propagandistas do Estado Islâmico disseram a seus discípulos que era um bom momento para matar pessoas. Um porta-voz do EI, Abu Mohamed al-Adnani, afirmou, no fim de maio, que extremistas deveriam "fazer do Ramadã, com a permissão de Alá, um mês de dor para infiéis em todo o mundo". Foi mesmo um mês sangrento, em que ataques mataram ou feriram centenas, de Orlando a Istambul, de Dacca a, agora, Bagdá, cujo alvo foi um mercado cheio de famílias que faziam compras para o feriado de Eid al-Fitr, nesta quarta (6), que marca justamente o fim do Ramadã —determinado pelo calendário lunar islâmico. Para a maioria dos muçulmanos no mundo, violência é algo completamente destoante do mês sagrado —que, além do jejum do nascer ao pôr-do-sol, é um tempo de renovação espiritual e orações. Muçulmanos creem que a recompensa por atos nobres no Ramadã é maior. Extremistas perverteram essa crença para servir a seus próprios fins, dizem analistas. "Não há dúvida de que o EI usa o Ramadã como um divisor de águas, um marco para inspirar e motivar seus seguidores", afirma Fawaz A. Gerges, professor da London School of Economics que tem livros sobre o extremismo. No ano passado também houve muitos atentados durante o Ramadã: contra um resort na Tunísia. uma mesquita xiita no Kuait, contra tropas da União Africana na Somália e contra outro mercado perto de Bagdá, numa ação bastante parecida com a deste domingo. Alguns estudiosos argumentam, porém, que ataques ocorrem ao longo de um ano inteiro e não há evidências de que aumentam durante o mês sagrado. Ressalvam, também, que é impossível dizer que papel o Ramadã exerce sobre cada extremista. O que está claro é que a manipulação do sentido do Ramadã é mais um meio de os extremistas interpretarem o islã de forma que a maioria muçulmana deplora. Em uma mensagem de áudio divulgada antes do início do mês sagrado, o porta-voz Adnani pedia ataques no Ocidente em retaliação à ofensiva liderada pelos EUA contra o EI. Segundo Adnani, os membros da facção deveriam agir porque, "talvez, possam ganhar a recompensa do martírio no Ramadã". HISTÓRIA Outros propagandistas recorrem à história do islamismo para comparar a guerra santa moderna com a batalha de Badr, em 624, mencionada no Alcorão, em que forças leais ao profeta Maomé expulsaram inimigos de Meca, na Arábia Saudita. "Na história islâmica, o Ramadã é um lembrete aos muçulmanos de quem são eles, separando os fiéis dos infiéis", afirma Gerges. "Mas o que a Al Qaeda e agora o EI fizeram com grande eficiência foi focar mais no espírito de guerra em vez do espírito moral." A recente onda de ataques pode até ter menos a ver com Ramadã do que com o desejo do EI de projetar força diante da crescente perda de território na Síria e no Iraque. A queda de Fallujah para o Exército iraquiano durante o mês sagrado foi considerada uma humilhação. Uma vez que essas derrotas minam o discurso do EI de ser um Estado com território próprio, ataques com grande repercussão ajudam a desviar o foco do que está acontecendo em solo sírio e iraquiano.
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Queda de avião militar americano deixa 11 mortos no Afeganistão
Um avião de transporte militar americano caiu nesta sexta-feira (2) no Afeganistão e matou 11 pessoas, em um momento de combates violentos entre o Exército afegão e os talebans pelo controle da cidade de Kunduz. O C-130 caiu por volta da meia-noite no aeroporto de Jalalabad, importante cidade do leste do país, perto da fronteira com o Paquistão. Seis militares americanos e cinco funcionários terceirizados de empresas privadas morreram no acidente, segundo fontes americanas. "A tripulação e os passageiros morreram", disse o coronel americano Brian Tribus. A missão da Otan, que confirmou o balanço de 11 mortos, não divulgou qualquer explicação para o acidente. Os talebans, que reivindicam com frequência e sem provas a autoria dos acidentes aéreos no Afeganistão, anunciaram que derrubaram a aeronave. "Nossos mujahedines derrubaram um quadrimotor americano em Jalalabad", informou no Twitter o porta-voz dos talebans, Zabihullah Mujahid, que anunciou um balanço de 15 mortos. No entanto, o major americano Tony Wickman disse à agência AFP que "com um alto grau de confiança um ataque inimigo não contribuiu para o acidente", que está sendo investigado. O C-130 é um avião de transporte militar para várias missões, com múltiplas versões, capaz de decolar e pousar em pistas curtas ou superficiais. Está equipado com quatro motores de hélice. Os funcionários terceirizados trabalham para a nova missão da Otan no Afeganistão "Apoio Resoluto", responsável por treinar assessorar as tropas afegãs, que passaram a enfrentar sozinhas a rebelião taleban desde o fim da missão de combate das forças da coalizão em dezembro do ano passado. A Aliança Atlântica mantém apenas 13.000 soldados no Afeganistão, incluindo 10.000 americanos. Jalalabad está no caminho entre Cabul e o Paquistão. O aeroporto local, onde fica uma importante base militar, já foi atacado diversas vezes. O acidente desta sexta-feira aconteceu horas depois da retomada pelas forças afegãs do controle da cidade estratégica de Kunduz (norte), que estava sob poder dos talebans desde segunda-feira. Moradores afirmaram que o exército assumiu o controle de bairros centrais da cidade. O ministro interino da Defesa, Masum Stanekzaï, advertiu que as operações de expulsão dos talebans prosseguem nesta sexta-feira. Os talebans negaram um recuo e prosseguiam com os combates em alguns bairros. Mesmo em caso de confirmação, a recuperação de Kunduz não representaria uma vitória a longo prazo de Cabul contra os talebans, que demonstraram nos últimos dias seu poder nesta região do norte do país, onde lutam contra as forças do governo em várias frentes. A tomada de Kunduz, uma cidade estratégica no caminho para o Tadjiquistão, foi um revés para o presidente Ashraf Ghani, no poder há 12 meses. Na quinta-feira, o chefe de Estado prometeu "punir todos os que faltaram com seu dever" na derrota.
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Queda de avião militar americano deixa 11 mortos no AfeganistãoUm avião de transporte militar americano caiu nesta sexta-feira (2) no Afeganistão e matou 11 pessoas, em um momento de combates violentos entre o Exército afegão e os talebans pelo controle da cidade de Kunduz. O C-130 caiu por volta da meia-noite no aeroporto de Jalalabad, importante cidade do leste do país, perto da fronteira com o Paquistão. Seis militares americanos e cinco funcionários terceirizados de empresas privadas morreram no acidente, segundo fontes americanas. "A tripulação e os passageiros morreram", disse o coronel americano Brian Tribus. A missão da Otan, que confirmou o balanço de 11 mortos, não divulgou qualquer explicação para o acidente. Os talebans, que reivindicam com frequência e sem provas a autoria dos acidentes aéreos no Afeganistão, anunciaram que derrubaram a aeronave. "Nossos mujahedines derrubaram um quadrimotor americano em Jalalabad", informou no Twitter o porta-voz dos talebans, Zabihullah Mujahid, que anunciou um balanço de 15 mortos. No entanto, o major americano Tony Wickman disse à agência AFP que "com um alto grau de confiança um ataque inimigo não contribuiu para o acidente", que está sendo investigado. O C-130 é um avião de transporte militar para várias missões, com múltiplas versões, capaz de decolar e pousar em pistas curtas ou superficiais. Está equipado com quatro motores de hélice. Os funcionários terceirizados trabalham para a nova missão da Otan no Afeganistão "Apoio Resoluto", responsável por treinar assessorar as tropas afegãs, que passaram a enfrentar sozinhas a rebelião taleban desde o fim da missão de combate das forças da coalizão em dezembro do ano passado. A Aliança Atlântica mantém apenas 13.000 soldados no Afeganistão, incluindo 10.000 americanos. Jalalabad está no caminho entre Cabul e o Paquistão. O aeroporto local, onde fica uma importante base militar, já foi atacado diversas vezes. O acidente desta sexta-feira aconteceu horas depois da retomada pelas forças afegãs do controle da cidade estratégica de Kunduz (norte), que estava sob poder dos talebans desde segunda-feira. Moradores afirmaram que o exército assumiu o controle de bairros centrais da cidade. O ministro interino da Defesa, Masum Stanekzaï, advertiu que as operações de expulsão dos talebans prosseguem nesta sexta-feira. Os talebans negaram um recuo e prosseguiam com os combates em alguns bairros. Mesmo em caso de confirmação, a recuperação de Kunduz não representaria uma vitória a longo prazo de Cabul contra os talebans, que demonstraram nos últimos dias seu poder nesta região do norte do país, onde lutam contra as forças do governo em várias frentes. A tomada de Kunduz, uma cidade estratégica no caminho para o Tadjiquistão, foi um revés para o presidente Ashraf Ghani, no poder há 12 meses. Na quinta-feira, o chefe de Estado prometeu "punir todos os que faltaram com seu dever" na derrota.
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Histeria contribui para chuva de recordes na natação nos Jogos do Rio
MARIANA LAJOLO PAULO ROBERTO CONDE ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO "É uma Olimpíada. Todos querem nadar o mais rápido que podem, se preparam muito e não querem ter lamentos pelos quatro anos dedicados neste ciclo", afirmou a norte-americana Katie Ledecky. Foi esta a explicação que ela deu para os seis recordes mundiais quebrados em apenas dois dias de provas de natação nos Jogos Olímpicos do Rio. Com mais cinco dias de disputa pela frente, a expectativa é a de que os nadadores superem por larga margem os nove recordes de Londres-2012. Ledecky é uma das "culpadas". Ninguém quer ter lamentação, mas não precisava exagerar. No domingo (7), ela quebrou em dois segundos a marca mundial dos 400 m livre, o que lhe rendeu a medalha de ouro (3min58s37 x 3min56s46). "Esta marca [de 3min56] foi um objetivo que tracei depois do Mundial de 2013, em Barcelona. Então, batê-la me deixa feliz", disse. "O que sinto é pura felicidade", comentou. A norte-americana também tem chance de bater outros recordes: nesta terça (9) ela disputa a final dos 200 m livre, e é franca favorita nos 800 m livre e no revezamento 4 x 200 m. Ela só puxa a fila de uma turma que veio ao Rio ávida por atropelar tempos. O britânico Adam Peaty, por exemplo, quebrou duas vezes o primado dos 100 m peito, nas eliminatórias e na final, quando obteve a medalha dourada. O recorde mundial de antes dos Jogos, de 57s92, foi reduzido em praticamente um segundo na final, para 57s13. O segundo colocado tocou na parede mais de um segundo e meio depois dele. "É surreal. Depois da prova eu precisei bater em alguma coisa para acreditar, e só tinha a água na minha frente", disse. Peaty também é recordista mundial dos 50 m peito. A húngara Katinka Hosszu também chocou o público presente ao Estádio Aquático no domingo ao quebrar em dois segundos o recorde mundial dos 400 m medley, que perdurava desde os Jogos londrinos. "É um loucura pensar que eu nadei dois segundos mais rápido do que qualquer outro ser humano nesta prova. É loucura", repetiu a húngara, que também é recordista mundial dos 200 m medley, prova para a qual é favorita ao ouro. Outros recordes mundiais foram batidos pela equipe australiana do revezamento 4 x 100 m feminino, em vitória sobre o arquirrival Estados Unidos, e pela sueca Sarah Sjostrom, nos 100 m borboleta. Segundo nadadores ouvidos pela Folha, o alto volume das arquibancadas ajuda na obtenção dos novos primados. Maior astro do esporte, Michael Phelps disse que "nunca ouviu nada assim", em referência à participação do público. Pelo ritmo dos nadadores, é possível que a Rio-2016 supere Atenas (que teve oito recordes), Londres (9) e se aproxime de Sydney (14). Nos Jogos de Pequim, que tiveram o maior número de marcas na natação neste milênio (25), foi permitido o uso de super-maiôs.
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Histeria contribui para chuva de recordes na natação nos Jogos do Rio MARIANA LAJOLO PAULO ROBERTO CONDE ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO "É uma Olimpíada. Todos querem nadar o mais rápido que podem, se preparam muito e não querem ter lamentos pelos quatro anos dedicados neste ciclo", afirmou a norte-americana Katie Ledecky. Foi esta a explicação que ela deu para os seis recordes mundiais quebrados em apenas dois dias de provas de natação nos Jogos Olímpicos do Rio. Com mais cinco dias de disputa pela frente, a expectativa é a de que os nadadores superem por larga margem os nove recordes de Londres-2012. Ledecky é uma das "culpadas". Ninguém quer ter lamentação, mas não precisava exagerar. No domingo (7), ela quebrou em dois segundos a marca mundial dos 400 m livre, o que lhe rendeu a medalha de ouro (3min58s37 x 3min56s46). "Esta marca [de 3min56] foi um objetivo que tracei depois do Mundial de 2013, em Barcelona. Então, batê-la me deixa feliz", disse. "O que sinto é pura felicidade", comentou. A norte-americana também tem chance de bater outros recordes: nesta terça (9) ela disputa a final dos 200 m livre, e é franca favorita nos 800 m livre e no revezamento 4 x 200 m. Ela só puxa a fila de uma turma que veio ao Rio ávida por atropelar tempos. O britânico Adam Peaty, por exemplo, quebrou duas vezes o primado dos 100 m peito, nas eliminatórias e na final, quando obteve a medalha dourada. O recorde mundial de antes dos Jogos, de 57s92, foi reduzido em praticamente um segundo na final, para 57s13. O segundo colocado tocou na parede mais de um segundo e meio depois dele. "É surreal. Depois da prova eu precisei bater em alguma coisa para acreditar, e só tinha a água na minha frente", disse. Peaty também é recordista mundial dos 50 m peito. A húngara Katinka Hosszu também chocou o público presente ao Estádio Aquático no domingo ao quebrar em dois segundos o recorde mundial dos 400 m medley, que perdurava desde os Jogos londrinos. "É um loucura pensar que eu nadei dois segundos mais rápido do que qualquer outro ser humano nesta prova. É loucura", repetiu a húngara, que também é recordista mundial dos 200 m medley, prova para a qual é favorita ao ouro. Outros recordes mundiais foram batidos pela equipe australiana do revezamento 4 x 100 m feminino, em vitória sobre o arquirrival Estados Unidos, e pela sueca Sarah Sjostrom, nos 100 m borboleta. Segundo nadadores ouvidos pela Folha, o alto volume das arquibancadas ajuda na obtenção dos novos primados. Maior astro do esporte, Michael Phelps disse que "nunca ouviu nada assim", em referência à participação do público. Pelo ritmo dos nadadores, é possível que a Rio-2016 supere Atenas (que teve oito recordes), Londres (9) e se aproxime de Sydney (14). Nos Jogos de Pequim, que tiveram o maior número de marcas na natação neste milênio (25), foi permitido o uso de super-maiôs.
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Após décadas de hiato profissional, Di Melo volta aos palcos
RAFAEL ANDERY DE SÃO PAULO Em 1975, o disco de estreia de Di Melo, 66, vendia "que nem banana na feira". A expressão é do próprio, que beberica um café e belisca amendoins e castanhas de caju na cozinha de sua casa, no bairro do Rio Pequeno, na zona oeste de São Paulo. O cômodo, assim como o resto do imóvel, incluindo a sala, os quartos e até os banheiros, é literalmente revestido por quadros e obras de arte colecionados pelo artista ao longo das últimas décadas. Achar um pedaço de parede nua em seus domínios não é tarefa fácil. Mas se engana quem pensa que a coleção é um luxo acumulado com a ajuda das riquezas auferidas ao longo dos quarenta anos de carreira. Porque, se Di Melo já vendeu mais que fruta em feira livre, também é certo que ele lucrou com isso menos que um feirante. Quem conta é o próprio artista. Seu primeiro disco foi gravado pela gigante EMI/Odeon, e contou com a participação de artistas como Hermeto Pascoal. Segundo Di Melo, a primeira tiragem do álbum, realizada somente para a divulgação do artista em rádios e afins, somava cerca de 3.000 exemplares. "Kilariô", o suingue animado que servia de carro-chefe de seu primeiro trabalho, era um sucesso absoluto. "Minha música tocava em todo lugar, até na Europa", diz. Na expectativa da bolada que achava que receberia, foi recolher os direitos autorais referentes ao trimestre de lançamento do álbum. "Saí de lá com 11 cruzeiros", conta. "Senti que tinha assinado um atestado de imbecil. Eu era o fantástico idiota'". A história não é nova. Casos de desentendimentos entre cantores talentosos de soul e black com suas gravadoras nos anos 1970 abundam. Hyldon, Cassiano e até mesmo Tim Maia, além de muitos outros, que o digam. Alguns seguiram com suas carreiras, outros se perderam pelo caminho. Para Di Melo, a mágoa e o desapontamento não passaram rápido. "Passei a não levar a minha música a sério", diz. O cantor sumiu. Do mainstream. Porque ainda se virava por aí. "Pegou a estrada" com Geraldo Vandré, atuou como marchand informal trocando e vendendo as obras de arte que coleciona e tocou tarantelas misturadas com sambas por cantinas da cidade. Música, ainda fazia. Mas apenas para si mesmo e em "shows intimistas". Não gravou mais. E continuou nessa toada silenciosa até o começo dos anos 2000. Foi quando conheceu Jô, hoje sua mulher, em um bloco de Carnaval. Desde então, a baiana tem lugar cativo no coração e nos negócios do músico. É ela a responsável por agendar shows, cuidar de entrevistas e da gravação dos seus discos. Desde que a conheceu, Di Melo, então autor de um único disco, já gravou outra dezena de CDs. A grande maioria deles quase sem nenhuma verba, com fotos tiradas por Jô estampando as capas e vendidos unicamente nos pequenos shows que o artista fazia. O jogo começou a virar em 2009. Foi quando os diretores Alan Oliveira e Rubens Pássaro, separadamente, começaram a pesquisar a carreira do músico, desaparecido do grande público e presumido morto por boa parte de seus admiradores. O próprio Di Melo colocou os dois cineastas em contato. Dois anos depois, foi lançado o documentário "Di Melo - O Imorrível". Com apenas 25 minutos, o filme percorreu festivais e trouxe nova luz à carreira do artista, que se tornou um queridinho da cena independente paulistana. De lá para cá, Di Melo ganhou oxigênio. Entrou para o circuito de shows do Sesc, tocou em casas noturnas de São Paulo, no Circo Voador (RJ) e em festivais em seu Estado natal, Pernambuco. Recentemente, lançou um disco de produção mais profissionalizada, "Di Melo - O Imorrível", com participação de artistas como BNegão e Emicida. O dinheiro veio do bolso do próprio músico, que conta ter conseguido o estúdio para as gravações em troca de alguns quadros. Di Melo voltou a levar a música a sério. Sua maior motivação, contudo, é pragmática. A filha Gabriela, a "Gabiroba", de dez anos, está crescendo, "e quer fazer inglês, alemão, teatro e balé", conta o pai babão. "Voltei a trabalhar pesado, não posso ficar de braços cruzados", diz. "Se não fosse por ela, nem estaria mais nessa história. Gato escaldado tem medo de água fria."
saopaulo
Após décadas de hiato profissional, Di Melo volta aos palcosRAFAEL ANDERY DE SÃO PAULO Em 1975, o disco de estreia de Di Melo, 66, vendia "que nem banana na feira". A expressão é do próprio, que beberica um café e belisca amendoins e castanhas de caju na cozinha de sua casa, no bairro do Rio Pequeno, na zona oeste de São Paulo. O cômodo, assim como o resto do imóvel, incluindo a sala, os quartos e até os banheiros, é literalmente revestido por quadros e obras de arte colecionados pelo artista ao longo das últimas décadas. Achar um pedaço de parede nua em seus domínios não é tarefa fácil. Mas se engana quem pensa que a coleção é um luxo acumulado com a ajuda das riquezas auferidas ao longo dos quarenta anos de carreira. Porque, se Di Melo já vendeu mais que fruta em feira livre, também é certo que ele lucrou com isso menos que um feirante. Quem conta é o próprio artista. Seu primeiro disco foi gravado pela gigante EMI/Odeon, e contou com a participação de artistas como Hermeto Pascoal. Segundo Di Melo, a primeira tiragem do álbum, realizada somente para a divulgação do artista em rádios e afins, somava cerca de 3.000 exemplares. "Kilariô", o suingue animado que servia de carro-chefe de seu primeiro trabalho, era um sucesso absoluto. "Minha música tocava em todo lugar, até na Europa", diz. Na expectativa da bolada que achava que receberia, foi recolher os direitos autorais referentes ao trimestre de lançamento do álbum. "Saí de lá com 11 cruzeiros", conta. "Senti que tinha assinado um atestado de imbecil. Eu era o fantástico idiota'". A história não é nova. Casos de desentendimentos entre cantores talentosos de soul e black com suas gravadoras nos anos 1970 abundam. Hyldon, Cassiano e até mesmo Tim Maia, além de muitos outros, que o digam. Alguns seguiram com suas carreiras, outros se perderam pelo caminho. Para Di Melo, a mágoa e o desapontamento não passaram rápido. "Passei a não levar a minha música a sério", diz. O cantor sumiu. Do mainstream. Porque ainda se virava por aí. "Pegou a estrada" com Geraldo Vandré, atuou como marchand informal trocando e vendendo as obras de arte que coleciona e tocou tarantelas misturadas com sambas por cantinas da cidade. Música, ainda fazia. Mas apenas para si mesmo e em "shows intimistas". Não gravou mais. E continuou nessa toada silenciosa até o começo dos anos 2000. Foi quando conheceu Jô, hoje sua mulher, em um bloco de Carnaval. Desde então, a baiana tem lugar cativo no coração e nos negócios do músico. É ela a responsável por agendar shows, cuidar de entrevistas e da gravação dos seus discos. Desde que a conheceu, Di Melo, então autor de um único disco, já gravou outra dezena de CDs. A grande maioria deles quase sem nenhuma verba, com fotos tiradas por Jô estampando as capas e vendidos unicamente nos pequenos shows que o artista fazia. O jogo começou a virar em 2009. Foi quando os diretores Alan Oliveira e Rubens Pássaro, separadamente, começaram a pesquisar a carreira do músico, desaparecido do grande público e presumido morto por boa parte de seus admiradores. O próprio Di Melo colocou os dois cineastas em contato. Dois anos depois, foi lançado o documentário "Di Melo - O Imorrível". Com apenas 25 minutos, o filme percorreu festivais e trouxe nova luz à carreira do artista, que se tornou um queridinho da cena independente paulistana. De lá para cá, Di Melo ganhou oxigênio. Entrou para o circuito de shows do Sesc, tocou em casas noturnas de São Paulo, no Circo Voador (RJ) e em festivais em seu Estado natal, Pernambuco. Recentemente, lançou um disco de produção mais profissionalizada, "Di Melo - O Imorrível", com participação de artistas como BNegão e Emicida. O dinheiro veio do bolso do próprio músico, que conta ter conseguido o estúdio para as gravações em troca de alguns quadros. Di Melo voltou a levar a música a sério. Sua maior motivação, contudo, é pragmática. A filha Gabriela, a "Gabiroba", de dez anos, está crescendo, "e quer fazer inglês, alemão, teatro e balé", conta o pai babão. "Voltei a trabalhar pesado, não posso ficar de braços cruzados", diz. "Se não fosse por ela, nem estaria mais nessa história. Gato escaldado tem medo de água fria."
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Oposição consegue protocolar chapa avulsa à comissão do impeachment
Com 39 nomes, os partidos de oposição e dissidentes da base governista protocolaram pouco antes das 14h desta terça-feira (8) uma chapa avulsa de indicados para compor a comissão que irá debater o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O mínimo estabelecido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para a participação de uma chapa oposicionista é de 33 deputados federais. Segundo as siglas de oposição, irão compor o grupo parlamentares favoráveis ao "Fora, Dilma" do PSDB, DEM, PPS, SD, PMDB, PSD, PP, PTB, PHS e PRB. O plenário da Câmara irá decidir, possivelmente em votação secreta, qual chapa será usada para compor a comissão: esta ou a elaborada pelos líderes dos principais partidos governistas. Essa votação, prevista para esta terça-feira mas que pode ser adiada, será uma prévia da votação da abertura do processo de impeachment de Dilma: o resultado irá mostrar como está, de fato, a relação de forças no plenário entre os partidários e os contrários à deposição da presidente. Sob o mote "unindo o Brasil", a chapa inclui os principais partidos de oposição, entre eles o PSB, que aderiu na última hora, além de dissidentes de partidos aliados –principalmente o PMDB de Michel Temer, que está rachado entre apoiar a petista e engrossar o "fora Dilma". Na segunda-feira (7), o líder do partido, Fernando Coelho Filho (PE), indicou que a posição majoritária da legenda na Câmara dos Deputados é pelo afastamento da petista. Os líderes da oposição caminharam com a lista entre o gabinete da Liderança do DEM, onde estavam reunidos, até a sala de protocolo da Secretaria-Geral da Mesa. Lá, gritaram "fora Dilma" e cantaram trechos do Hino Nacional e do Hino da Independência do Brasil ("brava gente brasileira..."). Em manobra com os partidos de oposição, o presidente da Câmara decidiu adiar para esta terça-feira a definição dos nomes que irão compor a comissão especial. A medida foi tomada com o objetivo de contrapor as indicações de líderes partidários e postergar o processo de impeachment. O regimento interno da Casa determina que a comissão especial para analisar a abertura ou arquivamento do pedido de impeachment deve ser eleita em plenário. PMDB No PMDB, o movimento pela chapa avulsa nasceu da insatisfação de grupo dissidente com as indicações feitas pelo líder do partido, Leonardo Picciani (RJ), que em um acordo com o Palácio do Planalto evitou indicar nomes favoráveis ao afastamento de Dilma. Hoje, cerca de 30 dos 66 integrantes da bancada peemedebista são defensores do "Fora, Dilma". O grupo começou a articular desde a semana passada um abaixo-assinado para convocar uma eleição extraordinária ainda neste ano na tentativa de trocar o líder. Preocupado com a movimentação, o Palácio do Planalto ofereceu à bancada mineira do PMDB, a segunda maior da legenda, o controle do Ministério da Aviação Civil, numa tentativa de conquistar mais apoio na sigla contra o impeachment e fortalecer a legitimidade de Picciani. O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), avisou aos integrantes de seu partido que, caso sejam lançadas duas chapas, ele não participará de nenhuma das duas. "Não posso estar numa chapa e disputar votos com amigos de partidos que estarão na outra", disse. * LISTA Confira os integrantes da chapa oposicionista "Unindo o Brasil" PSDB DEM PPS PSB PSD PMB PMDB PEN PHC PP SOLIDARIEDADE PTB PSC Comissão do Impeachment - Opinião dos deputados sobre o afastamento de Dilma Rousseff
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Oposição consegue protocolar chapa avulsa à comissão do impeachmentCom 39 nomes, os partidos de oposição e dissidentes da base governista protocolaram pouco antes das 14h desta terça-feira (8) uma chapa avulsa de indicados para compor a comissão que irá debater o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O mínimo estabelecido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para a participação de uma chapa oposicionista é de 33 deputados federais. Segundo as siglas de oposição, irão compor o grupo parlamentares favoráveis ao "Fora, Dilma" do PSDB, DEM, PPS, SD, PMDB, PSD, PP, PTB, PHS e PRB. O plenário da Câmara irá decidir, possivelmente em votação secreta, qual chapa será usada para compor a comissão: esta ou a elaborada pelos líderes dos principais partidos governistas. Essa votação, prevista para esta terça-feira mas que pode ser adiada, será uma prévia da votação da abertura do processo de impeachment de Dilma: o resultado irá mostrar como está, de fato, a relação de forças no plenário entre os partidários e os contrários à deposição da presidente. Sob o mote "unindo o Brasil", a chapa inclui os principais partidos de oposição, entre eles o PSB, que aderiu na última hora, além de dissidentes de partidos aliados –principalmente o PMDB de Michel Temer, que está rachado entre apoiar a petista e engrossar o "fora Dilma". Na segunda-feira (7), o líder do partido, Fernando Coelho Filho (PE), indicou que a posição majoritária da legenda na Câmara dos Deputados é pelo afastamento da petista. Os líderes da oposição caminharam com a lista entre o gabinete da Liderança do DEM, onde estavam reunidos, até a sala de protocolo da Secretaria-Geral da Mesa. Lá, gritaram "fora Dilma" e cantaram trechos do Hino Nacional e do Hino da Independência do Brasil ("brava gente brasileira..."). Em manobra com os partidos de oposição, o presidente da Câmara decidiu adiar para esta terça-feira a definição dos nomes que irão compor a comissão especial. A medida foi tomada com o objetivo de contrapor as indicações de líderes partidários e postergar o processo de impeachment. O regimento interno da Casa determina que a comissão especial para analisar a abertura ou arquivamento do pedido de impeachment deve ser eleita em plenário. PMDB No PMDB, o movimento pela chapa avulsa nasceu da insatisfação de grupo dissidente com as indicações feitas pelo líder do partido, Leonardo Picciani (RJ), que em um acordo com o Palácio do Planalto evitou indicar nomes favoráveis ao afastamento de Dilma. Hoje, cerca de 30 dos 66 integrantes da bancada peemedebista são defensores do "Fora, Dilma". O grupo começou a articular desde a semana passada um abaixo-assinado para convocar uma eleição extraordinária ainda neste ano na tentativa de trocar o líder. Preocupado com a movimentação, o Palácio do Planalto ofereceu à bancada mineira do PMDB, a segunda maior da legenda, o controle do Ministério da Aviação Civil, numa tentativa de conquistar mais apoio na sigla contra o impeachment e fortalecer a legitimidade de Picciani. O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), avisou aos integrantes de seu partido que, caso sejam lançadas duas chapas, ele não participará de nenhuma das duas. "Não posso estar numa chapa e disputar votos com amigos de partidos que estarão na outra", disse. * LISTA Confira os integrantes da chapa oposicionista "Unindo o Brasil" PSDB DEM PPS PSB PSD PMB PMDB PEN PHC PP SOLIDARIEDADE PTB PSC Comissão do Impeachment - Opinião dos deputados sobre o afastamento de Dilma Rousseff
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Conselho da Estácio dá aval para união com a rival Kroton
Em uma negociação marcada por sucessivas elevações nos valores propostos, a Kroton, líder do mercado de ensino privado, conseguiu a aprovação da Estácio, segunda maior empresa no ranking do setor, para convocar assembleia de acionistas e votar a união das empresas. O consenso foi alcançado na reunião dos membros do conselho de administração da Estácio nesta sexta (8). Para que o negócio se concretize, falta ainda passar pela assembleia de acionistas e pelo escrutínio do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O negócio deve passar com maior facilidade na assembleia porque os acionistas já vinham dando sinais de que estão de acordo. A fim de chegar ao acordo e conseguir levar a rede fluminense em uma operação avaliada em mais de R$ 5,5 bilhões, a Kroton precisou ampliar pela terceira vez sua oferta inicial. A troca de ações negociada chegou a 1,37 ação ordinária de emissão da Kroton para cada ação de emissão da Estácio, quando considerada a distribuição de R$ 420 milhões em dividendos a acionistas da Estácio. A escalada do preço teve como pano de fundo a resistência da família Zaher, maior acionista da Estácio, com cerca de 14%, em vender o negócio. Insatisfeita com os valores propostos, a família chegou a anunciar que estava em busca de capital para adquirir mais 36% da companhia e se tornar majoritária, impedindo a venda. Uma primeira aceitação dos termos propostos já havia ocorrido na semana passada, mas a reunião desta sexta era definitiva para a decisão de levar adiante a proposta em assembleia de acionistas. "A relação de troca estava aceita, mas precisava discutir os contornos do contrato, regras de governança, cálculos financeiros", afirma João Cox, presidente do conselho de administração da Estácio. RENÚNCIA Chaim Zaher, que ocupava a presidência da empresa enquanto as negociações eram feitas pelos membros do conselho, decidiu renunciar ao posto executivo na terça-feira (5) para voltar a participar das discussões na reunião realizada nesta sexta, que decidiria o destino da Estácio. Nesta semana, Zaher enviou manifestações ao mercado lembrando que nenhuma proposta estava escolhida. "Ao longo deste tempo todo, fomos procurados por vários acionistas indicando que tinham interesse na transação e viam muita sinergia. Nós colocávamos que haveria, desde que no preço certo. Se já estavam satisfeitos, com a proposta mais alta ficarão ainda mais", diz Cox. Grande parte são fundos investidores que ao mesmo tempo são acionistas da Kroton e da Estácio e por isso reconhecem muitos ganhos no negócio. Com cerca de 1,5 milhão de alunos, a nova empresa poderá alcançar 25% de participação no mercado de educação privada, segundo a consultoria Hoper Educação. Analistas estimam que, dados o gigantismo do negócio e os riscos da concentração, o Cade deve impor restrições. A negociação já havia provocado reações como a da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio, que entrou com denúncia no órgão no afirmando que a fusão pode prejudicar a qualidade. KROTON /1º TRI.2016 receita líquida: R$ 1,27 bilhão lucro líquido: R$ 505,9 milhões dívida líquida: R$ 137,2 milhões ESTÁCIO /1º TRI.2016 receita líquida: R$ 793 milhões lucro líquido: R$ 128,5 milhões dívida líquida: R$ 568,9 milhões
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Conselho da Estácio dá aval para união com a rival KrotonEm uma negociação marcada por sucessivas elevações nos valores propostos, a Kroton, líder do mercado de ensino privado, conseguiu a aprovação da Estácio, segunda maior empresa no ranking do setor, para convocar assembleia de acionistas e votar a união das empresas. O consenso foi alcançado na reunião dos membros do conselho de administração da Estácio nesta sexta (8). Para que o negócio se concretize, falta ainda passar pela assembleia de acionistas e pelo escrutínio do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O negócio deve passar com maior facilidade na assembleia porque os acionistas já vinham dando sinais de que estão de acordo. A fim de chegar ao acordo e conseguir levar a rede fluminense em uma operação avaliada em mais de R$ 5,5 bilhões, a Kroton precisou ampliar pela terceira vez sua oferta inicial. A troca de ações negociada chegou a 1,37 ação ordinária de emissão da Kroton para cada ação de emissão da Estácio, quando considerada a distribuição de R$ 420 milhões em dividendos a acionistas da Estácio. A escalada do preço teve como pano de fundo a resistência da família Zaher, maior acionista da Estácio, com cerca de 14%, em vender o negócio. Insatisfeita com os valores propostos, a família chegou a anunciar que estava em busca de capital para adquirir mais 36% da companhia e se tornar majoritária, impedindo a venda. Uma primeira aceitação dos termos propostos já havia ocorrido na semana passada, mas a reunião desta sexta era definitiva para a decisão de levar adiante a proposta em assembleia de acionistas. "A relação de troca estava aceita, mas precisava discutir os contornos do contrato, regras de governança, cálculos financeiros", afirma João Cox, presidente do conselho de administração da Estácio. RENÚNCIA Chaim Zaher, que ocupava a presidência da empresa enquanto as negociações eram feitas pelos membros do conselho, decidiu renunciar ao posto executivo na terça-feira (5) para voltar a participar das discussões na reunião realizada nesta sexta, que decidiria o destino da Estácio. Nesta semana, Zaher enviou manifestações ao mercado lembrando que nenhuma proposta estava escolhida. "Ao longo deste tempo todo, fomos procurados por vários acionistas indicando que tinham interesse na transação e viam muita sinergia. Nós colocávamos que haveria, desde que no preço certo. Se já estavam satisfeitos, com a proposta mais alta ficarão ainda mais", diz Cox. Grande parte são fundos investidores que ao mesmo tempo são acionistas da Kroton e da Estácio e por isso reconhecem muitos ganhos no negócio. Com cerca de 1,5 milhão de alunos, a nova empresa poderá alcançar 25% de participação no mercado de educação privada, segundo a consultoria Hoper Educação. Analistas estimam que, dados o gigantismo do negócio e os riscos da concentração, o Cade deve impor restrições. A negociação já havia provocado reações como a da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio, que entrou com denúncia no órgão no afirmando que a fusão pode prejudicar a qualidade. KROTON /1º TRI.2016 receita líquida: R$ 1,27 bilhão lucro líquido: R$ 505,9 milhões dívida líquida: R$ 137,2 milhões ESTÁCIO /1º TRI.2016 receita líquida: R$ 793 milhões lucro líquido: R$ 128,5 milhões dívida líquida: R$ 568,9 milhões
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Grifes de moda criam linhas infantis para formar clientela do futuro
Fazer roupa para criança não é brincar de boneca. Apesar de menos compromisso com caimento, referências ou originalidade, moda infantil é coisa séria. Cada vez mais. Como na modalidade adulta, há hoje uma preocupação em seguir tendências e sazonalidade, pois é nessa engrenagem que o mercado gira. E existe ainda um complicador: os pequenos consumidores são os mais exigentes. Não existe grife para criança que dure se o tecido pinica, a etiqueta provoca alergia ou o elástico aperta na cintura. Roupa infantil tem que ser um carinho na pele. A palavra-chave é aconchego. A necessidade de ter acabamento impecável e tecidos de qualidade são as razões do custo elevado das peças infantis, uma dificuldade para muitas marcas. Ocorrida na última década, a grande mudança é a atenção que grifes de adulto passaram a dar às suas linhas infantis. Mudou a atitude dos pais e as crianças reagiram. Já que agora pode, elas dizem o que querem e o que não querem. Escolhem o que vestir e o que não vestir. Com isso, mudou a lógica do mercado. As confecções foram ao encontro do novo comportamento infantil. E hoje criam moda, não roupa. Fenômeno relativamente novo, mas que vem aumentando a passos largos a cada estação. Tudo começou com um boom de marcas femininas criando suas linhas "filhas". A Maria Bonita Extra foi pioneira e fez um sucesso estrondoso. Depois, veio a Fit, com a Fit Nina, apresentando modelos idênticos aos dos adultos. Muitas criaram suas linhas "petit", como forma de aumentar a fidelização de sua clientela e garantir uma jovialidade à marca. A empresária Natalie Klein, da NK Store, que lançou a linha Enfance, reforça o conceito. "Estamos começando a formar hoje uma pessoa que, em 15 ou 20 anos, será nossa cliente." Seguindo a mesma lógica, a italiana Dolce & Gabbana abriu sua primeira loja do segmento no shopping JK Iguatemi, em São Paulo. E a carioca Reserva dedicou um espaço exclusivo para o público infantil e abriu um ponto no shopping Iguatemi São Paulo. A Le Lis Blanc passou a dedicar um terço de sua vitrine às roupas de criança. A Mixed, que sempre usava tons pastel na linha infantil, passou a apostar em estamparias escuras. O estilista mineiro Ronaldo Fraga mudou até o foco de sua grife. Hoje, a maior parte de seu faturamento vem da linha "Filhotes". Moda infantil virou uma possibilidade atraente do ponto de vista financeiro. Claro, bons estilistas sabem respeitar a premissa básica de que criança é criança e deve se vestir como tal. Mas, fique claro, isso não significa mais fazer apenas vestido de babados para meninas ou bermuda xadrez para meninos. É possível fazer moda, de verdade, para pequenos muito estilosos.
