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Marchand e colecionador visionário, Jean Boghici morre aos 87 no Rio | Um dos mais influentes colecionadores de arte do país, Jean Boghici morreu aos 87 neste domingo (31), no Rio. Ele sofreu uma embolia pulmonar e estava internado havia um mês e meio no hospital Samaritano. Seu corpo foi velado e enterrado nesta segunda (1º) no cemitério São João Batista, em Botafogo. Nascido na Romênia, Boghici chegou ao Brasil em 1948, fugindo da Segunda Guerra. Sua história de vida, aliás, lembra o enredo de um filme. Depois de dormir as primeiras noites no país na praia de Copacabana, ele sobreviveu consertando rádios na avenida Atlântica. Virou marchand quando ganhou o prêmio máximo do programa "O Céu É o Limite", de J. Silvestre na antiga TV Tupi, respondendo perguntas sobre a vida de Vincent Van Gogh. Em 1960, Boghici abriu a galeria Relevo, a primeira no país a vender obras de arte moderna e contemporânea, lançando artistas como Antonio Dias, Rubens Gerchman e Carlos Vergara. Esses mesmos nomes também estavam juntos de artistas estrangeiros na mostra "Opinião 65", organizada pelo marchand no Museu de Arte Moderna do Rio. Desde então, Boghici construiu uma das maiores coleções de arte do país, com obras de Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti, Volpi e de artistas estrangeiros, como Lucio Fontana, Alexander Calder e Giorgio Morandi. Um incêndio que atingiu seu apartamento há três anos, no entanto, destruiu algumas de suas obras-primas, como "Samba", de Di Cavalcanti, considerada uma das telas mais importantes da história do modernismo brasileiro. "Ele tinha um olhar agudo", diz Leonel Kaz, que organizou uma mostra da coleção de Boghici no Museu de Arte do Rio pouco depois do incidente. "O negócio dele era a personalidade dele. Ele conseguia vislumbrar coisas que a maioria de nós não vislumbraria. Ele formou a imagem que temos de nós mesmos." Também zelou por essa imagem. "Ele foi um xerife contra a falsificação", diz Jones Bergamin, dono da Bolsa de Arte, uma das maiores casas de leilões do país. "Não deixava os bandidos chegarem perto." Sérgio Fadel, outro colecionador com um importante acervo de arte brasileira, comprou grande parte de suas obras orientado por Boghici. "Se ele dizia que um quadro era bom, era bom", lembra Fadel. "A palavra dele era definitiva. O Jean foi o mestre dos marchands." Já doente, Boghici caiu em depressão nos últimos anos depois do incêndio em seu apartamento. Segundo seus amigos mais próximos, ele já havia deixado de trabalhar, realizando só algumas vendas pontuais. "Foi um baque muito grande", diz o marchand Afonso Costa. "Mas ele morreu em paz." Boghici deixa a mulher, Geneviève, e duas filhas. | ilustrada | Marchand e colecionador visionário, Jean Boghici morre aos 87 no RioUm dos mais influentes colecionadores de arte do país, Jean Boghici morreu aos 87 neste domingo (31), no Rio. Ele sofreu uma embolia pulmonar e estava internado havia um mês e meio no hospital Samaritano. Seu corpo foi velado e enterrado nesta segunda (1º) no cemitério São João Batista, em Botafogo. Nascido na Romênia, Boghici chegou ao Brasil em 1948, fugindo da Segunda Guerra. Sua história de vida, aliás, lembra o enredo de um filme. Depois de dormir as primeiras noites no país na praia de Copacabana, ele sobreviveu consertando rádios na avenida Atlântica. Virou marchand quando ganhou o prêmio máximo do programa "O Céu É o Limite", de J. Silvestre na antiga TV Tupi, respondendo perguntas sobre a vida de Vincent Van Gogh. Em 1960, Boghici abriu a galeria Relevo, a primeira no país a vender obras de arte moderna e contemporânea, lançando artistas como Antonio Dias, Rubens Gerchman e Carlos Vergara. Esses mesmos nomes também estavam juntos de artistas estrangeiros na mostra "Opinião 65", organizada pelo marchand no Museu de Arte Moderna do Rio. Desde então, Boghici construiu uma das maiores coleções de arte do país, com obras de Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti, Volpi e de artistas estrangeiros, como Lucio Fontana, Alexander Calder e Giorgio Morandi. Um incêndio que atingiu seu apartamento há três anos, no entanto, destruiu algumas de suas obras-primas, como "Samba", de Di Cavalcanti, considerada uma das telas mais importantes da história do modernismo brasileiro. "Ele tinha um olhar agudo", diz Leonel Kaz, que organizou uma mostra da coleção de Boghici no Museu de Arte do Rio pouco depois do incidente. "O negócio dele era a personalidade dele. Ele conseguia vislumbrar coisas que a maioria de nós não vislumbraria. Ele formou a imagem que temos de nós mesmos." Também zelou por essa imagem. "Ele foi um xerife contra a falsificação", diz Jones Bergamin, dono da Bolsa de Arte, uma das maiores casas de leilões do país. "Não deixava os bandidos chegarem perto." Sérgio Fadel, outro colecionador com um importante acervo de arte brasileira, comprou grande parte de suas obras orientado por Boghici. "Se ele dizia que um quadro era bom, era bom", lembra Fadel. "A palavra dele era definitiva. O Jean foi o mestre dos marchands." Já doente, Boghici caiu em depressão nos últimos anos depois do incêndio em seu apartamento. Segundo seus amigos mais próximos, ele já havia deixado de trabalhar, realizando só algumas vendas pontuais. "Foi um baque muito grande", diz o marchand Afonso Costa. "Mas ele morreu em paz." Boghici deixa a mulher, Geneviève, e duas filhas. | 6 |
Richie Sambora, ex-Bon Jovi, vai de U2 a Hendrix em show em São Paulo | Na noite de sexta-feira (8), Richie Sambora, ex-guitarrista do Bon Jovi, subiu ao palco acompanhado da namorada, a guitarrista australiana Orianthi Panagaris, na primeira apresentação da dupla no Brasil. Com um repertório bastante variado, os dois músicos mostraram suas influências e apresentaram um pouco de seu passado. Durante o show, que durou cerca de duas horas, foram lembrados grandes nomes do rock, do blues e do soul internacional, como U2 com B. B. King ("When Love Comes to Town"), Bob Marley ("I Shot the Sheriff", na versão rock 'n'roll de Eric Clapton), Jimi Hendrix ("Voodoo Child") e Stevie Wonder ("Higher Ground", também gravada pelo Red Hot Chili Peppers). Para alegrar o público, que parecia estar pouco familiarizado com os clássicos, Sambora tocou alguns dos sucessos de seu antigo grupo. Ele deixou o Bon Jovi em 2013, alegando estar cansado da agenda maçante de shows da banda após 30 anos de estrada. O guitarrista se entrosou muito bem com a plateia, que cantou os hits "Lay Your Hands on Me", "Wanted Dead or Alive", "Living on a Prayer" e "These Days". Já da carreira solo do guitarrista foram tocadas poucas canções, como "Every Road Leads Home To You" e "Stranger in This Town". Orianthi alternou vocais e solos de guitarra com Sambora em boa parte do tempo, mas também teve seus momentos próprios. Um deles foi durante "Black or White", de Michael Jackson, com quem ela tocou antes da morte do cantor. No domingo (10), a dupla fará sua segunda apresentação no país —desta vez gratuita— no auditório do parque Ibirapuera. Além da atração internacional, amanhã se apresentarão o guitarrista de blues Igor Prado, a banda folk/blues Mustache e os Apaches e o grupo Os Lontras, que transforma hits em música para bailinhos. Na próxima semana, Sambora e Orianthi seguem para Porto Alegre, onde se apresentam na terça-feira (12) em último show promovido pelo Samsung Best of Blues. * DOMINGO (10) QUANDO 17h30 ONDE Auditório do parque Ibirapuera - Oscar Niemeyer (av. Pedro Álvares Cabral, s/n, tel. 11 3629-1075) CLASSIFICAÇÃO livre QUANTO grátis TERÇA-FEIRA (12) QUANDO às 21h (abertura dos portões com duas horas de antecedência) ONDE Pepsi On Stage (av. Severo Dullius, 1995, Porto Alegre, tel. 51 3371-1948) CLASSIFICAÇÃO 16 anos (menores acompanhados de pai, mãe ou responsável). QUANTO de R$ 280 a R$ 360, ingressos no site Live Pass | ilustrada | Richie Sambora, ex-Bon Jovi, vai de U2 a Hendrix em show em São PauloNa noite de sexta-feira (8), Richie Sambora, ex-guitarrista do Bon Jovi, subiu ao palco acompanhado da namorada, a guitarrista australiana Orianthi Panagaris, na primeira apresentação da dupla no Brasil. Com um repertório bastante variado, os dois músicos mostraram suas influências e apresentaram um pouco de seu passado. Durante o show, que durou cerca de duas horas, foram lembrados grandes nomes do rock, do blues e do soul internacional, como U2 com B. B. King ("When Love Comes to Town"), Bob Marley ("I Shot the Sheriff", na versão rock 'n'roll de Eric Clapton), Jimi Hendrix ("Voodoo Child") e Stevie Wonder ("Higher Ground", também gravada pelo Red Hot Chili Peppers). Para alegrar o público, que parecia estar pouco familiarizado com os clássicos, Sambora tocou alguns dos sucessos de seu antigo grupo. Ele deixou o Bon Jovi em 2013, alegando estar cansado da agenda maçante de shows da banda após 30 anos de estrada. O guitarrista se entrosou muito bem com a plateia, que cantou os hits "Lay Your Hands on Me", "Wanted Dead or Alive", "Living on a Prayer" e "These Days". Já da carreira solo do guitarrista foram tocadas poucas canções, como "Every Road Leads Home To You" e "Stranger in This Town". Orianthi alternou vocais e solos de guitarra com Sambora em boa parte do tempo, mas também teve seus momentos próprios. Um deles foi durante "Black or White", de Michael Jackson, com quem ela tocou antes da morte do cantor. No domingo (10), a dupla fará sua segunda apresentação no país —desta vez gratuita— no auditório do parque Ibirapuera. Além da atração internacional, amanhã se apresentarão o guitarrista de blues Igor Prado, a banda folk/blues Mustache e os Apaches e o grupo Os Lontras, que transforma hits em música para bailinhos. Na próxima semana, Sambora e Orianthi seguem para Porto Alegre, onde se apresentam na terça-feira (12) em último show promovido pelo Samsung Best of Blues. * DOMINGO (10) QUANDO 17h30 ONDE Auditório do parque Ibirapuera - Oscar Niemeyer (av. Pedro Álvares Cabral, s/n, tel. 11 3629-1075) CLASSIFICAÇÃO livre QUANTO grátis TERÇA-FEIRA (12) QUANDO às 21h (abertura dos portões com duas horas de antecedência) ONDE Pepsi On Stage (av. Severo Dullius, 1995, Porto Alegre, tel. 51 3371-1948) CLASSIFICAÇÃO 16 anos (menores acompanhados de pai, mãe ou responsável). QUANTO de R$ 280 a R$ 360, ingressos no site Live Pass | 6 |
Editorial: Crimeia no limbo | Um ano depois de ter sido incorporada à Rússia, a Crimeia vive no limbo. Isolada da Europa pelas sanções impostas a Moscou, tem seu futuro anexado ao desenlace do conflito em curso no leste da Ucrânia, envolvendo separatistas apoiados pelo Kremlin, de um lado, e o governo de Kiev, respaldado por potências ocidentais, de outro. Com uma população de maioria russa, a região esteve de fato mais ligada a Moscou ao longo dos últimos séculos. Sua reincorporação, no entanto, realizada em meio à crise política ucraniana, validada por um referendo feito fora dos marcos legais e sob pressão militar do país vizinho, jogou seus 2 milhões de habitantes em um incômodo cenário de incertezas. Como mostrou reportagem desta Folha, a Crimeia sofre com inflação em alta e turismo em baixa. As crescentes dificuldades da economia russa e o forte isolamento internacional –num caso exemplar, o McDonald's deixou a península– sugerem que uma recuperação mais acentuada levará tempo. De positivo, ressalte-se que a região não registra confrontos violentos, ao contrário do que se passa mais ao norte. O conflito deflagrado por rebeldes logo após a anexação da Crimeia parece ainda distante de uma solução definitiva. O leste ucraniano vive hoje sob um frágil acordo de cessar-fogo, constantemente interrompido. Fiel a seu objetivo de não deixar o país vizinho gravitar em torno da União Europeia e da Otan (a aliança militar ocidental), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, continua apoiando os separatistas pró-Moscou valendo-se da fronteira comum, sobre a qual Kiev não exerce praticamente nenhum controle. Enquanto isso, a Crimeia tende a se parecer cada vez mais com outros locais onde existem conflitos congelados resultantes da desintegração da União Soviética –encraves russos sem reconhecimento internacional. São os casos da Transnístria, região separatista da Moldova, e da Abkházia e da Ossétia do Sul, na Geórgia. As pouco mais de duas décadas do esfacelamento da União Soviética são um período muito curto. O desenlace do conflito na Ucrânia ajudará a responder se a região passa por acomodações decorrentes do fim de um império ou se a polarização da Guerra Fria ganhou de fato uma segunda vida. | opiniao | Editorial: Crimeia no limboUm ano depois de ter sido incorporada à Rússia, a Crimeia vive no limbo. Isolada da Europa pelas sanções impostas a Moscou, tem seu futuro anexado ao desenlace do conflito em curso no leste da Ucrânia, envolvendo separatistas apoiados pelo Kremlin, de um lado, e o governo de Kiev, respaldado por potências ocidentais, de outro. Com uma população de maioria russa, a região esteve de fato mais ligada a Moscou ao longo dos últimos séculos. Sua reincorporação, no entanto, realizada em meio à crise política ucraniana, validada por um referendo feito fora dos marcos legais e sob pressão militar do país vizinho, jogou seus 2 milhões de habitantes em um incômodo cenário de incertezas. Como mostrou reportagem desta Folha, a Crimeia sofre com inflação em alta e turismo em baixa. As crescentes dificuldades da economia russa e o forte isolamento internacional –num caso exemplar, o McDonald's deixou a península– sugerem que uma recuperação mais acentuada levará tempo. De positivo, ressalte-se que a região não registra confrontos violentos, ao contrário do que se passa mais ao norte. O conflito deflagrado por rebeldes logo após a anexação da Crimeia parece ainda distante de uma solução definitiva. O leste ucraniano vive hoje sob um frágil acordo de cessar-fogo, constantemente interrompido. Fiel a seu objetivo de não deixar o país vizinho gravitar em torno da União Europeia e da Otan (a aliança militar ocidental), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, continua apoiando os separatistas pró-Moscou valendo-se da fronteira comum, sobre a qual Kiev não exerce praticamente nenhum controle. Enquanto isso, a Crimeia tende a se parecer cada vez mais com outros locais onde existem conflitos congelados resultantes da desintegração da União Soviética –encraves russos sem reconhecimento internacional. São os casos da Transnístria, região separatista da Moldova, e da Abkházia e da Ossétia do Sul, na Geórgia. As pouco mais de duas décadas do esfacelamento da União Soviética são um período muito curto. O desenlace do conflito na Ucrânia ajudará a responder se a região passa por acomodações decorrentes do fim de um império ou se a polarização da Guerra Fria ganhou de fato uma segunda vida. | 7 |
Recorde de poluição em Pequim vira rotina e alvo de piadas | "Quem sai de casa para um encontro amoroso em dia tão poluído só pode achar o amor verdadeiro. A fumaça no ar é tamanha que dá para economizar a compra do cigarro." "A pessoa sai para passear com o cachorro, e não consegue ver o cão no meio de tanta neblina." Essas são algumas das brincadeiras que circularam pelas redes sociais chinesas desde esta terça-feira (8), quando Pequim entrou, pela primeira vez, em alerta vermelho para a poluição do ar. Piadas à parte, esse é um tema que deixa os chineses bem descontentes. Da manhã de terça até o meio-dia desta quinta (10), as fábricas mais poluentes e as construções tiveram os trabalhos suspensos, boa parte das escolas dispensou os alunos e um rodízio rígido tirou metade dos carros particulares de circulação. A venda de máscaras e purificadores de ar para residências teve um salto, informou a imprensa local. Enquanto isso, o "smog" (neblina e fumaça) encobriu Pequim e regiões vizinhas. O índice da qualidade do ar alcançou 400 às 18h de terça (8h em Brasília), só caindo para menos de 100 depois das 11h desta quinta (1h em Brasília), segundo as medições divulgadas pela embaixada americana na China. O ar é tido como "bom" quando o índice vai até 50; a partir de 51, pessoas sensíveis já podem começar a manifestar problemas de saúde. Apesar do ineditismo do alerta vermelho, a poluição do ar desta semana foi moderada se comparada ao início da semana passada, quando se falava em um "arpocalipse", mas a poluição do ar foi classificada pelas autoridades "apenas" como alerta laranja —o segundo pior, atrás do vermelho. Na segunda (30), o índice da qualidade do ar alcançou 609, deixando Pequim imersa em uma neblina amarela e de cheiro desagradável. "Na semana passada, não disseram que ia ser tão ruim, mas no WeChat [rede social chinesa] as pessoas colocaram fotos e avaliaram que o governo deveria recomendar que as crianças ficassem em casa", diz Lucy Lu, 31, que trabalha com moda na capital. Poluição em Pequim - Índice da qualidade do ar (AQI)* Dong Liansai, que trata de clima e energia no braço do Greenpeace para o Leste da Ásia, concorda que a pressão social foi uma das razões que levaram o governo da cidade a emitir um alerta maior dessa vez. Também houve pressão, avalia ele, do governo central para que a cidade usasse as medidas emergenciais definidas há três anos. A poluição é um tema caro às famílias chinesas. Em março desse ano, um documentário chinês se tornou viral ao detalhar as origens da poluição, seus impactos na saúde e as responsabilidades dos envolvidos. Depois de milhões de visualizações em poucos dias, o "Under the dome" foi censurado e sumiu da internet chinesa. "O governo está tentando melhorar [os níveis de poluição], mas não vejo mudança", disse à Folha uma mestranda de 25 anos que não quis se identificar. "Nós todos estamos acostumados à essa situação, índice 100 ou 600 é o mesmo, é ruim para a saúde de qualquer jeito." Charlene Gu, 24, também não viu anormalidade alguma no alerta vermelho. "É como se fosse um alerta de tufão." Mas a chinesa, que vive há um ano na capital e tem planos de partir em breve, diz não entender "por que as pessoas não vão embora de Pequim". Dong Liansai, do Greenpeace, afirma que análises mostram que 2015 foi um ano de poluição menos intensa em Pequim e outras grandes cidades em comparação com o passado recente, mesmo se considerados os picos de poluição da temporada de frio. "Todos sabemos que o carvão é uma importante fonte para os poluentes do ar, temos estudos ligando o carvão ao 'smog' e às emissões de PM2.5 [partículas finas] na China." A entidade defende que o governo inclua, no plano para os próximos cinco anos do país, um teto nacional para o consumo do combustível. Na tarde desta quinta (10), a capital voltou a ter céu azul. Até quando, no entanto, ninguém sabe. "Quando o céu de Pequim fica limpo, as pessoas sentem como se ganhassem um presente", diz Du Xiaoyu, 24, que trabalha em uma consultoria. | mundo | Recorde de poluição em Pequim vira rotina e alvo de piadas"Quem sai de casa para um encontro amoroso em dia tão poluído só pode achar o amor verdadeiro. A fumaça no ar é tamanha que dá para economizar a compra do cigarro." "A pessoa sai para passear com o cachorro, e não consegue ver o cão no meio de tanta neblina." Essas são algumas das brincadeiras que circularam pelas redes sociais chinesas desde esta terça-feira (8), quando Pequim entrou, pela primeira vez, em alerta vermelho para a poluição do ar. Piadas à parte, esse é um tema que deixa os chineses bem descontentes. Da manhã de terça até o meio-dia desta quinta (10), as fábricas mais poluentes e as construções tiveram os trabalhos suspensos, boa parte das escolas dispensou os alunos e um rodízio rígido tirou metade dos carros particulares de circulação. A venda de máscaras e purificadores de ar para residências teve um salto, informou a imprensa local. Enquanto isso, o "smog" (neblina e fumaça) encobriu Pequim e regiões vizinhas. O índice da qualidade do ar alcançou 400 às 18h de terça (8h em Brasília), só caindo para menos de 100 depois das 11h desta quinta (1h em Brasília), segundo as medições divulgadas pela embaixada americana na China. O ar é tido como "bom" quando o índice vai até 50; a partir de 51, pessoas sensíveis já podem começar a manifestar problemas de saúde. Apesar do ineditismo do alerta vermelho, a poluição do ar desta semana foi moderada se comparada ao início da semana passada, quando se falava em um "arpocalipse", mas a poluição do ar foi classificada pelas autoridades "apenas" como alerta laranja —o segundo pior, atrás do vermelho. Na segunda (30), o índice da qualidade do ar alcançou 609, deixando Pequim imersa em uma neblina amarela e de cheiro desagradável. "Na semana passada, não disseram que ia ser tão ruim, mas no WeChat [rede social chinesa] as pessoas colocaram fotos e avaliaram que o governo deveria recomendar que as crianças ficassem em casa", diz Lucy Lu, 31, que trabalha com moda na capital. Poluição em Pequim - Índice da qualidade do ar (AQI)* Dong Liansai, que trata de clima e energia no braço do Greenpeace para o Leste da Ásia, concorda que a pressão social foi uma das razões que levaram o governo da cidade a emitir um alerta maior dessa vez. Também houve pressão, avalia ele, do governo central para que a cidade usasse as medidas emergenciais definidas há três anos. A poluição é um tema caro às famílias chinesas. Em março desse ano, um documentário chinês se tornou viral ao detalhar as origens da poluição, seus impactos na saúde e as responsabilidades dos envolvidos. Depois de milhões de visualizações em poucos dias, o "Under the dome" foi censurado e sumiu da internet chinesa. "O governo está tentando melhorar [os níveis de poluição], mas não vejo mudança", disse à Folha uma mestranda de 25 anos que não quis se identificar. "Nós todos estamos acostumados à essa situação, índice 100 ou 600 é o mesmo, é ruim para a saúde de qualquer jeito." Charlene Gu, 24, também não viu anormalidade alguma no alerta vermelho. "É como se fosse um alerta de tufão." Mas a chinesa, que vive há um ano na capital e tem planos de partir em breve, diz não entender "por que as pessoas não vão embora de Pequim". Dong Liansai, do Greenpeace, afirma que análises mostram que 2015 foi um ano de poluição menos intensa em Pequim e outras grandes cidades em comparação com o passado recente, mesmo se considerados os picos de poluição da temporada de frio. "Todos sabemos que o carvão é uma importante fonte para os poluentes do ar, temos estudos ligando o carvão ao 'smog' e às emissões de PM2.5 [partículas finas] na China." A entidade defende que o governo inclua, no plano para os próximos cinco anos do país, um teto nacional para o consumo do combustível. Na tarde desta quinta (10), a capital voltou a ter céu azul. Até quando, no entanto, ninguém sabe. "Quando o céu de Pequim fica limpo, as pessoas sentem como se ganhassem um presente", diz Du Xiaoyu, 24, que trabalha em uma consultoria. | 4 |
Governo Temer prepara acordo de leniência com empresas na Lava Jato | O governo interino de Michel Temer pretende fechar no início deste segundo semestre o primeiro acordo de leniência da União na Operação Lava Jato, com as agências de publicidade FCB e Mullen Lowe Brasil, antiga Borghi Lowe. As empresas são acusadas no rastro da Operação Lava Jato de pagarem propina para conseguir contratos na Petrobras, Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde. O acordo foi autorizado pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle e aguarda agora a chancela da AGU (Advocacia-Geral da União). A indenização foi calculada em R$ 50 milhões e foi estimada em cima do faturamento nos últimos cinco anos em contratos assinados pelas empresas que envolveram irregularidades. Segundo a Folha apurou, a Borghi Lowe revelou ao governo federal que recebia informações privilegiadas da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República sobre as licitações de publicidade, como da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Com isso, conseguia mais tempo do que as suas principais concorrentes para preparar as propostas. O acordo inclui ainda informações sobre a participação do ex-deputado federal André Vargas (ex-PT-PR) nas irregularidades em contratos de publicidade. Em setembro, o juiz federal Sergio Moro condenou o ex-petista a 12 anos de reclusão em regime inicialmente fechado por envolvimento no esquema. As empresas já haviam fechado acordo de leniência com o Ministério Público Federal para não responderem a ações na esfera civil. Com a nova iniciativa, elas evitam também que sejam declaradas inidôneas e, assim, podem seguir contratando com o setor público. Além das duas agências, o governo interino também avalia fechar em breve acordo de leniência com a empresa holandesa SBM Offshore, ligada a esquema de desvios da Petrobras. Segundo a Folha apurou, o valor final de devolução de recursos pela empresa ficou em R$ 1,2 bilhão. No final de junho, o presidente interino formou um grupo de trabalho para discussão de um novo marco legal para os acordos de leniência. O Palácio do Planalto já definiu que ele será enviado ao Congresso Nacional por meio de um projeto de lei e que incluirá regra que permite o controle prévio do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Ministério Público. | poder | Governo Temer prepara acordo de leniência com empresas na Lava JatoO governo interino de Michel Temer pretende fechar no início deste segundo semestre o primeiro acordo de leniência da União na Operação Lava Jato, com as agências de publicidade FCB e Mullen Lowe Brasil, antiga Borghi Lowe. As empresas são acusadas no rastro da Operação Lava Jato de pagarem propina para conseguir contratos na Petrobras, Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde. O acordo foi autorizado pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle e aguarda agora a chancela da AGU (Advocacia-Geral da União). A indenização foi calculada em R$ 50 milhões e foi estimada em cima do faturamento nos últimos cinco anos em contratos assinados pelas empresas que envolveram irregularidades. Segundo a Folha apurou, a Borghi Lowe revelou ao governo federal que recebia informações privilegiadas da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República sobre as licitações de publicidade, como da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Com isso, conseguia mais tempo do que as suas principais concorrentes para preparar as propostas. O acordo inclui ainda informações sobre a participação do ex-deputado federal André Vargas (ex-PT-PR) nas irregularidades em contratos de publicidade. Em setembro, o juiz federal Sergio Moro condenou o ex-petista a 12 anos de reclusão em regime inicialmente fechado por envolvimento no esquema. As empresas já haviam fechado acordo de leniência com o Ministério Público Federal para não responderem a ações na esfera civil. Com a nova iniciativa, elas evitam também que sejam declaradas inidôneas e, assim, podem seguir contratando com o setor público. Além das duas agências, o governo interino também avalia fechar em breve acordo de leniência com a empresa holandesa SBM Offshore, ligada a esquema de desvios da Petrobras. Segundo a Folha apurou, o valor final de devolução de recursos pela empresa ficou em R$ 1,2 bilhão. No final de junho, o presidente interino formou um grupo de trabalho para discussão de um novo marco legal para os acordos de leniência. O Palácio do Planalto já definiu que ele será enviado ao Congresso Nacional por meio de um projeto de lei e que incluirá regra que permite o controle prévio do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Ministério Público. | 0 |
Quarta de grandes eventos tem Rolling Stones, Mega-Sena e pornochanchada | Dois eventos devem impactar o trânsito em São Paulo nesta quarta (23). Nas imediações do Estádio do Morumbi, na zona sul, acontece a primeira apresentação dos Rolling Stones em São Paulo. A expectativa é que mais de 70 mil pessoas apareçam por lá e a CET prepara uma operação especial para monitorar o trânsito na região, a partir das 13h. Já no Pacaembu, na zona oeste, São Paulo e Grêmio Novo Horizontino se enfrentam pela sexta rodada do Campeonato Paulista. A expectativa de público é bem menor, 15 mil pessoas. Motoristas que circulam pela região devem evitar os horários de fluxo de entrada e saída do estádio, às 18h30 e 23h. Nesta quarta também acontece o sorteio 1.793 da Mega-Sena, que acumulou e deve pagar um prêmio de R$ 35 milhões. Os números saem só às 20h, portanto, ainda dá tempo de fazer sua fezinha. * TEMPO O dia deve ser de sol com muitas nuvens e possibilidade de pancadas de chuva à tarde e à noite. Máxima de 29ºC e mínima de 21ºC, segundo o Climatempo. * VOCÊ DEVERIA SABER A Polícia Civil de Minas Gerais pediu a prisão preventiva de seis funcionários da Samarco, inclusive o presidente licenciado Ricardo Vescovi, após concluir o primeiro inquérito que apura o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), um dos maiores desastres ambientais da história do país. O número de homicídios na cidade de São Paulo caiu mais de 40%,segundo dados divulgados pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), nesta terça (23). A metodologia usada pelo governo paulista para contabilizar a taxa é diferente da empregada por organismos internacionais. A Unesp divulgou a lista de aprovados em 2ª chamada do vestibular 2016. * AGENDA CULTURAL SHOWS | Os míticos Rolling Stones se apresentam pela terceira vez na cidade, desta vez no estádio do Morumbi. Ainda há ingressos, mas muito escassos. A previsão é de uma tempestade generosa e didática de sucessos. Rolling Stones - Qua. (24) e sáb. (27), a partir das 21h, no estádio do Morumbi. EXPOSIÇÕES | Abre nesta quarta (24) a mostra Prazeres Proibidos, no MIS, retratando como as pornochanchadas brasileiras sobreviveram ao período da censura no país. MIS - Av. Europa, 158, Jardim Europa. Ter. a sex., das 10h às 20h. Sáb.: 9h às 21h. Dom.: 11h às 19h. Não recomendado para menores de 16 anos. Grátis. | saopaulo | Quarta de grandes eventos tem Rolling Stones, Mega-Sena e pornochanchadaDois eventos devem impactar o trânsito em São Paulo nesta quarta (23). Nas imediações do Estádio do Morumbi, na zona sul, acontece a primeira apresentação dos Rolling Stones em São Paulo. A expectativa é que mais de 70 mil pessoas apareçam por lá e a CET prepara uma operação especial para monitorar o trânsito na região, a partir das 13h. Já no Pacaembu, na zona oeste, São Paulo e Grêmio Novo Horizontino se enfrentam pela sexta rodada do Campeonato Paulista. A expectativa de público é bem menor, 15 mil pessoas. Motoristas que circulam pela região devem evitar os horários de fluxo de entrada e saída do estádio, às 18h30 e 23h. Nesta quarta também acontece o sorteio 1.793 da Mega-Sena, que acumulou e deve pagar um prêmio de R$ 35 milhões. Os números saem só às 20h, portanto, ainda dá tempo de fazer sua fezinha. * TEMPO O dia deve ser de sol com muitas nuvens e possibilidade de pancadas de chuva à tarde e à noite. Máxima de 29ºC e mínima de 21ºC, segundo o Climatempo. * VOCÊ DEVERIA SABER A Polícia Civil de Minas Gerais pediu a prisão preventiva de seis funcionários da Samarco, inclusive o presidente licenciado Ricardo Vescovi, após concluir o primeiro inquérito que apura o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), um dos maiores desastres ambientais da história do país. O número de homicídios na cidade de São Paulo caiu mais de 40%,segundo dados divulgados pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), nesta terça (23). A metodologia usada pelo governo paulista para contabilizar a taxa é diferente da empregada por organismos internacionais. A Unesp divulgou a lista de aprovados em 2ª chamada do vestibular 2016. * AGENDA CULTURAL SHOWS | Os míticos Rolling Stones se apresentam pela terceira vez na cidade, desta vez no estádio do Morumbi. Ainda há ingressos, mas muito escassos. A previsão é de uma tempestade generosa e didática de sucessos. Rolling Stones - Qua. (24) e sáb. (27), a partir das 21h, no estádio do Morumbi. EXPOSIÇÕES | Abre nesta quarta (24) a mostra Prazeres Proibidos, no MIS, retratando como as pornochanchadas brasileiras sobreviveram ao período da censura no país. MIS - Av. Europa, 158, Jardim Europa. Ter. a sex., das 10h às 20h. Sáb.: 9h às 21h. Dom.: 11h às 19h. Não recomendado para menores de 16 anos. Grátis. | 9 |
Dificuldade para superar luto afeta mais os idosos, mostra estudo | Ela cuidou do marido durante os últimos oito anos da vida dele, quando ficou cego, teve câncer e problemas cardíacos. Depois que ele morreu em 2002, ela vendeu a casa em Long Island, nos EUA, que os dois dividiam, pois o lugar guardava muitas memórias. Depois disso, se mudou para sua casa de campo. "Eu não estava nada bem", afirmou Anne Schomaker, de 73 anos. "Tinha surtos terríveis de tristeza e desânimo. Sentia muita saudade do meu marido." Mesmo depois de fazer terapia, o que ajudou um pouco, ela tinha pesadelos e não suportava ouvir as óperas prediletas do casal. "A dor simplesmente não passava." Geralmente, o luto vai desaparecendo à medida que os meses passam, e as pessoas começam a alternar entre a tristeza e a capacidade de redescobrir os prazeres da vida. O luto fazia parte de vida de Anne há nove anos quando ela viu um anúncio da Universidade de Columbia, onde pesquisadores que haviam desenvolvido um tratamento para o "luto com complicações" buscavam participantes para um estudo. O luto prolongado pode atingir qualquer pessoa, especialmente idosos. "O luto é resultado da perda. Pessoas com mais de 65 enfrentam perdas muito maiores", diz Katherine Shear, psiquiatra de Columbia que publicou um artigo sobre o tema no "The New England Journal of Medicine". Um estudo envolvendo 2.500 pessoas, realizado na Alemanha, afirma que a proporção total é de cerca de 7%, chegando a 9% entre as pessoas com mais de 61. O problema parece ser mais provável quando a morte é repentina e quando o paciente tem histórico de tendência à depressão, ansiedade e uso de substâncias químicas. A definição desse tipo de luto é motivo de discordância entre profissionais da área. Na última versão de seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a Associação Psiquiátrica Americana se negou a classificar o luto com complicações como um transtorno mental, mas incluiu o "transtorno persistente complexo relacionado ao luto" na lista de temas que exigem estudo posterior. O manual sugere um limite de 12 meses para delimitar um luto "normal", mas Katherine e outros pesquisadores propõem um limite de apenas seis meses. Alguns especialistas discordam. "A psiquiatria precisa mesmo rotular emoções humanas perfeitamente normais como transtornos?", questiona Jerome Wakefield, professor da Universidade de Nova York. Ao diagnosticar o luto com complicações apenas seis meses depois de uma morte, afirmou, "muitas pessoas normais vão receber tratamentos desnecessários", incluindo medicamentos. Katherine também se preocupa com a "patologização" de emoções. Mas quando uma mulher é incapaz de sair de casa quatro anos depois da morte de um filho adulto, como uma paciente, algo deu errado, ela diz. Seu centro oferece apoio a pacientes em tal situação. Junto a terapeutas, os pacientes encaram memórias, fotografias e gravações da pessoa morta, além de ter contato com outros enlutados em situação similar. Darlyn Reardon, da Pensilvânia buscou ajuda em 2011. Depois que seu marido, após 40 anos juntos, morreu de câncer, "foi como se eu também tivesse morrido". Sete anos se passaram e "eu não cuidava mais de mim. Não ia nem ao médico. Nós tínhamos amigos, mas me afastei deles. Me afastei de tudo". Darlyn, de 72 anos, sempre sentirá falta do marido, John. Mas agora ela consegue assistir um filme, comer com a prima, ficar com seu pug de estimação ou passar um tempo em companhia dos netos. | equilibrioesaude | Dificuldade para superar luto afeta mais os idosos, mostra estudoEla cuidou do marido durante os últimos oito anos da vida dele, quando ficou cego, teve câncer e problemas cardíacos. Depois que ele morreu em 2002, ela vendeu a casa em Long Island, nos EUA, que os dois dividiam, pois o lugar guardava muitas memórias. Depois disso, se mudou para sua casa de campo. "Eu não estava nada bem", afirmou Anne Schomaker, de 73 anos. "Tinha surtos terríveis de tristeza e desânimo. Sentia muita saudade do meu marido." Mesmo depois de fazer terapia, o que ajudou um pouco, ela tinha pesadelos e não suportava ouvir as óperas prediletas do casal. "A dor simplesmente não passava." Geralmente, o luto vai desaparecendo à medida que os meses passam, e as pessoas começam a alternar entre a tristeza e a capacidade de redescobrir os prazeres da vida. O luto fazia parte de vida de Anne há nove anos quando ela viu um anúncio da Universidade de Columbia, onde pesquisadores que haviam desenvolvido um tratamento para o "luto com complicações" buscavam participantes para um estudo. O luto prolongado pode atingir qualquer pessoa, especialmente idosos. "O luto é resultado da perda. Pessoas com mais de 65 enfrentam perdas muito maiores", diz Katherine Shear, psiquiatra de Columbia que publicou um artigo sobre o tema no "The New England Journal of Medicine". Um estudo envolvendo 2.500 pessoas, realizado na Alemanha, afirma que a proporção total é de cerca de 7%, chegando a 9% entre as pessoas com mais de 61. O problema parece ser mais provável quando a morte é repentina e quando o paciente tem histórico de tendência à depressão, ansiedade e uso de substâncias químicas. A definição desse tipo de luto é motivo de discordância entre profissionais da área. Na última versão de seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a Associação Psiquiátrica Americana se negou a classificar o luto com complicações como um transtorno mental, mas incluiu o "transtorno persistente complexo relacionado ao luto" na lista de temas que exigem estudo posterior. O manual sugere um limite de 12 meses para delimitar um luto "normal", mas Katherine e outros pesquisadores propõem um limite de apenas seis meses. Alguns especialistas discordam. "A psiquiatria precisa mesmo rotular emoções humanas perfeitamente normais como transtornos?", questiona Jerome Wakefield, professor da Universidade de Nova York. Ao diagnosticar o luto com complicações apenas seis meses depois de uma morte, afirmou, "muitas pessoas normais vão receber tratamentos desnecessários", incluindo medicamentos. Katherine também se preocupa com a "patologização" de emoções. Mas quando uma mulher é incapaz de sair de casa quatro anos depois da morte de um filho adulto, como uma paciente, algo deu errado, ela diz. Seu centro oferece apoio a pacientes em tal situação. Junto a terapeutas, os pacientes encaram memórias, fotografias e gravações da pessoa morta, além de ter contato com outros enlutados em situação similar. Darlyn Reardon, da Pensilvânia buscou ajuda em 2011. Depois que seu marido, após 40 anos juntos, morreu de câncer, "foi como se eu também tivesse morrido". Sete anos se passaram e "eu não cuidava mais de mim. Não ia nem ao médico. Nós tínhamos amigos, mas me afastei deles. Me afastei de tudo". Darlyn, de 72 anos, sempre sentirá falta do marido, John. Mas agora ela consegue assistir um filme, comer com a prima, ficar com seu pug de estimação ou passar um tempo em companhia dos netos. | 16 |
Instituição abre museu dedicado a moedas em Paris | A Monnaie de Paris, instituição responsável pela fabricação de moedas da França há mais de mil anos, abre a sua coleção para curiosos e colecionadores. O museu Conti 11 será inaugurado neste sábado (30), em Paris, e funcionará como uma "experiência interativa", conforme define a instituição. O público poderá conhecer o processo de fabricação das moedas, além de ter acesso a uma exposição com cerca de 2.500 objetos raros. Também estão previstas oficinas em que os participantes poderão cunhar a própria moeda e levá-la para casa. O ingresso para o museu custa a partir de € 8 (R$ 29) se comprado diretamente na bilheteria. Ainda não há previsão de preço das oficinas. | turismo | Instituição abre museu dedicado a moedas em ParisA Monnaie de Paris, instituição responsável pela fabricação de moedas da França há mais de mil anos, abre a sua coleção para curiosos e colecionadores. O museu Conti 11 será inaugurado neste sábado (30), em Paris, e funcionará como uma "experiência interativa", conforme define a instituição. O público poderá conhecer o processo de fabricação das moedas, além de ter acesso a uma exposição com cerca de 2.500 objetos raros. Também estão previstas oficinas em que os participantes poderão cunhar a própria moeda e levá-la para casa. O ingresso para o museu custa a partir de € 8 (R$ 29) se comprado diretamente na bilheteria. Ainda não há previsão de preço das oficinas. | 13 |
É um ultraje Cesare Battisti estar solto, diz leitor | É um ultraje e motivo de vergonha aos paulistanos a assistência prestada ao terrorista Cesare Battisti pelo secretário de Direitos Humanos de São Paulo ("Battisti tem pedido de liberdade aceito e deixa prédio da PF em São Paulo"). * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | É um ultraje Cesare Battisti estar solto, diz leitorÉ um ultraje e motivo de vergonha aos paulistanos a assistência prestada ao terrorista Cesare Battisti pelo secretário de Direitos Humanos de São Paulo ("Battisti tem pedido de liberdade aceito e deixa prédio da PF em São Paulo"). * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
Prepare-se: quarta com peça grátis de Miguel Falabella e chance de granizo | DE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "A vida não para, o relógio voa, nunca mais teremos este exato momento. Por isso temos que aproveitar e envelhecer bem em todas as idades. Quem perde a vaidade, perde a vida. E quem nunca chorou por amor ou sofreu? Então tome aquele banho, se monte, passe um perfume e brilhe toda vez que estiver pra baixo. Segurança é a mais pura beleza. Pro que vier, esteja linda!" Bárbara Vitoria, 41, empresária, Brooklin * TEMPO A quarta-feira (14) estará mais nublada durante o dia, com pancadas de chuva e trovoadas isoladas à tarde. Há risco de queda de granizo. A temperatura mínima será de 21ºC e, a máxima, de 34ºC * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia) | saopaulo | Prepare-se: quarta com peça grátis de Miguel Falabella e chance de granizoDE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "A vida não para, o relógio voa, nunca mais teremos este exato momento. Por isso temos que aproveitar e envelhecer bem em todas as idades. Quem perde a vaidade, perde a vida. E quem nunca chorou por amor ou sofreu? Então tome aquele banho, se monte, passe um perfume e brilhe toda vez que estiver pra baixo. Segurança é a mais pura beleza. Pro que vier, esteja linda!" Bárbara Vitoria, 41, empresária, Brooklin * TEMPO A quarta-feira (14) estará mais nublada durante o dia, com pancadas de chuva e trovoadas isoladas à tarde. Há risco de queda de granizo. A temperatura mínima será de 21ºC e, a máxima, de 34ºC * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia) | 9 |
Sem principais distribuidoras, leilão de energia vende menos de 1% da oferta | O leilão de energia realizado nesta sexta-feira (29) vendeu apenas 0,7% do total oferecido no pleito, que prevê a entrega da energia apenas em 2021. O total vendido somou apenas 201,8 megawatts (MW). As principais distribuidoras não participaram do leilão. Elas estão com energia sobrando, o que não é remunerado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), e tentam resolver a situação junto ao governo federal. A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) habilitou 802 projetos para o leilão. Ao todo, estavam sendo vendidos 29.628 MW de capacidade instalada. A principal fonte oferecida era a eólica, com 17.131 MW. Apesar da grande oferta, nenhum projeto de eólica oferecido no pleito vai sair do papel. Não houve oferta de compra para eles. As empresas que participaram preferiram comprar de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e de térmicas movidas a biomassa. O preço teto das eólicas, que concorrem com as PCHs, superava em mais de 30% o custo dos projetos de pequenas hidrelétricas. Pelo lado das térmicas, as usinas a biomassa tiveram vantagem frente a empreendimentos a gás, com preços 14% mais baixos. A maior compradora do leilão foi a distribuidora Celesc, que atende Santa Catarina, que foi responsável por 27,5% do total comercializado. Amazonas Energia, do grupo Eletrobras, ficou em segundo, com 25,5%. Copel, estatal do Paraná, e Cepisa, distribuidora do Piauí que também é do grupo Eletrobras, também tiveram importantes participações, de 20% e de 15%, respectivamente. No total, 40 empreendimentos vão sair do papel, sendo 21 PCHs, 6 térmicas a biomassa, 1 a biogás e outra a gás. O volume financeiro comercializado no leilão somou R$ 9,7 bilhões. | mercado | Sem principais distribuidoras, leilão de energia vende menos de 1% da ofertaO leilão de energia realizado nesta sexta-feira (29) vendeu apenas 0,7% do total oferecido no pleito, que prevê a entrega da energia apenas em 2021. O total vendido somou apenas 201,8 megawatts (MW). As principais distribuidoras não participaram do leilão. Elas estão com energia sobrando, o que não é remunerado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), e tentam resolver a situação junto ao governo federal. A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) habilitou 802 projetos para o leilão. Ao todo, estavam sendo vendidos 29.628 MW de capacidade instalada. A principal fonte oferecida era a eólica, com 17.131 MW. Apesar da grande oferta, nenhum projeto de eólica oferecido no pleito vai sair do papel. Não houve oferta de compra para eles. As empresas que participaram preferiram comprar de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e de térmicas movidas a biomassa. O preço teto das eólicas, que concorrem com as PCHs, superava em mais de 30% o custo dos projetos de pequenas hidrelétricas. Pelo lado das térmicas, as usinas a biomassa tiveram vantagem frente a empreendimentos a gás, com preços 14% mais baixos. A maior compradora do leilão foi a distribuidora Celesc, que atende Santa Catarina, que foi responsável por 27,5% do total comercializado. Amazonas Energia, do grupo Eletrobras, ficou em segundo, com 25,5%. Copel, estatal do Paraná, e Cepisa, distribuidora do Piauí que também é do grupo Eletrobras, também tiveram importantes participações, de 20% e de 15%, respectivamente. No total, 40 empreendimentos vão sair do papel, sendo 21 PCHs, 6 térmicas a biomassa, 1 a biogás e outra a gás. O volume financeiro comercializado no leilão somou R$ 9,7 bilhões. | 2 |