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Grifes de moda criam linhas infantis para formar clientela do futuroFazer roupa para criança não é brincar de boneca. Apesar de menos compromisso com caimento, referências ou originalidade, moda infantil é coisa séria. Cada vez mais. Como na modalidade adulta, há hoje uma preocupação em seguir tendências e sazonalidade, pois é nessa engrenagem que o mercado gira. E existe ainda um complicador: os pequenos consumidores são os mais exigentes. Não existe grife para criança que dure se o tecido pinica, a etiqueta provoca alergia ou o elástico aperta na cintura. Roupa infantil tem que ser um carinho na pele. A palavra-chave é aconchego. A necessidade de ter acabamento impecável e tecidos de qualidade são as razões do custo elevado das peças infantis, uma dificuldade para muitas marcas. Ocorrida na última década, a grande mudança é a atenção que grifes de adulto passaram a dar às suas linhas infantis. Mudou a atitude dos pais e as crianças reagiram. Já que agora pode, elas dizem o que querem e o que não querem. Escolhem o que vestir e o que não vestir. Com isso, mudou a lógica do mercado. As confecções foram ao encontro do novo comportamento infantil. E hoje criam moda, não roupa. Fenômeno relativamente novo, mas que vem aumentando a passos largos a cada estação. Tudo começou com um boom de marcas femininas criando suas linhas "filhas". A Maria Bonita Extra foi pioneira e fez um sucesso estrondoso. Depois, veio a Fit, com a Fit Nina, apresentando modelos idênticos aos dos adultos. Muitas criaram suas linhas "petit", como forma de aumentar a fidelização de sua clientela e garantir uma jovialidade à marca. A empresária Natalie Klein, da NK Store, que lançou a linha Enfance, reforça o conceito. "Estamos começando a formar hoje uma pessoa que, em 15 ou 20 anos, será nossa cliente." Seguindo a mesma lógica, a italiana Dolce & Gabbana abriu sua primeira loja do segmento no shopping JK Iguatemi, em São Paulo. E a carioca Reserva dedicou um espaço exclusivo para o público infantil e abriu um ponto no shopping Iguatemi São Paulo. A Le Lis Blanc passou a dedicar um terço de sua vitrine às roupas de criança. A Mixed, que sempre usava tons pastel na linha infantil, passou a apostar em estamparias escuras. O estilista mineiro Ronaldo Fraga mudou até o foco de sua grife. Hoje, a maior parte de seu faturamento vem da linha "Filhotes". Moda infantil virou uma possibilidade atraente do ponto de vista financeiro. Claro, bons estilistas sabem respeitar a premissa básica de que criança é criança e deve se vestir como tal. Mas, fique claro, isso não significa mais fazer apenas vestido de babados para meninas ou bermuda xadrez para meninos. É possível fazer moda, de verdade, para pequenos muito estilosos.
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No Chile, é lançada pedra fundamental de nova base antártica brasileira
Os ministros Aldo Rebelo (Defesa) e Celso Pansera (Ciência, Tecnologia e Inovação), lançaram nesta segunda-feira (29) a pedra fundamental da nova base brasileira na Antártida. A anterior, Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), incendiou-se em 2012, com a morte de dois militares. A cerimônia de lançamento, porém, ocorreu no continente sul-americano, a mais de mil quilômetros de distância. Foi no Instituto Antártico Chileno (Inach) em Punta Arenas, vizinho do hotel Cabo de Hornos, onde se hospeda a comitiva ministerial. Não era esse o plano. Os ministros, acompanhados de congêneres chilenos e outras autoridades, deveriam participar do evento junto às fundações da nova EACF, no mesmo lugar da incendiada. O tempo na península Antártica, porém, atrapalhou. Um avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) levaria as autoridades da estação chilena Eduardo Frei, de onde seguiriam de helicóptero para a baía do Almirantado e a ilha do Rei Jorge, local da cerimônia. O teto de apenas 500 pés (150 metros), segundo o último boletim de Frei, impediu a decolagem para pouso, três horas depois, na pista de cascalho. Pela mesma razão, fez meia volta no domingo (28) o voo que levaria a reportagem da Folha à EACF, que hoje opera com módulos antárticos emergenciais (contêineres). O concurso para projetar a nova estação foi vencido pelo Estúdio 41, escritório de arquitetura de Curitiba. Em agosto de 2015 o governo brasileiro firmou contrato para construção com a firma chinesa Ceiec (China Electronic Imports and Exports Corporation). "Se não foi o mais rápido que poderia ter sido feito, foi o mais rápido que pudemos realizar", afirmou o ministro Rebelo, da Defesa. Pansera, do MCTI, afirmou que "é fundamental para a ciência brasileira que a estação antártica continue funcionando". Veja vídeo As obras começaram em dezembro, com trabalhos de geotecnia. Quando ficar pronta, o que está previsto para 2018, a nova EACF terá um total de 4.500 metros quadrados, 17 laboratórios e abrigará até 64 pessoas, entre pesquisadores e militares. Logo após o incêndio de 2012, a previsão era ter a nova base pronta em 2015. Novos atrasos podem ocorrer, por força das restrições orçamentárias enfrentadas pelo governo federal. Além de R$ 137,5 milhões rubricados no Orçamento deste ano, o Plano Plurianual 2016-2019 prevê R$ 300 milhões para reconstrução em 2017 e 2018. No ano passado, contudo, dos R$ 120 milhões destinados, apenas R$ 4,6 milhões foram efetivamente desembolsados. Rebelo negou, porém, que cortes orçamentários possam prejudicar o cronograma: "Os recursos não são recursos que comprometam esforço de austeridade, de ajuste". O gasto reduzido em 2015, segundo ele, não se deveu a cortes, mas a atraso no início da construção. "Agora a obra está contratada. Na verdade, em realização", disse Rebelo, que também já ocupou a pasta da Ciência no governo Dilma Rousseff (PT). "Quando eu estava no MCTI, esse projeto já era considerado, ao lado do submarino que estamos fazendo com a França, uma das prioridades do governo." PESQUISA Pansera, do MCTI, disse que não faltarão recursos para a pesquisa, pelo menos não para os projetos mais estratégicos. Admitiu só que pode haver redução em verbas para custeio -exatamente o que preocupa cientistas antárticos. "Nós não devemos parar nenhum projeto neste ano", afirmou Pansera. "Nós temos uma expectativa muito grande de novos recursos do empréstimo do BID, que não atende a Antártida, mas ajuda a cobrir outras áreas e libera recursos que podem ser usados em outras parte." A finalidade oficial da EACF é realizar estudos científicos, condição obrigatória para que países sejam aceitos no Tratado da Antártica, de 1959. O Brasil foi aceito como membro em 1983, um ano após a criação do Programa Antártico (Proantar). O tratado suspendeu todas as reivindicações territoriais sobre a Antártida e sua militarização. Determina que o continente seja reservado para pesquisa científica e preservação ambiental. Mas o que mais se vê por ali são militares, convocados para dar apoio logístico aos cientistas. No caso do Brasil, a tarefa cabe à Marinha, com apoio da FAB. O jornalista MARCELO LEITE viajaria de Punta Arenas (Chile) à Antártida a convite do Ministério da Defesa
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No Chile, é lançada pedra fundamental de nova base antártica brasileiraOs ministros Aldo Rebelo (Defesa) e Celso Pansera (Ciência, Tecnologia e Inovação), lançaram nesta segunda-feira (29) a pedra fundamental da nova base brasileira na Antártida. A anterior, Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), incendiou-se em 2012, com a morte de dois militares. A cerimônia de lançamento, porém, ocorreu no continente sul-americano, a mais de mil quilômetros de distância. Foi no Instituto Antártico Chileno (Inach) em Punta Arenas, vizinho do hotel Cabo de Hornos, onde se hospeda a comitiva ministerial. Não era esse o plano. Os ministros, acompanhados de congêneres chilenos e outras autoridades, deveriam participar do evento junto às fundações da nova EACF, no mesmo lugar da incendiada. O tempo na península Antártica, porém, atrapalhou. Um avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) levaria as autoridades da estação chilena Eduardo Frei, de onde seguiriam de helicóptero para a baía do Almirantado e a ilha do Rei Jorge, local da cerimônia. O teto de apenas 500 pés (150 metros), segundo o último boletim de Frei, impediu a decolagem para pouso, três horas depois, na pista de cascalho. Pela mesma razão, fez meia volta no domingo (28) o voo que levaria a reportagem da Folha à EACF, que hoje opera com módulos antárticos emergenciais (contêineres). O concurso para projetar a nova estação foi vencido pelo Estúdio 41, escritório de arquitetura de Curitiba. Em agosto de 2015 o governo brasileiro firmou contrato para construção com a firma chinesa Ceiec (China Electronic Imports and Exports Corporation). "Se não foi o mais rápido que poderia ter sido feito, foi o mais rápido que pudemos realizar", afirmou o ministro Rebelo, da Defesa. Pansera, do MCTI, afirmou que "é fundamental para a ciência brasileira que a estação antártica continue funcionando". Veja vídeo As obras começaram em dezembro, com trabalhos de geotecnia. Quando ficar pronta, o que está previsto para 2018, a nova EACF terá um total de 4.500 metros quadrados, 17 laboratórios e abrigará até 64 pessoas, entre pesquisadores e militares. Logo após o incêndio de 2012, a previsão era ter a nova base pronta em 2015. Novos atrasos podem ocorrer, por força das restrições orçamentárias enfrentadas pelo governo federal. Além de R$ 137,5 milhões rubricados no Orçamento deste ano, o Plano Plurianual 2016-2019 prevê R$ 300 milhões para reconstrução em 2017 e 2018. No ano passado, contudo, dos R$ 120 milhões destinados, apenas R$ 4,6 milhões foram efetivamente desembolsados. Rebelo negou, porém, que cortes orçamentários possam prejudicar o cronograma: "Os recursos não são recursos que comprometam esforço de austeridade, de ajuste". O gasto reduzido em 2015, segundo ele, não se deveu a cortes, mas a atraso no início da construção. "Agora a obra está contratada. Na verdade, em realização", disse Rebelo, que também já ocupou a pasta da Ciência no governo Dilma Rousseff (PT). "Quando eu estava no MCTI, esse projeto já era considerado, ao lado do submarino que estamos fazendo com a França, uma das prioridades do governo." PESQUISA Pansera, do MCTI, disse que não faltarão recursos para a pesquisa, pelo menos não para os projetos mais estratégicos. Admitiu só que pode haver redução em verbas para custeio -exatamente o que preocupa cientistas antárticos. "Nós não devemos parar nenhum projeto neste ano", afirmou Pansera. "Nós temos uma expectativa muito grande de novos recursos do empréstimo do BID, que não atende a Antártida, mas ajuda a cobrir outras áreas e libera recursos que podem ser usados em outras parte." A finalidade oficial da EACF é realizar estudos científicos, condição obrigatória para que países sejam aceitos no Tratado da Antártica, de 1959. O Brasil foi aceito como membro em 1983, um ano após a criação do Programa Antártico (Proantar). O tratado suspendeu todas as reivindicações territoriais sobre a Antártida e sua militarização. Determina que o continente seja reservado para pesquisa científica e preservação ambiental. Mas o que mais se vê por ali são militares, convocados para dar apoio logístico aos cientistas. No caso do Brasil, a tarefa cabe à Marinha, com apoio da FAB. O jornalista MARCELO LEITE viajaria de Punta Arenas (Chile) à Antártida a convite do Ministério da Defesa
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Cambojanos voltam aos campos de extermínio do Khmer Vermelho
Os crânios estão empilhados por trás de um vidro, agora, e são alvo de câmeras e não de armas ou bastões. Velas queimam nos degraus deste mausoléu, cuja espira sobe e se afina na direção do sol da manhã. Do lado de lá das paredes, a vida prossegue, e nem sempre em tom de reverência. Dois homens caminham sobre antigas valas comuns onde fragmentos de ossos continuam a emergir ocasionalmente, especialmente depois das chuvas de monção. Dois jovens e animados turistas tiram um retrato ao lado de um cartaz que mostra como milhares de pessoas foram transportadas para morrer em um lugar no qual cabeças de crianças eram batidas contra o que hoje é conhecido como "a árvore da morte". Há praticamente exatos 40 anos do momento de minha visita, começou um horror que, para milhares de pessoas, terminou aqui em Choeung Ek, um campo de extermínio nas cercanias de Phnom Penh, Camboja. Em 17 de abril de 1975, o Khmer Vermelho tomou a capital e começou a evacuar seus moradores e os das demais cidades grandes cambojanas. Foi o começo de uma campanha de escravização e extermínio em massa que custaria as vidas de pelo menos 1,8 milhão de pessoas, cerca de um quarto da população do país. Agora, no local do campo de extermínio, sobreviventes do período de terror que se estendeu por quase quatro anos tomam o microfone, como parte de uma pequena celebração. Monges em roupões alaranjados estão sentados à direita, e os visitantes se ajoelham ou agacham à esquerda. Chan Kim Sour, 70, chora ao contar como a família dela foi morta. "Estou muito deprimida", ela soluça. "Por favor, busquem justiça para mim". Entre as pessoas que a escutam está Theary Seng, cujos pais foram mortos pelo Khmer Vermelho. A cerimônia, que se encerra com a coleta de dinheiro e alimentos pelos monges, a comove visivelmente. Mas, apesar de toda a solenidade, Theary Seng acredita que falta alguma coisa. "Este não é um lugar de esperança", ela diz, enquanto as multidões se dispersam. "É um lugar que faz recordar o passado, mas seria preciso que fizesse mais. Não existe redenção, na forma pela qual celebramos as vítimas". É um lembrete de até que ponto as feridas causadas pelo Khmer Vermelho ao Camboja continuam abertas –e de quantas contas ainda precisam ser prestadas. Já faz mais de 30 anos que foi lançado o filme "Os Gritos do Silêncio", que contava a história da sobrevivência de Dith Pran, colega cambojano do correspondente Sydney Schanberg, do "New York Times". Os acontecimentos continuam a murmurar nos corações de todos os envolvidos nas guerras paralelas do Sudeste Asiático. No Camboja, uma campanha de bombardeio aéreo norte-americana no final dos anos 60 e começo dos 70 matou de 150 mil a 500 mil pessoas, em uma tentativa vã de deter o fluxo de suprimentos para o exército do Vietnã do Norte. John Gunther Dean, 89, antigo embaixador norte-americano em Phnom Penh, deplorou "o abandono do Camboja" por Washington, e sua "entrega aos carniceiros". "Aceitamos a responsabilidade pelo Camboja e depois o abandonamos sem cumprir nossas promessas. É a pior coisa que um país pode fazer", ele declarou em entrevista à Associated Press pouco antes do 40º aniversário da tomado poder pelo Khmer Vermelho. "E eu chorei porque sabia que isso aconteceria". Theary Seng está me conduzindo pela mesma jornada que ela e a família fizeram naqueles dias terríveis. Quando o Khmer Vermelho chegou ao poder, ela tinha quatro anos, e deixou o Camboja um ano depois que o Vietnã derrubou o regime de Pol Pot em 1979, se transferindo aos Estados Unidos. Ela foi criada em Michigan e na Califórnia, estudou direito e desde 1995 retornava periodicamente ao Camboja para trabalhar. Em 2004, decidiu viver aqui, trabalhando como advogada, ativista e investigadora de sua história pessoal. Theary Seng dirige uma organização de educação cívica e comandou uma ONG chamada Centro de Desenvolvimento Social, antes de deixar o posto em circunstâncias acrimoniosas em 2009. Ela era muito conhecida, alguns anos atrás, mas depois optou por manter perfil mais discreto, porque o passado a "exauriu completamente". A prestação de contas pela era do Khmer Vermelho continua escassa em um país que, apesar de todo o investimento de indústrias estrangeiras e dos avanços da elite urbana, continua a ser o mais pobre da região. O Camboja jamais teve uma comissão de verdade e reconciliação com amplos poderes, como a que a África do Sul criou para tratar do legado do apartheid. E tampouco há uma sensação plena de mudança de regime. Hun Sen, primeiro-ministro do país há 30 anos, é um antigo líder do Khmer Vermelho que desertou do movimento. Agora, se apresenta como o homem necessário a prevenir um retorno à era das atrocidades em massa. O Camboja conta com um recurso judiciário na forma da Câmara Extraordinária do tribunal nacional cambojano, mais conhecida como "tribunal do Khmer Vermelho". Mas ela vem sofrendo críticas cada vez mais fortes, em seus nove anos de vida. Até agora, só conseguiu três condenações contra líderes do movimento, entre os quais Kaing Guek Eav, ou "camarada Duch". Ele era chefe do serviço de segurança e encarregado da notória prisão de Tuol Sleng, em Phnom Penh, cujos detentos foram parar no campo de extermínio de Choeung Ek. Nuon Chea e Khieu Samphan, dois outros importantes líderes do Khmer Vermelho, foram sentenciados à prisão perpétua, mas grupos de defesa dos direitos humanos acusam o governo do Camboja de solapar o trabalho do tribunal. Theary Seng se sente decepcionada com o tribunal. Diz que ele não incorporou sobreviventes como ela aos julgamentos, na condição de queixosos ou testemunhas –ainda que haja quem conteste essa alegação, no tribunal e fora dele. Ela argumenta que procedimentos legais como os usados para proteger os direitos de um único acusado por "um simples homicídio nas ruas de Michigan" não deveriam ser aplicados a uma atrocidade da qual a maioria da população foi vítima. "Por exemplo, o direito de não depor", ela diz. "Não quero que esses bastardos mantenham o silêncio, lamento dizer". As investigações dela não se relacionam tanto à justiça mas sim a descobrir a forma pela qual seus pais morreram, e quem foi responsável por sua execução. Ela, bem como outros cambojanos, a exemplo dos documentaristas Rithy Panh e Kulikar Sotho, também está tentando corrigir um desequilíbrio que significa que a maior parte dos relatos sobre o Khmer Vermelho vem de estrangeiros. Uma década atrás, Theary Seng escreveu um livro chamado "Daughter of the Killing Fields" (filha dos campos de concentração) e agora está trabalhando em um relato expandido de um passado ainda doloroso mas difícil de relatar. Embora a era do Khmer Vermelho tenha sido caracterizada pela vigilância, denúncia e paranoia, recolher fatos sobre ela é quase impossível, hoje. "Preciso ponderar se aquilo que meus parentes me dizem é verdade", diz Theary Seng ao jantar, na noite anterior à viagem. "O que é verdade e o que não é? Há tantas camadas, e é tão difícil". Vestida elegantemente, em uma saia longa e blusa tradicionais, Theary Seng fala com a franqueza enervante sobre o impacto de suas investigações sobre ela e sua família. Diz ter lido muitos livros de autoajuda porque "não quis envergonhar meus parentes recorrendo a um psicólogo", e acrescenta que o que a atraiu na lei foi seu uso como "ferramenta para dar coerência ao meu convoluto mundo interior". O que ela define como sua abordagem "de punhos erguidos" aliena alguns, que dizem que ela pode ser insensível em suas críticas ao seu país e povo. Um veterano observador da política cambojana diz que ela é "conhecida pelas declarações belicosas", algumas bem direcionadas mas outras exibindo "um forte deslocamento cultural". Theary Seng admite que nem todas as censuras a ela são incorretas, mas retruca que às vezes os ataques que recebe são pessoais e não ao que ela diz. Além de cortante, ela também pode ser calorosa e engraçada de um jeito sinistro. Em dado momento, quando passamos por um momento difícil na estrada, ela saiu-se com a estatística de que "morrem 200 pessoas por mês em acidentes de trânsito". E acrescentou, mordaz: "Não sei por que sempre ofereço essas informações horríveis, e na hora errada". Nossa primeira parada é um pagode à beira da estrada, onde flâmulas multicoloridas flanqueiam uma via pavimentada que nos conduz a um edifício de concreto com um telhado vermelho. Do lado de dentro, encontramos um grande Buda, móveis abandonados e Van Sovy, 71, a guardiã do local. Sovy estava lá quando Theary Seng e sua família chegaram ao centro de detenção improvisado, vindos de Phnom Penh, em abril de 1975. "Muita violência sádica aconteceu aqui", diz Theary Seng. "Conversei com um homem que passou por aqui, e ele contou ter visto homens comendo os órgãos internos de pessoas que eles haviam matado". Theary Seng explica que montou seu relato com base nas memórias de seus dois irmãos mais velhos e duas tias, que a acompanharam na jornada. Foi neste lugar que seu pai, professor, respondeu fatalmente ao chamado para que funcionários públicos e pessoas como ele, que haviam combatido pelo regime derrubado, revelassem sua presença aos captores, porque elas seriam necessárias para reconstruir o país. Naqueles primeiros dias, muitas pessoas, entre as quais a mãe de Theary Seng, elogiavam o Khmer Vermelho e o viam como libertador do Camboja de seu papel na guerra de prepostos travada pelos Estados Unidos. Uma das grandes tragédias era a crença de que nacionalidade, etnia ou religião serviriam como proteção. Como aponta Robert Carmichael em "When the Clouds Fell from the Sky" (quando as nuvens caem do céu), novo livro sobre um jovem diplomata a quem o Khmer Vermelho seduz a voltar ao país, muita gente voltou voluntariamente, por patriotismo, e por acreditar que "cambojanos não matariam cambojanos". A família de Theary Seng jamais recebeu notícias de seu pai. "Eu me tornei uma criança arrasada", ela conta quando deixamos o local. "Algumas pessoas diriam, hoje, e eu concordaria, que continuo arrasada. Muitos cambojanos vivem essa situação. Meus parentes, minha família, são um microcosmo de uma sociedade maior". Cruzamos o rio Mekong, que a família de Theary Seng atravessou para fugir do pagode depois do desaparecimento de seu pai. Hoje, uma nova ponte pênsil o atravessa, a mais longa do país, bancada por dinheiro japonês. O tráfego é lento, por conta do gargalo criado por carros, motos e pequenos veículos de transporte que param para tirar selfies. Do outro lado, a ocupação se torna mais esparsa quando chegamos ao campo, perto da fronteira do Vietnã. Paramos em um grupo de edificações entre as quais a porta de um pequeno templo se move suavemente na brisa, e chama a atenção para os crânios lá abrigados. Ao lado do tempo, murais mostram cenas sombrias de pessoas sendo detidas em massa e torturadas. "Se eu fosse mais velha então, seria disso que eu lembraria", diz Theary Seng. A família dela buscou refúgio na aldeia de Chensa, de onde provêm os parentes de seu pai. A aldeia hoje consiste de uma estrada comprida ao longo da qual blocos intermitentes de moradias se alternam com plantações de arroz. A família viveu discretamente no local por mais de dois anos até que foram subitamente aprisionados, em 1977. Na manhã seguinte à nossa chegada, Theary Seng sai com uma de suas tias em busca de uma possível testemunha de sua captura. O nome dele é Keo Sok, e ele foi funcionário público na era do Khmer Vermelho. Ficou preocupado e nervoso com as mortes que o Khmer Vermelho ordenava, e não se envolveu nelas pessoalmente. Conhecia o pai de Theary Seng mas nada teve a ver com a detenção da família. Mais tarde, Theary Seng diz acreditar nele, ainda que comente que Keo Sok não demonstrou grande remorsos. "Não sinto nada [de mau], porque não fiz coisa alguma de errado à família dela", ele diz. Para alguém de fora, parece inacreditável e enervante que essas acusações e contra-acusações estejam supurando em uma comunidade tão pequena há 40 anos. Conversamos com mais duas pessoas na área, as quais segundo a tia de Theary Seng podem ter se envolvido na detenção de sua família. A visita de surpresa de Theary Seng aos dois, ambos seus parentes distantes, é muito mais tensa do que o encontro com Sok. Na primeira casa, o homem, sem camisa e magrinho, nega zangadamente qualquer cumplicidade. O segundo está deitado, imóvel, em uma esteira, à sombra, e membros de sua família se encarregam de defendê-lo. A cabeça dele está virada na direção oposta à da conversa, e sua imobilidade sugere que pretende carregar seus segredos consigo para o túmulo. Depois que foram presos, os familiares de Theary Seng foram levados a outro pagode tornado prisão. É um lugar solitário e de rara beleza, um vasto campo aberto ocupado por alguns cachorros, um porquinho e uma figura humana solitária que caminha apressadamente. Mas é uma beleza enganosa. Soldados do Khmer Vermelho se mantinham de guarda entre as belas palmeiras, e as águas ensolaradas do pequeno lago só estão presentes porque prisioneiros o escavaram. Poucos meses depois, a família foi transferida a outra prisão, onde Theary Seng foi colocada para trabalhar recolhendo esterco dos campos de arroz. Foi lá que sua mãe desapareceu. Àquela altura com sete anos, Theary Seng conta lembrar claramente da noite em que a mãe foi levada, em 1978. Ela viu um guarda entrando na cabana. Perguntou à mãe porque ele estava carregando cordas molhadas. Era para facilitar usá-las a fim de amarrar prisioneiros. As últimas palavras que ela ouviu de sua mãe foram um pedido de que voltasse a dormir. Ao caminharmos por um bosque para chegar ao local, vimos uma festa em curso. Era o final das celebrações do ano novo khmer, e as pessoas estavam dançando ao som de música folclórica. Um homem que havia se excedido um pouco na bebida puxou Theary Seng para a pista de dança. A música parou e outro homem deu a ela um par de grilhões enferrujados. Ela ficou feliz, caindo de joelhos por conta da empolgação. "São os grilhões daquela época", ela disse. "Podem ter sido os grilhões usados para prender as pernas de minha mãe. Podem ter sido usados para prender as pernas de meu irmão. É uma ponte de concreto para minhas lembranças daquela época". Deixamos a festa para trás e caminhamos para o local em que Theary Seng acredita que sua família ficou detida, um pequeno barraco há muito desaparecido. Pergunto como ela sabe que foi ali que eles ficaram aprisionados. Ela responde que não se recorda realmente, mas acha que seu irmão assim disse. Do lado de fora do núcleo de edificações, ela conversa com uma velha que mora ali perto. "Você continua zangada?", a mulher pergunta, não sem demonstrar gentileza. "É claro que você lamenta a perda de sua mãe. Mas o que pode fazer?" Ao nos prepararmos para partir, Theary Seng vai em busca dos grilhões. Fica incomodada quando o homem diz que talvez queira ficar com eles. Paga 10 mil riels –US$ 2,50– para comprá-los. A quantia é pequena, mas Theary Seng fica irritada por o que via como presente ter se tornado uma transação. A atitude do homem pode ter nascido da pobreza ou da embriaguez, mas ela a vê como sinal de algo maior. "Não há sinal de honra na sociedade", ela diz, depois que saímos. "Estou muito cansada disso". No caminho de volta a Phnom Penh, Theary Seng se empolga com as novas informações. Mas admite que elas também a deixaram mais confusa. Inverdades não são contadas apenas por aqueles com algo a esconder, e em alguns casos não são contadas deliberadamente. A formulação e a modulação de memórias que transcorrem constantemente em nossas mentes estão em curso há 40 anos no Camboja. E a situação é complicada pelo fato de que as comunidades precisam encontrar uma nova maneira de viver agora, qualquer que tenha sido o passado. "Não existem meios e maneiras de chegar à verdade", diz Theary Seng. "Venho escavando, e olhe a sujeira que deixei no caminho". Estamos nos encaminhando de volta à grande ponte. Ela deveria ser um sinal de modernidade e de um país em avanço. Mas mesmo lá há outro lembrete cerimonial de que o passado não é terra incógnita. Quando o primeiro-ministro Hun Sen compareceu ao evento da inauguração da ponte, em janeiro, ele uma vez mais declarou ser a segurança do país contra o Khmer Vermelho. "Se Hung Sen não se tivesse disposto a entrar na toca dos tigres, poderia tê-los capturado?", ele disse. Do gabinete do primeiro-ministro às aldeias, ambiguidades, fatos ocultos e afirmações contestadas continuam a ser a norma. Passadas quatro décadas, a ideia de que é certo deixar que o passado se vá, e maneiras de fazê-lo, já estão estabelecidas, mesmo diante da assertividade de alguém como Theary Seng. "Essa é a questão para mim, e ainda não sei como respondê-la", ela diz, enquanto voltamos de carro para a cidade onde começou seu pesadelo de infância. "Às vezes, é melhor deixar as coisas como estão". A ASCENSÃO E QUEDA DO KHMER VERMELHO SPENCER BROWN Khmer Rouge foi o nome dado aos integrantes do Partido Comunista, liderado pelo marxista Pol Pot, que governaram o Camboja de 1975 a 1979. O nome quer dizer "Khmer Vermelho" em francês –os khmer são o grupo étnico dominante no Camboja. O grupo surgiu nos anos 60, quando servia como ala armada do Partido Comunista do Kampuchea (o nome do Camboja em khmer). Depois de uma guerra civil contra forças pró-ocidentais que durou de 1970 a 1975, o Khmer Vermelho capturou a capital, Phnom Penh e impôs seu domínio a todo o país, mudando seu nome de Camboja para Kampuchea. Eles se alinharam ao Vietnã do Norte e ao Viet Cong em sua batalha contra as forças anticomunistas, mas também tentaram estabelecer uma utopia agrária, decretando o "ano zero" de um novo calendário. Religião, dinheiro e propriedade privada foram abolidos, e as cidades foram esvaziadas compulsoriamente. As estimativas variam, mas no geral se acredita que 1,8 milhão de pessoas tenham morrido de fome, em trabalhos forçados e vítimas de execução, no período de domínio do Khmer Vermelho. O grupo foi derrubado em 1979 por uma invasão de tropas vietnamitas. Seus líderes mais importantes fugiram para partes remotas do país e a influência deles decresceu. Pol Pot foi sentenciado a prisão domiciliar em um julgamento político em 1997, mas morreu um ano mais tarde. Tradução de PAULO MIGLIACCI
ilustrissima
Cambojanos voltam aos campos de extermínio do Khmer VermelhoOs crânios estão empilhados por trás de um vidro, agora, e são alvo de câmeras e não de armas ou bastões. Velas queimam nos degraus deste mausoléu, cuja espira sobe e se afina na direção do sol da manhã. Do lado de lá das paredes, a vida prossegue, e nem sempre em tom de reverência. Dois homens caminham sobre antigas valas comuns onde fragmentos de ossos continuam a emergir ocasionalmente, especialmente depois das chuvas de monção. Dois jovens e animados turistas tiram um retrato ao lado de um cartaz que mostra como milhares de pessoas foram transportadas para morrer em um lugar no qual cabeças de crianças eram batidas contra o que hoje é conhecido como "a árvore da morte". Há praticamente exatos 40 anos do momento de minha visita, começou um horror que, para milhares de pessoas, terminou aqui em Choeung Ek, um campo de extermínio nas cercanias de Phnom Penh, Camboja. Em 17 de abril de 1975, o Khmer Vermelho tomou a capital e começou a evacuar seus moradores e os das demais cidades grandes cambojanas. Foi o começo de uma campanha de escravização e extermínio em massa que custaria as vidas de pelo menos 1,8 milhão de pessoas, cerca de um quarto da população do país. Agora, no local do campo de extermínio, sobreviventes do período de terror que se estendeu por quase quatro anos tomam o microfone, como parte de uma pequena celebração. Monges em roupões alaranjados estão sentados à direita, e os visitantes se ajoelham ou agacham à esquerda. Chan Kim Sour, 70, chora ao contar como a família dela foi morta. "Estou muito deprimida", ela soluça. "Por favor, busquem justiça para mim". Entre as pessoas que a escutam está Theary Seng, cujos pais foram mortos pelo Khmer Vermelho. A cerimônia, que se encerra com a coleta de dinheiro e alimentos pelos monges, a comove visivelmente. Mas, apesar de toda a solenidade, Theary Seng acredita que falta alguma coisa. "Este não é um lugar de esperança", ela diz, enquanto as multidões se dispersam. "É um lugar que faz recordar o passado, mas seria preciso que fizesse mais. Não existe redenção, na forma pela qual celebramos as vítimas". É um lembrete de até que ponto as feridas causadas pelo Khmer Vermelho ao Camboja continuam abertas –e de quantas contas ainda precisam ser prestadas. Já faz mais de 30 anos que foi lançado o filme "Os Gritos do Silêncio", que contava a história da sobrevivência de Dith Pran, colega cambojano do correspondente Sydney Schanberg, do "New York Times". Os acontecimentos continuam a murmurar nos corações de todos os envolvidos nas guerras paralelas do Sudeste Asiático. No Camboja, uma campanha de bombardeio aéreo norte-americana no final dos anos 60 e começo dos 70 matou de 150 mil a 500 mil pessoas, em uma tentativa vã de deter o fluxo de suprimentos para o exército do Vietnã do Norte. John Gunther Dean, 89, antigo embaixador norte-americano em Phnom Penh, deplorou "o abandono do Camboja" por Washington, e sua "entrega aos carniceiros". "Aceitamos a responsabilidade pelo Camboja e depois o abandonamos sem cumprir nossas promessas. É a pior coisa que um país pode fazer", ele declarou em entrevista à Associated Press pouco antes do 40º aniversário da tomado poder pelo Khmer Vermelho. "E eu chorei porque sabia que isso aconteceria". Theary Seng está me conduzindo pela mesma jornada que ela e a família fizeram naqueles dias terríveis. Quando o Khmer Vermelho chegou ao poder, ela tinha quatro anos, e deixou o Camboja um ano depois que o Vietnã derrubou o regime de Pol Pot em 1979, se transferindo aos Estados Unidos. Ela foi criada em Michigan e na Califórnia, estudou direito e desde 1995 retornava periodicamente ao Camboja para trabalhar. Em 2004, decidiu viver aqui, trabalhando como advogada, ativista e investigadora de sua história pessoal. Theary Seng dirige uma organização de educação cívica e comandou uma ONG chamada Centro de Desenvolvimento Social, antes de deixar o posto em circunstâncias acrimoniosas em 2009. Ela era muito conhecida, alguns anos atrás, mas depois optou por manter perfil mais discreto, porque o passado a "exauriu completamente". A prestação de contas pela era do Khmer Vermelho continua escassa em um país que, apesar de todo o investimento de indústrias estrangeiras e dos avanços da elite urbana, continua a ser o mais pobre da região. O Camboja jamais teve uma comissão de verdade e reconciliação com amplos poderes, como a que a África do Sul criou para tratar do legado do apartheid. E tampouco há uma sensação plena de mudança de regime. Hun Sen, primeiro-ministro do país há 30 anos, é um antigo líder do Khmer Vermelho que desertou do movimento. Agora, se apresenta como o homem necessário a prevenir um retorno à era das atrocidades em massa. O Camboja conta com um recurso judiciário na forma da Câmara Extraordinária do tribunal nacional cambojano, mais conhecida como "tribunal do Khmer Vermelho". Mas ela vem sofrendo críticas cada vez mais fortes, em seus nove anos de vida. Até agora, só conseguiu três condenações contra líderes do movimento, entre os quais Kaing Guek Eav, ou "camarada Duch". Ele era chefe do serviço de segurança e encarregado da notória prisão de Tuol Sleng, em Phnom Penh, cujos detentos foram parar no campo de extermínio de Choeung Ek. Nuon Chea e Khieu Samphan, dois outros importantes líderes do Khmer Vermelho, foram sentenciados à prisão perpétua, mas grupos de defesa dos direitos humanos acusam o governo do Camboja de solapar o trabalho do tribunal. Theary Seng se sente decepcionada com o tribunal. Diz que ele não incorporou sobreviventes como ela aos julgamentos, na condição de queixosos ou testemunhas –ainda que haja quem conteste essa alegação, no tribunal e fora dele. Ela argumenta que procedimentos legais como os usados para proteger os direitos de um único acusado por "um simples homicídio nas ruas de Michigan" não deveriam ser aplicados a uma atrocidade da qual a maioria da população foi vítima. "Por exemplo, o direito de não depor", ela diz. "Não quero que esses bastardos mantenham o silêncio, lamento dizer". As investigações dela não se relacionam tanto à justiça mas sim a descobrir a forma pela qual seus pais morreram, e quem foi responsável por sua execução. Ela, bem como outros cambojanos, a exemplo dos documentaristas Rithy Panh e Kulikar Sotho, também está tentando corrigir um desequilíbrio que significa que a maior parte dos relatos sobre o Khmer Vermelho vem de estrangeiros. Uma década atrás, Theary Seng escreveu um livro chamado "Daughter of the Killing Fields" (filha dos campos de concentração) e agora está trabalhando em um relato expandido de um passado ainda doloroso mas difícil de relatar. Embora a era do Khmer Vermelho tenha sido caracterizada pela vigilância, denúncia e paranoia, recolher fatos sobre ela é quase impossível, hoje. "Preciso ponderar se aquilo que meus parentes me dizem é verdade", diz Theary Seng ao jantar, na noite anterior à viagem. "O que é verdade e o que não é? Há tantas camadas, e é tão difícil". Vestida elegantemente, em uma saia longa e blusa tradicionais, Theary Seng fala com a franqueza enervante sobre o impacto de suas investigações sobre ela e sua família. Diz ter lido muitos livros de autoajuda porque "não quis envergonhar meus parentes recorrendo a um psicólogo", e acrescenta que o que a atraiu na lei foi seu uso como "ferramenta para dar coerência ao meu convoluto mundo interior". O que ela define como sua abordagem "de punhos erguidos" aliena alguns, que dizem que ela pode ser insensível em suas críticas ao seu país e povo. Um veterano observador da política cambojana diz que ela é "conhecida pelas declarações belicosas", algumas bem direcionadas mas outras exibindo "um forte deslocamento cultural". Theary Seng admite que nem todas as censuras a ela são incorretas, mas retruca que às vezes os ataques que recebe são pessoais e não ao que ela diz. Além de cortante, ela também pode ser calorosa e engraçada de um jeito sinistro. Em dado momento, quando passamos por um momento difícil na estrada, ela saiu-se com a estatística de que "morrem 200 pessoas por mês em acidentes de trânsito". E acrescentou, mordaz: "Não sei por que sempre ofereço essas informações horríveis, e na hora errada". Nossa primeira parada é um pagode à beira da estrada, onde flâmulas multicoloridas flanqueiam uma via pavimentada que nos conduz a um edifício de concreto com um telhado vermelho. Do lado de dentro, encontramos um grande Buda, móveis abandonados e Van Sovy, 71, a guardiã do local. Sovy estava lá quando Theary Seng e sua família chegaram ao centro de detenção improvisado, vindos de Phnom Penh, em abril de 1975. "Muita violência sádica aconteceu aqui", diz Theary Seng. "Conversei com um homem que passou por aqui, e ele contou ter visto homens comendo os órgãos internos de pessoas que eles haviam matado". Theary Seng explica que montou seu relato com base nas memórias de seus dois irmãos mais velhos e duas tias, que a acompanharam na jornada. Foi neste lugar que seu pai, professor, respondeu fatalmente ao chamado para que funcionários públicos e pessoas como ele, que haviam combatido pelo regime derrubado, revelassem sua presença aos captores, porque elas seriam necessárias para reconstruir o país. Naqueles primeiros dias, muitas pessoas, entre as quais a mãe de Theary Seng, elogiavam o Khmer Vermelho e o viam como libertador do Camboja de seu papel na guerra de prepostos travada pelos Estados Unidos. Uma das grandes tragédias era a crença de que nacionalidade, etnia ou religião serviriam como proteção. Como aponta Robert Carmichael em "When the Clouds Fell from the Sky" (quando as nuvens caem do céu), novo livro sobre um jovem diplomata a quem o Khmer Vermelho seduz a voltar ao país, muita gente voltou voluntariamente, por patriotismo, e por acreditar que "cambojanos não matariam cambojanos". A família de Theary Seng jamais recebeu notícias de seu pai. "Eu me tornei uma criança arrasada", ela conta quando deixamos o local. "Algumas pessoas diriam, hoje, e eu concordaria, que continuo arrasada. Muitos cambojanos vivem essa situação. Meus parentes, minha família, são um microcosmo de uma sociedade maior". Cruzamos o rio Mekong, que a família de Theary Seng atravessou para fugir do pagode depois do desaparecimento de seu pai. Hoje, uma nova ponte pênsil o atravessa, a mais longa do país, bancada por dinheiro japonês. O tráfego é lento, por conta do gargalo criado por carros, motos e pequenos veículos de transporte que param para tirar selfies. Do outro lado, a ocupação se torna mais esparsa quando chegamos ao campo, perto da fronteira do Vietnã. Paramos em um grupo de edificações entre as quais a porta de um pequeno templo se move suavemente na brisa, e chama a atenção para os crânios lá abrigados. Ao lado do tempo, murais mostram cenas sombrias de pessoas sendo detidas em massa e torturadas. "Se eu fosse mais velha então, seria disso que eu lembraria", diz Theary Seng. A família dela buscou refúgio na aldeia de Chensa, de onde provêm os parentes de seu pai. A aldeia hoje consiste de uma estrada comprida ao longo da qual blocos intermitentes de moradias se alternam com plantações de arroz. A família viveu discretamente no local por mais de dois anos até que foram subitamente aprisionados, em 1977. Na manhã seguinte à nossa chegada, Theary Seng sai com uma de suas tias em busca de uma possível testemunha de sua captura. O nome dele é Keo Sok, e ele foi funcionário público na era do Khmer Vermelho. Ficou preocupado e nervoso com as mortes que o Khmer Vermelho ordenava, e não se envolveu nelas pessoalmente. Conhecia o pai de Theary Seng mas nada teve a ver com a detenção da família. Mais tarde, Theary Seng diz acreditar nele, ainda que comente que Keo Sok não demonstrou grande remorsos. "Não sinto nada [de mau], porque não fiz coisa alguma de errado à família dela", ele diz. Para alguém de fora, parece inacreditável e enervante que essas acusações e contra-acusações estejam supurando em uma comunidade tão pequena há 40 anos. Conversamos com mais duas pessoas na área, as quais segundo a tia de Theary Seng podem ter se envolvido na detenção de sua família. A visita de surpresa de Theary Seng aos dois, ambos seus parentes distantes, é muito mais tensa do que o encontro com Sok. Na primeira casa, o homem, sem camisa e magrinho, nega zangadamente qualquer cumplicidade. O segundo está deitado, imóvel, em uma esteira, à sombra, e membros de sua família se encarregam de defendê-lo. A cabeça dele está virada na direção oposta à da conversa, e sua imobilidade sugere que pretende carregar seus segredos consigo para o túmulo. Depois que foram presos, os familiares de Theary Seng foram levados a outro pagode tornado prisão. É um lugar solitário e de rara beleza, um vasto campo aberto ocupado por alguns cachorros, um porquinho e uma figura humana solitária que caminha apressadamente. Mas é uma beleza enganosa. Soldados do Khmer Vermelho se mantinham de guarda entre as belas palmeiras, e as águas ensolaradas do pequeno lago só estão presentes porque prisioneiros o escavaram. Poucos meses depois, a família foi transferida a outra prisão, onde Theary Seng foi colocada para trabalhar recolhendo esterco dos campos de arroz. Foi lá que sua mãe desapareceu. Àquela altura com sete anos, Theary Seng conta lembrar claramente da noite em que a mãe foi levada, em 1978. Ela viu um guarda entrando na cabana. Perguntou à mãe porque ele estava carregando cordas molhadas. Era para facilitar usá-las a fim de amarrar prisioneiros. As últimas palavras que ela ouviu de sua mãe foram um pedido de que voltasse a dormir. Ao caminharmos por um bosque para chegar ao local, vimos uma festa em curso. Era o final das celebrações do ano novo khmer, e as pessoas estavam dançando ao som de música folclórica. Um homem que havia se excedido um pouco na bebida puxou Theary Seng para a pista de dança. A música parou e outro homem deu a ela um par de grilhões enferrujados. Ela ficou feliz, caindo de joelhos por conta da empolgação. "São os grilhões daquela época", ela disse. "Podem ter sido os grilhões usados para prender as pernas de minha mãe. Podem ter sido usados para prender as pernas de meu irmão. É uma ponte de concreto para minhas lembranças daquela época". Deixamos a festa para trás e caminhamos para o local em que Theary Seng acredita que sua família ficou detida, um pequeno barraco há muito desaparecido. Pergunto como ela sabe que foi ali que eles ficaram aprisionados. Ela responde que não se recorda realmente, mas acha que seu irmão assim disse. Do lado de fora do núcleo de edificações, ela conversa com uma velha que mora ali perto. "Você continua zangada?", a mulher pergunta, não sem demonstrar gentileza. "É claro que você lamenta a perda de sua mãe. Mas o que pode fazer?" Ao nos prepararmos para partir, Theary Seng vai em busca dos grilhões. Fica incomodada quando o homem diz que talvez queira ficar com eles. Paga 10 mil riels –US$ 2,50– para comprá-los. A quantia é pequena, mas Theary Seng fica irritada por o que via como presente ter se tornado uma transação. A atitude do homem pode ter nascido da pobreza ou da embriaguez, mas ela a vê como sinal de algo maior. "Não há sinal de honra na sociedade", ela diz, depois que saímos. "Estou muito cansada disso". No caminho de volta a Phnom Penh, Theary Seng se empolga com as novas informações. Mas admite que elas também a deixaram mais confusa. Inverdades não são contadas apenas por aqueles com algo a esconder, e em alguns casos não são contadas deliberadamente. A formulação e a modulação de memórias que transcorrem constantemente em nossas mentes estão em curso há 40 anos no Camboja. E a situação é complicada pelo fato de que as comunidades precisam encontrar uma nova maneira de viver agora, qualquer que tenha sido o passado. "Não existem meios e maneiras de chegar à verdade", diz Theary Seng. "Venho escavando, e olhe a sujeira que deixei no caminho". Estamos nos encaminhando de volta à grande ponte. Ela deveria ser um sinal de modernidade e de um país em avanço. Mas mesmo lá há outro lembrete cerimonial de que o passado não é terra incógnita. Quando o primeiro-ministro Hun Sen compareceu ao evento da inauguração da ponte, em janeiro, ele uma vez mais declarou ser a segurança do país contra o Khmer Vermelho. "Se Hung Sen não se tivesse disposto a entrar na toca dos tigres, poderia tê-los capturado?", ele disse. Do gabinete do primeiro-ministro às aldeias, ambiguidades, fatos ocultos e afirmações contestadas continuam a ser a norma. Passadas quatro décadas, a ideia de que é certo deixar que o passado se vá, e maneiras de fazê-lo, já estão estabelecidas, mesmo diante da assertividade de alguém como Theary Seng. "Essa é a questão para mim, e ainda não sei como respondê-la", ela diz, enquanto voltamos de carro para a cidade onde começou seu pesadelo de infância. "Às vezes, é melhor deixar as coisas como estão". A ASCENSÃO E QUEDA DO KHMER VERMELHO SPENCER BROWN Khmer Rouge foi o nome dado aos integrantes do Partido Comunista, liderado pelo marxista Pol Pot, que governaram o Camboja de 1975 a 1979. O nome quer dizer "Khmer Vermelho" em francês –os khmer são o grupo étnico dominante no Camboja. O grupo surgiu nos anos 60, quando servia como ala armada do Partido Comunista do Kampuchea (o nome do Camboja em khmer). Depois de uma guerra civil contra forças pró-ocidentais que durou de 1970 a 1975, o Khmer Vermelho capturou a capital, Phnom Penh e impôs seu domínio a todo o país, mudando seu nome de Camboja para Kampuchea. Eles se alinharam ao Vietnã do Norte e ao Viet Cong em sua batalha contra as forças anticomunistas, mas também tentaram estabelecer uma utopia agrária, decretando o "ano zero" de um novo calendário. Religião, dinheiro e propriedade privada foram abolidos, e as cidades foram esvaziadas compulsoriamente. As estimativas variam, mas no geral se acredita que 1,8 milhão de pessoas tenham morrido de fome, em trabalhos forçados e vítimas de execução, no período de domínio do Khmer Vermelho. O grupo foi derrubado em 1979 por uma invasão de tropas vietnamitas. Seus líderes mais importantes fugiram para partes remotas do país e a influência deles decresceu. Pol Pot foi sentenciado a prisão domiciliar em um julgamento político em 1997, mas morreu um ano mais tarde. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Não basta apenas trocar o nome
A renovação na política é o desejo de boa parte da população, nada mais natural após tantas denúncias envolvendo os políticos. Algumas pesquisas recentes demonstram esta tendência. Conforme levantamento realizado pela Ideia Big Data, 59% dos entrevistados não votariam em candidatos do PT, PSDB e PMDB para a Presidência da República e 79% afirmam que gostariam de ver cidadãos comuns —de fora da política— como candidatos em 2018. Neste cenário, a principal medida entre os partidos que querem se apresentar como "renovados" tem sido a troca do nome da legenda. O termo partido é excluído e substituído por alguma expressão, que normalmente denomina uma ação, como por exemplo: Avante, Podemos e Mude. Entretanto, uma mudança séria e verdadeira pressupõe algo além de uma simples alteração de nomenclatura. As práticas, rotinas, processos e incentivos precisam ser alterados. Caso os partidos queiram, de fato, se renovar, tendo como objetivo se aproximar e representar o eleitor e não apenas confundi-lo, deveriam seguir outro roteiro: 1- Definam os seus posicionamentos baseados em princípios e valores claros, e não na conveniência dos caciques ou das negociações privadas. 2- Privilegiem a renovação nos seus quadros. Ela é saudável e consolida a democracia. 3- Escolham melhor os seus candidatos. Substituam os puxadores de votos por pessoas preparadas, honestas e comprometidas com os valores do partido. 4- Exijam dos representantes eleitos fidelidade com os ideais do partido, afinal eles representam uma instituição e devem atuar de forma coerente. 5- Digam a verdade, especialmente quando tiverem cometido algum erro. O cidadão está cada vez mais bem informado e poderá perdoar algumas falhas mas dificilmente irá admitir ser enganado. 6- E por último e provavelmente o mais importante: não utilizem recursos públicos. Não é razoável demandar da população que tem péssimos serviços públicos, apesar de pagar altos impostos, que financie, de forma compulsória, os partidos políticos. A necessidade constante da busca de recursos para a sua manutenção é o único e mais eficaz mecanismo para validar constantemente a atuação do partido. Como acontece em nosso dia a dia, se o produto entregue não estiver agradando ao consumidor, a instituição não receberá recursos, irá à falência e o cidadão buscará uma melhor alternativa. Esse é o processo mais justo e coerente para a depuração do quadro partidário atual e que poderá nos levar à tão desejada representatividade política. Certamente para um partido já existente as mudanças aqui propostas não são fáceis, dão trabalho, mas são necessárias e darão credibilidade a quem as adotar. É sempre difícil abrir mão de privilégios e deixar os atalhos de lado, mas somente assim se constrói algo sólido e duradouro. Seria muito bom que os partidos atuais, pelo menos os que pretendem genuinamente se renovar, refletissem sobre o assunto.