'Elle' e Isabelle Huppert são premiados no César, considerado o Oscar francês | "Elle", do holandês Paul Verhoven, recebeu nesta sexta (24) o César de melhor filme. Isabelle Huppert, atriz que protagoniza o longa, foi contemplada com o prêmio de melhor atriz, às vésperas do Oscar, premiação que ocorre na noite deste domingo (26) e na qual também concorre pela mesma categoria. O suspense subversivo de Verhoeven (de "Instinto Selvagem") já havia sido premiado com os globos de ouro de melhor filme de língua estrangeira e de melhor atriz para Huppert. O filme conta a história de uma empresada que sofre um abuso sexual por um homem que invadiu sua casa. Sem se intimidar, a vítima sai em busca de seu agressor. "Às vezes penso na relação entre a intérprete que sou e o papel que encarno, creio que em 'Elle' o papel se impõe à intérprete", disse Huppert ao receber o prêmio. "No fundo, não atuei pior, talvez tão bem quanto em outros filmes, mas creio que desta vez notaram mais", acrescentou. Huppert já havia ganhado um César de melhor atriz em 1996 por seu papel em "Mulheres Diabólicas", de Claude Chabrol. Nesta edição da principal premiação francesa, comparada ao Oscar, ela competia principalmente como Marion Cotillard, por "Um Instante de Amor", de Nicole García. "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, concorria ao prêmio de melhor filme estrangeiro, mas o vencedor foi "Eu, Daniel Blake", de Ken Loach. | ilustrada | 'Elle' e Isabelle Huppert são premiados no César, considerado o Oscar francês"Elle", do holandês Paul Verhoven, recebeu nesta sexta (24) o César de melhor filme. Isabelle Huppert, atriz que protagoniza o longa, foi contemplada com o prêmio de melhor atriz, às vésperas do Oscar, premiação que ocorre na noite deste domingo (26) e na qual também concorre pela mesma categoria. O suspense subversivo de Verhoeven (de "Instinto Selvagem") já havia sido premiado com os globos de ouro de melhor filme de língua estrangeira e de melhor atriz para Huppert. O filme conta a história de uma empresada que sofre um abuso sexual por um homem que invadiu sua casa. Sem se intimidar, a vítima sai em busca de seu agressor. "Às vezes penso na relação entre a intérprete que sou e o papel que encarno, creio que em 'Elle' o papel se impõe à intérprete", disse Huppert ao receber o prêmio. "No fundo, não atuei pior, talvez tão bem quanto em outros filmes, mas creio que desta vez notaram mais", acrescentou. Huppert já havia ganhado um César de melhor atriz em 1996 por seu papel em "Mulheres Diabólicas", de Claude Chabrol. Nesta edição da principal premiação francesa, comparada ao Oscar, ela competia principalmente como Marion Cotillard, por "Um Instante de Amor", de Nicole García. "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, concorria ao prêmio de melhor filme estrangeiro, mas o vencedor foi "Eu, Daniel Blake", de Ken Loach. | 6 |
'A Alesp não tem função nenhuma', diz leitor sobre coluna de Ricardo Melo | O articulista Ricardo Melo está 100% correto sobre o papel da Assembleia Legislativa do Estado. A Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) não tem função nenhuma e é mero adendo do Executivo. Ela homologa tudo o que o Executivo deseja. Se extintas as Assembleias Legislativas, nada mudaria na vida do cidadão. LUIZ GORNSTEIN (São Paulo, SP) * Realmente a Assembleia Legislativa não existe para quem não acredita no regime democrático. Ela existe e é composta de 94 deputados eleitos pelo voto secreto e sagrado do povo paulista. A Assembleia Legislativa também não existe para os "iluminados", que acham que só eles são inteligentes e que "o povo é burro". BARROS MUNHOZ, deputado estadual pelo PSDB (São Paulo, SP) * A lista de Janot está se transformando em uma verdadeira lista de Schindler. Quem estará em primeiro lugar? Será que a lista estará em ordem alfabética? A oposição, bem como os viciados em jogos, já estão preparando um bolo esportivo para angariar alguns trocados. Pena que a abertura das delações não deve ser feita num primeiro momento. A curiosidade toma conta de Brasilia e do país informado. Vejamos se aparecerá ao menos uma pequena parte dos ladrões que delapidam o dinheiro público, a dignidade e a moral do país MÁRIO NEGRÃO BORGONOVI (Rio de Janeiro, RJ) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | 'A Alesp não tem função nenhuma', diz leitor sobre coluna de Ricardo MeloO articulista Ricardo Melo está 100% correto sobre o papel da Assembleia Legislativa do Estado. A Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) não tem função nenhuma e é mero adendo do Executivo. Ela homologa tudo o que o Executivo deseja. Se extintas as Assembleias Legislativas, nada mudaria na vida do cidadão. LUIZ GORNSTEIN (São Paulo, SP) * Realmente a Assembleia Legislativa não existe para quem não acredita no regime democrático. Ela existe e é composta de 94 deputados eleitos pelo voto secreto e sagrado do povo paulista. A Assembleia Legislativa também não existe para os "iluminados", que acham que só eles são inteligentes e que "o povo é burro". BARROS MUNHOZ, deputado estadual pelo PSDB (São Paulo, SP) * A lista de Janot está se transformando em uma verdadeira lista de Schindler. Quem estará em primeiro lugar? Será que a lista estará em ordem alfabética? A oposição, bem como os viciados em jogos, já estão preparando um bolo esportivo para angariar alguns trocados. Pena que a abertura das delações não deve ser feita num primeiro momento. A curiosidade toma conta de Brasilia e do país informado. Vejamos se aparecerá ao menos uma pequena parte dos ladrões que delapidam o dinheiro público, a dignidade e a moral do país MÁRIO NEGRÃO BORGONOVI (Rio de Janeiro, RJ) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
Vitória e derrota | RIO DE JANEIRO - Um traço do caráter dos black blocs é a coragem. Ela se manifesta na valentia com que dão aquelas voadoras e se atiram contra as portas das lojas. E no destemor com que quebram vidraças indefesas, ateiam fogo em sacos de lixo que não reagem e vandalizam pontos de ônibus que se atrevem a estar no seu caminho. Sempre em grupo, destroem caixas automáticos, viram carros e assaltam estabelecimentos. Por fim, sacam os sprays e assinam a lambança, pichando paredes, fachadas e monumentos com suas palavras de ordem. Imagino o orgasmo coletivo que tudo isso lhes dá. As camisetas, máscaras e os óculos com que se disfarçam fazem parte dessa coragem. Destinam-se a impedir que as mães deles os reconheçam pela televisão e lhes cortem a mesada. Ou que os vizinhos os identifiquem e não queiram mais papo com eles. O conteúdo de suas mochilas também obedece a um plano: paus, pedras, estilingues, bolas de gude, máscaras contra gases e, principalmente, celulares — para filmar a violência policial ou chamar os advogados que virão defendê-los em caso de detenção. Detenção esta que é chamada de cerceamento da liberdade de expressão e, daí, revogada por juízes. O saldo de tal expressão é visível na manhã seguinte: cidades em ruínas, cidadãos consternados e uma sensação de impotência diante da boçalidade em nome da ideologia. Enquanto isso, no Rio, 4.350 atletas de 176 países começaram nesta quinta (8) a disputa de 528 provas de 23 modalidades esportivas. A esses atletas faltam mãos, braços, pernas, a mobilidade ou a visão, mas sobra-lhes tudo mais. É a Paraolimpíada. Cada uma de suas provas será uma vitória, não do corpo, mas do espírito humano. Em contrapartida, no pior dos pesadelos futuros, os black blocs podem até tomar o poder. Mas o ser humano terá irremediavelmente perdido. | colunas | Vitória e derrotaRIO DE JANEIRO - Um traço do caráter dos black blocs é a coragem. Ela se manifesta na valentia com que dão aquelas voadoras e se atiram contra as portas das lojas. E no destemor com que quebram vidraças indefesas, ateiam fogo em sacos de lixo que não reagem e vandalizam pontos de ônibus que se atrevem a estar no seu caminho. Sempre em grupo, destroem caixas automáticos, viram carros e assaltam estabelecimentos. Por fim, sacam os sprays e assinam a lambança, pichando paredes, fachadas e monumentos com suas palavras de ordem. Imagino o orgasmo coletivo que tudo isso lhes dá. As camisetas, máscaras e os óculos com que se disfarçam fazem parte dessa coragem. Destinam-se a impedir que as mães deles os reconheçam pela televisão e lhes cortem a mesada. Ou que os vizinhos os identifiquem e não queiram mais papo com eles. O conteúdo de suas mochilas também obedece a um plano: paus, pedras, estilingues, bolas de gude, máscaras contra gases e, principalmente, celulares — para filmar a violência policial ou chamar os advogados que virão defendê-los em caso de detenção. Detenção esta que é chamada de cerceamento da liberdade de expressão e, daí, revogada por juízes. O saldo de tal expressão é visível na manhã seguinte: cidades em ruínas, cidadãos consternados e uma sensação de impotência diante da boçalidade em nome da ideologia. Enquanto isso, no Rio, 4.350 atletas de 176 países começaram nesta quinta (8) a disputa de 528 provas de 23 modalidades esportivas. A esses atletas faltam mãos, braços, pernas, a mobilidade ou a visão, mas sobra-lhes tudo mais. É a Paraolimpíada. Cada uma de suas provas será uma vitória, não do corpo, mas do espírito humano. Em contrapartida, no pior dos pesadelos futuros, os black blocs podem até tomar o poder. Mas o ser humano terá irremediavelmente perdido. | 1 |
Unilever realiza evento anual com tema Empoderamento da Mulher | Em seu evento anual nesta quinta-feira (9), no Masp (Museu de Arte de São Paulo), a Unilever Brasil apresenta os avanços de seu plano de sustentabilidade com o tema "Empoderamento Econômico da Mulher". No painel, a fundadora do Bliive, Lorrana Scarpioni, finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2014 e membro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, integra o debate. Também participam Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Maíra Habimorad, CEO da Companhia de Talentos; Camila Achutti, criadora do blog Mulheres na Computação e Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil. O presidente da empresa ainda apresentará o documento que define as estratégia da empresa em Saúde e Higiene, Melhorar a Nutrição, Gases de Efeito Estufa, Água, Resíduos, Fornecimento Sustentável, Igualdade no Local de Trabalho, Oportunidades para Mulheres e Negócios Inclusivos. O evento contará com Andrea Salgueiro Cruz Lima, vice-presidente global de Dressings. A executiva falará sobre as iniciativas da Unilever e de suas marcas para empoderar mulheres, além de abordar sua trajetória profissional, destacando desafios e conquistas. | empreendedorsocial | Unilever realiza evento anual com tema Empoderamento da MulherEm seu evento anual nesta quinta-feira (9), no Masp (Museu de Arte de São Paulo), a Unilever Brasil apresenta os avanços de seu plano de sustentabilidade com o tema "Empoderamento Econômico da Mulher". No painel, a fundadora do Bliive, Lorrana Scarpioni, finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2014 e membro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, integra o debate. Também participam Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Maíra Habimorad, CEO da Companhia de Talentos; Camila Achutti, criadora do blog Mulheres na Computação e Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil. O presidente da empresa ainda apresentará o documento que define as estratégia da empresa em Saúde e Higiene, Melhorar a Nutrição, Gases de Efeito Estufa, Água, Resíduos, Fornecimento Sustentável, Igualdade no Local de Trabalho, Oportunidades para Mulheres e Negócios Inclusivos. O evento contará com Andrea Salgueiro Cruz Lima, vice-presidente global de Dressings. A executiva falará sobre as iniciativas da Unilever e de suas marcas para empoderar mulheres, além de abordar sua trajetória profissional, destacando desafios e conquistas. | 20 |
Elba, Geraldo Azevedo e Alceu Valença se unem no palco; veja shows da semana | DE SÃO PAULO A artista paraibana Elba Ramalho e os cantores e compositores pernambucanos Geraldo Azevedo e Alceu Valença se unem para gravar o DVD do "Grande Encontro" na quinta (6) e na sexta (7), no Citibank Hall. Em show que enaltece o sotaque nordestino e as raízes culturais da região, o repertório mescla clássicos da MPB, temas folclóricos do Nordeste e sucessos dos artistas. "Anunciação", "Ciranda da Rosa Vermelha" e "Bicho de Sete Cabeças" figuram no set list. Citibank Hall. Av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, região sul, tel. 4003-5588. Qui. (6): 21h30 e sex. (7): 22h30. 100 min. 16 anos. Ingr.: R$ 100 a R$ 350. Valet a partir de R$ 50. Ingr. p/ ticketsforfun.com.br. * ALE SATER Nascido no Rio de Janeiro, com pai pantaneiro e mãe baiana, o cantor, compositor e instrumentista —guitarrista e baixista da banda paulistana Terno Rei— apresenta seu primeiro trabalho solo, o EP "Japão", de sonoridade minimalista. Sesc Vila Mariana - auditório. R. Pelotas, 141, Vila Mariana, região sul, tel. 5080-3000. 128 lugares. Sex. (7): 20h30. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Estac. a partir de R$ 4,50. Ingr. p/ sescsp.org.br. DISCLOSURE Destaque do festival Lollapalooza em 2014, o duo britânico de eletrônica Disclosure, formado pelos irmãos Guy e Howard Lawrence, volta a se apresentar no Brasil. O show integra a turnê do disco mais recente da dupla, "Caracal" (2015), que traz colaborações com nomes de peso, a exemplo de Lorde, Sam Smith e The Weeknd. Citibank Hall. av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, região sul, tel. 4003-5588. 5.292 pessoas.14 anos. Dom. (2): a partir das 21h30. Ingr.: R$ 320 a R$ 550. Valet a partir de R$ 50. Ingr. p/ ticketsforfun.com.br. FIÓTI O artista, irmão do rapper Emicida, mostra canções do EP "Gente Bonita", lançado em maio deste ano. O músico também mostra temas inéditos e covers. Destaque para a faixa "Pitada de Amor". Rodrigo Campos e Drik Barbosa fazem participações especiais. Casa de Francisca. R. José Maria Lisboa, 190, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3052-0547. 44 pessoas. Qui. (6): 21h30. 80 min. 18 anos. Ingr.: R$ 44. Ingr. p/ casadefrancisca.art.br. LAYA A cantora franco-cearense, conhecida por seu trabalho à frente da banda O Jardim das Horas, faz show que marca o pré-lançamento de seu novo trabalho solo, intitulado "Laya", cuja sonoridade transita por rock, tropicalismo e psicodelia. Ela combina os elementos sem deixar de lado suas raízes nordestinas. Sesc Pompeia - comedoria. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 800 lugares. Ter. (4): 21h. 80 min. 18 anos. Retirar ingr. uma hora antes. GRÁTIS OTIS TRIO Com misturas entre o jazz europeu e o be-bop, o free jazz e a música contemporânea, o trio do ABC Paulista, nascido em 2007, já conta com um CD na bagagem, intitulado "74 Club". Na ocasião, os músicos lançam "Vida Fácil", o segundo álbum da trajetória. Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 356 lugares. Qui. (6): 21h. 80 min. 12 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Ingr. p/ sescsp.org.br. STANLEY JORDAN O guitarrista norte-americano de jazz se apresenta acompanhado dos brasileiros Dudu Lima (baixo) e Ivan Conti, o "Mamão", baterista da banda Azymuth. A base do show é seu último disco, "Duets", que saiu em 2015 e foi gravado em parceria com o guitarrista Kevin Eubanks. Bourbon Street Music Club. R. dos Chanés, 127, Indianópolis, região sul, tel. 5095-6100. 400 pessoas. Ter. (4): 21h30. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 150. Valet a partir de R$ 25. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. * CONCERTOS BACHIANA FILARMÔNICA SESI-SP No último concerto da Temporada 2016, na Sala São Paulo, a orquestra, regida por João Carlos Martins, interpreta obras de Giacomo Puccini, Agustín Lara, Paul Anka e Tchaikovsky, entre outros. Os tenores Jean William, Marcus Loureiro e Daniel Soufer participam da apresentação. Sala São Paulo. Pça. Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos, região central, tel. 3223-3966. 1.330 lugares. Ter. (4): 21h. 70 min. Livre. Ingr.: R$ 25 e R$ 50. Estac. a partir de R$ 25 (r. Mauá, 51). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. DUO FLUTART Com a premissa de difundir e incentivar a música de câmara, especialmente a brasileira, o duo surgiu em 2014, formado por Paula Pascheto (flauta) e Lucas Carvalho (piano). O repertório contempla composições de Patápio Silva, Osvaldo Lacerda, Villa-Lobos e Chiquinha Gonzaga, entre outros. Biblioteca Mário de Andrade - auditório. R. da Consolação, 94, Consolação, região central, tel. 3775-0002. 175 lugares. Seg. (3): 20h. 120 min. Retirar ingr. uma hora antes. GRÁTIS ORQUESTRA DE CÂMARA DA OSESP: PELEGGI E BUDU Com regência de Valentina Peleggi e acompanhada de Cristian Budu no piano, a orquestra interpreta composições de Rafael Amaral, Mozart e Dmitri Shostakovich. Sala São Paulo. Pça. Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos, região central, tel. 3223-3966. Dom. (2): 16h. 93 min. 7 anos. Ingr.: R$ 77 a R$ 88. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. | saopaulo | Elba, Geraldo Azevedo e Alceu Valença se unem no palco; veja shows da semanaDE SÃO PAULO A artista paraibana Elba Ramalho e os cantores e compositores pernambucanos Geraldo Azevedo e Alceu Valença se unem para gravar o DVD do "Grande Encontro" na quinta (6) e na sexta (7), no Citibank Hall. Em show que enaltece o sotaque nordestino e as raízes culturais da região, o repertório mescla clássicos da MPB, temas folclóricos do Nordeste e sucessos dos artistas. "Anunciação", "Ciranda da Rosa Vermelha" e "Bicho de Sete Cabeças" figuram no set list. Citibank Hall. Av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, região sul, tel. 4003-5588. Qui. (6): 21h30 e sex. (7): 22h30. 100 min. 16 anos. Ingr.: R$ 100 a R$ 350. Valet a partir de R$ 50. Ingr. p/ ticketsforfun.com.br. * ALE SATER Nascido no Rio de Janeiro, com pai pantaneiro e mãe baiana, o cantor, compositor e instrumentista —guitarrista e baixista da banda paulistana Terno Rei— apresenta seu primeiro trabalho solo, o EP "Japão", de sonoridade minimalista. Sesc Vila Mariana - auditório. R. Pelotas, 141, Vila Mariana, região sul, tel. 5080-3000. 128 lugares. Sex. (7): 20h30. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Estac. a partir de R$ 4,50. Ingr. p/ sescsp.org.br. DISCLOSURE Destaque do festival Lollapalooza em 2014, o duo britânico de eletrônica Disclosure, formado pelos irmãos Guy e Howard Lawrence, volta a se apresentar no Brasil. O show integra a turnê do disco mais recente da dupla, "Caracal" (2015), que traz colaborações com nomes de peso, a exemplo de Lorde, Sam Smith e The Weeknd. Citibank Hall. av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, região sul, tel. 4003-5588. 5.292 pessoas.14 anos. Dom. (2): a partir das 21h30. Ingr.: R$ 320 a R$ 550. Valet a partir de R$ 50. Ingr. p/ ticketsforfun.com.br. FIÓTI O artista, irmão do rapper Emicida, mostra canções do EP "Gente Bonita", lançado em maio deste ano. O músico também mostra temas inéditos e covers. Destaque para a faixa "Pitada de Amor". Rodrigo Campos e Drik Barbosa fazem participações especiais. Casa de Francisca. R. José Maria Lisboa, 190, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3052-0547. 44 pessoas. Qui. (6): 21h30. 80 min. 18 anos. Ingr.: R$ 44. Ingr. p/ casadefrancisca.art.br. LAYA A cantora franco-cearense, conhecida por seu trabalho à frente da banda O Jardim das Horas, faz show que marca o pré-lançamento de seu novo trabalho solo, intitulado "Laya", cuja sonoridade transita por rock, tropicalismo e psicodelia. Ela combina os elementos sem deixar de lado suas raízes nordestinas. Sesc Pompeia - comedoria. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 800 lugares. Ter. (4): 21h. 80 min. 18 anos. Retirar ingr. uma hora antes. GRÁTIS OTIS TRIO Com misturas entre o jazz europeu e o be-bop, o free jazz e a música contemporânea, o trio do ABC Paulista, nascido em 2007, já conta com um CD na bagagem, intitulado "74 Club". Na ocasião, os músicos lançam "Vida Fácil", o segundo álbum da trajetória. Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 356 lugares. Qui. (6): 21h. 80 min. 12 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Ingr. p/ sescsp.org.br. STANLEY JORDAN O guitarrista norte-americano de jazz se apresenta acompanhado dos brasileiros Dudu Lima (baixo) e Ivan Conti, o "Mamão", baterista da banda Azymuth. A base do show é seu último disco, "Duets", que saiu em 2015 e foi gravado em parceria com o guitarrista Kevin Eubanks. Bourbon Street Music Club. R. dos Chanés, 127, Indianópolis, região sul, tel. 5095-6100. 400 pessoas. Ter. (4): 21h30. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 150. Valet a partir de R$ 25. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. * CONCERTOS BACHIANA FILARMÔNICA SESI-SP No último concerto da Temporada 2016, na Sala São Paulo, a orquestra, regida por João Carlos Martins, interpreta obras de Giacomo Puccini, Agustín Lara, Paul Anka e Tchaikovsky, entre outros. Os tenores Jean William, Marcus Loureiro e Daniel Soufer participam da apresentação. Sala São Paulo. Pça. Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos, região central, tel. 3223-3966. 1.330 lugares. Ter. (4): 21h. 70 min. Livre. Ingr.: R$ 25 e R$ 50. Estac. a partir de R$ 25 (r. Mauá, 51). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. DUO FLUTART Com a premissa de difundir e incentivar a música de câmara, especialmente a brasileira, o duo surgiu em 2014, formado por Paula Pascheto (flauta) e Lucas Carvalho (piano). O repertório contempla composições de Patápio Silva, Osvaldo Lacerda, Villa-Lobos e Chiquinha Gonzaga, entre outros. Biblioteca Mário de Andrade - auditório. R. da Consolação, 94, Consolação, região central, tel. 3775-0002. 175 lugares. Seg. (3): 20h. 120 min. Retirar ingr. uma hora antes. GRÁTIS ORQUESTRA DE CÂMARA DA OSESP: PELEGGI E BUDU Com regência de Valentina Peleggi e acompanhada de Cristian Budu no piano, a orquestra interpreta composições de Rafael Amaral, Mozart e Dmitri Shostakovich. Sala São Paulo. Pça. Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos, região central, tel. 3223-3966. Dom. (2): 16h. 93 min. 7 anos. Ingr.: R$ 77 a R$ 88. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. | 9 |
"Bebi tudo e amei demais", diz cantor Roberto Luna, sucesso nos anos 1950 | O velhinho miúdo de cabelos brancos circula entre mesas soltando seu vozeirão ainda potente aos 85 anos. Se percebe um espectador cantarolando a canção, apressa-se em dividir o microfone com ele. * Encontra algum antigo conhecido, logo anunciado como "grande amigo", "pessoa especial". Pode também ser alguém que acabou de conhecer. Vai receber o mesmo tratamento do irremediável galanteador, entre sorrisos, abraços e beijinhos no rosto. É sempre assim. * O artista se chama Roberto Luna. Nome pouco conhecido pelas novas gerações, mas com público fiel desde o auge do sucesso, nas décadas de 1950 e 1960. Sua carreira soma mais de 60 LPs gravados, participação no clássico filme do cinema marginal "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), do cineasta Rogério Sganzerla, e convivência com artistas como o cantor Nélson Gonçalves (1919-1998) e a apresentadora Hebe Camargo (1929-2012). * "Todo mundo e tudo que foi importante na música eu estive ou perto ou chegando perto", diz ele ao repórter Joelmir Tavares em seu apartamento no Palacete dos Artistas, quase na esquina da Ipiranga com a São João, no centro. O cantor de boleros e tangos e sua mulher, Magali, 59, moram desde dezembro no conjunto habitacional que a Prefeitura de São Paulo mantém para artistas idosos. Fotos Do passado de glórias, restam recordações guardadas na memória ainda afiada. "Veio muito cedo e muito rápido a minha ascensão", afirma ele, que ficou famoso com a música "Molambo" (dos versos iniciais "Eu sei que vocês vão dizer/ Que é tudo mentira/ Que não pode ser"), lançada nos anos 1950. * "Tinha dia que eu fazia três shows em circo. E quando chovia era um inferno", lembra Luna, ao sentar-se no sofá da sala. Observa o cachorro de estimação que passeia pelo seu colo e constata: "Acho que o Thor [um lhasa apso branco de seis anos] tá ficando velhinho, como eu". * Mas a vida ainda pulsa para o paraibano nascido Valdemar Farias, que não gosta de ser chamado de "senhor". Ele sai de casa para shows esporádicos, como o que fizera semanas antes no Ed Carnes, restaurante no Cambuci (zona sul) que pertence a Ed Carlos, ídolo da Jovem Guarda nos anos 1960. * Até o fim do ano passado, Luna batia ponto todas as quintas-feiras em um bar e pizzaria de Santana (zona norte), o Quintal Brazil. Agora, diz que "talvez uma vez por mês" vai voltar ao palco da casa, onde se apresentou por oito anos seguidos, recebendo como pagamento o couvert dos clientes. * Convites para shows ajudam a complementar a renda de cerca de um salário mínimo. Sente-se meio magoado com a aposentadoria por idade, "fajuta, que mal dá para comprar" os 16 remédios que toma por dia. * "Não por causa de dinheiro, mas pela falta de respeito a alguém que por mais de 60 anos trabalhou para a cultura. Tenho uma história que está aí para todo mundo ver", diz, com sua fala pausada e entrecortada por risadinhas, sem tom de ressentimento. * "Deus é muito bom para mim. Eu toda hora agradeço pelas coisas que ele me dá." * Diz que ficou difícil provar seu histórico trabalhista porque perdeu documentos em uma enchente que atingiu sua casa em Taboão da Serra (na Grande SP) em 1990. A água levou também quatro dos cinco troféus Roquette Pinto –um dos principais prêmios do rádio no século passado– recebidos por Luna. Carregou ainda fotos e reportagens sobre ele em jornais da Argentina, de Portugal, da Espanha. * Em um dos discos seus que ele tira da estante para mostrar, a fama aparece em destaque no encarte. "Seu nome ganhou fronteiras", diz o texto na embalagem de uma coletânea da gravadora RGE, da qual Luna era "um dos esteios" aos "29 anos de idade, cheio de vida e de sonhos". * Astro do rádio e pioneiro da televisão, onde chegou a ter programas, ele também deu uma mão a artistas iniciantes. Tim Maia (1942-1998), recém-chegado a São Paulo nos anos 1960 e sem um tostão no bolso, foi autorizado por Luna a fazer refeições com os funcionários da boate na rua Luís Coelho da qual era dono, a Molambo. * A história aparece na biografia de Tim, de autoria de Nelson Motta. O "apetite devastador" do então desconhecido músico chegava a dar prejuízo. Mas Luna mantinha o gesto caridoso. E deixava o novato rechonchudo se apresentar no local. * "Na primeira vez que ele [Tim] cantou, quase ninguém gostou", lembra o veterano, descrito no livro de 2007 como "cantor de boleros e biriteiro, mulherengo e sentimental". Dá uma gargalhada ao ouvir os adjetivos: "Ele [Motta] não errou não...". * Da trajetória de Luna faz parte também o episódio em que quase tomou um tiro de Nélson Gonçalves por ter se envolvido com uma namorada dele. "Um pouco é lenda também", diz o cantor, confirmando a história. * E emenda, sem perder a chance de exaltar qualidades de alguém: "O Nélson foi um dos melhores amigos que tive, uma pessoa muito querida, um homem maravilhoso, um ser humano de tamanho fabuloso. A grandeza de espírito dele era incalculável". * Do alto de seu 1,61 m, o cantor que gravou compositores como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dolores Duran e Lupicínio Rodrigues acredita que "piorou muito a qualidade da música e dos cantores no Brasil". * "A música popular brasileira empobreceu demais. Mas não tenho o direito de malhar quem quer que seja", afirma, com sua diplomacia. "Só não aceito o sertanejo ser o representante da música popular brasileira." * Reconhece que a transformação é natural e que artistas jovens precisam ter seu espaço. "Eu também tive o meu, lá atrás. Uns chegam, outros saem de cena. Para mim, tudo deu certinho, de acordo com a minha idade." * E formula espontaneamente um balanço: "Tive uma carreira muito bonita, gratificante. Ah, mas dizem: 'Cê tá duro'. Eu tô duro porque bebi tudo e amei demais. Sou um cara feliz. Não sou aquele cara que... 'Ah, eu podia estar assim, eu podia estar assado'. Eu fiz tudo que eu tinha que fazer". | colunas | "Bebi tudo e amei demais", diz cantor Roberto Luna, sucesso nos anos 1950O velhinho miúdo de cabelos brancos circula entre mesas soltando seu vozeirão ainda potente aos 85 anos. Se percebe um espectador cantarolando a canção, apressa-se em dividir o microfone com ele. * Encontra algum antigo conhecido, logo anunciado como "grande amigo", "pessoa especial". Pode também ser alguém que acabou de conhecer. Vai receber o mesmo tratamento do irremediável galanteador, entre sorrisos, abraços e beijinhos no rosto. É sempre assim. * O artista se chama Roberto Luna. Nome pouco conhecido pelas novas gerações, mas com público fiel desde o auge do sucesso, nas décadas de 1950 e 1960. Sua carreira soma mais de 60 LPs gravados, participação no clássico filme do cinema marginal "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), do cineasta Rogério Sganzerla, e convivência com artistas como o cantor Nélson Gonçalves (1919-1998) e a apresentadora Hebe Camargo (1929-2012). * "Todo mundo e tudo que foi importante na música eu estive ou perto ou chegando perto", diz ele ao repórter Joelmir Tavares em seu apartamento no Palacete dos Artistas, quase na esquina da Ipiranga com a São João, no centro. O cantor de boleros e tangos e sua mulher, Magali, 59, moram desde dezembro no conjunto habitacional que a Prefeitura de São Paulo mantém para artistas idosos. Fotos Do passado de glórias, restam recordações guardadas na memória ainda afiada. "Veio muito cedo e muito rápido a minha ascensão", afirma ele, que ficou famoso com a música "Molambo" (dos versos iniciais "Eu sei que vocês vão dizer/ Que é tudo mentira/ Que não pode ser"), lançada nos anos 1950. * "Tinha dia que eu fazia três shows em circo. E quando chovia era um inferno", lembra Luna, ao sentar-se no sofá da sala. Observa o cachorro de estimação que passeia pelo seu colo e constata: "Acho que o Thor [um lhasa apso branco de seis anos] tá ficando velhinho, como eu". * Mas a vida ainda pulsa para o paraibano nascido Valdemar Farias, que não gosta de ser chamado de "senhor". Ele sai de casa para shows esporádicos, como o que fizera semanas antes no Ed Carnes, restaurante no Cambuci (zona sul) que pertence a Ed Carlos, ídolo da Jovem Guarda nos anos 1960. * Até o fim do ano passado, Luna batia ponto todas as quintas-feiras em um bar e pizzaria de Santana (zona norte), o Quintal Brazil. Agora, diz que "talvez uma vez por mês" vai voltar ao palco da casa, onde se apresentou por oito anos seguidos, recebendo como pagamento o couvert dos clientes. * Convites para shows ajudam a complementar a renda de cerca de um salário mínimo. Sente-se meio magoado com a aposentadoria por idade, "fajuta, que mal dá para comprar" os 16 remédios que toma por dia. * "Não por causa de dinheiro, mas pela falta de respeito a alguém que por mais de 60 anos trabalhou para a cultura. Tenho uma história que está aí para todo mundo ver", diz, com sua fala pausada e entrecortada por risadinhas, sem tom de ressentimento. * "Deus é muito bom para mim. Eu toda hora agradeço pelas coisas que ele me dá." * Diz que ficou difícil provar seu histórico trabalhista porque perdeu documentos em uma enchente que atingiu sua casa em Taboão da Serra (na Grande SP) em 1990. A água levou também quatro dos cinco troféus Roquette Pinto –um dos principais prêmios do rádio no século passado– recebidos por Luna. Carregou ainda fotos e reportagens sobre ele em jornais da Argentina, de Portugal, da Espanha. * Em um dos discos seus que ele tira da estante para mostrar, a fama aparece em destaque no encarte. "Seu nome ganhou fronteiras", diz o texto na embalagem de uma coletânea da gravadora RGE, da qual Luna era "um dos esteios" aos "29 anos de idade, cheio de vida e de sonhos". * Astro do rádio e pioneiro da televisão, onde chegou a ter programas, ele também deu uma mão a artistas iniciantes. Tim Maia (1942-1998), recém-chegado a São Paulo nos anos 1960 e sem um tostão no bolso, foi autorizado por Luna a fazer refeições com os funcionários da boate na rua Luís Coelho da qual era dono, a Molambo. * A história aparece na biografia de Tim, de autoria de Nelson Motta. O "apetite devastador" do então desconhecido músico chegava a dar prejuízo. Mas Luna mantinha o gesto caridoso. E deixava o novato rechonchudo se apresentar no local. * "Na primeira vez que ele [Tim] cantou, quase ninguém gostou", lembra o veterano, descrito no livro de 2007 como "cantor de boleros e biriteiro, mulherengo e sentimental". Dá uma gargalhada ao ouvir os adjetivos: "Ele [Motta] não errou não...". * Da trajetória de Luna faz parte também o episódio em que quase tomou um tiro de Nélson Gonçalves por ter se envolvido com uma namorada dele. "Um pouco é lenda também", diz o cantor, confirmando a história. * E emenda, sem perder a chance de exaltar qualidades de alguém: "O Nélson foi um dos melhores amigos que tive, uma pessoa muito querida, um homem maravilhoso, um ser humano de tamanho fabuloso. A grandeza de espírito dele era incalculável". * Do alto de seu 1,61 m, o cantor que gravou compositores como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dolores Duran e Lupicínio Rodrigues acredita que "piorou muito a qualidade da música e dos cantores no Brasil". * "A música popular brasileira empobreceu demais. Mas não tenho o direito de malhar quem quer que seja", afirma, com sua diplomacia. "Só não aceito o sertanejo ser o representante da música popular brasileira." * Reconhece que a transformação é natural e que artistas jovens precisam ter seu espaço. "Eu também tive o meu, lá atrás. Uns chegam, outros saem de cena. Para mim, tudo deu certinho, de acordo com a minha idade." * E formula espontaneamente um balanço: "Tive uma carreira muito bonita, gratificante. Ah, mas dizem: 'Cê tá duro'. Eu tô duro porque bebi tudo e amei demais. Sou um cara feliz. Não sou aquele cara que... 'Ah, eu podia estar assim, eu podia estar assado'. Eu fiz tudo que eu tinha que fazer". | 1 |
Moro viaja aos EUA para palestras em simpósio sobre valores na vida pública | Em meio à tensão da Operação Lava Jato, o juiz Sergio Moro viajou aos EUA para palestras na Universidade da Pensilvânia. Nesta quinta (15), ele tinha participação confirmada como o convidado principal de um simpósio com o tema "Produzindo Líderes de Caráter e Integridade: Incutindo Valores na Vida Pública". CURRÍCULO Moro foi descrito no programa do evento como um "líder central no fortalecimento do Estado de Direito" no Brasil pelo trabalho de "repressão à corrupção, alcançando o alto escalão das lideranças empresariais e políticas". Leia a coluna completa aqui. | colunas | Moro viaja aos EUA para palestras em simpósio sobre valores na vida públicaEm meio à tensão da Operação Lava Jato, o juiz Sergio Moro viajou aos EUA para palestras na Universidade da Pensilvânia. Nesta quinta (15), ele tinha participação confirmada como o convidado principal de um simpósio com o tema "Produzindo Líderes de Caráter e Integridade: Incutindo Valores na Vida Pública". CURRÍCULO Moro foi descrito no programa do evento como um "líder central no fortalecimento do Estado de Direito" no Brasil pelo trabalho de "repressão à corrupção, alcançando o alto escalão das lideranças empresariais e políticas". Leia a coluna completa aqui. | 1 |
Decisão de Dilma aumentou a insegurança nas estradas, diz leitor | Lamentável a decisão da presidente da República de aumentar a insegurança nas rodovias e ruas com acréscimo do limite de peso por eixo, entre outras medidas ("Mudança na Lei dos Caminhoneiros ainda depende de regulamentação"). São decisões na contramão da Década de Ação pela Segurança Viária definida pela ONU (2011-2020) com a proposta de reduzir em 50% o número de mortes no trânsito. Essa alteração legal não leva em conta o alto número de mortos nas estradas e foi feita para beneficiar especialmente os embarcadores de commodities. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Decisão de Dilma aumentou a insegurança nas estradas, diz leitorLamentável a decisão da presidente da República de aumentar a insegurança nas rodovias e ruas com acréscimo do limite de peso por eixo, entre outras medidas ("Mudança na Lei dos Caminhoneiros ainda depende de regulamentação"). São decisões na contramão da Década de Ação pela Segurança Viária definida pela ONU (2011-2020) com a proposta de reduzir em 50% o número de mortes no trânsito. Essa alteração legal não leva em conta o alto número de mortos nas estradas e foi feita para beneficiar especialmente os embarcadores de commodities. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
Mais remédios serão vendidos sem receita nas farmácias | Uma nova resolução aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) cria regras para definir quais medicamentos podem ser vendidos sem receita, cujo número pode aumentar nas farmácias brasileiras. A mudança atende a um pedido de indústrias do setor, que afirma que remédios com tarja vermelha poderiam estar na lista dos "isentos de prescrição". Agora, a agência finaliza uma resolução que define critérios para classificar quais medicamentos podem trocar de categoria e serem liberados da exigência de receita. A Folha antecipou a mudança das regras. A medida deve ser publicada no "Diário Oficial" da União na próxima semana e entrará em vigor em um mês. A ideia é que remédios considerados de baixo risco e indicados para sintomas mais simples e de fácil identificação sejam enquadrados como isentos de prescrição. Esses medicamentos também devem cumprir outros critérios: estar no mercado há pelo menos dez anos (ou cinco no exterior sem precisar de receita), não produzir efeitos adversos significativos ou criar dependência. Da mesma forma, em remédios hoje isentos, a tarja poderá ser aplicada em caso de relatos de efeitos colaterais. Antes, essa troca não era possível, afirma o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa. "Com isso, um medicamento pode mudar de condição. É a primeira vez que estabelecemos uma regra clara sobre isso.", afirma. NO BALCÃO Para a vice-presidente executiva da Abimip (Associação das Indústrias de Medicamentos Isentos de Prescrição), Marli Sileci, a mudança pode fazer com que ao menos 30 substâncias passem a ser liberadas da receita médica –cada uma pode gerar mais um produto no mercado. Um dos exemplos mais conhecidos é o omeprazol (para problemas de estômago), já isento de prescrição em outros países. Hoje, a maioria dos remédios do país são tarjados, ainda que nem sempre a receita seja cobrada. Segundo Sileci, os MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrição) respondem por cerca de 30% do mercado –os mais comuns são para dor de cabeça, anti-inflamatórios e vitaminas. Com as novas regras, a expectativa é que esse percentual possa chegar a até 40%. São remédios em que a propaganda é possível –daí a troca ser esperada pela indústria, que poderá aumentar o contato com o consumidor. A reclassificação, porém, não é automática. Segundo Barbosa, cada caso deve passar por avaliação da Anvisa.Questionado sobre um possível aumento da automedicação, ele admite a possibilidade, mas vê pontos positivos. "A sociedade está mudando. Há dez anos, quase não havia fontes de informação sobre medicamentos. Hoje, já é possível acessar a bula pelo celular." Já Sileci, da Abimip, diz que é preciso diferenciar a "autoprescrição" do "autocuidado". "O uso de medicamentos isentos faz parte do autocuidado. Já a autoprescrição é quando o vizinho toma um medicamento e eu compro sem receita, mesmo com tarja vermelha. Aí sim há risco". Ela lembra das recomendações para uso de remédios isentos de prescrição. "Se amanhã cair a lei que nos obriga a dizer 'Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado', continuaríamos dizendo. O uso do medicamento isento de prescrição deve ser só por um curto período de tempo." | equilibrioesaude | Mais remédios serão vendidos sem receita nas farmáciasUma nova resolução aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) cria regras para definir quais medicamentos podem ser vendidos sem receita, cujo número pode aumentar nas farmácias brasileiras. A mudança atende a um pedido de indústrias do setor, que afirma que remédios com tarja vermelha poderiam estar na lista dos "isentos de prescrição". Agora, a agência finaliza uma resolução que define critérios para classificar quais medicamentos podem trocar de categoria e serem liberados da exigência de receita. A Folha antecipou a mudança das regras. A medida deve ser publicada no "Diário Oficial" da União na próxima semana e entrará em vigor em um mês. A ideia é que remédios considerados de baixo risco e indicados para sintomas mais simples e de fácil identificação sejam enquadrados como isentos de prescrição. Esses medicamentos também devem cumprir outros critérios: estar no mercado há pelo menos dez anos (ou cinco no exterior sem precisar de receita), não produzir efeitos adversos significativos ou criar dependência. Da mesma forma, em remédios hoje isentos, a tarja poderá ser aplicada em caso de relatos de efeitos colaterais. Antes, essa troca não era possível, afirma o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa. "Com isso, um medicamento pode mudar de condição. É a primeira vez que estabelecemos uma regra clara sobre isso.", afirma. NO BALCÃO Para a vice-presidente executiva da Abimip (Associação das Indústrias de Medicamentos Isentos de Prescrição), Marli Sileci, a mudança pode fazer com que ao menos 30 substâncias passem a ser liberadas da receita médica –cada uma pode gerar mais um produto no mercado. Um dos exemplos mais conhecidos é o omeprazol (para problemas de estômago), já isento de prescrição em outros países. Hoje, a maioria dos remédios do país são tarjados, ainda que nem sempre a receita seja cobrada. Segundo Sileci, os MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrição) respondem por cerca de 30% do mercado –os mais comuns são para dor de cabeça, anti-inflamatórios e vitaminas. Com as novas regras, a expectativa é que esse percentual possa chegar a até 40%. São remédios em que a propaganda é possível –daí a troca ser esperada pela indústria, que poderá aumentar o contato com o consumidor. A reclassificação, porém, não é automática. Segundo Barbosa, cada caso deve passar por avaliação da Anvisa.Questionado sobre um possível aumento da automedicação, ele admite a possibilidade, mas vê pontos positivos. "A sociedade está mudando. Há dez anos, quase não havia fontes de informação sobre medicamentos. Hoje, já é possível acessar a bula pelo celular." Já Sileci, da Abimip, diz que é preciso diferenciar a "autoprescrição" do "autocuidado". "O uso de medicamentos isentos faz parte do autocuidado. Já a autoprescrição é quando o vizinho toma um medicamento e eu compro sem receita, mesmo com tarja vermelha. Aí sim há risco". Ela lembra das recomendações para uso de remédios isentos de prescrição. "Se amanhã cair a lei que nos obriga a dizer 'Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado', continuaríamos dizendo. O uso do medicamento isento de prescrição deve ser só por um curto período de tempo." | 16 |
Trompetista Dizzy Gillespie, um dos pais do bebop, é tema da Coleção Folha | A imagem mais conhecida de Dizzy Gillespie (1917-1993) é praticamente uma caricatura. As bochechas infladas, imensas, dando a ele um aspecto de "sapão" quando tocava seu trompete, este particularmente estranho, com a campana voltada para cima, como o periscópio de um submarino. Por trás desse visual singular, o homem produziu algumas das melhores performances de trompete da história. Um dos grandes improvisadores do jazz, ajudou a construir a primeira faceta moderna do gênero, o bebop, nos anos 1940. O volume número 11 da Coleção Folha Lendas do Jazz, que vai às bancas no próximo domingo (28), contempla a inovação que Gillespie injetou na música do século 20. Entre suas parcerias, nenhuma foi tão importante quanto a com o saxofonista Charlie Parker (1920-1955). O CD que acompanha o livro da coleção tem destaques como "Desafinado", de Tom Jobim. * COMO COMPRAR A COLEÇÃO São 30 livros-CD com biografia e grandes sucessos. CANAIS DE VENDA Livrarias e bancas. A venda não é restrita aos assinantes do jornal. Leitores em geral também podem adquirir pelo telefone, site, bancas ou livrarias. Telefones: (11) 3224-3090 (Grande S. Paulo) e 0800 775 8080 (outras localidades) Site: www.folha.com.br/lendasdojazz VALOR DO FRETE 1. Coleção completa (com ou sem caixa) e lotes avulsos SP, RJ, MG e PR: frete gratuito. Demais Estados: favor consultar o site ou Atendimento ao Assinante. 2. Volumes individuais e caixa Todos os Estados: consultar o site ou Atendimento ao Assinante para informação do valor do frete. PRAZO DE ENTREGA Consultar o site ou Atendimento ao Assinante para informação do prazo de entrega. *A caixa para armazenar a coleção está disponível somente na Grande São Paulo. Leitores de outros localidades podem adquirir pelo site ou telefone. OPÇÕES DE VENDA E PREÇOS Coleção completa (30 volumes) Assinantes Folha: R$ 497,50. Na compra da coleção completa, o assinante ganha 5 livros grátis. Leitores em geral: R$ 577,10. Coleção completa + caixa (30 volumes + caixa para guardar a coleção com livreto) Assinantes Folha: R$ 522,40. Na compra da coleção completa + caixa, o assinante ganha 5 livros grátis. Leitores em geral: R$ 602,00. Volumes individuais Caixa: R$ 24,90 FORMA DE PAGAMENTO 1. Coleção completa (com ou sem caixa) Cartão de crédito à vista ou parcelado em até 10 vezes. Débito em conta ou boleto somente à vista. 2. Lote avulso Cartão de crédito à vista ou parcelado em 2 vezes. Débito em conta ou boleto somente à vista. 3. Volumes individuais e caixa Cartão de crédito, débito em conta ou boleto: somente à vista. LOTES AVULSOS: 5 LOTES, COM 6 LIVROS CADA Lote 1 volumes 1 ao 6 Lote 2 volumes 7 ao 12 Lote 3 volumes 13 ao 18 Lote 4 volumes 19 ao 24 Lote 5 volumes 25 ao 30 Assinantes Folha: R$ 99,50 Leitores em geral: R$ 115,40 | ilustrada | Trompetista Dizzy Gillespie, um dos pais do bebop, é tema da Coleção FolhaA imagem mais conhecida de Dizzy Gillespie (1917-1993) é praticamente uma caricatura. As bochechas infladas, imensas, dando a ele um aspecto de "sapão" quando tocava seu trompete, este particularmente estranho, com a campana voltada para cima, como o periscópio de um submarino. Por trás desse visual singular, o homem produziu algumas das melhores performances de trompete da história. Um dos grandes improvisadores do jazz, ajudou a construir a primeira faceta moderna do gênero, o bebop, nos anos 1940. O volume número 11 da Coleção Folha Lendas do Jazz, que vai às bancas no próximo domingo (28), contempla a inovação que Gillespie injetou na música do século 20. Entre suas parcerias, nenhuma foi tão importante quanto a com o saxofonista Charlie Parker (1920-1955). O CD que acompanha o livro da coleção tem destaques como "Desafinado", de Tom Jobim. * COMO COMPRAR A COLEÇÃO São 30 livros-CD com biografia e grandes sucessos. CANAIS DE VENDA Livrarias e bancas. A venda não é restrita aos assinantes do jornal. Leitores em geral também podem adquirir pelo telefone, site, bancas ou livrarias. Telefones: (11) 3224-3090 (Grande S. Paulo) e 0800 775 8080 (outras localidades) Site: www.folha.com.br/lendasdojazz VALOR DO FRETE 1. Coleção completa (com ou sem caixa) e lotes avulsos SP, RJ, MG e PR: frete gratuito. Demais Estados: favor consultar o site ou Atendimento ao Assinante. 2. Volumes individuais e caixa Todos os Estados: consultar o site ou Atendimento ao Assinante para informação do valor do frete. PRAZO DE ENTREGA Consultar o site ou Atendimento ao Assinante para informação do prazo de entrega. *A caixa para armazenar a coleção está disponível somente na Grande São Paulo. Leitores de outros localidades podem adquirir pelo site ou telefone. OPÇÕES DE VENDA E PREÇOS Coleção completa (30 volumes) Assinantes Folha: R$ 497,50. Na compra da coleção completa, o assinante ganha 5 livros grátis. Leitores em geral: R$ 577,10. Coleção completa + caixa (30 volumes + caixa para guardar a coleção com livreto) Assinantes Folha: R$ 522,40. Na compra da coleção completa + caixa, o assinante ganha 5 livros grátis. Leitores em geral: R$ 602,00. Volumes individuais Caixa: R$ 24,90 FORMA DE PAGAMENTO 1. Coleção completa (com ou sem caixa) Cartão de crédito à vista ou parcelado em até 10 vezes. Débito em conta ou boleto somente à vista. 2. Lote avulso Cartão de crédito à vista ou parcelado em 2 vezes. Débito em conta ou boleto somente à vista. 3. Volumes individuais e caixa Cartão de crédito, débito em conta ou boleto: somente à vista. LOTES AVULSOS: 5 LOTES, COM 6 LIVROS CADA Lote 1 volumes 1 ao 6 Lote 2 volumes 7 ao 12 Lote 3 volumes 13 ao 18 Lote 4 volumes 19 ao 24 Lote 5 volumes 25 ao 30 Assinantes Folha: R$ 99,50 Leitores em geral: R$ 115,40 | 6 |
Nick Cave mostra sua filosofia em música, ficção e psicanálise | Fãs de Nick Cave nem precisam ler este texto. Todos já devem estar comprando ingresso para o filme que mostra, com liberdade ficcional, 24 horas na vida do cantor e compositor australiano. "Nick Cave: 20.000 Dias na Terra" é um desfile de alguns rocks, cenas delirantes e muita filosofia "caveana". Quem gosta de bom cinema pode apreciar o filme mesmo sem conhecer a música de Cave, mas uma dúvida vai martelar sua cabeça o tempo todo: isso é documentário, ficção ou filme musical? O trabalho dos diretores Iain Forsyth e Jane Pollard realmente mistura tudo isso. Há inventividade, beleza e, o que é mais bacana, um equilíbrio entre as canções e os trechos sem música. Fica complicado, para quem não sabe muito sobre Cave, distinguir em algumas sequências se ele está realmente dando suas opiniões ou está apenas criando um personagem. ROTEIRISTA Cave, 57, não é novato em cinema. Não apenas porque músicas escritas por ele fazem parte da trilha sonora de 72 filmes –entre eles as estupendas canções do longa "Os Infratores" ("Lawless", 2012), feitas com seu parceiro Warren Ellis. "Nick Cave: 20.000 Dias na Terra" é seu quarto roteiro filmado. Os anteriores são dos gêneros faroeste e policial. Ele escreveu recentemente o quinto, "The Crow", mais uma versão na tela da HQ "O Corvo", de James O'Barr. O Cave roteirista é hábil em construir diálogos e monólogos sobre passado, presente e futuro, a função da música e o sentido da vida. Pretensioso, claro, mas divertido. Cave aparece em improvisações e ensaios com seus músicos (alguns integrantes da Bad Seeds, sua banda por anos), sessões de psicanálise e, na parte mais debochada, conversando com amigos em seu carro, guiando na rua. A presença da estrela pop australiana Kylie Minogue poderia ser só um lance para colocar uma bonitinha na história, mas sua conversa com Cave é um momento leve e descontraído no mundo sombrio do cantor. "Nick Cave: 20.000 Dias na Terra" pode ser classificado de várias maneiras, menos de convencional. É irregular, sim, mas exibe um artista com muitos lados que merecem ser conhecidos. NICK CAVE: 20.000 DIAS NA TERRA (20.000 Days on Earth) DIREÇÃO Iain Forsyth e Jane Pollard ELENCO Nick Cave, Susie Cave, Warren Ellis, Ray Winstone PRODUÇÃO Reino Unido, 2014, 14 anos QUANDO estreia nesta quinta (12) AVALIAÇÃO muito bom | ilustrada | Nick Cave mostra sua filosofia em música, ficção e psicanáliseFãs de Nick Cave nem precisam ler este texto. Todos já devem estar comprando ingresso para o filme que mostra, com liberdade ficcional, 24 horas na vida do cantor e compositor australiano. "Nick Cave: 20.000 Dias na Terra" é um desfile de alguns rocks, cenas delirantes e muita filosofia "caveana". Quem gosta de bom cinema pode apreciar o filme mesmo sem conhecer a música de Cave, mas uma dúvida vai martelar sua cabeça o tempo todo: isso é documentário, ficção ou filme musical? O trabalho dos diretores Iain Forsyth e Jane Pollard realmente mistura tudo isso. Há inventividade, beleza e, o que é mais bacana, um equilíbrio entre as canções e os trechos sem música. Fica complicado, para quem não sabe muito sobre Cave, distinguir em algumas sequências se ele está realmente dando suas opiniões ou está apenas criando um personagem. ROTEIRISTA Cave, 57, não é novato em cinema. Não apenas porque músicas escritas por ele fazem parte da trilha sonora de 72 filmes –entre eles as estupendas canções do longa "Os Infratores" ("Lawless", 2012), feitas com seu parceiro Warren Ellis. "Nick Cave: 20.000 Dias na Terra" é seu quarto roteiro filmado. Os anteriores são dos gêneros faroeste e policial. Ele escreveu recentemente o quinto, "The Crow", mais uma versão na tela da HQ "O Corvo", de James O'Barr. O Cave roteirista é hábil em construir diálogos e monólogos sobre passado, presente e futuro, a função da música e o sentido da vida. Pretensioso, claro, mas divertido. Cave aparece em improvisações e ensaios com seus músicos (alguns integrantes da Bad Seeds, sua banda por anos), sessões de psicanálise e, na parte mais debochada, conversando com amigos em seu carro, guiando na rua. A presença da estrela pop australiana Kylie Minogue poderia ser só um lance para colocar uma bonitinha na história, mas sua conversa com Cave é um momento leve e descontraído no mundo sombrio do cantor. "Nick Cave: 20.000 Dias na Terra" pode ser classificado de várias maneiras, menos de convencional. É irregular, sim, mas exibe um artista com muitos lados que merecem ser conhecidos. NICK CAVE: 20.000 DIAS NA TERRA (20.000 Days on Earth) DIREÇÃO Iain Forsyth e Jane Pollard ELENCO Nick Cave, Susie Cave, Warren Ellis, Ray Winstone PRODUÇÃO Reino Unido, 2014, 14 anos QUANDO estreia nesta quinta (12) AVALIAÇÃO muito bom | 6 |
Uma cidade amigável para as crianças | O que você mudaria na sua cidade se estivesse olhando para ela com os olhos a 95 centímetros do chão, altura média de uma criança de três anos? Na recente crônica "Uma outra São Paulo", o escritor Marcelo Rubens Paiva chama a atenção para o quanto São Paulo vem se transformando e se tornando irreconhecível em relação a tempos passados. Ele retoma sua época de criança na capital e lança seu olhar para a São Paulo dos anos 1970, a primeira linha de metrô inaugurada, quando espaços de convivência cresciam para dentro dos condomínios. Era o tempo de uma cidade construída para os carros. Paiva atravessa o tempo e chega até hoje com certo estranhamento e alegria: comemora o fechamento, ou melhor, a abertura das ruas para os pedestres, para as crianças, tempos de tomar sol em grandes avenidas. A voz da criança no espaço urbano deverá fazer parte das agendas de importantes cidades do mundo. Há pelo menos 1 bilhão de crianças crescendo em áreas urbanas –o que aumenta à medida que mais famílias se mudam para as cidades em busca de um futuro melhor. Em carta ao governo indiano, a representante da Fundação Bernard van Leer para a Índia, Dharitri Patnaik, chama a atenção para o tema: as crianças precisam brincar para processar e entender o mundo ao redor. É preciso que o planejamento urbano preveja espaços seguros e amigáveis para que as crianças possam conviver e brincar. Há evidências globais que conectam espaços verdes à saúde física e mental dos habitantes da cidade, bem como à redução do crime e do comportamento antissocial. O Plano Diretor de São Paulo, aprovado em 2014, estabelece diretrizes para o desenvolvimento e o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos, entre as quais está aproximar moradia e emprego, enfrentando desigualdades. Experiência do programa São Paulo Carinhosa no bairro do Glicério, em parceria com a ONG CriaCidade, caminha na direção de repensar a moradia e o espaço público urbano a partir do olhar das crianças. Entre os pedidos delas estão portas coloridas, banheiros na moradia só para elas e uma praça para brincar. Para projetá-la, um grupo de estudantes de arquitetura do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo desenvolveu uma maquete, que foi apresentada e aprovada pelas crianças da região. A praça será concretizada a partir desse projeto, no âmbito do programa Centro Aberto, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. O programa atua transformando as estruturas preexistentes e renovando suas formas de uso. É preciso promover a diversificação das atividades, envolvendo um número maior de grupos de usuários, em faixas de tempo ampliadas. Esse processo é capaz de promover, além da melhoria na percepção de segurança, o reforço no sentido de pertencimento e identificação da população com o centro. As crianças sabem o que querem e, por terem a mente aberta, o coração desarmado e criatividade, muitas vezes trazem melhores soluções que adultos. Perguntamos a uma moradora de oito anos qual sugestão ela teria para melhorar a praça no Glicério. Ela respondeu: "Tem os moradores de rua que estão lá. Queria fazer deles monitores da praça". ANA ESTELA HADDAD, primeira-dama do município de São Paulo, é coordenadora do programa São Paulo Carinhosa e professora associada da Faculdade de Odontologia da USP * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Uma cidade amigável para as criançasO que você mudaria na sua cidade se estivesse olhando para ela com os olhos a 95 centímetros do chão, altura média de uma criança de três anos? Na recente crônica "Uma outra São Paulo", o escritor Marcelo Rubens Paiva chama a atenção para o quanto São Paulo vem se transformando e se tornando irreconhecível em relação a tempos passados. Ele retoma sua época de criança na capital e lança seu olhar para a São Paulo dos anos 1970, a primeira linha de metrô inaugurada, quando espaços de convivência cresciam para dentro dos condomínios. Era o tempo de uma cidade construída para os carros. Paiva atravessa o tempo e chega até hoje com certo estranhamento e alegria: comemora o fechamento, ou melhor, a abertura das ruas para os pedestres, para as crianças, tempos de tomar sol em grandes avenidas. A voz da criança no espaço urbano deverá fazer parte das agendas de importantes cidades do mundo. Há pelo menos 1 bilhão de crianças crescendo em áreas urbanas –o que aumenta à medida que mais famílias se mudam para as cidades em busca de um futuro melhor. Em carta ao governo indiano, a representante da Fundação Bernard van Leer para a Índia, Dharitri Patnaik, chama a atenção para o tema: as crianças precisam brincar para processar e entender o mundo ao redor. É preciso que o planejamento urbano preveja espaços seguros e amigáveis para que as crianças possam conviver e brincar. Há evidências globais que conectam espaços verdes à saúde física e mental dos habitantes da cidade, bem como à redução do crime e do comportamento antissocial. O Plano Diretor de São Paulo, aprovado em 2014, estabelece diretrizes para o desenvolvimento e o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos, entre as quais está aproximar moradia e emprego, enfrentando desigualdades. Experiência do programa São Paulo Carinhosa no bairro do Glicério, em parceria com a ONG CriaCidade, caminha na direção de repensar a moradia e o espaço público urbano a partir do olhar das crianças. Entre os pedidos delas estão portas coloridas, banheiros na moradia só para elas e uma praça para brincar. Para projetá-la, um grupo de estudantes de arquitetura do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo desenvolveu uma maquete, que foi apresentada e aprovada pelas crianças da região. A praça será concretizada a partir desse projeto, no âmbito do programa Centro Aberto, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. O programa atua transformando as estruturas preexistentes e renovando suas formas de uso. É preciso promover a diversificação das atividades, envolvendo um número maior de grupos de usuários, em faixas de tempo ampliadas. Esse processo é capaz de promover, além da melhoria na percepção de segurança, o reforço no sentido de pertencimento e identificação da população com o centro. As crianças sabem o que querem e, por terem a mente aberta, o coração desarmado e criatividade, muitas vezes trazem melhores soluções que adultos. Perguntamos a uma moradora de oito anos qual sugestão ela teria para melhorar a praça no Glicério. Ela respondeu: "Tem os moradores de rua que estão lá. Queria fazer deles monitores da praça". ANA ESTELA HADDAD, primeira-dama do município de São Paulo, é coordenadora do programa São Paulo Carinhosa e professora associada da Faculdade de Odontologia da USP * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
Novo parque da Universal em Orlando tem pulseira 'antifila' | A Universal inaugurou um novo espaço em Orlando, na Flórida (EUA), no último mês. O parque aquático Volcano Bay abriu as portas com 113 mil metros quadrados, um vulcão artificial de mais de 60 metros de altura e atrações como praias com areia de verdade, escorregadores que podem ser percorridos com boias e tobogãs que partem do topo do vulcão. Este último é a principal atração: um escorregador de alta velocidade que faz visitantes deslizarem pelo meio da réplica da montanha. Mas uma das principais novidades é a TapuTapu. A pulseira, inclusa no ingresso, permite que o turista escolha qual brinquedo deseja visitar e entre em uma espécie de lista de espera virtual. O sistema avisa quando chega a hora de ir à atração. Com isso, as longas filas dos principais brinquedos podem ser evitadas. Em vez de perder tempo parado esperando a sua vez, o turista pode aproveitar outras áreas enquanto espera a sua vez de ser chamado. Volcano, o terceiro parque aquático da Universal na cidade, buscou inspiração no sul do oceano Pacífico, com arte maori espalhada e seis restaurantes que servem alguns pratos baseados na tradição local -como um bolo de abacaxi com chocolate. O ingresso custa US$ 67 (R$ 220) por pessoa. O valor para visitar os três parques da empresa no mesmo dia é de US$ 165 (R$ 541). No ano passado, a empresa anunciou o Universal Orlando 3-Park Explorer Ticket. O ingresso, à venda por US$ 280 (R$ 918), dá direito a 14 dias consecutivos de acesso ilimitado aos parques Universal Studios, Islands of Adventure e Volcano Bay –além de algumas opções de entretenimento e gastronomia no Universal CityWalk. | turismo | Novo parque da Universal em Orlando tem pulseira 'antifila'A Universal inaugurou um novo espaço em Orlando, na Flórida (EUA), no último mês. O parque aquático Volcano Bay abriu as portas com 113 mil metros quadrados, um vulcão artificial de mais de 60 metros de altura e atrações como praias com areia de verdade, escorregadores que podem ser percorridos com boias e tobogãs que partem do topo do vulcão. Este último é a principal atração: um escorregador de alta velocidade que faz visitantes deslizarem pelo meio da réplica da montanha. Mas uma das principais novidades é a TapuTapu. A pulseira, inclusa no ingresso, permite que o turista escolha qual brinquedo deseja visitar e entre em uma espécie de lista de espera virtual. O sistema avisa quando chega a hora de ir à atração. Com isso, as longas filas dos principais brinquedos podem ser evitadas. Em vez de perder tempo parado esperando a sua vez, o turista pode aproveitar outras áreas enquanto espera a sua vez de ser chamado. Volcano, o terceiro parque aquático da Universal na cidade, buscou inspiração no sul do oceano Pacífico, com arte maori espalhada e seis restaurantes que servem alguns pratos baseados na tradição local -como um bolo de abacaxi com chocolate. O ingresso custa US$ 67 (R$ 220) por pessoa. O valor para visitar os três parques da empresa no mesmo dia é de US$ 165 (R$ 541). No ano passado, a empresa anunciou o Universal Orlando 3-Park Explorer Ticket. O ingresso, à venda por US$ 280 (R$ 918), dá direito a 14 dias consecutivos de acesso ilimitado aos parques Universal Studios, Islands of Adventure e Volcano Bay –além de algumas opções de entretenimento e gastronomia no Universal CityWalk. | 13 |
Apesar de atualizar e realçar mito, 'Pentesileia' derrapa em idealismo | PROGRAMA PENTESILEIA (MUITO BOM) QUANDO sex. e sáb., às 21h30; dom., às 18h30; até 10/9 ONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700 QUANTO R$ 6 a R$ 20; 14 anos * O espetáculo "Programa Pentesileia - Treinamento para a Batalha Final" é feito a partir da aproximação entre o mito clássico da rainha das amazonas e a floresta, o rio e a região brasileira de mesmo nome do mítico matriarcado de mulheres guerreiras. A cenografia de Márcio Medina inscreve no chão o percurso sinuoso do rio Amazonas e coloca Pentesileia enclausurada por "paredes" de látex –a matéria cobiçada pelos violentos ciclos de extração com fins industriais. Ao longo da encenação de Maria Thaís, Pentesileia transfigura-se da rainha clássica em uma velha índia guerreira. Já o herói grego Aquiles (a quem a rainha confronta) é um jovem citadino com corte arrojado de cabelo e vestimenta moderna. Ele fuma um cigarro eletrônico enquanto ouve-se ao fundo motosserras em meio a uma queimada. Essa contradição entre natureza primordial e progresso desmedido atualiza o conflito clássico de Aquiles e Pentesileia. A montagem recoloca o mito no debate entre o indivíduo e a dimensão pública. Antonio Salvador constrói Aquiles com gestos precisos que se entrelaçam com as palavras do texto de Lina Prosa, criando uma imagem num só tempo repulsiva e fascinante. Quando ele narra o assassinato de Pentesileia, aparece tanto a covardia do feminicídio como a altivez do homem pragmático. O trabalho do ator revela o magnetismo terrível e cativante presente na retórica selvagem do capital, no patriarcado e no fascismo. Por outro lado, o esforço gestual que a atriz octogenária Maria Esmeralda busca para Pentesileia esbarra em um texto estático que se perde em subjetividade e lirismo excessivo. Apesar da insurrecta força anciã que a atriz imprime à amazona, fica refém de uma imagem paralisada e idealista da índia guerreira aguardando a batalha. Ainda que a rainha emane beleza poética, é inevitável que a objetividade do grego se sobreponha. Aquiles tem lastro social, político e histórico. Pentesileia é uma abstração lírica. Ela desperta comoção com a ideia de resistência obstinada, mas não se sustenta como alternativa diante da barbárie concreta. Como um pêndulo, a peça oscila entre a impressionante materialização do mito e o frágil encanto idealista de resistência à sua brutalidade. | ilustrada | Apesar de atualizar e realçar mito, 'Pentesileia' derrapa em idealismoPROGRAMA PENTESILEIA (MUITO BOM) QUANDO sex. e sáb., às 21h30; dom., às 18h30; até 10/9 ONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700 QUANTO R$ 6 a R$ 20; 14 anos * O espetáculo "Programa Pentesileia - Treinamento para a Batalha Final" é feito a partir da aproximação entre o mito clássico da rainha das amazonas e a floresta, o rio e a região brasileira de mesmo nome do mítico matriarcado de mulheres guerreiras. A cenografia de Márcio Medina inscreve no chão o percurso sinuoso do rio Amazonas e coloca Pentesileia enclausurada por "paredes" de látex –a matéria cobiçada pelos violentos ciclos de extração com fins industriais. Ao longo da encenação de Maria Thaís, Pentesileia transfigura-se da rainha clássica em uma velha índia guerreira. Já o herói grego Aquiles (a quem a rainha confronta) é um jovem citadino com corte arrojado de cabelo e vestimenta moderna. Ele fuma um cigarro eletrônico enquanto ouve-se ao fundo motosserras em meio a uma queimada. Essa contradição entre natureza primordial e progresso desmedido atualiza o conflito clássico de Aquiles e Pentesileia. A montagem recoloca o mito no debate entre o indivíduo e a dimensão pública. Antonio Salvador constrói Aquiles com gestos precisos que se entrelaçam com as palavras do texto de Lina Prosa, criando uma imagem num só tempo repulsiva e fascinante. Quando ele narra o assassinato de Pentesileia, aparece tanto a covardia do feminicídio como a altivez do homem pragmático. O trabalho do ator revela o magnetismo terrível e cativante presente na retórica selvagem do capital, no patriarcado e no fascismo. Por outro lado, o esforço gestual que a atriz octogenária Maria Esmeralda busca para Pentesileia esbarra em um texto estático que se perde em subjetividade e lirismo excessivo. Apesar da insurrecta força anciã que a atriz imprime à amazona, fica refém de uma imagem paralisada e idealista da índia guerreira aguardando a batalha. Ainda que a rainha emane beleza poética, é inevitável que a objetividade do grego se sobreponha. Aquiles tem lastro social, político e histórico. Pentesileia é uma abstração lírica. Ela desperta comoção com a ideia de resistência obstinada, mas não se sustenta como alternativa diante da barbárie concreta. Como um pêndulo, a peça oscila entre a impressionante materialização do mito e o frágil encanto idealista de resistência à sua brutalidade. | 6 |
Cruzeiros no Caribe apostam em navios menores e tripulação brasileira | O mar do Caribe continua lindo e se mantém como favorito no imaginário de brasileiros que querem passar as férias num cruzeiro fora do país. Na contramão da crise que afeta o Brasil, turistas devem seguir navegando por lá com a chegada do verão no hemisfério Norte. A queda do dólar já impactou nas vendas de pacotes para a região, que concentra 38% dos navios do mundo. A R11 Travel, distribuidora das companhias Royal Caribbean, Celebrity e Azamara Cruises aponta aumento de 26% nas vendas em janeiro e 18% em fevereiro, em relação aos mesmos períodos de 2016. No entanto, é preciso ter cautela na leitura dos números, já que entre janeiro e março do ano passado houve uma queda notável. "O brasileiro aprendeu a viajar. Ele não vê o turismo como luxo, mas como necessidade", afirma Ricardo Amaral, CEO da R11 Travel. No ano passado, 133 mil brasileiros fizeram cruzeiros no exterior e cerca de metade deles no Caribe, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos. Em quatro anos, o número de passageiros da MSC no Caribe passou de 2 mil para 16 mil. Águas claras, quentes e calmas tornam a região ideal para navegar. A proximidade com os Estados Unidos fez do destino o favorito do mercado americano, que representa 50% dos dos 24 milhões de cruzeristas em todo o mundo em 2016. "O Caribe é um destino para o ano todo. Verão e inverno são as épocas mais procuradas", afirma Marco Ferraz, presidente da Clia. Para atrair brasileiros, boa parte das empresas oferece tripulantes que falam português, menus traduzidos em bares e restaurantes e conteúdos em canais de TV exclusivos. Segundo Ignacio Palacios, diretor comercial da MSC Cruzeiros, os viajantes entenderam o valor desse tipo de experiência. "O consumidor brasileiro está cada dia mais exigente. Isso nos obriga a melhorar para atender a novas expectativas", diz. NOVA PARADA Em 2016, o Caribe ganhou energia nova com a entrada de Cuba na rota dos grandes navios de bandeira norte-americana. O destino, que já operava com embarcações europeias, agora conta com roteiros que saem da Flórida. A infraestrutura ainda não é a ideal, mas o potencial de crescimento é grande. Miami, Fort Lauderdale e Cabo Canaveral costumam ser os portos de partida favoritos dos brasileiros. "Por conta da grande oferta de embarcações, tem várias promoções. Há desde navios de baixo custo até os de luxo", afirma Ferraz. Entre as paradas mais recorrentes dos percursos estão Bahamas, Ilhas Virgens, Saint Martin e Jamaica. Para Ilya Hirsch, diretor geral da Qualitours, agência especializada em cruzeiros, a ideia é combinar o trajeto no navio com outras atividades. "A Flórida é a grande atração dos brasileiros. Antes ou depois de entrar na embarcação, eles fazem compras no outlets e visitam os parques de Orlando", diz Hirsch. Entretanto, nem todos os roteiros partem dos Estados Unidos. O chamado "Caribe sem visto" também anda em alta. Por não exigir a autorização americana, destinos para onde se voa a partir da Colômbia ou do Panamá têm demanda frequente. Aruba, Curaçau, Bonaire, Cartagena, Barbados e Santa Lucia estão na lista. Além disso, boa parte destes portos está no chamado Caribe Sul, região menos vulnerável durante a temporada de furacões, entre agosto e novembro. Os especialistas destacam duas tendências para a região. Uma é a alta da demanda por navios e grandes veleiros de luxo para até 500 passageiros. Menores e exclusivos, têm potencial de realizar paradas em ilhas proibitivas a embarcações grandes. Outra tendência é oferecer paradas exclusivas. Ao custo de milhões de dólares muitas empresas como a Royal Caribbean, a Disney e a Norwegian compraram ilhas particulares e instalaram uma série de atrativos, desde piscinas a restaurantes sofisticados, além de estrutura para crianças e clubes de mergulho. A MSC planejar inaugurar a sua até o fim de 2018. A ideia inovar e mostrar que cruzeiro no Caribe não é tudo a mesma coisa. * R$ 2.237 Sete noites no Caribe em cruzeiro que parte da República Dominicana (La Romana) e passa por destinos como Antigua e Guadalupe. Valor por pessoa, incluindo as taxas portuárias. Viagem acontece em fevereiro de 2018 no Costa Pacífica. Na CVC: cvc.com.br R$ 2.350 Com saída do Panamá (Colón), viagem no navio Zenith para roteiro pelo Caribe que passa por Cartagena, Curaçao, Bonaire, Aruba. Por pessoa, sem aéreo. Na CVC: cvc.com.br US$ 861 (R$ 2.688) Valor por pessoa para seis noites no Carnival Vista, com saída em 6/8 de Miami (EUA) em direção ao Caribe. Navio tem capacidade para 3.934 passageiros. Valor por pessoa, sem aéreo incluso. Na RCA: rcaturismo.com.br R$ 2.863 Roteiro no navio Norwegian Escape que sai de Miami (EUA) e passa por Honduras (Roatán e ilhas da Baía), Belize (Harvest Caye) e México (Costa Maya e Cozumel). Valor por pessoa para sete noites, com terceiro e quarto passageiros na cabine grátis. Sem aéreo. Reservas: ncl.com.br US$ 1.448 (R$ 4.521) No navio Monarch, sete noites de cruzeiro com passagem por países como Panamá e ilhas Cayman. Inclui também duas noites no Panamá. Por pessoa, com aéreo incluso e traslados. Na Visual Turismo: visualturismo.com.br US$ 1.597 (R$ 4.987) Com duas noites de hospedagem no Panamá em hospedagem com café da manhã, cruzeiro pelo Caribe no navio Monarch, da Pullmantur. Valor por pessoa, com aéreo. Na New Age: newage.tur.br R$ 5.079 Sete noites no MSC Divina, com aéreo a partir de São Paulo incluso no pacote. Roteiro sai de Miami (EUA) e navega por Jamaica, Ilhas Cayman, Bahamas e México. Por pessoa, com viagem em 21/10. Reservas: msccruzeiros.com.br R$ 5.294 Partindo de Havana, valor para cruzeiro de sete noites no MSC Opera. Trajeto inclui visitas a Jamaica, Ilhas Cayman e México. Inclui aéreo a partir de São Paulo. Viagem em 16/9. Reservas: msccruzeiros.com.br US$ 1.785 (R$ 5.574) A bordo do Disney Fantasy, viagem parte de Cabo Canaveral (EUA) e passa por Cozumel (México), Ilhas Cayman, Jamaica e Castaway Cay (ilha particular da Disney nas Bahamas). Valor por pessoa, sem aéreo. Na RCA: rcaturismo.com.br US$ 1.995 (R$ 6.229) Sem aéreo nem passeios extras inclusos, sete noites de cruzeiro com embarque na Flórida (EUA). Roteiro no navio Crystal Serenity parte em 20/11 e passa pelas Ilhas Cayman. Na Interpoint: interpoint.com.br US$ 2.400 (R$ 7.494) Barbados, Antigua e Dominica fazem parte do cruzeiro feito pelo navio Royal Clipper na região. Valor por pessoa, para roteiro de sete noites, sem aéreo no pacote. Reservas: starclippers.com R$ 8.269 Com aéreo partindo de São Paulo, cruzeiro a bordo do MSC Opera com pensão completa sem bebidas. Entre os destinos estão Cuba, Honduras e México, com saídas em julho deste ano. Por pessoa. Na Ahoba Viagens: ahobaviagens.com.br US$ 3.300 (R$ 10.304) Pacote sem aéreo para nove noites a bordo do Star Flyer em viagem que vai de Cienfuegos a Havana, ambas em Cuba. Inclui possibilidade de passar a noite nas duas cidades. Por pessoa, sem aéreo. Reservas: starclippers.com | turismo | Cruzeiros no Caribe apostam em navios menores e tripulação brasileiraO mar do Caribe continua lindo e se mantém como favorito no imaginário de brasileiros que querem passar as férias num cruzeiro fora do país. Na contramão da crise que afeta o Brasil, turistas devem seguir navegando por lá com a chegada do verão no hemisfério Norte. A queda do dólar já impactou nas vendas de pacotes para a região, que concentra 38% dos navios do mundo. A R11 Travel, distribuidora das companhias Royal Caribbean, Celebrity e Azamara Cruises aponta aumento de 26% nas vendas em janeiro e 18% em fevereiro, em relação aos mesmos períodos de 2016. No entanto, é preciso ter cautela na leitura dos números, já que entre janeiro e março do ano passado houve uma queda notável. "O brasileiro aprendeu a viajar. Ele não vê o turismo como luxo, mas como necessidade", afirma Ricardo Amaral, CEO da R11 Travel. No ano passado, 133 mil brasileiros fizeram cruzeiros no exterior e cerca de metade deles no Caribe, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos. Em quatro anos, o número de passageiros da MSC no Caribe passou de 2 mil para 16 mil. Águas claras, quentes e calmas tornam a região ideal para navegar. A proximidade com os Estados Unidos fez do destino o favorito do mercado americano, que representa 50% dos dos 24 milhões de cruzeristas em todo o mundo em 2016. "O Caribe é um destino para o ano todo. Verão e inverno são as épocas mais procuradas", afirma Marco Ferraz, presidente da Clia. Para atrair brasileiros, boa parte das empresas oferece tripulantes que falam português, menus traduzidos em bares e restaurantes e conteúdos em canais de TV exclusivos. Segundo Ignacio Palacios, diretor comercial da MSC Cruzeiros, os viajantes entenderam o valor desse tipo de experiência. "O consumidor brasileiro está cada dia mais exigente. Isso nos obriga a melhorar para atender a novas expectativas", diz. NOVA PARADA Em 2016, o Caribe ganhou energia nova com a entrada de Cuba na rota dos grandes navios de bandeira norte-americana. O destino, que já operava com embarcações europeias, agora conta com roteiros que saem da Flórida. A infraestrutura ainda não é a ideal, mas o potencial de crescimento é grande. Miami, Fort Lauderdale e Cabo Canaveral costumam ser os portos de partida favoritos dos brasileiros. "Por conta da grande oferta de embarcações, tem várias promoções. Há desde navios de baixo custo até os de luxo", afirma Ferraz. Entre as paradas mais recorrentes dos percursos estão Bahamas, Ilhas Virgens, Saint Martin e Jamaica. Para Ilya Hirsch, diretor geral da Qualitours, agência especializada em cruzeiros, a ideia é combinar o trajeto no navio com outras atividades. "A Flórida é a grande atração dos brasileiros. Antes ou depois de entrar na embarcação, eles fazem compras no outlets e visitam os parques de Orlando", diz Hirsch. Entretanto, nem todos os roteiros partem dos Estados Unidos. O chamado "Caribe sem visto" também anda em alta. Por não exigir a autorização americana, destinos para onde se voa a partir da Colômbia ou do Panamá têm demanda frequente. Aruba, Curaçau, Bonaire, Cartagena, Barbados e Santa Lucia estão na lista. Além disso, boa parte destes portos está no chamado Caribe Sul, região menos vulnerável durante a temporada de furacões, entre agosto e novembro. Os especialistas destacam duas tendências para a região. Uma é a alta da demanda por navios e grandes veleiros de luxo para até 500 passageiros. Menores e exclusivos, têm potencial de realizar paradas em ilhas proibitivas a embarcações grandes. Outra tendência é oferecer paradas exclusivas. Ao custo de milhões de dólares muitas empresas como a Royal Caribbean, a Disney e a Norwegian compraram ilhas particulares e instalaram uma série de atrativos, desde piscinas a restaurantes sofisticados, além de estrutura para crianças e clubes de mergulho. A MSC planejar inaugurar a sua até o fim de 2018. A ideia inovar e mostrar que cruzeiro no Caribe não é tudo a mesma coisa. * R$ 2.237 Sete noites no Caribe em cruzeiro que parte da República Dominicana (La Romana) e passa por destinos como Antigua e Guadalupe. Valor por pessoa, incluindo as taxas portuárias. Viagem acontece em fevereiro de 2018 no Costa Pacífica. Na CVC: cvc.com.br R$ 2.350 Com saída do Panamá (Colón), viagem no navio Zenith para roteiro pelo Caribe que passa por Cartagena, Curaçao, Bonaire, Aruba. Por pessoa, sem aéreo. Na CVC: cvc.com.br US$ 861 (R$ 2.688) Valor por pessoa para seis noites no Carnival Vista, com saída em 6/8 de Miami (EUA) em direção ao Caribe. Navio tem capacidade para 3.934 passageiros. Valor por pessoa, sem aéreo incluso. Na RCA: rcaturismo.com.br R$ 2.863 Roteiro no navio Norwegian Escape que sai de Miami (EUA) e passa por Honduras (Roatán e ilhas da Baía), Belize (Harvest Caye) e México (Costa Maya e Cozumel). Valor por pessoa para sete noites, com terceiro e quarto passageiros na cabine grátis. Sem aéreo. Reservas: ncl.com.br US$ 1.448 (R$ 4.521) No navio Monarch, sete noites de cruzeiro com passagem por países como Panamá e ilhas Cayman. Inclui também duas noites no Panamá. Por pessoa, com aéreo incluso e traslados. Na Visual Turismo: visualturismo.com.br US$ 1.597 (R$ 4.987) Com duas noites de hospedagem no Panamá em hospedagem com café da manhã, cruzeiro pelo Caribe no navio Monarch, da Pullmantur. Valor por pessoa, com aéreo. Na New Age: newage.tur.br R$ 5.079 Sete noites no MSC Divina, com aéreo a partir de São Paulo incluso no pacote. Roteiro sai de Miami (EUA) e navega por Jamaica, Ilhas Cayman, Bahamas e México. Por pessoa, com viagem em 21/10. Reservas: msccruzeiros.com.br R$ 5.294 Partindo de Havana, valor para cruzeiro de sete noites no MSC Opera. Trajeto inclui visitas a Jamaica, Ilhas Cayman e México. Inclui aéreo a partir de São Paulo. Viagem em 16/9. Reservas: msccruzeiros.com.br US$ 1.785 (R$ 5.574) A bordo do Disney Fantasy, viagem parte de Cabo Canaveral (EUA) e passa por Cozumel (México), Ilhas Cayman, Jamaica e Castaway Cay (ilha particular da Disney nas Bahamas). Valor por pessoa, sem aéreo. Na RCA: rcaturismo.com.br US$ 1.995 (R$ 6.229) Sem aéreo nem passeios extras inclusos, sete noites de cruzeiro com embarque na Flórida (EUA). Roteiro no navio Crystal Serenity parte em 20/11 e passa pelas Ilhas Cayman. Na Interpoint: interpoint.com.br US$ 2.400 (R$ 7.494) Barbados, Antigua e Dominica fazem parte do cruzeiro feito pelo navio Royal Clipper na região. Valor por pessoa, para roteiro de sete noites, sem aéreo no pacote. Reservas: starclippers.com R$ 8.269 Com aéreo partindo de São Paulo, cruzeiro a bordo do MSC Opera com pensão completa sem bebidas. Entre os destinos estão Cuba, Honduras e México, com saídas em julho deste ano. Por pessoa. Na Ahoba Viagens: ahobaviagens.com.br US$ 3.300 (R$ 10.304) Pacote sem aéreo para nove noites a bordo do Star Flyer em viagem que vai de Cienfuegos a Havana, ambas em Cuba. Inclui possibilidade de passar a noite nas duas cidades. Por pessoa, sem aéreo. Reservas: starclippers.com | 13 |
Novos fósseis revelam 'rosto' de criatura pré-histórica bizarra | Após a descoberta de novos fósseis no Canadá, pesquisadores finalmente conseguiram completar a imagem de um dos animais mais bizarros da natureza. A hallucigenia é uma minúscula criatura marinha que viveu há mais de 500 milhões de anos. Os primeiros fósseis do animal foram descobertos há mais de 100 anos, mas estavam sempre incompletos, sem a cabeça da criatura. Até a descoberta recente no Canadá de fósseis completos, para a surpresa dos pesquisadores, revelando pela primeira vez seu estranho rosto. "Sua aparência é totalmente surreal. É como se tivesse vindo de outro planeta", disse Martin Smith, pesquisador da Universidade de Cambridge e corresponsável pela pesquisa. O estudo, do qual também participaram pesquisadores do Royal Ontario Museum e da Universidade de Toronto, foi divulgado na publicação especializada em ciência "Nature". ESPINHOS E GARRAS A hallucigenia tem menos de 2 centímetros de comprimento e é mais fina que um fio de cabelo. E, claro, é muito estranha. Um dos lados de seu corpo em forma de tubo é coberto com pares de espinhos grandes, mas flexíveis. Garras pegajosas ficam penduradas do outro lado do corpo. Além disso, as novas descobertas mostraram que a criatura estava desenhada de ponta-cabeça quando foi descrita pela primeira vez. "Só recentemente descobrimos qual lado era o dos pés e qual era o das costas", afirma Smith. "Também havia muita confusão sobre o que era cabeça e o que era cauda." Esses fósseis recém-descobertos nas Montanhas Rochosas canadenses eram as peças que faltavam nesse quebra-cabeça que vem intrigando os cientistas há mais de 100 anos. Com os fósseis canadenses, foi possível identificar que a hallucigenia tinha uma cabeça em forma de colher, além de algumas outras surpresas. "Quando colocamos o fóssil no microscópio, ficamos encantados em ver não apenas um minúsculo par de olhos, mas também um sorrisinho semicircular meio descarado", contou Smith. "Parecia que o fóssil estava sorrindo para nós, rindo dos segredos que estava escondendo até agora." Dentro da boca da criatura, os pesquisadores também encontraram dentes que iam da sua "arcada" até o estômago. Para Xiaoya Ma, pesquisadora do Natural History Museum, essa descoberta vai ajudar a entender os primórdios da evolução, especialmente no período cambriano (entre 542 milhões e 488 milhões de anos atrás). "Essa descoberta vai ampliar nosso conhecimentos sobre a evolução primitiva na linha evolucionária que resultou no que hoje conhecemos como vermes-aveludados", explica Ma, explicando que há indicações de que a hallucigenia representa uma forma ancestral do verme-aveludado do filo Onychophora. Assim, a descoberta ajuda a esclarecer como as criaturas estranhas acabaram evoluindo para os animais mais "normais" que temos hoje. | bbc | Novos fósseis revelam 'rosto' de criatura pré-histórica bizarraApós a descoberta de novos fósseis no Canadá, pesquisadores finalmente conseguiram completar a imagem de um dos animais mais bizarros da natureza. A hallucigenia é uma minúscula criatura marinha que viveu há mais de 500 milhões de anos. Os primeiros fósseis do animal foram descobertos há mais de 100 anos, mas estavam sempre incompletos, sem a cabeça da criatura. Até a descoberta recente no Canadá de fósseis completos, para a surpresa dos pesquisadores, revelando pela primeira vez seu estranho rosto. "Sua aparência é totalmente surreal. É como se tivesse vindo de outro planeta", disse Martin Smith, pesquisador da Universidade de Cambridge e corresponsável pela pesquisa. O estudo, do qual também participaram pesquisadores do Royal Ontario Museum e da Universidade de Toronto, foi divulgado na publicação especializada em ciência "Nature". ESPINHOS E GARRAS A hallucigenia tem menos de 2 centímetros de comprimento e é mais fina que um fio de cabelo. E, claro, é muito estranha. Um dos lados de seu corpo em forma de tubo é coberto com pares de espinhos grandes, mas flexíveis. Garras pegajosas ficam penduradas do outro lado do corpo. Além disso, as novas descobertas mostraram que a criatura estava desenhada de ponta-cabeça quando foi descrita pela primeira vez. "Só recentemente descobrimos qual lado era o dos pés e qual era o das costas", afirma Smith. "Também havia muita confusão sobre o que era cabeça e o que era cauda." Esses fósseis recém-descobertos nas Montanhas Rochosas canadenses eram as peças que faltavam nesse quebra-cabeça que vem intrigando os cientistas há mais de 100 anos. Com os fósseis canadenses, foi possível identificar que a hallucigenia tinha uma cabeça em forma de colher, além de algumas outras surpresas. "Quando colocamos o fóssil no microscópio, ficamos encantados em ver não apenas um minúsculo par de olhos, mas também um sorrisinho semicircular meio descarado", contou Smith. "Parecia que o fóssil estava sorrindo para nós, rindo dos segredos que estava escondendo até agora." Dentro da boca da criatura, os pesquisadores também encontraram dentes que iam da sua "arcada" até o estômago. Para Xiaoya Ma, pesquisadora do Natural History Museum, essa descoberta vai ajudar a entender os primórdios da evolução, especialmente no período cambriano (entre 542 milhões e 488 milhões de anos atrás). "Essa descoberta vai ampliar nosso conhecimentos sobre a evolução primitiva na linha evolucionária que resultou no que hoje conhecemos como vermes-aveludados", explica Ma, explicando que há indicações de que a hallucigenia representa uma forma ancestral do verme-aveludado do filo Onychophora. Assim, a descoberta ajuda a esclarecer como as criaturas estranhas acabaram evoluindo para os animais mais "normais" que temos hoje. | 18 |
Túmulos possíveis | "Se não fosse eu, essa página do Brasil não teria sido aberta." Assim se apresentou seu Toninho quando o procuramos em seu bar, defronte ao cemitério Dom Bosco, em Perus, zona norte de São Paulo. Era o primeiro dia em que saíamos a campo para preparar as filmagens do documentário "O Oco da Fala" para a Clínica do Testemunho do Instituto Sedes Sapientiae. As Clínicas do Testemunho, que hoje existem em várias cidades do Brasil, foram criadas no programa de reparação psíquica da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Para chegar ao "oco da fala", a fala que não dá conta do terror de Estado. Chegar ao que nem sequer encontrou um nome. Seu Toninho, pai dos indigentes de Perus, vai nos contando sua história: "Dizer que eu sofria a dor que eles sofreram, não. Cada um tem sua própria dor. Mas, vendo aquele choro, aquela procura incansável...". Sua voz embarga. Antônio Pires Eustáquio foi parar no cemitério Dom Bosco em 1976, vindo do sul de Minas e depois de ter feito vários cursos para ser administrador de cemitério. Quando chegou lá começou a estudar os registros e viu que havia exumações sem localização dos ossos. Ninguém queria falar nada sobre isso. Foi numa pescaria com um colega que ficou sabendo da existência de uma vala: "Eram todos terroristas". "Eu, que lia muito 'O Pasquim', fiquei quieto", relata. Era 1990. Com uma sonda, descobriu a vala onde foram jogados os ossos depois que foi frustrada a malévola intenção de instalar um forno crematório que apagaria os indícios de tamanha violência. Passou a ter certeza de que, entre os indigentes, estariam os ditos "terroristas". Passou a atender familiares de desaparecidos e a localizar os registros a partir dos codinomes. Várias vezes foi ameaçado, mas "ninguém morre na véspera". Toninho diz que numa tarde reconheceu o jornalista da TV Globo Caco Barcellos no cemitério. Sabia da importância de Caco e contou a ele sobre a vala. A partir daí, a prefeita na época, Luiza Erundina, criou a Comissão Especial da Investigação das Ossadas de Perus. Em 1992, Toninho deu como cumprida sua missão: construiu o bar e a floricultura onde o encontramos, tendo como meta poder pagar a educação de seus filhos. A vala foi aberta, e as ossadas foram cuidadosamente transportadas para a Unicamp, onde, depois de um trabalho inicial, ficaram abandonadas por dez anos. Hoje uma equipe de peritos forenses cuida amorosamente das ossadas. Mas já se passaram 25 anos. Meses depois, voltamos para fazer a pré-produção da filmagem. Era um dia chuvoso. É de praxe parar no bar em frente e dar um dedo de prosa com Toninho. Depois, fomos caminhando pelo cemitério. Vou andando, pisando no gramado que ladeia o monumento que marca o lugar da vala comum, vou buscando também vestígios dos corpos e das ossadas. Rente ao monumento, alguém depositou plantas com florzinhas brancas. De repente vejo um senhor dirigir-se até o monumento. Tem barba. Vai andando até o lugar da vala. Fico observando de longe, respeitosamente. Penso na delicadeza de estar naquele lugar, na delicadeza de fazer aquele documentário. Poderia ter falado com essa pessoa e ter conseguido mais um material para o filme. Escolhi não falar e respeitar o momento. Fico observando, pois minha presença parece não contar. Havia apenas o caminhar movido pela dor e pela saudade. Não existia nada em volta. Fico olhando de longe. Aquele senhor para diante do muro com a frase assinada por Luiza Erundina e, de repente, ergue os braços e, em comunhão com o sagrado, reza ou fala algo. As palmas da mão voltadas para o muro, em contato com a sua história. Aquilo dura alguns segundos. Eu choro. Depois ele se retira com o mesmo andar resoluto e sem olhar para os lados. Aquele era o túmulo possível para seu pai? Um irmão? Um amigo? Como é difícil não se despedir de quem amamos. Minha gratidão pelo seu Toninho aumenta. Ele sabe da dor de quem não consegue saber do paradeiro de seus familiares. Ele ajudou a construir esse túmulo possível. MIRIAM CHNAIDERMAN, 65, psicanalista, documentarista e ensaísta, dirigiu o documentário "De Gravata e Unha Vermelha" (2015). | ilustrissima | Túmulos possíveis"Se não fosse eu, essa página do Brasil não teria sido aberta." Assim se apresentou seu Toninho quando o procuramos em seu bar, defronte ao cemitério Dom Bosco, em Perus, zona norte de São Paulo. Era o primeiro dia em que saíamos a campo para preparar as filmagens do documentário "O Oco da Fala" para a Clínica do Testemunho do Instituto Sedes Sapientiae. As Clínicas do Testemunho, que hoje existem em várias cidades do Brasil, foram criadas no programa de reparação psíquica da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Para chegar ao "oco da fala", a fala que não dá conta do terror de Estado. Chegar ao que nem sequer encontrou um nome. Seu Toninho, pai dos indigentes de Perus, vai nos contando sua história: "Dizer que eu sofria a dor que eles sofreram, não. Cada um tem sua própria dor. Mas, vendo aquele choro, aquela procura incansável...". Sua voz embarga. Antônio Pires Eustáquio foi parar no cemitério Dom Bosco em 1976, vindo do sul de Minas e depois de ter feito vários cursos para ser administrador de cemitério. Quando chegou lá começou a estudar os registros e viu que havia exumações sem localização dos ossos. Ninguém queria falar nada sobre isso. Foi numa pescaria com um colega que ficou sabendo da existência de uma vala: "Eram todos terroristas". "Eu, que lia muito 'O Pasquim', fiquei quieto", relata. Era 1990. Com uma sonda, descobriu a vala onde foram jogados os ossos depois que foi frustrada a malévola intenção de instalar um forno crematório que apagaria os indícios de tamanha violência. Passou a ter certeza de que, entre os indigentes, estariam os ditos "terroristas". Passou a atender familiares de desaparecidos e a localizar os registros a partir dos codinomes. Várias vezes foi ameaçado, mas "ninguém morre na véspera". Toninho diz que numa tarde reconheceu o jornalista da TV Globo Caco Barcellos no cemitério. Sabia da importância de Caco e contou a ele sobre a vala. A partir daí, a prefeita na época, Luiza Erundina, criou a Comissão Especial da Investigação das Ossadas de Perus. Em 1992, Toninho deu como cumprida sua missão: construiu o bar e a floricultura onde o encontramos, tendo como meta poder pagar a educação de seus filhos. A vala foi aberta, e as ossadas foram cuidadosamente transportadas para a Unicamp, onde, depois de um trabalho inicial, ficaram abandonadas por dez anos. Hoje uma equipe de peritos forenses cuida amorosamente das ossadas. Mas já se passaram 25 anos. Meses depois, voltamos para fazer a pré-produção da filmagem. Era um dia chuvoso. É de praxe parar no bar em frente e dar um dedo de prosa com Toninho. Depois, fomos caminhando pelo cemitério. Vou andando, pisando no gramado que ladeia o monumento que marca o lugar da vala comum, vou buscando também vestígios dos corpos e das ossadas. Rente ao monumento, alguém depositou plantas com florzinhas brancas. De repente vejo um senhor dirigir-se até o monumento. Tem barba. Vai andando até o lugar da vala. Fico observando de longe, respeitosamente. Penso na delicadeza de estar naquele lugar, na delicadeza de fazer aquele documentário. Poderia ter falado com essa pessoa e ter conseguido mais um material para o filme. Escolhi não falar e respeitar o momento. Fico observando, pois minha presença parece não contar. Havia apenas o caminhar movido pela dor e pela saudade. Não existia nada em volta. Fico olhando de longe. Aquele senhor para diante do muro com a frase assinada por Luiza Erundina e, de repente, ergue os braços e, em comunhão com o sagrado, reza ou fala algo. As palmas da mão voltadas para o muro, em contato com a sua história. Aquilo dura alguns segundos. Eu choro. Depois ele se retira com o mesmo andar resoluto e sem olhar para os lados. Aquele era o túmulo possível para seu pai? Um irmão? Um amigo? Como é difícil não se despedir de quem amamos. Minha gratidão pelo seu Toninho aumenta. Ele sabe da dor de quem não consegue saber do paradeiro de seus familiares. Ele ajudou a construir esse túmulo possível. MIRIAM CHNAIDERMAN, 65, psicanalista, documentarista e ensaísta, dirigiu o documentário "De Gravata e Unha Vermelha" (2015). | 14 |