colunas
Não basta apenas trocar o nomeA renovação na política é o desejo de boa parte da população, nada mais natural após tantas denúncias envolvendo os políticos. Algumas pesquisas recentes demonstram esta tendência. Conforme levantamento realizado pela Ideia Big Data, 59% dos entrevistados não votariam em candidatos do PT, PSDB e PMDB para a Presidência da República e 79% afirmam que gostariam de ver cidadãos comuns —de fora da política— como candidatos em 2018. Neste cenário, a principal medida entre os partidos que querem se apresentar como "renovados" tem sido a troca do nome da legenda. O termo partido é excluído e substituído por alguma expressão, que normalmente denomina uma ação, como por exemplo: Avante, Podemos e Mude. Entretanto, uma mudança séria e verdadeira pressupõe algo além de uma simples alteração de nomenclatura. As práticas, rotinas, processos e incentivos precisam ser alterados. Caso os partidos queiram, de fato, se renovar, tendo como objetivo se aproximar e representar o eleitor e não apenas confundi-lo, deveriam seguir outro roteiro: 1- Definam os seus posicionamentos baseados em princípios e valores claros, e não na conveniência dos caciques ou das negociações privadas. 2- Privilegiem a renovação nos seus quadros. Ela é saudável e consolida a democracia. 3- Escolham melhor os seus candidatos. Substituam os puxadores de votos por pessoas preparadas, honestas e comprometidas com os valores do partido. 4- Exijam dos representantes eleitos fidelidade com os ideais do partido, afinal eles representam uma instituição e devem atuar de forma coerente. 5- Digam a verdade, especialmente quando tiverem cometido algum erro. O cidadão está cada vez mais bem informado e poderá perdoar algumas falhas mas dificilmente irá admitir ser enganado. 6- E por último e provavelmente o mais importante: não utilizem recursos públicos. Não é razoável demandar da população que tem péssimos serviços públicos, apesar de pagar altos impostos, que financie, de forma compulsória, os partidos políticos. A necessidade constante da busca de recursos para a sua manutenção é o único e mais eficaz mecanismo para validar constantemente a atuação do partido. Como acontece em nosso dia a dia, se o produto entregue não estiver agradando ao consumidor, a instituição não receberá recursos, irá à falência e o cidadão buscará uma melhor alternativa. Esse é o processo mais justo e coerente para a depuração do quadro partidário atual e que poderá nos levar à tão desejada representatividade política. Certamente para um partido já existente as mudanças aqui propostas não são fáceis, dão trabalho, mas são necessárias e darão credibilidade a quem as adotar. É sempre difícil abrir mão de privilégios e deixar os atalhos de lado, mas somente assim se constrói algo sólido e duradouro. Seria muito bom que os partidos atuais, pelo menos os que pretendem genuinamente se renovar, refletissem sobre o assunto.
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Fotógrafo registra fervor religioso de romaria em Juazeiro do Norte (CE)
Fervor religioso. Poucos lugares no mundo reúnem tamanha dedicação a celebrações religiosas como Juazeiro do Norte (CE). É na cidade da região do Cariri que o Padre Cícero tornou-se uma das figuras mais populares da religiosidade nacional. As missas, igrejas, procissões, tudo remete ao "Padim Ciço", como é chamado. E todo esse fervor popular estão nas fotos de Samuel Macedo, 31, que registrou uma romaria em fevereiro deste ano. "A região tem uma diversidade de pessoas muito grandes. Vem gente do Nordeste e do Brasil inteiro. Tem até estrangeiros. Por isso a cultura por lá é muito forte", conta Samuel. O fotógrafo Samuel Macedo, 31, nasceu e cresceu em Juazeiro. O gosto por tirar fotos da região do Cariri vem da infância. Profissional desde 2009, ele já fez registros até em cima de um pau de arara. No entanto, estava há quatro anos morando fora da cidade. A vontade de registrar sua terra natal só crescia. Em fevereiro deste ano, conseguiu, enfim, retornar às suas origens, como é possível ver na galeria de fotos acima. O Peru fotografado por um celular, por Luisa Dörr Casas de famosos em Los Angeles, por Apu Gomes Pernambuco, por Bruno Poletti Madagascar, por Haroldo Castro Colômbia, por Thiago Foresti Mauritânia, por Jody MacDonald João Pessoa, por Edson Lopes Jr. Verão português, por Fabrício Lobel Natividade, no Tocantins, por Otavio Valle Tanzânia, por Mathilde Missioneiro Minas Gerais, por Angelo Savastano Etiópia, por Roberto Machado
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Fotógrafo registra fervor religioso de romaria em Juazeiro do Norte (CE)Fervor religioso. Poucos lugares no mundo reúnem tamanha dedicação a celebrações religiosas como Juazeiro do Norte (CE). É na cidade da região do Cariri que o Padre Cícero tornou-se uma das figuras mais populares da religiosidade nacional. As missas, igrejas, procissões, tudo remete ao "Padim Ciço", como é chamado. E todo esse fervor popular estão nas fotos de Samuel Macedo, 31, que registrou uma romaria em fevereiro deste ano. "A região tem uma diversidade de pessoas muito grandes. Vem gente do Nordeste e do Brasil inteiro. Tem até estrangeiros. Por isso a cultura por lá é muito forte", conta Samuel. O fotógrafo Samuel Macedo, 31, nasceu e cresceu em Juazeiro. O gosto por tirar fotos da região do Cariri vem da infância. Profissional desde 2009, ele já fez registros até em cima de um pau de arara. No entanto, estava há quatro anos morando fora da cidade. A vontade de registrar sua terra natal só crescia. Em fevereiro deste ano, conseguiu, enfim, retornar às suas origens, como é possível ver na galeria de fotos acima. O Peru fotografado por um celular, por Luisa Dörr Casas de famosos em Los Angeles, por Apu Gomes Pernambuco, por Bruno Poletti Madagascar, por Haroldo Castro Colômbia, por Thiago Foresti Mauritânia, por Jody MacDonald João Pessoa, por Edson Lopes Jr. Verão português, por Fabrício Lobel Natividade, no Tocantins, por Otavio Valle Tanzânia, por Mathilde Missioneiro Minas Gerais, por Angelo Savastano Etiópia, por Roberto Machado
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Rapel feminino, fisiculturismo e luzes de neon: Imagens do Irã moderno
Uma seleção de trabalhos do fotógrafo Abbas Kowsari refletindo a realidade do Irã moderno está em exposição em Londres. A mostra oferece uma visão alternativa da vida iraniana - como a visão pouco comum de uma unidade feminina de cadetes da polícia praticando rapel em um prédio. Segundo os curadores, as fotos são uma oportunidade de "esquecer as imagens estereotipadas do Irã e entrar no espirituoso mundo político de Kowsari". Kowsari trabalhou por dez anos em grandes jornais iranianos, muitos dos quais hoje não têm autorização para funcionar. Ele atualmente trabalha como editor de fotos do jornal Shargh em Teerã. Abbas Kowsari: Trabalhos Selecionados pode ser vista até 28 de fevereiro na galeria The Wapping Project Bankside (www.thewappingprojectbankside.com).
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Rapel feminino, fisiculturismo e luzes de neon: Imagens do Irã modernoUma seleção de trabalhos do fotógrafo Abbas Kowsari refletindo a realidade do Irã moderno está em exposição em Londres. A mostra oferece uma visão alternativa da vida iraniana - como a visão pouco comum de uma unidade feminina de cadetes da polícia praticando rapel em um prédio. Segundo os curadores, as fotos são uma oportunidade de "esquecer as imagens estereotipadas do Irã e entrar no espirituoso mundo político de Kowsari". Kowsari trabalhou por dez anos em grandes jornais iranianos, muitos dos quais hoje não têm autorização para funcionar. Ele atualmente trabalha como editor de fotos do jornal Shargh em Teerã. Abbas Kowsari: Trabalhos Selecionados pode ser vista até 28 de fevereiro na galeria The Wapping Project Bankside (www.thewappingprojectbankside.com).
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Marca cria 'chave-bafômetro' que só liga o carro com o motorista sóbrio
A Fiat no Brasil apresentou o projeto de uma chave de carros equipada com um bafômetro que não liga o carro se o motorista –ou quem assoprar o dispositivo– tiver resquícios de álcool no hálito. Intitulado Safe Key, o protótipo faz parte de uma campanha de conscientização pelo fim da condução alcoolizada, que causa milhares de acidentes anualmente só no Brasil. Safe Key Se o usuário tiver bebido, a chave –que se conecta a um smartphone por bluetooth– aciona um aplicativo de táxi pelo celular. "Sabemos que só esse produto não vai resolver todo o problema, mas fazer o usuário pensar duas vezes tem potencial para salvar vidas", disse João Ciaco, chefe de marketing da Fiat Chrysler no Brasil, em comunicado. A empresa diz que a "chave-bafômetro" chegará ao mercado no ano que vem. "Quem sabe, dentro de alguns anos, a Safe Key não se transforma em um item obrigatório de segurança", disse Fred Saldanha, chefe criativo da agência Isobar, responsável pela campanha. Segundo a assessoria de imprensa da Fiat, o projeto do produto está em fase de estudo e ainda não há uma definição do formato final da chave, apesar de sugerir que o botão para abertura das travas do carro estará presente nela. No vídeo em que apresenta o projeto, a companhia levanta a possibilidade de o dono do carro "trapacear" e pedir para que outra pessoa dê partida no automóvel. Mas, questiona, "e se um acidente acontecesse com seu amigo?"
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Marca cria 'chave-bafômetro' que só liga o carro com o motorista sóbrioA Fiat no Brasil apresentou o projeto de uma chave de carros equipada com um bafômetro que não liga o carro se o motorista –ou quem assoprar o dispositivo– tiver resquícios de álcool no hálito. Intitulado Safe Key, o protótipo faz parte de uma campanha de conscientização pelo fim da condução alcoolizada, que causa milhares de acidentes anualmente só no Brasil. Safe Key Se o usuário tiver bebido, a chave –que se conecta a um smartphone por bluetooth– aciona um aplicativo de táxi pelo celular. "Sabemos que só esse produto não vai resolver todo o problema, mas fazer o usuário pensar duas vezes tem potencial para salvar vidas", disse João Ciaco, chefe de marketing da Fiat Chrysler no Brasil, em comunicado. A empresa diz que a "chave-bafômetro" chegará ao mercado no ano que vem. "Quem sabe, dentro de alguns anos, a Safe Key não se transforma em um item obrigatório de segurança", disse Fred Saldanha, chefe criativo da agência Isobar, responsável pela campanha. Segundo a assessoria de imprensa da Fiat, o projeto do produto está em fase de estudo e ainda não há uma definição do formato final da chave, apesar de sugerir que o botão para abertura das travas do carro estará presente nela. No vídeo em que apresenta o projeto, a companhia levanta a possibilidade de o dono do carro "trapacear" e pedir para que outra pessoa dê partida no automóvel. Mas, questiona, "e se um acidente acontecesse com seu amigo?"
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Texto de nova base avança, mas ainda tem trechos preocupantes
No que diz respeito à física, a Base Nacional Comum Curricular representa alguns avanços importantes, mas também traz alguns vícios preocupantes. De todos eles, o que mais assusta é a defesa subjacente de uma visão utilitarista da ciência. Não chega a ser uma surpresa, uma vez que uma das principais motivações para a reformulação da base curricular era a de realizar a conexão entre o dia a dia do estudante e os temas abordados em sala de aula, conexão reconhecidamente fundamental para o aprendizado. É um objetivo nobre: mostrar que a ciência em geral, e a física em particular, não fala de coisas desimportantes para as pessoas. Muito pelo contrário, o cotidiano está impregnado de física, e a maioria das pessoas nem se dá conta disso. Contudo, ao enfatizar excessivamente a legítima questão do "para que serve isso?", perde-se por entre os dedos a principal motivação para o fazer científico, qual seja, a de satisfazer a curiosidade inata do ser humano. É como se os responsáveis pela difusão do conhecimento julgassem vergonhoso valorizá-lo pelo que ele é, como um fim em si mesmo. E aí a mensagem que chegará aos alunos acaba se tornando contraproducente. Reconhecer o valor de alguma coisa é muito menos poderoso do que apreciá-la. Ninguém se torna cientista porque identifica a importância social da ciência. Os jovens buscam a ciência porque gostam da ideia de descobrir, de revelar os segredos ocultos da natureza. A curiosidade não pode ser tratada como acessório, muito menos como frivolidade. Ela deveria ser o ponto central do aprendizado. No documento, parece até um palavrão. Nas páginas dedicadas à física, o termo é usado apenas um punhado de vezes. No documento inteiro, são 24 menções em 652 páginas –a maioria delas de forma jogada e uma, pasme, na negativa ("não se trata [...] de curiosidade banal"). Base Nacional Curricular Ao suprimir, ou menosprezar, o ato de ser curioso como justificativa válida para o fazer científico, acabam sendo deixadas ao largo revoluções importantes como a teoria da relatividade (sem a qual hoje não teríamos coisas como o GPS e que não tem nenhuma menção em todo o documento) e a invenção do laser (que nasceu, com o perdão da expressão, como uma "curiosidade inútil" de laboratório). Alunos na educação básica - Por etapa, em milhões* FENÔMENO SOCIAL De que a produção científica é, antes de mais nada, uma construção social, não resta dúvida. Afinal, cientistas são seres humanos. Há, portanto, de se celebrar o reconhecimento desse fato e a necessidade premente de permear o ensino de física com o contexto histórico em que esses conhecimentos foram construídos. Contudo, o documento dá um ou dois passos além disso. Ele diz: "Uma contextualização histórica não se ocupa da menção a nomes de cientistas e datas, mas de revelar conhecimentos como construções socialmente produzidas, influenciando e sendo influenciadas por condições políticas, econômicas, sociais, de cada época". Até aí, tudo bem. Mas em seguida há uma série de exemplos, abordados de forma incisiva na base curricular, que enfatizam o quanto a sociedade motiva o avanço da ciência, mas não fazem o caminho inverso. Fala-se de como o campo da termodinâmica evoluiu por conta dos motores a vapor e da primeira revolução industrial. Em seguida, aborda-se eletricidade e magnetismo como subprodutos da segunda revolução industrial. O discurso subjacente é o do utilitarismo: a ciência correspondente nasceu em suporte à tecnologia que propiciou a transformação social. Isso acabará por camuflar a principal motivação que os cientistas têm em sua atividade. Não é dar suporte a causas sociais, mas simplesmente se enfronhar no mistério definitivo: o fato de o Universo ser compreensível. Enquanto não apresentarmos isso como motivo principal e suficiente para a prática científica, teremos uma visão capenga e distorcida do sofisticado empreendimento humano que ela representa. Alunos na educação básica - Por rede, em milhões MAIOR AMPLITUDE Apesar do viés utilitarista, há avanços, sem dúvida. O ensino médio ganha uma ênfase maior em temas da física moderna, como a presença do Modelo Padrão da Física de Partículas e uma apresentação mais robusta do contexto da Terra no Universo. O Big Bang, por exemplo, ganha um lugar de destaque no currículo, embora a forma como ele é abordado possa dar margem a todo tipo de pecado (vai saber o que cada professor entenderá de "identificando algumas lacunas desse modelo"). O medo maior é esse ganho em abrangência vir acompanhado de uma perda muito grande em consistência. Há um discurso corrente que trata fórmulas e equações como instrumentos a serem erradicados do ensino, vistos como mera "decoreba". É fato que de nada vale conhecer uma expressão matemática sem compreender o conceito físico subjacente a ela. Por outro lado, sempre há o risco de jogar fora a substância da ciência, ao tornar tudo muito esquemático. Afinal de contas, Galileu já sabia, no século 17, que "o livro do mundo está escrito em linguagem matemática". Disfarçar esse fato, ou pior, ignorá-lo, pode entregar ao ensino superior alunos que não têm ideia de com que rigor a física trata suas hipóteses, observações e experimentos. Como nota final, pega mal ver que, num documento tão importante, trechos das páginas 142 a 146 (apresentação) reapareçam, num fenômeno de "copiar/colar", nas páginas 586 a 587 (detalhamento do currículo). - 26.jun.2014 Plano Nacional de Educação é sancionado; lei prevê que o governo crie uma proposta de base curricular em até dois anos 16.set.2015 MEC apresenta 1ª versão do documento e abre consulta pública; as áreas de história e gramática geraram polêmica 15.dez.2015 Ministério inicia análise das contribuições recebidas na consulta pública, que acaba em 15.mar.2016 3.mai.2016 MEC divulga 2ª versão da base e a envia ao Conselho Nacional de Educação e a representantes de Estados e municípios Jun. e jul.2016 Texto está sendo debatido em seminários nos Estados e deve ser devolvido ao MEC até agosto; o objetivo é ter a versão final até novembro, mas não há previsão de quando começa a valer
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Texto de nova base avança, mas ainda tem trechos preocupantesNo que diz respeito à física, a Base Nacional Comum Curricular representa alguns avanços importantes, mas também traz alguns vícios preocupantes. De todos eles, o que mais assusta é a defesa subjacente de uma visão utilitarista da ciência. Não chega a ser uma surpresa, uma vez que uma das principais motivações para a reformulação da base curricular era a de realizar a conexão entre o dia a dia do estudante e os temas abordados em sala de aula, conexão reconhecidamente fundamental para o aprendizado. É um objetivo nobre: mostrar que a ciência em geral, e a física em particular, não fala de coisas desimportantes para as pessoas. Muito pelo contrário, o cotidiano está impregnado de física, e a maioria das pessoas nem se dá conta disso. Contudo, ao enfatizar excessivamente a legítima questão do "para que serve isso?", perde-se por entre os dedos a principal motivação para o fazer científico, qual seja, a de satisfazer a curiosidade inata do ser humano. É como se os responsáveis pela difusão do conhecimento julgassem vergonhoso valorizá-lo pelo que ele é, como um fim em si mesmo. E aí a mensagem que chegará aos alunos acaba se tornando contraproducente. Reconhecer o valor de alguma coisa é muito menos poderoso do que apreciá-la. Ninguém se torna cientista porque identifica a importância social da ciência. Os jovens buscam a ciência porque gostam da ideia de descobrir, de revelar os segredos ocultos da natureza. A curiosidade não pode ser tratada como acessório, muito menos como frivolidade. Ela deveria ser o ponto central do aprendizado. No documento, parece até um palavrão. Nas páginas dedicadas à física, o termo é usado apenas um punhado de vezes. No documento inteiro, são 24 menções em 652 páginas –a maioria delas de forma jogada e uma, pasme, na negativa ("não se trata [...] de curiosidade banal"). Base Nacional Curricular Ao suprimir, ou menosprezar, o ato de ser curioso como justificativa válida para o fazer científico, acabam sendo deixadas ao largo revoluções importantes como a teoria da relatividade (sem a qual hoje não teríamos coisas como o GPS e que não tem nenhuma menção em todo o documento) e a invenção do laser (que nasceu, com o perdão da expressão, como uma "curiosidade inútil" de laboratório). Alunos na educação básica - Por etapa, em milhões* FENÔMENO SOCIAL De que a produção científica é, antes de mais nada, uma construção social, não resta dúvida. Afinal, cientistas são seres humanos. Há, portanto, de se celebrar o reconhecimento desse fato e a necessidade premente de permear o ensino de física com o contexto histórico em que esses conhecimentos foram construídos. Contudo, o documento dá um ou dois passos além disso. Ele diz: "Uma contextualização histórica não se ocupa da menção a nomes de cientistas e datas, mas de revelar conhecimentos como construções socialmente produzidas, influenciando e sendo influenciadas por condições políticas, econômicas, sociais, de cada época". Até aí, tudo bem. Mas em seguida há uma série de exemplos, abordados de forma incisiva na base curricular, que enfatizam o quanto a sociedade motiva o avanço da ciência, mas não fazem o caminho inverso. Fala-se de como o campo da termodinâmica evoluiu por conta dos motores a vapor e da primeira revolução industrial. Em seguida, aborda-se eletricidade e magnetismo como subprodutos da segunda revolução industrial. O discurso subjacente é o do utilitarismo: a ciência correspondente nasceu em suporte à tecnologia que propiciou a transformação social. Isso acabará por camuflar a principal motivação que os cientistas têm em sua atividade. Não é dar suporte a causas sociais, mas simplesmente se enfronhar no mistério definitivo: o fato de o Universo ser compreensível. Enquanto não apresentarmos isso como motivo principal e suficiente para a prática científica, teremos uma visão capenga e distorcida do sofisticado empreendimento humano que ela representa. Alunos na educação básica - Por rede, em milhões MAIOR AMPLITUDE Apesar do viés utilitarista, há avanços, sem dúvida. O ensino médio ganha uma ênfase maior em temas da física moderna, como a presença do Modelo Padrão da Física de Partículas e uma apresentação mais robusta do contexto da Terra no Universo. O Big Bang, por exemplo, ganha um lugar de destaque no currículo, embora a forma como ele é abordado possa dar margem a todo tipo de pecado (vai saber o que cada professor entenderá de "identificando algumas lacunas desse modelo"). O medo maior é esse ganho em abrangência vir acompanhado de uma perda muito grande em consistência. Há um discurso corrente que trata fórmulas e equações como instrumentos a serem erradicados do ensino, vistos como mera "decoreba". É fato que de nada vale conhecer uma expressão matemática sem compreender o conceito físico subjacente a ela. Por outro lado, sempre há o risco de jogar fora a substância da ciência, ao tornar tudo muito esquemático. Afinal de contas, Galileu já sabia, no século 17, que "o livro do mundo está escrito em linguagem matemática". Disfarçar esse fato, ou pior, ignorá-lo, pode entregar ao ensino superior alunos que não têm ideia de com que rigor a física trata suas hipóteses, observações e experimentos. Como nota final, pega mal ver que, num documento tão importante, trechos das páginas 142 a 146 (apresentação) reapareçam, num fenômeno de "copiar/colar", nas páginas 586 a 587 (detalhamento do currículo). - 26.jun.2014 Plano Nacional de Educação é sancionado; lei prevê que o governo crie uma proposta de base curricular em até dois anos 16.set.2015 MEC apresenta 1ª versão do documento e abre consulta pública; as áreas de história e gramática geraram polêmica 15.dez.2015 Ministério inicia análise das contribuições recebidas na consulta pública, que acaba em 15.mar.2016 3.mai.2016 MEC divulga 2ª versão da base e a envia ao Conselho Nacional de Educação e a representantes de Estados e municípios Jun. e jul.2016 Texto está sendo debatido em seminários nos Estados e deve ser devolvido ao MEC até agosto; o objetivo é ter a versão final até novembro, mas não há previsão de quando começa a valer
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Síria reencontra bebê que entregou a desconhecido em jornada pela Europa
Sírios que deixam o país rumo à Europa muitas vezes dependem de traficantes de pessoas para alcançarem o seu destino. as é impossível saber em quem confiar e as coisas podem dar muito errado. Uma mulher síria acabou vendo um homem, cujo nome verdadeiro sequer conhecia, sair andando com sua filha de 1 ano. Essa é a história dela. Zizit sabia que teria de deixar a Síria depois de ser alvejada por atiradores e uma bala atingir seu carro. Era médica num hospital em Damasco, antes de ser abordada por um grupo militante islâmico que a forçou a deixar o local e trabalhar para eles. Quando ela se negou, as ameaças começaram. "Eles tentaram me matar duas vezes", diz. Temendo a segurança de sua filha, Maya, de 1 ano, decidiu que não tinha outra opção a não ser deixar o país. "Não fiquei feliz em deixar a Síria, amo meu país. Saí por causa do meu bebê, não por mim". E assim começou a jornada de Zizit e seu irmão Ghassan com Maya rumo à Europa. Quando estavam na Turquia, o primeiro atravessador que encontraram prometeu levá-los à Grécia por terra por US$ 13,5 mil (cerca de R$ 50 mil). Pagaram adiantado e esperaram que ele os buscasse no hotel. Mas, dias depois, concluíram que nunca o veriam novamente. A família, então, buscou outro atravessador, que operava um pequeno bote inflável. Após uma travessia traumática, em que enfrentaram uma tempestade, finalmente chegaram à Grécia. Todos conhecem os cafés frequentados por traficantes de pessoas em Atenas, então Ghassan foi encontrá-los. Levou um homem, que se apresentou como Abu Shahab, à casa onde ele e Zizit estavam. O traficante ofereceu a Zizit um passaporte brasileiro falso e uma passagem aérea que a levaria a Suécia por 4 mil euros (R$ 17 mil). Ela teria que pagar outros 4 mil euros por Maya, mas havia um detalhe: mãe e filha não poderiam viajar juntas. Crianças, disse ele, tinham que ser levadas por algum cidadão europeu, alguém que pudesse conversar com autoridades de imigração. Ele, sírio com cidadania sueca, fingiria ser pai de Maya e a levaria usando o passaporte sueco de sua própria filha. Eles atravessariam a imigração primeiro e Zizit viria depois. Ela poderia embarcar no mesmo voo, mas teria que ficar longe de Maya para que a filha ficasse calma. Zizit não gostou do plano, mas achou que não havia outra alternativa - sabia que tinha que agir rápido sob o risco de ficar sem dinheiro. Não seria um voo direto à Suécia - é comum para atravessadores dividir grandes viagens em vários pequenos trajetos. Iriam, primeiro, à Itália, então a outro país não revelado até, finalmente, chegarem à Suécia. Cinco dias após terem conhecido Abu Shahab, Zizit se preparou para o primeiro voo. Fez a mala de Maya, com leite, roupas quentes e um casaco. Colocou também uma boneca. Abu Shahab foi até a casa para buscar a criança. "Ele deu um chocolate a Maya e disse: 'não tenha medo, estaremos no mesmo voo'", contou Zizit. "Ela estava triste e chorou muito quando ele a pegou. Ela não gostava dele - ele era um desconhecido. Ele deu-lhe doces para acalmá-la mas ela não quis nada". No momento em que Abu Shahab levou Maya, ela estava em prantos, chorando pela mãe. 'FIQUEI HISTÉRICA' No aeroporto, Abu Shahab e Maya passaram pela checagem de passaportes sem nenhum problema. Shahab ligou para Zizit dizendo que era a vez dela. A mãe estava assustada e triste. A reação de Maya à separação deixou-a bastante abalada - mas as coisas iriam piorar. As autoridades perceberam que seus documentos brasileiros eram falsos e se recusaram a deixá-la passar. Foi, então, expulsa do local. Mas Maya já havia atravessado e estava nos braços de um traficante de pessoas. "Fiquei histérica. Fiquei louca", disse Zizit. "Tirei minha filha da Síria, arrisquei a vida dela no mar e agora ela tinha ido embora! Minha filha tinha ido embora. Maya tinha ido embora. Eu não sabia nem o nome dele (do atravessador) ou onde ele morava". "Eu andava e andava. Minha cabeça parou, eu não conseguia pensar. Pensei que tinha perdido minha família. Envelheci uns 10 anos". Ela não queria contar a autoridades do aeroporto que sua filha já havia passado pelo controle de passaportes ao temer que, expondo o atravessador, colocaria Maya em um risco ainda maior. O irmão de Zizit, que esperava do lado de fora do aeroporto, tentou acalmá-la ao lembrá-la que teriam que entrar em contato com Abu Shahab, já que haviam combinado de pagá-lo ao chegarem na Suécia. Seis horas depois, imaginando o pior dos cenários, o telefone de Zizit tocou. Era Abu Shahab, que estava num hotel na Itália. "Gritei e chorei. Ele disse: 'relaxa. Sou humano, amo bebês, não se preocupe'". Ele tinha dado banho em Maya, alimentado-a e colocado-a para dormir. Ele não revelou em que cidade estavam, mas garantiu que Maya estava segura. Mandou uma foto tirada mais cedo, na qual ela dormia. "Eu também tenho filhos e cuidarei dela como se ela fosse minha", disse. "Esse homem era legal, disse Zizit. "Fiquei aliviada e um pouco mais calma. Disse a ele o que tinha acontecido e ele me perguntou: 'onde eu deixo a sua filha? Preciso de alguém que você conheça - não a polícia ou um centro de refugiados'". Ele não estava bravo, mas não podia ficar com Maya, disse a mãe. A única pessoa que Zizit tinha em mente era uma mulher chamada Hasna, uma síria que era uma de suas pacientes e que agora vivia na Alemanha como refugiada. Entrou em contato com ela pelo Facebook. "Implorei a ela, 'por favor, Hasna, você pode cuidar da minha filha até que eu chegue à Alemanha?'". Hasna prometeu cuidar de Maya se o atravessador conseguisse levá-la até Dortmund. O traficante foi até lá, mas se negou a entrar na casa. Deixou a criança do lado de fora e telefonou a eles para que soubessem que Maya estava lá. "Meu filho pegou a criança na porta e a trouxe para dentro", disse Hasna. "Quando eu vi essa pequena menina, me apaixonei por ela, como se ela fosse minha própria filha". "No começo, Maya estava com medo. Depois de alguns dias, ela não saía mais do meu lado - se agarrava a mim em qualquer lugar que eu ia". Hasna enviava fotos a Zizit todos os dias. 'PERDI O CONTROLE' Zizit ainda estava desesperada. "Estava com saudade de Maya e perdi peso", disse. "Eu não estava acostumada a dormir sem ela estar do meu lado, sem a cabeça dela no meu peito. Sentia muita falta dela, mas ao menos sabia que ela estava segura". Ela não sabia como chegaria à Alemanha. "Eu nadaria se tivesse, me sentia forte". Uma semana depois, um dos contatos de Abu Shahab lhe deu uma passagem para a Áustria e outro passaporte falso, desta vez um italiano. Disse se sentir mais confiante. "Não tinha medo de nada. Mesmo fazendo algo errado, e usando um passaporte falso". O plano funcionou. Em Viena, um táxi a levou à estação de trem e um motorista mostrou-lhe onde comprar uma passagem para Frankfurt. "No trem, estava tão cansada que dormi e sonhava com Maya". Mas a voz de alguém gritando "Passaporte! Passaporte!" a acordou. Assustada e trêmula, Zizit mostrou seu passaporte italiano falso ao fiscal. Para a surpresa de Zizit, ele pediu que ela dissesse alguma palavra em italiano. Não sabia nenhuma. Respondeu em inglês, perguntando onde estava. Quando ouviu que aquela já era a Alemanha, ficou aliviada ao estar no mesmo país de Maya. "Perdi o controle. Disse a ele: 'sou da Síria, não sou italiana. Por favor, me ajude - preciso achar meu bebê'". O fiscal respondeu que ela estava em segurança, que tudo estava bem e que ele a ajudaria. "Os alemães são muito bons - eu era uma criminosa e estava ouvindo: 'não se preocupe, você está em segurança agora'. Na Síria, teriam te enforcado". Ela foi multada em 500 euros por falsificação, interrogada sobre o atravessador e levada a um centro de refugiados em Munique - ainda a 640 km da cidade onde estava sua filha. Enquanto isso, a polícia alemã agia com base nas informações que Zizit dava sobre o traficante e sobre Hasna. Já que ela não falava alemão e os policiais não sabiam árabe, a conversa foi em inglês e alguns detalhes se perderam na tradução. O resultado foi que a polícia invadiu a casa de Hasna no meio da noite suspeitando que ela integrava uma quadrilha de traficantes. Eles, então, perguntaram a Zizit cinco vezes se ela realmente queria deixar Maya com Hasna. No final, concordaram em deixar a menina lá, mas deixaram claro que Hasna ainda era suspeita. Zizit ficou no campo em Munique por duas semanas à espera de ser transferida para Dortmund, mas nada parecia acontecer. Então, certa noite, fugiu do campo e pegou um trem. E após 20 dias distante de sua filha, finalmente a reencontrou. 'ÉRAMOS ESTRANHAS' Chegou à casa de Hasna por volta da meia-noite. "Olhei para Maya e notei que ela havia mudado, seu penteado estava curto e estava mais magra. Eu a beijei, ela acordou e começou a chorar. Éramos estranhas uma para a outra. Ela queria ir para Hasna, tentava chegar até a ela e chorava. Mas pareceu reconhecer a minha voz de alguma forma", disse Zi?it, que havia perdido cerca de 10 kg neste período. Ela abraçou a filha por três horas e verificou suas marcas –"uma no pescoço e outra na barriga"- para garantir que esta era mesmo Maya. Foram registradas novamente como refugiadas em Dortmund e iniciaram uma nova vida. Meses depois, Hasna surpreendeu-se ao ser intimada a ir a um tribunal para enfrentar acusação de tráfico de pessoas. Tudo o que Zizit podia fazer era desculpar-se. Nas semanas seguintes, a questão judicial pairou sobre elas. "Não dormi nesse período", contou Hasna. "Foi a primeira vez que tive de lidar com a polícia e a Justiça, mas sabia que não tinha feito nada errado". No final, o juiz desculpou-se, elogiou a atitude de Hasna de ajudar uma amiga, e retirou as acusações. Mãe e filha estão em Dortmund há um ano como refugiadas. "Maya está feliz, ela fala alemão - mais que eu. Não quero depender de ajuda. Quero trabalhar e pagar impostos, quero que minha filha seja educada e se torne uma médica como eu, ou qualquer coisa que ela quiser". Zizit também está aprendendo alemão e espera chegar ao nível para poder atuar como médica no país. Faria ela tudo de novo? "De maneira alguma", diz ela. E não recomenda a experiência a ninguém. "Não faça isso. Não venha como eu, é uma jornada muito perigosa".