Instrumentista Nailor Proveta exibe seu virtuosismo em três álbuns | O apelido "Proveta", que virou nome artístico, surgiu durante a adolescência de Nailor Azevedo, nos anos 1970. O então precoce clarinetista e saxofonista, paulista da interiorana Leme, era chamado de "bebê de proveta" pelos colegas da capital, que já o consideravam um prodígio. Diferentemente de tantos jovens talentos que se perdem pelo caminho, Proveta superou as melhores expectativas. Muito requisitado nos meios da música instrumental e da MPB, tornou-se compositor, arranjador e líder da conceituada Banda Mantiqueira. Eclético, também transita com facilidade pelo jazz e pela música clássica. Quem conhece seu belíssimo álbum "Tocando para o Interior" (de 2007) vai logo notar que, em "Coreto no Leme", ele rebobina novamente imagens e sons de sua infância, resgatando a atmosfera dos coretos interioranos. A sonoridade do Quarteto de Cordas Ensemble SP, presente na maioria das faixas desse disco, é essencial para traduzir a concepção musical que Proveta exercita há décadas. Para ele, a plenitude da música só pode ser apreciada quando se supera a limitadora divisão em gêneros. O repertório, quase todo composto pelo clarinetista, soa como uma coleção de emoções e sentimentos: a alegria da "Polca de Coreto"; a nostalgia do choro-habanera "De Manhã, Lembranças"; o romantismo da valsa "Ypê do Cerrado" (composição de Edson José Alves); a admiração revelada pela "Suíte Encontros", na qual o clarinetista dialoga com as influências de Debussy, Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, entre outras. A concisa discografia solo de Proveta acaba de ganhar mais dois títulos. O álbum "Velhos Companheiros de K-Ximbinho" exibe inovadoras releituras de composições do cultuado clarinetista e saxofonista potiguar Sebastião "K-Ximbinho" de Barros (1917-1980). Contando com participações de alguns craques da cena instrumental, com destaque para os flautistas Teco Cardoso (que assina a direção musical) e Lea Freire (responsável pela produção), esse trabalho deixa Proveta à vontade para exibir todo seu virtuosismo como solista. Choros com contagiante sabor de gafieira, como "Velhos Companheiros" e "Sempre", chamam atenção, mas é em choros mais emotivos, de andamento lento, que Proveta se supera nos improvisos. Tratadas como baladas jazzísticas, as releituras de "Eu Quero É Sossego" e "Ternura" são simplesmente de arrepiar. Já em "Brasileiro Saxofone - vol. 2", Proveta leva adiante a proposta do álbum lançado em 2009, no qual esboçou a trajetória do sax na música brasileira do século 20. Desta vez o repertório é mais contemporâneo ainda: o próprio Proveta e o saxofonista Pedro Paes -autor do belo choro "Mensageiro", que abre o disco- compuseram a maioria das faixas. Num projeto dedicado ao saxofone, a trilogia composta por Proveta com o violonista Mauricio Carrilho, seu frequente parceiro, ganha um significado especial. Os choros "Meu Sax Sumiu", "Meu Sax Voltou" e "Meu Sax Sorriu" nasceram a partir do verídico episódio do roubo e do resgate do instrumento favorito de Proveta. Um incidente triste que gerou choros radiantes. CORETO NO LEME ARTISTA Nailor Proveta GRAVADORA independente QUANTO R$ 25 VELHOS COMPANHEIROS DE K-XIMBINHO ARTISTA Nailor Proveta GRAVADORA Maritaca QUANTO R$ 25 BRASILEIRO SAXOFONE VOL. 2 ARTISTA Nailor Proveta GRAVADORA Acari QUANTO R$ 30 | guia-de-livros-discos-filmes | Instrumentista Nailor Proveta exibe seu virtuosismo em três álbunsO apelido "Proveta", que virou nome artístico, surgiu durante a adolescência de Nailor Azevedo, nos anos 1970. O então precoce clarinetista e saxofonista, paulista da interiorana Leme, era chamado de "bebê de proveta" pelos colegas da capital, que já o consideravam um prodígio. Diferentemente de tantos jovens talentos que se perdem pelo caminho, Proveta superou as melhores expectativas. Muito requisitado nos meios da música instrumental e da MPB, tornou-se compositor, arranjador e líder da conceituada Banda Mantiqueira. Eclético, também transita com facilidade pelo jazz e pela música clássica. Quem conhece seu belíssimo álbum "Tocando para o Interior" (de 2007) vai logo notar que, em "Coreto no Leme", ele rebobina novamente imagens e sons de sua infância, resgatando a atmosfera dos coretos interioranos. A sonoridade do Quarteto de Cordas Ensemble SP, presente na maioria das faixas desse disco, é essencial para traduzir a concepção musical que Proveta exercita há décadas. Para ele, a plenitude da música só pode ser apreciada quando se supera a limitadora divisão em gêneros. O repertório, quase todo composto pelo clarinetista, soa como uma coleção de emoções e sentimentos: a alegria da "Polca de Coreto"; a nostalgia do choro-habanera "De Manhã, Lembranças"; o romantismo da valsa "Ypê do Cerrado" (composição de Edson José Alves); a admiração revelada pela "Suíte Encontros", na qual o clarinetista dialoga com as influências de Debussy, Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, entre outras. A concisa discografia solo de Proveta acaba de ganhar mais dois títulos. O álbum "Velhos Companheiros de K-Ximbinho" exibe inovadoras releituras de composições do cultuado clarinetista e saxofonista potiguar Sebastião "K-Ximbinho" de Barros (1917-1980). Contando com participações de alguns craques da cena instrumental, com destaque para os flautistas Teco Cardoso (que assina a direção musical) e Lea Freire (responsável pela produção), esse trabalho deixa Proveta à vontade para exibir todo seu virtuosismo como solista. Choros com contagiante sabor de gafieira, como "Velhos Companheiros" e "Sempre", chamam atenção, mas é em choros mais emotivos, de andamento lento, que Proveta se supera nos improvisos. Tratadas como baladas jazzísticas, as releituras de "Eu Quero É Sossego" e "Ternura" são simplesmente de arrepiar. Já em "Brasileiro Saxofone - vol. 2", Proveta leva adiante a proposta do álbum lançado em 2009, no qual esboçou a trajetória do sax na música brasileira do século 20. Desta vez o repertório é mais contemporâneo ainda: o próprio Proveta e o saxofonista Pedro Paes -autor do belo choro "Mensageiro", que abre o disco- compuseram a maioria das faixas. Num projeto dedicado ao saxofone, a trilogia composta por Proveta com o violonista Mauricio Carrilho, seu frequente parceiro, ganha um significado especial. Os choros "Meu Sax Sumiu", "Meu Sax Voltou" e "Meu Sax Sorriu" nasceram a partir do verídico episódio do roubo e do resgate do instrumento favorito de Proveta. Um incidente triste que gerou choros radiantes. CORETO NO LEME ARTISTA Nailor Proveta GRAVADORA independente QUANTO R$ 25 VELHOS COMPANHEIROS DE K-XIMBINHO ARTISTA Nailor Proveta GRAVADORA Maritaca QUANTO R$ 25 BRASILEIRO SAXOFONE VOL. 2 ARTISTA Nailor Proveta GRAVADORA Acari QUANTO R$ 30 | 28 |
Congresso aprova crédito extra para regularizar emissão de passaportes | O Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira (13) um projeto de lei que autoriza crédito extra de R$ 102 milhões ao Ministério da Justiça para normalizar a emissão de passaportes. A matéria vai agora a sanção presidencial. O órgão suspendeu a confecção dos documentos desde o último dia 27, alegando "falta de recursos". A medida de suspensão foi anunciada às vésperas das férias escolares e em meio à relação tensa do governo de Michel Temer com a instituição. Ao suspender a emissão dos documentos, a PF informou que não há prazo para retomada das atividades, que segue sem data, já que não se sabe quando Temer apreciará o crédito. Segundo a instituição, os gastos com o serviço chegaram ao limite previsto na lei orçamentária. O órgão não deu detalhes do orçamento nem do motivo de eventuais negociações para a elevação da verba antes do estouro do limite. Em 2016, a emissão de passaportes foi prejudicada por uma série de questões, desde a falta de matéria-prima para confecção da capa até a falha em uma máquina que faz a perfuração do documento. O passaporte comum padrão tem uma taxa de confecção de R$ 257,25. O prazo normal de entrega é de seis dias úteis, mas a PF sempre alerta que somente cada posto escolhido para dar entrada no documento pode dar uma previsão exata da data. Um ano atrás, problemas elevaram a espera para até 45 dias. * 1. Qual serviço a Polícia Federal suspendeu? A emissão de novos passaportes no país, por tempo indeterminado. Isso significa que, desde as 22h desta terça-feira (27), eles não estão mais sendo confeccionados. 2. Estive no posto da PF nesta terça. Vou receber meu documento? Sim. Quem completou todo o trâmite burocrático realizado nos postos de emissão até esse dia receberá o passaporte normalmente. 3. Já agendei o atendimento pela internet. O que devo fazer? Seguir o trâmite normalmente, comparecendo ao posto da PF no horário previsto. Não há, porém, data prevista para a entrega do documento. 4. Ainda posso agendar um atendimento para solicitar meu passaporte? Sim. O agendamento on-line e o atendimento nos postos da PF pelo país vão continuar funcionando. O que foi comprometido foi a confecção do documento, portanto não há previsão de entrega. 5. Caso precise viajar emergencialmente, serei afetado? Não. A emissão do passaporte de emergência, para situações não previstas com antecedência (veja abaixo), não foi suspensa. Você deve preencher o formulário eletrônico de solicitação, mas não precisa agendar o atendimento. Basta ir a algum posto que emita esse tipo de passaporte e comprovar o motivo da viagem. 6. Por que a PF suspendeu o serviço? Segundo a instituição, os gastos com emissão de passaportes e controle migratório atingiram o limite previsto na lei orçamentária. De forma geral, não falta dinheiro à PF, mas o órgão não tem permissão para realocar outras verbas para esse serviço. Com isso, o órgão não consegue renovar o contrato com a Casa da Moeda, que confecciona o documento. 7. Não foi previsto que o dinheiro acabaria? Sim, a PF já tinha avisado aos ministérios da Justiça e do Planejamento que faltariam recursos para passaportes. Só neste ano foram enviados ao menos nove pedidos de verbas às duas pastas. 8. O que precisa ser feito para reverter a situação? O governo deve alterar o Orçamento, garantindo mais dinheiro para a atividade. Para isso, precisa enviar um projeto de lei ao Congresso –o que foi feito pelo Ministério do Planejamento nesta quarta (28). A pasta pede crédito de R$ 102,3 milhões e diz que a entrega dos documentos será normalizada nos próximos dias. 9. A taxa que pagamos pelo passaporte não é suficiente para a sua confecção? Esse valor não vai para a PF, mas para um fundo do governo chamado Funapol, criado em 1997. Há, porém, um contingenciamento desses recursos, estimados em R$ 700 milhões. 10. Como a situação chegou a esse ponto? No meio do ano passado, na discussão do Orçamento de 2017, o valor solicitado pela PF foi de R$ 248 milhões. O governo autorizou, porém, R$ 121 milhões –o que não era considerado suficiente. Em maio, o dinheiro acabou. O governo conseguiu uma suplementação de R$ 24 milhões, depois de cinco solicitações formais. Nesta terça, os R$ 145 milhões se esgotaram. Nas contas da polícia, faltam ainda R$ 103 milhões para assegurar a atividade até o final do ano. * Passaporte comum Custo: R$ 257, 25 Emissão: até 45 dias úteis, segundo a Casa da Moeda; atendentes falam em até 120 dias Duração: 10 anos Quem pode pedir: qualquer cidadão brasileiro que não tenha problemas com o fisco, a Justiça, a Justiça Eleitoral ou o Exército Passaporte 'express' (comum em caráter de urgência) Custo: R$ 334,42 (R$ 77,17 são da 'taxa de urgência') Emissão: até 4 dias úteis, segundo a PF; atendentes falam em 20 dias Duração: 10 anos Quem pode pedir: qualquer pessoa com viagem marcada para os próximos 4 meses; é necessário levar as passagens para comprovação Passaporte de emergência Custo: R$ 334,42 Emissão: até 24 horas Duração: 1 ano Pode ser pedido em caso de: catástrofes naturais, conflitos armados, motivos de saúde, necessidade do trabalho, ajuda humanitária, interesse da administração pública, entre outros (com necessidade de comprovação) * 1. Preencha o formulário eletrônico de solicitação; ao final, será emitida a Guia de Recolhimento da União (GRU) 2. Pague a GRU antes da data de vencimento 3. Após a compensação do pagamento (que pode ocorrer em 2 a 3 dias), agende um atendimento presencial em um dos postos da PF que emitem passaporte 4. Compareça ao local no dia e horário agendados, com a documentação exigida (leia abaixo), o boleto GRU e os comprovantes do pagamento e do agendamento DOCUMENTOS EXIGIDOS - Identidade - CPF - Título de Eleitor e comprovantes de votação da última eleição - Passaporte anterior válido, se houver - Para homens, comprovante de quitação com o serviço militar - Para os naturalizados, certificado de naturalização ONDE SOLICITAR Os passaportes comuns podem ser solicitados em unidades da PF de todo o pais. Nos Estado de SP e RJ, os de emergência podem ser obtidos nas seguintes unidades: Superintendência Regional da PF R. Hugo D'Antola, 95, Lapa de Baixo Tel: (11) 3538-5000 / 3538-5930 Delegacia do Aeroporto Internacional de Cumbica Rod. Hélio Smith, s/n, Guarulhos - Terminal 3, piso T, desembarque Tel: (11) 2445-2780 / 2445-2212 [email protected] Unidade de Polícia no Aeroporto Internacional de Viracopos Edifício Garagem (em frente ao Terminal 1) Tel: (19) 3795-8235 / 3725-5092 Polícia Federal em Ribeirão Preto Shopping Iguatemi - Av. Luiz Eduardo de Toledo Prado, 900 - Ribeirão Preto Tel: (16) 3602-7390 [email protected] Delegacia de Santos R. Riachelo, 27, Centro - Santos Tel: (13) 3213-1800 [email protected] Aeroporto Internacional Galeão Av. Vinte de Janeiro, s/n, Ilha do Governador - Terminal 1, setor vermelho Tel: 194 Para dúvidas específicas, consulte o site da PF | cotidiano | Congresso aprova crédito extra para regularizar emissão de passaportesO Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira (13) um projeto de lei que autoriza crédito extra de R$ 102 milhões ao Ministério da Justiça para normalizar a emissão de passaportes. A matéria vai agora a sanção presidencial. O órgão suspendeu a confecção dos documentos desde o último dia 27, alegando "falta de recursos". A medida de suspensão foi anunciada às vésperas das férias escolares e em meio à relação tensa do governo de Michel Temer com a instituição. Ao suspender a emissão dos documentos, a PF informou que não há prazo para retomada das atividades, que segue sem data, já que não se sabe quando Temer apreciará o crédito. Segundo a instituição, os gastos com o serviço chegaram ao limite previsto na lei orçamentária. O órgão não deu detalhes do orçamento nem do motivo de eventuais negociações para a elevação da verba antes do estouro do limite. Em 2016, a emissão de passaportes foi prejudicada por uma série de questões, desde a falta de matéria-prima para confecção da capa até a falha em uma máquina que faz a perfuração do documento. O passaporte comum padrão tem uma taxa de confecção de R$ 257,25. O prazo normal de entrega é de seis dias úteis, mas a PF sempre alerta que somente cada posto escolhido para dar entrada no documento pode dar uma previsão exata da data. Um ano atrás, problemas elevaram a espera para até 45 dias. * 1. Qual serviço a Polícia Federal suspendeu? A emissão de novos passaportes no país, por tempo indeterminado. Isso significa que, desde as 22h desta terça-feira (27), eles não estão mais sendo confeccionados. 2. Estive no posto da PF nesta terça. Vou receber meu documento? Sim. Quem completou todo o trâmite burocrático realizado nos postos de emissão até esse dia receberá o passaporte normalmente. 3. Já agendei o atendimento pela internet. O que devo fazer? Seguir o trâmite normalmente, comparecendo ao posto da PF no horário previsto. Não há, porém, data prevista para a entrega do documento. 4. Ainda posso agendar um atendimento para solicitar meu passaporte? Sim. O agendamento on-line e o atendimento nos postos da PF pelo país vão continuar funcionando. O que foi comprometido foi a confecção do documento, portanto não há previsão de entrega. 5. Caso precise viajar emergencialmente, serei afetado? Não. A emissão do passaporte de emergência, para situações não previstas com antecedência (veja abaixo), não foi suspensa. Você deve preencher o formulário eletrônico de solicitação, mas não precisa agendar o atendimento. Basta ir a algum posto que emita esse tipo de passaporte e comprovar o motivo da viagem. 6. Por que a PF suspendeu o serviço? Segundo a instituição, os gastos com emissão de passaportes e controle migratório atingiram o limite previsto na lei orçamentária. De forma geral, não falta dinheiro à PF, mas o órgão não tem permissão para realocar outras verbas para esse serviço. Com isso, o órgão não consegue renovar o contrato com a Casa da Moeda, que confecciona o documento. 7. Não foi previsto que o dinheiro acabaria? Sim, a PF já tinha avisado aos ministérios da Justiça e do Planejamento que faltariam recursos para passaportes. Só neste ano foram enviados ao menos nove pedidos de verbas às duas pastas. 8. O que precisa ser feito para reverter a situação? O governo deve alterar o Orçamento, garantindo mais dinheiro para a atividade. Para isso, precisa enviar um projeto de lei ao Congresso –o que foi feito pelo Ministério do Planejamento nesta quarta (28). A pasta pede crédito de R$ 102,3 milhões e diz que a entrega dos documentos será normalizada nos próximos dias. 9. A taxa que pagamos pelo passaporte não é suficiente para a sua confecção? Esse valor não vai para a PF, mas para um fundo do governo chamado Funapol, criado em 1997. Há, porém, um contingenciamento desses recursos, estimados em R$ 700 milhões. 10. Como a situação chegou a esse ponto? No meio do ano passado, na discussão do Orçamento de 2017, o valor solicitado pela PF foi de R$ 248 milhões. O governo autorizou, porém, R$ 121 milhões –o que não era considerado suficiente. Em maio, o dinheiro acabou. O governo conseguiu uma suplementação de R$ 24 milhões, depois de cinco solicitações formais. Nesta terça, os R$ 145 milhões se esgotaram. Nas contas da polícia, faltam ainda R$ 103 milhões para assegurar a atividade até o final do ano. * Passaporte comum Custo: R$ 257, 25 Emissão: até 45 dias úteis, segundo a Casa da Moeda; atendentes falam em até 120 dias Duração: 10 anos Quem pode pedir: qualquer cidadão brasileiro que não tenha problemas com o fisco, a Justiça, a Justiça Eleitoral ou o Exército Passaporte 'express' (comum em caráter de urgência) Custo: R$ 334,42 (R$ 77,17 são da 'taxa de urgência') Emissão: até 4 dias úteis, segundo a PF; atendentes falam em 20 dias Duração: 10 anos Quem pode pedir: qualquer pessoa com viagem marcada para os próximos 4 meses; é necessário levar as passagens para comprovação Passaporte de emergência Custo: R$ 334,42 Emissão: até 24 horas Duração: 1 ano Pode ser pedido em caso de: catástrofes naturais, conflitos armados, motivos de saúde, necessidade do trabalho, ajuda humanitária, interesse da administração pública, entre outros (com necessidade de comprovação) * 1. Preencha o formulário eletrônico de solicitação; ao final, será emitida a Guia de Recolhimento da União (GRU) 2. Pague a GRU antes da data de vencimento 3. Após a compensação do pagamento (que pode ocorrer em 2 a 3 dias), agende um atendimento presencial em um dos postos da PF que emitem passaporte 4. Compareça ao local no dia e horário agendados, com a documentação exigida (leia abaixo), o boleto GRU e os comprovantes do pagamento e do agendamento DOCUMENTOS EXIGIDOS - Identidade - CPF - Título de Eleitor e comprovantes de votação da última eleição - Passaporte anterior válido, se houver - Para homens, comprovante de quitação com o serviço militar - Para os naturalizados, certificado de naturalização ONDE SOLICITAR Os passaportes comuns podem ser solicitados em unidades da PF de todo o pais. Nos Estado de SP e RJ, os de emergência podem ser obtidos nas seguintes unidades: Superintendência Regional da PF R. Hugo D'Antola, 95, Lapa de Baixo Tel: (11) 3538-5000 / 3538-5930 Delegacia do Aeroporto Internacional de Cumbica Rod. Hélio Smith, s/n, Guarulhos - Terminal 3, piso T, desembarque Tel: (11) 2445-2780 / 2445-2212 [email protected] Unidade de Polícia no Aeroporto Internacional de Viracopos Edifício Garagem (em frente ao Terminal 1) Tel: (19) 3795-8235 / 3725-5092 Polícia Federal em Ribeirão Preto Shopping Iguatemi - Av. Luiz Eduardo de Toledo Prado, 900 - Ribeirão Preto Tel: (16) 3602-7390 [email protected] Delegacia de Santos R. Riachelo, 27, Centro - Santos Tel: (13) 3213-1800 [email protected] Aeroporto Internacional Galeão Av. Vinte de Janeiro, s/n, Ilha do Governador - Terminal 1, setor vermelho Tel: 194 Para dúvidas específicas, consulte o site da PF | 5 |
'Mais chato que petista, só ex-petista', diz leitor sobre Marta Suplicy | Excelente o artigo "O diretor sumiu", escrito pela senadora Marta Suplicy. As posições assumidas articulam uma lógica que faz a diferença. Ao propor um alinhamento entre o discurso e a ação, cria um ambiente propício à transparência e à possibilidade de um pacto entre o Estado e a sociedade. Os ganhos políticos possíveis hoje passam, necessariamente, por essa construção em abóbada, na qual os arcos reciprocamente se sustentam. ANTONIO HELIO CABRAL (São Paulo, SP) * Vendo os atos recentes da senador a Marta Suplicy, lembrei-me de um dito de antigamente: "Mais chato que fumante é ex-fumante". Se petista é chato, antipetista é tão chato quanto. Ex-petista é insuperável nessa escala, supera em chatice os dois! ANÍSIO FRANCO CÂMARA (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | 'Mais chato que petista, só ex-petista', diz leitor sobre Marta SuplicyExcelente o artigo "O diretor sumiu", escrito pela senadora Marta Suplicy. As posições assumidas articulam uma lógica que faz a diferença. Ao propor um alinhamento entre o discurso e a ação, cria um ambiente propício à transparência e à possibilidade de um pacto entre o Estado e a sociedade. Os ganhos políticos possíveis hoje passam, necessariamente, por essa construção em abóbada, na qual os arcos reciprocamente se sustentam. ANTONIO HELIO CABRAL (São Paulo, SP) * Vendo os atos recentes da senador a Marta Suplicy, lembrei-me de um dito de antigamente: "Mais chato que fumante é ex-fumante". Se petista é chato, antipetista é tão chato quanto. Ex-petista é insuperável nessa escala, supera em chatice os dois! ANÍSIO FRANCO CÂMARA (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
O lápis e o teclado | Deveria pensar duas vezes quem estiver convencido de que a escrita à mão caminha para se tornar obsoleta –em particular se tiver filhos pequenos. Tudo indica que essa habilidade é crucial para aprender a ler e a pensar. Repare na moça ou moço bonito a seu lado no metrô. Enquanto seus polegares deslizam fluidos pela telinha do celular, escrevendo mensagens, parece impossível reter a crença de que caligrafia ainda sirva para alguma coisa. Quem se importa? Lápis e papel são coisas do passado, não contribuem para se conectar a nada no mundo digital, tornando-se assim inúteis. Com os smartphones, até mesmo laptops já viram peça de museu. Se antes ensinar a escrever à mão ia perdendo prioridade nos sistemas educacionais, não tardará o momento em que alguém vai defender alfabetizar a criançada direto com letras numa tela. Será um erro crasso. Há pencas de estudos mostrando que escrever à mão de maneira legível e rápida tem correlação estreita com desempenho escolar. Vai bem na escola quem escreve direito (médicos sendo a exceção que confirma a regra). Os gaiatos dirão que professores preferem os alunos com letra bonita e os premiam com notas melhores. Pode ser. Mas há algo mais em jogo a sugerir que vale a pena dedicar-se a fazer meninas e meninos trabalharem mais com lápis e papel. E quanto mais cedo melhor. Crianças de dois e três anos já estão aptas a experimentar com riscos que as prepararão aos quatro ou cinco para produzir formas geométricas e, depois, letras de fôrma completas. A partir daí entra em cena, ou deveria, a escrita cursiva. Teclados e telas, só mais para o fim do ensino fundamental 1. Desenhar os caracteres de maneira contínua, conectando-os uns aos outros, prepara o cérebro para ler. Facilita fixar a correspondência entre grupos de signos e a unidade de sílabas, ou palavras inteiras. Nossos cérebros precisam ser empurrados na direção certa. Eles não foram feitos para ler e escrever. Essa atividade só se tornou possível porque cooptou para a tarefa uma área conhecida como giro fusiforme, envolvida também no reconhecimento de rostos. Como tudo em educação, o sucesso desse recrutamento depende de exercício. Se não fosse o receio de soar antiquado demais, diria até ser o caso de considerar seriamente a ressurreição dos cadernos de caligrafia. Ainda me lembro de ficar com o giro fusiforme em brasa (metaforicamente falando), os dedos suados e o médio da mão direita vermelho na primeira falange, ainda desprovida de calo, diante daquelas três raias em que precisava fazer correr o grafite errático -sem calcar demais. Maiúsculas e minúsculas como "t" tinham de tocar o limite superior; vogais minúsculas ficavam espremidas na linha do meio; a perna do "p" se esticava toda para baixo. E repetições, muitas: "A casa do João é bonita". Hoje me espanto, nas raras ocasiões em que a pessoa à minha frente precisa escrever algo à mão, ao ver que ela não tem calo no dedo médio. A maioria nem o emprega para segurar a caneta Bic, apoia direto no anular, ou a segura com quem pega uma pitada de farinha. Até hoje tomo notas à mão e gravo melhor os argumentos quando posso sublinhá-los no papel. Gesto e memória caminham juntos –e juntos chegam mais longe. | colunas | O lápis e o tecladoDeveria pensar duas vezes quem estiver convencido de que a escrita à mão caminha para se tornar obsoleta –em particular se tiver filhos pequenos. Tudo indica que essa habilidade é crucial para aprender a ler e a pensar. Repare na moça ou moço bonito a seu lado no metrô. Enquanto seus polegares deslizam fluidos pela telinha do celular, escrevendo mensagens, parece impossível reter a crença de que caligrafia ainda sirva para alguma coisa. Quem se importa? Lápis e papel são coisas do passado, não contribuem para se conectar a nada no mundo digital, tornando-se assim inúteis. Com os smartphones, até mesmo laptops já viram peça de museu. Se antes ensinar a escrever à mão ia perdendo prioridade nos sistemas educacionais, não tardará o momento em que alguém vai defender alfabetizar a criançada direto com letras numa tela. Será um erro crasso. Há pencas de estudos mostrando que escrever à mão de maneira legível e rápida tem correlação estreita com desempenho escolar. Vai bem na escola quem escreve direito (médicos sendo a exceção que confirma a regra). Os gaiatos dirão que professores preferem os alunos com letra bonita e os premiam com notas melhores. Pode ser. Mas há algo mais em jogo a sugerir que vale a pena dedicar-se a fazer meninas e meninos trabalharem mais com lápis e papel. E quanto mais cedo melhor. Crianças de dois e três anos já estão aptas a experimentar com riscos que as prepararão aos quatro ou cinco para produzir formas geométricas e, depois, letras de fôrma completas. A partir daí entra em cena, ou deveria, a escrita cursiva. Teclados e telas, só mais para o fim do ensino fundamental 1. Desenhar os caracteres de maneira contínua, conectando-os uns aos outros, prepara o cérebro para ler. Facilita fixar a correspondência entre grupos de signos e a unidade de sílabas, ou palavras inteiras. Nossos cérebros precisam ser empurrados na direção certa. Eles não foram feitos para ler e escrever. Essa atividade só se tornou possível porque cooptou para a tarefa uma área conhecida como giro fusiforme, envolvida também no reconhecimento de rostos. Como tudo em educação, o sucesso desse recrutamento depende de exercício. Se não fosse o receio de soar antiquado demais, diria até ser o caso de considerar seriamente a ressurreição dos cadernos de caligrafia. Ainda me lembro de ficar com o giro fusiforme em brasa (metaforicamente falando), os dedos suados e o médio da mão direita vermelho na primeira falange, ainda desprovida de calo, diante daquelas três raias em que precisava fazer correr o grafite errático -sem calcar demais. Maiúsculas e minúsculas como "t" tinham de tocar o limite superior; vogais minúsculas ficavam espremidas na linha do meio; a perna do "p" se esticava toda para baixo. E repetições, muitas: "A casa do João é bonita". Hoje me espanto, nas raras ocasiões em que a pessoa à minha frente precisa escrever algo à mão, ao ver que ela não tem calo no dedo médio. A maioria nem o emprega para segurar a caneta Bic, apoia direto no anular, ou a segura com quem pega uma pitada de farinha. Até hoje tomo notas à mão e gravo melhor os argumentos quando posso sublinhá-los no papel. Gesto e memória caminham juntos –e juntos chegam mais longe. | 1 |
Ruas de São Paulo têm movimento de domingo em dia de manifestações | Após um pico de congestionamento no início da manhã, o trânsito na capital paulista caiu, deixando as ruas com cara de domingo nesta sexta-feira (28) de protestos. Por volta das 7h, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) chegou a registrar 85 km de filas, o que era acima da média para o horário. Às 13h30, porém, o índice já era de apenas 1 km, o que corresponde a 0,1% dos 868 km de vias monitoradas –média do horário é de 4,5%. O movimento abaixo da média é provocado, principalmente, pela paralisação de diversos setores em protesto contra a reforma da Previdência e trabalhista. O transporte público parou, escolas não tiveram aula e muitos comércios não abriram ou atrasaram seu funcionamento. Além disso, as pessoas que precisaram trabalhar ou estudar optaram por sair mais cedo devido as incertezas em relação aos protestos, que acabaram interditando diversas vias no decorrer da manhã. Em alguns casos houve ação da polícia, com bombas de gás, para desobstruir as vias. Ao menos, 16 pessoas foram detidas. Para amenizar o impacto, a CET suspendeu o rodízio de veículos e a Zona Azul. Os corredores de ônibus foram liberados para os táxis –com ou sem passageiros–, ônibus –tanto fretados quanto escolares– e veículos de passeio com ao menos dois passageiros. Os carros também vão poder circular nas faixas exclusivas para ônibus. Os ônibus, trens e metrôs, que ficaram totalmente parados no início da manhã, já tinham operação parcial no início da tarde, com exceção dos ônibus, que permaneciam sem funcionar. A paralisação aconteceu mesmo depois de liminar da Justiça contra a paralisação e estabelecendo multa de R$ 937 mil para casa sindicado dos metroviários e ferroviários. | mercado | Ruas de São Paulo têm movimento de domingo em dia de manifestaçõesApós um pico de congestionamento no início da manhã, o trânsito na capital paulista caiu, deixando as ruas com cara de domingo nesta sexta-feira (28) de protestos. Por volta das 7h, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) chegou a registrar 85 km de filas, o que era acima da média para o horário. Às 13h30, porém, o índice já era de apenas 1 km, o que corresponde a 0,1% dos 868 km de vias monitoradas –média do horário é de 4,5%. O movimento abaixo da média é provocado, principalmente, pela paralisação de diversos setores em protesto contra a reforma da Previdência e trabalhista. O transporte público parou, escolas não tiveram aula e muitos comércios não abriram ou atrasaram seu funcionamento. Além disso, as pessoas que precisaram trabalhar ou estudar optaram por sair mais cedo devido as incertezas em relação aos protestos, que acabaram interditando diversas vias no decorrer da manhã. Em alguns casos houve ação da polícia, com bombas de gás, para desobstruir as vias. Ao menos, 16 pessoas foram detidas. Para amenizar o impacto, a CET suspendeu o rodízio de veículos e a Zona Azul. Os corredores de ônibus foram liberados para os táxis –com ou sem passageiros–, ônibus –tanto fretados quanto escolares– e veículos de passeio com ao menos dois passageiros. Os carros também vão poder circular nas faixas exclusivas para ônibus. Os ônibus, trens e metrôs, que ficaram totalmente parados no início da manhã, já tinham operação parcial no início da tarde, com exceção dos ônibus, que permaneciam sem funcionar. A paralisação aconteceu mesmo depois de liminar da Justiça contra a paralisação e estabelecendo multa de R$ 937 mil para casa sindicado dos metroviários e ferroviários. | 2 |
Google inaugura campus de empreendedorismo na zona sul | GABRIELA VALDANHA DE SÃO PAULO Café e wi-fi rápido são ótimos combustíveis na hora de ter ideias. No recém-inaugurado campus do Google, não só empreendedores, mas qualquer interessado pode desfrutar dessa combinação. Basta tornar-se um membro pelo site. Esse é o sexto espaço desse tipo no mundo e o primeiro na América Latina. Os outros cinco estão em Londres, Tel Aviv, Seul, Madri e Varsóvia. O projeto, instalado em um prédio de seis andares na região sul da cidade, deve funcionar como um híbrido de aceleradora e incubadora de start-ups. "É a nossa tentativa de alavancar ecossistemas empreendedores", diz André Barrence, diretor do campus. A decoração, inspirada em conceito definido por "selva de pedra", é tão diversificada quanto nas filiais do Google. As salas de reuniões representam festas da cidade, como Virada Cultural, Feira da Kantuta e Ano-Novo Chinês. No quinto andar, aberto ao público, vacas amarelas e panelas ("quem falar primeiro") indicam o espaço do silêncio. Ali, orelhões de ponta cabeça foram transformados em poltronas. O local possui ainda um mural dividido em duas partes: "ofereço" e "procuro". Cartões de visita estimulam o "networking": podem ser fixados com prendedores de roupa em fios de aço ao lado da escada. No último piso fica o Sofa Café, que possui ainda terraços espaçosos ocupados com espreguiçadeiras e redes. Até julho, serão selecionados entre dez e 15 negócios para residirem no espaço por, no mínimo, seis meses -sem pagar nada por isso-e receberem auxílio de especialistas. Uma característica levada em consideração é que as start-ups invistam projetos que envolvam algum tipo de tecnologia. Google Campus. R. Cel. Oscar Porto, 70, Paraíso, região sul, s/tel. Seg. a sex.: 9h às 19h. É necessário fazer cadastro p/ campus.co/saopaulo. | saopaulo | Google inaugura campus de empreendedorismo na zona sulGABRIELA VALDANHA DE SÃO PAULO Café e wi-fi rápido são ótimos combustíveis na hora de ter ideias. No recém-inaugurado campus do Google, não só empreendedores, mas qualquer interessado pode desfrutar dessa combinação. Basta tornar-se um membro pelo site. Esse é o sexto espaço desse tipo no mundo e o primeiro na América Latina. Os outros cinco estão em Londres, Tel Aviv, Seul, Madri e Varsóvia. O projeto, instalado em um prédio de seis andares na região sul da cidade, deve funcionar como um híbrido de aceleradora e incubadora de start-ups. "É a nossa tentativa de alavancar ecossistemas empreendedores", diz André Barrence, diretor do campus. A decoração, inspirada em conceito definido por "selva de pedra", é tão diversificada quanto nas filiais do Google. As salas de reuniões representam festas da cidade, como Virada Cultural, Feira da Kantuta e Ano-Novo Chinês. No quinto andar, aberto ao público, vacas amarelas e panelas ("quem falar primeiro") indicam o espaço do silêncio. Ali, orelhões de ponta cabeça foram transformados em poltronas. O local possui ainda um mural dividido em duas partes: "ofereço" e "procuro". Cartões de visita estimulam o "networking": podem ser fixados com prendedores de roupa em fios de aço ao lado da escada. No último piso fica o Sofa Café, que possui ainda terraços espaçosos ocupados com espreguiçadeiras e redes. Até julho, serão selecionados entre dez e 15 negócios para residirem no espaço por, no mínimo, seis meses -sem pagar nada por isso-e receberem auxílio de especialistas. Uma característica levada em consideração é que as start-ups invistam projetos que envolvam algum tipo de tecnologia. Google Campus. R. Cel. Oscar Porto, 70, Paraíso, região sul, s/tel. Seg. a sex.: 9h às 19h. É necessário fazer cadastro p/ campus.co/saopaulo. | 9 |
Casal cria editora especializada em livros LGBT e mira grande mercado | Nos quase dez anos de carreira no mercado editorial —atuando em grandes editoras, como Ática e Saraiva—, uma sensação incômoda tem acompanhado Juliana Albuquerque: livros com temática LGBT são coisa rara nas livrarias. "Entre em qualquer grande loja e pergunte ao vendedor se ele tem algum título de literatura LGBT. Ele indicará, no máximo, uns três títulos", diz. De olho nessa lacuna, ela e o marido, Marcio Coelho, fundaram, em setembro, a Hoo Editora, casa voltada exclusivamente à ficção LGBT –mas não exatamente uma editora de nicho, como afirma a publisher. "O que queremos é que a temática LGBT esteja na história não como exceção, mas, sim, de maneira natural, como na sociedade", diz. "A vida não é heteronormativa. A vida é muito mais diversa que isso". Segundo Juliana, nas obras os protagonistas não serão sempre gays, as cenas de amor não envolverão obrigatoriamente pessoas do mesmo sexo e os relacionamentos nem sempre serão homoafetivos. "Queremos elementos do universo LGBT nas histórias, independentemente de serem histórias sobre gays, escritas por gays ou algo assim." A proposta da nova editora atraiu a atenção de escritores. Quatro dias depois de um post público em seu perfil no Facebook, em setembro, a Hoo recebeu oito originais; com uma semana, o número subiu para 15. "Até o momento recebemos 50 propostas", diz Juliana. Os planos da nova editora são audaciosos: a Hoo lança em novembro os dois primeiros títulos —"Nicotina Zero", romance de Alexandre Rabelo, e "Torta de Climão", HQ de Kris Barz (R$ 29,90 cada um). Depois, quer colocar no mercado um novo livro por mês até junho de 2016. "Os livros terão tiragem inicial de 3.000 exemplares", diz Juliana. Uma quantia similar à média praticada no mercado, mas incomum para títulos LGBT —que geralmente têm tiragens mínimas e obras vendidas apenas on-line. "As grandes lojas do varejo apostaram na nossa ideia e pedem, em média, 300 exemplares cada", afirma. Juliana diz que, entre os próximos lançamentos, há títulos do gênero "young adult" (um infantojuvenil sem ingenuidade). Pode surgir aí um "A Culpa é das Estrelas" na versão LGBT. "Se o best-seller de John Green trouxesse um casal gay, provavelmente receberia mais holofotes, mas não de maneira positiva", afirma. | ilustrada | Casal cria editora especializada em livros LGBT e mira grande mercadoNos quase dez anos de carreira no mercado editorial —atuando em grandes editoras, como Ática e Saraiva—, uma sensação incômoda tem acompanhado Juliana Albuquerque: livros com temática LGBT são coisa rara nas livrarias. "Entre em qualquer grande loja e pergunte ao vendedor se ele tem algum título de literatura LGBT. Ele indicará, no máximo, uns três títulos", diz. De olho nessa lacuna, ela e o marido, Marcio Coelho, fundaram, em setembro, a Hoo Editora, casa voltada exclusivamente à ficção LGBT –mas não exatamente uma editora de nicho, como afirma a publisher. "O que queremos é que a temática LGBT esteja na história não como exceção, mas, sim, de maneira natural, como na sociedade", diz. "A vida não é heteronormativa. A vida é muito mais diversa que isso". Segundo Juliana, nas obras os protagonistas não serão sempre gays, as cenas de amor não envolverão obrigatoriamente pessoas do mesmo sexo e os relacionamentos nem sempre serão homoafetivos. "Queremos elementos do universo LGBT nas histórias, independentemente de serem histórias sobre gays, escritas por gays ou algo assim." A proposta da nova editora atraiu a atenção de escritores. Quatro dias depois de um post público em seu perfil no Facebook, em setembro, a Hoo recebeu oito originais; com uma semana, o número subiu para 15. "Até o momento recebemos 50 propostas", diz Juliana. Os planos da nova editora são audaciosos: a Hoo lança em novembro os dois primeiros títulos —"Nicotina Zero", romance de Alexandre Rabelo, e "Torta de Climão", HQ de Kris Barz (R$ 29,90 cada um). Depois, quer colocar no mercado um novo livro por mês até junho de 2016. "Os livros terão tiragem inicial de 3.000 exemplares", diz Juliana. Uma quantia similar à média praticada no mercado, mas incomum para títulos LGBT —que geralmente têm tiragens mínimas e obras vendidas apenas on-line. "As grandes lojas do varejo apostaram na nossa ideia e pedem, em média, 300 exemplares cada", afirma. Juliana diz que, entre os próximos lançamentos, há títulos do gênero "young adult" (um infantojuvenil sem ingenuidade). Pode surgir aí um "A Culpa é das Estrelas" na versão LGBT. "Se o best-seller de John Green trouxesse um casal gay, provavelmente receberia mais holofotes, mas não de maneira positiva", afirma. | 6 |
29 pacotes para embarcar em cruzeiros no Brasil e no mundo | Confira opções de pacotes para cruzeiros que acontecem no fim deste ano e nos primeiros meses de 2017. No Brasil, as rotas incluem trajetos entre Santos e o litoral do Rio ou o litoral da Bahia. Há também roteiros do Brasil rumo a Buenos Aires, na Argentina. No Natal e no Réveillon, as tarifas costumam ser mais caras. Com menos navios na temporada brasileira, outra opção é embarcar em um navio fora do pais, principalmente no Caribe ou no Mediterrâneo. Os pacotes estão abaixo. Exceto quando indicado, os valores não incluem taxas portuárias e de serviço * R$ 979 Minicruzeiro saindo de Santos rumo ao Rio de Janeiro, com parada em Ilhabela. Preço por pessoa para três noites no Costa Fascinosa. Reservas: (11) 2123-3677 R$ 1.479 Roteiro de quatro noites, de Santos a Ilhabela e Angra dos Reis. Valor por pessoa, em cabine dupla, com o Costa Fascinosa. Na Flytour R$ 1.496 Valor por pessoa para roteiro de Santos a Búzios, durante quatro dias. Valor por pessoa, no navio Sovereign, sem aéreo. Na CVC: (11) 3003-9282 R$ 1.499 Preço para sete noites, de Santos a Salvador, passando por Rio e Búzios. Para embarques a partir de 18 de fevereiro, no MSC Preziosa. Reservas: 4003-1058 R$ 1.899 Seis noites de Santos a Salvador, passando por Búzios e Ilha Grande, a bordo do MSC Preziosa. Valor por pessoa. Na Agaxtur: (11) 3067-0900 R$ 2.432 Cruzeiro fluvial pela Amazônia, com três dias de navegação no rio Solimões. Preço por pessoa, em sistema "all inclusive", com aéreo incluído no pacote. Na New Age: (11) 3138-4888 R$ 2.744,65 Sete noites no Costa Fascinosa, de Santos a Salvador. Valor por pessoa, sem taxas nem aéreo. Na Flytour _ R$ 3.009 Roteiro de Natal, de Santos a Salvador, no navio Sovereign. Preço por pessoa, em cabine interna, com bebidas alcóolicas inclusas. Sete noites, sem aéreo. Na CVC: (11) 3003-9282 R$ 3.869 Réveillon no MSC Musica, cujo percurso vai de Santos a Buenos Aires (Argentina). Valor por pessoa, sem taxas. Na Flytour R$ 5.757 Roteiro de Réveillon, durante oito noites, a bordo do MSC Preziosa. De Santos a Salvador, com parada em Copacabana para ver o show de fogos de artifício. Na Latam Travel R$ 7.799 Sete noites no Mediterrâneo, passando pelas ilhas Canárias e pela ilha da Madeira, no navio Aida Sol. Valor por pessoa, com aéreo a partir de São Paulo ou do Rio. No Peixe Urbano R$ 9.760 Cruzeiro pelo rio Negro, na Amazônia, durante o Réveillon. Com passeio na floresta, contato com botos e passeio de canoa inclusos. Valor para casal, duarante seis noites. Com aéreo. Na Pisa Trekking: (11) 5052-4085 R$ 13.728 Oito noites no MSC Preziosa, de Santos a Salvador, durante o Réveillon. Com taxas, pensão completa, sem bebidas. Na Ahoba Viagens: (11) 5594-2023 US$ 4.869 (R$ 16.051) Valor para sete noites no Horizon Deck Explorer, de Quito às ilhas Galápagos (Equador). Por pessoa, sem aéreo. Na Forma Family: (11) 2093-8900 _ R$ 1.017 Cruzeiro no Majesty of the Seas, da Royal Caribbean, de Orlando (EUA) a Nassau, no Caribe. Preço por pessoa, com taxas. Reservas: (11) 4280-5300 US$ 484 (R$ 1.595) Três noites no Carnival Victory, saindo de Miami (EUA) rumo a Nassau (Bahamas). Por pessoa, sem aéreo. Na RCA: (11) 3017-8700 R$ 2.322 Roteiro do Rio de Janeiro rumo a Buenos Aires pelo Norwegian Sun. O passageiro pode acrescentar ao pacote serviços como open bar ilimitado ou 250 minutos de wi-fi. Reservas: (11) 3253-7203 R$ 2.821 De Santos a Buenos Aires, com o Costa Fascinosa, em janeiro. Valor por pessoa, em cabine interna dupla. Reservas: (11) 2123-3677 R$ 4.939 Sete noites em cruzeiro por Dubai, Abu Dhabi, Doha e outros destinos do Oriente Médio, a bordo do MSC Fantasia. Valor por pessoa, com aéreo, traslados e hotel inclusos. Reservas: 4003-1058 US$ 1.550 (R$ 5.109) Pacote de cinco noites em Orlando (EUA) e cinco noites em um cruzeiro rumo às Bahamas, no navio Carnival Sunshine. Preço por pessoa, com aéreo. Na RCA: (11) 3017-8700 R$ 5.125 Valor para seis noites no Norwegian Getaway, saindo de Miami (EUA) em direção ao Caribe mexicano. Inclui uma noite na Flórida e aéreo. Por pessoa. Na Latam Travel R$ 5.999 Roteiro de sete noites pelo norte da Europa, de Hamburgo a Bruxelas. Valor por pessoa, no navio Aida Prima, com passagens aéreas saindo de São Paulo ou Rio de Janeiro inclusas. No Peixe Urbano US$ 3.745 (R$ 12.345) Roteiro de sete noites pela região da Polinésia Francesa, com visita a ilhas como Huahine e Bora Bora. Pela Paul Gauguin Cruises, sem aéreo incluso. Na Kangaroo Tours: (11) 3509-3800 € 5.680 (R$ 21.048) Preço por casal para dez noites em cruzeiro pela Noruega, onde é possível ver baleias e a aurora boreal. No navio S/V Norderlicht. Sem aéreo. Na Pisa Trekking: (11) 5052-4085 US$ 11.120 (R$ 36.658) Dez notes em roteiro na Antártica, com passeios inclusos, no navio MV Ushuaia. Valor por casal, sem aéreo. Na Pisa Trekking: (11) 5052-4085 _ R$ 2.073 Percurso de 18 noites no Costa Fascinosa, saindo de Savona (Itália) rumo a Santos, no dia 1º de dezembro. O navio para em Barcelona, Casablanca e em capitais do Nordeste brasileiro. Por pessoa, sem aéreo incluso. Na CVC: (11) 3003-9282 R$ 3.779 Roteiro de fim de temporada, aproveitando a volta do navio MSC Preziosa para a Europa. Trajeto sai de Santos e passa pelo Nordeste, por Tenerife, Cádiz, Lisboa, Vigo e termina em Hamburgo (Alemanha). Valor por pessoa, para 20 noites, saindo em abril de 2017. Na Flytour R$ 6.060 Travessia de 15 noites no Costa Pacifica, a partir de Barcelona, com uma noite na cidade inclusa. O roteiro passa por Casablanca, Tenerife e capitais do Nordeste. Valor por pessoa, com aéreo, saindo em 26 de novembro. Na Latam Travel R$ 10.889 Volta do Costa Fascinosa, saindo de Santos em direção a Savona, na Itália. Valor por pessoa, com taxas portuárias no pacote. Na Ahoba Viagens: (11) 5594-2023 | turismo | 29 pacotes para embarcar em cruzeiros no Brasil e no mundoConfira opções de pacotes para cruzeiros que acontecem no fim deste ano e nos primeiros meses de 2017. No Brasil, as rotas incluem trajetos entre Santos e o litoral do Rio ou o litoral da Bahia. Há também roteiros do Brasil rumo a Buenos Aires, na Argentina. No Natal e no Réveillon, as tarifas costumam ser mais caras. Com menos navios na temporada brasileira, outra opção é embarcar em um navio fora do pais, principalmente no Caribe ou no Mediterrâneo. Os pacotes estão abaixo. Exceto quando indicado, os valores não incluem taxas portuárias e de serviço * R$ 979 Minicruzeiro saindo de Santos rumo ao Rio de Janeiro, com parada em Ilhabela. Preço por pessoa para três noites no Costa Fascinosa. Reservas: (11) 2123-3677 R$ 1.479 Roteiro de quatro noites, de Santos a Ilhabela e Angra dos Reis. Valor por pessoa, em cabine dupla, com o Costa Fascinosa. Na Flytour R$ 1.496 Valor por pessoa para roteiro de Santos a Búzios, durante quatro dias. Valor por pessoa, no navio Sovereign, sem aéreo. Na CVC: (11) 3003-9282 R$ 1.499 Preço para sete noites, de Santos a Salvador, passando por Rio e Búzios. Para embarques a partir de 18 de fevereiro, no MSC Preziosa. Reservas: 4003-1058 R$ 1.899 Seis noites de Santos a Salvador, passando por Búzios e Ilha Grande, a bordo do MSC Preziosa. Valor por pessoa. Na Agaxtur: (11) 3067-0900 R$ 2.432 Cruzeiro fluvial pela Amazônia, com três dias de navegação no rio Solimões. Preço por pessoa, em sistema "all inclusive", com aéreo incluído no pacote. Na New Age: (11) 3138-4888 R$ 2.744,65 Sete noites no Costa Fascinosa, de Santos a Salvador. Valor por pessoa, sem taxas nem aéreo. Na Flytour _ R$ 3.009 Roteiro de Natal, de Santos a Salvador, no navio Sovereign. Preço por pessoa, em cabine interna, com bebidas alcóolicas inclusas. Sete noites, sem aéreo. Na CVC: (11) 3003-9282 R$ 3.869 Réveillon no MSC Musica, cujo percurso vai de Santos a Buenos Aires (Argentina). Valor por pessoa, sem taxas. Na Flytour R$ 5.757 Roteiro de Réveillon, durante oito noites, a bordo do MSC Preziosa. De Santos a Salvador, com parada em Copacabana para ver o show de fogos de artifício. Na Latam Travel R$ 7.799 Sete noites no Mediterrâneo, passando pelas ilhas Canárias e pela ilha da Madeira, no navio Aida Sol. Valor por pessoa, com aéreo a partir de São Paulo ou do Rio. No Peixe Urbano R$ 9.760 Cruzeiro pelo rio Negro, na Amazônia, durante o Réveillon. Com passeio na floresta, contato com botos e passeio de canoa inclusos. Valor para casal, duarante seis noites. Com aéreo. Na Pisa Trekking: (11) 5052-4085 R$ 13.728 Oito noites no MSC Preziosa, de Santos a Salvador, durante o Réveillon. Com taxas, pensão completa, sem bebidas. Na Ahoba Viagens: (11) 5594-2023 US$ 4.869 (R$ 16.051) Valor para sete noites no Horizon Deck Explorer, de Quito às ilhas Galápagos (Equador). Por pessoa, sem aéreo. Na Forma Family: (11) 2093-8900 _ R$ 1.017 Cruzeiro no Majesty of the Seas, da Royal Caribbean, de Orlando (EUA) a Nassau, no Caribe. Preço por pessoa, com taxas. Reservas: (11) 4280-5300 US$ 484 (R$ 1.595) Três noites no Carnival Victory, saindo de Miami (EUA) rumo a Nassau (Bahamas). Por pessoa, sem aéreo. Na RCA: (11) 3017-8700 R$ 2.322 Roteiro do Rio de Janeiro rumo a Buenos Aires pelo Norwegian Sun. O passageiro pode acrescentar ao pacote serviços como open bar ilimitado ou 250 minutos de wi-fi. Reservas: (11) 3253-7203 R$ 2.821 De Santos a Buenos Aires, com o Costa Fascinosa, em janeiro. Valor por pessoa, em cabine interna dupla. Reservas: (11) 2123-3677 R$ 4.939 Sete noites em cruzeiro por Dubai, Abu Dhabi, Doha e outros destinos do Oriente Médio, a bordo do MSC Fantasia. Valor por pessoa, com aéreo, traslados e hotel inclusos. Reservas: 4003-1058 US$ 1.550 (R$ 5.109) Pacote de cinco noites em Orlando (EUA) e cinco noites em um cruzeiro rumo às Bahamas, no navio Carnival Sunshine. Preço por pessoa, com aéreo. Na RCA: (11) 3017-8700 R$ 5.125 Valor para seis noites no Norwegian Getaway, saindo de Miami (EUA) em direção ao Caribe mexicano. Inclui uma noite na Flórida e aéreo. Por pessoa. Na Latam Travel R$ 5.999 Roteiro de sete noites pelo norte da Europa, de Hamburgo a Bruxelas. Valor por pessoa, no navio Aida Prima, com passagens aéreas saindo de São Paulo ou Rio de Janeiro inclusas. No Peixe Urbano US$ 3.745 (R$ 12.345) Roteiro de sete noites pela região da Polinésia Francesa, com visita a ilhas como Huahine e Bora Bora. Pela Paul Gauguin Cruises, sem aéreo incluso. Na Kangaroo Tours: (11) 3509-3800 € 5.680 (R$ 21.048) Preço por casal para dez noites em cruzeiro pela Noruega, onde é possível ver baleias e a aurora boreal. No navio S/V Norderlicht. Sem aéreo. Na Pisa Trekking: (11) 5052-4085 US$ 11.120 (R$ 36.658) Dez notes em roteiro na Antártica, com passeios inclusos, no navio MV Ushuaia. Valor por casal, sem aéreo. Na Pisa Trekking: (11) 5052-4085 _ R$ 2.073 Percurso de 18 noites no Costa Fascinosa, saindo de Savona (Itália) rumo a Santos, no dia 1º de dezembro. O navio para em Barcelona, Casablanca e em capitais do Nordeste brasileiro. Por pessoa, sem aéreo incluso. Na CVC: (11) 3003-9282 R$ 3.779 Roteiro de fim de temporada, aproveitando a volta do navio MSC Preziosa para a Europa. Trajeto sai de Santos e passa pelo Nordeste, por Tenerife, Cádiz, Lisboa, Vigo e termina em Hamburgo (Alemanha). Valor por pessoa, para 20 noites, saindo em abril de 2017. Na Flytour R$ 6.060 Travessia de 15 noites no Costa Pacifica, a partir de Barcelona, com uma noite na cidade inclusa. O roteiro passa por Casablanca, Tenerife e capitais do Nordeste. Valor por pessoa, com aéreo, saindo em 26 de novembro. Na Latam Travel R$ 10.889 Volta do Costa Fascinosa, saindo de Santos em direção a Savona, na Itália. Valor por pessoa, com taxas portuárias no pacote. Na Ahoba Viagens: (11) 5594-2023 | 13 |
Maluf defende Lula e diz que emprestaria sua fazenda ao ex-presidente | O ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) defendeu o ex-presidente Lula, denunciado pela força-tarefa da Lava Jato. Segundo o político do Partido Progressista, o petista está sendo perseguido.Ele diz não acreditar que Lula tenha recebido favores de empreiteiras em obras de sítio e apartamento."Temos que ter respeito pela biografia do Lula. Faz política de maneira clara, sincera. Ele adora o poder. Ele é absolutamente honesto. Fizeram reforma para os donos do sítio, não para ele. Um homem que durante 8 anos teve orçamento de tantos trilhões, é pensar pequeno ele ganhar uma reforminha pequena", afirmou Maluf. "A minha casa no Guarujá está à disposição do Lula.Se ele quiser frequentar uma fazenda, empresto também", completou. | tv | Maluf defende Lula e diz que emprestaria sua fazenda ao ex-presidenteO ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) defendeu o ex-presidente Lula, denunciado pela força-tarefa da Lava Jato. Segundo o político do Partido Progressista, o petista está sendo perseguido.Ele diz não acreditar que Lula tenha recebido favores de empreiteiras em obras de sítio e apartamento."Temos que ter respeito pela biografia do Lula. Faz política de maneira clara, sincera. Ele adora o poder. Ele é absolutamente honesto. Fizeram reforma para os donos do sítio, não para ele. Um homem que durante 8 anos teve orçamento de tantos trilhões, é pensar pequeno ele ganhar uma reforminha pequena", afirmou Maluf. "A minha casa no Guarujá está à disposição do Lula.Se ele quiser frequentar uma fazenda, empresto também", completou. | 11 |
Em nota, Lula repudia tentativa de envolver seu nome na Lava Jato | O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, por meio de nota de seu instituto, que repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em atos ilícitos da Operação Lava Jato. Nesta quarta (27), foi deflagrada nova fase da operação para investigar se a empreiteira OAS lavou dinheiro por meio de negócios imobiliários para favorecer o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Entre os imóveis investigados, está um tríplex no Guarujá que foi reservado a Lula. "Lula nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop [Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo], para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel", afirma a nota divulgada na noite desta quarta. Segundo o Instituto Lula, para ter o apartamento de fato, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. "A família do ex-presidente não exerceu esse direito", afirma. Portanto, Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal." A nota ainda diz que "nenhum líder brasileiro teve a vida particular e partidária tão vasculhada quanto Lula", e que "não será investigando um apartamento [...] que vão encontrar uma nódoa em sua vida". * Leia a íntegra da nota do Instituto Lula: Lula repudia tentativa de envolvimento em Lava Jato O ex-presidente Lula não foi sequer citado na decisão do juiz Sérgio Moro e repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em atos ilícitos investigados na chamada Operação Lava Jato. Nos últimos 40 anos, nenhum líder brasileiro teve a vida particular e partidária tão vasculhada quanto Lula, e jamais encontraram acusação válida contra ele. Lula foi preso, sim, mas pela ditadura, porque lutava pela democracia no Brasil e pelos direitos dos trabalhadores. Não será investigando um apartamento - que nem mesmo lhe pertence - que vão encontrar uma nódoa em sua vida. Lula nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop, para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel. Para ter o apartamento, de fato e de direito, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. A família do ex-presidente não exerceu esse direito. Portanto, Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal. E continuará lutando em defesa do Brasil, do estado de direito e da Democracia. | poder | Em nota, Lula repudia tentativa de envolver seu nome na Lava JatoO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, por meio de nota de seu instituto, que repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em atos ilícitos da Operação Lava Jato. Nesta quarta (27), foi deflagrada nova fase da operação para investigar se a empreiteira OAS lavou dinheiro por meio de negócios imobiliários para favorecer o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Entre os imóveis investigados, está um tríplex no Guarujá que foi reservado a Lula. "Lula nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop [Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo], para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel", afirma a nota divulgada na noite desta quarta. Segundo o Instituto Lula, para ter o apartamento de fato, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. "A família do ex-presidente não exerceu esse direito", afirma. Portanto, Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal." A nota ainda diz que "nenhum líder brasileiro teve a vida particular e partidária tão vasculhada quanto Lula", e que "não será investigando um apartamento [...] que vão encontrar uma nódoa em sua vida". * Leia a íntegra da nota do Instituto Lula: Lula repudia tentativa de envolvimento em Lava Jato O ex-presidente Lula não foi sequer citado na decisão do juiz Sérgio Moro e repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em atos ilícitos investigados na chamada Operação Lava Jato. Nos últimos 40 anos, nenhum líder brasileiro teve a vida particular e partidária tão vasculhada quanto Lula, e jamais encontraram acusação válida contra ele. Lula foi preso, sim, mas pela ditadura, porque lutava pela democracia no Brasil e pelos direitos dos trabalhadores. Não será investigando um apartamento - que nem mesmo lhe pertence - que vão encontrar uma nódoa em sua vida. Lula nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop, para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel. Para ter o apartamento, de fato e de direito, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. A família do ex-presidente não exerceu esse direito. Portanto, Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal. E continuará lutando em defesa do Brasil, do estado de direito e da Democracia. | 0 |
Os males que a corrupção causa nas cidades | Os males que o modus operandi das grandes empreiteiras geram nas cidades vão bem além do direcionamento de licitações e superfaturamento de obras, revelados nas delações da Lava Jato. Sem minimizar essas sangrias "diretas", que devem ser identificadas e ressarcidas, o mais grave é o prejuízo estrutural que a nefasta influência do setor exerce sobre os investimentos públicos. A fragilidade das áreas de planejamento e projeto das prefeituras, debilitadas por incompetência, desonestidade ou pela doutrina neoliberal do Estado mínimo, facilita a ação das empreiteiras, que vêm ditando, há décadas, as obras a serem feitas, submetendo o poder público às opções técnicas que propõem. Os pornográficos depoimentos dos barões e executivos das empreiteiras mostram um verdadeiro aprisionamento do público pelo privado que, ardilosamente, seduz governantes para influir nas decisões. Essa inversão de papéis, que contaminou gestões de quase todos os partidos, gera obras desnecessárias, caras e desarticuladas de um planejamento urbano a longo prazo. A opção por grandes projetos viários decorre dessa lógica. Em São Paulo, de tempos em tempos, o setor "doa", para usar o termo da moda, um programa para enfrentar o insolúvel trânsito na cidade. Nos anos 1980, um "pacote" com vários túneis de elevado custo foi aceito e iniciado por Jânio Quadros, paralisado por Erundina e concluído por Maluf. A dívida gerada pela "brincadeira" alcançou, em 2016, R$ 72 bilhões, equivalente a dois anos de receita municipal. Com as finanças arruinadas, São Paulo continuou incidindo no erro (e no crime). Embora o Plano Diretor de 2002 determinasse prioridade para o transporte coletivo, em 2008, uma entidade ligada às empreiteiras ofereceu aos candidatos a prefeito um plano de obras chamado "São Paulo por um trânsito melhor", contemplando 54 viadutos, 18 pontes, 44 novas avenidas, 26 alargamentos ou duplicações, 36 passagens subterrâneas e 13 túneis. Tempos de vacas gordas... Algumas delas foram implementadas por Serra e Kassab. Em 2009, impuseram uma obra de R$ 1,3 bilhão para alargar a marginal Tietê, removendo milhares de árvores e sem prever nem sequer uma faixa exclusiva para ônibus. Em seguida, um túnel de 2,3 km na av. Roberto Marinho, orçado em R$ 2,2 bilhões, foi licitado e contratado por Kassab. Haddad, embora pressionado a fazer o túnel, cancelou a ordem de serviço, marcando uma mudança de paradigma na política de mobilidade da cidade. Quem sabe possamos emergir dessa crise com um processo de decisão mais participativo, no qual só se façam obras necessárias e articuladas a metas estratégicas para tornar as cidades mais justas. | colunas | Os males que a corrupção causa nas cidadesOs males que o modus operandi das grandes empreiteiras geram nas cidades vão bem além do direcionamento de licitações e superfaturamento de obras, revelados nas delações da Lava Jato. Sem minimizar essas sangrias "diretas", que devem ser identificadas e ressarcidas, o mais grave é o prejuízo estrutural que a nefasta influência do setor exerce sobre os investimentos públicos. A fragilidade das áreas de planejamento e projeto das prefeituras, debilitadas por incompetência, desonestidade ou pela doutrina neoliberal do Estado mínimo, facilita a ação das empreiteiras, que vêm ditando, há décadas, as obras a serem feitas, submetendo o poder público às opções técnicas que propõem. Os pornográficos depoimentos dos barões e executivos das empreiteiras mostram um verdadeiro aprisionamento do público pelo privado que, ardilosamente, seduz governantes para influir nas decisões. Essa inversão de papéis, que contaminou gestões de quase todos os partidos, gera obras desnecessárias, caras e desarticuladas de um planejamento urbano a longo prazo. A opção por grandes projetos viários decorre dessa lógica. Em São Paulo, de tempos em tempos, o setor "doa", para usar o termo da moda, um programa para enfrentar o insolúvel trânsito na cidade. Nos anos 1980, um "pacote" com vários túneis de elevado custo foi aceito e iniciado por Jânio Quadros, paralisado por Erundina e concluído por Maluf. A dívida gerada pela "brincadeira" alcançou, em 2016, R$ 72 bilhões, equivalente a dois anos de receita municipal. Com as finanças arruinadas, São Paulo continuou incidindo no erro (e no crime). Embora o Plano Diretor de 2002 determinasse prioridade para o transporte coletivo, em 2008, uma entidade ligada às empreiteiras ofereceu aos candidatos a prefeito um plano de obras chamado "São Paulo por um trânsito melhor", contemplando 54 viadutos, 18 pontes, 44 novas avenidas, 26 alargamentos ou duplicações, 36 passagens subterrâneas e 13 túneis. Tempos de vacas gordas... Algumas delas foram implementadas por Serra e Kassab. Em 2009, impuseram uma obra de R$ 1,3 bilhão para alargar a marginal Tietê, removendo milhares de árvores e sem prever nem sequer uma faixa exclusiva para ônibus. Em seguida, um túnel de 2,3 km na av. Roberto Marinho, orçado em R$ 2,2 bilhões, foi licitado e contratado por Kassab. Haddad, embora pressionado a fazer o túnel, cancelou a ordem de serviço, marcando uma mudança de paradigma na política de mobilidade da cidade. Quem sabe possamos emergir dessa crise com um processo de decisão mais participativo, no qual só se façam obras necessárias e articuladas a metas estratégicas para tornar as cidades mais justas. | 1 |
Para enfrentar a crise, Temer aumenta gastos com publicidade | "Essa foi a situação encontrada pelo governo", grita a dispendiosa campanha veiculada nos principais jornais do país na quarta-feira (5). A longa peça publicitária estampa um retrato detalhado das consequências da crise econômica que vivemos e do ajuste fiscal iniciado em 2015. Tentando esconder a participação de Temer e de parte de seus ministros no governo eleito e derrubado, o anúncio enumera despesas federais não pagas; transferências atrasadas a Estados, municípios e organismos internacionais; obras públicas inacabadas por falta de recursos, e até prejuízos de empresa estatais. "Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer", convoca a frase-título que manda o país de volta aos tempos da Guerra Fria. Mais fácil que pescar o trocadilho é perceber que as propostas que o governo coloca na mesa estão na origem do desastre e não vão levar à retomada do crescimento. Menos ainda ao saneamento das contas públicas. A receita defendida e adotada desde o ano passado para nos tirar de um quadro fiscal deteriorado pela crise econômica –e a consequente queda de arrecadação tributária– está justamente na origem de boa parte dos problemas elencados. A aprovação de um deficit maior (de R$ 170 bilhões para 2016 e R$ 139 bilhões para 2017) pode até servir para quitar pagamentos atrasados, que são em grande medida o resultado do contingenciamento recorde em 2015 de gastos e do corte de despesas efetivas de cerca de 3% em termos reais –sendo mais de 30% nos investimentos. Mas não é essa a mensagem dos publicitários do governo, que parecem querer vender a ideia de que farão um ajuste fiscal ainda mais rigoroso. As contradições são muitas. Primeiro, se o corte de gastos nos próximos anos fosse ainda mais drástico do que o realizado pelo governo Dilma no ano passado, as obras mencionadas como inacabadas jamais seriam concluídas. No entanto, a PEC do "teto" de gastos, que a propaganda quer ajudar a aprovar, em nada garante esse caminho. O limite previsto pela PEC 241 para o crescimento das despesas é dado pela taxa de inflação do ano anterior, o que permite um aumento real de gastos enquanto a inflação cair. Segundo, obras inacabadas só existem quando há obras iniciadas, o que passa longe dos planos do governo Temer para o futuro. Um congelamento no total das despesas de cada Poder forçaria uma redução ainda maior nos investimentos públicos em proporção do PIB. Terceiro, não há ajuste fiscal possível sem o crescimento das receitas do governo, o que por sua vez depende da eliminação das desonerações fiscais e da própria retomada do crescimento econômico. Note-se que, ao contrário do que se costuma propagar, as despesas desde o primeiro mandato de Dilma Rousseff cresceram menos do que nos governos anteriores. O problema é que as receitas também. Mas como retomar o crescimento desligando de vez o motor dos investimentos públicos, se o resto do mundo ainda patina e a massa de desempregados não contribuirá em nada para uma retomada do consumo e das vendas? Qual empresário vai investir em novas máquinas se a capacidade ociosa da indústria continua aumentando e mal há dinheiro para pagar dívidas anteriores? A propaganda de governos autoritários costuma combater seus adversários canalizando os temores com a crise para bodes expiatórios, mas preocupam-se em entregar alguma coisa: emprego, renda, crescimento econômico. Concentrar os investimentos públicos em publicidade pode ser pouco para galvanizar algum apoio popular. | colunas | Para enfrentar a crise, Temer aumenta gastos com publicidade"Essa foi a situação encontrada pelo governo", grita a dispendiosa campanha veiculada nos principais jornais do país na quarta-feira (5). A longa peça publicitária estampa um retrato detalhado das consequências da crise econômica que vivemos e do ajuste fiscal iniciado em 2015. Tentando esconder a participação de Temer e de parte de seus ministros no governo eleito e derrubado, o anúncio enumera despesas federais não pagas; transferências atrasadas a Estados, municípios e organismos internacionais; obras públicas inacabadas por falta de recursos, e até prejuízos de empresa estatais. "Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer", convoca a frase-título que manda o país de volta aos tempos da Guerra Fria. Mais fácil que pescar o trocadilho é perceber que as propostas que o governo coloca na mesa estão na origem do desastre e não vão levar à retomada do crescimento. Menos ainda ao saneamento das contas públicas. A receita defendida e adotada desde o ano passado para nos tirar de um quadro fiscal deteriorado pela crise econômica –e a consequente queda de arrecadação tributária– está justamente na origem de boa parte dos problemas elencados. A aprovação de um deficit maior (de R$ 170 bilhões para 2016 e R$ 139 bilhões para 2017) pode até servir para quitar pagamentos atrasados, que são em grande medida o resultado do contingenciamento recorde em 2015 de gastos e do corte de despesas efetivas de cerca de 3% em termos reais –sendo mais de 30% nos investimentos. Mas não é essa a mensagem dos publicitários do governo, que parecem querer vender a ideia de que farão um ajuste fiscal ainda mais rigoroso. As contradições são muitas. Primeiro, se o corte de gastos nos próximos anos fosse ainda mais drástico do que o realizado pelo governo Dilma no ano passado, as obras mencionadas como inacabadas jamais seriam concluídas. No entanto, a PEC do "teto" de gastos, que a propaganda quer ajudar a aprovar, em nada garante esse caminho. O limite previsto pela PEC 241 para o crescimento das despesas é dado pela taxa de inflação do ano anterior, o que permite um aumento real de gastos enquanto a inflação cair. Segundo, obras inacabadas só existem quando há obras iniciadas, o que passa longe dos planos do governo Temer para o futuro. Um congelamento no total das despesas de cada Poder forçaria uma redução ainda maior nos investimentos públicos em proporção do PIB. Terceiro, não há ajuste fiscal possível sem o crescimento das receitas do governo, o que por sua vez depende da eliminação das desonerações fiscais e da própria retomada do crescimento econômico. Note-se que, ao contrário do que se costuma propagar, as despesas desde o primeiro mandato de Dilma Rousseff cresceram menos do que nos governos anteriores. O problema é que as receitas também. Mas como retomar o crescimento desligando de vez o motor dos investimentos públicos, se o resto do mundo ainda patina e a massa de desempregados não contribuirá em nada para uma retomada do consumo e das vendas? Qual empresário vai investir em novas máquinas se a capacidade ociosa da indústria continua aumentando e mal há dinheiro para pagar dívidas anteriores? A propaganda de governos autoritários costuma combater seus adversários canalizando os temores com a crise para bodes expiatórios, mas preocupam-se em entregar alguma coisa: emprego, renda, crescimento econômico. Concentrar os investimentos públicos em publicidade pode ser pouco para galvanizar algum apoio popular. | 1 |
Fósseis em Marrocos apontam que Homo sapiens surgiu 100 mil anos antes | Fósseis descobertos nas montanhas do interior do Marrocos sugerem que o primata bípede hoje conhecido como Homo sapiens, o ser humano anatomicamente moderno, já habitava o continente africano há mais de 300 mil anos. Se as datações e a análise dos ossos estiverem corretas, nossa espécie ganha uma "certidão de nascimento" cerca de 100 mil anos mais antiga do que se imaginava até agora. "Costumávamos achar que havia um berço da humanidade há 200 mil anos na África Oriental [Etiópia], mas nossos novos dados revelam que o Homo sapiens estava presente em todo o continente africano há cerca de 300 mil anos. Antes que nos espalhássemos para fora da África, houve um processo de colonização dentro da África", declarou o paleoantropólogo Jean-Jacques Hublin, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, em comunicado oficial. Hublin, ao lado de seu colega Abdelouahed Ben-Ncer, do Instituto Nacional de Ciências da Arqueologia e do Patrimônio, no Marrocos, coordenaram o trabalho que desencavou novos fósseis e reanalisou achados antigos do sítio de Jebel Irhoud, caverna conhecida como lar de parentes primitivos do homem desde os anos 1960. Os restos humanos antigos achados na caverna nessa época tiveram idade originalmente estimada em 40 mil anos e foram atribuídos a uma população africana de neandertais, espécie muito próxima da nossa que dominou a Europa durante boa parte da Era do Gelo. As novas escavações no Marrocos aumentaram de seis para 22 o número de fósseis humanos descobertos lá e trouxeram novas e preciosas informações sobre o formato do crânio dessas pessoas - detalhes que são fundamentais para estimar seu grau de parentesco com os seres humanos do presente. Além disso, os pesquisadores conseguiram usar um método conhecido como termoluminescência para datar artefatos de pedra achados nas mesmas camadas que as fósseis. Foi essa datação que permitiu propor uma idade entre 350 mil e 300 mil anos para a presença dos ancestrais do homem na caverna. Vovó sapiens CARA E CABEÇA Essa idade muito recuada parece se encaixar de forma lógica com a aparência dos crânios, mandíbulas e dentes dos habitantes de Jebel Irhoud (até agora, os restos encontrados correspondem a cinco pessoas, entre adultos, adolescentes e crianças). Os pesquisadores enxergam uma espécie de mosaico de características "modernas" e "arcaicas" nesses fósseis (veja infográfico). De um lado, o rosto dos indivíduos lembra o que ainda vemos nos seres humanos de hoje. A região do nariz e da boca não se projeta para a frente, como acontecia com os neandertais e outros membros mais antigos do nosso gênero, o Homo. O formato da mandíbula e dos dentes também se aproxima do que se vê no Homo sapiens atual, apesar da chamada robustez - os dentes, por exemplo, são muito grandes. As diferenças ficam mais marcantes na parte de trás do crânio, onde se aloja o cérebro. Seres humanos modernos possuem essa parte da anatomia bem arredondada, enquanto a dos Homo sapiens de Jebel Irhoud é mais alongada. Para o paleoantropólogo Walter Neves, da USP, esses detalhes indicam que seria correto pensar nesses hominídeos marroquinos como uma forma intermediária. "Sabemos que o Homo heidelbergensis [espécie mais antiga] deu origem aos neandertais na Europa, ao passo que, na África, deu origem ao homem moderno. Com essa datação nova, Jebel Irhoud ocupa exatamente o espaço entre H. heidelbergensis e H. sapiens na África", pondera. Outros fósseis achados no local indicam que os moradores da caverna caçavam animais como zebras e gazelas e dominavam o fogo, já que os artefatos de pedra foram alterados pelo calor de fogueiras. Sem isso, aliás, a datação precisa não seria possível. É que o fogo "zera" as imperfeições submicroscópicas presentes nos minerais dos instrumentos. Conforme o tempo passa, a radiação natural do ambiente vai criando novas imperfeições no material. Ao serem reaquecidas no laboratório, as ferramentas de pedra liberam certa quantidade de luz - e é medindo isso que é possível estimar a idade deles. Segundo Hublin, a presença de Homo sapiens tão antigos no Marrocos só foi possível porque o ambiente africano naquela época era relativamente mais úmido, de forma que não havia barreiras à passagem dos hominídeos que fossem comparáveis ao atual deserto do Saara. Assim, é provável que a evolução da nossa espécie tenha envolvido populações de todo o continente africano, propõe ele. A descrição completa das descobertas está na revista científica "Nature". | ciencia | Fósseis em Marrocos apontam que Homo sapiens surgiu 100 mil anos antesFósseis descobertos nas montanhas do interior do Marrocos sugerem que o primata bípede hoje conhecido como Homo sapiens, o ser humano anatomicamente moderno, já habitava o continente africano há mais de 300 mil anos. Se as datações e a análise dos ossos estiverem corretas, nossa espécie ganha uma "certidão de nascimento" cerca de 100 mil anos mais antiga do que se imaginava até agora. "Costumávamos achar que havia um berço da humanidade há 200 mil anos na África Oriental [Etiópia], mas nossos novos dados revelam que o Homo sapiens estava presente em todo o continente africano há cerca de 300 mil anos. Antes que nos espalhássemos para fora da África, houve um processo de colonização dentro da África", declarou o paleoantropólogo Jean-Jacques Hublin, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, em comunicado oficial. Hublin, ao lado de seu colega Abdelouahed Ben-Ncer, do Instituto Nacional de Ciências da Arqueologia e do Patrimônio, no Marrocos, coordenaram o trabalho que desencavou novos fósseis e reanalisou achados antigos do sítio de Jebel Irhoud, caverna conhecida como lar de parentes primitivos do homem desde os anos 1960. Os restos humanos antigos achados na caverna nessa época tiveram idade originalmente estimada em 40 mil anos e foram atribuídos a uma população africana de neandertais, espécie muito próxima da nossa que dominou a Europa durante boa parte da Era do Gelo. As novas escavações no Marrocos aumentaram de seis para 22 o número de fósseis humanos descobertos lá e trouxeram novas e preciosas informações sobre o formato do crânio dessas pessoas - detalhes que são fundamentais para estimar seu grau de parentesco com os seres humanos do presente. Além disso, os pesquisadores conseguiram usar um método conhecido como termoluminescência para datar artefatos de pedra achados nas mesmas camadas que as fósseis. Foi essa datação que permitiu propor uma idade entre 350 mil e 300 mil anos para a presença dos ancestrais do homem na caverna. Vovó sapiens CARA E CABEÇA Essa idade muito recuada parece se encaixar de forma lógica com a aparência dos crânios, mandíbulas e dentes dos habitantes de Jebel Irhoud (até agora, os restos encontrados correspondem a cinco pessoas, entre adultos, adolescentes e crianças). Os pesquisadores enxergam uma espécie de mosaico de características "modernas" e "arcaicas" nesses fósseis (veja infográfico). De um lado, o rosto dos indivíduos lembra o que ainda vemos nos seres humanos de hoje. A região do nariz e da boca não se projeta para a frente, como acontecia com os neandertais e outros membros mais antigos do nosso gênero, o Homo. O formato da mandíbula e dos dentes também se aproxima do que se vê no Homo sapiens atual, apesar da chamada robustez - os dentes, por exemplo, são muito grandes. As diferenças ficam mais marcantes na parte de trás do crânio, onde se aloja o cérebro. Seres humanos modernos possuem essa parte da anatomia bem arredondada, enquanto a dos Homo sapiens de Jebel Irhoud é mais alongada. Para o paleoantropólogo Walter Neves, da USP, esses detalhes indicam que seria correto pensar nesses hominídeos marroquinos como uma forma intermediária. "Sabemos que o Homo heidelbergensis [espécie mais antiga] deu origem aos neandertais na Europa, ao passo que, na África, deu origem ao homem moderno. Com essa datação nova, Jebel Irhoud ocupa exatamente o espaço entre H. heidelbergensis e H. sapiens na África", pondera. Outros fósseis achados no local indicam que os moradores da caverna caçavam animais como zebras e gazelas e dominavam o fogo, já que os artefatos de pedra foram alterados pelo calor de fogueiras. Sem isso, aliás, a datação precisa não seria possível. É que o fogo "zera" as imperfeições submicroscópicas presentes nos minerais dos instrumentos. Conforme o tempo passa, a radiação natural do ambiente vai criando novas imperfeições no material. Ao serem reaquecidas no laboratório, as ferramentas de pedra liberam certa quantidade de luz - e é medindo isso que é possível estimar a idade deles. Segundo Hublin, a presença de Homo sapiens tão antigos no Marrocos só foi possível porque o ambiente africano naquela época era relativamente mais úmido, de forma que não havia barreiras à passagem dos hominídeos que fossem comparáveis ao atual deserto do Saara. Assim, é provável que a evolução da nossa espécie tenha envolvido populações de todo o continente africano, propõe ele. A descrição completa das descobertas está na revista científica "Nature". | 15 |
Em thriller, Jean-Pierre Melville resgata experiência na França ocupada | O chapéu de caubói texano, os olhos sempre guardados por óculos escuros e um punhado de ótimos thrillers no coldre fizeram-no passar muitas vezes por diretor de cinema americano. Só o prenome, Jean-Pierre, revela a origem francesa, à qual ele associou o nome artístico Melville, inspirado pelo escritor que também escapa a classificações. Apesar de seu trabalho, iniciado em fins dos anos 1940, ser uma influência reivindicada pela geração da nouvelle vague, pelo modo de produção com poucos recursos e muita inventividade, os filmes de Jean-Pierre Melville não alcançaram a proporção de culto conquistada por seus descendentes. "O Exército das Sombras", antepenúltimo título de uma obra composta por 13 longas, ecoa desde o título o percurso deste diretor "outsider". Neste thriller de 1969, sobre um grupo que atua na Resistência francesa durante a Ocupação nazista, sua experiência pessoal durante os anos de guerra dá um fôlego a mais à ficção adaptada do livro de Joseph Kessel. Foi para participar de ações da resistência que Jean-Pierre, então com 20 e poucos anos, adotou o nome de guerra Melville. "Más lembranças, no entanto, sejam bem-vindas... vocês são minha juventude distante...", diz a epígrafe com que o cineasta afirma a superposição da história pessoal à coletiva. A primeira imagem mostra o desfile marcial de uma tropa alemã em frente ao Arco do Triunfo e revela a perspectiva irônica de Melville em relação às glórias históricas. Sob essa superfície, na qual um poderio se exibe esvaziado das fragilidades humanas, outra forma de vida se organiza na sombra. Melville abstrai a dimensão heroica para representar seus personagens como seres comuns levados a agir numa situação de exceção. Há, certamente, sacrifícios e martírios, perseverança e destemor, mas o diretor evita reforçar a mitologia associada à resistência. Por meio da imagem apagada, toda em tons escuros, da luz e da maquiagem que empalidecem os atores e dos acordes graves da trilha musical de Éric Demarsan é que Melville nos transmite as emoções de uma experiência individual e coletiva, quando a vida foi trocada pelo medo da morte. O Exército das Sombras DIRETOR: Jean-Pierre Melville DISTRIBUIDORA: Versátil QUANTO: R$ 39,90 AVALIAÇÃO: ótimo | guia-de-livros-discos-filmes | Em thriller, Jean-Pierre Melville resgata experiência na França ocupadaO chapéu de caubói texano, os olhos sempre guardados por óculos escuros e um punhado de ótimos thrillers no coldre fizeram-no passar muitas vezes por diretor de cinema americano. Só o prenome, Jean-Pierre, revela a origem francesa, à qual ele associou o nome artístico Melville, inspirado pelo escritor que também escapa a classificações. Apesar de seu trabalho, iniciado em fins dos anos 1940, ser uma influência reivindicada pela geração da nouvelle vague, pelo modo de produção com poucos recursos e muita inventividade, os filmes de Jean-Pierre Melville não alcançaram a proporção de culto conquistada por seus descendentes. "O Exército das Sombras", antepenúltimo título de uma obra composta por 13 longas, ecoa desde o título o percurso deste diretor "outsider". Neste thriller de 1969, sobre um grupo que atua na Resistência francesa durante a Ocupação nazista, sua experiência pessoal durante os anos de guerra dá um fôlego a mais à ficção adaptada do livro de Joseph Kessel. Foi para participar de ações da resistência que Jean-Pierre, então com 20 e poucos anos, adotou o nome de guerra Melville. "Más lembranças, no entanto, sejam bem-vindas... vocês são minha juventude distante...", diz a epígrafe com que o cineasta afirma a superposição da história pessoal à coletiva. A primeira imagem mostra o desfile marcial de uma tropa alemã em frente ao Arco do Triunfo e revela a perspectiva irônica de Melville em relação às glórias históricas. Sob essa superfície, na qual um poderio se exibe esvaziado das fragilidades humanas, outra forma de vida se organiza na sombra. Melville abstrai a dimensão heroica para representar seus personagens como seres comuns levados a agir numa situação de exceção. Há, certamente, sacrifícios e martírios, perseverança e destemor, mas o diretor evita reforçar a mitologia associada à resistência. Por meio da imagem apagada, toda em tons escuros, da luz e da maquiagem que empalidecem os atores e dos acordes graves da trilha musical de Éric Demarsan é que Melville nos transmite as emoções de uma experiência individual e coletiva, quando a vida foi trocada pelo medo da morte. O Exército das Sombras DIRETOR: Jean-Pierre Melville DISTRIBUIDORA: Versátil QUANTO: R$ 39,90 AVALIAÇÃO: ótimo | 28 |
Premiação da Nota Paulista encolhe 76% por mês | Quase um ano depois de adiar a liberação de créditos e diminuir para 20% o repasse do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aos consumidores, o programa Nota Fiscal Paulista dá mais uma notícia ruim para o participante: a queda de 75,9% dos prêmios distribuídos todos os meses. Agora, em vez sortear R$ 19,5 milhões mensalmente, o programa vai distribuir R$ 4,7 milhões. A diferença vai ficar nos cofres do Tesouro do Estado, diz a Secretaria de Fazenda de São Paulo. O número de prêmios também caiu e passou de cerca de 1,6 milhão para 598 — redução de 99,96%. As mudanças começam a valer em 1º de julho. O prêmio mínimo sobe de R$ 10 para R$ 1.000. chance cai, valor sobe De acordo com os cálculos do professor Ivanildo Dias de Lima, do MBA Executivo do Insper, antes das mudanças a chance de o consumidor ser sorteado era de 8,88%. Agora, caiu para 0,0032%. Ele lembra, porém, que, apesar da queda na probabilidade de ganhar, aumentou o valor médio distribuído: passou de R$ 12,20 (ou R$ 19,5 milhões divididos por 1,6 milhão de prêmios) para R$ 7.859,53 (R$ 4,7 milhões divididos por 598). "Este valor passa a ser muito mais desejado pelas famílias, o que pode conquistar novos adeptos ao sistema." Segundo a Fazenda paulista, a mudança responde à "demanda dos consumidores que reivindicam o sorteio de valores maiores" e que os prêmios de valor mais baixos haviam "cumprido sua função" de disseminar o programa. O prêmio do sorteio de Natal dobrou, para R$ 2 milhões. O participante sorteado terá o CPF excluído dos prêmios seguintes. Antes, quem ganhava um valor poderia continuar concorrendo, no mesmo sorteio. LIMITE DE BILHETES Haverá um teto também para emissão de bilhetes eletrônicos. O valor máximo por nota fiscal — que não existia — passa a ser de R$ 10 mil, o que dá direito a cem bilhetes por compra. Até 1º de julho, a cada R$ 100 era gerado um bilhete, independentemente do valor da nota. Por exemplo, se o consumidor comprasse um carro de R$ 50 mil, ganharia 500 bilhetes. Agora, com o teto de R$ 10 mil, concorrerá com cem bilhetes. "A mudança neutraliza possível vantagem estatística inerente a um sistema que congrega consumidores de poder aquisitivo diversificado", afirma a Fazenda em nota. Ou seja, de acordo com a Secretaria, o objetivo é aumentar a chance de quem tem consumo mensal menor ganhar o sorteio. TETO PARA CRÉDITOS O governo restringiu mais o retorno de créditos por nota fiscal. Haverá um teto de 10 Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, equivalentes a R$ 235,50 em valores de 2016). Para valores abaixo disso, segue vigorando o limite máximo de 7,5% do valor da compra. Os próximos créditos, referentes ao segundo semestre de 2015 (julho a dezembro) serão liberados em outubro deste ano. Criada em 2007, a Nota Fiscal Paulista restitui parte do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pago pelo contribuinte, desde que ele peça a inclusão do seu CPF na nota. Nota fiscal paulista | mercado | Premiação da Nota Paulista encolhe 76% por mêsQuase um ano depois de adiar a liberação de créditos e diminuir para 20% o repasse do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aos consumidores, o programa Nota Fiscal Paulista dá mais uma notícia ruim para o participante: a queda de 75,9% dos prêmios distribuídos todos os meses. Agora, em vez sortear R$ 19,5 milhões mensalmente, o programa vai distribuir R$ 4,7 milhões. A diferença vai ficar nos cofres do Tesouro do Estado, diz a Secretaria de Fazenda de São Paulo. O número de prêmios também caiu e passou de cerca de 1,6 milhão para 598 — redução de 99,96%. As mudanças começam a valer em 1º de julho. O prêmio mínimo sobe de R$ 10 para R$ 1.000. chance cai, valor sobe De acordo com os cálculos do professor Ivanildo Dias de Lima, do MBA Executivo do Insper, antes das mudanças a chance de o consumidor ser sorteado era de 8,88%. Agora, caiu para 0,0032%. Ele lembra, porém, que, apesar da queda na probabilidade de ganhar, aumentou o valor médio distribuído: passou de R$ 12,20 (ou R$ 19,5 milhões divididos por 1,6 milhão de prêmios) para R$ 7.859,53 (R$ 4,7 milhões divididos por 598). "Este valor passa a ser muito mais desejado pelas famílias, o que pode conquistar novos adeptos ao sistema." Segundo a Fazenda paulista, a mudança responde à "demanda dos consumidores que reivindicam o sorteio de valores maiores" e que os prêmios de valor mais baixos haviam "cumprido sua função" de disseminar o programa. O prêmio do sorteio de Natal dobrou, para R$ 2 milhões. O participante sorteado terá o CPF excluído dos prêmios seguintes. Antes, quem ganhava um valor poderia continuar concorrendo, no mesmo sorteio. LIMITE DE BILHETES Haverá um teto também para emissão de bilhetes eletrônicos. O valor máximo por nota fiscal — que não existia — passa a ser de R$ 10 mil, o que dá direito a cem bilhetes por compra. Até 1º de julho, a cada R$ 100 era gerado um bilhete, independentemente do valor da nota. Por exemplo, se o consumidor comprasse um carro de R$ 50 mil, ganharia 500 bilhetes. Agora, com o teto de R$ 10 mil, concorrerá com cem bilhetes. "A mudança neutraliza possível vantagem estatística inerente a um sistema que congrega consumidores de poder aquisitivo diversificado", afirma a Fazenda em nota. Ou seja, de acordo com a Secretaria, o objetivo é aumentar a chance de quem tem consumo mensal menor ganhar o sorteio. TETO PARA CRÉDITOS O governo restringiu mais o retorno de créditos por nota fiscal. Haverá um teto de 10 Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, equivalentes a R$ 235,50 em valores de 2016). Para valores abaixo disso, segue vigorando o limite máximo de 7,5% do valor da compra. Os próximos créditos, referentes ao segundo semestre de 2015 (julho a dezembro) serão liberados em outubro deste ano. Criada em 2007, a Nota Fiscal Paulista restitui parte do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pago pelo contribuinte, desde que ele peça a inclusão do seu CPF na nota. Nota fiscal paulista | 2 |
Petrobras supera meta de produção de petróleo e cresce 4,6% em 2015 | A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (15) que a produção anual de petróleo da empresa no Brasil superou a meta fixada para o período pela primeira vez em 13 anos. Foram produzidos no ano passado 2,128 milhões de barris por dia (bpd), uma alta de 4,6% ante o ano anterior e de 0,15% ante previsão no plano de negócios da companhia. A produção de petróleo da companhia no Brasil em dezembro de 2015 totalizou 2,18 milhões de bpd, um crescimento de 5,2% ante o mês anterior, com impulso principalmente dos campos do pré-sal, disse a companhia em comunicado. "O resultado reforça a convicção pelo caminho de priorizar os investimentos com capacidade efetiva de gerar resultado para a companhia, com prioridade absoluta para os projetos de exploração e produção", disse o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, na nota. A empresa, que está colhendo os frutos de elevados investimentos feitos nos últimos anos, que também colaboraram para impulsionar o valor da dívida da estatal, realizou nesta semana um corte acentuado em seu plano de negócios, o qual manteve a prioridade em Exploração & Produção. A produção de petróleo e gás no Brasil em 2015 somou 2,6 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), alta de 5,5% ante 2014. Em dezembro de 2015, a produção de petróleo e gás natural foi de 2,66 milhões de boed, alta de 5,5% ante novembro de 2015. Somando a produção no Brasil e exterior, a companhia informou que alcançou dois novos recordes: a extração total de petróleo da Petrobras em 2015 foi de 2,23 milhões de bpd (+3,6% ante 2014), enquanto a de óleo e gás foi de 2,79 milhões boed (+4,3%). | mercado | Petrobras supera meta de produção de petróleo e cresce 4,6% em 2015A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (15) que a produção anual de petróleo da empresa no Brasil superou a meta fixada para o período pela primeira vez em 13 anos. Foram produzidos no ano passado 2,128 milhões de barris por dia (bpd), uma alta de 4,6% ante o ano anterior e de 0,15% ante previsão no plano de negócios da companhia. A produção de petróleo da companhia no Brasil em dezembro de 2015 totalizou 2,18 milhões de bpd, um crescimento de 5,2% ante o mês anterior, com impulso principalmente dos campos do pré-sal, disse a companhia em comunicado. "O resultado reforça a convicção pelo caminho de priorizar os investimentos com capacidade efetiva de gerar resultado para a companhia, com prioridade absoluta para os projetos de exploração e produção", disse o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, na nota. A empresa, que está colhendo os frutos de elevados investimentos feitos nos últimos anos, que também colaboraram para impulsionar o valor da dívida da estatal, realizou nesta semana um corte acentuado em seu plano de negócios, o qual manteve a prioridade em Exploração & Produção. A produção de petróleo e gás no Brasil em 2015 somou 2,6 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), alta de 5,5% ante 2014. Em dezembro de 2015, a produção de petróleo e gás natural foi de 2,66 milhões de boed, alta de 5,5% ante novembro de 2015. Somando a produção no Brasil e exterior, a companhia informou que alcançou dois novos recordes: a extração total de petróleo da Petrobras em 2015 foi de 2,23 milhões de bpd (+3,6% ante 2014), enquanto a de óleo e gás foi de 2,79 milhões boed (+4,3%). | 2 |