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Síria reencontra bebê que entregou a desconhecido em jornada pela EuropaSírios que deixam o país rumo à Europa muitas vezes dependem de traficantes de pessoas para alcançarem o seu destino. as é impossível saber em quem confiar e as coisas podem dar muito errado. Uma mulher síria acabou vendo um homem, cujo nome verdadeiro sequer conhecia, sair andando com sua filha de 1 ano. Essa é a história dela. Zizit sabia que teria de deixar a Síria depois de ser alvejada por atiradores e uma bala atingir seu carro. Era médica num hospital em Damasco, antes de ser abordada por um grupo militante islâmico que a forçou a deixar o local e trabalhar para eles. Quando ela se negou, as ameaças começaram. "Eles tentaram me matar duas vezes", diz. Temendo a segurança de sua filha, Maya, de 1 ano, decidiu que não tinha outra opção a não ser deixar o país. "Não fiquei feliz em deixar a Síria, amo meu país. Saí por causa do meu bebê, não por mim". E assim começou a jornada de Zizit e seu irmão Ghassan com Maya rumo à Europa. Quando estavam na Turquia, o primeiro atravessador que encontraram prometeu levá-los à Grécia por terra por US$ 13,5 mil (cerca de R$ 50 mil). Pagaram adiantado e esperaram que ele os buscasse no hotel. Mas, dias depois, concluíram que nunca o veriam novamente. A família, então, buscou outro atravessador, que operava um pequeno bote inflável. Após uma travessia traumática, em que enfrentaram uma tempestade, finalmente chegaram à Grécia. Todos conhecem os cafés frequentados por traficantes de pessoas em Atenas, então Ghassan foi encontrá-los. Levou um homem, que se apresentou como Abu Shahab, à casa onde ele e Zizit estavam. O traficante ofereceu a Zizit um passaporte brasileiro falso e uma passagem aérea que a levaria a Suécia por 4 mil euros (R$ 17 mil). Ela teria que pagar outros 4 mil euros por Maya, mas havia um detalhe: mãe e filha não poderiam viajar juntas. Crianças, disse ele, tinham que ser levadas por algum cidadão europeu, alguém que pudesse conversar com autoridades de imigração. Ele, sírio com cidadania sueca, fingiria ser pai de Maya e a levaria usando o passaporte sueco de sua própria filha. Eles atravessariam a imigração primeiro e Zizit viria depois. Ela poderia embarcar no mesmo voo, mas teria que ficar longe de Maya para que a filha ficasse calma. Zizit não gostou do plano, mas achou que não havia outra alternativa - sabia que tinha que agir rápido sob o risco de ficar sem dinheiro. Não seria um voo direto à Suécia - é comum para atravessadores dividir grandes viagens em vários pequenos trajetos. Iriam, primeiro, à Itália, então a outro país não revelado até, finalmente, chegarem à Suécia. Cinco dias após terem conhecido Abu Shahab, Zizit se preparou para o primeiro voo. Fez a mala de Maya, com leite, roupas quentes e um casaco. Colocou também uma boneca. Abu Shahab foi até a casa para buscar a criança. "Ele deu um chocolate a Maya e disse: 'não tenha medo, estaremos no mesmo voo'", contou Zizit. "Ela estava triste e chorou muito quando ele a pegou. Ela não gostava dele - ele era um desconhecido. Ele deu-lhe doces para acalmá-la mas ela não quis nada". No momento em que Abu Shahab levou Maya, ela estava em prantos, chorando pela mãe. 'FIQUEI HISTÉRICA' No aeroporto, Abu Shahab e Maya passaram pela checagem de passaportes sem nenhum problema. Shahab ligou para Zizit dizendo que era a vez dela. A mãe estava assustada e triste. A reação de Maya à separação deixou-a bastante abalada - mas as coisas iriam piorar. As autoridades perceberam que seus documentos brasileiros eram falsos e se recusaram a deixá-la passar. Foi, então, expulsa do local. Mas Maya já havia atravessado e estava nos braços de um traficante de pessoas. "Fiquei histérica. Fiquei louca", disse Zizit. "Tirei minha filha da Síria, arrisquei a vida dela no mar e agora ela tinha ido embora! Minha filha tinha ido embora. Maya tinha ido embora. Eu não sabia nem o nome dele (do atravessador) ou onde ele morava". "Eu andava e andava. Minha cabeça parou, eu não conseguia pensar. Pensei que tinha perdido minha família. Envelheci uns 10 anos". Ela não queria contar a autoridades do aeroporto que sua filha já havia passado pelo controle de passaportes ao temer que, expondo o atravessador, colocaria Maya em um risco ainda maior. O irmão de Zizit, que esperava do lado de fora do aeroporto, tentou acalmá-la ao lembrá-la que teriam que entrar em contato com Abu Shahab, já que haviam combinado de pagá-lo ao chegarem na Suécia. Seis horas depois, imaginando o pior dos cenários, o telefone de Zizit tocou. Era Abu Shahab, que estava num hotel na Itália. "Gritei e chorei. Ele disse: 'relaxa. Sou humano, amo bebês, não se preocupe'". Ele tinha dado banho em Maya, alimentado-a e colocado-a para dormir. Ele não revelou em que cidade estavam, mas garantiu que Maya estava segura. Mandou uma foto tirada mais cedo, na qual ela dormia. "Eu também tenho filhos e cuidarei dela como se ela fosse minha", disse. "Esse homem era legal, disse Zizit. "Fiquei aliviada e um pouco mais calma. Disse a ele o que tinha acontecido e ele me perguntou: 'onde eu deixo a sua filha? Preciso de alguém que você conheça - não a polícia ou um centro de refugiados'". Ele não estava bravo, mas não podia ficar com Maya, disse a mãe. A única pessoa que Zizit tinha em mente era uma mulher chamada Hasna, uma síria que era uma de suas pacientes e que agora vivia na Alemanha como refugiada. Entrou em contato com ela pelo Facebook. "Implorei a ela, 'por favor, Hasna, você pode cuidar da minha filha até que eu chegue à Alemanha?'". Hasna prometeu cuidar de Maya se o atravessador conseguisse levá-la até Dortmund. O traficante foi até lá, mas se negou a entrar na casa. Deixou a criança do lado de fora e telefonou a eles para que soubessem que Maya estava lá. "Meu filho pegou a criança na porta e a trouxe para dentro", disse Hasna. "Quando eu vi essa pequena menina, me apaixonei por ela, como se ela fosse minha própria filha". "No começo, Maya estava com medo. Depois de alguns dias, ela não saía mais do meu lado - se agarrava a mim em qualquer lugar que eu ia". Hasna enviava fotos a Zizit todos os dias. 'PERDI O CONTROLE' Zizit ainda estava desesperada. "Estava com saudade de Maya e perdi peso", disse. "Eu não estava acostumada a dormir sem ela estar do meu lado, sem a cabeça dela no meu peito. Sentia muita falta dela, mas ao menos sabia que ela estava segura". Ela não sabia como chegaria à Alemanha. "Eu nadaria se tivesse, me sentia forte". Uma semana depois, um dos contatos de Abu Shahab lhe deu uma passagem para a Áustria e outro passaporte falso, desta vez um italiano. Disse se sentir mais confiante. "Não tinha medo de nada. Mesmo fazendo algo errado, e usando um passaporte falso". O plano funcionou. Em Viena, um táxi a levou à estação de trem e um motorista mostrou-lhe onde comprar uma passagem para Frankfurt. "No trem, estava tão cansada que dormi e sonhava com Maya". Mas a voz de alguém gritando "Passaporte! Passaporte!" a acordou. Assustada e trêmula, Zizit mostrou seu passaporte italiano falso ao fiscal. Para a surpresa de Zizit, ele pediu que ela dissesse alguma palavra em italiano. Não sabia nenhuma. Respondeu em inglês, perguntando onde estava. Quando ouviu que aquela já era a Alemanha, ficou aliviada ao estar no mesmo país de Maya. "Perdi o controle. Disse a ele: 'sou da Síria, não sou italiana. Por favor, me ajude - preciso achar meu bebê'". O fiscal respondeu que ela estava em segurança, que tudo estava bem e que ele a ajudaria. "Os alemães são muito bons - eu era uma criminosa e estava ouvindo: 'não se preocupe, você está em segurança agora'. Na Síria, teriam te enforcado". Ela foi multada em 500 euros por falsificação, interrogada sobre o atravessador e levada a um centro de refugiados em Munique - ainda a 640 km da cidade onde estava sua filha. Enquanto isso, a polícia alemã agia com base nas informações que Zizit dava sobre o traficante e sobre Hasna. Já que ela não falava alemão e os policiais não sabiam árabe, a conversa foi em inglês e alguns detalhes se perderam na tradução. O resultado foi que a polícia invadiu a casa de Hasna no meio da noite suspeitando que ela integrava uma quadrilha de traficantes. Eles, então, perguntaram a Zizit cinco vezes se ela realmente queria deixar Maya com Hasna. No final, concordaram em deixar a menina lá, mas deixaram claro que Hasna ainda era suspeita. Zizit ficou no campo em Munique por duas semanas à espera de ser transferida para Dortmund, mas nada parecia acontecer. Então, certa noite, fugiu do campo e pegou um trem. E após 20 dias distante de sua filha, finalmente a reencontrou. 'ÉRAMOS ESTRANHAS' Chegou à casa de Hasna por volta da meia-noite. "Olhei para Maya e notei que ela havia mudado, seu penteado estava curto e estava mais magra. Eu a beijei, ela acordou e começou a chorar. Éramos estranhas uma para a outra. Ela queria ir para Hasna, tentava chegar até a ela e chorava. Mas pareceu reconhecer a minha voz de alguma forma", disse Zi?it, que havia perdido cerca de 10 kg neste período. Ela abraçou a filha por três horas e verificou suas marcas –"uma no pescoço e outra na barriga"- para garantir que esta era mesmo Maya. Foram registradas novamente como refugiadas em Dortmund e iniciaram uma nova vida. Meses depois, Hasna surpreendeu-se ao ser intimada a ir a um tribunal para enfrentar acusação de tráfico de pessoas. Tudo o que Zizit podia fazer era desculpar-se. Nas semanas seguintes, a questão judicial pairou sobre elas. "Não dormi nesse período", contou Hasna. "Foi a primeira vez que tive de lidar com a polícia e a Justiça, mas sabia que não tinha feito nada errado". No final, o juiz desculpou-se, elogiou a atitude de Hasna de ajudar uma amiga, e retirou as acusações. Mãe e filha estão em Dortmund há um ano como refugiadas. "Maya está feliz, ela fala alemão - mais que eu. Não quero depender de ajuda. Quero trabalhar e pagar impostos, quero que minha filha seja educada e se torne uma médica como eu, ou qualquer coisa que ela quiser". Zizit também está aprendendo alemão e espera chegar ao nível para poder atuar como médica no país. Faria ela tudo de novo? "De maneira alguma", diz ela. E não recomenda a experiência a ninguém. "Não faça isso. Não venha como eu, é uma jornada muito perigosa".
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Box traz três clássicos que relembram a obra de François Truffaut
Pode causar alguma decepção que os três filmes da coleção "A Arte de François Truffaut" não estejam entre os mais festejados por críticos e cinéfilos. Afinal, "Atirem no Pianista" foi um tremendo fracasso em sua época; "A Noite Americana" foi mal visto por Godard, e muitos foram no embalo; e "De Repente num Domingo" é claramente um divertimento sem grandes pretensões. Estamos distantes, então, da série com Antoine Doinel, que começa com o muito amado "Os Incompreendidos", ou de "Jules e Jim". Mas seria equivocado subestimar os encantos do Truffaut menos celebrado. Sua carreira é repleta de longas menos ambiciosos, mas ele nunca errou, de fato. Sempre há algo de sublime em seus filmes, até mesmo no mais fraco que realizou, "A Sereia do Mississipi". "Atirem no Pianista" é um dos maiores modelos da Nouvelle Vague e é o grande filme da coleção. É a materialização cinematográfica de diversos dos preceitos que os "jovens turcos" (sobretudo Truffaut, Godard, Rivette e Rohmer) defendiam quando eram críticos da revista "Cahiers du Cinéma". É uma história de gangster totalmente incomum, baseada em livro de David Goodis, com Charles Aznavour como um pianista que se envolve com assassinos. Incomum e, vale dizer, formidável. Uma das maiores injustiças daquele período. "A Noite Americana" não é a bobagem que apregoam os godardianos. Truffaut sempre foi romanesco. Logo, sua versão de como é fazer um filme, a vida do cinema se misturando com a vida pessoal, é extremamente romantizada e apaixonada, o que ainda contrariava a turminha que defendia sempre um cinema de intervenção política. Estávamos em 1973, e os efeitos de maio de 1968, embora mais fracos, ainda se faziam presentes na sociedade parisiense. Daí a resistência de alguns a este belo filme, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro. "De Repente num Domingo" data de uma outra época. O filme é de 1983, e praticamente serve de veículo para sua esposa, a atriz Fanny Ardant (que já tinha feito com Truffaut o soberbo "A Mulher do Lado", de 1981). Ela é a secretária do agente imobiliário Julien Vercel (Jean-Louis Trintignant), que está sendo acusado do assassinato da esposa e do amante. Como ele está foragido, é ela que busca provar sua inocência. A inspiração hitchcockiana é evidente, a do noir também; graças a elas, Truffaut, em seu último filme, realiza um belíssimo exercício em preto e branco. DIRETOR: François Truffaut DISTRIBUIDORA: Versátil QUANTO: R$ 49,90 AVALIAÇÃO: ótimo
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Box traz três clássicos que relembram a obra de François TruffautPode causar alguma decepção que os três filmes da coleção "A Arte de François Truffaut" não estejam entre os mais festejados por críticos e cinéfilos. Afinal, "Atirem no Pianista" foi um tremendo fracasso em sua época; "A Noite Americana" foi mal visto por Godard, e muitos foram no embalo; e "De Repente num Domingo" é claramente um divertimento sem grandes pretensões. Estamos distantes, então, da série com Antoine Doinel, que começa com o muito amado "Os Incompreendidos", ou de "Jules e Jim". Mas seria equivocado subestimar os encantos do Truffaut menos celebrado. Sua carreira é repleta de longas menos ambiciosos, mas ele nunca errou, de fato. Sempre há algo de sublime em seus filmes, até mesmo no mais fraco que realizou, "A Sereia do Mississipi". "Atirem no Pianista" é um dos maiores modelos da Nouvelle Vague e é o grande filme da coleção. É a materialização cinematográfica de diversos dos preceitos que os "jovens turcos" (sobretudo Truffaut, Godard, Rivette e Rohmer) defendiam quando eram críticos da revista "Cahiers du Cinéma". É uma história de gangster totalmente incomum, baseada em livro de David Goodis, com Charles Aznavour como um pianista que se envolve com assassinos. Incomum e, vale dizer, formidável. Uma das maiores injustiças daquele período. "A Noite Americana" não é a bobagem que apregoam os godardianos. Truffaut sempre foi romanesco. Logo, sua versão de como é fazer um filme, a vida do cinema se misturando com a vida pessoal, é extremamente romantizada e apaixonada, o que ainda contrariava a turminha que defendia sempre um cinema de intervenção política. Estávamos em 1973, e os efeitos de maio de 1968, embora mais fracos, ainda se faziam presentes na sociedade parisiense. Daí a resistência de alguns a este belo filme, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro. "De Repente num Domingo" data de uma outra época. O filme é de 1983, e praticamente serve de veículo para sua esposa, a atriz Fanny Ardant (que já tinha feito com Truffaut o soberbo "A Mulher do Lado", de 1981). Ela é a secretária do agente imobiliário Julien Vercel (Jean-Louis Trintignant), que está sendo acusado do assassinato da esposa e do amante. Como ele está foragido, é ela que busca provar sua inocência. A inspiração hitchcockiana é evidente, a do noir também; graças a elas, Truffaut, em seu último filme, realiza um belíssimo exercício em preto e branco. DIRETOR: François Truffaut DISTRIBUIDORA: Versátil QUANTO: R$ 49,90 AVALIAÇÃO: ótimo
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Decisões dos estaduais têm definição nos pênaltis em São Paulo, zebra no Paraná e recorde de público no Rio
Diferentemente do ano passado, quando perdeu o título paulista nos pênaltis, o Santos se sagrou campeão estadual neste domingo (3), na Vila Belmiro, ao vencer o Palmeiras nas penalidades por 4 a 2 após sair vitorioso no tempo normal por 2 a 1. Com a conquista, o Santos alcançou o seu 21º título regional na história. A equipe santista, que fez a sua sétima final estadual consecutiva, havia sido campeão paulista pela última vez em 2012. - Entre os quatro clubes grandes do Rio, o Vasco enfrentava a sina de ser o que estava há mais tempo sem ser campeão carioca. Desde 2003 a equipe não conquistava a taça do torneio, em um período de 12 anos que teve fim neste domingo, ao vencer o Botafogo por 2 a 1, no Maracanã, pela segunda partida da decisão. Foi o 23º título estadual da história do Vasco. O Maracanã teve um público total de 66.156 torcedores, com 58.446 pagantes, superando a final da Copa do Nordeste na semana passada, no Castelão, entre Ceará e Bahia. - Jogando em Varginha, a 313 quilômetros de distância de Belo Horizonte, o Atlético-MG venceu a Caldense, por 2 a 1, e conquistou seu 43º título Mineiro. O jogo ficou empatado até os 32 min do segundo tempo, quando Jô fez o gol que deu o título ao Atlético. O centroavante revelado pelo Corinthians não marcava um gol desde o dia 10 de abril do ano passado. - Com uma atuação excelente na primeira etapa, o Inter conquistou o quinto título consecutivo do Campeonato Gaúcho neste domingo (3), ao derrotar o Grêmio por 2 a 1 no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Ao fim da partida, uma cena chamou a atenção nas arquibancadas do estádio Beira-Rio. Alguns Gremistas que compareceram ao estádio arremessaram cadeiras na torcida colorada. Não há informações de feridos. - Pela primeira vez em seus 103 anos de história, o Operário de Ponta Grossa venceu o Campeonato Paranaense após vitória por 3 a 0 sobre o Coritiba, neste domingo (3). O Coritiba jogou em casa pelo 38º título, no Estádio Couto Pereira, e precisava reverter o placar de 2 a 0 sofrido na primeira partida. - Após perder por 3 a 0 do Vitória da Conquista na primeira partida da final do Campeonato Baiano, o Bahia ganhou o 46º título estadual da sua história ao golear o rival por 6 a 0 neste domingo (3), na partida de volta.
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Decisões dos estaduais têm definição nos pênaltis em São Paulo, zebra no Paraná e recorde de público no RioDiferentemente do ano passado, quando perdeu o título paulista nos pênaltis, o Santos se sagrou campeão estadual neste domingo (3), na Vila Belmiro, ao vencer o Palmeiras nas penalidades por 4 a 2 após sair vitorioso no tempo normal por 2 a 1. Com a conquista, o Santos alcançou o seu 21º título regional na história. A equipe santista, que fez a sua sétima final estadual consecutiva, havia sido campeão paulista pela última vez em 2012. - Entre os quatro clubes grandes do Rio, o Vasco enfrentava a sina de ser o que estava há mais tempo sem ser campeão carioca. Desde 2003 a equipe não conquistava a taça do torneio, em um período de 12 anos que teve fim neste domingo, ao vencer o Botafogo por 2 a 1, no Maracanã, pela segunda partida da decisão. Foi o 23º título estadual da história do Vasco. O Maracanã teve um público total de 66.156 torcedores, com 58.446 pagantes, superando a final da Copa do Nordeste na semana passada, no Castelão, entre Ceará e Bahia. - Jogando em Varginha, a 313 quilômetros de distância de Belo Horizonte, o Atlético-MG venceu a Caldense, por 2 a 1, e conquistou seu 43º título Mineiro. O jogo ficou empatado até os 32 min do segundo tempo, quando Jô fez o gol que deu o título ao Atlético. O centroavante revelado pelo Corinthians não marcava um gol desde o dia 10 de abril do ano passado. - Com uma atuação excelente na primeira etapa, o Inter conquistou o quinto título consecutivo do Campeonato Gaúcho neste domingo (3), ao derrotar o Grêmio por 2 a 1 no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Ao fim da partida, uma cena chamou a atenção nas arquibancadas do estádio Beira-Rio. Alguns Gremistas que compareceram ao estádio arremessaram cadeiras na torcida colorada. Não há informações de feridos. - Pela primeira vez em seus 103 anos de história, o Operário de Ponta Grossa venceu o Campeonato Paranaense após vitória por 3 a 0 sobre o Coritiba, neste domingo (3). O Coritiba jogou em casa pelo 38º título, no Estádio Couto Pereira, e precisava reverter o placar de 2 a 0 sofrido na primeira partida. - Após perder por 3 a 0 do Vitória da Conquista na primeira partida da final do Campeonato Baiano, o Bahia ganhou o 46º título estadual da sua história ao golear o rival por 6 a 0 neste domingo (3), na partida de volta.
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Após 3 meses, Museu do Pinball reabre na Hungria
Praticamente levado à extinção pelo fisco, o museu do Pinball reabriu na semana passada na Hungria, em Budapeste. Ao entrar no local, os visitantes podem jogar quantas vezes quiserem nos cerca de 130 aparelhos, que ainda funcionam. A entrada custa 2.500 florins húngaros (R$ 30). "Nosso objetivo é colecionar os modelos mais populares e emocionantes de todos os tempos", diz o proprietário, Balazs Palfi, que inaugurou o museu em abril de 2014 com sua coleção pessoal. Entre as máquinas temáticas, há fliperamas de "Star Wars", dos "Simpsons", "Indiana Jones" e até uma mesa inspirada na música "Pinball Wizard", do The Who. Apesar de ter obtido uma permissão governamental, o museu rapidamente encontrou problemas com o fisco, que não fez distinção entre a exibição das máquinas no museu e os caça-níqueis que figuram nos bares. Para evitar fortes multas, o museu acabou fechando em maio. Mas um novo sistema aliviou a arrecadação de impostos e permitiu a reabertura. Com isso, o lugar sediará, em novembro, um torneio de pinball, com competidores de dezenas de países, em três dias de evento. "Eu só conhecia o pinball do computador. Essa é a primeira vez que jogo em uma máquina real", disse Marvin Fessler, um turista suíço de 20 anos, que visitou o museu após a reabertura.
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Após 3 meses, Museu do Pinball reabre na HungriaPraticamente levado à extinção pelo fisco, o museu do Pinball reabriu na semana passada na Hungria, em Budapeste. Ao entrar no local, os visitantes podem jogar quantas vezes quiserem nos cerca de 130 aparelhos, que ainda funcionam. A entrada custa 2.500 florins húngaros (R$ 30). "Nosso objetivo é colecionar os modelos mais populares e emocionantes de todos os tempos", diz o proprietário, Balazs Palfi, que inaugurou o museu em abril de 2014 com sua coleção pessoal. Entre as máquinas temáticas, há fliperamas de "Star Wars", dos "Simpsons", "Indiana Jones" e até uma mesa inspirada na música "Pinball Wizard", do The Who. Apesar de ter obtido uma permissão governamental, o museu rapidamente encontrou problemas com o fisco, que não fez distinção entre a exibição das máquinas no museu e os caça-níqueis que figuram nos bares. Para evitar fortes multas, o museu acabou fechando em maio. Mas um novo sistema aliviou a arrecadação de impostos e permitiu a reabertura. Com isso, o lugar sediará, em novembro, um torneio de pinball, com competidores de dezenas de países, em três dias de evento. "Eu só conhecia o pinball do computador. Essa é a primeira vez que jogo em uma máquina real", disse Marvin Fessler, um turista suíço de 20 anos, que visitou o museu após a reabertura.
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Ateliê 397 divulga artistas que participarão de leilão às cegas
Desde 2010, o Ateliê 397 promove o Surpraise, leilão beneficente no qual os participantes só sabem a autoria das obras disponíveis depois do arremate. A ideia do evento, segundo Marcelo Amorim, diretor do 397, surgiu em um ano em que o ateliê estava com o telhado quebrado e precisava de dinheiro para consertá-lo. "A gente teve a ideia de colocar todas as obras juntas, sem identificação, para questionar a ideia de valor, para fazer com que as pessoas comprassem pelo gosto. Estávamos vivendo uma época em que era comum a compra de arte com consultores, pensando em investimento mesmo", explica Amorim. Desde então, o Surpraise tem sido uma forma de viabilizar as atividades do espaço, que promove exposições, cursos de formação e eventos multidisciplinares de forma independente. Neste ano, mais de 70 artistas doaram obras para o leilão, que será apresentado pela leiloeira Glamour Garcia e conta com peças de Nino Cais, Flávia Junqueira e Paulo Pasta. Para quem conhece a trajetória desses artistas, não é difícil reconhecer a autoria das obras, ainda que estejam sem assinatura. É uma oportunidade, no entanto, de adquirir trabalhos por um preço abaixo da média do mercado. O lance inicial para cada obra é R$ 200, com posteriores de, pelo menos, R$ 20. O Surpraise acontece no dia 17/10, a partir das 19h. Ao fim do evento, uma obra do artista Jaime Lauriano será sorteada entre os presentes que tiverem dado lances no leilão. Confira a lista dos artistas que participam neste ano: Adler Murad, Adriana Affortunati, Adriana Aranha, Alessandra Duarte, Alex Cerveny, Aline Van Langendonck, Ana Luiza Dias Batista, Associação Massa Falida, Camilo Meneghetti, Carlos Monroy, Celia Saito, Cesar Fujimoto, Cida Junqueira, Clarice Cunha, Claudia Hersz, Claudio Trindade, Cristiane Mohallem, Dani Spadotto, Diego Castro, Ding Musa, Éder Roolt, Eduardo Salvino, Erika Malzoni, Escobar, Estela Miazzi, Evandro Prado, Fábia Schnoor, Fábio Tremonte, Felipe Góes, Fernanda Chieco, Fernanda Preto, Filipe Berndt, Flavia Bertinato, Flávia Junqueira, Iara Freiberg, Ícaro Lira, Isis Gasparini, Ivan Padovani, Jaime Lauriano, Janaina Wagner, Karlla Girotto, Kika Nicolela, Laura Andreato, Leo Ayres, Leonardo Stroka, Letícia Ramos, Mano Penalva, Marcela Tiboni, Marcelo Amorim, Marcelo Barros, Mônica Nador, Myrian Zini, Nicolás Robbio, Nino Cais, Pajé, Patrícia Araújo, Paulo Climachauska, Paulo Nenflidio, Paulo Pasta, Pedro Gallego, Raphaela Melsohn, Raquel Uendi, Reginaldo Pereira, Renato Leal, Renato Pera, Roberto Freitas, Rodrigo Bivar, Rodrigo Linhares, Rodrigo Moreira, Sara Não Tem Nome, Sergio Pinzón, Silvia Jábali, Simone Cupello, Thiago R, Wagner Pinto, Yara Dewachter SURPRAISE ONDE Ateliê 397, r. Wizard, 397, tel. (11) 3034-2132 QUANDO 17/10, a partir das 19h
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Ateliê 397 divulga artistas que participarão de leilão às cegasDesde 2010, o Ateliê 397 promove o Surpraise, leilão beneficente no qual os participantes só sabem a autoria das obras disponíveis depois do arremate. A ideia do evento, segundo Marcelo Amorim, diretor do 397, surgiu em um ano em que o ateliê estava com o telhado quebrado e precisava de dinheiro para consertá-lo. "A gente teve a ideia de colocar todas as obras juntas, sem identificação, para questionar a ideia de valor, para fazer com que as pessoas comprassem pelo gosto. Estávamos vivendo uma época em que era comum a compra de arte com consultores, pensando em investimento mesmo", explica Amorim. Desde então, o Surpraise tem sido uma forma de viabilizar as atividades do espaço, que promove exposições, cursos de formação e eventos multidisciplinares de forma independente. Neste ano, mais de 70 artistas doaram obras para o leilão, que será apresentado pela leiloeira Glamour Garcia e conta com peças de Nino Cais, Flávia Junqueira e Paulo Pasta. Para quem conhece a trajetória desses artistas, não é difícil reconhecer a autoria das obras, ainda que estejam sem assinatura. É uma oportunidade, no entanto, de adquirir trabalhos por um preço abaixo da média do mercado. O lance inicial para cada obra é R$ 200, com posteriores de, pelo menos, R$ 20. O Surpraise acontece no dia 17/10, a partir das 19h. Ao fim do evento, uma obra do artista Jaime Lauriano será sorteada entre os presentes que tiverem dado lances no leilão. Confira a lista dos artistas que participam neste ano: Adler Murad, Adriana Affortunati, Adriana Aranha, Alessandra Duarte, Alex Cerveny, Aline Van Langendonck, Ana Luiza Dias Batista, Associação Massa Falida, Camilo Meneghetti, Carlos Monroy, Celia Saito, Cesar Fujimoto, Cida Junqueira, Clarice Cunha, Claudia Hersz, Claudio Trindade, Cristiane Mohallem, Dani Spadotto, Diego Castro, Ding Musa, Éder Roolt, Eduardo Salvino, Erika Malzoni, Escobar, Estela Miazzi, Evandro Prado, Fábia Schnoor, Fábio Tremonte, Felipe Góes, Fernanda Chieco, Fernanda Preto, Filipe Berndt, Flavia Bertinato, Flávia Junqueira, Iara Freiberg, Ícaro Lira, Isis Gasparini, Ivan Padovani, Jaime Lauriano, Janaina Wagner, Karlla Girotto, Kika Nicolela, Laura Andreato, Leo Ayres, Leonardo Stroka, Letícia Ramos, Mano Penalva, Marcela Tiboni, Marcelo Amorim, Marcelo Barros, Mônica Nador, Myrian Zini, Nicolás Robbio, Nino Cais, Pajé, Patrícia Araújo, Paulo Climachauska, Paulo Nenflidio, Paulo Pasta, Pedro Gallego, Raphaela Melsohn, Raquel Uendi, Reginaldo Pereira, Renato Leal, Renato Pera, Roberto Freitas, Rodrigo Bivar, Rodrigo Linhares, Rodrigo Moreira, Sara Não Tem Nome, Sergio Pinzón, Silvia Jábali, Simone Cupello, Thiago R, Wagner Pinto, Yara Dewachter SURPRAISE ONDE Ateliê 397, r. Wizard, 397, tel. (11) 3034-2132 QUANDO 17/10, a partir das 19h
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Artigo de Vladimir Safatle sobre problemas do Estado de SP gera comentários de leitores
Excelente o artigo Juntando os pontos, de Vladimir Safatle. Aguardo, talvez na próxima semana, análise também isenta sobre o ex-governador Agnelo Queiroz e sua herança maldita no Distrito Federal. JOSIAS FERNANDES DE ÁVILA (Campinas, SP) * Como é que Vladimir Safatle afirma que a população de São Paulo está cega há duas décadas? Decerto ele é mais inteligente do que a maioria de todos nós. EDUARDO DOS SANTOS FILHO (São Paulo, SP) * O artigo de Vladimir Safatle é esclarecedor.Mas faltou algo que ele mesmo poderia fazer ou algum economista isento.Mostrar num horizonte de 10 ou 15 anos como foi o crescimento do PIB no Norte , no Nordeste no Centro Oeste e em SP.Isso seria esclarecedor. Autorizo a publicação. LUIZ GORNSTEIN (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
paineldoleitor
Artigo de Vladimir Safatle sobre problemas do Estado de SP gera comentários de leitoresExcelente o artigo Juntando os pontos, de Vladimir Safatle. Aguardo, talvez na próxima semana, análise também isenta sobre o ex-governador Agnelo Queiroz e sua herança maldita no Distrito Federal. JOSIAS FERNANDES DE ÁVILA (Campinas, SP) * Como é que Vladimir Safatle afirma que a população de São Paulo está cega há duas décadas? Decerto ele é mais inteligente do que a maioria de todos nós. EDUARDO DOS SANTOS FILHO (São Paulo, SP) * O artigo de Vladimir Safatle é esclarecedor.Mas faltou algo que ele mesmo poderia fazer ou algum economista isento.Mostrar num horizonte de 10 ou 15 anos como foi o crescimento do PIB no Norte , no Nordeste no Centro Oeste e em SP.Isso seria esclarecedor. Autorizo a publicação. LUIZ GORNSTEIN (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Brasil ganha a copa da corrupção
Não é novidade, mas sempre é importante e instrutivo quando se comprova cientificamente o que diz a sabedoria convencional. O que diz a sabedoria convencional, empiricamente? Que corrupção e educação (na verdade, a falta dela) são dois dos problemas que mais embaçam a vida do brasileiro. Pois agora o Fórum Econômico Mundial acaba de pôr ciência nessa suposição, ao divulgar seu primeiro Relatório sobre Crescimento Inclusivo e Desenvolvimento. O relatório trata de sete áreas, subdivididas em várias outras: Educação e Capacitação; Emprego e Trabalho; Construção de Ativos e Empreendedorismo; Intermediação Financeira; Corrupção; Serviços Básicos e Infraestutura; e Transferências Fiscais (mais exatamente: como o sistema tributário contrabalança a desigualdade de renda sem minar o crescimento?). O Brasil e mais 25 países são listados como de renda média superior e a comparação do relatório se faz exclusivamente entre nações da mesma faixa. Nesse campeonato —que equivaleria à série B do campeonato mundial da economia e do desenvolvimento— o Brasil até que não se sai tão mal, ao contrário do que ocorre em outros rankings em que os países mais ricos também entram na disputa. Diz o relatório, por exemplo, que "o Brasil se beneficia de um alto nível de inclusão financeira, o melhor colocado nesta área entre todos os países do mesmo grupo de renda". No capítulo emprego, "o desemprego registrado é inferior ao muitos outros países, embora o setor informal permaneça significativo, o que drena potencial renda de impostos". Na área da proteção social, o Fórum registra o conhecido "progresso na proteção social em anos recentes, em particular por meio de programas de transferência de renda". Quer dizer: não somos um caso perdido, por mais que o humor do brasileiros hoje em dia diga majoritariamente o oposto. Aí, chega-se aos quesitos realmente problemáticos. Em Educação, é o vexame de sempre: o Brasil fica em 18º lugar entre os 20 países de sua faixa de renda para os quais há dados que permitam comparação. Os últimos lugares, aliás, ficam para a América Latina: de cima para baixo, Argentina, México, Uruguai, Brasil e Colômbia. Desnecessário dizer que Educação é um ativo essencial para atingir o objetivo do relatório, que é o de abrir uma discussão em profundidade sobre como alcançar inclusão social sem prejudicar o crescimento. Há uma segunda área aparentada com Educação e Capacitação em que o Brasil vai igualmente mal: é no ambiente para a construção de ativos e para o empreendedorismo. O Brasil fica no penúltimo lugar entre os 25 países listados no relatório, sempre na mesma classe de renda. Por fim, corrupção: o Brasil só está melhor do que a Venezuela, que é o mais próximo de Estado falido que se tem nas Américas. Fica em 25º lugar. O ranking leva em conta não apenas a tolerância zero para propinas e corrupção como também se há competição justa nos mercados de produtos e de capitais. É óbvio que a reiterada criação de cartéis para concorrências públicas torna qualquer competição viciada e ajuda a entender a posição do Brasil nesse quesito. Parece evidente que, sem resolver os nós que emperram seu crescimento com inclusão social, os ativos do país perdem totalmente seu brilho.
colunas
Brasil ganha a copa da corrupçãoNão é novidade, mas sempre é importante e instrutivo quando se comprova cientificamente o que diz a sabedoria convencional. O que diz a sabedoria convencional, empiricamente? Que corrupção e educação (na verdade, a falta dela) são dois dos problemas que mais embaçam a vida do brasileiro. Pois agora o Fórum Econômico Mundial acaba de pôr ciência nessa suposição, ao divulgar seu primeiro Relatório sobre Crescimento Inclusivo e Desenvolvimento. O relatório trata de sete áreas, subdivididas em várias outras: Educação e Capacitação; Emprego e Trabalho; Construção de Ativos e Empreendedorismo; Intermediação Financeira; Corrupção; Serviços Básicos e Infraestutura; e Transferências Fiscais (mais exatamente: como o sistema tributário contrabalança a desigualdade de renda sem minar o crescimento?). O Brasil e mais 25 países são listados como de renda média superior e a comparação do relatório se faz exclusivamente entre nações da mesma faixa. Nesse campeonato —que equivaleria à série B do campeonato mundial da economia e do desenvolvimento— o Brasil até que não se sai tão mal, ao contrário do que ocorre em outros rankings em que os países mais ricos também entram na disputa. Diz o relatório, por exemplo, que "o Brasil se beneficia de um alto nível de inclusão financeira, o melhor colocado nesta área entre todos os países do mesmo grupo de renda". No capítulo emprego, "o desemprego registrado é inferior ao muitos outros países, embora o setor informal permaneça significativo, o que drena potencial renda de impostos". Na área da proteção social, o Fórum registra o conhecido "progresso na proteção social em anos recentes, em particular por meio de programas de transferência de renda". Quer dizer: não somos um caso perdido, por mais que o humor do brasileiros hoje em dia diga majoritariamente o oposto. Aí, chega-se aos quesitos realmente problemáticos. Em Educação, é o vexame de sempre: o Brasil fica em 18º lugar entre os 20 países de sua faixa de renda para os quais há dados que permitam comparação. Os últimos lugares, aliás, ficam para a América Latina: de cima para baixo, Argentina, México, Uruguai, Brasil e Colômbia. Desnecessário dizer que Educação é um ativo essencial para atingir o objetivo do relatório, que é o de abrir uma discussão em profundidade sobre como alcançar inclusão social sem prejudicar o crescimento. Há uma segunda área aparentada com Educação e Capacitação em que o Brasil vai igualmente mal: é no ambiente para a construção de ativos e para o empreendedorismo. O Brasil fica no penúltimo lugar entre os 25 países listados no relatório, sempre na mesma classe de renda. Por fim, corrupção: o Brasil só está melhor do que a Venezuela, que é o mais próximo de Estado falido que se tem nas Américas. Fica em 25º lugar. O ranking leva em conta não apenas a tolerância zero para propinas e corrupção como também se há competição justa nos mercados de produtos e de capitais. É óbvio que a reiterada criação de cartéis para concorrências públicas torna qualquer competição viciada e ajuda a entender a posição do Brasil nesse quesito. Parece evidente que, sem resolver os nós que emperram seu crescimento com inclusão social, os ativos do país perdem totalmente seu brilho.