Rio vence Osasco e conquista quinta Superliga consecutiva | O Rio de Janeiro, time do técnico Bernardinho, conquistou mais uma vez a Superliga. O quinto título consecutivo veio após uma vitória por 3 sets a 2, parciais de 25/19, 22/25, 25/22, 18/25 e 15/6 contra o Osasco na Arena da Barra. Essa é a décima vez que Bernardinho conquista o título no comando do time do Rio de Janeiro. Ele ainda tem mais duas vitórias na época que a equipe era de Curitiba. O time ainda foi vice-campeão em quatro oportunidades. Já o Osasco, que voltou a decisão depois de ficar fora na última temporada, chegou ao seu 12º vice-campeonato. O primeiro set teve muita intensidade por parte do time carioca desde o começo. Depois de erros de Drussyla, as paulistas até igualaram a parcial. Mas, no fim, o bloqueio do Rio prevaleceu e o set foi para a equipe de Bernardinho. O equilíbrio foi ainda maior no segundo set. Tudo seguia empatado até que a arbitragem errou uma bola atacada para fora que deu dentro e ponto para o Osasco. Daí para frente, a equipe carioca se perdeu e foi derrotada na parcial. Nada mudou no terceiro set. As equipes se revezaram na liderança do placar, sempre muito próximas. O empate seguiu até o 22 a 22, quando Monique fez a diferença no bloqueio e um erro de recepção de Malesevic deu a parcial para o Rio. Quem esperava uma nova parcial equilibrada viu um Osasco decidido desde os primeiros pontos a levar o jogo para o tie-break. O destaque ficou por conta de Gabi, que fez defesas impressionantes com seus peixinhos. O Rio voltou mais acordado no começo do set decisivo. Quebrando o passe rival, o time abriu vantagem logo no início. Juciely foi fundamental na parcial, sem dar chances de defesa para o time rival. | esporte | Rio vence Osasco e conquista quinta Superliga consecutivaO Rio de Janeiro, time do técnico Bernardinho, conquistou mais uma vez a Superliga. O quinto título consecutivo veio após uma vitória por 3 sets a 2, parciais de 25/19, 22/25, 25/22, 18/25 e 15/6 contra o Osasco na Arena da Barra. Essa é a décima vez que Bernardinho conquista o título no comando do time do Rio de Janeiro. Ele ainda tem mais duas vitórias na época que a equipe era de Curitiba. O time ainda foi vice-campeão em quatro oportunidades. Já o Osasco, que voltou a decisão depois de ficar fora na última temporada, chegou ao seu 12º vice-campeonato. O primeiro set teve muita intensidade por parte do time carioca desde o começo. Depois de erros de Drussyla, as paulistas até igualaram a parcial. Mas, no fim, o bloqueio do Rio prevaleceu e o set foi para a equipe de Bernardinho. O equilíbrio foi ainda maior no segundo set. Tudo seguia empatado até que a arbitragem errou uma bola atacada para fora que deu dentro e ponto para o Osasco. Daí para frente, a equipe carioca se perdeu e foi derrotada na parcial. Nada mudou no terceiro set. As equipes se revezaram na liderança do placar, sempre muito próximas. O empate seguiu até o 22 a 22, quando Monique fez a diferença no bloqueio e um erro de recepção de Malesevic deu a parcial para o Rio. Quem esperava uma nova parcial equilibrada viu um Osasco decidido desde os primeiros pontos a levar o jogo para o tie-break. O destaque ficou por conta de Gabi, que fez defesas impressionantes com seus peixinhos. O Rio voltou mais acordado no começo do set decisivo. Quebrando o passe rival, o time abriu vantagem logo no início. Juciely foi fundamental na parcial, sem dar chances de defesa para o time rival. | 3 |
Medidas duvidosas | Nos últimos meses, o presidente Michel Temer (PMDB) começou a assistir à disseminação de sinais de esgotamento da boa vontade de alguns setores com seu governo, em meio à ansiedade aguda com a recessão que não parece ter fim. A divulgação dos fracos números da economia no terceiro trimestre trouxe críticas e demandas de medidas que atenuem a crise. De pronto passaram a ser ventiladas providências, ainda que apenas balões de ensaio lançados por seus defensores, dentro e fora do governo. No Planalto estuda-se um pacote de propostas para reativação econômica no curto prazo. O mau resultado do PIB nos últimos três meses era esperado. Os números confirmaram as expectativas pessimistas que já vinham desde setembro. No entanto, há riscos agora mais evidentes de que a recessão venha a se aprofundar, o que pede novas precauções práticas. Além do mais, o governo ainda não entregou parte importante de seu próprio programa para a economia. Está muito atrasada, por exemplo, a solução dos impasses nas concessões de infraestrutura a empresas endividadas ou envolvidas em processos de corrupção. Ainda não há perspectiva de encaminhamento das novas concessões e privatizações, escassos meios que restam para atrair investimento e reforçar o exaurido caixa federal. É bom que o governo volte sua atenção para o grave problema do endividamento de empresas e famílias, um dos fatores que torna essa recessão especialmente tenebrosa. A medida fundamental a esse respeito, contudo, está, em tese, fora de sua alçada: o Banco Central precisaria acelerar as reduções da taxa básica de juros. Quanto aos balões de ensaio, por ora são providências duvidosas. Estuda-se autorizar saques do FGTS a fim de que cidadãos quitem dívidas, medida que em tese faz sentido, embora não mereça discussão enquanto não forem apresentados números e condições. Há rumores também sobre a liberação de parte do dinheiro dos bancos represado nos depósitos compulsórios, com a condição de que tais recursos sirvam ao refinanciamento de dívidas de famílias e empresas. Duvida-se, porém, que seja por falta de fundos bancários que escasseie o crédito na praça. O país receberia de bom grado soluções criativas para o endividamento, desde que não desfaçam o incipiente programa de recuperação da disciplina na política econômica. De imediato, no entanto, é preciso que se coloque em prática o programa de infraestrutura e melhoria do ambiente de negócios —até aqui atrasado e claudicante como todo o governo. [email protected] | opiniao | Medidas duvidosasNos últimos meses, o presidente Michel Temer (PMDB) começou a assistir à disseminação de sinais de esgotamento da boa vontade de alguns setores com seu governo, em meio à ansiedade aguda com a recessão que não parece ter fim. A divulgação dos fracos números da economia no terceiro trimestre trouxe críticas e demandas de medidas que atenuem a crise. De pronto passaram a ser ventiladas providências, ainda que apenas balões de ensaio lançados por seus defensores, dentro e fora do governo. No Planalto estuda-se um pacote de propostas para reativação econômica no curto prazo. O mau resultado do PIB nos últimos três meses era esperado. Os números confirmaram as expectativas pessimistas que já vinham desde setembro. No entanto, há riscos agora mais evidentes de que a recessão venha a se aprofundar, o que pede novas precauções práticas. Além do mais, o governo ainda não entregou parte importante de seu próprio programa para a economia. Está muito atrasada, por exemplo, a solução dos impasses nas concessões de infraestrutura a empresas endividadas ou envolvidas em processos de corrupção. Ainda não há perspectiva de encaminhamento das novas concessões e privatizações, escassos meios que restam para atrair investimento e reforçar o exaurido caixa federal. É bom que o governo volte sua atenção para o grave problema do endividamento de empresas e famílias, um dos fatores que torna essa recessão especialmente tenebrosa. A medida fundamental a esse respeito, contudo, está, em tese, fora de sua alçada: o Banco Central precisaria acelerar as reduções da taxa básica de juros. Quanto aos balões de ensaio, por ora são providências duvidosas. Estuda-se autorizar saques do FGTS a fim de que cidadãos quitem dívidas, medida que em tese faz sentido, embora não mereça discussão enquanto não forem apresentados números e condições. Há rumores também sobre a liberação de parte do dinheiro dos bancos represado nos depósitos compulsórios, com a condição de que tais recursos sirvam ao refinanciamento de dívidas de famílias e empresas. Duvida-se, porém, que seja por falta de fundos bancários que escasseie o crédito na praça. O país receberia de bom grado soluções criativas para o endividamento, desde que não desfaçam o incipiente programa de recuperação da disciplina na política econômica. De imediato, no entanto, é preciso que se coloque em prática o programa de infraestrutura e melhoria do ambiente de negócios —até aqui atrasado e claudicante como todo o governo. [email protected] | 7 |
Museu d'Orsay retoma campanha 'Tragam seus filhos para ver gente nua' | Uma bem-sucedida operação de comunicação, lançada em 2015 pelo Museu d'Orsay e o Museu da Orangerie, em Paris, para atrair mais famílias aos locais, será retomada neste mês de outubro em Paris. Um dos cartazes da campanha utiliza a mensagem: "Tragam seus filhos para ver gente nua". A operação utiliza, no total, nove cartazes - exibidos em ruas, paradas de ônibus e metrôs de Paris - com obras célebres dos dois museus aliadas a frases divertidas, sempre direcionadas a pais e filhos. Sucesso nas redes sociais, a peça que mais teve êxito utiliza a tela "Femme Nue Couchée" (Mulher Nua Deitada), realizada em 1907, pelo pintor francês Auguste Renoir. Na obra, uma jovem é retratada em uma cama, seios à mostra, o sexo coberto com um lençol. Mas foi a mensagem utilizada no cartaz que chamou a atenção do público: "Tragam seus filhos para ver gente nua". A operação foi realizada pela agência parisiense Madame Bovary, com a coordenação da diretora de comunicação do Museu d'Orsay e da Orangerie, Amélie Hardivillier. "A campanha foi muito bem recebida pelo público, apreciada e reproduzida. Não houve nenhuma polêmica em relação a ela", diz. Segundo ela, o objetivo da campanha era se colocar no lugar das crianças quando elas vão aos museus, decifrar suas reações e a compreensão que têm das obras. Além disso, a operação de comunicação brinca com uma inversão de valores: "queríamos mostrar que são as crianças que levam os pais aos museus". Para Hardivillier, todos devem ir a exposições de arte. O maior desafio para sua equipe, afirma, é justamente como atrair diferentes públicos ao local, entre eles, crianças e adolescentes. Para isso, segundo ela, é preciso relacionar obras históricas a assuntos atuais. "São Sebastião é um santo. Mas pode se tornar um ícone gay se você o observar nas pinturas com o com o olhar de hoje", ressalta. A diretora de comunicação salienta que nenhuma obra do museu tem censura de idade, nem mesmo a emblemática "L'Origine du Monde" (A Origem do Mundo", tela de realizada por Gustave Courbet em 1866). Isso não exclui por exemplo, o debate em torno da pintura adquirida pelo museu em 1995, que é protegida por um vidro e fica em uma sala especial do museu. "Há a relação com a nudez que leva ao debate, sobretudo sobre essa obra, que é tão sensível. Mas essa também é a função da arte: incomodar, questionar", reitera. "QUEER MUSEUM" E "LA BÊTE" Hardivillier expressa sua surpresa sobre os episódios do fechamento da exposição "Queermuseu", no Santander Cultural de Porto Alegre, e a polêmica que gerou a performance "La Bête", do artista carioca Wagner Schwartz, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. "Sei que São Paulo é palco de belas exposições. É muito grave essa situação. Fico triste com essa notícia", lamenta. Artistas e curadores brasileiros que vivem na França também manifestam sua indignação, como Fabrícia Martins. A artista, radicada em Paris, é amiga de longa data de Schwartz, e acompanhou a criação da performance pelo carioca na capital francesa. Segundo ela, o carioca está "abaladíssimo, em estado de choque e é alvo de ameaças". Para Fabrícia, as manifestações contra a arte no Brasil não passam de uma manobra política. "A liberdade artística está virando moeda das próximas eleições. A performance de Wagner Schwartz viralizou na internet devido a um vídeo descontextualizado. Pessoas que nunca foram ao museu o viram e se chocaram. Os políticos estão tirando proveito disso. A extrema-direita está encabeçando essa espécie de caça às bruxas na classe artística", diz. A artista lembra que o trabalho do carioca não tem nenhuma conotação erótica, mas os brasileiros estão condicionados ao erotismo. "A sociedade brasileira é extremamente erotizada. O Brasil é o quarto país no mundo onde mais são realizados casamentos com menores de idade. E a gente sabe que a pedofilia no Brasil acontece sobretudo nas famílias. Então, trabalhos como os de Wagner Schwartz são potentes porque trazem à tona esse imaginário camuflado." Para o galerista e curador Ricardo Fernandes, especialista em arte contemporânea radicado em Paris, os episódios de censura à arte são reflexo de falta de investimento em educação no Brasil. "É primeiramente necessário discutir a decadência da educação brasileira para depois começarmos a falar sobre o acesso à arte e a compreensão da liberdade de expressão", afirma. Segundo ele, o nu não é o centro da polêmica, mas a interpretação falha da arte que utiliza o nu, por conta da falta de informação e capacidade para entendê-la. "Todos nós chegamos nus ao mundo e isso é natural a todos nós. Mas foi a desinformação que gerou a polêmica, propagada por um grupo radical. Esse grupo interpretou as obras de forma errônea e a espalhou pelo Brasil." Para o galerista e curador, a questão se resolve com educação básica. "As pessoas precisam ter acesso à escola, aprender a interpretar e a questionar, conhecer bases culturais e históricas. A educação tem o poder de transformar uma sociedade", completa. Segundo Fernandes, é o acesso à educação de qualidade que evita que polêmicas como essas aconteçam na França. "Foi isso que possibilitou que os franceses desenvolvessem uma visão em relação à arte muito mais ampla. Ir a uma galeria ou a uma exposição é um programa cultural comum na França, onde os museus são também locais de reunião e de encontro de amigos e famílias", conclui. | ilustrada | Museu d'Orsay retoma campanha 'Tragam seus filhos para ver gente nua'Uma bem-sucedida operação de comunicação, lançada em 2015 pelo Museu d'Orsay e o Museu da Orangerie, em Paris, para atrair mais famílias aos locais, será retomada neste mês de outubro em Paris. Um dos cartazes da campanha utiliza a mensagem: "Tragam seus filhos para ver gente nua". A operação utiliza, no total, nove cartazes - exibidos em ruas, paradas de ônibus e metrôs de Paris - com obras célebres dos dois museus aliadas a frases divertidas, sempre direcionadas a pais e filhos. Sucesso nas redes sociais, a peça que mais teve êxito utiliza a tela "Femme Nue Couchée" (Mulher Nua Deitada), realizada em 1907, pelo pintor francês Auguste Renoir. Na obra, uma jovem é retratada em uma cama, seios à mostra, o sexo coberto com um lençol. Mas foi a mensagem utilizada no cartaz que chamou a atenção do público: "Tragam seus filhos para ver gente nua". A operação foi realizada pela agência parisiense Madame Bovary, com a coordenação da diretora de comunicação do Museu d'Orsay e da Orangerie, Amélie Hardivillier. "A campanha foi muito bem recebida pelo público, apreciada e reproduzida. Não houve nenhuma polêmica em relação a ela", diz. Segundo ela, o objetivo da campanha era se colocar no lugar das crianças quando elas vão aos museus, decifrar suas reações e a compreensão que têm das obras. Além disso, a operação de comunicação brinca com uma inversão de valores: "queríamos mostrar que são as crianças que levam os pais aos museus". Para Hardivillier, todos devem ir a exposições de arte. O maior desafio para sua equipe, afirma, é justamente como atrair diferentes públicos ao local, entre eles, crianças e adolescentes. Para isso, segundo ela, é preciso relacionar obras históricas a assuntos atuais. "São Sebastião é um santo. Mas pode se tornar um ícone gay se você o observar nas pinturas com o com o olhar de hoje", ressalta. A diretora de comunicação salienta que nenhuma obra do museu tem censura de idade, nem mesmo a emblemática "L'Origine du Monde" (A Origem do Mundo", tela de realizada por Gustave Courbet em 1866). Isso não exclui por exemplo, o debate em torno da pintura adquirida pelo museu em 1995, que é protegida por um vidro e fica em uma sala especial do museu. "Há a relação com a nudez que leva ao debate, sobretudo sobre essa obra, que é tão sensível. Mas essa também é a função da arte: incomodar, questionar", reitera. "QUEER MUSEUM" E "LA BÊTE" Hardivillier expressa sua surpresa sobre os episódios do fechamento da exposição "Queermuseu", no Santander Cultural de Porto Alegre, e a polêmica que gerou a performance "La Bête", do artista carioca Wagner Schwartz, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. "Sei que São Paulo é palco de belas exposições. É muito grave essa situação. Fico triste com essa notícia", lamenta. Artistas e curadores brasileiros que vivem na França também manifestam sua indignação, como Fabrícia Martins. A artista, radicada em Paris, é amiga de longa data de Schwartz, e acompanhou a criação da performance pelo carioca na capital francesa. Segundo ela, o carioca está "abaladíssimo, em estado de choque e é alvo de ameaças". Para Fabrícia, as manifestações contra a arte no Brasil não passam de uma manobra política. "A liberdade artística está virando moeda das próximas eleições. A performance de Wagner Schwartz viralizou na internet devido a um vídeo descontextualizado. Pessoas que nunca foram ao museu o viram e se chocaram. Os políticos estão tirando proveito disso. A extrema-direita está encabeçando essa espécie de caça às bruxas na classe artística", diz. A artista lembra que o trabalho do carioca não tem nenhuma conotação erótica, mas os brasileiros estão condicionados ao erotismo. "A sociedade brasileira é extremamente erotizada. O Brasil é o quarto país no mundo onde mais são realizados casamentos com menores de idade. E a gente sabe que a pedofilia no Brasil acontece sobretudo nas famílias. Então, trabalhos como os de Wagner Schwartz são potentes porque trazem à tona esse imaginário camuflado." Para o galerista e curador Ricardo Fernandes, especialista em arte contemporânea radicado em Paris, os episódios de censura à arte são reflexo de falta de investimento em educação no Brasil. "É primeiramente necessário discutir a decadência da educação brasileira para depois começarmos a falar sobre o acesso à arte e a compreensão da liberdade de expressão", afirma. Segundo ele, o nu não é o centro da polêmica, mas a interpretação falha da arte que utiliza o nu, por conta da falta de informação e capacidade para entendê-la. "Todos nós chegamos nus ao mundo e isso é natural a todos nós. Mas foi a desinformação que gerou a polêmica, propagada por um grupo radical. Esse grupo interpretou as obras de forma errônea e a espalhou pelo Brasil." Para o galerista e curador, a questão se resolve com educação básica. "As pessoas precisam ter acesso à escola, aprender a interpretar e a questionar, conhecer bases culturais e históricas. A educação tem o poder de transformar uma sociedade", completa. Segundo Fernandes, é o acesso à educação de qualidade que evita que polêmicas como essas aconteçam na França. "Foi isso que possibilitou que os franceses desenvolvessem uma visão em relação à arte muito mais ampla. Ir a uma galeria ou a uma exposição é um programa cultural comum na França, onde os museus são também locais de reunião e de encontro de amigos e famílias", conclui. | 6 |
Vitrine: inspire-se no Oscar | DE SÃO PAULO Confira na galeria abaixo compras para entrar no clima de sete filmes indicados ao prêmio de Hollywood neste ano. | saopaulo | Vitrine: inspire-se no OscarDE SÃO PAULO Confira na galeria abaixo compras para entrar no clima de sete filmes indicados ao prêmio de Hollywood neste ano. | 9 |
Oportunidade para engajar pessoas e produzir resultados em meio à crise | O cenário econômico atual, marcado por instabilidade política, volatilidade do dólar, crescimento do desemprego, inflação em alta compõem uma conjuntura pessimista pouca vezes presenciado na última década. O que faz com que as organizações buscarem mecanismos para se equilibrar nessa incerteza, manter seus talentos e ainda assegurar a sustentabilidade do negócio. Esta nova atmosfera dita o rumo no universo corporativo e, consequentemente, impacta a vida da força produtiva. Em meio a isso, a única verdade é que o mundo já não será mais o mesmo. Há consenso de que a sociedade terá de assumir o desafio de viver com mais parcimônia, menos ostentação e, sobretudo, menos desperdício. Como as organizações montarão estratégias para sobreviver a este tsunami em um ambiente em que, já em 2008, na primeira grande crise do século 21, colocou à prova a solidez das instituições? Não tenho dúvidas de que no centro do debate há um grande personagem: o gestor. Afinal, é ele quem tem de utilizar toda a criatividade possível para entregar resultados em um ambiente movediço, austero, restritivo e com controle espartano de despesa. . Fácil? De forma alguma. Asseguro, no entanto, que a solução não exige "budget", mas sim atitude! Simples assim. É possível, sim, produzir resultados surpreendentes na adversidade. Agir e pensar como donos faz com que o gestor supere suas metas e, principalmente, inspire o time, que é sempre o principal ativo das companhias. Isso tudo é "accountability" pessoal, tema que estudo há 30 anos e não possui tradução para o português, mas que pode ser entendido como a virtude moral do "ir além" do previsto na descrição do cargo. Muitos empresários e líderes operam muito bem nesse modo, mas poucos se mantém agindo na mesma intensidade em momentos difíceis. A questão é que, nesses períodos mais desafiadores, boa parte da alta liderança recua, permitindo que o medo e a incerteza contaminem seus processos de decisão. Com isso, os gestores correm o risco de se esquecerem de que sem uma visão positiva do futuro e sem ação o homem nem teria saído das cavernas. Aí, surge aquilo que refuto como a grande doença do ambiente de negócios: o "desculpability", o contrário de accountability pessoal. Trata-se da habilidade de afastar de si a responsabilidade, culpando os outros, as circunstâncias, ou tudo aquilo que está à sua volta. É como um vírus ou aplicativo pré-instalado que funciona turbinando o nosso instinto de defesa. Nascemos com ele, algo presente na humanidade desde o início da civilização. "Accountability" não é inato. Pode, deve e precisa ser ensinado. E se não for praticado, é facilmente esquecido. Somente quando é vivenciada de forma genuína, tornando-se algo habitual, é que passa a incorporar o coração e a mente da pessoa, mesclando um princípio moral com a personalidade. Empresas que conseguiram incorporar tais elementos na sua cultura –seja traduzindo como protagonismo, proatividade pessoal ou pensar e agir como dono– vão sofrer menos. Vão sair mais cedo da crise e podem até sair mais fortes. Não estou sozinho nesta crença. Segundo estudo global da McKinsey & Company, accountability é uma das nove dimensões da saúde organizacional. Encontrar oportunidades e criar vantagens competitivas nesse cenário negativo, portanto, pode ser a diferença para a empresa de hoje sobreviver até amanhã. Para isso, é essencial que os gestores enfrentem o período valorizando um novo modo de vida, centrado na essência e na sustentabilidade como valores. "Accountability" é o caminho em direção ao êxito, pois torna viável o engajamento das pessoas em torno de uma causa , com mais alegria e satisfação pessoal, dando um basta à inércia a e estagnação. Nessa direção, uma atitude "acccountable" é uma vantagem competitiva para transformar a crise em oportunidade. JOÃO CORDEIRO é consultor de gestão e autor de "Accountability, a Evolução da Responsabilidade Pessoal" e "Desculpability - Elimine de vez as Desculpas", ambos pela editora Évora | empreendedorsocial | Oportunidade para engajar pessoas e produzir resultados em meio à criseO cenário econômico atual, marcado por instabilidade política, volatilidade do dólar, crescimento do desemprego, inflação em alta compõem uma conjuntura pessimista pouca vezes presenciado na última década. O que faz com que as organizações buscarem mecanismos para se equilibrar nessa incerteza, manter seus talentos e ainda assegurar a sustentabilidade do negócio. Esta nova atmosfera dita o rumo no universo corporativo e, consequentemente, impacta a vida da força produtiva. Em meio a isso, a única verdade é que o mundo já não será mais o mesmo. Há consenso de que a sociedade terá de assumir o desafio de viver com mais parcimônia, menos ostentação e, sobretudo, menos desperdício. Como as organizações montarão estratégias para sobreviver a este tsunami em um ambiente em que, já em 2008, na primeira grande crise do século 21, colocou à prova a solidez das instituições? Não tenho dúvidas de que no centro do debate há um grande personagem: o gestor. Afinal, é ele quem tem de utilizar toda a criatividade possível para entregar resultados em um ambiente movediço, austero, restritivo e com controle espartano de despesa. . Fácil? De forma alguma. Asseguro, no entanto, que a solução não exige "budget", mas sim atitude! Simples assim. É possível, sim, produzir resultados surpreendentes na adversidade. Agir e pensar como donos faz com que o gestor supere suas metas e, principalmente, inspire o time, que é sempre o principal ativo das companhias. Isso tudo é "accountability" pessoal, tema que estudo há 30 anos e não possui tradução para o português, mas que pode ser entendido como a virtude moral do "ir além" do previsto na descrição do cargo. Muitos empresários e líderes operam muito bem nesse modo, mas poucos se mantém agindo na mesma intensidade em momentos difíceis. A questão é que, nesses períodos mais desafiadores, boa parte da alta liderança recua, permitindo que o medo e a incerteza contaminem seus processos de decisão. Com isso, os gestores correm o risco de se esquecerem de que sem uma visão positiva do futuro e sem ação o homem nem teria saído das cavernas. Aí, surge aquilo que refuto como a grande doença do ambiente de negócios: o "desculpability", o contrário de accountability pessoal. Trata-se da habilidade de afastar de si a responsabilidade, culpando os outros, as circunstâncias, ou tudo aquilo que está à sua volta. É como um vírus ou aplicativo pré-instalado que funciona turbinando o nosso instinto de defesa. Nascemos com ele, algo presente na humanidade desde o início da civilização. "Accountability" não é inato. Pode, deve e precisa ser ensinado. E se não for praticado, é facilmente esquecido. Somente quando é vivenciada de forma genuína, tornando-se algo habitual, é que passa a incorporar o coração e a mente da pessoa, mesclando um princípio moral com a personalidade. Empresas que conseguiram incorporar tais elementos na sua cultura –seja traduzindo como protagonismo, proatividade pessoal ou pensar e agir como dono– vão sofrer menos. Vão sair mais cedo da crise e podem até sair mais fortes. Não estou sozinho nesta crença. Segundo estudo global da McKinsey & Company, accountability é uma das nove dimensões da saúde organizacional. Encontrar oportunidades e criar vantagens competitivas nesse cenário negativo, portanto, pode ser a diferença para a empresa de hoje sobreviver até amanhã. Para isso, é essencial que os gestores enfrentem o período valorizando um novo modo de vida, centrado na essência e na sustentabilidade como valores. "Accountability" é o caminho em direção ao êxito, pois torna viável o engajamento das pessoas em torno de uma causa , com mais alegria e satisfação pessoal, dando um basta à inércia a e estagnação. Nessa direção, uma atitude "acccountable" é uma vantagem competitiva para transformar a crise em oportunidade. JOÃO CORDEIRO é consultor de gestão e autor de "Accountability, a Evolução da Responsabilidade Pessoal" e "Desculpability - Elimine de vez as Desculpas", ambos pela editora Évora | 20 |
Game ajuda a entender os problemas do governo Dilma | A presidente Dilma tem enfrentado crises sucessivas desde a sua reeleição. Criamos um jogo para você descobrir quais são | infograficos | Game ajuda a entender os problemas do governo DilmaA presidente Dilma tem enfrentado crises sucessivas desde a sua reeleição. Criamos um jogo para você descobrir quais são | 34 |
FPF muda local da estreia, e Palmeiras fará mais jogos em casa no Paulista | A FPF (Federação Paulista de Futebol) anunciou que o duelo entre Osasco Audax e Palmeiras, pela abertura do Campeonato Paulista, será realizado no novo estádio da equipe alviverde. A partida está marcada para o próximo dia 31, às 17h. A mudança foi solicitada pelo Audax, que é o mandante da partida. Com a alteração na tabela, o Palmeiras é o único entre os 20 times do torneio que jogará nove partidas em seu estádio. Os dez times primeiros colocados no ano passado jogarão oito partidas como mandante e sete como visitante. As equipes que ficaram do 11º ao 16º lugares, além dos quatro que conquistaram o acesso, jogarão sete como mandante e oito como visitante. Com a mudança, o Palmeiras será beneficiado principalmente no início da competição, já que atuará os primeiros quatro jogos em casa. Além do Audax, enfrentará em seu estádio o Ponte Preta (5 de feveireiro), Corinthians (dia 8) e Rio Claro (dia 11). | esporte | FPF muda local da estreia, e Palmeiras fará mais jogos em casa no PaulistaA FPF (Federação Paulista de Futebol) anunciou que o duelo entre Osasco Audax e Palmeiras, pela abertura do Campeonato Paulista, será realizado no novo estádio da equipe alviverde. A partida está marcada para o próximo dia 31, às 17h. A mudança foi solicitada pelo Audax, que é o mandante da partida. Com a alteração na tabela, o Palmeiras é o único entre os 20 times do torneio que jogará nove partidas em seu estádio. Os dez times primeiros colocados no ano passado jogarão oito partidas como mandante e sete como visitante. As equipes que ficaram do 11º ao 16º lugares, além dos quatro que conquistaram o acesso, jogarão sete como mandante e oito como visitante. Com a mudança, o Palmeiras será beneficiado principalmente no início da competição, já que atuará os primeiros quatro jogos em casa. Além do Audax, enfrentará em seu estádio o Ponte Preta (5 de feveireiro), Corinthians (dia 8) e Rio Claro (dia 11). | 3 |
Temer sugeriu 'chicana' no caso Geddel, diz ex-ministro | O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse em entrevista ao "Fantástico" que o presidente Michel Temer sugeriu que ele usasse "um artifício, uma chicana" para resolver o problema do veto do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico", a um prédio de 32 andares em Salvador (BA), sobre o qual o ex-ministro Geddel Vieira Lima tinha interesses e um apartamento de R$ 2,6 milhões. O órgão só permite prédios de até 12 andares na área. Chicana é uma "manobra de má fé", "trapaça" ou "fraude", segundo o "Dicionário Aulete". Como o edifício havia sido vetado pelo patrimônio histórico federal, Temer sugeriu ao ex-ministro da Cultura que encaminhasse o caso para a AGU (Advocacia Geral da União), que poderia solucionar o que o presidente chama de divergência entre dois ministros. Professores de direito dizem que o ato de Geddel pode caracterizar o crime chamado de advocacia administrativa, que ocorre quando um funcionário público defende interesses privados junto ao governo. As pressões relatadas por Calero foram reveladas pela Folha. Ele contou em entrevista ao jornal que sofrera pressões de dois dos mais importantes ministros de Temer para reverter o veto do prédio em Salvador: de Geddel, que ocupava a secretaria de Governo e se demitiu no última sexta-feira (25), e do chefe da Casa Civil, o ministro Eliseu Padilha. Na avaliação de professores, Padilha também é suspeito é ter cometido o crime de advocacia administrativa Calero rebateu a versão de que teria gravado o presidente no Palácio do Planalto, mas afirmou ter registrado o que chamou de uma "conversa burocrática" por telefone. "Não sou leviano", afirmou, citando sua formação de diplomata. "Tem de ser leal, mas não cúmplice". Já sobre Geddel e Padilha, ele foi evasivo: disse que não poderia informar se gravou as conversas com os ministros para não atrapalhar as investigações que a Polícia Federal faz sobre o caso. Na visão de Calero, a versão de que ele teria gravado Temer no gabinete presidencial foi disseminada por aqueles que têm interesse em desviar o foco do verdadeiro problema, que seria a defesa feita por dois ministros de interesses privados. Ele tratou a acusação como uma "campanha difamatória" contra ele. O ex-ministro afirmou que o que mais lhe chamou a atenção no episódio foi que "altas autoridades da República perdiam seu tempo com um assunto paroquial, de interesse particular". OUTRO LADO Márcio de Freitas, secretário de Comunicação do governo Temer, disse à Folha que a acusação de que o presidente sugeriu uma chicana "é uma inverdade e um termo inadequado". Segundo ele, a sugestão de que a divergência entre órgãos do governo fosse resolvida pela AGU é absolutamente regular e está prevista em lei. Temer tratou da crise gerada por Geddel na entrevista coletiva concedeu neste domingo (27) em Brasília. Repetiu que considera o episódio um simples conflito entre ministros e disse que considerava "indigno" e "gravíssimo" um ministro gravar o presidente. A AGU disse ao "Fantástico" que não fez nada de irregular no episódio, já que uma de suas funções é resolver conflitos e divergências entre órgãos governamentais. Padilha e Geddel não quiseram se manifestar sobre a entrevista. | poder | Temer sugeriu 'chicana' no caso Geddel, diz ex-ministroO ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse em entrevista ao "Fantástico" que o presidente Michel Temer sugeriu que ele usasse "um artifício, uma chicana" para resolver o problema do veto do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico", a um prédio de 32 andares em Salvador (BA), sobre o qual o ex-ministro Geddel Vieira Lima tinha interesses e um apartamento de R$ 2,6 milhões. O órgão só permite prédios de até 12 andares na área. Chicana é uma "manobra de má fé", "trapaça" ou "fraude", segundo o "Dicionário Aulete". Como o edifício havia sido vetado pelo patrimônio histórico federal, Temer sugeriu ao ex-ministro da Cultura que encaminhasse o caso para a AGU (Advocacia Geral da União), que poderia solucionar o que o presidente chama de divergência entre dois ministros. Professores de direito dizem que o ato de Geddel pode caracterizar o crime chamado de advocacia administrativa, que ocorre quando um funcionário público defende interesses privados junto ao governo. As pressões relatadas por Calero foram reveladas pela Folha. Ele contou em entrevista ao jornal que sofrera pressões de dois dos mais importantes ministros de Temer para reverter o veto do prédio em Salvador: de Geddel, que ocupava a secretaria de Governo e se demitiu no última sexta-feira (25), e do chefe da Casa Civil, o ministro Eliseu Padilha. Na avaliação de professores, Padilha também é suspeito é ter cometido o crime de advocacia administrativa Calero rebateu a versão de que teria gravado o presidente no Palácio do Planalto, mas afirmou ter registrado o que chamou de uma "conversa burocrática" por telefone. "Não sou leviano", afirmou, citando sua formação de diplomata. "Tem de ser leal, mas não cúmplice". Já sobre Geddel e Padilha, ele foi evasivo: disse que não poderia informar se gravou as conversas com os ministros para não atrapalhar as investigações que a Polícia Federal faz sobre o caso. Na visão de Calero, a versão de que ele teria gravado Temer no gabinete presidencial foi disseminada por aqueles que têm interesse em desviar o foco do verdadeiro problema, que seria a defesa feita por dois ministros de interesses privados. Ele tratou a acusação como uma "campanha difamatória" contra ele. O ex-ministro afirmou que o que mais lhe chamou a atenção no episódio foi que "altas autoridades da República perdiam seu tempo com um assunto paroquial, de interesse particular". OUTRO LADO Márcio de Freitas, secretário de Comunicação do governo Temer, disse à Folha que a acusação de que o presidente sugeriu uma chicana "é uma inverdade e um termo inadequado". Segundo ele, a sugestão de que a divergência entre órgãos do governo fosse resolvida pela AGU é absolutamente regular e está prevista em lei. Temer tratou da crise gerada por Geddel na entrevista coletiva concedeu neste domingo (27) em Brasília. Repetiu que considera o episódio um simples conflito entre ministros e disse que considerava "indigno" e "gravíssimo" um ministro gravar o presidente. A AGU disse ao "Fantástico" que não fez nada de irregular no episódio, já que uma de suas funções é resolver conflitos e divergências entre órgãos governamentais. Padilha e Geddel não quiseram se manifestar sobre a entrevista. | 0 |
Os lugares decrépitos de São Paulo fotografados pelo presidente do Goldman Sachs | Oito da manhã de um sábado é a hora perfeita para Paulo Leme, 60, aproveitar a luz. Com duas câmeras e cinco lentes na mochila, o presidente do banco Goldman Sachs do Brasil parte para sua exploração fotográfica da decadência urbana da cidade de São Paulo. Primeira parada: a antiga fábrica da cervejaria Antarctica, na Mooca (zona leste da capital), construída em 1892. Com sua Nikon D4, Leme foca as vidraças quebradas, as pichações e o lixo. "Por que as cidades morrem? Fico pensando nisso quando venho a estes lugares, onde havia concentração de indústrias", diz o banqueiro. "Ninguém da Faria Lima cruza a avenida Paulista para o lado de lá, mas eu, aqui, estou no meu ambiente. Gosto de galpões, grafites, lugares decrépitos."Leme começou a se interessar por fotografia na época de faculdade, quando cursava engenharia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). É autodidata, "como se percebe nas fotos", brinca o banqueiro. O interesse por arqueologia urbana, no entanto, é mais recente. Quando morava em Miami, passou a fotografar Wynwood, um bairro decadente que se transformaria no Arts District, meca de hipsters, repleto de galerias. Foram 33 anos vivendo no exterior, onde trabalhou para o FMI e para o Goldman. Diversas vezes, foi cotado para assumir a presidência do Banco Central. Em 2012, voltou ao país para presidir o banco de investimentos no Brasil, e começou a fotografar cantos menos vistosos da capital paulista. Tem um ritual: traça o roteiro com ajuda do site São Paulo Antiga, imprime o mapa do Google Maps e vai. No início, saía acompanhado de um motorista descolado, que conhecia todos os "buracos". Depois, passou a ir de táxi. Às vezes, segue sozinho. Naquele sábado, no entanto, conta com uma "entourage": motorista, assessora, repórter e repórter fotográfico da Serafina, em uma van blindada. Está "à paisana" -camiseta polo, calça jeans e sapato top sider. O relógio é da desconhecida marca Momentum -US$ 100 (cerca de R$ 350). No bolso, um maço de notas de R$ 50 fixas com um clipe. "São Paulo é uma cidade de sobrecarga sensorial", diz ele. "Gosto de encontrar texturas, cores e padrões no meio da confusão." Leme tenta entrar no depósito da Cicloaço, empresa de reciclagem de sucata, na avenida Presidente Wilson, para fotografar. Em vão: é barrado pelos seguranças. Seguimos para uma ponte ao lado do pátio. Um menino sujo e descalço, com cabelos rastafári, para e aborda o engravatado Claydson Rodrigo, o motorista do banqueiro. "Acho bacana ele vir a estes lugares tirar fotos, mas precisa ficar esperto. Tem sempre um ligeirinho", diz o condutor. Dispensado por Claydson com um gesto, o menino segue pela ponte, falando sozinho. Passa batido pelo banqueiro, que dirige uma instituição de 300 funcionários e R$ 5,1 bilhões em ativos. Seguimos para o próximo destino, a locomotiva que fica ao lado do Museu da Imigração, também na Mooca. Além da maria-fumaça fabricada em 1922, uma passarela inglesa de ferro fundido do século 19 completa o cenário. "Quando você encontra um lugar destes, já valeu a viagem", diz. A última parada é o Bom Retiro, na primeira fábrica da Ford, de 1921, hoje em ruínas. Mas a luz ainda está boa, Leme quer continuar em direção à estação da Luz. "Vamos à cracolândia?", pergunto. "Em mercado financeiro, existe risco e existe incerteza", ele me responde. O risco é calculável, a incerteza, não. "Ir até até a cracolândia é uma incerteza, um risco desnecessário", completa Leme. E o Brasil dos dias de hoje? É risco ou incerteza? "Incerteza." | serafina | Os lugares decrépitos de São Paulo fotografados pelo presidente do Goldman SachsOito da manhã de um sábado é a hora perfeita para Paulo Leme, 60, aproveitar a luz. Com duas câmeras e cinco lentes na mochila, o presidente do banco Goldman Sachs do Brasil parte para sua exploração fotográfica da decadência urbana da cidade de São Paulo. Primeira parada: a antiga fábrica da cervejaria Antarctica, na Mooca (zona leste da capital), construída em 1892. Com sua Nikon D4, Leme foca as vidraças quebradas, as pichações e o lixo. "Por que as cidades morrem? Fico pensando nisso quando venho a estes lugares, onde havia concentração de indústrias", diz o banqueiro. "Ninguém da Faria Lima cruza a avenida Paulista para o lado de lá, mas eu, aqui, estou no meu ambiente. Gosto de galpões, grafites, lugares decrépitos."Leme começou a se interessar por fotografia na época de faculdade, quando cursava engenharia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). É autodidata, "como se percebe nas fotos", brinca o banqueiro. O interesse por arqueologia urbana, no entanto, é mais recente. Quando morava em Miami, passou a fotografar Wynwood, um bairro decadente que se transformaria no Arts District, meca de hipsters, repleto de galerias. Foram 33 anos vivendo no exterior, onde trabalhou para o FMI e para o Goldman. Diversas vezes, foi cotado para assumir a presidência do Banco Central. Em 2012, voltou ao país para presidir o banco de investimentos no Brasil, e começou a fotografar cantos menos vistosos da capital paulista. Tem um ritual: traça o roteiro com ajuda do site São Paulo Antiga, imprime o mapa do Google Maps e vai. No início, saía acompanhado de um motorista descolado, que conhecia todos os "buracos". Depois, passou a ir de táxi. Às vezes, segue sozinho. Naquele sábado, no entanto, conta com uma "entourage": motorista, assessora, repórter e repórter fotográfico da Serafina, em uma van blindada. Está "à paisana" -camiseta polo, calça jeans e sapato top sider. O relógio é da desconhecida marca Momentum -US$ 100 (cerca de R$ 350). No bolso, um maço de notas de R$ 50 fixas com um clipe. "São Paulo é uma cidade de sobrecarga sensorial", diz ele. "Gosto de encontrar texturas, cores e padrões no meio da confusão." Leme tenta entrar no depósito da Cicloaço, empresa de reciclagem de sucata, na avenida Presidente Wilson, para fotografar. Em vão: é barrado pelos seguranças. Seguimos para uma ponte ao lado do pátio. Um menino sujo e descalço, com cabelos rastafári, para e aborda o engravatado Claydson Rodrigo, o motorista do banqueiro. "Acho bacana ele vir a estes lugares tirar fotos, mas precisa ficar esperto. Tem sempre um ligeirinho", diz o condutor. Dispensado por Claydson com um gesto, o menino segue pela ponte, falando sozinho. Passa batido pelo banqueiro, que dirige uma instituição de 300 funcionários e R$ 5,1 bilhões em ativos. Seguimos para o próximo destino, a locomotiva que fica ao lado do Museu da Imigração, também na Mooca. Além da maria-fumaça fabricada em 1922, uma passarela inglesa de ferro fundido do século 19 completa o cenário. "Quando você encontra um lugar destes, já valeu a viagem", diz. A última parada é o Bom Retiro, na primeira fábrica da Ford, de 1921, hoje em ruínas. Mas a luz ainda está boa, Leme quer continuar em direção à estação da Luz. "Vamos à cracolândia?", pergunto. "Em mercado financeiro, existe risco e existe incerteza", ele me responde. O risco é calculável, a incerteza, não. "Ir até até a cracolândia é uma incerteza, um risco desnecessário", completa Leme. E o Brasil dos dias de hoje? É risco ou incerteza? "Incerteza." | 25 |
Trecho final do depoimento de Cunha ao juiz Sergio Moro | Em audiência com o juiz Sergio Moro nesta terça (7), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) leu uma carta ao juiz Sergio Moro em que disse ter um aneurisma e reclamou da falta de tratamento na prisão onde está detido. | tv | Trecho final do depoimento de Cunha ao juiz Sergio MoroEm audiência com o juiz Sergio Moro nesta terça (7), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) leu uma carta ao juiz Sergio Moro em que disse ter um aneurisma e reclamou da falta de tratamento na prisão onde está detido. | 11 |