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Brasil sem pai nem mãe
"É lógico que ela pode errar, como eu errei e como qualquer um erra enquanto mãe. Nem sempre a gente faz as coisas que são 100% aceitas pelos filhos", disse Lula na terça (11). "Mas quando ela errar, ela é nossa mãe e temos de ajudá-la a consertar". Há algo de mais atrasado vindo de uma pessoa que já foi o presidente mais popular de uma democracia de 200 milhões de habitantes? A regressão política faz com que Lula parta agora para uma tentativa de regressão psíquica da sociedade. Para que essa sociedade, assustada e perdendo empregos, os veja como papai e mamãe que só pisaram na bola. Que espere, suporte, se conforme e ajude o PT e a presidente mais impopular do Brasil a tirá-los dessa situação. Lula acha que sabe o que faz e que conhece seu público: o país da "Pátria Educadora", de maioria pobre e educação ruim. Mas nesse processo de regressão, Lula e Dilma estão sendo obrigados a se fechar só no que ainda resta: a base social do PT "hardcore"; agora financiada com dinheiro de toda uma sociedade que desaprova em massa o governo. Como a tal Marcha das Margaridas em Brasília na quarta (12). Contraponto aos prováveis protestos de domingo e recebida por Dilma, teria reunido 30 mil pessoas, segundo a PM. Ao custo de R$ 855 mil da Caixa Econômica Federal, do BNDES e da Itaipu Binacional. Apesar da grande popularidade de Lula e Dilma nos seus melhores momentos, eles pouco fizeram para transformar estruturalmente o Brasil que governam há 12 anos e meio. Lula surfou na onda das commodities em alta e no maior ciclo de crescimento global (até 2007) do pós-Segunda Guerra. Não fez reformas que pudessem ajudar a melhorar as contas públicas no longo prazo. Só ampliou gastos. Dilma pegou o bastão com o país crescendo 7,5% e com problemas à época relativamente fáceis de resolver. Inventou estratégias econômicas extravagantes e também nada produziu de novo para mudar o estrutural. Só ampliou gastos. Vivemos um longo período sob gastos públicos, crédito e consumo em alta. Enquanto a indústria perdia a metade de sua participação no PIB, investia-se pouco e importávamos para valer, criando empregos lá fora. Só agora, pelas mãos de um ministro adotivo, mamãe impopular quer passar no Congresso, a toque de caixa, reformas que poderiam ter sido feitas em três longos mandatos populares. Como perdemos tempo. * Vale a pena rever os níveis de popularidade de Dilma na última pesquisa Datafolha. Note-se que mesmo a maioria pobre e menos escolarizada para a qual Lula se dirige não engole mais seu discurso retrógrado. A avaliação negativa é geral e bastante homogênea entre toda a população. Avaliação da presidente Dilma
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Brasil sem pai nem mãe"É lógico que ela pode errar, como eu errei e como qualquer um erra enquanto mãe. Nem sempre a gente faz as coisas que são 100% aceitas pelos filhos", disse Lula na terça (11). "Mas quando ela errar, ela é nossa mãe e temos de ajudá-la a consertar". Há algo de mais atrasado vindo de uma pessoa que já foi o presidente mais popular de uma democracia de 200 milhões de habitantes? A regressão política faz com que Lula parta agora para uma tentativa de regressão psíquica da sociedade. Para que essa sociedade, assustada e perdendo empregos, os veja como papai e mamãe que só pisaram na bola. Que espere, suporte, se conforme e ajude o PT e a presidente mais impopular do Brasil a tirá-los dessa situação. Lula acha que sabe o que faz e que conhece seu público: o país da "Pátria Educadora", de maioria pobre e educação ruim. Mas nesse processo de regressão, Lula e Dilma estão sendo obrigados a se fechar só no que ainda resta: a base social do PT "hardcore"; agora financiada com dinheiro de toda uma sociedade que desaprova em massa o governo. Como a tal Marcha das Margaridas em Brasília na quarta (12). Contraponto aos prováveis protestos de domingo e recebida por Dilma, teria reunido 30 mil pessoas, segundo a PM. Ao custo de R$ 855 mil da Caixa Econômica Federal, do BNDES e da Itaipu Binacional. Apesar da grande popularidade de Lula e Dilma nos seus melhores momentos, eles pouco fizeram para transformar estruturalmente o Brasil que governam há 12 anos e meio. Lula surfou na onda das commodities em alta e no maior ciclo de crescimento global (até 2007) do pós-Segunda Guerra. Não fez reformas que pudessem ajudar a melhorar as contas públicas no longo prazo. Só ampliou gastos. Dilma pegou o bastão com o país crescendo 7,5% e com problemas à época relativamente fáceis de resolver. Inventou estratégias econômicas extravagantes e também nada produziu de novo para mudar o estrutural. Só ampliou gastos. Vivemos um longo período sob gastos públicos, crédito e consumo em alta. Enquanto a indústria perdia a metade de sua participação no PIB, investia-se pouco e importávamos para valer, criando empregos lá fora. Só agora, pelas mãos de um ministro adotivo, mamãe impopular quer passar no Congresso, a toque de caixa, reformas que poderiam ter sido feitas em três longos mandatos populares. Como perdemos tempo. * Vale a pena rever os níveis de popularidade de Dilma na última pesquisa Datafolha. Note-se que mesmo a maioria pobre e menos escolarizada para a qual Lula se dirige não engole mais seu discurso retrógrado. A avaliação negativa é geral e bastante homogênea entre toda a população. Avaliação da presidente Dilma
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'Ninguém quer a volta da ditadura', diz leitor sobre manifestações do dia 15
Muita gente está fazendo contas de quantos participaram das manifestações, mas perderam o foco do problema. Ninguém quer a volta da ditadura, dar um golpe ou mesmo um terceiro turno. O que os brasileiros querem, e acredito que são todos, é a volta da decência com a coisa pública. Temos a impressão de que a institucionalização da corrupção está se alastrando de forma incontrolável. Está na hora de autoridades constituídas darem um basta nisso tudo. CLAUDIR JOSÉ MANDELLI, engenheiro (Tupã, SP) * * As manifestações são positivas e de grande influência no combate à corrupção, mas não são suficientes para impedir que subornos, desvios de verba e lavagem de dinheiro, entre outros crimes, sejam cometidos. Gestores corporativos, sejamos éticos para contribuirmos por um país melhor. Se existe uma ação que pode ser tomada, resultando em combate à corrupção, esse "basta" deve partir de nós. Quem muda um país é o povo, e os executivos tem a maior influência no sistema. Vamos assumir essa responsabilidade. RICARDO KARPAT, executivo de RH (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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'Ninguém quer a volta da ditadura', diz leitor sobre manifestações do dia 15Muita gente está fazendo contas de quantos participaram das manifestações, mas perderam o foco do problema. Ninguém quer a volta da ditadura, dar um golpe ou mesmo um terceiro turno. O que os brasileiros querem, e acredito que são todos, é a volta da decência com a coisa pública. Temos a impressão de que a institucionalização da corrupção está se alastrando de forma incontrolável. Está na hora de autoridades constituídas darem um basta nisso tudo. CLAUDIR JOSÉ MANDELLI, engenheiro (Tupã, SP) * * As manifestações são positivas e de grande influência no combate à corrupção, mas não são suficientes para impedir que subornos, desvios de verba e lavagem de dinheiro, entre outros crimes, sejam cometidos. Gestores corporativos, sejamos éticos para contribuirmos por um país melhor. Se existe uma ação que pode ser tomada, resultando em combate à corrupção, esse "basta" deve partir de nós. Quem muda um país é o povo, e os executivos tem a maior influência no sistema. Vamos assumir essa responsabilidade. RICARDO KARPAT, executivo de RH (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Editorial: Jogo sujo
Apesar dos sucessivos escândalos na Fifa e das recentes prisões de dirigentes da federação internacional, o suíço Joseph Blatter obteve nesta sexta-feira (29) o quinto mandato consecutivo à frente da entidade máxima do futebol, posto que ocupa desde 1998. Sua permanência no cargo em nada contribuirá para salvar a imagem da Fifa ou levar adiante reformas capazes de ampliar a transparência e melhorar os mecanismos de controle na organização do esporte mais popular do mundo. Representa, ao contrário, a vitória de um modus operandi obscuro e, segundo o Departamento de Justiça dos EUA, bastante corrupto. Na eleição realizada em Zurique, Blatter, 79, recebeu o apoio de 133 das 209 federações nacionais filiadas à Fifa. Seu único adversário, o príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein, 39, conquistou 73 votos; houve ainda 3 sufrágios nulos. Como o escrutínio é secreto, não se sabe com segurança como as federações se comportaram. Hussein teve o aval declarado dos europeus e dos EUA, país de onde saiu o pedido de prisão de sete cartolas da Fifa que participavam do congresso da entidade, entre os quais o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Blatter, por sua vez, teve a seu lado um expressivo número de países africanos e asiáticos, cujas federações tradicionalmente recebem generosa ajuda financeira da Fifa. O suíço certamente angariou também o endosso da maioria dos países da Conmebol. Péssima companhia: a famigerada confederação sul-americana teve quatro dirigentes acusados de lavagem de dinheiro e extorsão em negociatas como a venda de direitos de transmissão da Copa América. Outros foram apontados como cúmplices, como Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, respectivamente antecessor e sucessor de Marin à frente do futebol brasileiro. A reeleição contou, ainda, com a maioria dos países da Concacaf, a confederação das Américas do Norte e Central, cujos dirigentes são acusados de receber US$ 10 milhões da África do Sul para apoiar a candidatura à Copa de 2010. O presidente da entidade, Jeffrey Webb, está entre os presos. A Fifa se gaba de reunir mais países do que a ONU, mas a sua cúpula se restringe a uma confraria seletíssima. Parece difícil, quase impossível, que saia dessas cartolas alguma mudança digna de nota na cúpula do futebol mundial. A entidade somente evoluirá com a decidida pressão externa de autoridades policiais e de patrocinadores –caso estes, naturalmente, discordem da corrupção.
opiniao
Editorial: Jogo sujoApesar dos sucessivos escândalos na Fifa e das recentes prisões de dirigentes da federação internacional, o suíço Joseph Blatter obteve nesta sexta-feira (29) o quinto mandato consecutivo à frente da entidade máxima do futebol, posto que ocupa desde 1998. Sua permanência no cargo em nada contribuirá para salvar a imagem da Fifa ou levar adiante reformas capazes de ampliar a transparência e melhorar os mecanismos de controle na organização do esporte mais popular do mundo. Representa, ao contrário, a vitória de um modus operandi obscuro e, segundo o Departamento de Justiça dos EUA, bastante corrupto. Na eleição realizada em Zurique, Blatter, 79, recebeu o apoio de 133 das 209 federações nacionais filiadas à Fifa. Seu único adversário, o príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein, 39, conquistou 73 votos; houve ainda 3 sufrágios nulos. Como o escrutínio é secreto, não se sabe com segurança como as federações se comportaram. Hussein teve o aval declarado dos europeus e dos EUA, país de onde saiu o pedido de prisão de sete cartolas da Fifa que participavam do congresso da entidade, entre os quais o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Blatter, por sua vez, teve a seu lado um expressivo número de países africanos e asiáticos, cujas federações tradicionalmente recebem generosa ajuda financeira da Fifa. O suíço certamente angariou também o endosso da maioria dos países da Conmebol. Péssima companhia: a famigerada confederação sul-americana teve quatro dirigentes acusados de lavagem de dinheiro e extorsão em negociatas como a venda de direitos de transmissão da Copa América. Outros foram apontados como cúmplices, como Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, respectivamente antecessor e sucessor de Marin à frente do futebol brasileiro. A reeleição contou, ainda, com a maioria dos países da Concacaf, a confederação das Américas do Norte e Central, cujos dirigentes são acusados de receber US$ 10 milhões da África do Sul para apoiar a candidatura à Copa de 2010. O presidente da entidade, Jeffrey Webb, está entre os presos. A Fifa se gaba de reunir mais países do que a ONU, mas a sua cúpula se restringe a uma confraria seletíssima. Parece difícil, quase impossível, que saia dessas cartolas alguma mudança digna de nota na cúpula do futebol mundial. A entidade somente evoluirá com a decidida pressão externa de autoridades policiais e de patrocinadores –caso estes, naturalmente, discordem da corrupção.
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Curso on-line sobre negócios de impacto social tem inscrições abertas
Estão abertas as inscrições para o curso on-line sobre negócios de impacto social, que aborda a realidade do setor no Brasil e no mundo. Desenvolvido pela Artemisia, pioneira na disseminação e fomento da área no país, as aulas sistematizam informações teóricas e práticas em dois meses de aprendizado. A formação também traz detalhes do conceito, das principais teorias acadêmicas e mostra quem são os empreendedores que estão transformando o Brasil. O investimento para o curso é de R$ 350. Estudantes têm 50% de desconto e um período de 60 dias para concluir as quatro horas de curso. Para solicitar o cupom de desconto, os interessados devem enviar uma imagem da carteira de estudante, dentro da validade, para o e-mail [email protected]. As inscrições estão abertas até 18 de dezembro e podem ser feitas pelo site da Artemisia.
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Curso on-line sobre negócios de impacto social tem inscrições abertasEstão abertas as inscrições para o curso on-line sobre negócios de impacto social, que aborda a realidade do setor no Brasil e no mundo. Desenvolvido pela Artemisia, pioneira na disseminação e fomento da área no país, as aulas sistematizam informações teóricas e práticas em dois meses de aprendizado. A formação também traz detalhes do conceito, das principais teorias acadêmicas e mostra quem são os empreendedores que estão transformando o Brasil. O investimento para o curso é de R$ 350. Estudantes têm 50% de desconto e um período de 60 dias para concluir as quatro horas de curso. Para solicitar o cupom de desconto, os interessados devem enviar uma imagem da carteira de estudante, dentro da validade, para o e-mail [email protected]. As inscrições estão abertas até 18 de dezembro e podem ser feitas pelo site da Artemisia.
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Convocação de Prass para a Olimpíada tem dedo de Tite de olho na principal
A convocação de Fernando Prass para a seleção olímpica tem o dedo de Tite, treinador do time principal.A lista de 35 pré-convocados da seleção brasileira de futebol para a Rio-2016 que estava sendo elaborada por Gilmar Rinaldi e Dunga, respectivamente coordenador e técnico do time da CBF até o início de junho, tinha dois goleiros com mais de 23 anos: Alisson, que está se transferindo da Inter para a Roma, e Marcelo Grohe, do Grêmio - informação revelada pelo jornalista Rodrigo Mattos, em seu blog no UOL.A dupla já tinha um feedback do time italiano de que não liberaria Alisson. O argumento da Roma é que quer o seu novo contratado se adaptando na pré-temporada em agosto, que bate com a data olímpica. Grohe seria, então, a opção para o gol caso o Benfica não liberasse Ederson - a CBF informou que, na lista de 35 enviada, o nome de Grohe acabou não incluído no final.O goleiro do time português era o único com idade olímpica (sub-23) que antiga e também a atual comissão técnica da seleção olímpica confiava para ser titular no Rio e, como já se previa, não foi liberado pelo Benfica -como a Olimpíada não é um torneio oficial da Fifa, os clubes não são obrigados a ceder sues atletas.Leia a reportagem
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Convocação de Prass para a Olimpíada tem dedo de Tite de olho na principalA convocação de Fernando Prass para a seleção olímpica tem o dedo de Tite, treinador do time principal.A lista de 35 pré-convocados da seleção brasileira de futebol para a Rio-2016 que estava sendo elaborada por Gilmar Rinaldi e Dunga, respectivamente coordenador e técnico do time da CBF até o início de junho, tinha dois goleiros com mais de 23 anos: Alisson, que está se transferindo da Inter para a Roma, e Marcelo Grohe, do Grêmio - informação revelada pelo jornalista Rodrigo Mattos, em seu blog no UOL.A dupla já tinha um feedback do time italiano de que não liberaria Alisson. O argumento da Roma é que quer o seu novo contratado se adaptando na pré-temporada em agosto, que bate com a data olímpica. Grohe seria, então, a opção para o gol caso o Benfica não liberasse Ederson - a CBF informou que, na lista de 35 enviada, o nome de Grohe acabou não incluído no final.O goleiro do time português era o único com idade olímpica (sub-23) que antiga e também a atual comissão técnica da seleção olímpica confiava para ser titular no Rio e, como já se previa, não foi liberado pelo Benfica -como a Olimpíada não é um torneio oficial da Fifa, os clubes não são obrigados a ceder sues atletas.Leia a reportagem
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Brasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização
Brasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização. O Brasil busca mudar o seu padrão de crescimento com menor dependência no consumo interno e maior ênfase em investimentos. A China está crescendo menos, mas talvez melhor. Tem se reorientado para a produção de bens de maior valor agregado, mais incentivos ao mercado interno e portanto menor dependência nas exportações. A julgar pelas taxas de crescimento de Brasil e China, podemos dizer que a renda per capita desses países deve a mesma em 2020. A China tem adotado desde 1978 um modelo de industrialização voltado a exportações. O Brasil tem praticado diferentes variantes da estratégia de substituição de importações. Os chineses buscaram acordos comerciais (inicialmente na forma de tratamento de sua economia como "nação mais favorecida. Implementaram desde os anos 80 PPPs (parcerias público-privadas) voltadas à infra-estrutura para o comércio exterior e administraram para baixo o câmbio e a remuneração dos fatores (o valor pago pela mão-de-obra, por exemplo). Já o Brasil recorreu frequentemente ao protecionismo, alento ao mercado interno e incentivo em compras governamentais ao conteúdo local. O êxito ou fracasso desses modelos e seu impacto na renda estará associado à adaptação ante um verdadeiro "eclipse"da economia global. Como o cenário global mudou, esses dois países também têm de "reinventar" suas estratégias econômicas. A China tem acelerado sua adaptação criativa e, mediante exuberantes superávits comerciais e sucessivos excedentes orientados estrategicamente à pesquisa, desenvolvimento e inovação, está aproximando-se do centro denso em tecnologias. Já lidera o mundo em energia solar, por exemplo. Em 2020, chegará à marca de 2,5% de seu PIB voltados à inovação, superior portanto à media de 2,1% dos países da OCDE. O Brasil continua no patamar de apenas 1% de seu PIB em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Já foi possível sentir isso nos últimos 15 anos. Este renovado sistema internacional em que há uma centralidade da China fez reemergir, para países como o Brasil, lógica semelhante ao padrão Norte-Sul das vantagens comparativas do século 19. A tonelada chinesa exportada ao Brasil vale US$ 3 mil, enquanto a tonelada brasileira à China menos de US$ 170. Esta relação leva a uma sensação de efêmera de potencial prosperidade, pois os benefícios do comércio em commodities não têm se traduzido em investimentos nas áreas de ponta deste cenário global de acirradas rivalidades tecnológicas. Daí o Brasil ter grandes dificuldades em promover ganhos sustentados de renda ao longo do tempo, pois sua produtividade permanece muito baixa. De 1992 e 2007 a Produtividade Total dos Fatores (PTF) no Brasil cresceu apenas 11.3%. No mesmo período, a PTF cresceu a uma média anual de 4% na China. Estes parâmetros reforçam a noção de que os períodos de elevado crescimento da economia brasileira associam-se (I) à vigorosa demanda global por commodities em que o Brasil apresenta vantagens comparativas ou (II) a períodos de proteção do mercado via substituição de importações, forte papel do Estado na composição da demanda e consumo interno voraz. Pode-se perguntar, o Brasil ganha ou perde com a mudança do perfil da economia chinesa em direção a uma maior participação do mercado interno? Em geral a reconversão do modelo econômico chinês diminui as oportunidades relativas para o Brasil. Os grandes beneficiários da mudança são os países que podem atrair empresas que hoje produzem na China e cujas matrizes encontram-se descontentes com os custos de produção em alta naquele país, caso da mão-de-obra e do preço dos imóveis. São países como o México, que tem acordo de livre comércio com os Estados Unidos, e os do entorno geográfico chinês, como Tailândia, Indonésia e Vietnã. Um dos mais impactantes fenômenos da economia global nos próximos dez anos será a migração de postos de trabalho da China para outros países. Cerca de 10 milhões de empregos sairão da potência asiática, que deixará cada vez mais de ser apenas uma plataforma de produção de itens de baixo valor agregado e se concentrará em produtos que exigem conhecimento intensivo. Mesmo quando, daqui a uma dezena de anos, a China tornar-se maior economia do mundo em termos de PIB nominal, ela ainda assim, será uma economia comparativamente pobre, com renda per capita próxima a US$ 12 mil por ano, semelhante à do Brasil contemporâneo. Caso o Brasil não promova reformas estruturantes, sacrifícios em direção à competitividade e reforma de sua inserção global, essa "China 2.0" vai imobilizar ainda mais o Brasil na chamada "Armadilha da Renda Média". O Brasil continua muito pobre para concorrer com os mais pobres. E muito ineficiente para competir com os mais avançados e dinâmicos.
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Brasil e China encontram-se na encruzilhada da GlobalizaçãoBrasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização. O Brasil busca mudar o seu padrão de crescimento com menor dependência no consumo interno e maior ênfase em investimentos. A China está crescendo menos, mas talvez melhor. Tem se reorientado para a produção de bens de maior valor agregado, mais incentivos ao mercado interno e portanto menor dependência nas exportações. A julgar pelas taxas de crescimento de Brasil e China, podemos dizer que a renda per capita desses países deve a mesma em 2020. A China tem adotado desde 1978 um modelo de industrialização voltado a exportações. O Brasil tem praticado diferentes variantes da estratégia de substituição de importações. Os chineses buscaram acordos comerciais (inicialmente na forma de tratamento de sua economia como "nação mais favorecida. Implementaram desde os anos 80 PPPs (parcerias público-privadas) voltadas à infra-estrutura para o comércio exterior e administraram para baixo o câmbio e a remuneração dos fatores (o valor pago pela mão-de-obra, por exemplo). Já o Brasil recorreu frequentemente ao protecionismo, alento ao mercado interno e incentivo em compras governamentais ao conteúdo local. O êxito ou fracasso desses modelos e seu impacto na renda estará associado à adaptação ante um verdadeiro "eclipse"da economia global. Como o cenário global mudou, esses dois países também têm de "reinventar" suas estratégias econômicas. A China tem acelerado sua adaptação criativa e, mediante exuberantes superávits comerciais e sucessivos excedentes orientados estrategicamente à pesquisa, desenvolvimento e inovação, está aproximando-se do centro denso em tecnologias. Já lidera o mundo em energia solar, por exemplo. Em 2020, chegará à marca de 2,5% de seu PIB voltados à inovação, superior portanto à media de 2,1% dos países da OCDE. O Brasil continua no patamar de apenas 1% de seu PIB em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Já foi possível sentir isso nos últimos 15 anos. Este renovado sistema internacional em que há uma centralidade da China fez reemergir, para países como o Brasil, lógica semelhante ao padrão Norte-Sul das vantagens comparativas do século 19. A tonelada chinesa exportada ao Brasil vale US$ 3 mil, enquanto a tonelada brasileira à China menos de US$ 170. Esta relação leva a uma sensação de efêmera de potencial prosperidade, pois os benefícios do comércio em commodities não têm se traduzido em investimentos nas áreas de ponta deste cenário global de acirradas rivalidades tecnológicas. Daí o Brasil ter grandes dificuldades em promover ganhos sustentados de renda ao longo do tempo, pois sua produtividade permanece muito baixa. De 1992 e 2007 a Produtividade Total dos Fatores (PTF) no Brasil cresceu apenas 11.3%. No mesmo período, a PTF cresceu a uma média anual de 4% na China. Estes parâmetros reforçam a noção de que os períodos de elevado crescimento da economia brasileira associam-se (I) à vigorosa demanda global por commodities em que o Brasil apresenta vantagens comparativas ou (II) a períodos de proteção do mercado via substituição de importações, forte papel do Estado na composição da demanda e consumo interno voraz. Pode-se perguntar, o Brasil ganha ou perde com a mudança do perfil da economia chinesa em direção a uma maior participação do mercado interno? Em geral a reconversão do modelo econômico chinês diminui as oportunidades relativas para o Brasil. Os grandes beneficiários da mudança são os países que podem atrair empresas que hoje produzem na China e cujas matrizes encontram-se descontentes com os custos de produção em alta naquele país, caso da mão-de-obra e do preço dos imóveis. São países como o México, que tem acordo de livre comércio com os Estados Unidos, e os do entorno geográfico chinês, como Tailândia, Indonésia e Vietnã. Um dos mais impactantes fenômenos da economia global nos próximos dez anos será a migração de postos de trabalho da China para outros países. Cerca de 10 milhões de empregos sairão da potência asiática, que deixará cada vez mais de ser apenas uma plataforma de produção de itens de baixo valor agregado e se concentrará em produtos que exigem conhecimento intensivo. Mesmo quando, daqui a uma dezena de anos, a China tornar-se maior economia do mundo em termos de PIB nominal, ela ainda assim, será uma economia comparativamente pobre, com renda per capita próxima a US$ 12 mil por ano, semelhante à do Brasil contemporâneo. Caso o Brasil não promova reformas estruturantes, sacrifícios em direção à competitividade e reforma de sua inserção global, essa "China 2.0" vai imobilizar ainda mais o Brasil na chamada "Armadilha da Renda Média". O Brasil continua muito pobre para concorrer com os mais pobres. E muito ineficiente para competir com os mais avançados e dinâmicos.
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7 x 1 na Copa equivaleu ao petrolão, diz leitor sobre artigo de dirigente da CBF
O texto do secretário-geral da CBF ("Paixão e rancor", Tendências/Debates, 17/5) mostra que as "autoridades" esportivas seguem imunizadas contra a realidade. Os estádios seguem vazios, a qualidade técnica dos jogos é baixíssima e a desorganização está na ordem do dia. Basta assistir a um jogo da Champions e um do Campeonato Brasileiro para notar que parecem dois esportes distintos. RICARDO BALISTIERO (São Bernardo do Campo, SP) * Walter Feldman respondeu ao jornalista Juca Kfouri que a CBF planeja inovação com projetos de orçamento base zero, ISO, programas de capacitação, e organização de seminários. Isso é mero gerenciamento básico da rotina, e não "inovação". Há momentos em que a resposta piora mais ainda a situação. LINEU DEMETRIO HABIB (São Paulo, SP) * No artigo "Paixao e Rancor", Walter Feldman faz autoelogios sem esperar o crivo do tempo: do primeiro e do segundo tempo. Quanto às críticas a Juca Kfouri, parece que Feldman não se lembra mais do 7 x 1...que foi o equivalente ao petrolão no futebol. CARLOS JOSÉ BENATI (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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7 x 1 na Copa equivaleu ao petrolão, diz leitor sobre artigo de dirigente da CBFO texto do secretário-geral da CBF ("Paixão e rancor", Tendências/Debates, 17/5) mostra que as "autoridades" esportivas seguem imunizadas contra a realidade. Os estádios seguem vazios, a qualidade técnica dos jogos é baixíssima e a desorganização está na ordem do dia. Basta assistir a um jogo da Champions e um do Campeonato Brasileiro para notar que parecem dois esportes distintos. RICARDO BALISTIERO (São Bernardo do Campo, SP) * Walter Feldman respondeu ao jornalista Juca Kfouri que a CBF planeja inovação com projetos de orçamento base zero, ISO, programas de capacitação, e organização de seminários. Isso é mero gerenciamento básico da rotina, e não "inovação". Há momentos em que a resposta piora mais ainda a situação. LINEU DEMETRIO HABIB (São Paulo, SP) * No artigo "Paixao e Rancor", Walter Feldman faz autoelogios sem esperar o crivo do tempo: do primeiro e do segundo tempo. Quanto às críticas a Juca Kfouri, parece que Feldman não se lembra mais do 7 x 1...que foi o equivalente ao petrolão no futebol. CARLOS JOSÉ BENATI (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Para ensinar a fazer turismo, China atualiza 'manual de boas maneiras'
O órgão oficial de turismo da China divulgou, na semana passada, a versão atualizada do "manual de boas maneiras" que serve de base para uma espécie de "lista negra" de turistas que infringirem as regras. O texto traz nove comportamentos proibidos e passíveis de punição –a mais grave delas é a proibição de viajar, por um período de até cinco anos. Entre eles estão intervir em veículos de transporte (incluindo aviões), violar as regras de atrações turísticas, ofender os costumes locais e não seguir instruções policiais (veja abaixo a relação completa). Turistas habituados a viajar podem estranhar a, digamos, obviedade das regras, mas o setor tem, nos últimos anos, manifestado choque com o mau comportamento de viajantes chineses –cada vez mais numerosos, em virtude do aumento de renda da população. Já foram registrados casos de chineses tentando abrir a porta de aviões, atacando comissárias de bordo, jogando chá quente em guias e danificando monumentos e locais naturais. Recentemente, viralizaram na internet imagens de uma mãe permitindo que a filha pequena urinasse em um jardim na pré-inauguração de um parque da Disney em Xangai e de chineses chutando ou subindo em cerejeiras em flor no Japão para fazer fotos. Preocupado com a imagem do país, alvo de críticas na mídia e em fóruns na internet por causa desse tipo de comportamento ofensivo, o governo passou a criar meios de tentar educar seus turistas. Um dos principais foi esse "manual de boas maneiras", cuja primeira versão foi divulgada no ano passado e deu origem a um banco de dados de viajantes envolvidos em episódios inadequados –a partir dele, companhias aéreas, hotéis e operadores turísticos passaram a poder recusar o serviço a quem figura na "lista negra". Nesta nova versão, também foram listados comportamentos proibidos para agentes e operadores turísticos. * SERÁ INCLUÍDO NA 'LISTA NEGRA' O TURISTA QUE... ESTÁ PROIBIDO, PARA OPERADORES TURÍSTICOS...
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Para ensinar a fazer turismo, China atualiza 'manual de boas maneiras'O órgão oficial de turismo da China divulgou, na semana passada, a versão atualizada do "manual de boas maneiras" que serve de base para uma espécie de "lista negra" de turistas que infringirem as regras. O texto traz nove comportamentos proibidos e passíveis de punição –a mais grave delas é a proibição de viajar, por um período de até cinco anos. Entre eles estão intervir em veículos de transporte (incluindo aviões), violar as regras de atrações turísticas, ofender os costumes locais e não seguir instruções policiais (veja abaixo a relação completa). Turistas habituados a viajar podem estranhar a, digamos, obviedade das regras, mas o setor tem, nos últimos anos, manifestado choque com o mau comportamento de viajantes chineses –cada vez mais numerosos, em virtude do aumento de renda da população. Já foram registrados casos de chineses tentando abrir a porta de aviões, atacando comissárias de bordo, jogando chá quente em guias e danificando monumentos e locais naturais. Recentemente, viralizaram na internet imagens de uma mãe permitindo que a filha pequena urinasse em um jardim na pré-inauguração de um parque da Disney em Xangai e de chineses chutando ou subindo em cerejeiras em flor no Japão para fazer fotos. Preocupado com a imagem do país, alvo de críticas na mídia e em fóruns na internet por causa desse tipo de comportamento ofensivo, o governo passou a criar meios de tentar educar seus turistas. Um dos principais foi esse "manual de boas maneiras", cuja primeira versão foi divulgada no ano passado e deu origem a um banco de dados de viajantes envolvidos em episódios inadequados –a partir dele, companhias aéreas, hotéis e operadores turísticos passaram a poder recusar o serviço a quem figura na "lista negra". Nesta nova versão, também foram listados comportamentos proibidos para agentes e operadores turísticos. * SERÁ INCLUÍDO NA 'LISTA NEGRA' O TURISTA QUE... ESTÁ PROIBIDO, PARA OPERADORES TURÍSTICOS...