Carbonizadas, vítimas de acidente no Paraná serão identificadas por DNA | A identificação oficial das 20 vítimas do grave acidente que envolveu um ônibus e um caminhão no interior do Paraná nesta segunda-feira (31) levará ainda alguns dias e dependerá de exame de DNA. A lentidão no reconhecimento das vítimas se deve ao estado dos corpos, que ficaram carbonizados. O acidente ocorreu entre os municípios de Cafezal do Sul e Iporã (610 km de Curitiba). Morreu o motorista do caminhão e 19 pessoas que estavam no ônibus da Prefeitura de Altônia. Eram pacientes, com seus acompanhantes, que passariam por cirurgia de catarata na cidade vizinha, Umuarama. O ginásio de esportes de Altônia deve ser mobilizado para o velório. Segundo o IML, estão sendo colhidas amostras de sangue de parentes das vítimas para a identificação. Até as 18 horas, faltava coletar o material de seis familiares. O caminhoneiro Sérgio Scaravonatto, 50, foi identificado e liberado pelo IML (Instituto Médico Legal) de Umuarama. Ele é morador da cidade de Pato Bragado (oeste do Paraná). Trabalhava para um laticínio, era casado e tinha duas filhas. Scaravonatto foi reconhecido pelo cunhado dele, Leomar Rohden, que é vice-prefeito de Pato Bragado (PR). Segundo parentes, o corpo havia saído do IML às 16h30, mas ainda não se sabia onde seria velado. Virgilina Tenório Martins, uma das passageiras do ônibus, foi a única que não ficou carbonizada. Ela morreu com o impacto da batida. Até o começo da noite desta segunda, os únicos dois corpos liberados foram de Virgilina (que, no caso dela, será velada no salão paroquial de Altônia) e do motorista. O IML pediu caráter de urgência à unidade central, em Curitiba, para a realização dos exames. 'LIVRAMENTO' Maria Graça Siquelli é sobrinha da paciente Izabel Pequini Lazarin, moradora da zona rual de Altônia e que estava na lista dos passageiros que iriam até Umuarama para realizar a cirurgia de catarata. Os familiares, no entanto, resolveram levá-la de carro. "A gente vê isso como um livramento. Foi muito triste para a cidade. A gente vê os vídeos que o pessoal postou no Facebook e imagina a dor dessas pessoas", diz Maria Graça. Segundo ela, a tia contou que passou pelo local do acidente no momento em que os bombeiros controlavam as chamas, mas não imaginou que poderia ser o ônibus da Secretaria da Saúde. Pelo menos outra paciente que estava na lista para fazer a cirurgia também não embarcou. De acordo com o secretário de Saúde, Edson dos Santos Souza, o paciente teria perdido o horário da saída do ônibus. Veja a lista das pessoas mortas no acidente: - Alcides Rosa - Alzira Domingues Boiani Clementino - Antonio Camilo Trentin - Antônio Itikawa - Aparecida de Alexandre Silva - Audina Carraro - Arlindo Carraro - Cezina Lorenconi Rossi - Ernesto Pingoello - Florinda Ramos dos Santos - Creuza Gilio Soares - Maria Fernandes de Paula - Norival Rosa - Virgílina Tenório Martins - Iolanda Clementino - Geni dos Santos - Elza Alencar Bezerra - Maurício Alencar Bezerra - Amabile da Silva Lima - Sérgio Scravanato (motorista do caminhão) Acidente no Paraná | cotidiano | Carbonizadas, vítimas de acidente no Paraná serão identificadas por DNAA identificação oficial das 20 vítimas do grave acidente que envolveu um ônibus e um caminhão no interior do Paraná nesta segunda-feira (31) levará ainda alguns dias e dependerá de exame de DNA. A lentidão no reconhecimento das vítimas se deve ao estado dos corpos, que ficaram carbonizados. O acidente ocorreu entre os municípios de Cafezal do Sul e Iporã (610 km de Curitiba). Morreu o motorista do caminhão e 19 pessoas que estavam no ônibus da Prefeitura de Altônia. Eram pacientes, com seus acompanhantes, que passariam por cirurgia de catarata na cidade vizinha, Umuarama. O ginásio de esportes de Altônia deve ser mobilizado para o velório. Segundo o IML, estão sendo colhidas amostras de sangue de parentes das vítimas para a identificação. Até as 18 horas, faltava coletar o material de seis familiares. O caminhoneiro Sérgio Scaravonatto, 50, foi identificado e liberado pelo IML (Instituto Médico Legal) de Umuarama. Ele é morador da cidade de Pato Bragado (oeste do Paraná). Trabalhava para um laticínio, era casado e tinha duas filhas. Scaravonatto foi reconhecido pelo cunhado dele, Leomar Rohden, que é vice-prefeito de Pato Bragado (PR). Segundo parentes, o corpo havia saído do IML às 16h30, mas ainda não se sabia onde seria velado. Virgilina Tenório Martins, uma das passageiras do ônibus, foi a única que não ficou carbonizada. Ela morreu com o impacto da batida. Até o começo da noite desta segunda, os únicos dois corpos liberados foram de Virgilina (que, no caso dela, será velada no salão paroquial de Altônia) e do motorista. O IML pediu caráter de urgência à unidade central, em Curitiba, para a realização dos exames. 'LIVRAMENTO' Maria Graça Siquelli é sobrinha da paciente Izabel Pequini Lazarin, moradora da zona rual de Altônia e que estava na lista dos passageiros que iriam até Umuarama para realizar a cirurgia de catarata. Os familiares, no entanto, resolveram levá-la de carro. "A gente vê isso como um livramento. Foi muito triste para a cidade. A gente vê os vídeos que o pessoal postou no Facebook e imagina a dor dessas pessoas", diz Maria Graça. Segundo ela, a tia contou que passou pelo local do acidente no momento em que os bombeiros controlavam as chamas, mas não imaginou que poderia ser o ônibus da Secretaria da Saúde. Pelo menos outra paciente que estava na lista para fazer a cirurgia também não embarcou. De acordo com o secretário de Saúde, Edson dos Santos Souza, o paciente teria perdido o horário da saída do ônibus. Veja a lista das pessoas mortas no acidente: - Alcides Rosa - Alzira Domingues Boiani Clementino - Antonio Camilo Trentin - Antônio Itikawa - Aparecida de Alexandre Silva - Audina Carraro - Arlindo Carraro - Cezina Lorenconi Rossi - Ernesto Pingoello - Florinda Ramos dos Santos - Creuza Gilio Soares - Maria Fernandes de Paula - Norival Rosa - Virgílina Tenório Martins - Iolanda Clementino - Geni dos Santos - Elza Alencar Bezerra - Maurício Alencar Bezerra - Amabile da Silva Lima - Sérgio Scravanato (motorista do caminhão) Acidente no Paraná | 5 |
Haddad de saída | Fernando Haddad (PT) encerra seu mandato na Prefeitura de São Paulo tendo como marcas mais visíveis as diversas intervenções no campo da mobilidade urbana. Os 400 km de ciclovias, os 423 km de faixas de ônibus e a redução da velocidade máxima em cerca de 220 vias são iniciativas que já parecem devidamente incorporadas ao cotidiano da capital. Integram, por assim dizer, uma agenda civilizacional que Haddad encampou, a despeito da resistência de parcelas razoáveis da população. Em conjunto, as medidas priorizam o transporte coletivo e devolvem certa humanidade a uma metrópole que vinha se tornando cada vez mais hostil aos cidadãos. A essa preocupação com a retomada dos espaços públicos se opõe, quase em contradição, o desmazelo com a zeladoria. Não surpreende que entre as principais reclamações recebidas pela ouvidoria estejam os serviços de jardinagem, tapa-buracos e limpeza. Com menos visibilidade e maior relevância em termos administrativos, o papel na renegociação da dívida paulistana com a União e a implantação bem-sucedida da controladoria municipal são duas realizações que Haddad, com razão, faz questão de destacar. No primeiro caso, o saldo devedor da cidade caiu de R$ 76 bilhões para menos de R$ 30 bilhões. No segundo, o órgão de combate à corrupção ajudou a recuperar mais de R$ 600 milhões desviados. Apesar desses importantes legados, Haddad ficou longe de cumprir seu plano de metas. Com base nos critérios da prefeitura, concluiu 54,5% das 123 propostas. Dos 20 CEUs prometidos, por exemplo, somente 1 foi entregue (14 estão em construção); das 43 novas unidades básicas de saúde (UBS), a população recebeu 12 e aguarda o fim das obras em outras 15; abriram-se 100 mil vagas de educação infantil, não 150 mil; ergueram-se 45 creches (e 53 estão em andamento), não 243. Mesmo na mobilidade alguns objetivos ficaram pelo caminho: construíram-se 42 km de corredores de ônibus, e não 150 km -um deficit que não pode ser suprido pelo superavit de faixas, pois estas constituem antes um paliativo de baixo custo do que uma solução. Reconheça-se que Haddad enfrentou conjuntura especialmente adversa. Os protestos de junho de 2013 custaram popularidade ao prefeito e receitas à prefeitura, que precisou bancar o congelamento das tarifas de ônibus. Mais decisiva, a crise econômica gestada pelo governo Dilma Rousseff (PT) impediu a execução de repasses federais. Além disso, o descalabro ético do PT contaminou a candidatura de Haddad, circunstância que ajuda a explicar seu fiasco eleitoral -obteve apenas 16,7% dos votos. São algumas explicações, sem dúvida, mas elas se debilitam diante das necessidades da maior metrópole brasileira. Em termos de eficiência do serviço público e de atenção à periferia, a população decerto esperava muito mais. Passados quatro anos, Fernando Haddad não deixa de ser considerado um político sério; nestes tempos de Lava Jato, não é pouco para um homem público, mas não bastou para São Paulo. | opiniao | Haddad de saídaFernando Haddad (PT) encerra seu mandato na Prefeitura de São Paulo tendo como marcas mais visíveis as diversas intervenções no campo da mobilidade urbana. Os 400 km de ciclovias, os 423 km de faixas de ônibus e a redução da velocidade máxima em cerca de 220 vias são iniciativas que já parecem devidamente incorporadas ao cotidiano da capital. Integram, por assim dizer, uma agenda civilizacional que Haddad encampou, a despeito da resistência de parcelas razoáveis da população. Em conjunto, as medidas priorizam o transporte coletivo e devolvem certa humanidade a uma metrópole que vinha se tornando cada vez mais hostil aos cidadãos. A essa preocupação com a retomada dos espaços públicos se opõe, quase em contradição, o desmazelo com a zeladoria. Não surpreende que entre as principais reclamações recebidas pela ouvidoria estejam os serviços de jardinagem, tapa-buracos e limpeza. Com menos visibilidade e maior relevância em termos administrativos, o papel na renegociação da dívida paulistana com a União e a implantação bem-sucedida da controladoria municipal são duas realizações que Haddad, com razão, faz questão de destacar. No primeiro caso, o saldo devedor da cidade caiu de R$ 76 bilhões para menos de R$ 30 bilhões. No segundo, o órgão de combate à corrupção ajudou a recuperar mais de R$ 600 milhões desviados. Apesar desses importantes legados, Haddad ficou longe de cumprir seu plano de metas. Com base nos critérios da prefeitura, concluiu 54,5% das 123 propostas. Dos 20 CEUs prometidos, por exemplo, somente 1 foi entregue (14 estão em construção); das 43 novas unidades básicas de saúde (UBS), a população recebeu 12 e aguarda o fim das obras em outras 15; abriram-se 100 mil vagas de educação infantil, não 150 mil; ergueram-se 45 creches (e 53 estão em andamento), não 243. Mesmo na mobilidade alguns objetivos ficaram pelo caminho: construíram-se 42 km de corredores de ônibus, e não 150 km -um deficit que não pode ser suprido pelo superavit de faixas, pois estas constituem antes um paliativo de baixo custo do que uma solução. Reconheça-se que Haddad enfrentou conjuntura especialmente adversa. Os protestos de junho de 2013 custaram popularidade ao prefeito e receitas à prefeitura, que precisou bancar o congelamento das tarifas de ônibus. Mais decisiva, a crise econômica gestada pelo governo Dilma Rousseff (PT) impediu a execução de repasses federais. Além disso, o descalabro ético do PT contaminou a candidatura de Haddad, circunstância que ajuda a explicar seu fiasco eleitoral -obteve apenas 16,7% dos votos. São algumas explicações, sem dúvida, mas elas se debilitam diante das necessidades da maior metrópole brasileira. Em termos de eficiência do serviço público e de atenção à periferia, a população decerto esperava muito mais. Passados quatro anos, Fernando Haddad não deixa de ser considerado um político sério; nestes tempos de Lava Jato, não é pouco para um homem público, mas não bastou para São Paulo. | 7 |
Interferência excessiva do STF | O Poder Judiciário, com a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo de impeachment, tornou-se o mais político dos Poderes. Primeiro, o STF afrontou a Constituição Federal, ao decidir que a Câmara dos Deputados não tem autonomia para instaurar o impeachment. O artigo 51 da Carta Maior é bastante claro: compete privativamente à Câmara autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o presidente. Privativamente é sinônimo de exclusivamente. O STF, todavia, transferiu esse poder exclusivo ao Senado Federal. Muitos alegaram que tal transferência não interferiria na separação dos Poderes. Engano: o esvaziamento do Legislativo pelo STF apenas começou com tal decisão relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Em decisão monocrática, o ministro do STF Marco Aurélio Mello determinou, erroneamente, que o presidente da Câmara acolhesse o pedido de impeachment contra o então vice-presidente Michel Temer. Se o Regimento Interno da Câmara assegura recurso ao plenário sobre decisão do presidente da casa que indefira o recebimento da denúncia de crime de responsabilidade, claramente não há competência do STF para discutir a matéria. Se os prazos para a decisão do presidente da Câmara não são claros no regimento interno, isso também não compete ao Supremo. O Legislativo, tal como o STF, é independente para determinar seus próprios prazos quando não definidos em leis. O afastamento de Eduardo Cunha de seu cargo de deputado federal e da presidência da Câmara mostrou, de novo, que o Legislativo é poder secundário. A decisão unânime e "excepcional"-feliz coincidência, é claro- do STF afronta o princípio da separação dos Poderes. Como pôde o Supremo conferir o resultado prático da suspensão decretada em decisão liminar, sem ampla defesa? Tal decisão agride, sobretudo, os direitos de todos os deputados, que tiveram o poder de julgar Cunha esvaziado. Legislativo e Judiciário, definitivamente, não são mais Poderes em pé de igualdade. Rasgou-se a cláusula pétrea, artigo 2ª da Constituição: "São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário". O ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo também tentou macular a competência da Câmara, e os votos de 367 deputados federais favoráveis ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, ao pedir a anulação do impeachment perante o STF. No entanto, segundo a Constituição e a lei 1079/50, julgar o mérito do processo e as razões de sua abertura não são atribuições do Supremo. São competências privativas da Câmara, o que dispensaria a votação no Senado concluída em 12 de maio, uma interferência excessiva da corte superior. O julgamento, esse sim, é político e de competência exclusiva do Senado Federal, sob o comando do Supremo. Todavia, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, afirma caber ao tribunal a apreciação do conteúdo político do impeachment. É a judicialização inócua do início ao fim, que agride a democracia baseada no princípio de separação e independência dos Poderes. CARLOS HENRIQUE ABRÃO é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e professor pesquisador convidado da Universidade de Heidelberg (Alemanha) ÉRICA GORGA, advogada, doutora em direito pela USP, foi professora visitante na Cornell Law School (EUA) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. | opiniao | Interferência excessiva do STFO Poder Judiciário, com a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo de impeachment, tornou-se o mais político dos Poderes. Primeiro, o STF afrontou a Constituição Federal, ao decidir que a Câmara dos Deputados não tem autonomia para instaurar o impeachment. O artigo 51 da Carta Maior é bastante claro: compete privativamente à Câmara autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o presidente. Privativamente é sinônimo de exclusivamente. O STF, todavia, transferiu esse poder exclusivo ao Senado Federal. Muitos alegaram que tal transferência não interferiria na separação dos Poderes. Engano: o esvaziamento do Legislativo pelo STF apenas começou com tal decisão relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Em decisão monocrática, o ministro do STF Marco Aurélio Mello determinou, erroneamente, que o presidente da Câmara acolhesse o pedido de impeachment contra o então vice-presidente Michel Temer. Se o Regimento Interno da Câmara assegura recurso ao plenário sobre decisão do presidente da casa que indefira o recebimento da denúncia de crime de responsabilidade, claramente não há competência do STF para discutir a matéria. Se os prazos para a decisão do presidente da Câmara não são claros no regimento interno, isso também não compete ao Supremo. O Legislativo, tal como o STF, é independente para determinar seus próprios prazos quando não definidos em leis. O afastamento de Eduardo Cunha de seu cargo de deputado federal e da presidência da Câmara mostrou, de novo, que o Legislativo é poder secundário. A decisão unânime e "excepcional"-feliz coincidência, é claro- do STF afronta o princípio da separação dos Poderes. Como pôde o Supremo conferir o resultado prático da suspensão decretada em decisão liminar, sem ampla defesa? Tal decisão agride, sobretudo, os direitos de todos os deputados, que tiveram o poder de julgar Cunha esvaziado. Legislativo e Judiciário, definitivamente, não são mais Poderes em pé de igualdade. Rasgou-se a cláusula pétrea, artigo 2ª da Constituição: "São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário". O ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo também tentou macular a competência da Câmara, e os votos de 367 deputados federais favoráveis ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, ao pedir a anulação do impeachment perante o STF. No entanto, segundo a Constituição e a lei 1079/50, julgar o mérito do processo e as razões de sua abertura não são atribuições do Supremo. São competências privativas da Câmara, o que dispensaria a votação no Senado concluída em 12 de maio, uma interferência excessiva da corte superior. O julgamento, esse sim, é político e de competência exclusiva do Senado Federal, sob o comando do Supremo. Todavia, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, afirma caber ao tribunal a apreciação do conteúdo político do impeachment. É a judicialização inócua do início ao fim, que agride a democracia baseada no princípio de separação e independência dos Poderes. CARLOS HENRIQUE ABRÃO é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e professor pesquisador convidado da Universidade de Heidelberg (Alemanha) ÉRICA GORGA, advogada, doutora em direito pela USP, foi professora visitante na Cornell Law School (EUA) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. | 7 |
Duas peças em SP servem drinques, pães e outros quitutes ao público | FABIANA SERAGUSA DE SÃO PAULO É como um bar o cenário da peça "Stereo Franz", em cartaz até o próximo domingo (8) no Sesc Santo Amaro (zona sul de São Paulo). Enquanto uma banda toca boas músicas num palco improvisado, a plateia se acomoda em torno das mesas —onde há porção de amendoim, copinhos e garrafas. E elas não são enfeite: têm cachaça, conhaque e Campari. No começo, alguns ficam meio sem graça para comer ou tomar algo, mas, depois, tem gente que até pede para provar o drinque do vizinho. A peça do grupo [pH2]: estado de teatro (assim, em minúsculas) foca o embate entre o homem e a língua. Já em "Salamaleque", são os quitutes árabes que ganham vez. A atriz Valéria Arbex conta histórias de um casal de imigrantes (seus avós) enquanto finaliza delícias como coalhada, homus, babaganuche e pão sírio com zátar. O cardápio também inclui goma árabe com amêndoas, água aromatizada e arak (bebida destilada). E o público pode experimentar as iguarias ao final. Tudo no espetáculo é bom: o tema, o ambiente, a atuação e as comidinhas. Informe-se sobre "Stereo Franz" Informe-se sobre "Salamaleque" | saopaulo | Duas peças em SP servem drinques, pães e outros quitutes ao públicoFABIANA SERAGUSA DE SÃO PAULO É como um bar o cenário da peça "Stereo Franz", em cartaz até o próximo domingo (8) no Sesc Santo Amaro (zona sul de São Paulo). Enquanto uma banda toca boas músicas num palco improvisado, a plateia se acomoda em torno das mesas —onde há porção de amendoim, copinhos e garrafas. E elas não são enfeite: têm cachaça, conhaque e Campari. No começo, alguns ficam meio sem graça para comer ou tomar algo, mas, depois, tem gente que até pede para provar o drinque do vizinho. A peça do grupo [pH2]: estado de teatro (assim, em minúsculas) foca o embate entre o homem e a língua. Já em "Salamaleque", são os quitutes árabes que ganham vez. A atriz Valéria Arbex conta histórias de um casal de imigrantes (seus avós) enquanto finaliza delícias como coalhada, homus, babaganuche e pão sírio com zátar. O cardápio também inclui goma árabe com amêndoas, água aromatizada e arak (bebida destilada). E o público pode experimentar as iguarias ao final. Tudo no espetáculo é bom: o tema, o ambiente, a atuação e as comidinhas. Informe-se sobre "Stereo Franz" Informe-se sobre "Salamaleque" | 9 |
Como onças-pardas 'perderam o medo' de vizinhos humanos no Rio | A primeira reação de Marcos Ramos ao se deparar com o cadáver de um de seus cães em sua casa em Araras, distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, foi imaginar que o animal morrera em uma briga com outros que ele cria em seu sítio. No entanto, ao examinar a carcaça mais de perto, o engenheiro teve um sobressalto. "O bicho tinha sido dilacerado. Não era algo que um dos cachorros que tenho poderia ter feito", conta o engenheiro. O episódio ocorreu no final de 2016. Um veterinário analisou as feridas e disse acreditar que pudesse ter sido um ataque de felino de grande porte. No caso da região serrana do Rio, só poderia ser uma onça-parda. Dias mais tarde, ao ouvir os cães latindo na madrugada, Ramos foi ao quintal e flagrou uma onça a poucos metros de distância. O felino fugiu para o mato depois de o engenheiro gritar e fazer barulho, além de atirar uma escada e tijolos ao chão. O sítio de Ramos fica em uma parte relativamente urbanizada de Araras, e nas proximidades de uma reserva biológica. Ele continua alimentando os cachorros à noite, mas já não caminha pelo sítio sem ao menos dois ou três animais. "Eu não a vi mais depois, mas estou totalmente ressabiado desde o encontro. Isso porque a onça agiu calmamente, até na hora de ir embora." MAIS PERTO É um encontro ainda raro, mas que tende a se tornar corriqueiro. Biólogos e ambientalistas alertam que as distâncias separando mata e ocupações humanas na região têm diminuído e poderão tornar os avistamentos de onças mais comuns, a exemplo do que ocorre em outros pontos do país e do mundo. "A onça-parda é o que chamamos de bicho vagabundo. Pode resistir mais a alterações em seu habitat do que outros bichos, como a onça-pintada. Ela foi muito caçada, mas mostra uma capacidade de ressurgimento impressionante. E vai se atrevendo se recebe espaço. Nos subúrbios de Los Angeles, por exemplo, onças-pardas, que nos EUA são chamadas de pumas, já foram vistas revirando latas de lixo e atacando animais domésticos", explica o paraense Carlos Peres, professor de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. Perigoso? Sim. Mas muito mais para os animais, segundo os especialistas. Parte da lista de espécies ameaçadas, a onça-parda (Puma concolor), também conhecida no Brasil como suçuarana, habita praticamente todo o território nacional. Adapta-se até a ambientes mais impactados pela ação humana, como plantações - canaviais, pela presença de ratos, são áreas atraentes. Mas o felino tem medo do homem, e os casos de ataques a humanos são raros. As pardas têm porte menor do que a temida onça-pintada, essa, sim, robusta o suficiente para "encarar" humanos - a pintada pode medir até 2,10 m de comprimento e pesa 150 kg, quase duas vezes maior que a parda. "Em 14 anos de profissão, eu nunca fui informada de ataques de suçuarana a humanos. Elas não têm porte para atacar adultos, a não ser que se sintam acuadas. Alimentam-se de animais como cotias e pacas. Na verdade, as onças-pardas é que correm o maior perigo nesses encontros", explica Cecília Cronemberger, bióloga e analista ambiental do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ). Especialistas estimam que a população de onças-pardas no Brasil gire em torno de 30 mil a 40 mil indivíduos. É difícil dizer com precisão porque, além da dificuldade em rastrear espécies, as suçuaranas não apresentam diferenças marcantes entre si, ao contrário das onças-pintadas, cujo padrão de manchas é único individualmente. Outra dificuldade é que suçuaranas têm atividades noturnas e circulando por áreas extensas - seu território pode chegar aos 200 km². ISOLAMENTO Apesar de os números ainda não conferirem à parda o status de animal perigosamente ameaçado de extinção, especialistas se preocupam com outro efeito da redução de território das onças - o isolamento de grupos populacionais. A longo prazo, isso reduz a troca de material genético entre as populações e afeta a capacidade da espécie de se reproduzir, algo complicado diante do fato de que as onças-pardas têm reposição de indivíduos lenta. Um estudo publicado em 2013 pelo Instituto Chico Mendes, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, lista uma série de ameaças para as onças-pardas, como expansão agropecuária e atropelamentos. Mas a lista inclui uma causa mortis que vem à mente de ambientalistas todas as vezes em que há notificação de um avistamento - a retaliação humana. "É comum ouvirmos falar de uma onça-parda sendo avistada e depois nunca mais dando sinal de vida. Isso é sempre um mau sinal, especialmente em áreas rurais, pois o animal pode ter sido morto depois de ataques a rebanhos, apesar de ser crime ambiental. Também enfrentamos o problema da caça ilegal", diz Cronemberger. As estatísticas mostram uma disparidade nos ataques: nos EUA, por exemplo, houve menos de cem ataques desses felinos a humanos desde 1890, e não mais que 20 mortes. Apenas em um Estado americano, o Colorado, estima-se que 467 onças sejam mortas anualmente. Peter Crawshaw, um dos mais conceituados especialistas em felinos no Brasil, afirma que o principal problema é a redução da disponibilidade de alimento, que vem junto com a perda de terreno. "As onças estão se habituando a viver mais próximas às pessoas, o que é a resposta de um animal inteligente à perda ou alteração do seu habitat para poder sobreviver." Isso ajuda a explicar por que o fotógrafo Antônio Carlos Barros se deparou com uma suçuarana no meio da rua em Petrópolis, em 2014. A câmera que ele levara para fotografar a caminhada acabou registrando um flagrante - tremido, por razões compreensíveis - de um felino caminhando pelo piso de paralelepípedos. "O que mais me chamou a atenção é que a onça estava totalmente à vontade. Parecia despreocupada. Ela caminhou em minha direção e eu entrei no carro para fotografá-la. Na época, disseram que queimadas e obras de construção de uma nova estrada explicavam a aparição. Espero que ela não tenha sido morta", diz Barros. Existem conselhos para situações deste tipo. Cecília Cronemberger, do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, diz que a principal dica é levantar os braços e dar a impressão de maior altura ao animal, além de gritar e atirar objetos - não se deve correr ou fingir de morto. "Quem tem animais em áreas urbanas deve ainda deixá-los protegidos, porque a onça-parda é oportunista e busca alimentos mais perto do ser humano se houcer necessidade. Mas é preciso termos consciência de que nós, humanos, é que estamos cada vez mais invadindo o espaço do animal. A região serrana cresceu tanto que hoje é quase parte da região metropolitana do Rio." Avistamentos de suçuaranas também trazem certo alívio a biólogos. A presença dos animais indica que encontraram boas condições ambientais, em especial abrigo e alimento. É como uma espécie de atestado de equilíbrio do ecossistema local. A onça-parda tem um papel importante na cadeia alimentar, pois controla espécies que estão abaixo dela. E que também podem causar transtornos se a população crescer muito. | ambiente | Como onças-pardas 'perderam o medo' de vizinhos humanos no RioA primeira reação de Marcos Ramos ao se deparar com o cadáver de um de seus cães em sua casa em Araras, distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, foi imaginar que o animal morrera em uma briga com outros que ele cria em seu sítio. No entanto, ao examinar a carcaça mais de perto, o engenheiro teve um sobressalto. "O bicho tinha sido dilacerado. Não era algo que um dos cachorros que tenho poderia ter feito", conta o engenheiro. O episódio ocorreu no final de 2016. Um veterinário analisou as feridas e disse acreditar que pudesse ter sido um ataque de felino de grande porte. No caso da região serrana do Rio, só poderia ser uma onça-parda. Dias mais tarde, ao ouvir os cães latindo na madrugada, Ramos foi ao quintal e flagrou uma onça a poucos metros de distância. O felino fugiu para o mato depois de o engenheiro gritar e fazer barulho, além de atirar uma escada e tijolos ao chão. O sítio de Ramos fica em uma parte relativamente urbanizada de Araras, e nas proximidades de uma reserva biológica. Ele continua alimentando os cachorros à noite, mas já não caminha pelo sítio sem ao menos dois ou três animais. "Eu não a vi mais depois, mas estou totalmente ressabiado desde o encontro. Isso porque a onça agiu calmamente, até na hora de ir embora." MAIS PERTO É um encontro ainda raro, mas que tende a se tornar corriqueiro. Biólogos e ambientalistas alertam que as distâncias separando mata e ocupações humanas na região têm diminuído e poderão tornar os avistamentos de onças mais comuns, a exemplo do que ocorre em outros pontos do país e do mundo. "A onça-parda é o que chamamos de bicho vagabundo. Pode resistir mais a alterações em seu habitat do que outros bichos, como a onça-pintada. Ela foi muito caçada, mas mostra uma capacidade de ressurgimento impressionante. E vai se atrevendo se recebe espaço. Nos subúrbios de Los Angeles, por exemplo, onças-pardas, que nos EUA são chamadas de pumas, já foram vistas revirando latas de lixo e atacando animais domésticos", explica o paraense Carlos Peres, professor de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. Perigoso? Sim. Mas muito mais para os animais, segundo os especialistas. Parte da lista de espécies ameaçadas, a onça-parda (Puma concolor), também conhecida no Brasil como suçuarana, habita praticamente todo o território nacional. Adapta-se até a ambientes mais impactados pela ação humana, como plantações - canaviais, pela presença de ratos, são áreas atraentes. Mas o felino tem medo do homem, e os casos de ataques a humanos são raros. As pardas têm porte menor do que a temida onça-pintada, essa, sim, robusta o suficiente para "encarar" humanos - a pintada pode medir até 2,10 m de comprimento e pesa 150 kg, quase duas vezes maior que a parda. "Em 14 anos de profissão, eu nunca fui informada de ataques de suçuarana a humanos. Elas não têm porte para atacar adultos, a não ser que se sintam acuadas. Alimentam-se de animais como cotias e pacas. Na verdade, as onças-pardas é que correm o maior perigo nesses encontros", explica Cecília Cronemberger, bióloga e analista ambiental do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ). Especialistas estimam que a população de onças-pardas no Brasil gire em torno de 30 mil a 40 mil indivíduos. É difícil dizer com precisão porque, além da dificuldade em rastrear espécies, as suçuaranas não apresentam diferenças marcantes entre si, ao contrário das onças-pintadas, cujo padrão de manchas é único individualmente. Outra dificuldade é que suçuaranas têm atividades noturnas e circulando por áreas extensas - seu território pode chegar aos 200 km². ISOLAMENTO Apesar de os números ainda não conferirem à parda o status de animal perigosamente ameaçado de extinção, especialistas se preocupam com outro efeito da redução de território das onças - o isolamento de grupos populacionais. A longo prazo, isso reduz a troca de material genético entre as populações e afeta a capacidade da espécie de se reproduzir, algo complicado diante do fato de que as onças-pardas têm reposição de indivíduos lenta. Um estudo publicado em 2013 pelo Instituto Chico Mendes, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, lista uma série de ameaças para as onças-pardas, como expansão agropecuária e atropelamentos. Mas a lista inclui uma causa mortis que vem à mente de ambientalistas todas as vezes em que há notificação de um avistamento - a retaliação humana. "É comum ouvirmos falar de uma onça-parda sendo avistada e depois nunca mais dando sinal de vida. Isso é sempre um mau sinal, especialmente em áreas rurais, pois o animal pode ter sido morto depois de ataques a rebanhos, apesar de ser crime ambiental. Também enfrentamos o problema da caça ilegal", diz Cronemberger. As estatísticas mostram uma disparidade nos ataques: nos EUA, por exemplo, houve menos de cem ataques desses felinos a humanos desde 1890, e não mais que 20 mortes. Apenas em um Estado americano, o Colorado, estima-se que 467 onças sejam mortas anualmente. Peter Crawshaw, um dos mais conceituados especialistas em felinos no Brasil, afirma que o principal problema é a redução da disponibilidade de alimento, que vem junto com a perda de terreno. "As onças estão se habituando a viver mais próximas às pessoas, o que é a resposta de um animal inteligente à perda ou alteração do seu habitat para poder sobreviver." Isso ajuda a explicar por que o fotógrafo Antônio Carlos Barros se deparou com uma suçuarana no meio da rua em Petrópolis, em 2014. A câmera que ele levara para fotografar a caminhada acabou registrando um flagrante - tremido, por razões compreensíveis - de um felino caminhando pelo piso de paralelepípedos. "O que mais me chamou a atenção é que a onça estava totalmente à vontade. Parecia despreocupada. Ela caminhou em minha direção e eu entrei no carro para fotografá-la. Na época, disseram que queimadas e obras de construção de uma nova estrada explicavam a aparição. Espero que ela não tenha sido morta", diz Barros. Existem conselhos para situações deste tipo. Cecília Cronemberger, do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, diz que a principal dica é levantar os braços e dar a impressão de maior altura ao animal, além de gritar e atirar objetos - não se deve correr ou fingir de morto. "Quem tem animais em áreas urbanas deve ainda deixá-los protegidos, porque a onça-parda é oportunista e busca alimentos mais perto do ser humano se houcer necessidade. Mas é preciso termos consciência de que nós, humanos, é que estamos cada vez mais invadindo o espaço do animal. A região serrana cresceu tanto que hoje é quase parte da região metropolitana do Rio." Avistamentos de suçuaranas também trazem certo alívio a biólogos. A presença dos animais indica que encontraram boas condições ambientais, em especial abrigo e alimento. É como uma espécie de atestado de equilíbrio do ecossistema local. A onça-parda tem um papel importante na cadeia alimentar, pois controla espécies que estão abaixo dela. E que também podem causar transtornos se a população crescer muito. | 23 |
A busca do Exército dos EUA pela cuequinha inteligente | Esqueça os exoesqueletos monstrões que muitos afirmam ser o futuro dos trajes militares. Para compreender o potencial da próxima geração de roupas de guerra, temos que pensar uma ou duas camadas abaixo: sim, nas cuecas. Ou melhor, é preciso examinar uma cuequinha em específico: a que aparece no periódico "Analyst" e que, apesar da aparência inofensiva de Zorba branca, poderia muito bem salvar muitas vidas. Não é um pano qualquer, afinal. Trata-se de uma cueca inteligente. Um Apple Watch para os genitais. A história da smartcueca começou com uma bolsa de US$ 1,6 milhão vinda do Escritório de Pesquisa Naval em 2008. O vencedor foi Joseph Wang, professor de nanoengenharia da UC San Diego, que queria projetar um "hospital de campanha em um chip". Em outras palavras: um chip que armazenasse e analisasse vários dados de saúde dos combatentes. O sistema vestível contaria com sensores para monitorar o sangue, o suor e as lágrimas de um soldado. Também teria reservas de medicamentos para tratar os ferimentos do indivíduo. Dois anos depois, o "Analyst" publicou um artigo que mostrou a possibilidade de aplicar a tecnologia nas cuecas de cada dia. Pesquisadores imprimiram sensores químicos dentro do elástico da peça para que ela seguisse na mesma posição mesmo durante movimentos bruscos e para manter um fluxo constante de suor. Nada de desconforto, cofres à mostra e umidade excessiva, portanto. Apesar da pesquisa promissora, o futuro das cuequinhas de guerra de Wang não está claro. O professor me disse que o projeto "não é mais uma prioridade". Mas a pesquisa no campo de demais vestimentas abaixo do uniforme, de tiras peitorais a adesivos, segue recebendo financiamento do Departamento de Defesa. Um grande exemplo são os "biossensores de alimentação própria", desenvolvidos pela Agência de Saúde da Defesa. Eles monitoram os sinais vitais, sono e atividade do usuário. De acordo com o Tenente-Coronel Mark Mellott, o protótipo se assemelha a uma faixa e fica melhor se aplicado mais próximo do peito do que da cueca. A empresa de impressão de eletrônicos FlexTech Alliance também está envolvida nas tecnologias para roupas de baixo militares. A companhia recebeu US$ 75 milhões do Departamento de Defesa em agosto para desenvolver biomarcadores que serão acoplados debaixo das roupas dos soldados. Os pesquisadores também desenvolvem uma espécie de emplastro para suor, que, de acordo com o responsável técnico central Malcolm Thompson, é especialmente eficiente quando posicionado na porção inferior das costas. Diferentemente da ideia do hospital-em-um-chip, ambos os dispositivos foram projetados com cuidados preventivos em mente. Mellott afirma que, já que as tiras peitorais registra o sono, poderia ser útil para determinar quem pode ir a campo -ou ao ar- com segurança. Thompson reafirma a declaração. "O Departamento de Defesa tem isolado certos biomarcadores que se correlacionam, não só com fadiga e estresse mas também com a habilidade de medir capacidades cognitivas", afirma. "Eles estão muito interessados em aplicar isso a um controlador de drone para se certificar de que estão pensando claramente." E isso -medir as habilidades cognitivas de um piloto- é uma bela transição à amedrontadora faceta do monitoramento por biomarcadores. Seja coletado por um emplastro ou cueca, seu suor é convertido em dado e, como mencionado pela consultora de segurança Rebecca Herold, a pergunta se torna: quem terá acesso a estes dados? "Uma seguradora poderia obter os dados coletados de um soldado durante o dever?" pergunta. "Isso poderia afetar o tipo de seguro e preço que eles conseguiriam? E se mais a frente um empregador obtivesse esses dados?" Estas preocupações não passam em branco para Mellott. "Estamos nos certificando de que nossos usuários finais fiquem cientes das responsabilidades dos aparelhos específicos do Departamento de Defesa", afirma, comentando ainda que, para testar, pesquisar e adquirir estes, o departamento precisa atender a questões muito específicas sobre informações de saúde protegidas, de identificação pessoal e de segurança de dados no geral. Rebecca também alerta a respeito de um padrão que ela vê se repetir em roupas inteligentes no setor privado. "Muitas vezes uma empresa percebe os benefícios de um produto e segue adiante e o lança sem pensar direito nas implicações ligadas à privacidade", afirma. Isso seria problemático se seu aparelho biométrico estivesse no seu pulso. Pior ainda se fosse na sua cueca. Tradução: Thiago "Índio" Silva Leia no site da Vice: A busca do exército dos EUA pela cuequinha inteligente | vice | A busca do Exército dos EUA pela cuequinha inteligenteEsqueça os exoesqueletos monstrões que muitos afirmam ser o futuro dos trajes militares. Para compreender o potencial da próxima geração de roupas de guerra, temos que pensar uma ou duas camadas abaixo: sim, nas cuecas. Ou melhor, é preciso examinar uma cuequinha em específico: a que aparece no periódico "Analyst" e que, apesar da aparência inofensiva de Zorba branca, poderia muito bem salvar muitas vidas. Não é um pano qualquer, afinal. Trata-se de uma cueca inteligente. Um Apple Watch para os genitais. A história da smartcueca começou com uma bolsa de US$ 1,6 milhão vinda do Escritório de Pesquisa Naval em 2008. O vencedor foi Joseph Wang, professor de nanoengenharia da UC San Diego, que queria projetar um "hospital de campanha em um chip". Em outras palavras: um chip que armazenasse e analisasse vários dados de saúde dos combatentes. O sistema vestível contaria com sensores para monitorar o sangue, o suor e as lágrimas de um soldado. Também teria reservas de medicamentos para tratar os ferimentos do indivíduo. Dois anos depois, o "Analyst" publicou um artigo que mostrou a possibilidade de aplicar a tecnologia nas cuecas de cada dia. Pesquisadores imprimiram sensores químicos dentro do elástico da peça para que ela seguisse na mesma posição mesmo durante movimentos bruscos e para manter um fluxo constante de suor. Nada de desconforto, cofres à mostra e umidade excessiva, portanto. Apesar da pesquisa promissora, o futuro das cuequinhas de guerra de Wang não está claro. O professor me disse que o projeto "não é mais uma prioridade". Mas a pesquisa no campo de demais vestimentas abaixo do uniforme, de tiras peitorais a adesivos, segue recebendo financiamento do Departamento de Defesa. Um grande exemplo são os "biossensores de alimentação própria", desenvolvidos pela Agência de Saúde da Defesa. Eles monitoram os sinais vitais, sono e atividade do usuário. De acordo com o Tenente-Coronel Mark Mellott, o protótipo se assemelha a uma faixa e fica melhor se aplicado mais próximo do peito do que da cueca. A empresa de impressão de eletrônicos FlexTech Alliance também está envolvida nas tecnologias para roupas de baixo militares. A companhia recebeu US$ 75 milhões do Departamento de Defesa em agosto para desenvolver biomarcadores que serão acoplados debaixo das roupas dos soldados. Os pesquisadores também desenvolvem uma espécie de emplastro para suor, que, de acordo com o responsável técnico central Malcolm Thompson, é especialmente eficiente quando posicionado na porção inferior das costas. Diferentemente da ideia do hospital-em-um-chip, ambos os dispositivos foram projetados com cuidados preventivos em mente. Mellott afirma que, já que as tiras peitorais registra o sono, poderia ser útil para determinar quem pode ir a campo -ou ao ar- com segurança. Thompson reafirma a declaração. "O Departamento de Defesa tem isolado certos biomarcadores que se correlacionam, não só com fadiga e estresse mas também com a habilidade de medir capacidades cognitivas", afirma. "Eles estão muito interessados em aplicar isso a um controlador de drone para se certificar de que estão pensando claramente." E isso -medir as habilidades cognitivas de um piloto- é uma bela transição à amedrontadora faceta do monitoramento por biomarcadores. Seja coletado por um emplastro ou cueca, seu suor é convertido em dado e, como mencionado pela consultora de segurança Rebecca Herold, a pergunta se torna: quem terá acesso a estes dados? "Uma seguradora poderia obter os dados coletados de um soldado durante o dever?" pergunta. "Isso poderia afetar o tipo de seguro e preço que eles conseguiriam? E se mais a frente um empregador obtivesse esses dados?" Estas preocupações não passam em branco para Mellott. "Estamos nos certificando de que nossos usuários finais fiquem cientes das responsabilidades dos aparelhos específicos do Departamento de Defesa", afirma, comentando ainda que, para testar, pesquisar e adquirir estes, o departamento precisa atender a questões muito específicas sobre informações de saúde protegidas, de identificação pessoal e de segurança de dados no geral. Rebecca também alerta a respeito de um padrão que ela vê se repetir em roupas inteligentes no setor privado. "Muitas vezes uma empresa percebe os benefícios de um produto e segue adiante e o lança sem pensar direito nas implicações ligadas à privacidade", afirma. Isso seria problemático se seu aparelho biométrico estivesse no seu pulso. Pior ainda se fosse na sua cueca. Tradução: Thiago "Índio" Silva Leia no site da Vice: A busca do exército dos EUA pela cuequinha inteligente | 27 |
Uma droga que cura todo tipo de câncer nunca existirá, diz Drauzio Varella | Uma droga que cura todos os casos de câncer nunca existiu e nunca existirá, afirma Drauzio Varella, médico cancerologista, sobre a fosfoetanolamina. A molécula, estudada por pesquisadores da USP, tem sido vista como uma espécie de tábua de salvação por pacientes com a doença. Drauzio participou de debate na transmissão ao vivo da "TV Folha" desta terça-feira, da qual participou também o farmacêutico Adilson Kleber Ferreira, coautor de seis pesquisas com a substância publicadas em revistas científicas internacionais entre 2011 e 2013. A mesa foi comandada pela repórter especial e colunista da Folha Claudia Collucci. "Nós temos mais de cem tipos de câncer, cada um deles divididos em subtipos. O de mama, por exemplo, tem mais de 20. E cada um é tratado com uma droga", afirma Drauzio Varella. "Uma droga que funciona em um caso, não funciona no outro. Uma droga que cura todos os casos de câncer nunca existiu e nunca existirá. Mas quando você vê uma coisa dessas você cria uma expectativa absurda. Quando alguém argumenta que tem que dar uma esperança... Mas uma esperança falsa?" Sobre o fato de quem toma a droga ou a defende argumentar que ela funciona e que o boicote é da indústria farmacêutica, tanto Drauzio como Kleber Ferreira concordam ser um absurdo ver as empresas como vilãs. Sobre as pesquisas em andamento com fosfoetanolamina, o farmacêutico diz que continuam, em estudos pré-clínicos. Segundo ele, esses estudos mostraram que as células tumorais são mais sensíveis à fosfo do que as células normais. Em testes em camundongos, em alguns casos, ela também se mostrou mais eficaz que outras drogas conhecidas, diz. "Por enquanto, a fosfo é uma candidata a fármaco", detalha Kleber. Sobre os riscos de usar uma droga sem bula e sem teste, de forma indiscriminada, Drauzio destaca que o principal é "acabar com uma droga que pode ser promissora, útil de verdade, em determinadas situações". "Quando um paciente pede minha opinião a tratamento chamados de alternativos, eu digo que não conheço. E não prescrevo isso de jeito nenhum. Quem toma não conhece a doença, não sabe como ela funciona", afirma o médico. "Se eu te chamar 100 pacientes aqui, cada um vai contar um chá ou um método que alguém da família indicou. Mas por que não fazem isso com dores mais simples, como enxaqueca? Pois sabe que não vai passar e não funciona. Mas se tem câncer e morre, vão falar 'ah, mas tinha câncer, mesmo'." | equilibrioesaude | Uma droga que cura todo tipo de câncer nunca existirá, diz Drauzio VarellaUma droga que cura todos os casos de câncer nunca existiu e nunca existirá, afirma Drauzio Varella, médico cancerologista, sobre a fosfoetanolamina. A molécula, estudada por pesquisadores da USP, tem sido vista como uma espécie de tábua de salvação por pacientes com a doença. Drauzio participou de debate na transmissão ao vivo da "TV Folha" desta terça-feira, da qual participou também o farmacêutico Adilson Kleber Ferreira, coautor de seis pesquisas com a substância publicadas em revistas científicas internacionais entre 2011 e 2013. A mesa foi comandada pela repórter especial e colunista da Folha Claudia Collucci. "Nós temos mais de cem tipos de câncer, cada um deles divididos em subtipos. O de mama, por exemplo, tem mais de 20. E cada um é tratado com uma droga", afirma Drauzio Varella. "Uma droga que funciona em um caso, não funciona no outro. Uma droga que cura todos os casos de câncer nunca existiu e nunca existirá. Mas quando você vê uma coisa dessas você cria uma expectativa absurda. Quando alguém argumenta que tem que dar uma esperança... Mas uma esperança falsa?" Sobre o fato de quem toma a droga ou a defende argumentar que ela funciona e que o boicote é da indústria farmacêutica, tanto Drauzio como Kleber Ferreira concordam ser um absurdo ver as empresas como vilãs. Sobre as pesquisas em andamento com fosfoetanolamina, o farmacêutico diz que continuam, em estudos pré-clínicos. Segundo ele, esses estudos mostraram que as células tumorais são mais sensíveis à fosfo do que as células normais. Em testes em camundongos, em alguns casos, ela também se mostrou mais eficaz que outras drogas conhecidas, diz. "Por enquanto, a fosfo é uma candidata a fármaco", detalha Kleber. Sobre os riscos de usar uma droga sem bula e sem teste, de forma indiscriminada, Drauzio destaca que o principal é "acabar com uma droga que pode ser promissora, útil de verdade, em determinadas situações". "Quando um paciente pede minha opinião a tratamento chamados de alternativos, eu digo que não conheço. E não prescrevo isso de jeito nenhum. Quem toma não conhece a doença, não sabe como ela funciona", afirma o médico. "Se eu te chamar 100 pacientes aqui, cada um vai contar um chá ou um método que alguém da família indicou. Mas por que não fazem isso com dores mais simples, como enxaqueca? Pois sabe que não vai passar e não funciona. Mas se tem câncer e morre, vão falar 'ah, mas tinha câncer, mesmo'." | 16 |