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SPHOJE: 'Cristoteca Open Air' bloqueia via próxima à Paulista neste sábado
DE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA A alameda Ministro Rocha Azevedo será interditada entre a av. Paulista e a rua São Carlos do Pinhal das 17h às 22h deste sábado (12) para o evento "Cristoteca Open Air", festa religiosa com missa e música eletrônica. Os motoristas que vêm da região do Jardins, com destino ao centro, devem seguir pela Paulista e pela rua da Consolação. As ruas Helena Zerrener e Oscar Cintra, no bairro do Glicério, serão interditadas das 12h às 22h para um show promovido pela Secretaria Municipal de Cultura. Também na zona leste, a av. Deputado José Aristodemo Pinotti será bloqueada das 0h01 de sábado (12) às 6h de segunda (14) devido ao evento "Grito Cultural Reggae". A interdição será entre as avenidas Nordestina e Moacir Dantas Itapicuru. Dois trechos da rua Cayowaá têm alteração de sentido, em função de obras da linha laranja-6 do metrô. Entre as ruas Palestra Itália e Venâncio Ayres, será implantado o sentido duplo. Já no trecho da rua Dr. Homem de Melo para a rua João Ramalho tem implantação de sentido único. Fique atento! Vale lembrar: não há rodízio de veículos aos fins de semana. * TEMPO O dia segue nublado, mas sem chuva. A temperatura mínima cai para 11ºC, enquanto a máxima vai para 17ºC. * CULTURA E LAZER Os ingressos para o festival de música eletrônica Tomorrowland já podem ser comprados a partir deste sábado (12), ao meio-dia. Os bilhetes podem ser comprados pelo site e custam a partir de R$ 399 (entrada para apenas um dia de evento). O festival ocorre no parque Maeda, em Itu (interior de São Paulo), nos dias 21 e 24 de abril. Programe-se! O musical "Canção dos Direitos das Crianças" estreia, no Teatro Shopping Frei Caneca. O espetáculo conta com músicas compostas por Toquinho e Elifas Andreato para contar a história de crianças que trabalham o dia todo e cumprem ordens do Primeiro Ministro para manter sempre limpo o castelo da Rainha. Ingr.: R$ 60 No Espaço das Américas, Seu Jorge e Jorge Ben sobem ao palco para mais um show em conjunto. No repertório, hits como "Burguesinha", "País Tropical", "Chove Chuva" e "Carolina". Ingr.: R$ 160 a R$ 300 (inteira) A primeira edição do projeto InLoco acontece no apartamento da artista Nilva Campedelli, na avenida Paulista. Isso porque ela pretende transformar a própria casa em galeria de arte das 14h às 22h. Serão apresentadas 45 obras de 18 artistas, entre gravuras, fotografias e arte urbana. Ingr.: GRÁTIS Veja mais opções de como aproveitar o dia em SP no site do "Guia Folha" * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Amanda Massuela
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SPHOJE: 'Cristoteca Open Air' bloqueia via próxima à Paulista neste sábadoDE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA A alameda Ministro Rocha Azevedo será interditada entre a av. Paulista e a rua São Carlos do Pinhal das 17h às 22h deste sábado (12) para o evento "Cristoteca Open Air", festa religiosa com missa e música eletrônica. Os motoristas que vêm da região do Jardins, com destino ao centro, devem seguir pela Paulista e pela rua da Consolação. As ruas Helena Zerrener e Oscar Cintra, no bairro do Glicério, serão interditadas das 12h às 22h para um show promovido pela Secretaria Municipal de Cultura. Também na zona leste, a av. Deputado José Aristodemo Pinotti será bloqueada das 0h01 de sábado (12) às 6h de segunda (14) devido ao evento "Grito Cultural Reggae". A interdição será entre as avenidas Nordestina e Moacir Dantas Itapicuru. Dois trechos da rua Cayowaá têm alteração de sentido, em função de obras da linha laranja-6 do metrô. Entre as ruas Palestra Itália e Venâncio Ayres, será implantado o sentido duplo. Já no trecho da rua Dr. Homem de Melo para a rua João Ramalho tem implantação de sentido único. Fique atento! Vale lembrar: não há rodízio de veículos aos fins de semana. * TEMPO O dia segue nublado, mas sem chuva. A temperatura mínima cai para 11ºC, enquanto a máxima vai para 17ºC. * CULTURA E LAZER Os ingressos para o festival de música eletrônica Tomorrowland já podem ser comprados a partir deste sábado (12), ao meio-dia. Os bilhetes podem ser comprados pelo site e custam a partir de R$ 399 (entrada para apenas um dia de evento). O festival ocorre no parque Maeda, em Itu (interior de São Paulo), nos dias 21 e 24 de abril. Programe-se! O musical "Canção dos Direitos das Crianças" estreia, no Teatro Shopping Frei Caneca. O espetáculo conta com músicas compostas por Toquinho e Elifas Andreato para contar a história de crianças que trabalham o dia todo e cumprem ordens do Primeiro Ministro para manter sempre limpo o castelo da Rainha. Ingr.: R$ 60 No Espaço das Américas, Seu Jorge e Jorge Ben sobem ao palco para mais um show em conjunto. No repertório, hits como "Burguesinha", "País Tropical", "Chove Chuva" e "Carolina". Ingr.: R$ 160 a R$ 300 (inteira) A primeira edição do projeto InLoco acontece no apartamento da artista Nilva Campedelli, na avenida Paulista. Isso porque ela pretende transformar a própria casa em galeria de arte das 14h às 22h. Serão apresentadas 45 obras de 18 artistas, entre gravuras, fotografias e arte urbana. Ingr.: GRÁTIS Veja mais opções de como aproveitar o dia em SP no site do "Guia Folha" * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Amanda Massuela
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German Lorca, a música de Bruno Capinan e quatro indicações culturais
EXPOSIÇÃO | DJANIRA Organizada a partir da coleção do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que abriga mais de 800 de seus trabalhos, a mostra exibe cerca de 120 obras da pintora paulista (1914-79), nome importante da arte moderna. São óleos, têmperas, guaches, acrílicas, gravuras e nanquins que retratam os meios rural e urbano e suas crenças. Centro Cultural Correios - São Paulo | tel. (11) 2102-3690 | fecha dia 1º; de ter. a dom., das 11h às 17h | grátis | até 5/2 MÚSICA | BRUNO CAPINAN Em seu terceiro álbum, "Divina Graça", o compositor e cantor baiano radicado no Canadá, de voz surpreendente, suave e aguda, canta amores, a fé sincrética e a Bahia numa mistura de samba e batidas afro. Na romântica faixa "Vicente", que tem o apito das escolas de samba e coro ao fundo, ele narra um amor perdido. Gravado com músicos canadenses, o CD tem participação dos brasileiros Domenico Lancellotti e Bem Gil. Joia Moderna | R$ 29,90 Ouça no soundcloud LIVRO | SASKIA SASSEN Em "Expulsões: Brutalidade e Complexidade na Economia Global", a socióloga holandesa e professora da Universidade Columbia propõe que o mundo globalizado e os acontecimentos recentes sejam compreendidos pela noção de expulsão, lógica que governa a violência do capitalismo no século 21. trad. Angélica Freitas | Paz & Terra | R$ 54,90 (336 págs.) * LIVRO | ANA LUISA ESCOREL "De Tudo um Pouco" recolhe os textos curtos, entre memórias e contos, que foram publicados semanalmente pela autora –editora e designer– no site da casa cofundada por ela. Ouro sobre Azul | R$ 42 (220 págs.) * LIVRO | PSIQUIATRIA - UMA HISTÓRIA NÃO CONTADA Jeffrey A. Lieberman, psiquiatra especialista em esquizofrenia, e Ogi Ogas, neurocientista, narram a trajetória, sobretudo nos EUA, dessa área da medicina que já foi vista como puro misticismo e foi criticada por empregar terapias como lobotomia e choques. trad. Fernando Santos | WMF Martins Fontes | R$ 49,90 (344 págs.) * EXPOSIÇÃO | GERMAN LORCA Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra "Arte Ofício/Artifício" reúne cerca de 60 imagens do fotógrafo paulistano de 94 anos. Alguns dos registros são coloridos, e há aqueles que foram feitos desde o início de sua carreira, nos anos 1940, quando integrou o Foto Cine Clube Bandeirante. Sesc Bom Retiro | tel. (11) 3332-3600 | fecha 1º; de ter. a sex., das 9h às 21h; sáb., das 10h às 20h; dom., das 10h às 18h | grátis | até 26/2
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German Lorca, a música de Bruno Capinan e quatro indicações culturaisEXPOSIÇÃO | DJANIRA Organizada a partir da coleção do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que abriga mais de 800 de seus trabalhos, a mostra exibe cerca de 120 obras da pintora paulista (1914-79), nome importante da arte moderna. São óleos, têmperas, guaches, acrílicas, gravuras e nanquins que retratam os meios rural e urbano e suas crenças. Centro Cultural Correios - São Paulo | tel. (11) 2102-3690 | fecha dia 1º; de ter. a dom., das 11h às 17h | grátis | até 5/2 MÚSICA | BRUNO CAPINAN Em seu terceiro álbum, "Divina Graça", o compositor e cantor baiano radicado no Canadá, de voz surpreendente, suave e aguda, canta amores, a fé sincrética e a Bahia numa mistura de samba e batidas afro. Na romântica faixa "Vicente", que tem o apito das escolas de samba e coro ao fundo, ele narra um amor perdido. Gravado com músicos canadenses, o CD tem participação dos brasileiros Domenico Lancellotti e Bem Gil. Joia Moderna | R$ 29,90 Ouça no soundcloud LIVRO | SASKIA SASSEN Em "Expulsões: Brutalidade e Complexidade na Economia Global", a socióloga holandesa e professora da Universidade Columbia propõe que o mundo globalizado e os acontecimentos recentes sejam compreendidos pela noção de expulsão, lógica que governa a violência do capitalismo no século 21. trad. Angélica Freitas | Paz & Terra | R$ 54,90 (336 págs.) * LIVRO | ANA LUISA ESCOREL "De Tudo um Pouco" recolhe os textos curtos, entre memórias e contos, que foram publicados semanalmente pela autora –editora e designer– no site da casa cofundada por ela. Ouro sobre Azul | R$ 42 (220 págs.) * LIVRO | PSIQUIATRIA - UMA HISTÓRIA NÃO CONTADA Jeffrey A. Lieberman, psiquiatra especialista em esquizofrenia, e Ogi Ogas, neurocientista, narram a trajetória, sobretudo nos EUA, dessa área da medicina que já foi vista como puro misticismo e foi criticada por empregar terapias como lobotomia e choques. trad. Fernando Santos | WMF Martins Fontes | R$ 49,90 (344 págs.) * EXPOSIÇÃO | GERMAN LORCA Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra "Arte Ofício/Artifício" reúne cerca de 60 imagens do fotógrafo paulistano de 94 anos. Alguns dos registros são coloridos, e há aqueles que foram feitos desde o início de sua carreira, nos anos 1940, quando integrou o Foto Cine Clube Bandeirante. Sesc Bom Retiro | tel. (11) 3332-3600 | fecha 1º; de ter. a sex., das 9h às 21h; sáb., das 10h às 20h; dom., das 10h às 18h | grátis | até 26/2
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Greve dos professores foi decidida em movimento político do dia 13, diz Alckmin
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta quarta-feira (25) que a decisão sobre a greve dos professores da rede estadual de ensino ocorreu na manifestação do último dia 13, organizada por centrais sindicais na capital paulista. Nas palavras do governador, a decisão sobre a greve foi tomada "de maneira intempestiva e dentro de um movimento político, no dia 13 de março, para fazer contraponto com a manifestação do dia 15". A declaração foi dada em Campinas (a 93 km de São Paulo) após cerimônia de entrega de um helicóptero de resgate da Polícia Militar. Na saída, Alckmin enfrentou protesto de um grupo de professores do Estado. Com camisetas e cartazes, eles cobraram o governador sobre o reajuste salarial. O tucano saiu sem falar com os manifestantes. A greve iniciada na semana passada busca, entre outras coisas, reajuste de 75% nos salários. O salário-base da categoria é de R$ 2.416 –na jornada de 40 horas para professores do ensino médio. Reportagem da Folha desta quarta-feira mostrou que a paralisação já tem afetado as aulas. Ao falar do movimento político, Alckmin afirmou que a greve não tem sentido porque a Secretaria da Educação é aberta ao diálogo. O tucano disse também que não é adequado fazer uma greve oito meses depois do último reajuste. O secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, disse à Folha que a greve é fora de hora. Procurada pela reportagem, a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, rebateu o governador e negou qualquer envolvimento político-partidário no movimento. "Ele [governador] é que está fazendo essa relação política. Para ele, democracia só foi no dia 15. O dia 13 é como se não existisse. Nosso movimento foi decidido em janeiro na porta da Secretaria da Educação", disse. A data-base de negociação salarial da categoria é 1º de março, segundo a Apeoesp. O governo do Estado diz que somente a partir de abril será possível avaliar a situação econômica do Estado para debater um aumento. A manifestação mencionada por Alckmin teve a participação de movimentos sociais e centrais sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que é ligada à Apeoesp, e defendeu, entre outros pontos, o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Dois dias depois, no dia 15, outra parcela da população ocupou a avenida Paulista em protesto contra o governo Dilma. Alckmin não participou. Questionado sobre a declaração e uma possível interferência político-partidária no movimento, o governador afirmou que foi só uma "observação". Nesta terça-feira (24), o secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, disse à Folha que a greve ocorre "fora de hora" e que ele não vai negociar o reajuste agora. FALTAS E REIVINDICAÇÕES Segundo Alckmin, o governo registrou falta de 2,6% dos professores da rede estadual nesta terça, número que considerou normal. O sindicato aponta paralisação acima de 20%. "Não está tendo greve. A verdade é essa. Não há nenhuma razão para a greve. Esse é o último recurso que você utiliza e nem começou a conversa, a negociação ainda", disse o governador. Alckmin também citou os benefícios concedidos à categoria nos últimos quatro anos. O reajuste, de acordo com Alckmin, foi de 45%, com ganho real de 20%, porque a inflação no período foi de 25%. "Além disso, o piso do professor estadual é 26% maior que o piso nacional", disse. Para a presidente da Apeoesp, o governador tem de "parar de esconder as deficiências" da educação em São Paulo. "Intempestivas são as ações dele [governador], de fechar 3.300 salas e tirar todo o dinheiro das escolas depois das eleições do ano passado", disse. Noronha afirmou ainda que é "balela" o que o governador aponta como reajuste dado aos professores nos últimos quatro anos. Segundo ela, o reajuste foi de apenas 27%. O restante a que ele se refere, de 45%, é composto por gratificações que já vinham sendo dadas e foram incorporadas aos salários. "Não teve dinheiro novo", afirmou. O Estado possui cerca de 5.300 colégios, 230 mil professores e 4 milhões de alunos.
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Greve dos professores foi decidida em movimento político do dia 13, diz AlckminO governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta quarta-feira (25) que a decisão sobre a greve dos professores da rede estadual de ensino ocorreu na manifestação do último dia 13, organizada por centrais sindicais na capital paulista. Nas palavras do governador, a decisão sobre a greve foi tomada "de maneira intempestiva e dentro de um movimento político, no dia 13 de março, para fazer contraponto com a manifestação do dia 15". A declaração foi dada em Campinas (a 93 km de São Paulo) após cerimônia de entrega de um helicóptero de resgate da Polícia Militar. Na saída, Alckmin enfrentou protesto de um grupo de professores do Estado. Com camisetas e cartazes, eles cobraram o governador sobre o reajuste salarial. O tucano saiu sem falar com os manifestantes. A greve iniciada na semana passada busca, entre outras coisas, reajuste de 75% nos salários. O salário-base da categoria é de R$ 2.416 –na jornada de 40 horas para professores do ensino médio. Reportagem da Folha desta quarta-feira mostrou que a paralisação já tem afetado as aulas. Ao falar do movimento político, Alckmin afirmou que a greve não tem sentido porque a Secretaria da Educação é aberta ao diálogo. O tucano disse também que não é adequado fazer uma greve oito meses depois do último reajuste. O secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, disse à Folha que a greve é fora de hora. Procurada pela reportagem, a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, rebateu o governador e negou qualquer envolvimento político-partidário no movimento. "Ele [governador] é que está fazendo essa relação política. Para ele, democracia só foi no dia 15. O dia 13 é como se não existisse. Nosso movimento foi decidido em janeiro na porta da Secretaria da Educação", disse. A data-base de negociação salarial da categoria é 1º de março, segundo a Apeoesp. O governo do Estado diz que somente a partir de abril será possível avaliar a situação econômica do Estado para debater um aumento. A manifestação mencionada por Alckmin teve a participação de movimentos sociais e centrais sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que é ligada à Apeoesp, e defendeu, entre outros pontos, o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Dois dias depois, no dia 15, outra parcela da população ocupou a avenida Paulista em protesto contra o governo Dilma. Alckmin não participou. Questionado sobre a declaração e uma possível interferência político-partidária no movimento, o governador afirmou que foi só uma "observação". Nesta terça-feira (24), o secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, disse à Folha que a greve ocorre "fora de hora" e que ele não vai negociar o reajuste agora. FALTAS E REIVINDICAÇÕES Segundo Alckmin, o governo registrou falta de 2,6% dos professores da rede estadual nesta terça, número que considerou normal. O sindicato aponta paralisação acima de 20%. "Não está tendo greve. A verdade é essa. Não há nenhuma razão para a greve. Esse é o último recurso que você utiliza e nem começou a conversa, a negociação ainda", disse o governador. Alckmin também citou os benefícios concedidos à categoria nos últimos quatro anos. O reajuste, de acordo com Alckmin, foi de 45%, com ganho real de 20%, porque a inflação no período foi de 25%. "Além disso, o piso do professor estadual é 26% maior que o piso nacional", disse. Para a presidente da Apeoesp, o governador tem de "parar de esconder as deficiências" da educação em São Paulo. "Intempestivas são as ações dele [governador], de fechar 3.300 salas e tirar todo o dinheiro das escolas depois das eleições do ano passado", disse. Noronha afirmou ainda que é "balela" o que o governador aponta como reajuste dado aos professores nos últimos quatro anos. Segundo ela, o reajuste foi de apenas 27%. O restante a que ele se refere, de 45%, é composto por gratificações que já vinham sendo dadas e foram incorporadas aos salários. "Não teve dinheiro novo", afirmou. O Estado possui cerca de 5.300 colégios, 230 mil professores e 4 milhões de alunos.
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Decisão do STF sobre religião na escola é um vexame, diz leitor
RELIGIÃO NAS ESCOLAS O STF, uma instituição que na maioria das vezes toma decisões progressistas, desta vez decidiu pela pior das vias. Liberar professores para pregar sua fé nas escolas públicas é um atentado à laicidade do Estado brasileiro. Um vexame que não ajuda em nada o desenvolvimento e a promoção da igualdade no país. JUDSON CLAYTON MACIEL (Rio de Janeiro, RJ) * Esse tema deveria ser restrito à vida privada e à escolha individual. O ensino público não deveria envolver-se nisso. A decisão abre espaço para manipulação, que a gente sabe que é o objetivo final da iniciativa. ADRIANA MACCACCHERO (Rio de Janeiro, RJ) - REFORMA POLÍTICA Qual a necessidade de criar um fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão em um país falido e corrupto? Como justificar isso para milhões de brasileiros que vivem à míngua? As respostas certamente não virão, porque o Congresso assumiu que pode resolver tudo sem dar satisfação a ninguém. RICARDO C. SIQUEIRA (Niterói, RJ) * Quanto a nação brasileira gasta em quatro anos com os ordenados dos vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores e presidente da República? Seria justo que cada um desses indivíduos pagasse uma taxa sobre seu salário para fazer o fundo que financiaria as eleições futuras. Fica aí uma sugestão. NILO DA SILVA GORGULHO (Cristina, MG) - AÉCIO NEVES Francamente! A população faz um esforço enorme para entender o motivo pelo qual esse cidadão ainda não foi preso! GEOVANIA R. DE PINHO (Rio de Janeiro, RJ) * "O homem público, quando exerce função em nome do povo, precisa praticar atos de grandeza", afirmou Luiz Fux. Piada, né? Não formar gangues para pilhar o dinheiro público já está de bom tamanho... Exigir deles grandeza é viajar na maionese. JADER MATIAS (Araxá, MG) - DELAÇÃO DE PALOCCI Não é por questões morais, tampouco ideológicas, que a alta cúpula do PT está preocupada com as declarações de Antonio Palocci. Esse papo de traição é ladainha. A verdadeira razão é que, se surgir outro integrante petista disposto a fazer delação premiada, não sobrará praticamente mais nada a dizer. LUCIANO HARARY (São Paulo, SP) * José Dirceu, um homem injustiçado, um político que ficará na história do PT e da esquerda. Antônio Palocci, um político que levará a marca da traição até o fim de sua vida e para toda a sua geração. PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS (Curitiba, PR) - PRIVATIZAÇÕES Discordo, enquanto cidadão, do deputado Fábio Ramalho, que reclamou do preço de venda da Cemig, dizendo que venderam as usinas a preço de banana. Por mim, podem vender o bananal todo que ainda assim sairá mais barato ao pagador de impostos do que ter que aturar empresas ineficientes, custosas, inchadas por cargos de comissão e diretorias inúteis, nas quais não faltam bandos de corruptos a lhes predar os frutos. PAULO BOCCATO (Taquaritinga, SP) - LEWANDOWSKI É necessário que o Código de Processo Penal seja eficiente, pois é um princípio basilar da nossa Constituição Federal. É arcaico que o ministro do STF Ricardo Lewandowski defenda garantias, principalmente quando trata dos investigados na Operação Lava Jato, sendo que a maioria da população carcerária no Brasil é composta de pretos e pobres. As garantias já estão todas no devido processo legal. HEVERTON-CRISTHIÉ S. LEMOS (Sardoá, MG) * Li o artigo de Ricardo Lewandowski. Tenho, para meus alunos, nos órgãos de classe nos quais profiro palestras e até mesmo em artigos para este jornal, alertado sobre a amputação perpetrada pelo Poder Judiciário de muitos aspectos da materialidade do direito de defesa e do devido processo legal, que, num regime democrático de direito, são garantias asseguradas pela Constituição. Concordo, pois, integralmente, com suas conclusões, que ganham maior relevância por virem de um eminente membro e ex-presidente da suprema corte brasileira. IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, professor emérito da Universidade Mackenzie (São Paulo, SP) - COLUNISTAS Hélio Schwartsman diz que, apesar de defender a legalização das drogas, não vê "aspectos utilitários" no que diz respeito ao combate à violência. O texto é um disparate não só em relação aos cerca de 200 mil presos por drogas no Brasil, diariamente violentados pelo sistema prisional torturante e racialmente seletivo, mas por ignorar que o principal agente da violência relativa ao comércio de drogas não é o crime, como ele supõe, mas o Estado –que seria fortemente coibido em sua ação violenta com a legalização. A vontade de polemizar invariavelmente afeta as (boas) ideias do colunista. JÚLIO DELMANTO (São Paulo, SP) - COTAS Fico a pensar que, embora a questão financeira e a racial se interpenetrem no Brasil, a discussão sobre as cotas raciais é uma importante forma de reconhecimento das raízes desse problema, que sustenta, na atualidade, um tronco bastante robusto. Penso que cabe ao movimento negro, que tem vínculos e apoio consistentes nas universidades brasileiras, apresentar uma proposta para a avaliação da sociedade. MARCELO LOURES (Ouro Preto, MG) - PUBLICIDADE Nunca vi artigo mais corporativista que o de Mário D'Andrea. Não, senhor Mario, funciona assim: clientes contratam agências de propaganda, que anunciam no veículo, que por sua vez não fala nada que prejudique o cliente e defende política e economicamente tudo o que interessa ao mesmo, se não perde sua fonte de receita. Simples assim. Nada é de graça, muito menos o jornalismo. As redes podem ter sim muita asneiras, mas são inteiramente livres. FLÁVIO FONSECA (Mendes, RJ) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Decisão do STF sobre religião na escola é um vexame, diz leitorRELIGIÃO NAS ESCOLAS O STF, uma instituição que na maioria das vezes toma decisões progressistas, desta vez decidiu pela pior das vias. Liberar professores para pregar sua fé nas escolas públicas é um atentado à laicidade do Estado brasileiro. Um vexame que não ajuda em nada o desenvolvimento e a promoção da igualdade no país. JUDSON CLAYTON MACIEL (Rio de Janeiro, RJ) * Esse tema deveria ser restrito à vida privada e à escolha individual. O ensino público não deveria envolver-se nisso. A decisão abre espaço para manipulação, que a gente sabe que é o objetivo final da iniciativa. ADRIANA MACCACCHERO (Rio de Janeiro, RJ) - REFORMA POLÍTICA Qual a necessidade de criar um fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão em um país falido e corrupto? Como justificar isso para milhões de brasileiros que vivem à míngua? As respostas certamente não virão, porque o Congresso assumiu que pode resolver tudo sem dar satisfação a ninguém. RICARDO C. SIQUEIRA (Niterói, RJ) * Quanto a nação brasileira gasta em quatro anos com os ordenados dos vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores e presidente da República? Seria justo que cada um desses indivíduos pagasse uma taxa sobre seu salário para fazer o fundo que financiaria as eleições futuras. Fica aí uma sugestão. NILO DA SILVA GORGULHO (Cristina, MG) - AÉCIO NEVES Francamente! A população faz um esforço enorme para entender o motivo pelo qual esse cidadão ainda não foi preso! GEOVANIA R. DE PINHO (Rio de Janeiro, RJ) * "O homem público, quando exerce função em nome do povo, precisa praticar atos de grandeza", afirmou Luiz Fux. Piada, né? Não formar gangues para pilhar o dinheiro público já está de bom tamanho... Exigir deles grandeza é viajar na maionese. JADER MATIAS (Araxá, MG) - DELAÇÃO DE PALOCCI Não é por questões morais, tampouco ideológicas, que a alta cúpula do PT está preocupada com as declarações de Antonio Palocci. Esse papo de traição é ladainha. A verdadeira razão é que, se surgir outro integrante petista disposto a fazer delação premiada, não sobrará praticamente mais nada a dizer. LUCIANO HARARY (São Paulo, SP) * José Dirceu, um homem injustiçado, um político que ficará na história do PT e da esquerda. Antônio Palocci, um político que levará a marca da traição até o fim de sua vida e para toda a sua geração. PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS (Curitiba, PR) - PRIVATIZAÇÕES Discordo, enquanto cidadão, do deputado Fábio Ramalho, que reclamou do preço de venda da Cemig, dizendo que venderam as usinas a preço de banana. Por mim, podem vender o bananal todo que ainda assim sairá mais barato ao pagador de impostos do que ter que aturar empresas ineficientes, custosas, inchadas por cargos de comissão e diretorias inúteis, nas quais não faltam bandos de corruptos a lhes predar os frutos. PAULO BOCCATO (Taquaritinga, SP) - LEWANDOWSKI É necessário que o Código de Processo Penal seja eficiente, pois é um princípio basilar da nossa Constituição Federal. É arcaico que o ministro do STF Ricardo Lewandowski defenda garantias, principalmente quando trata dos investigados na Operação Lava Jato, sendo que a maioria da população carcerária no Brasil é composta de pretos e pobres. As garantias já estão todas no devido processo legal. HEVERTON-CRISTHIÉ S. LEMOS (Sardoá, MG) * Li o artigo de Ricardo Lewandowski. Tenho, para meus alunos, nos órgãos de classe nos quais profiro palestras e até mesmo em artigos para este jornal, alertado sobre a amputação perpetrada pelo Poder Judiciário de muitos aspectos da materialidade do direito de defesa e do devido processo legal, que, num regime democrático de direito, são garantias asseguradas pela Constituição. Concordo, pois, integralmente, com suas conclusões, que ganham maior relevância por virem de um eminente membro e ex-presidente da suprema corte brasileira. IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, professor emérito da Universidade Mackenzie (São Paulo, SP) - COLUNISTAS Hélio Schwartsman diz que, apesar de defender a legalização das drogas, não vê "aspectos utilitários" no que diz respeito ao combate à violência. O texto é um disparate não só em relação aos cerca de 200 mil presos por drogas no Brasil, diariamente violentados pelo sistema prisional torturante e racialmente seletivo, mas por ignorar que o principal agente da violência relativa ao comércio de drogas não é o crime, como ele supõe, mas o Estado –que seria fortemente coibido em sua ação violenta com a legalização. A vontade de polemizar invariavelmente afeta as (boas) ideias do colunista. JÚLIO DELMANTO (São Paulo, SP) - COTAS Fico a pensar que, embora a questão financeira e a racial se interpenetrem no Brasil, a discussão sobre as cotas raciais é uma importante forma de reconhecimento das raízes desse problema, que sustenta, na atualidade, um tronco bastante robusto. Penso que cabe ao movimento negro, que tem vínculos e apoio consistentes nas universidades brasileiras, apresentar uma proposta para a avaliação da sociedade. MARCELO LOURES (Ouro Preto, MG) - PUBLICIDADE Nunca vi artigo mais corporativista que o de Mário D'Andrea. Não, senhor Mario, funciona assim: clientes contratam agências de propaganda, que anunciam no veículo, que por sua vez não fala nada que prejudique o cliente e defende política e economicamente tudo o que interessa ao mesmo, se não perde sua fonte de receita. Simples assim. Nada é de graça, muito menos o jornalismo. As redes podem ter sim muita asneiras, mas são inteiramente livres. FLÁVIO FONSECA (Mendes, RJ) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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O projeto social Gastromotiva terá escola de cozinha em Curitiba
A Gastromotiva, organização que promove a inclusão social por meio da gastronomia desde 2006, terá uma sede em Curitiba ainda neste semestre. A partir de parcerias, o projeto montará uma escola de cozinha e oferecerá seu curso de capacitação –como já faz em São Paulo, no Rio e em Salvador. Segundo o fundador da Gastromotiva, David Hertz, a região tem um mercado em potencial para receber os futuros alunos. Para realizar o curso, com duração de cinco meses, é preciso comprovar renda familiar de até três salários mínimos. As aulas abordam elementos como ecogastronomia (em que o alimento é bom e justo) e empreendedorismo. JANTAR BENEFICENTE Como uma forma de arrecadar fundos, a organização está trazendo para o Brasil o chef Quique Dacosta, do estrelado restaurante homônimo em Alicante, na Espanha. Quique fará, em 4 de março, um jantar para 40 pessoas na região do Morumbi, em São Paulo. Esta é a segunda edição do jantar "Great Food for a Better World" –a primeira edição foi realizada em março do ano passado no Eleven Madison Park, em Nova York, também em prol da Gastromotiva. De acordo com a entidade, a verba do jantar (que contará com um leilão silencioso) será revertida para a formação de mil jovens neste ano. O menu de sete etapas (R$ 2.500 por pessoa) deverá ter pratos como a sopa fria de frutas vermelhas e crustáceos com ervas silvestres. Há poucas unidades à venda pelo site quiquenobrasil.com. Para quem não for ao jantar e quiser ajudar a organização, é possível doar qualquer valor via crowdfunding em gastromotiva.org.
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O projeto social Gastromotiva terá escola de cozinha em CuritibaA Gastromotiva, organização que promove a inclusão social por meio da gastronomia desde 2006, terá uma sede em Curitiba ainda neste semestre. A partir de parcerias, o projeto montará uma escola de cozinha e oferecerá seu curso de capacitação –como já faz em São Paulo, no Rio e em Salvador. Segundo o fundador da Gastromotiva, David Hertz, a região tem um mercado em potencial para receber os futuros alunos. Para realizar o curso, com duração de cinco meses, é preciso comprovar renda familiar de até três salários mínimos. As aulas abordam elementos como ecogastronomia (em que o alimento é bom e justo) e empreendedorismo. JANTAR BENEFICENTE Como uma forma de arrecadar fundos, a organização está trazendo para o Brasil o chef Quique Dacosta, do estrelado restaurante homônimo em Alicante, na Espanha. Quique fará, em 4 de março, um jantar para 40 pessoas na região do Morumbi, em São Paulo. Esta é a segunda edição do jantar "Great Food for a Better World" –a primeira edição foi realizada em março do ano passado no Eleven Madison Park, em Nova York, também em prol da Gastromotiva. De acordo com a entidade, a verba do jantar (que contará com um leilão silencioso) será revertida para a formação de mil jovens neste ano. O menu de sete etapas (R$ 2.500 por pessoa) deverá ter pratos como a sopa fria de frutas vermelhas e crustáceos com ervas silvestres. Há poucas unidades à venda pelo site quiquenobrasil.com. Para quem não for ao jantar e quiser ajudar a organização, é possível doar qualquer valor via crowdfunding em gastromotiva.org.
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Chef Bel Coelho, do Clandestino, estreia programa de viagens no TLC
A chef paulistana Bel Coelho, do Clandestino, estreia, no próximo dia 6, o programa "Receita de Viagem", no canal por assinatura TLC. A produção, gravada em 2013, já havia sido transmitida por redes da Alemanha e da França no ano passado. A tônica do programa não são receitas gravadas em estúdio, mas os relatos de andanças da chef por mercados de rua, aldeias indígenas, fazendas e recantos que escondem produtores de ingredientes típicos do Brasil. No primeiro episódio, por exemplo, Bel explora o Estado do Pará: visita o mercado Ver-o-Peso, em Belém, a produção de chocolate artesanal na ilha do Combu, com o chef Thiago Castanho, e prepara um turu à marajoara (molusco típico da região, com leite de búfala e especiarias) na fazenda São Jerônimo, na ilha de Marajó. Os outros 20 programas passeiam por cozinhas distintas: dos Pampas, do Cerrado e do Pantanal, das ruas do Rio de Janeiro, dos imigrantes árabes, alemães, japoneses e portugueses. NA TV Receita de Viagem com Bel Coelho QUANDO a partir de 6 de março, às 22h20, no TLC
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Chef Bel Coelho, do Clandestino, estreia programa de viagens no TLCA chef paulistana Bel Coelho, do Clandestino, estreia, no próximo dia 6, o programa "Receita de Viagem", no canal por assinatura TLC. A produção, gravada em 2013, já havia sido transmitida por redes da Alemanha e da França no ano passado. A tônica do programa não são receitas gravadas em estúdio, mas os relatos de andanças da chef por mercados de rua, aldeias indígenas, fazendas e recantos que escondem produtores de ingredientes típicos do Brasil. No primeiro episódio, por exemplo, Bel explora o Estado do Pará: visita o mercado Ver-o-Peso, em Belém, a produção de chocolate artesanal na ilha do Combu, com o chef Thiago Castanho, e prepara um turu à marajoara (molusco típico da região, com leite de búfala e especiarias) na fazenda São Jerônimo, na ilha de Marajó. Os outros 20 programas passeiam por cozinhas distintas: dos Pampas, do Cerrado e do Pantanal, das ruas do Rio de Janeiro, dos imigrantes árabes, alemães, japoneses e portugueses. NA TV Receita de Viagem com Bel Coelho QUANDO a partir de 6 de março, às 22h20, no TLC
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Dúvidas persistem sobre morte de menino de 13 anos em Habib's de SP
A família de João Victor Souza de Carvalho, menino de 13 anos que morreu em frente a uma lanchonete Habib's na zona norte de SP, contesta laudo elaborado pelo IML (Instituto Médico Legal). O documento aponta morte súbita, de origem cardíaca, relacionado ao uso de drogas, e o superintendente da polícia técnico-científica do IML, Ivan Miziara, diz que não há erro. A polícia paulista ainda investiga o caso. Havia traços de cocaína e de substâncias de lança-perfume no corpo de João Victor. Amigos e familiares dele confirmam que ele era usuário. Mas o advogado da família, Francisco Carlos da Silva, questiona: "Mesmo com substâncias em seu organismo, o menino teria morrido se não tivesse sido agredido?" João Victor morreu no dia 26 de fevereiro após uma confusão no Habib's. Imagens mostram duas pessoas, que a polícia suspeita serem o supervisor Guilherme Francisco do Santos, 20, e o gerente do local, Alexandre José da Silva, 32, arrastando o menino até jogá-lo desacordado na rua. Duas testemunhas afirmam que viram João Victor ser espancado. Uma empresa de perícia contratada pelo advogado da família pede a exumação do corpo, questionando dois pontos do laudo: Miziara, do IML, responde que a amostra colhida foi de sangue. Ele explica que o laudo mostra um pequeno infarto anterior sofrido por João Victor, há pelo menos três meses, e um infarto ao menos seis horas antes de sua morte. Segundo ele, a presença das drogas no corpo indica que ele as vinha usando cronicamente, provocando essas lesões cardíacas. E completa: "Ele foi submetido a um estresse violento, causando uma descarga de adrenalina. Isso pode potencializar o efeito das drogas, mas não posso afirmar que isso aconteceu. Trabalho com provas". O corpo, segundo ele, não apresentava lesão traumática que pudesse justificar a morte. A Folha submeteu o laudo a três peritos independentes. Nenhum se arrisca a responder se João Victor teria morrido sem as agressões. Mas dois afirmam que o menino já estava morrendo em razão de lesões no coração. A advogada Roselle Soglio, especialista em perícias criminais, diz que o documento é "contraditório". "Não pode ter sido morte súbita. O próprio laudo mostra que houve demora para a morte, então foi agônica [demorada]." Ela também estranha a ausência de registros de lesões externas, sendo que há imagens do menino sendo arrastado. O laudo "surpreendentemente descreve uma criança com um coração de velho", diz o patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP. O estresse com os seguranças de fato "pode ter aumentado sua adrenalina". De qualquer forma, diz ele, o menino "já estava com os dias contados". Para Sami El Jundi, professor de criminalística e medicina legal da Faculdade de Direito da UFRGS (Universidade Federal do RS), "os achados são coerentes entre si". "Se ele foi agredido, foi quando já estaria morrendo", diz. "Quanto à agressão, o fato de não terem sido observadas lesões não significa que não tenham ocorrido. Algumas lesões podem ser graves e não deixar maiores marcas." Em comunicado, o Habib's ressalta que o adolescente foi "resgatado com vida" e sem sinais de agressão. "A empresa esclarece que os envolvidos continuarão afastados e que, após apurações finais, tomará medidas cabíveis."
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Dúvidas persistem sobre morte de menino de 13 anos em Habib's de SPA família de João Victor Souza de Carvalho, menino de 13 anos que morreu em frente a uma lanchonete Habib's na zona norte de SP, contesta laudo elaborado pelo IML (Instituto Médico Legal). O documento aponta morte súbita, de origem cardíaca, relacionado ao uso de drogas, e o superintendente da polícia técnico-científica do IML, Ivan Miziara, diz que não há erro. A polícia paulista ainda investiga o caso. Havia traços de cocaína e de substâncias de lança-perfume no corpo de João Victor. Amigos e familiares dele confirmam que ele era usuário. Mas o advogado da família, Francisco Carlos da Silva, questiona: "Mesmo com substâncias em seu organismo, o menino teria morrido se não tivesse sido agredido?" João Victor morreu no dia 26 de fevereiro após uma confusão no Habib's. Imagens mostram duas pessoas, que a polícia suspeita serem o supervisor Guilherme Francisco do Santos, 20, e o gerente do local, Alexandre José da Silva, 32, arrastando o menino até jogá-lo desacordado na rua. Duas testemunhas afirmam que viram João Victor ser espancado. Uma empresa de perícia contratada pelo advogado da família pede a exumação do corpo, questionando dois pontos do laudo: Miziara, do IML, responde que a amostra colhida foi de sangue. Ele explica que o laudo mostra um pequeno infarto anterior sofrido por João Victor, há pelo menos três meses, e um infarto ao menos seis horas antes de sua morte. Segundo ele, a presença das drogas no corpo indica que ele as vinha usando cronicamente, provocando essas lesões cardíacas. E completa: "Ele foi submetido a um estresse violento, causando uma descarga de adrenalina. Isso pode potencializar o efeito das drogas, mas não posso afirmar que isso aconteceu. Trabalho com provas". O corpo, segundo ele, não apresentava lesão traumática que pudesse justificar a morte. A Folha submeteu o laudo a três peritos independentes. Nenhum se arrisca a responder se João Victor teria morrido sem as agressões. Mas dois afirmam que o menino já estava morrendo em razão de lesões no coração. A advogada Roselle Soglio, especialista em perícias criminais, diz que o documento é "contraditório". "Não pode ter sido morte súbita. O próprio laudo mostra que houve demora para a morte, então foi agônica [demorada]." Ela também estranha a ausência de registros de lesões externas, sendo que há imagens do menino sendo arrastado. O laudo "surpreendentemente descreve uma criança com um coração de velho", diz o patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP. O estresse com os seguranças de fato "pode ter aumentado sua adrenalina". De qualquer forma, diz ele, o menino "já estava com os dias contados". Para Sami El Jundi, professor de criminalística e medicina legal da Faculdade de Direito da UFRGS (Universidade Federal do RS), "os achados são coerentes entre si". "Se ele foi agredido, foi quando já estaria morrendo", diz. "Quanto à agressão, o fato de não terem sido observadas lesões não significa que não tenham ocorrido. Algumas lesões podem ser graves e não deixar maiores marcas." Em comunicado, o Habib's ressalta que o adolescente foi "resgatado com vida" e sem sinais de agressão. "A empresa esclarece que os envolvidos continuarão afastados e que, após apurações finais, tomará medidas cabíveis."
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Leitor comenta repercussão de editorial sobre chacina
Sobre o editorial em relação à chacina ("Abominável rotina), não houve nenhuma carta que o apoiasse, o que mostra o descaso de São Paulo em relação ao fato. Houve apenas uma carta de um órgão do governo (Painel do Leitor). Será que há no governo encarregados só de ler editoriais e opiniões de jornais para rebatê-los depois? Nunca houve uma carta com um mea-culpa? Comparar dados de 2002 e de 2015 é, no mínimo, estranho. Que tal mostrar resultados e punições em relação a essa chacina? * * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Leitor comenta repercussão de editorial sobre chacinaSobre o editorial em relação à chacina ("Abominável rotina), não houve nenhuma carta que o apoiasse, o que mostra o descaso de São Paulo em relação ao fato. Houve apenas uma carta de um órgão do governo (Painel do Leitor). Será que há no governo encarregados só de ler editoriais e opiniões de jornais para rebatê-los depois? Nunca houve uma carta com um mea-culpa? Comparar dados de 2002 e de 2015 é, no mínimo, estranho. Que tal mostrar resultados e punições em relação a essa chacina? * * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Britânicos votam em eleição geral; crescem apostas em vitória de May
Os locais de votação no Reino Unido estão abertos desde as 7h desta quinta-feira (8), (3h em Brasília). A chuva que era esperada agora é prevista para começar só à tarde, sem tempestades que possam alterar a abstenção entre os 46,9 milhões de inscritos para votar (uma ligeira alta em relação à eleição anterior). A primeira-ministra Theresa May votou logo cedo em seu distrito de Berkshire. As pesquisas indicam uma vitória apertada do Partido Conservador, de May, com uma diferença percentual no total de votos em torno de 6% (pouco menos do que na eleição de 2015). No entanto, o sistema é distrital e até políticos da oposição trabalhista admitem ao jornal "Financial Times" que o partido deve perder cadeiras importantes em regiões industrializadas. Com isso, mesmo tendo menos votos, o governo deve ser reeleito com uma folga (uma maioria entre 50 e 100 cadeiras, em um Parlamento de 650 lugares). Como é famoso, os britânicos apostam em tudo em casas especializadas —e cresceram as apostas na vitória da primeira-ministra conservadora. Na quarta-feira (7), as apostas na vitória do Partido Conservador estavam em 2/9 (a cada nove libras apostadas, o jogador recebia duas em caso de vitória de May). Já a aposta no Partido Trabalhista estavam em 6/2 —a cada duas libras apostadas, o jogador ganhava seis se Jeremy Corbyn saísse vitorioso. Por volta das 13h desta quinta-feira (9h em Brasília), o jogador que apostasse na vitória de May receberia uma libra para cada sete apostadas. Quem apostasse em Corbyn receberia cinco libras para cada uma jogada. Os eleitores podem votar até as 22h (18h de Brasília), quando começam as apurações. O resultado é previsto para o começo da madrugada, fim de noite no Brasil. A campanha eleitoral britânica passou distante do tema que será o mais importante do país nos próximos anos: a iminente crise econômica, agravada pela saída da União Europeia. O chamado "brexit" ocorrerá até o início de 2019, mas os primeiros sinais negativos já se fazem sentir e devem crescer nos próximos meses alimentados pela queda da confiança no futuro.
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Britânicos votam em eleição geral; crescem apostas em vitória de MayOs locais de votação no Reino Unido estão abertos desde as 7h desta quinta-feira (8), (3h em Brasília). A chuva que era esperada agora é prevista para começar só à tarde, sem tempestades que possam alterar a abstenção entre os 46,9 milhões de inscritos para votar (uma ligeira alta em relação à eleição anterior). A primeira-ministra Theresa May votou logo cedo em seu distrito de Berkshire. As pesquisas indicam uma vitória apertada do Partido Conservador, de May, com uma diferença percentual no total de votos em torno de 6% (pouco menos do que na eleição de 2015). No entanto, o sistema é distrital e até políticos da oposição trabalhista admitem ao jornal "Financial Times" que o partido deve perder cadeiras importantes em regiões industrializadas. Com isso, mesmo tendo menos votos, o governo deve ser reeleito com uma folga (uma maioria entre 50 e 100 cadeiras, em um Parlamento de 650 lugares). Como é famoso, os britânicos apostam em tudo em casas especializadas —e cresceram as apostas na vitória da primeira-ministra conservadora. Na quarta-feira (7), as apostas na vitória do Partido Conservador estavam em 2/9 (a cada nove libras apostadas, o jogador recebia duas em caso de vitória de May). Já a aposta no Partido Trabalhista estavam em 6/2 —a cada duas libras apostadas, o jogador ganhava seis se Jeremy Corbyn saísse vitorioso. Por volta das 13h desta quinta-feira (9h em Brasília), o jogador que apostasse na vitória de May receberia uma libra para cada sete apostadas. Quem apostasse em Corbyn receberia cinco libras para cada uma jogada. Os eleitores podem votar até as 22h (18h de Brasília), quando começam as apurações. O resultado é previsto para o começo da madrugada, fim de noite no Brasil. A campanha eleitoral britânica passou distante do tema que será o mais importante do país nos próximos anos: a iminente crise econômica, agravada pela saída da União Europeia. O chamado "brexit" ocorrerá até o início de 2019, mas os primeiros sinais negativos já se fazem sentir e devem crescer nos próximos meses alimentados pela queda da confiança no futuro.
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As ruas de Nireu e a lusofonia de Martinho no Rio de Janeiro
Alguns dos melhores historiadores do Rio não nasceram aqui. Tem a ver com a característica da cidade de não distinguir seus habitantes pela origem. Em aqui chegando e gostando, você vira um carioca de truz, como se dizia no tempo do Onça. (Esse Onça, aliás, foi um português que se tornou capitão-geral do Rio no século 18). Mello Morais pai e Mello Morais filho eram, respectivamente, alagoano e baiano. Morales de Los Ríos, sevilhano. Brasil Gerson, catarinense. Canabrava Barreiros, mineiro. Como também de fora é Nireu Oliveira Cavalcanti, nosso mais importante historiador na atualidade, autor do já clássico "Rio de Janeiro Setecentista". Nireu acaba de lançar mais uma obra: "Rio de Janeiro: Centro Histórico Colonial (1567-2015)" [Andrea Jakobson Estúdio/Faperj, 148 págs., R$ 90]. Em nota de agradecimento, escreve: "Dedico este trabalho àqueles que acolheram a mim e a minha família, vinda em 1962 da distante Maceió para a grande metrópole carioca". Apesar do formato grande, é livro ideal para ter à mão em caminhadas, ao estilo "flâneur", no velho Centro. Ilustrado com reproduções de pinturas, fotos antigas e desenhos do autor, reúne 148 verbetes com a história dos nossos logradouros. Um mapa apresenta, em traços pretos, o Rio da Colônia, ainda com os morros do Senado e do Castelo, em contraste com o atual, onde se evidencia o quanto a cidade avançou em aterros sobre a Baía de Guanabara. É, ainda, um guia de nomes antigos deliciosos. Em geral a primeira denominação dada a um local consistia numa descrição: Desvio do Mar era a rua do Ouvidor, por exemplo. O nome da edificação mais significativa também valia: a rua da Cadeia era a que é, hoje, a rua da Assembleia (no caso, o leitor pode fazer as ilações que quiser). As profissões ou o tipo de comércio batizaram, igualmente, muitos logradouros: ainda estão valendo a rua da Quitanda e o beco dos Barbeiros. Ou mesmo um fato pitoresco ou marcante: a Matacavalos, onde Bentinho conheceu Capitu no romance de Machado de Assis, era o nome da atual rua do Riachuelo, na Lapa; e a Mataporcos, a principal via do bairro do Estácio. LENDA URBANA O inventário urbano de Nireu Cavalcanti é fruto de uma pesquisa iniciada há mais de 20 anos. Nele, o historiador destrói algumas lendas. Não procede, segundo ele, que um trecho da rua da Quitanda chamou-se no passado rua do Sucussarará pelo fato de ali ter residido um médico especialista em curar doenças do reto. O mais provável é que o nome se deva a um brejo onde viviam aves de penas vermelhas chamadas pelos índios de socó-sarará, daí a corruptela. O PORTUGUÊS DO FERREIRA Martinho da Vila –ou o Ferreira, como é conhecido na intimidade do samba– nasceu em Duas Barras (RJ). Ainda criança foi morar na Serra do Mateus ou Serra dos Pretos Forros, na Boca do Mato, antigo bairro que o grande Méier engoliu. Foi ali que Martinho pegou o jeitão peculiar de compor e sobretudo de cantar –devagar, quase parando. Consagrado como compositor popular, Martinho danou-se a escrever livros. Já publicou 14, candidatou-se à Academia Brasileira de Letras e, num castigo severo demais, não recebeu nenhum voto. A prima pobre da instituição, a Academia Carioca de Letras, o acolheu. Sua obra literária guia-se pela noção um tanto abstrata da lusofonia. Para homenageá-lo, a cantora Ana Costa escolheu, na música, o que ela entendeu como essa identidade cultural entre regiões falantes da língua portuguesa. O resultado é "Pelos Caminhos do Som" [Biscoito Fino, R$ 19,90 em CD; a versão "deluxe", com quatro faixas extra, pode ser ouvida no Spotify]. É um disco ótimo, que escapa à camisa de força do formato tributo. Desde a primeira faixa, que recupera "Semba dos Ancestrais", uma antiga parceira com Rosinha de Valença, é como se estivéssemos de volta aos tempos da Serra do Mateus. OLHA A CHUVA! Não chega a ser uma grande tradição. Mas há, sim, festa junina nestas plagas. Alguns arraiais são excelentes, principalmente nos subúrbios, onde servem até aquela bebida intragável, o quentão. Este mês vai ter quadrilha no trecho conhecido como Beco das Sardinhas (pela oferta de "frangos marítimos") da rua Miguel Couto, no Centro, aos domingos, das 10h às 22h. Neste, dia 19, apresenta-se o Trio Pimenteira, tocando Luiz Gonzaga; no dia 26, o coletivo Quermesse, com atividades de música, artes visuais e culinária. Olha a cobra! É mentira! ALVARO COSTA E SILVA, o Marechal, 53, é autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro" (Casarão do Verbo).
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As ruas de Nireu e a lusofonia de Martinho no Rio de JaneiroAlguns dos melhores historiadores do Rio não nasceram aqui. Tem a ver com a característica da cidade de não distinguir seus habitantes pela origem. Em aqui chegando e gostando, você vira um carioca de truz, como se dizia no tempo do Onça. (Esse Onça, aliás, foi um português que se tornou capitão-geral do Rio no século 18). Mello Morais pai e Mello Morais filho eram, respectivamente, alagoano e baiano. Morales de Los Ríos, sevilhano. Brasil Gerson, catarinense. Canabrava Barreiros, mineiro. Como também de fora é Nireu Oliveira Cavalcanti, nosso mais importante historiador na atualidade, autor do já clássico "Rio de Janeiro Setecentista". Nireu acaba de lançar mais uma obra: "Rio de Janeiro: Centro Histórico Colonial (1567-2015)" [Andrea Jakobson Estúdio/Faperj, 148 págs., R$ 90]. Em nota de agradecimento, escreve: "Dedico este trabalho àqueles que acolheram a mim e a minha família, vinda em 1962 da distante Maceió para a grande metrópole carioca". Apesar do formato grande, é livro ideal para ter à mão em caminhadas, ao estilo "flâneur", no velho Centro. Ilustrado com reproduções de pinturas, fotos antigas e desenhos do autor, reúne 148 verbetes com a história dos nossos logradouros. Um mapa apresenta, em traços pretos, o Rio da Colônia, ainda com os morros do Senado e do Castelo, em contraste com o atual, onde se evidencia o quanto a cidade avançou em aterros sobre a Baía de Guanabara. É, ainda, um guia de nomes antigos deliciosos. Em geral a primeira denominação dada a um local consistia numa descrição: Desvio do Mar era a rua do Ouvidor, por exemplo. O nome da edificação mais significativa também valia: a rua da Cadeia era a que é, hoje, a rua da Assembleia (no caso, o leitor pode fazer as ilações que quiser). As profissões ou o tipo de comércio batizaram, igualmente, muitos logradouros: ainda estão valendo a rua da Quitanda e o beco dos Barbeiros. Ou mesmo um fato pitoresco ou marcante: a Matacavalos, onde Bentinho conheceu Capitu no romance de Machado de Assis, era o nome da atual rua do Riachuelo, na Lapa; e a Mataporcos, a principal via do bairro do Estácio. LENDA URBANA O inventário urbano de Nireu Cavalcanti é fruto de uma pesquisa iniciada há mais de 20 anos. Nele, o historiador destrói algumas lendas. Não procede, segundo ele, que um trecho da rua da Quitanda chamou-se no passado rua do Sucussarará pelo fato de ali ter residido um médico especialista em curar doenças do reto. O mais provável é que o nome se deva a um brejo onde viviam aves de penas vermelhas chamadas pelos índios de socó-sarará, daí a corruptela. O PORTUGUÊS DO FERREIRA Martinho da Vila –ou o Ferreira, como é conhecido na intimidade do samba– nasceu em Duas Barras (RJ). Ainda criança foi morar na Serra do Mateus ou Serra dos Pretos Forros, na Boca do Mato, antigo bairro que o grande Méier engoliu. Foi ali que Martinho pegou o jeitão peculiar de compor e sobretudo de cantar –devagar, quase parando. Consagrado como compositor popular, Martinho danou-se a escrever livros. Já publicou 14, candidatou-se à Academia Brasileira de Letras e, num castigo severo demais, não recebeu nenhum voto. A prima pobre da instituição, a Academia Carioca de Letras, o acolheu. Sua obra literária guia-se pela noção um tanto abstrata da lusofonia. Para homenageá-lo, a cantora Ana Costa escolheu, na música, o que ela entendeu como essa identidade cultural entre regiões falantes da língua portuguesa. O resultado é "Pelos Caminhos do Som" [Biscoito Fino, R$ 19,90 em CD; a versão "deluxe", com quatro faixas extra, pode ser ouvida no Spotify]. É um disco ótimo, que escapa à camisa de força do formato tributo. Desde a primeira faixa, que recupera "Semba dos Ancestrais", uma antiga parceira com Rosinha de Valença, é como se estivéssemos de volta aos tempos da Serra do Mateus. OLHA A CHUVA! Não chega a ser uma grande tradição. Mas há, sim, festa junina nestas plagas. Alguns arraiais são excelentes, principalmente nos subúrbios, onde servem até aquela bebida intragável, o quentão. Este mês vai ter quadrilha no trecho conhecido como Beco das Sardinhas (pela oferta de "frangos marítimos") da rua Miguel Couto, no Centro, aos domingos, das 10h às 22h. Neste, dia 19, apresenta-se o Trio Pimenteira, tocando Luiz Gonzaga; no dia 26, o coletivo Quermesse, com atividades de música, artes visuais e culinária. Olha a cobra! É mentira! ALVARO COSTA E SILVA, o Marechal, 53, é autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro" (Casarão do Verbo).
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EUA atraem turistas com inúmeras possibilidades de viagem em um só território
GIULIANA VALLONE DE SÃO PAULO Levar as crianças a Disney, conhecer Nova York, fazer compras em Miami, aproveitar as praias da Califórnia, apostar nos cassinos de Las Vegas, ver de perto o inacreditável Grand Canyon. É difícil fugir dos clichês ao falar de viagens para os Estados Unidos. Mas, vá por mim, mesmo considerando suas preferências pessoais, a maioria deles -para não dizer todos- vale a pena. E ainda há infinitas possibilidades, aquelas que não estão entre os destinos mais procurados pelos brasileiros, mas que você não deveria perder (mais sobre elas no box ao lado). Por isso, é impossível viajar ao país uma vez só. E, mesmo para quem já esteve em terras norte-americanas algumas vezes, sempre há mais alguma coisa para explorar. Com um passeio para cada gosto dentro de um só território, não é de surpreender que os Estados Unidos tenham sido eleitos pelos paulistanos das classes A e B o melhor país para se viajar, com 25%, à frente de Brasil (16%), Itália (8%) e outros. A preferência dos brasileiros pelo destino é comprovada pelo fluxo de turistas, monitorado pelo Departamento de Comércio norte-americano: somos a quinta nação no ranking de visitantes internacionais nos EUA (que não considera Canadá e México). Em 2015, foram 2,22 milhões de turistas do Brasil, um pouco abaixo dos 2,26 milhões registrados no ano anterior. A queda, de 2%, pode ser atribuída à forte valorização do dólar no período, que encareceu a viagem. Mas ainda é pequena, o que mostra que a maioria dos brasileiros não desanimou. E nem espera-se que desanimem. A NYC & Company, empresa de turismo e marketing de Nova York, por exemplo, estima que o número de visitantes nacionais aumente em 2016, para 948 mil (no ano passado, foram 926 mil). A cidade, na Costa Leste dos EUA, é o segundo destino internacional mais procurado pelos brasileiros, de acordo com uma pesquisa anual do site Hoteis.com. Fica atrás de Orlando e à frente de Miami, ambas na Flórida. Ao todo, são oito cidades norte-americanas no ranking, que lista 20 ao todo. Com tantas opções, basta escolher que tipo de viagem fazer desta vez: visitar uma ou mais localidades, usar carro ou avião, levar a família ou os amigos. Os Estados Unidos estão esperando por você. * Para fugir do clichê 1. O 'COOL' ALÉM DE NOVA YORK Se você já conheceu a 'Big Apple' mas busca efervescência cultural, procure por Austin, no Texas, sede do festival mais popular do momento, o SXSW (South By Southwest), e Portland (Oregon), moderna e cheia de cervejarias artesanais. Também são ótimas opções de passeio Seattle (Washington) e New Orleans (Lousiana) 2. GOSTA DE MONTANHA? Pois saiba que, além do conhecido Grand Canyon, há diversos parques nacionais com paisagens tão estonteantes quanto. O Yellowstone se estende por três Estados e encanta com seus gêiseres de águas multicoloridas. Busque ainda o Glacier Bay (Alaska), o Zion National Park (Utah) e o Yosemite, na Califórnia 3. O HAVAÍ SEJA AQUI Os Beach Boys deixaram o mundo sonhando as praias da Califórnia, mas há alegria em outras águas. O Havaí é repleto de lugares paradisíacos, como Waimanalo e Hanauma Bay. Na Costa Leste, dê uma olhada em Cape Cod (Massachusetts) e Cape Hatteras, na Carolina do Norte, onde está o mais alto (e famoso) farol do país * QUEM LEVA TOP BRASIL A partir de US$ 1.400, com aéreo e quatro noites em Nova York topbrasiltur.com.br | Tel. 5576-6300 ABREUTUR A partir de US$ 1.160 com aéreo, quatro noites em Las Vegas, city tour, Cirque du Soleil e traslados abreutur.com.br | Tel. 3702-1840 TERESA PEREZ A partir de US$ 1.163, só terrestre com quatro noites em Miami teresaperez.com.br | Tel. 3799-4000
saopaulo
EUA atraem turistas com inúmeras possibilidades de viagem em um só territórioGIULIANA VALLONE DE SÃO PAULO Levar as crianças a Disney, conhecer Nova York, fazer compras em Miami, aproveitar as praias da Califórnia, apostar nos cassinos de Las Vegas, ver de perto o inacreditável Grand Canyon. É difícil fugir dos clichês ao falar de viagens para os Estados Unidos. Mas, vá por mim, mesmo considerando suas preferências pessoais, a maioria deles -para não dizer todos- vale a pena. E ainda há infinitas possibilidades, aquelas que não estão entre os destinos mais procurados pelos brasileiros, mas que você não deveria perder (mais sobre elas no box ao lado). Por isso, é impossível viajar ao país uma vez só. E, mesmo para quem já esteve em terras norte-americanas algumas vezes, sempre há mais alguma coisa para explorar. Com um passeio para cada gosto dentro de um só território, não é de surpreender que os Estados Unidos tenham sido eleitos pelos paulistanos das classes A e B o melhor país para se viajar, com 25%, à frente de Brasil (16%), Itália (8%) e outros. A preferência dos brasileiros pelo destino é comprovada pelo fluxo de turistas, monitorado pelo Departamento de Comércio norte-americano: somos a quinta nação no ranking de visitantes internacionais nos EUA (que não considera Canadá e México). Em 2015, foram 2,22 milhões de turistas do Brasil, um pouco abaixo dos 2,26 milhões registrados no ano anterior. A queda, de 2%, pode ser atribuída à forte valorização do dólar no período, que encareceu a viagem. Mas ainda é pequena, o que mostra que a maioria dos brasileiros não desanimou. E nem espera-se que desanimem. A NYC & Company, empresa de turismo e marketing de Nova York, por exemplo, estima que o número de visitantes nacionais aumente em 2016, para 948 mil (no ano passado, foram 926 mil). A cidade, na Costa Leste dos EUA, é o segundo destino internacional mais procurado pelos brasileiros, de acordo com uma pesquisa anual do site Hoteis.com. Fica atrás de Orlando e à frente de Miami, ambas na Flórida. Ao todo, são oito cidades norte-americanas no ranking, que lista 20 ao todo. Com tantas opções, basta escolher que tipo de viagem fazer desta vez: visitar uma ou mais localidades, usar carro ou avião, levar a família ou os amigos. Os Estados Unidos estão esperando por você. * Para fugir do clichê 1. O 'COOL' ALÉM DE NOVA YORK Se você já conheceu a 'Big Apple' mas busca efervescência cultural, procure por Austin, no Texas, sede do festival mais popular do momento, o SXSW (South By Southwest), e Portland (Oregon), moderna e cheia de cervejarias artesanais. Também são ótimas opções de passeio Seattle (Washington) e New Orleans (Lousiana) 2. GOSTA DE MONTANHA? Pois saiba que, além do conhecido Grand Canyon, há diversos parques nacionais com paisagens tão estonteantes quanto. O Yellowstone se estende por três Estados e encanta com seus gêiseres de águas multicoloridas. Busque ainda o Glacier Bay (Alaska), o Zion National Park (Utah) e o Yosemite, na Califórnia 3. O HAVAÍ SEJA AQUI Os Beach Boys deixaram o mundo sonhando as praias da Califórnia, mas há alegria em outras águas. O Havaí é repleto de lugares paradisíacos, como Waimanalo e Hanauma Bay. Na Costa Leste, dê uma olhada em Cape Cod (Massachusetts) e Cape Hatteras, na Carolina do Norte, onde está o mais alto (e famoso) farol do país * QUEM LEVA TOP BRASIL A partir de US$ 1.400, com aéreo e quatro noites em Nova York topbrasiltur.com.br | Tel. 5576-6300 ABREUTUR A partir de US$ 1.160 com aéreo, quatro noites em Las Vegas, city tour, Cirque du Soleil e traslados abreutur.com.br | Tel. 3702-1840 TERESA PEREZ A partir de US$ 1.163, só terrestre com quatro noites em Miami teresaperez.com.br | Tel. 3799-4000
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Oliver Sacks remonta tradições judaicas de sua infância em texto
Oliver Sacks, neurologista e autor de livros como "Um Antropólogo em Marte", morreu neste domingo em sua casa em Nova York, aos 82 anos, de câncer. Sacks ficou conhecido por livros de divulgação científica nos quais tratou de problemas neurológicos com base em casos reais de seus pacientes. Neste texto –último escrito pela autor, no dia 06 de agosto, para o "NYT"–, ele rememora as tradições judaicas ortodoxas em que cresceu, sobretudo a do shabat, o dia do descanso. O médico neurologista e escritor repassa sua vida à luz das tradições das quais se afastou, por temor ao preconceito subjacente à religião, e de como recentemente havia reencontrado a paz da infância. * O SÉTIMO DIA DA SEMANA, OU DA VIDA Minha mãe e seus 17 irmãos tiveram criação ortodoxa; todas as fotos do pai deles o mostram usando um quipá, e me contaram que ele acordava se o quipá caía de sua cabeça à noite. Meu pai também era de família ortodoxa. Meu pai e minha mãe tinham muita consciência do quarto mandamento ("Lembrarás e respeitarás o dia do shabat"), e o shabat (ou "shabbos", como dizíamos à nossa moda lituana) era completamente diferente do resto da semana. Não era permitido qualquer tipo de trabalho, não se podia dirigir carro ou usar o telefone; era proibido acender uma luz ou o fogão. Sendo médicos, meus pais faziam exceções. Eles não podiam tirar o telefone do gancho ou evitar completamente a possibilidade de dirigir: precisavam estar disponíveis para atender pacientes, se fosse preciso, para operar ou fazer partos. Vivíamos numa comunidade judaica bastante ortodoxa em Crickle- wood, na zona noroeste de Londres. O açougueiro, o padeiro, a mercearia, a quitanda, a peixaria, todos fechavam suas portas para o shabat e não as reabriam até a manhã do domingo. Todos eles e também nossos vizinhos, imaginávamos, deviam festejar o "shabbos" mais ou menos como nós. Por volta do meio-dia da sexta-feira, minha mãe se despia da identidade e roupa de cirurgiã e se dedicava a preparar "gefilte fish" e outras iguarias para o "shabbos". Logo antes do anoitecer ela acendia as velas rituais, murmurando uma prece com as mãos em volta das chamas. Todos nós vestíamos roupas limpas e nos reuníamos para a primeira refeição do shabat. Meu pai erguia seu cálice de prata de vinho e cantava as bênçãos e o "kiddush". Depois da refeição, ele nos liderava na prece de agradecimento pelos alimentos. Na manhã do sábado, meus três irmãos e eu seguíamos nossos pais até a sinagoga de Cricklewood, na Walm Lane. Era uma "shul" (sinagoga) enorme, construída nos anos 1930 para receber parte do êxodo de judeus vindos do East End na época. Quando eu era menino, a "shul" vivia lotada, e todos tínhamos nossos lugares designados, os homens no térreo e as mulheres –minha mãe, diversas tias e primas– no andar de cima; quando eu era garotinho, às vezes acenava para elas durante o serviço religioso. Embora eu não entendesse o hebraico do livro de orações, adorava o som do idioma e apreciava especialmente ouvir as velhas orações medievais sendo cantadas, lideradas por nosso "hazan" maravilhosamente musical. Depois do serviço religioso, todos nos encontrávamos e conversávamos diante da sinagoga. Geralmente caminhávamos de lá até a casa de minha tia Florrie e seus três filhos, para dizer um "kiddush", acompanhado por vinho tinto e pãezinhos de mel, justamente o suficiente para estimular nossos apetites para o almoço. Depois de um almoço frio em casa –"gefilte fish", salmão poché, gelatina de beterraba–, as tardes de sábado, se não fossem interrompidas por ligações médicas de emergência a meus pais, eram dedicadas a visitas de família. Tios, tias e primos nos visitavam para tomar o chá da tarde, ou nós os visitávamos; todos morávamos perto uns dos outros, a distâncias que podiam ser percorridas a pé. A Segunda Guerra dizimou nossa comunidade em Cricklewood, e a comunidade judaica na Inglaterra como um todo perderia milhares de pessoas nos anos do pós-Guerra. Muitos judeus, incluindo primos meus, emigraram para Israel; outros para a Austrália, o Canadá ou os Estados Unidos; meu irmão mais velho, Marcus, se mudou para a Austrália em 1950. Muitos dos que ficaram assimilaram ou adotaram formas diluídas e atenuadas de judaísmo. Nossa sinagoga antes lotada foi ficando mais vazia a cada ano. Cantei minha parte no meu bar-mitzvá em 1946 diante da sinagoga relativamente cheia, incluindo várias dezenas de parentes meus, mas, para mim, isso marcou o fim da prática judaica formal. Eu não aderi aos deveres rituais de um judeu adulto e fui ficando mais indiferente aos hábitos e crenças de meus pais, ainda que não tenha havido um ponto de ruptura até meus 18 anos. Foi então que meu pai, perguntando sobre meus sentimentos sexuais, me obrigou a admitir que eu gostava de meninos. "Nunca fiz nada", disse. "É só um sentimento. Mas não conte à mamãe. Ela não vai aceitar." Mas ele contou e, na manhã seguinte, ela desceu com uma expressão de horror no rosto e gritou comigo: "Você é uma abominação. Eu queria que você nunca tivesse nascido". (Sem dúvida pensando no versículo do Levítico que diz: "Quando também um homem se deitar com outro homem como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue é sobre eles".) O assunto nunca voltou à baila, mas as palavras de minha mãe me fizeram odiar a capacidade de preconceito e crueldade da religião. Depois de me formar médico, em 1960, abandonei abruptamente a Inglaterra, a família e a comunidade que tinha ali e fui para o Novo Mundo, onde não conhecia ninguém. Quando me mudei para Los Angeles, encontrei uma espécie de comunidade entre os levantadores de peso de Muscle Beach e também com meus colegas residentes de neurologia na UCLA, mas eu ansiava por algum vínculo mais profundo –algum "sentido"– em minha vida, e acho que foi a ausência disso que me levou à dependência quase suicida de anfetaminas na década de 1960. Minha recuperação começou, lentamente, quando encontrei trabalho em Nova York, num hospital para doentes crônicos no Bronx (o Mount Carmel, sobre o qual escrevi em "Tempo de Despertar"). Meus pacientes me fascinavam, me preocupava muito com eles e sentia quase como uma missão relatar suas histórias –relatos de situações virtualmente desconhecidas do grande público e, de fato, de muitos de meus colegas, histórias quase inimagináveis. Eu tinha descoberto minha vocação, e mergulhei nela obstinada e concentradamente, com pouco incentivo de meus colegas. Quase sem ter consciência disso, me tornei contador de histórias numa época em que a narrativa médica estava quase extinta. Isso não me dissuadiu, pois eu sentia que minhas raízes estavam nos grandes estudos de caso neurológicos do século 19 (e eu me sentia incentivado nisso pelo grande neuropsicólogo russo A. R. Luria). Era uma vida solitária, mas imensamente satisfatória, quase monacal, que eu levaria por muitos anos. Nos anos 1990, conheci um primo meu, Robert John Aumann, homem de aparência notável, com porte atlético e forte e longa barba branca que o fazia parecer um sábio idoso, mesmo aos 60. Ele é um homem dotado de grande poder intelectual, mas também de grande calor humano e ternura, além de um engajamento religioso profundo –na verdade, "engajamento" é uma de suas palavras favoritas. Embora ele defenda a racionalidade na economia e nos assuntos humanos, para ele não há conflito entre razão e fé. Ele insistiu que eu tivesse uma mezuzá sobre minha porta e me trouxe uma de Israel. "Sei que não acredita, mas deveria ter uma ainda assim", falou. Eu não me opus. Em uma entrevista notável de 2004, Robert John falou de seu trabalho com matemática e a teoria dos jogos mas também de sua família, de como costumava esquiar e escalar montanhas com alguns de seus quase 30 filhos e netos (um cozinheiro kosher os acompanhava, levando panelas) e da importância do shabat para eles. "A observância do shabat é muito bela", ele disse, "e é impossível sem ser religioso. Não se trata sequer de melhorar a sociedade –é uma questão de melhorar nossa própria qualidade de vida." Em dezembro de 2005, Robert John recebeu um Prêmio Nobel por seus 50 anos de trabalho fundamental para a matemática. Ele não foi um convidado muito fácil para o comitê do Nobel, pois foi a Estocolmo com sua família, incluindo muitos dos filhos e netos, e todos tiveram que ter pratos, utensílios e alimentos kosher, além de roupas formais especiais, sem misturas biblicamente proibidas de lã e linho. Naquele mesmo mês descobri um câncer em um olho e, enquanto estava internado para tratamento, no mês seguinte, Robert John foi me visitar. Ele contou muitas histórias divertidas sobre o Nobel e a cerimônia em Estocolmo, mas fez questão de dizer que, se tivesse sido obrigado a viajar num sábado, teria recusado o prêmio. Seu compromisso com o shabat, com sua paz e sua distância absoluta das questões mundanas, teria pesado mais até que um Prêmio Nobel. Em 1955, aos 22 anos, fui a Israel por vários meses para trabalhar num kibutz, e, embora tenha gostado, decidi não voltar. Apesar de muitos de meus primos terem se mudado para lá, a política do Oriente Médio me perturbava, e eu desconfiava de que me sentiria deslocado em uma sociedade tão religiosa. Mas, na primavera de 2014, quando soube que minha prima Marjorie –uma protegida de minha mãe que, médica como ela, tinha trabalhado até os 98 anos– estava perto da morte, telefonei para ela, lá em Jerusalém, para me despedir. Sua voz soou inesperadamente forte, o sotaque parecido ao de minha mãe. "Não pretendo morrer agora", disse. "Faço cem anos em 18 de junho. Você vem?" "Sim, é claro!", disse. Quando desliguei, percebi que, em segundos, tinha revertido uma decisão tomada quase 60 anos antes. Foi uma visita puramente familiar. Comemorei o 100º aniversário de Marjorie com ela e sua família extensa. Vi dois outros primos que me foram caros em meus tempos de Londres, inúmeros primos de segundo grau ou mais distantes e, é claro, Robert John. Senti-me abraçado por minha família como desde a infância não sentia. Eu tinha tido certo receio de visitar minha família ortodoxa com meu namorado, Billy –as palavras de minha mãe ainda ecoavam em minha cabeça–, mas ele também foi recebido calorosamente. Ficou muito claro quanto as atitudes tinham mudado, mesmo entre os ortodoxos, quando Robert John convidou Billy e eu para dividir a refeição inicial do shabat com ele e sua família. A paz do shabat, de um mundo que para, de um tempo fora do tempo, era palpável; tudo se embebia dela, e eu me senti dominado pela saudade e me vi perguntando "e se": e se A, B e C tivessem sido diferentes? Que tipo de pessoa eu poderia ter sido? Que tipo de vida poderia ter vivido? Em dezembro de 2014, completei minha autobiografia, "Sempre em Movimento", e entreguei o manuscrito ao meu editor, sem ter ideia de que dias mais tarde eu descobriria que tinha câncer metastático, resultante do melanoma que tivera em meu olho nove anos antes. Fico feliz por ter conseguido concluir meu livro de memórias sem ter conhecimento disso e de, pela primeira vez na vida, ter conseguido fazer uma declaração plena e franca de minha sexualidade, enfrentando o mundo abertamente, sem mais culpa e segredos trancados dentro de mim. Em fevereiro senti que precisava ser igualmente aberto em relação a meu câncer e ao fato de estar diante da morte. Eu estava no hospital quando meu ensaio sobre isso, "Minha Vida", foi publicado no "New York Times". Em julho escrevi outro texto para o jornal, "Minha Tabela Periódica", em que o cosmos físico e os elementos que eu amava ganharam vida própria. Agora, enfraquecido, com falta de ar, com meus músculos antes firmes desgastados pelo câncer, vejo meus pensamentos centrados cada vez mais não no sobrenatural ou espiritual, mas no que significa viver uma vida boa e que valha a pena –conquistar um sentimento de estar em paz comigo mesmo. Percebo meus pensamentos vagando em direção ao shabat, o dia do descanso, o sétimo dia da semana e, quem sabe, também o sétimo dia de nossas vidas, em que podemos sentir que nosso trabalho foi feito e que já podemos descansar com a consciência tranquila.
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Oliver Sacks remonta tradições judaicas de sua infância em textoOliver Sacks, neurologista e autor de livros como "Um Antropólogo em Marte", morreu neste domingo em sua casa em Nova York, aos 82 anos, de câncer. Sacks ficou conhecido por livros de divulgação científica nos quais tratou de problemas neurológicos com base em casos reais de seus pacientes. Neste texto –último escrito pela autor, no dia 06 de agosto, para o "NYT"–, ele rememora as tradições judaicas ortodoxas em que cresceu, sobretudo a do shabat, o dia do descanso. O médico neurologista e escritor repassa sua vida à luz das tradições das quais se afastou, por temor ao preconceito subjacente à religião, e de como recentemente havia reencontrado a paz da infância. * O SÉTIMO DIA DA SEMANA, OU DA VIDA Minha mãe e seus 17 irmãos tiveram criação ortodoxa; todas as fotos do pai deles o mostram usando um quipá, e me contaram que ele acordava se o quipá caía de sua cabeça à noite. Meu pai também era de família ortodoxa. Meu pai e minha mãe tinham muita consciência do quarto mandamento ("Lembrarás e respeitarás o dia do shabat"), e o shabat (ou "shabbos", como dizíamos à nossa moda lituana) era completamente diferente do resto da semana. Não era permitido qualquer tipo de trabalho, não se podia dirigir carro ou usar o telefone; era proibido acender uma luz ou o fogão. Sendo médicos, meus pais faziam exceções. Eles não podiam tirar o telefone do gancho ou evitar completamente a possibilidade de dirigir: precisavam estar disponíveis para atender pacientes, se fosse preciso, para operar ou fazer partos. Vivíamos numa comunidade judaica bastante ortodoxa em Crickle- wood, na zona noroeste de Londres. O açougueiro, o padeiro, a mercearia, a quitanda, a peixaria, todos fechavam suas portas para o shabat e não as reabriam até a manhã do domingo. Todos eles e também nossos vizinhos, imaginávamos, deviam festejar o "shabbos" mais ou menos como nós. Por volta do meio-dia da sexta-feira, minha mãe se despia da identidade e roupa de cirurgiã e se dedicava a preparar "gefilte fish" e outras iguarias para o "shabbos". Logo antes do anoitecer ela acendia as velas rituais, murmurando uma prece com as mãos em volta das chamas. Todos nós vestíamos roupas limpas e nos reuníamos para a primeira refeição do shabat. Meu pai erguia seu cálice de prata de vinho e cantava as bênçãos e o "kiddush". Depois da refeição, ele nos liderava na prece de agradecimento pelos alimentos. Na manhã do sábado, meus três irmãos e eu seguíamos nossos pais até a sinagoga de Cricklewood, na Walm Lane. Era uma "shul" (sinagoga) enorme, construída nos anos 1930 para receber parte do êxodo de judeus vindos do East End na época. Quando eu era menino, a "shul" vivia lotada, e todos tínhamos nossos lugares designados, os homens no térreo e as mulheres –minha mãe, diversas tias e primas– no andar de cima; quando eu era garotinho, às vezes acenava para elas durante o serviço religioso. Embora eu não entendesse o hebraico do livro de orações, adorava o som do idioma e apreciava especialmente ouvir as velhas orações medievais sendo cantadas, lideradas por nosso "hazan" maravilhosamente musical. Depois do serviço religioso, todos nos encontrávamos e conversávamos diante da sinagoga. Geralmente caminhávamos de lá até a casa de minha tia Florrie e seus três filhos, para dizer um "kiddush", acompanhado por vinho tinto e pãezinhos de mel, justamente o suficiente para estimular nossos apetites para o almoço. Depois de um almoço frio em casa –"gefilte fish", salmão poché, gelatina de beterraba–, as tardes de sábado, se não fossem interrompidas por ligações médicas de emergência a meus pais, eram dedicadas a visitas de família. Tios, tias e primos nos visitavam para tomar o chá da tarde, ou nós os visitávamos; todos morávamos perto uns dos outros, a distâncias que podiam ser percorridas a pé. A Segunda Guerra dizimou nossa comunidade em Cricklewood, e a comunidade judaica na Inglaterra como um todo perderia milhares de pessoas nos anos do pós-Guerra. Muitos judeus, incluindo primos meus, emigraram para Israel; outros para a Austrália, o Canadá ou os Estados Unidos; meu irmão mais velho, Marcus, se mudou para a Austrália em 1950. Muitos dos que ficaram assimilaram ou adotaram formas diluídas e atenuadas de judaísmo. Nossa sinagoga antes lotada foi ficando mais vazia a cada ano. Cantei minha parte no meu bar-mitzvá em 1946 diante da sinagoga relativamente cheia, incluindo várias dezenas de parentes meus, mas, para mim, isso marcou o fim da prática judaica formal. Eu não aderi aos deveres rituais de um judeu adulto e fui ficando mais indiferente aos hábitos e crenças de meus pais, ainda que não tenha havido um ponto de ruptura até meus 18 anos. Foi então que meu pai, perguntando sobre meus sentimentos sexuais, me obrigou a admitir que eu gostava de meninos. "Nunca fiz nada", disse. "É só um sentimento. Mas não conte à mamãe. Ela não vai aceitar." Mas ele contou e, na manhã seguinte, ela desceu com uma expressão de horror no rosto e gritou comigo: "Você é uma abominação. Eu queria que você nunca tivesse nascido". (Sem dúvida pensando no versículo do Levítico que diz: "Quando também um homem se deitar com outro homem como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue é sobre eles".) O assunto nunca voltou à baila, mas as palavras de minha mãe me fizeram odiar a capacidade de preconceito e crueldade da religião. Depois de me formar médico, em 1960, abandonei abruptamente a Inglaterra, a família e a comunidade que tinha ali e fui para o Novo Mundo, onde não conhecia ninguém. Quando me mudei para Los Angeles, encontrei uma espécie de comunidade entre os levantadores de peso de Muscle Beach e também com meus colegas residentes de neurologia na UCLA, mas eu ansiava por algum vínculo mais profundo –algum "sentido"– em minha vida, e acho que foi a ausência disso que me levou à dependência quase suicida de anfetaminas na década de 1960. Minha recuperação começou, lentamente, quando encontrei trabalho em Nova York, num hospital para doentes crônicos no Bronx (o Mount Carmel, sobre o qual escrevi em "Tempo de Despertar"). Meus pacientes me fascinavam, me preocupava muito com eles e sentia quase como uma missão relatar suas histórias –relatos de situações virtualmente desconhecidas do grande público e, de fato, de muitos de meus colegas, histórias quase inimagináveis. Eu tinha descoberto minha vocação, e mergulhei nela obstinada e concentradamente, com pouco incentivo de meus colegas. Quase sem ter consciência disso, me tornei contador de histórias numa época em que a narrativa médica estava quase extinta. Isso não me dissuadiu, pois eu sentia que minhas raízes estavam nos grandes estudos de caso neurológicos do século 19 (e eu me sentia incentivado nisso pelo grande neuropsicólogo russo A. R. Luria). Era uma vida solitária, mas imensamente satisfatória, quase monacal, que eu levaria por muitos anos. Nos anos 1990, conheci um primo meu, Robert John Aumann, homem de aparência notável, com porte atlético e forte e longa barba branca que o fazia parecer um sábio idoso, mesmo aos 60. Ele é um homem dotado de grande poder intelectual, mas também de grande calor humano e ternura, além de um engajamento religioso profundo –na verdade, "engajamento" é uma de suas palavras favoritas. Embora ele defenda a racionalidade na economia e nos assuntos humanos, para ele não há conflito entre razão e fé. Ele insistiu que eu tivesse uma mezuzá sobre minha porta e me trouxe uma de Israel. "Sei que não acredita, mas deveria ter uma ainda assim", falou. Eu não me opus. Em uma entrevista notável de 2004, Robert John falou de seu trabalho com matemática e a teoria dos jogos mas também de sua família, de como costumava esquiar e escalar montanhas com alguns de seus quase 30 filhos e netos (um cozinheiro kosher os acompanhava, levando panelas) e da importância do shabat para eles. "A observância do shabat é muito bela", ele disse, "e é impossível sem ser religioso. Não se trata sequer de melhorar a sociedade –é uma questão de melhorar nossa própria qualidade de vida." Em dezembro de 2005, Robert John recebeu um Prêmio Nobel por seus 50 anos de trabalho fundamental para a matemática. Ele não foi um convidado muito fácil para o comitê do Nobel, pois foi a Estocolmo com sua família, incluindo muitos dos filhos e netos, e todos tiveram que ter pratos, utensílios e alimentos kosher, além de roupas formais especiais, sem misturas biblicamente proibidas de lã e linho. Naquele mesmo mês descobri um câncer em um olho e, enquanto estava internado para tratamento, no mês seguinte, Robert John foi me visitar. Ele contou muitas histórias divertidas sobre o Nobel e a cerimônia em Estocolmo, mas fez questão de dizer que, se tivesse sido obrigado a viajar num sábado, teria recusado o prêmio. Seu compromisso com o shabat, com sua paz e sua distância absoluta das questões mundanas, teria pesado mais até que um Prêmio Nobel. Em 1955, aos 22 anos, fui a Israel por vários meses para trabalhar num kibutz, e, embora tenha gostado, decidi não voltar. Apesar de muitos de meus primos terem se mudado para lá, a política do Oriente Médio me perturbava, e eu desconfiava de que me sentiria deslocado em uma sociedade tão religiosa. Mas, na primavera de 2014, quando soube que minha prima Marjorie –uma protegida de minha mãe que, médica como ela, tinha trabalhado até os 98 anos– estava perto da morte, telefonei para ela, lá em Jerusalém, para me despedir. Sua voz soou inesperadamente forte, o sotaque parecido ao de minha mãe. "Não pretendo morrer agora", disse. "Faço cem anos em 18 de junho. Você vem?" "Sim, é claro!", disse. Quando desliguei, percebi que, em segundos, tinha revertido uma decisão tomada quase 60 anos antes. Foi uma visita puramente familiar. Comemorei o 100º aniversário de Marjorie com ela e sua família extensa. Vi dois outros primos que me foram caros em meus tempos de Londres, inúmeros primos de segundo grau ou mais distantes e, é claro, Robert John. Senti-me abraçado por minha família como desde a infância não sentia. Eu tinha tido certo receio de visitar minha família ortodoxa com meu namorado, Billy –as palavras de minha mãe ainda ecoavam em minha cabeça–, mas ele também foi recebido calorosamente. Ficou muito claro quanto as atitudes tinham mudado, mesmo entre os ortodoxos, quando Robert John convidou Billy e eu para dividir a refeição inicial do shabat com ele e sua família. A paz do shabat, de um mundo que para, de um tempo fora do tempo, era palpável; tudo se embebia dela, e eu me senti dominado pela saudade e me vi perguntando "e se": e se A, B e C tivessem sido diferentes? Que tipo de pessoa eu poderia ter sido? Que tipo de vida poderia ter vivido? Em dezembro de 2014, completei minha autobiografia, "Sempre em Movimento", e entreguei o manuscrito ao meu editor, sem ter ideia de que dias mais tarde eu descobriria que tinha câncer metastático, resultante do melanoma que tivera em meu olho nove anos antes. Fico feliz por ter conseguido concluir meu livro de memórias sem ter conhecimento disso e de, pela primeira vez na vida, ter conseguido fazer uma declaração plena e franca de minha sexualidade, enfrentando o mundo abertamente, sem mais culpa e segredos trancados dentro de mim. Em fevereiro senti que precisava ser igualmente aberto em relação a meu câncer e ao fato de estar diante da morte. Eu estava no hospital quando meu ensaio sobre isso, "Minha Vida", foi publicado no "New York Times". Em julho escrevi outro texto para o jornal, "Minha Tabela Periódica", em que o cosmos físico e os elementos que eu amava ganharam vida própria. Agora, enfraquecido, com falta de ar, com meus músculos antes firmes desgastados pelo câncer, vejo meus pensamentos centrados cada vez mais não no sobrenatural ou espiritual, mas no que significa viver uma vida boa e que valha a pena –conquistar um sentimento de estar em paz comigo mesmo. Percebo meus pensamentos vagando em direção ao shabat, o dia do descanso, o sétimo dia da semana e, quem sabe, também o sétimo dia de nossas vidas, em que podemos sentir que nosso trabalho foi feito e que já podemos descansar com a consciência tranquila.
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Eventos em SP reúnem amantes de vinho e surfam no aumento do consumo no inverno
MARÍLIA MIRAGAIA COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo Caíram as temperaturas e deu vontade de tomar aquela tacinha de vinho? Você não está sozinho. Para o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), o comércio da bebida nacional aumenta no inverno em relação ao verão —em média, saltou 40% de 2012 para cá. São Paulo lidera o destino das garrafas. Essa lógica também se aplica ao importados, segundo Adilson Carvalhal Junior, presidente da Abba (Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas). "Nesta época, observamos que o vinho, em especial o tinto, ganha uma notoriedade maior por causa do clima." No frio, a venda chega a dobrar ou até triplicar. "É quando o consumidor com mais receio vem experimentar", conta o sommelier João Renato da Silva, do bar Ovo e Uva, coordenador do Festival Vinho no Boteco. Em sua primeira edição, o evento vai vender garrafas e taças com descontos de 30% a 40%, em sete wine-bares, de 3 a 13 de agosto. A ideia é atrair clientes para atacar a sensação de que se gasta muito quando o assunto é vinho. Não é só o preço, porém, que afugenta consumidores: é também a carapuça de ser uma bebida pedante. "Às vezes, a carta de vinhos é complexa ou o sommelier é arrogante. Precisamos ser democráticos", analisa Silva. Iniciativas para deixar preconceitos e formalidades de lado pipocam pela cidade. Agora com ponto fixo, o Los Mendozitos ficou famoso por percorrer São Paulo vendendo vinhos em trailers, bikes e carrinhos. À frente da Naturebas, feira de vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais, Lis Cereja diz que a bebida "é muito mais informal". Afirma: "Queremos mostrar que ela tem uma face descontraída e engajada". Vinhos nacionais são outro terreno onde é preciso quebrar barreiras. "O brasileiro não consome o que é feito no país. Ainda tem gente que vem aqui e torce o nariz quando descobre que não servimos lambrusco", diz Igor Colleta, sommelier do Red Buteco. Caso não esteja convencido a dar uma chance à bebida, preparamos um pequeno manual, que mostra as "personalidades" das principais uvas e regiões produtoras do mundo, com ajuda da sommelière Alexandra Corvo, da escola Ciclo das Vinhas, onde o número de alunos não especializados cresce há dez anos. Quem sabe não chegou a hora de encontrar um vinho para chamar de seu "crush"? * PARA BATER TAÇAS Festival de Vinhos do Shopping Pátio Higienópolis Vinícolas e importadoras fazem degustação no vão central. O ingresso (R$ 100) é revertido em créditos para compra na Emporium Dinis QUANDO 9 a 11 de agosto, das 17h às 22h ONDE Shopping Pátio Higienópolis. Av. Higienópolis, 618, Higienópolis Festival Vinho no Boteco Garrafas e taças com descontos de 30 a 40% em sete endereços da cidade QUANDO de 3 a 13 de agosto ONDE festivalvinhonoboteco.com.br * Confira mais dicas para brindar: Veja 40 sugestões de diferentes tipos de vinhos com bom custo benefício ou para ocasiões especiais Organizadores de feira de vinhos tiram a roupa para divulgar bebidas orgânicas e biodinâmicas Conheça as diferenças entre vinhos de diferentes lugares do mundo e faça bonito nas conversas Confira oito lugares para experimentar vinhos nacionais e estrangeiros em SP Blend? Tanino? Terroir? Fique fluente no idioma dos vinhos conhecendo alguns termos usados
saopaulo
Eventos em SP reúnem amantes de vinho e surfam no aumento do consumo no invernoMARÍLIA MIRAGAIA COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo Caíram as temperaturas e deu vontade de tomar aquela tacinha de vinho? Você não está sozinho. Para o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), o comércio da bebida nacional aumenta no inverno em relação ao verão —em média, saltou 40% de 2012 para cá. São Paulo lidera o destino das garrafas. Essa lógica também se aplica ao importados, segundo Adilson Carvalhal Junior, presidente da Abba (Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas). "Nesta época, observamos que o vinho, em especial o tinto, ganha uma notoriedade maior por causa do clima." No frio, a venda chega a dobrar ou até triplicar. "É quando o consumidor com mais receio vem experimentar", conta o sommelier João Renato da Silva, do bar Ovo e Uva, coordenador do Festival Vinho no Boteco. Em sua primeira edição, o evento vai vender garrafas e taças com descontos de 30% a 40%, em sete wine-bares, de 3 a 13 de agosto. A ideia é atrair clientes para atacar a sensação de que se gasta muito quando o assunto é vinho. Não é só o preço, porém, que afugenta consumidores: é também a carapuça de ser uma bebida pedante. "Às vezes, a carta de vinhos é complexa ou o sommelier é arrogante. Precisamos ser democráticos", analisa Silva. Iniciativas para deixar preconceitos e formalidades de lado pipocam pela cidade. Agora com ponto fixo, o Los Mendozitos ficou famoso por percorrer São Paulo vendendo vinhos em trailers, bikes e carrinhos. À frente da Naturebas, feira de vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais, Lis Cereja diz que a bebida "é muito mais informal". Afirma: "Queremos mostrar que ela tem uma face descontraída e engajada". Vinhos nacionais são outro terreno onde é preciso quebrar barreiras. "O brasileiro não consome o que é feito no país. Ainda tem gente que vem aqui e torce o nariz quando descobre que não servimos lambrusco", diz Igor Colleta, sommelier do Red Buteco. Caso não esteja convencido a dar uma chance à bebida, preparamos um pequeno manual, que mostra as "personalidades" das principais uvas e regiões produtoras do mundo, com ajuda da sommelière Alexandra Corvo, da escola Ciclo das Vinhas, onde o número de alunos não especializados cresce há dez anos. Quem sabe não chegou a hora de encontrar um vinho para chamar de seu "crush"? * PARA BATER TAÇAS Festival de Vinhos do Shopping Pátio Higienópolis Vinícolas e importadoras fazem degustação no vão central. O ingresso (R$ 100) é revertido em créditos para compra na Emporium Dinis QUANDO 9 a 11 de agosto, das 17h às 22h ONDE Shopping Pátio Higienópolis. Av. Higienópolis, 618, Higienópolis Festival Vinho no Boteco Garrafas e taças com descontos de 30 a 40% em sete endereços da cidade QUANDO de 3 a 13 de agosto ONDE festivalvinhonoboteco.com.br * Confira mais dicas para brindar: Veja 40 sugestões de diferentes tipos de vinhos com bom custo benefício ou para ocasiões especiais Organizadores de feira de vinhos tiram a roupa para divulgar bebidas orgânicas e biodinâmicas Conheça as diferenças entre vinhos de diferentes lugares do mundo e faça bonito nas conversas Confira oito lugares para experimentar vinhos nacionais e estrangeiros em SP Blend? Tanino? Terroir? Fique fluente no idioma dos vinhos conhecendo alguns termos usados
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Quando o crime se oculta na empresa
RESUMO Operações deflagradas no país pela Polícia Federal contra corporações levantam questões relativas ao crime praticado em estruturas empresariais. A autora aborda as adaptações dos institutos penais a esses casos, que envolvem muitas vezes responsabilidades de quem não colocou diretamente a "mão na massa". As recentes operações da Polícia Federal têm colocado o público em contato com novas formas de persecução de crimes econômicos, que nada mais são do que a adaptação dos institutos penais e processuais penais às peculiaridades de crimes cometidos em contextos empresariais, um fenômeno que se observa também em outros países ocidentais com sistemas jurídicos parecidos ao brasileiro. No que diz respeito ao direito penal, essas modificações vão desde a atribuição de responsabilidade a dirigentes de empresas que não necessariamente praticaram condutas criminosas com as próprias mãos até a convocação de empresas e empresários para a adoção de programas de prevenção de crimes e de integridade corporativa (programas de "compliance"), passando por condenações baseadas não no conhecimento direto dos fatos criminosos, mas em um dever de saber que algo errado está sendo feito pelos empregados da empresa. No âmbito do processo penal, técnicas de investigação conhecidas, como a interceptação telefônica e a quebra do sigilo bancário, passam a ser usadas de forma mais sofisticada, como, por exemplo, por meio da cooperação penal internacional; passa-se também a obter informação por meio de acordos de delação premiada e de leniência. Essas mudanças estão ligadas a características peculiares da criminalidade econômica. Se a marca da criminalidade comum é a prática do crime por um sujeito ou por um grupo reduzido de pessoas, crimes estes cometidos com as próprias mãos –pense em um roubo, um sequestro–, a marca da criminalidade de empresas é justamente a dissociação entre quem decide pela prática do crime e aquele que o comete com as próprias mãos. Isso ocorre porque, quando falamos em empresa, estamos já falando numa reunião de pessoas para exercício de uma atividade econômica, sob a forma de uma pessoa jurídica, com divisão de trabalho e de funções. A divisão de trabalho implica uma estruturação vertical das atividades; por exemplo, a divisão de tarefas entre o diretor de um banco e os gerentes de agências bancárias. A divisão de funções implica uma estruturação horizontal das atividades, a qual normalmente obedece a uma lógica de especialização, por exemplo, a divisão das tarefas em departamentos ou diretorias –financeira, comercial, contábil etc. Isto quer dizer que, mesmo em empresas de porte bastante reduzido, raramente quem dá a ordem será quem a executa com as próprias mãos. Um exemplo corriqueiro: o dono da pequena empresa que determina ao contador que deixe de escriturar parcela da renda recebida para pagar menos Imposto de Renda. Quanto maior a estrutura da empresa, porém, mais complexo será o processo desde a tomada da decisão até sua execução, estando normalmente envolvidas diversas camadas verticais e horizontais. Pense, por exemplo, numa empresa por ações na qual os membros do conselho de administração (órgão de cúpula) tomam a decisão de cortar gastos para fazer frente à crise econômica e determinam a seus diretores que apresentem propostas de redução em seus setores, sendo que o diretor encarregado de segurança do ambiente solicita a seu gerente de proteção florestal um projeto de redução de gastos, o qual, porém, ao ser executado, acaba dando causa a um incêndio de grandes proporções em mata protegida. Enquanto a cúpula da empresa pode arguir que não executou as medidas que levaram ao incêndio, o diretor pode alegar que não foi devidamente informado acerca dos riscos da redução de gastos naquele setor, enquanto o gerente e os que de fato passaram a não adotar as medidas de preservação da área podem arguir que não tomaram as decisões que levaram ao desastre. IRRESPONSÁVEL Em casos como esse, corre-se grande risco de que ninguém venha a ser punido, pois não se consegue reunir em uma ou mais pessoas os elementos de "realizar a conduta criminosa" e "saber que está praticando uma conduta criminosa", que são elementos exigidos pelo direito penal para afirmar que alguém é culpado por um crime. Casos crônicos dessa dissociação geram uma "irresponsabilidade organizada", que ocorre quando, no âmbito das empresas, a administração é exercida de forma propositalmente desorganizada para que não seja possível encontrar um culpado. Situações tais têm a consequência de que, ao não conseguir encontrar um culpado, não se consegue aplicar a pena. Premia-se, assim, a desorganização com a irresponsabilidade penal. Três são, essencialmente, as respostas que o direito penal tem dado a esse estado de coisas: em primeiro lugar, a afirmação da culpa dos integrantes da cúpula da empresa por usar os subordinados para a prática de crimes (autoria mediata); em segundo, culpar os dirigentes por não impedirem a prática de crimes por seus subordinados (responsabilidade por omissão); em terceiro, culpar a própria pessoa jurídica, especialmente quando for impossível verificar quem praticou o crime. Essas respostas, porém, têm de ser dadas em conformidade com as garantias penais. Uma conduta, para merecer sanção tão grave como a prisão (restrição da liberdade), deve ser atribuída ao acusado como algo que ele fez (ação) ou deixou de fazer quando estava a isso obrigado (omissão), ciente de que praticava um crime e em condições de se comportar da forma que o ordenamento jurídico lhe determinava. Esses são, basicamente, os componentes da responsabilidade penal pessoal e subjetiva, e cujo rigor para sua configuração nada mais é do que a compensação pela severidade da sanção que aguarda o condenado. Não se pode atribuir a alguém a prática de um fato só porque ocupa uma posição na empresa, muito menos distorcendo critérios de atribuição da responsabilidade, como fez o Supremo Tribunal Federal com a indevida aplicação da "teoria do domínio do fato" no mensalão (ver Luís Greco e Alaor Leite, Fatos e mitos sobre a teoria do domínio do fato ). Igualmente, não se pode presumir a consciência da prática criminosa por parte de alguém que não a tem, a pretexto de aplicar aqui a "teoria da cegueira deliberada", em violação às exigências feitas por nossa lei penal quanto ao pleno conhecimento que o autor tem de ter de que pratica um crime. ALTERNATIVAS Se dificuldades há para a imputação de responsabilidade penal nos crimes econômicos, elas devem ser enfrentadas sem desrespeito à lei. Há alternativas interessantes para solucionar muitos desses dilemas, como a responsabilidade sancionadora da pessoa jurídica por atos infracionais, com imposição de sanções administrativas severas, conforme prevê a Lei 12.846 (Lei Anticorrupção). As mudanças nas técnicas de investigação também refletem a mesma ordem de preocupações. As interceptações, apreensões de material eletrônico e as delações têm sido usadas (também) como meios para identificar quais pessoas dentro da estrutura empresarial tiveram participação na prática criminosa, especialmente aquelas que exerciam controle intelectual, ou seja, as que decidiam o "se" e o "como"da prática de um crime. Nesse quadro, a ameaça da aplicação de pena aos administradores e de severas sanções administrativas (multas, proibição de contratar com o poder público, encerramento forçado de atividades) à empresa tem sido usada como instrumento para fechar acordos e conduzir à adoção de programas de "compliance" de forma a evitar os riscos de imagem e econômicos vinculados tanto ao processo penal como ao processo administrativo sancionador. Delação Claro que aqui também há que coibir abusos. Deve-se cuidar para que a prisão preventiva não se torne "prisão para delação", para que os acordos não sejam tão onerosos que se tornem desproporcionais e para que as investigações internas das empresas em casos de corrupção não violem o direito à privacidade de seus empregados e colaboradores. Por fim, a já mencionada adoção de programas "compliance" (cumprimento) pelas empresas é também uma forma de dar resposta a essas dificuldades típicas dos crimes econômicos. Enquanto os programas de prevenção à lavagem de capitais, por exemplo, exigem que certos setores econômicos (bancos, imobiliárias, joalheiros etc.) colaborem diretamente com as autoridades públicas fornecendo informações sobre operações suspeitas dessa prática criminosa, os programas de integridade anticorrupção podem reduzir significativamente a sanção administrativa em caso de prática de ilícito. Nota comum a esses programas é a exigência de que haja uma clara e transparente determinação das funções das pessoas dentro da empresa, o que permitirá, justamente, impedir uma "irresponsabilidade organizada", identificando-se desde logo o responsável pelo ato criminoso. A tônica desses programas também é a do aumento da colaboração entre as empresas e as autoridades de investigação e a da "autorregulação" das empresas, criando elas mesmas normas internas para a prevenção e sanção contra a prática de crimes por seus integrantes. Todas essas novidades no âmbito da responsabilidade penal são, de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, formas de resposta e responsabilização por atividades criminosas desenvolvidas, majoritariamente, no âmbito de empresa –e são portadoras da mensagem de que à liberdade de estruturar uma atividade econômica corresponde uma responsabilidade pela tomada de medidas que evitem ou dificultem a prática de crimes a partir do exercício de tal atividade. HELOISA ESTELLITA é professora de direito penal da FGV-SP, pós-doutoranda nas Universidades de Munique e Augsburg com bolsa da Fundação Alexander von Humboldt e Capes.
ilustrissima
Quando o crime se oculta na empresaRESUMO Operações deflagradas no país pela Polícia Federal contra corporações levantam questões relativas ao crime praticado em estruturas empresariais. A autora aborda as adaptações dos institutos penais a esses casos, que envolvem muitas vezes responsabilidades de quem não colocou diretamente a "mão na massa". As recentes operações da Polícia Federal têm colocado o público em contato com novas formas de persecução de crimes econômicos, que nada mais são do que a adaptação dos institutos penais e processuais penais às peculiaridades de crimes cometidos em contextos empresariais, um fenômeno que se observa também em outros países ocidentais com sistemas jurídicos parecidos ao brasileiro. No que diz respeito ao direito penal, essas modificações vão desde a atribuição de responsabilidade a dirigentes de empresas que não necessariamente praticaram condutas criminosas com as próprias mãos até a convocação de empresas e empresários para a adoção de programas de prevenção de crimes e de integridade corporativa (programas de "compliance"), passando por condenações baseadas não no conhecimento direto dos fatos criminosos, mas em um dever de saber que algo errado está sendo feito pelos empregados da empresa. No âmbito do processo penal, técnicas de investigação conhecidas, como a interceptação telefônica e a quebra do sigilo bancário, passam a ser usadas de forma mais sofisticada, como, por exemplo, por meio da cooperação penal internacional; passa-se também a obter informação por meio de acordos de delação premiada e de leniência. Essas mudanças estão ligadas a características peculiares da criminalidade econômica. Se a marca da criminalidade comum é a prática do crime por um sujeito ou por um grupo reduzido de pessoas, crimes estes cometidos com as próprias mãos –pense em um roubo, um sequestro–, a marca da criminalidade de empresas é justamente a dissociação entre quem decide pela prática do crime e aquele que o comete com as próprias mãos. Isso ocorre porque, quando falamos em empresa, estamos já falando numa reunião de pessoas para exercício de uma atividade econômica, sob a forma de uma pessoa jurídica, com divisão de trabalho e de funções. A divisão de trabalho implica uma estruturação vertical das atividades; por exemplo, a divisão de tarefas entre o diretor de um banco e os gerentes de agências bancárias. A divisão de funções implica uma estruturação horizontal das atividades, a qual normalmente obedece a uma lógica de especialização, por exemplo, a divisão das tarefas em departamentos ou diretorias –financeira, comercial, contábil etc. Isto quer dizer que, mesmo em empresas de porte bastante reduzido, raramente quem dá a ordem será quem a executa com as próprias mãos. Um exemplo corriqueiro: o dono da pequena empresa que determina ao contador que deixe de escriturar parcela da renda recebida para pagar menos Imposto de Renda. Quanto maior a estrutura da empresa, porém, mais complexo será o processo desde a tomada da decisão até sua execução, estando normalmente envolvidas diversas camadas verticais e horizontais. Pense, por exemplo, numa empresa por ações na qual os membros do conselho de administração (órgão de cúpula) tomam a decisão de cortar gastos para fazer frente à crise econômica e determinam a seus diretores que apresentem propostas de redução em seus setores, sendo que o diretor encarregado de segurança do ambiente solicita a seu gerente de proteção florestal um projeto de redução de gastos, o qual, porém, ao ser executado, acaba dando causa a um incêndio de grandes proporções em mata protegida. Enquanto a cúpula da empresa pode arguir que não executou as medidas que levaram ao incêndio, o diretor pode alegar que não foi devidamente informado acerca dos riscos da redução de gastos naquele setor, enquanto o gerente e os que de fato passaram a não adotar as medidas de preservação da área podem arguir que não tomaram as decisões que levaram ao desastre. IRRESPONSÁVEL Em casos como esse, corre-se grande risco de que ninguém venha a ser punido, pois não se consegue reunir em uma ou mais pessoas os elementos de "realizar a conduta criminosa" e "saber que está praticando uma conduta criminosa", que são elementos exigidos pelo direito penal para afirmar que alguém é culpado por um crime. Casos crônicos dessa dissociação geram uma "irresponsabilidade organizada", que ocorre quando, no âmbito das empresas, a administração é exercida de forma propositalmente desorganizada para que não seja possível encontrar um culpado. Situações tais têm a consequência de que, ao não conseguir encontrar um culpado, não se consegue aplicar a pena. Premia-se, assim, a desorganização com a irresponsabilidade penal. Três são, essencialmente, as respostas que o direito penal tem dado a esse estado de coisas: em primeiro lugar, a afirmação da culpa dos integrantes da cúpula da empresa por usar os subordinados para a prática de crimes (autoria mediata); em segundo, culpar os dirigentes por não impedirem a prática de crimes por seus subordinados (responsabilidade por omissão); em terceiro, culpar a própria pessoa jurídica, especialmente quando for impossível verificar quem praticou o crime. Essas respostas, porém, têm de ser dadas em conformidade com as garantias penais. Uma conduta, para merecer sanção tão grave como a prisão (restrição da liberdade), deve ser atribuída ao acusado como algo que ele fez (ação) ou deixou de fazer quando estava a isso obrigado (omissão), ciente de que praticava um crime e em condições de se comportar da forma que o ordenamento jurídico lhe determinava. Esses são, basicamente, os componentes da responsabilidade penal pessoal e subjetiva, e cujo rigor para sua configuração nada mais é do que a compensação pela severidade da sanção que aguarda o condenado. Não se pode atribuir a alguém a prática de um fato só porque ocupa uma posição na empresa, muito menos distorcendo critérios de atribuição da responsabilidade, como fez o Supremo Tribunal Federal com a indevida aplicação da "teoria do domínio do fato" no mensalão (ver Luís Greco e Alaor Leite, Fatos e mitos sobre a teoria do domínio do fato ). Igualmente, não se pode presumir a consciência da prática criminosa por parte de alguém que não a tem, a pretexto de aplicar aqui a "teoria da cegueira deliberada", em violação às exigências feitas por nossa lei penal quanto ao pleno conhecimento que o autor tem de ter de que pratica um crime. ALTERNATIVAS Se dificuldades há para a imputação de responsabilidade penal nos crimes econômicos, elas devem ser enfrentadas sem desrespeito à lei. Há alternativas interessantes para solucionar muitos desses dilemas, como a responsabilidade sancionadora da pessoa jurídica por atos infracionais, com imposição de sanções administrativas severas, conforme prevê a Lei 12.846 (Lei Anticorrupção). As mudanças nas técnicas de investigação também refletem a mesma ordem de preocupações. As interceptações, apreensões de material eletrônico e as delações têm sido usadas (também) como meios para identificar quais pessoas dentro da estrutura empresarial tiveram participação na prática criminosa, especialmente aquelas que exerciam controle intelectual, ou seja, as que decidiam o "se" e o "como"da prática de um crime. Nesse quadro, a ameaça da aplicação de pena aos administradores e de severas sanções administrativas (multas, proibição de contratar com o poder público, encerramento forçado de atividades) à empresa tem sido usada como instrumento para fechar acordos e conduzir à adoção de programas de "compliance" de forma a evitar os riscos de imagem e econômicos vinculados tanto ao processo penal como ao processo administrativo sancionador. Delação Claro que aqui também há que coibir abusos. Deve-se cuidar para que a prisão preventiva não se torne "prisão para delação", para que os acordos não sejam tão onerosos que se tornem desproporcionais e para que as investigações internas das empresas em casos de corrupção não violem o direito à privacidade de seus empregados e colaboradores. Por fim, a já mencionada adoção de programas "compliance" (cumprimento) pelas empresas é também uma forma de dar resposta a essas dificuldades típicas dos crimes econômicos. Enquanto os programas de prevenção à lavagem de capitais, por exemplo, exigem que certos setores econômicos (bancos, imobiliárias, joalheiros etc.) colaborem diretamente com as autoridades públicas fornecendo informações sobre operações suspeitas dessa prática criminosa, os programas de integridade anticorrupção podem reduzir significativamente a sanção administrativa em caso de prática de ilícito. Nota comum a esses programas é a exigência de que haja uma clara e transparente determinação das funções das pessoas dentro da empresa, o que permitirá, justamente, impedir uma "irresponsabilidade organizada", identificando-se desde logo o responsável pelo ato criminoso. A tônica desses programas também é a do aumento da colaboração entre as empresas e as autoridades de investigação e a da "autorregulação" das empresas, criando elas mesmas normas internas para a prevenção e sanção contra a prática de crimes por seus integrantes. Todas essas novidades no âmbito da responsabilidade penal são, de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, formas de resposta e responsabilização por atividades criminosas desenvolvidas, majoritariamente, no âmbito de empresa –e são portadoras da mensagem de que à liberdade de estruturar uma atividade econômica corresponde uma responsabilidade pela tomada de medidas que evitem ou dificultem a prática de crimes a partir do exercício de tal atividade. HELOISA ESTELLITA é professora de direito penal da FGV-SP, pós-doutoranda nas Universidades de Munique e Augsburg com bolsa da Fundação Alexander von Humboldt e Capes.
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Ricardo Antunes: A servidão involuntária
Desde os primórdios da humanidade a luta pela dignidade do trabalho tem sido prometeica. No Brasil, se o trabalho indígena foi um exercício comunal, a saga europeia do colonizador nos impôs o trabalho compulsório, inicialmente dos aborígenes e depois dos africanos. Com a abolição da escravatura, o imigrante branco foi escolhido para o mundo industrial, excluindo-se os negros que povoavam a produção rural. E o trabalho negro, especialmente o das mulheres, foi empurrado para o emprego doméstico, perpetuando a herança servil da nova casa-grande urbana. Foi a partir de 1930 que a modernização capitalista do país obrigou, depois de décadas de lutas operárias, a se pensar em uma legislação social protetora do trabalho. De modo conflituoso e contraditório, nasceu a CLT, que tinha a aparência da dádiva, mas resultava de uma real impulsão operária. Converteu-se na verdadeira constituição do trabalho no Brasil, ainda que seus direitos excluíssem os assalariados do campo. Hoje estamos à frente de um novo vilipêndio em relação aos direitos do trabalho, cujo significado e consequência têm requintes comparáveis à escravidão, ainda que em sua variante moderna. Descontentes com os direitos conquistados pela classe trabalhadora, neste contexto de crise, os capitais exigem a terceirização total, conforme consta do projeto de lei nº 4.330/04, agora rebatizado no Senado como projeto de lei da Câmara nº 30/2015. Em nome da falaciosa "melhoria da qualidade do produto ou da prestação de serviço", o projeto elimina de uma só vez, a limitada disjuntiva existente entre atividades-meio e atividade-fim. Uma empresa poderá recorrer a outra, para contratar trabalhadores, eliminando a relação direta entre empregador e assalariado. Como na escravidão. Neste passe de mágica, todas as modalidades de trabalho poderão ser terceirizadas. Até os pilotos de aeronaves. Com um Congresso lépido e faceiro nas práticas negociais, impulsionado pela lógica volátil do capital financeiro, uma nova servidão involuntária está sendo urdida. Dinheiro gerando mais dinheiro, na ponta fictícia do sistema financeirizado global e respaldado em uma miríade de formas pretéritas de trabalho (precarizado, flexibilizado, terceirizado, informalizado, "cooperado", escravo e semiescravo) na base da produção. As falácias presentes no projeto de lei são todas conhecidas: em vez de criar empregos, ela desemprega, uma vez que os terceirizados trabalham mais tempo e ainda percebendo menores salários. Em vez de "qualificar" e "especializar", temos o contrário, pois são nas atividades terceirizadas que se ampliam ainda mais os acidentes, as mutilações, os adoecimentos, os assédios, as mortes e os suicídios. Basta lembrar a indústria petrolífera e de energia elétrica. Assim, o projeto de lei da Câmara não quer regulamentar os terceirizados, mas de fato desregulamentar o trabalho em geral. Se o quisesse, era só alterar seu o artigo 2º, eliminando a possibilidade de terceirização em "qualquer de suas atividades" e mantendo a regulamentação dos terceirizados que atuam nas atividades-meio. Simples assim, mas isso desmascara o real objetivo do famigerado projeto de lei. O que motiva os seus defensores é de fato a redução salarial, de custos e de direitos da totalidade da classe trabalhadora, pejotizando ainda mais as relações de trabalho. Já está mais do que hora de dizer –em alto e bom som– que a terceirização avilta o trabalho em todas as suas formas e deve, por essa razão, ser combatida por todos. É preciso acrescentar, porém, que o que está na pauta hoje é o risco iminente da terceirização total, inclusive das atividades-fim, que deve ser obstada para que não se gere ainda mais trabalho aviltado. RICARDO ANTUNES, 62, é professor titular de sociologia da Unicamp. É autor de "Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil III" (Boitempo) e de "The Meanings of Work" (os sentidos do trabalho), publicado na Índia pela editora Aakar Books
opiniao
Ricardo Antunes: A servidão involuntáriaDesde os primórdios da humanidade a luta pela dignidade do trabalho tem sido prometeica. No Brasil, se o trabalho indígena foi um exercício comunal, a saga europeia do colonizador nos impôs o trabalho compulsório, inicialmente dos aborígenes e depois dos africanos. Com a abolição da escravatura, o imigrante branco foi escolhido para o mundo industrial, excluindo-se os negros que povoavam a produção rural. E o trabalho negro, especialmente o das mulheres, foi empurrado para o emprego doméstico, perpetuando a herança servil da nova casa-grande urbana. Foi a partir de 1930 que a modernização capitalista do país obrigou, depois de décadas de lutas operárias, a se pensar em uma legislação social protetora do trabalho. De modo conflituoso e contraditório, nasceu a CLT, que tinha a aparência da dádiva, mas resultava de uma real impulsão operária. Converteu-se na verdadeira constituição do trabalho no Brasil, ainda que seus direitos excluíssem os assalariados do campo. Hoje estamos à frente de um novo vilipêndio em relação aos direitos do trabalho, cujo significado e consequência têm requintes comparáveis à escravidão, ainda que em sua variante moderna. Descontentes com os direitos conquistados pela classe trabalhadora, neste contexto de crise, os capitais exigem a terceirização total, conforme consta do projeto de lei nº 4.330/04, agora rebatizado no Senado como projeto de lei da Câmara nº 30/2015. Em nome da falaciosa "melhoria da qualidade do produto ou da prestação de serviço", o projeto elimina de uma só vez, a limitada disjuntiva existente entre atividades-meio e atividade-fim. Uma empresa poderá recorrer a outra, para contratar trabalhadores, eliminando a relação direta entre empregador e assalariado. Como na escravidão. Neste passe de mágica, todas as modalidades de trabalho poderão ser terceirizadas. Até os pilotos de aeronaves. Com um Congresso lépido e faceiro nas práticas negociais, impulsionado pela lógica volátil do capital financeiro, uma nova servidão involuntária está sendo urdida. Dinheiro gerando mais dinheiro, na ponta fictícia do sistema financeirizado global e respaldado em uma miríade de formas pretéritas de trabalho (precarizado, flexibilizado, terceirizado, informalizado, "cooperado", escravo e semiescravo) na base da produção. As falácias presentes no projeto de lei são todas conhecidas: em vez de criar empregos, ela desemprega, uma vez que os terceirizados trabalham mais tempo e ainda percebendo menores salários. Em vez de "qualificar" e "especializar", temos o contrário, pois são nas atividades terceirizadas que se ampliam ainda mais os acidentes, as mutilações, os adoecimentos, os assédios, as mortes e os suicídios. Basta lembrar a indústria petrolífera e de energia elétrica. Assim, o projeto de lei da Câmara não quer regulamentar os terceirizados, mas de fato desregulamentar o trabalho em geral. Se o quisesse, era só alterar seu o artigo 2º, eliminando a possibilidade de terceirização em "qualquer de suas atividades" e mantendo a regulamentação dos terceirizados que atuam nas atividades-meio. Simples assim, mas isso desmascara o real objetivo do famigerado projeto de lei. O que motiva os seus defensores é de fato a redução salarial, de custos e de direitos da totalidade da classe trabalhadora, pejotizando ainda mais as relações de trabalho. Já está mais do que hora de dizer –em alto e bom som– que a terceirização avilta o trabalho em todas as suas formas e deve, por essa razão, ser combatida por todos. É preciso acrescentar, porém, que o que está na pauta hoje é o risco iminente da terceirização total, inclusive das atividades-fim, que deve ser obstada para que não se gere ainda mais trabalho aviltado. RICARDO ANTUNES, 62, é professor titular de sociologia da Unicamp. É autor de "Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil III" (Boitempo) e de "The Meanings of Work" (os sentidos do trabalho), publicado na Índia pela editora Aakar Books
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Arábia Saudita continua a bombardear Iêmen, em meio a tensão regional
A Arábia Saudita continuou nesta sexta-feira (27) os bombardeios contra cidades do Iêmen para tentar diminuir o poder de fogo dos milicianos houthis, aliados do Irã, que derrubaram o governo do país em janeiro. A ofensiva militar acirrou a rivalidade entre os sunitas sauditas e o Irã, cujo regime é xiita assim como os houthis, e intensificou a instabilidade política no país mais pobre do Oriente Médio e berço da célula mais violenta da Al Qaeda. Segundo moradores da capital Sanaa, os aviões sauditas atacaram bases da Guarda Republicana, aliada aos houthis, incluindo uma perto do complexo presidencial, além de uma instalação militar que abriga mísseis. Houve bombardeios também à província de Sadah, dominada pelos milicianos xiitas, ao mercado na cidade de Kataf al-Bokaa, deixando 15 civis feridos, e à província de Áden, controlada pelos rebeldes no início desta semana. Segundo o general iemenita Saleh al-Subaihi, 40% da defesa aérea do país foi destruída nos dois dias de bombardeio, incluindo radares. Também foi afetada a capacidade dos milicianos de enviar reforços para o sul do país. Desde o início da ofensiva, os ataques aéreos mataram 39 pessoas, segundo o Ministério da Saúde iemenita. A intervenção militar saudita começou na quinta (26) e responde a um apelo do presidente Abdo Rabbo Mansur Hadi, deposto em janeiro. Incapaz de enfrentar o avanço dos houthis, ele se escondeu em Aden por semanas antes de seguir para Riad na quarta, pouco antes dos bombardeios. No domingo (27), Hadi pretende pedir apoio à Liga Árabe para voltar ao poder. REGIONALIZAÇÃO A ofensiva foi lançada pelos sauditas, que fizeram uma coalizão com monarquias do golfo Pérsico, como Qatar, Kuait, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, e também por países como Jordânia, Marrocos e Egito. A ação militar recebeu o apoio da Turquia, dos Estados Unidos e do Reino Unido. Por outro lado, recebeu a condenação do Irã, principal aliado dos houthis, da Síria, da Rússia e da China. O alinhamento dos dois lados é igual ao da guerra civil na Síria. Nesta sexta, clérigos nas mesquitas em Riad fizeram sermões inflamados contra os houthis e o Irã, descrevendo a luta como um dever religioso. O principal conselho clerical saudita deu sua bênção à campanha militar. Na capital iraniana, Teerã, o aiatolá Kazem Sadeghi, que comanda orações na sexta-feira, descreveu os ataques como "uma agressão e ingerência nos assuntos internos do Iêmen". Segundo os especialistas, os ataques aéreos terão um efeito limitado sem uma intervenção terrestre. Esta intervenção, no entanto, é pouco provável devido aos riscos de escalada com o Irã e de ficar presos em um longo conflito.
mundo
Arábia Saudita continua a bombardear Iêmen, em meio a tensão regionalA Arábia Saudita continuou nesta sexta-feira (27) os bombardeios contra cidades do Iêmen para tentar diminuir o poder de fogo dos milicianos houthis, aliados do Irã, que derrubaram o governo do país em janeiro. A ofensiva militar acirrou a rivalidade entre os sunitas sauditas e o Irã, cujo regime é xiita assim como os houthis, e intensificou a instabilidade política no país mais pobre do Oriente Médio e berço da célula mais violenta da Al Qaeda. Segundo moradores da capital Sanaa, os aviões sauditas atacaram bases da Guarda Republicana, aliada aos houthis, incluindo uma perto do complexo presidencial, além de uma instalação militar que abriga mísseis. Houve bombardeios também à província de Sadah, dominada pelos milicianos xiitas, ao mercado na cidade de Kataf al-Bokaa, deixando 15 civis feridos, e à província de Áden, controlada pelos rebeldes no início desta semana. Segundo o general iemenita Saleh al-Subaihi, 40% da defesa aérea do país foi destruída nos dois dias de bombardeio, incluindo radares. Também foi afetada a capacidade dos milicianos de enviar reforços para o sul do país. Desde o início da ofensiva, os ataques aéreos mataram 39 pessoas, segundo o Ministério da Saúde iemenita. A intervenção militar saudita começou na quinta (26) e responde a um apelo do presidente Abdo Rabbo Mansur Hadi, deposto em janeiro. Incapaz de enfrentar o avanço dos houthis, ele se escondeu em Aden por semanas antes de seguir para Riad na quarta, pouco antes dos bombardeios. No domingo (27), Hadi pretende pedir apoio à Liga Árabe para voltar ao poder. REGIONALIZAÇÃO A ofensiva foi lançada pelos sauditas, que fizeram uma coalizão com monarquias do golfo Pérsico, como Qatar, Kuait, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, e também por países como Jordânia, Marrocos e Egito. A ação militar recebeu o apoio da Turquia, dos Estados Unidos e do Reino Unido. Por outro lado, recebeu a condenação do Irã, principal aliado dos houthis, da Síria, da Rússia e da China. O alinhamento dos dois lados é igual ao da guerra civil na Síria. Nesta sexta, clérigos nas mesquitas em Riad fizeram sermões inflamados contra os houthis e o Irã, descrevendo a luta como um dever religioso. O principal conselho clerical saudita deu sua bênção à campanha militar. Na capital iraniana, Teerã, o aiatolá Kazem Sadeghi, que comanda orações na sexta-feira, descreveu os ataques como "uma agressão e ingerência nos assuntos internos do Iêmen". Segundo os especialistas, os ataques aéreos terão um efeito limitado sem uma intervenção terrestre. Esta intervenção, no entanto, é pouco provável devido aos riscos de escalada com o Irã e de ficar presos em um longo conflito.
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