Chefs de SP, Rio e Curitiba vão servir menus durante festival em Tiradentes | Acontecerá de 21 a 30 de agosto mais uma edição do Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, na cidade histórica de Minas Gerais. O festival reúne pequenos produtores, cozinheiros e outros interessados na gastronomia para aulas, jantares e outros eventos ligados à gastronomia e à cultura. Nesta edição, haverá espaços para aulas gratuitas (com temáticas das regiões Norte e Sul do país, por exemplo), espaço para degustação de sabores brasileiros, restaurantes na praça e oficinas de plantio e colheita de alimentos. Alguns jantares vão ser realizados em restaurantes da cidade, custando entre R$ 250 e R$ 320. As casas abertas a estes eventos são Kitanda Brasil, Pacco e Bacco, Angatu e Via Destra. As reservas podem ser feitas pelos telefones (31) 9965-2505 e (31) 2516-0333 a partir desta terça (28). No Kitanda Brasil, o chef Ari Kespers, do Provence Cottage e Bistrô (Monte Verde) vai preparar no sábado (22) um menu com stinco de cordeiro com mel, polenta e crocante de milho-verde, por exemplo. No Via Destra, a chef Manu Buffara, do Manu (Curitiba), fará um jantar na sexta (21). O chef Marcelo Corrêa Bastos, do Jiquitaia (São Paulo), estará na mesma casa no sábado (22) e o chef Rafa Costa e Silva, do Lasai (Rio de Janeiro), na sexta-feira (28). | comida | Chefs de SP, Rio e Curitiba vão servir menus durante festival em TiradentesAcontecerá de 21 a 30 de agosto mais uma edição do Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, na cidade histórica de Minas Gerais. O festival reúne pequenos produtores, cozinheiros e outros interessados na gastronomia para aulas, jantares e outros eventos ligados à gastronomia e à cultura. Nesta edição, haverá espaços para aulas gratuitas (com temáticas das regiões Norte e Sul do país, por exemplo), espaço para degustação de sabores brasileiros, restaurantes na praça e oficinas de plantio e colheita de alimentos. Alguns jantares vão ser realizados em restaurantes da cidade, custando entre R$ 250 e R$ 320. As casas abertas a estes eventos são Kitanda Brasil, Pacco e Bacco, Angatu e Via Destra. As reservas podem ser feitas pelos telefones (31) 9965-2505 e (31) 2516-0333 a partir desta terça (28). No Kitanda Brasil, o chef Ari Kespers, do Provence Cottage e Bistrô (Monte Verde) vai preparar no sábado (22) um menu com stinco de cordeiro com mel, polenta e crocante de milho-verde, por exemplo. No Via Destra, a chef Manu Buffara, do Manu (Curitiba), fará um jantar na sexta (21). O chef Marcelo Corrêa Bastos, do Jiquitaia (São Paulo), estará na mesma casa no sábado (22) e o chef Rafa Costa e Silva, do Lasai (Rio de Janeiro), na sexta-feira (28). | 21 |
"Ser prático não é errado", diz Bruno Barreto sobre escolha para o Oscar | "A decisão de ser prático não é errada no Oscar", diz o cineasta Bruno Barreto, que presidiu a comissão que elegeu o filme "Pequeno Segredo" para representar o Brasil no maior prêmio do cinema. O longa disputará uma das cinco vagas na categoria de melhor filme estrangeiro com produções do mundo todo. "Os membros da Academia, que votarão no vencedor, são muitos e variados, mas os que escolhem os cinco filmes que serão indicados são mesmo mais velhos. Existe, sim, um padrão", afirma à Folha. Ele se refere à polêmica da escolha de "Pequeno Segredo", que desbancou 15 filmes, incluindo o favorito, "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho. O vencedor é um longa que ainda não estreou no país. O diretor diz que a "votação foi lisa" e que não houve partidarização. "Não havia nenhuma agenda política. Discordo dessa paranoia toda." EMPATE COM 'AQUARIUS' Barreto criticou a ausência de duas das integrantes da comissão: Adriana Rattes e Carla Camurati, que não compareceram à deliberação, na segunda (12), e enviaram os votos por e-mail. "Isso teve impacto no resultado", diz. "Aquarius" ganhou quatro votos, incluindo os das duas ausentes. "Pequeno Segredo" recebeu outros quatro, e "Nise" teve um. Na última rodada de discussões, o voto de "Nise" migrou para "Pequeno Segredo". "A única coisa que me arrependo é não ter suspendido a reunião pela falta das duas", disse. Adriana informou que estaria fora do país, e Carla disse que perdeu o voo para São Paulo: "Foi um ato de displicência carioca da parte da Carla. Que pegasse um voo mais cedo!" "Respeito muito o trabalho das duas, mas hoje, muito menos do que respeitava antes, depois dessa", disse o diretor. ""Quando eu aceitei o convite para fazer parte do júri, impus que uma das condições seria que todo mundo se comprometesse." Barreto também disse que a comissão foi "mal-organizada": como presidente do júri, ele é quem faria o anúncio, mas, informado de que o comunicado demoraria, acabou não voltando a tempo de falar com os jornalistas. Ele diz que soube por notícia publicada na Folha que o vencedor já havia sido anunciado. O cineasta lembra que esta não foi a primeira vez que o filme nacional mais falado do ano ficou de fora: em 2007, numa comissão da qual ele também participou, "Tropa de Elite" perdeu a vaga para "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias". | ilustrada | "Ser prático não é errado", diz Bruno Barreto sobre escolha para o Oscar"A decisão de ser prático não é errada no Oscar", diz o cineasta Bruno Barreto, que presidiu a comissão que elegeu o filme "Pequeno Segredo" para representar o Brasil no maior prêmio do cinema. O longa disputará uma das cinco vagas na categoria de melhor filme estrangeiro com produções do mundo todo. "Os membros da Academia, que votarão no vencedor, são muitos e variados, mas os que escolhem os cinco filmes que serão indicados são mesmo mais velhos. Existe, sim, um padrão", afirma à Folha. Ele se refere à polêmica da escolha de "Pequeno Segredo", que desbancou 15 filmes, incluindo o favorito, "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho. O vencedor é um longa que ainda não estreou no país. O diretor diz que a "votação foi lisa" e que não houve partidarização. "Não havia nenhuma agenda política. Discordo dessa paranoia toda." EMPATE COM 'AQUARIUS' Barreto criticou a ausência de duas das integrantes da comissão: Adriana Rattes e Carla Camurati, que não compareceram à deliberação, na segunda (12), e enviaram os votos por e-mail. "Isso teve impacto no resultado", diz. "Aquarius" ganhou quatro votos, incluindo os das duas ausentes. "Pequeno Segredo" recebeu outros quatro, e "Nise" teve um. Na última rodada de discussões, o voto de "Nise" migrou para "Pequeno Segredo". "A única coisa que me arrependo é não ter suspendido a reunião pela falta das duas", disse. Adriana informou que estaria fora do país, e Carla disse que perdeu o voo para São Paulo: "Foi um ato de displicência carioca da parte da Carla. Que pegasse um voo mais cedo!" "Respeito muito o trabalho das duas, mas hoje, muito menos do que respeitava antes, depois dessa", disse o diretor. ""Quando eu aceitei o convite para fazer parte do júri, impus que uma das condições seria que todo mundo se comprometesse." Barreto também disse que a comissão foi "mal-organizada": como presidente do júri, ele é quem faria o anúncio, mas, informado de que o comunicado demoraria, acabou não voltando a tempo de falar com os jornalistas. Ele diz que soube por notícia publicada na Folha que o vencedor já havia sido anunciado. O cineasta lembra que esta não foi a primeira vez que o filme nacional mais falado do ano ficou de fora: em 2007, numa comissão da qual ele também participou, "Tropa de Elite" perdeu a vaga para "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias". | 6 |
O desafio de entender novos arranjos familiares a partir da doação de óvulos | Conceber um filho faz parte do sonho da maioria das mulheres e dos homens. Sua não realização tende culturalmente a ser vista como perda de feminilidade/masculinidade ou inferioridade reprodutiva. A maternidade e a paternidade são associadas ainda à ideia de realização pessoal, poder e felicidade. Isso é corroborado nas redes sociais, vide tantas etapas do ciclo reprodutivo compartilhadas. A infertilidade também faz parte dessa tendência: opiniões, ofertas de ajuda, recomendações populares e científicas aparecem para "devolver a felicidade aos casais". Entre o regozijo e o infortúnio, as cobranças aumentam, demonstrando que maternidade e paternidade não são mais uma decisão pessoal, mas coletiva. É nesse contexto que a doação de óvulos ou sêmen e a fertilização in vitro colocam-se como aliados. Um processo no qual estão envolvidos vários indivíduos, além do doador ou doadora. É preciso pensar na mulher que doa o óvulo e no seu companheiro ou companheira, no homem doador e na sua companheira ou companheiro, assim como na gestante substituta e em seu parceiro, bem como nas crianças. Com base na doação e recepção de óvulos, por exemplo, novos arranjos familiares, genéticos e hereditários são constituídos. O fato é que formas de organização, papéis familiares e relações de afeto independem de laços consanguíneos. Dessa forma, rompe-se o modelo tradicional de família, constituída a partir da união erótico sexual estável entre um homem e uma mulher. No qual, o patrimônio genético familiar, os bens sociais, culturais e de herança estão ligados a tal arranjo. Doação de óvulo constitui um dos procedimentos da reprodução humana assistida (RHA). A princípio, o objetivo da doação era propiciar que mulheres sem ovócitos ou que não os tivesse saudáveis pudessem ter filhos. A fecundação in vitro pode ocorrer também por substituição. É a popular "barriga de aluguel". No Brasil, ela deve ocorrer entre familiares, podendo se estender até a quarta geração da parentela. Assim, mulheres que apresentam alterações anatômicas do útero ou que têm contraindicação clínica de engravidar podem recorrer à reprodução de substituição. Pares homoafetivos também se valem dessa possibilidade para gerar seus próprios filhos. O que pode ocorrer com sêmen do marido ou companheiro ou com sêmen ou óvulo de terceiro. A doação, no entanto, não pode ser comercial nem lucrativa. A identidade dos doadores e receptores também não pode ser revelada. A idade limite para as doações é de 35 anos para mulheres e 50 para homens. Como no Brasil ainda não existe uma legislação que respalde juridicamente a reprodução assistida, o CFM (Conselho Federal de Medicina) vem suprindo essa lacuna por meio de resoluções, disciplinando eticamente os procedimentos. Apesar de não terem força de Lei e serem direcionadas apenas aos profissionais médicos, elas são o único instrumento a ordenar as práticas na área. Em 2013, por exemplo, o o CFM baixou uma resolução incluindo os pares homoafetivos e as mulheres solteiras entre os possíveis beneficiários de tecnologias reprodutivas, ampliando as possibilidades de novos arranjos familiares. A última resolução está pautada no posicionamento do Supremo Tribunal Federal, que em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, em 2011, reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. A norma abriu às mulheres solteiras a possibilidade de engravidar utilizando um banco de sêmen. São avanços pautados em contínuas negociações e mudanças comportamentais. Afinal, o direito à reprodução é constitucional e impõe aos profissionais de saúde, aos empreendedores sociais e à sociedade novos desafios. O primeiro deles é se isentar de julgamentos morais e tentar compreender que cada novo arranjo familiar apresenta especificidades pautadas em direitos e deveres amparados pela Constituição. Por isso, a importância de disseminar adequadamente informações, a fim de evitar práticas discriminatórias. BERENICE ASSUMPÇÃO KIKUCHIi, doutoranda em Saúde e Desenvolvimento na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é empreendedora social da Rede Folha | empreendedorsocial | O desafio de entender novos arranjos familiares a partir da doação de óvulosConceber um filho faz parte do sonho da maioria das mulheres e dos homens. Sua não realização tende culturalmente a ser vista como perda de feminilidade/masculinidade ou inferioridade reprodutiva. A maternidade e a paternidade são associadas ainda à ideia de realização pessoal, poder e felicidade. Isso é corroborado nas redes sociais, vide tantas etapas do ciclo reprodutivo compartilhadas. A infertilidade também faz parte dessa tendência: opiniões, ofertas de ajuda, recomendações populares e científicas aparecem para "devolver a felicidade aos casais". Entre o regozijo e o infortúnio, as cobranças aumentam, demonstrando que maternidade e paternidade não são mais uma decisão pessoal, mas coletiva. É nesse contexto que a doação de óvulos ou sêmen e a fertilização in vitro colocam-se como aliados. Um processo no qual estão envolvidos vários indivíduos, além do doador ou doadora. É preciso pensar na mulher que doa o óvulo e no seu companheiro ou companheira, no homem doador e na sua companheira ou companheiro, assim como na gestante substituta e em seu parceiro, bem como nas crianças. Com base na doação e recepção de óvulos, por exemplo, novos arranjos familiares, genéticos e hereditários são constituídos. O fato é que formas de organização, papéis familiares e relações de afeto independem de laços consanguíneos. Dessa forma, rompe-se o modelo tradicional de família, constituída a partir da união erótico sexual estável entre um homem e uma mulher. No qual, o patrimônio genético familiar, os bens sociais, culturais e de herança estão ligados a tal arranjo. Doação de óvulo constitui um dos procedimentos da reprodução humana assistida (RHA). A princípio, o objetivo da doação era propiciar que mulheres sem ovócitos ou que não os tivesse saudáveis pudessem ter filhos. A fecundação in vitro pode ocorrer também por substituição. É a popular "barriga de aluguel". No Brasil, ela deve ocorrer entre familiares, podendo se estender até a quarta geração da parentela. Assim, mulheres que apresentam alterações anatômicas do útero ou que têm contraindicação clínica de engravidar podem recorrer à reprodução de substituição. Pares homoafetivos também se valem dessa possibilidade para gerar seus próprios filhos. O que pode ocorrer com sêmen do marido ou companheiro ou com sêmen ou óvulo de terceiro. A doação, no entanto, não pode ser comercial nem lucrativa. A identidade dos doadores e receptores também não pode ser revelada. A idade limite para as doações é de 35 anos para mulheres e 50 para homens. Como no Brasil ainda não existe uma legislação que respalde juridicamente a reprodução assistida, o CFM (Conselho Federal de Medicina) vem suprindo essa lacuna por meio de resoluções, disciplinando eticamente os procedimentos. Apesar de não terem força de Lei e serem direcionadas apenas aos profissionais médicos, elas são o único instrumento a ordenar as práticas na área. Em 2013, por exemplo, o o CFM baixou uma resolução incluindo os pares homoafetivos e as mulheres solteiras entre os possíveis beneficiários de tecnologias reprodutivas, ampliando as possibilidades de novos arranjos familiares. A última resolução está pautada no posicionamento do Supremo Tribunal Federal, que em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, em 2011, reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. A norma abriu às mulheres solteiras a possibilidade de engravidar utilizando um banco de sêmen. São avanços pautados em contínuas negociações e mudanças comportamentais. Afinal, o direito à reprodução é constitucional e impõe aos profissionais de saúde, aos empreendedores sociais e à sociedade novos desafios. O primeiro deles é se isentar de julgamentos morais e tentar compreender que cada novo arranjo familiar apresenta especificidades pautadas em direitos e deveres amparados pela Constituição. Por isso, a importância de disseminar adequadamente informações, a fim de evitar práticas discriminatórias. BERENICE ASSUMPÇÃO KIKUCHIi, doutoranda em Saúde e Desenvolvimento na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é empreendedora social da Rede Folha | 20 |
Ladeira abaixo | Há meses se afirma que, no Brasil de hoje, já não se pode distinguir a fronteira que separa a crise econômica da política. É certo, no entanto, que as duas dimensões dessa onda de turbulências se alimentam de forma mútua, num círculo vicioso interminável e penoso para toda a sociedade. Uma das possíveis consequências desse quadro caótico e paralisante foi anunciada dias atrás pela Moody's, empresa norte-americana de classificação de risco. A agência colocou a nota brasileira em revisão para rebaixamento. Com isso, num prazo de três meses, o país pode perder o selo de bom pagador –nesse caso, diversos investidores deixariam de trazer seu dinheiro para cá. Na avaliação da Moody's, não há sinais de que o sistema político será capaz de gerar um consenso para começar a ajustar as contas públicas em 2016. Análise semelhante fez a congênere Standard & Poor's, que em setembro classificou o Brasil como destino arriscado para os recursos. Sem um ajuste que estabilize a dívida pública, o cenário mais provável será a redução ainda maior da confiança de empresários e consumidores, reforçando a tendência recessiva. A recessão, por sua vez, faz contrair ainda mais a arrecadação de impostos –o que resulta em escalada do endividamento. Alguns economistas alinhados ao governo e à própria presidente Dilma Rousseff (PT) costumam dizer que a dívida pública, em torno de 67% do PIB atualmente (e em trajetória de crescimento acelerado), ainda é baixa nas comparações internacionais. Os Estados Unidos e vários países europeus têm débitos de 90% a 130% do PIB. Trata-se de comparação equivocada. A fatia do patrimônio das famílias e das empresas que está comprometida com o financiamento do governo no Brasil é muito maior do que nos EUA, por exemplo. Assim, qualquer deterioração das contas públicas tem impacto mais forte aqui –uma das razões para os juros escorchantes no país. Diante do óbvio, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, houve por bem reconhecer que o alerta da Moody´s "reflete a realidade". A isso ele ainda acrescentou: "Se você não se organiza, não tem união, o resultado é sério". Organização, de fato, é item escasso no Planalto. Chegado quase o fim do ano, ainda não se tem nenhuma ideia de qual será a meta de superavit do Orçamento para 2016. Levy continua a defender 0,7% do PIB, mas outros membros da equipe (se é que cabe o termo) e a ala política do governo querem maior espaço para gastos. Tampouco há clareza sobre um conjunto mínimo de medidas estruturais, como uma reforma na Previdência, que poderia reforçar a confiança e comprar tempo para um ajuste mais lento nas contas. Mas não há, no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), nada que se assemelhe a um plano. [email protected] | opiniao | Ladeira abaixoHá meses se afirma que, no Brasil de hoje, já não se pode distinguir a fronteira que separa a crise econômica da política. É certo, no entanto, que as duas dimensões dessa onda de turbulências se alimentam de forma mútua, num círculo vicioso interminável e penoso para toda a sociedade. Uma das possíveis consequências desse quadro caótico e paralisante foi anunciada dias atrás pela Moody's, empresa norte-americana de classificação de risco. A agência colocou a nota brasileira em revisão para rebaixamento. Com isso, num prazo de três meses, o país pode perder o selo de bom pagador –nesse caso, diversos investidores deixariam de trazer seu dinheiro para cá. Na avaliação da Moody's, não há sinais de que o sistema político será capaz de gerar um consenso para começar a ajustar as contas públicas em 2016. Análise semelhante fez a congênere Standard & Poor's, que em setembro classificou o Brasil como destino arriscado para os recursos. Sem um ajuste que estabilize a dívida pública, o cenário mais provável será a redução ainda maior da confiança de empresários e consumidores, reforçando a tendência recessiva. A recessão, por sua vez, faz contrair ainda mais a arrecadação de impostos –o que resulta em escalada do endividamento. Alguns economistas alinhados ao governo e à própria presidente Dilma Rousseff (PT) costumam dizer que a dívida pública, em torno de 67% do PIB atualmente (e em trajetória de crescimento acelerado), ainda é baixa nas comparações internacionais. Os Estados Unidos e vários países europeus têm débitos de 90% a 130% do PIB. Trata-se de comparação equivocada. A fatia do patrimônio das famílias e das empresas que está comprometida com o financiamento do governo no Brasil é muito maior do que nos EUA, por exemplo. Assim, qualquer deterioração das contas públicas tem impacto mais forte aqui –uma das razões para os juros escorchantes no país. Diante do óbvio, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, houve por bem reconhecer que o alerta da Moody´s "reflete a realidade". A isso ele ainda acrescentou: "Se você não se organiza, não tem união, o resultado é sério". Organização, de fato, é item escasso no Planalto. Chegado quase o fim do ano, ainda não se tem nenhuma ideia de qual será a meta de superavit do Orçamento para 2016. Levy continua a defender 0,7% do PIB, mas outros membros da equipe (se é que cabe o termo) e a ala política do governo querem maior espaço para gastos. Tampouco há clareza sobre um conjunto mínimo de medidas estruturais, como uma reforma na Previdência, que poderia reforçar a confiança e comprar tempo para um ajuste mais lento nas contas. Mas não há, no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), nada que se assemelhe a um plano. [email protected] | 7 |
Rede carioca com pegada natural chega a SP com sucos, açaí e sanduíches | DE SÃO PAULO Apesar do nome, "Balada Mix" é um restaurante. Na próxima quarta-feira (7), uma unidade da rede (com 27 pontos no Rio) chega à capital paulista, unindo-se a outras de pegada saudável na zona oeste da cidade, como a Frutaria São Paulo e o novo Bio. A espaçosa casa no Itaim Bibi, de tema tropical na decoração, servirá sanduíches, saladas, sucos e açaís e fica, estrategicamente, perto do Parque do Povo, um atrativo para seu público saudável. São exemplos do cardápio omelete de shiitake e queijo minas (R$ 27,90), sanduíche de salmão e cream cheese (R$ 39,90), estrogonofe com molho de iogurte (R$ 32,90) e suco de fruta-do-conde e maracujá (R$ 12,90). Há ainda grelhados com uma lista de acompanhamentos para eleger e pratos não tão light, como o filé com batata frita, cebola crispy e molho de ervas (R$ 49,90). A unidade paulistana também terá happy hour. Balada Mix. R. Tabapuã, 1.393, Itaim Bibi, tel. 3071-3881 | saopaulo | Rede carioca com pegada natural chega a SP com sucos, açaí e sanduíchesDE SÃO PAULO Apesar do nome, "Balada Mix" é um restaurante. Na próxima quarta-feira (7), uma unidade da rede (com 27 pontos no Rio) chega à capital paulista, unindo-se a outras de pegada saudável na zona oeste da cidade, como a Frutaria São Paulo e o novo Bio. A espaçosa casa no Itaim Bibi, de tema tropical na decoração, servirá sanduíches, saladas, sucos e açaís e fica, estrategicamente, perto do Parque do Povo, um atrativo para seu público saudável. São exemplos do cardápio omelete de shiitake e queijo minas (R$ 27,90), sanduíche de salmão e cream cheese (R$ 39,90), estrogonofe com molho de iogurte (R$ 32,90) e suco de fruta-do-conde e maracujá (R$ 12,90). Há ainda grelhados com uma lista de acompanhamentos para eleger e pratos não tão light, como o filé com batata frita, cebola crispy e molho de ervas (R$ 49,90). A unidade paulistana também terá happy hour. Balada Mix. R. Tabapuã, 1.393, Itaim Bibi, tel. 3071-3881 | 9 |
Rússia aumenta presença militar na região da Ucrânia após suposto ataque | A Marinha russa anunciou nesta quinta-feira (11) exercícios militares no mar Negro, um dia depois de o presidente Vladimir Putin ter acusado a Ucrânia de tentar provocar um conflito pela Crimeia. A Rússia anexou a Crimeia em 2014, após manifestações em Kiev terem levado ao fim do governo de Viktor Yanukovitch, alinhado a Moscou. O gesto levou a uma série de embates entre o governo ucraniano e separatistas pró-Rússia no leste do país. A violência vinha arrefecendo, simultaneamente às tentativas de levar adiante um processo de paz. As tensões em torno da Crimeia, no entanto, voltaram nesta semana aos altos níveis de dois anos atrás e podem comprometer os avanços recentes. Havia planos de diálogo às vésperas do encontro do G-20 (grupo das maiores economias do mundo) na China, em setembro. Putin afirma que, agora, tais conversas não têm mais razão de acontecer. Há um receio de que Putin possa utilizar esses atritos para influenciar as negociações de paz a seu favor. A tensão na Crimeia poderia ajudá-lo a pressionar Washington por acordos mais favoráveis em relação à Ucrânia e à Síria antes do fim do mandato de Barack Obama. Para a União Europeia e os Estados Unidos, a decisão de suspender as sanções financeiras contra a Rússia está condicionada a um diálogo entre Moscou e Kiev. Putin também poderia agir tendo em vista as eleições parlamentares russas de setembro, mobilizando setores nacionalistas da população em torno da crise regional. ALERTA Moscou acusa Kiev de ter enviado sabotadores à Crimeia para realizar ataques terroristas e desestabilizar a região. A Ucrânia nega. Segundo as agências de notícias, a Rússia tem nos últimos dias concentrado tropas na fronteira ucraniana com a Crimeia. Moradores da região fronteiriça afirmam ter testemunhado a chegada de equipamentos de guerra mais modernos e o voo de caças. Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, afirmou ter ordenado o mais alto estado de alerta nessa região, além de prontidão ao combate. O mandatário busca simultaneamente dialogar com urgência com Putin e com outros líderes internacionais, incluindo Joe Biden, vice-presidente americano. | mundo | Rússia aumenta presença militar na região da Ucrânia após suposto ataqueA Marinha russa anunciou nesta quinta-feira (11) exercícios militares no mar Negro, um dia depois de o presidente Vladimir Putin ter acusado a Ucrânia de tentar provocar um conflito pela Crimeia. A Rússia anexou a Crimeia em 2014, após manifestações em Kiev terem levado ao fim do governo de Viktor Yanukovitch, alinhado a Moscou. O gesto levou a uma série de embates entre o governo ucraniano e separatistas pró-Rússia no leste do país. A violência vinha arrefecendo, simultaneamente às tentativas de levar adiante um processo de paz. As tensões em torno da Crimeia, no entanto, voltaram nesta semana aos altos níveis de dois anos atrás e podem comprometer os avanços recentes. Havia planos de diálogo às vésperas do encontro do G-20 (grupo das maiores economias do mundo) na China, em setembro. Putin afirma que, agora, tais conversas não têm mais razão de acontecer. Há um receio de que Putin possa utilizar esses atritos para influenciar as negociações de paz a seu favor. A tensão na Crimeia poderia ajudá-lo a pressionar Washington por acordos mais favoráveis em relação à Ucrânia e à Síria antes do fim do mandato de Barack Obama. Para a União Europeia e os Estados Unidos, a decisão de suspender as sanções financeiras contra a Rússia está condicionada a um diálogo entre Moscou e Kiev. Putin também poderia agir tendo em vista as eleições parlamentares russas de setembro, mobilizando setores nacionalistas da população em torno da crise regional. ALERTA Moscou acusa Kiev de ter enviado sabotadores à Crimeia para realizar ataques terroristas e desestabilizar a região. A Ucrânia nega. Segundo as agências de notícias, a Rússia tem nos últimos dias concentrado tropas na fronteira ucraniana com a Crimeia. Moradores da região fronteiriça afirmam ter testemunhado a chegada de equipamentos de guerra mais modernos e o voo de caças. Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, afirmou ter ordenado o mais alto estado de alerta nessa região, além de prontidão ao combate. O mandatário busca simultaneamente dialogar com urgência com Putin e com outros líderes internacionais, incluindo Joe Biden, vice-presidente americano. | 4 |
'O Turista Aprendiz', de Mário de Andrade, é relançado | Foram mais de 30 anos fora de catálogo, mas agora um dos relatos de viagem mais importantes da literatura brasileira está de volta. "O Turista Aprendiz", diário de duas viagens de Mário de Andrade -uma para a Amazônia e outra para o Nordeste-, acaba de ser relançado. Organizado em 1976 por Telê Ancona Lopes, pesquisadora da USP e uma das maiores especialistas na obra andradiana do país, "O Turista..." traz as impressões de Mário nas duas expedições. A primeira, que ocorreu de maio a agosto de 1927, rendeu material que depois foi parar em "Macunaíma". A segunda, com caráter mais etnográfico, feita entre novembro de 1928 e fevereiro de 1929, é um registro da cultura popular no período. O relançamento é uma parceria entre o Ieb-Usp (Instituto de Estudos Brasileiros) e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Além da professora Telê, a nova edição é organizada também por Tatiana Longo Figueiredo. Durante as viagens, Mário também se arriscou como fotógrafo, usando sua "Codaque", como chamava sua câmera. A nova edição de "O Turista Aprendiz" traz um CD-ROM com essas imagens, que, além de registrarem os locais por onde ele passou, mostram o modernista em momentos descontraídos -às vezes usando trajes de banho, como na Praia do Chapéu Virado, no Pará. Um DVD traz o documentário "A Casa de Mário" , dirigido por Luiz Bargman, sobre o local onde o escritor viveu em São Paulo, na rua Lopes Chaves. "São duas viagens muito importantes. Além da importância como documentação, é um saboroso guia de viagens", afirma Eduardo Jardim, biógrafo do modernista. "O livro continua importante para a academia, mas também pode alcançar um público mais amplo." Jardim ressalta ainda que, ao fazer os registros etnográficos, Mário sabia que aquelas manifestações populares podiam desaparecer com a urbanização do Brasil. Algumas passagens de "O Turista Aprendiz" hoje são lendárias, como a que o modernista conta como teve seu "corpo fechado" em uma casa de catimbó de Natal. "Isso começou me divertindo, o ritmo era gostoso, e, defumação principiada, me tomou uma prodigiosa vontade de rir", escreve o autor sobre a cerimônia religiosa. Mário de Andrade faz um registro das roupas, das comidas e dos hábitos dos locais que visita. Além da música, é claro, parte importante de "O Turista Aprendiz" -como as canções dos carregadores de piano do sertão ou dos mendigos. "Mário mostra o Brasil como uma unidade cheia de diversidade, mas uma diversidade cheia de tensões", diz Eduardo Jardim. LEIA TRECHOS DO DIÁRIO: Natal, 28 de dezembro de 1928 Hoje, última sexta-feira do ano, apesar do dia ser par, era muito propício para coisas de feitiçaria. Por isso aproveitei pra "fechar o corpo" no catimbó de dona Plastina, lá no fundo dum bairro pobre, sem iluminação, sem bonde, branquejado pelo areão das dunas. (...) Não tem mais melefício nem da terra nem das águas, nem de por baixo da terra nem dos ares que me venha atentar, estou de corpo fechado. Mestre Xaramundi desceu pela rama da jurema, limpador de "matéria" (corpo) e me alimpou." Automóvel, 3 de fevereiro de 1929 Serão 13 horas talvez, não sei... Ando já meio perdendo a noção de horário nesta vida viajeira. Até a noção dos nomes topográficos. Me esqueço de perguntar por onde passo, ando misturando tanto as coisas que deixei de ser um indivíduo compreensivo para me tornar essencialmente, unicamente mesmo, sensitivo." | ilustrada | 'O Turista Aprendiz', de Mário de Andrade, é relançadoForam mais de 30 anos fora de catálogo, mas agora um dos relatos de viagem mais importantes da literatura brasileira está de volta. "O Turista Aprendiz", diário de duas viagens de Mário de Andrade -uma para a Amazônia e outra para o Nordeste-, acaba de ser relançado. Organizado em 1976 por Telê Ancona Lopes, pesquisadora da USP e uma das maiores especialistas na obra andradiana do país, "O Turista..." traz as impressões de Mário nas duas expedições. A primeira, que ocorreu de maio a agosto de 1927, rendeu material que depois foi parar em "Macunaíma". A segunda, com caráter mais etnográfico, feita entre novembro de 1928 e fevereiro de 1929, é um registro da cultura popular no período. O relançamento é uma parceria entre o Ieb-Usp (Instituto de Estudos Brasileiros) e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Além da professora Telê, a nova edição é organizada também por Tatiana Longo Figueiredo. Durante as viagens, Mário também se arriscou como fotógrafo, usando sua "Codaque", como chamava sua câmera. A nova edição de "O Turista Aprendiz" traz um CD-ROM com essas imagens, que, além de registrarem os locais por onde ele passou, mostram o modernista em momentos descontraídos -às vezes usando trajes de banho, como na Praia do Chapéu Virado, no Pará. Um DVD traz o documentário "A Casa de Mário" , dirigido por Luiz Bargman, sobre o local onde o escritor viveu em São Paulo, na rua Lopes Chaves. "São duas viagens muito importantes. Além da importância como documentação, é um saboroso guia de viagens", afirma Eduardo Jardim, biógrafo do modernista. "O livro continua importante para a academia, mas também pode alcançar um público mais amplo." Jardim ressalta ainda que, ao fazer os registros etnográficos, Mário sabia que aquelas manifestações populares podiam desaparecer com a urbanização do Brasil. Algumas passagens de "O Turista Aprendiz" hoje são lendárias, como a que o modernista conta como teve seu "corpo fechado" em uma casa de catimbó de Natal. "Isso começou me divertindo, o ritmo era gostoso, e, defumação principiada, me tomou uma prodigiosa vontade de rir", escreve o autor sobre a cerimônia religiosa. Mário de Andrade faz um registro das roupas, das comidas e dos hábitos dos locais que visita. Além da música, é claro, parte importante de "O Turista Aprendiz" -como as canções dos carregadores de piano do sertão ou dos mendigos. "Mário mostra o Brasil como uma unidade cheia de diversidade, mas uma diversidade cheia de tensões", diz Eduardo Jardim. LEIA TRECHOS DO DIÁRIO: Natal, 28 de dezembro de 1928 Hoje, última sexta-feira do ano, apesar do dia ser par, era muito propício para coisas de feitiçaria. Por isso aproveitei pra "fechar o corpo" no catimbó de dona Plastina, lá no fundo dum bairro pobre, sem iluminação, sem bonde, branquejado pelo areão das dunas. (...) Não tem mais melefício nem da terra nem das águas, nem de por baixo da terra nem dos ares que me venha atentar, estou de corpo fechado. Mestre Xaramundi desceu pela rama da jurema, limpador de "matéria" (corpo) e me alimpou." Automóvel, 3 de fevereiro de 1929 Serão 13 horas talvez, não sei... Ando já meio perdendo a noção de horário nesta vida viajeira. Até a noção dos nomes topográficos. Me esqueço de perguntar por onde passo, ando misturando tanto as coisas que deixei de ser um indivíduo compreensivo para me tornar essencialmente, unicamente mesmo, sensitivo." | 6 |
Familiares de jovens assassinados no Rio vão pedir indenização ao Estado | A Defensoria Pública do Rio anunciou nesta terça feira (1º) que vai prestar assistência às famílias de ao menos dois dos cinco jovens assassinados por policiais militares no último sábado (27), em Costa Barros, na zona norte do Rio. Os defensores vão buscar um acordo com o Estado tentar agilizar uma possível indenização financeira por danos materiais e morais às famílias. Os valores solicitados não foram divulgados. Outra alternativa para se obter uma compensação financeira seria processar o Estado. Os advogados, no entanto, consideram que a conclusão do processo custaria muito tempo. A defesa será conduzida pelos advogados Fábio Amado e Daniel Lozoya, membros do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh). Em outra frente, os defensores afirmaram que vão cooperar com o Ministério Público na busca por uma punição aos policiais suspeitos pelas mortes. É atribuição da promotoria oferecer uma denúncia. Rafael Mota Gomes, primo de Wilton, pediu uma punição dura aos suspeitos. "Não queremos que eles fiquem presos somente por poucos meses, para depois saírem e matarem mais negros pobres", disse. Durante a coletiva, Rosiléia Castro, mãe de Wesley, admitiu que o filho tinha uma acusação por tráfico de drogas. Ressaltou, porém, que o jovem foi absolvido. "Sei que uma punição (ao estado e assassinos) não vai trazer meu único filho de volta, mas eu preciso defendê-lo", afirmou Rosiléia, bastante emocionada. Os cinco jovens foram fuzilados por três policiais quando voltavam do Parque de Madureira no sábado. Os rapazes tinha idade entre 16 e 20 anos. Ao fazer o registro de ocorrência, os agentes informaram que estavam perseguindo um caminhão de bebidas que havia sido roubado nas imediações do Complexo da Lagartixa, na zona norte, onde os jovens residiam. Ainda na versão dos PMs, os jovens estariam escoltando o caminhão e fizeram disparos contra a viatura. A perícia, no entanto, considera que os policiais mentiram. Os agentes Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos e Antonio Carlos Gonçalves Filho foram presos em flagrante por homicídio doloso e fraude processual. O policial militar Fabio Pizza Oliveira da Silva, por sua vez, foi preso por fraude processual, porque ele não teria feito disparos. As famílias das vítimas Wilton Esteves Domingos Júnior, 20, e Wesley Castro Rodrigues foram as primeiras a aceitar o apoio da defensoria. O órgão vai entrar em contato com as demais famílias para oferecer assistência. | cotidiano | Familiares de jovens assassinados no Rio vão pedir indenização ao EstadoA Defensoria Pública do Rio anunciou nesta terça feira (1º) que vai prestar assistência às famílias de ao menos dois dos cinco jovens assassinados por policiais militares no último sábado (27), em Costa Barros, na zona norte do Rio. Os defensores vão buscar um acordo com o Estado tentar agilizar uma possível indenização financeira por danos materiais e morais às famílias. Os valores solicitados não foram divulgados. Outra alternativa para se obter uma compensação financeira seria processar o Estado. Os advogados, no entanto, consideram que a conclusão do processo custaria muito tempo. A defesa será conduzida pelos advogados Fábio Amado e Daniel Lozoya, membros do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh). Em outra frente, os defensores afirmaram que vão cooperar com o Ministério Público na busca por uma punição aos policiais suspeitos pelas mortes. É atribuição da promotoria oferecer uma denúncia. Rafael Mota Gomes, primo de Wilton, pediu uma punição dura aos suspeitos. "Não queremos que eles fiquem presos somente por poucos meses, para depois saírem e matarem mais negros pobres", disse. Durante a coletiva, Rosiléia Castro, mãe de Wesley, admitiu que o filho tinha uma acusação por tráfico de drogas. Ressaltou, porém, que o jovem foi absolvido. "Sei que uma punição (ao estado e assassinos) não vai trazer meu único filho de volta, mas eu preciso defendê-lo", afirmou Rosiléia, bastante emocionada. Os cinco jovens foram fuzilados por três policiais quando voltavam do Parque de Madureira no sábado. Os rapazes tinha idade entre 16 e 20 anos. Ao fazer o registro de ocorrência, os agentes informaram que estavam perseguindo um caminhão de bebidas que havia sido roubado nas imediações do Complexo da Lagartixa, na zona norte, onde os jovens residiam. Ainda na versão dos PMs, os jovens estariam escoltando o caminhão e fizeram disparos contra a viatura. A perícia, no entanto, considera que os policiais mentiram. Os agentes Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos e Antonio Carlos Gonçalves Filho foram presos em flagrante por homicídio doloso e fraude processual. O policial militar Fabio Pizza Oliveira da Silva, por sua vez, foi preso por fraude processual, porque ele não teria feito disparos. As famílias das vítimas Wilton Esteves Domingos Júnior, 20, e Wesley Castro Rodrigues foram as primeiras a aceitar o apoio da defensoria. O órgão vai entrar em contato com as demais famílias para oferecer assistência. | 5 |
Literatura portuguesa naufraga no Brasil | A proposta beira o absurdo. O Ministério da Educação, por meio do documento intitulado Base Nacional Comum Curricular, elimina a obrigatoriedade do estudo da literatura portuguesa, como se, até hoje, ela tivesse sido desnecessária à educação dos jovens que conseguiram terminar o ensino médio. Desde a primeira proposta da reforma ortográfica agora vigente, o governo brasileiro argumentava a favor da padronização linguística, dadas as afinidades culturais e a unidade em torno da língua dos países de fala e escrita portuguesa. A lusofonia, afinal. Falamos o mesmo idioma? Então somos irmãos. Linguistas, literatos, gramáticos, historiadores, intelectuais em geral não foram convidados ao debate. E hoje ocorre o mesmo com a discussão da base curricular. Quem elaborou as atuais propostas? Ninguém sabe, ninguém viu. O projeto do MEC para o ensino da literatura nesse segmento apresenta inovações, já adotadas por alguns colégios menos formalistas, como a inversão temporal da sequência da história literária: os alunos do primeiro ano leriam autores contemporâneos e, nas séries seguintes, mais maduros e preparados, teriam contato com obras de períodos anteriores. Também louvável é a ênfase ao estudo da contribuição dos países africanos de língua portuguesa e à cultura dos povos indígenas. Como, porém, apagar Europa e Portugal de nossas origens? Tirando do mapa? Surgiram artigos, nem todos contundentes, sobre a base curricular, mais focados, porém, na área de história –e um tantinho na linguagem, na norma dita padrão e na gramática. O resto é silêncio. É difícil imaginar uma justificativa para a discriminação da cultura europeia e da literatura portuguesa. Será que, mais uma vez, a seleção de conteúdos foi contaminada por um viés político e ideológico anacrônico? Já que Portugal teria sido uma metrópole colonialista europeia que explorou as riquezas de suas colônias e escravizou populações negras e indígenas na América e na África, agora seria o momento de dar voz à cultura dos oprimidos, em detrimento da Europa elitista e opressora. Escritores lúcidos e críticos ao processo político colonizador lusitano, como os portugueses José Saramago e António Lobo Antunes, não poderiam ser estudados por não serem africanos, tal qual o moçambicano Mia Couto. A Base Nacional Comum Curricular cobre apenas um rol mínimo de informações e conceitos obrigatórios, a serem complementados com outros tantos conteúdos de cunho eletivo ou facultativo. Mas deveria o estudo da literatura portuguesa ser opcional? Camões e Fernando Pessoa, sem falar do Padre Antônio Vieira e de Eça de Queiroz, dependem agora do gosto e/ou da escolha de colégios ou professores? Como compreender a cultura popular nordestina, suas canções, seus repentes, seus cantos de aboiar, sua literatura de cordel, sem reconhecer a presença da literatura medieval da Península Ibérica, em particular as cantigas trovadorescas e as novelas de cavalaria? E "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, e "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, nada devem ao teatro humanista português de um Gil Vicente? Fugir ao diálogo Brasil/Portugal é negar origens e contextos produtivos. A quem interessa mudar tanto o programa de literatura? Em que buraco negro estão as milhares de sugestões feitas por quem tem conhecimento da base curricular? O que fazer com as toneladas de livros didáticos já oferecidas anteriormente pelo próprio MEC às escolas públicas e/ou compradas pelas famílias de alunos de escolas particulares? Como atualizar os professores que aprenderam literatura portuguesa, por vezes a duras custas? Passaremos a ter melhores classificações nas avaliações internacionais sem a cultura europeia e a literatura portuguesa? Seremos mais finlandeses, talvez. FLORA BENDER GARCIA é doutora em teoria literária e literatura comparada pela USP JOSÉ RUY LOZANO é autor de livros didáticos e professor de produção textual do Instituto Sidarta * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Literatura portuguesa naufraga no BrasilA proposta beira o absurdo. O Ministério da Educação, por meio do documento intitulado Base Nacional Comum Curricular, elimina a obrigatoriedade do estudo da literatura portuguesa, como se, até hoje, ela tivesse sido desnecessária à educação dos jovens que conseguiram terminar o ensino médio. Desde a primeira proposta da reforma ortográfica agora vigente, o governo brasileiro argumentava a favor da padronização linguística, dadas as afinidades culturais e a unidade em torno da língua dos países de fala e escrita portuguesa. A lusofonia, afinal. Falamos o mesmo idioma? Então somos irmãos. Linguistas, literatos, gramáticos, historiadores, intelectuais em geral não foram convidados ao debate. E hoje ocorre o mesmo com a discussão da base curricular. Quem elaborou as atuais propostas? Ninguém sabe, ninguém viu. O projeto do MEC para o ensino da literatura nesse segmento apresenta inovações, já adotadas por alguns colégios menos formalistas, como a inversão temporal da sequência da história literária: os alunos do primeiro ano leriam autores contemporâneos e, nas séries seguintes, mais maduros e preparados, teriam contato com obras de períodos anteriores. Também louvável é a ênfase ao estudo da contribuição dos países africanos de língua portuguesa e à cultura dos povos indígenas. Como, porém, apagar Europa e Portugal de nossas origens? Tirando do mapa? Surgiram artigos, nem todos contundentes, sobre a base curricular, mais focados, porém, na área de história –e um tantinho na linguagem, na norma dita padrão e na gramática. O resto é silêncio. É difícil imaginar uma justificativa para a discriminação da cultura europeia e da literatura portuguesa. Será que, mais uma vez, a seleção de conteúdos foi contaminada por um viés político e ideológico anacrônico? Já que Portugal teria sido uma metrópole colonialista europeia que explorou as riquezas de suas colônias e escravizou populações negras e indígenas na América e na África, agora seria o momento de dar voz à cultura dos oprimidos, em detrimento da Europa elitista e opressora. Escritores lúcidos e críticos ao processo político colonizador lusitano, como os portugueses José Saramago e António Lobo Antunes, não poderiam ser estudados por não serem africanos, tal qual o moçambicano Mia Couto. A Base Nacional Comum Curricular cobre apenas um rol mínimo de informações e conceitos obrigatórios, a serem complementados com outros tantos conteúdos de cunho eletivo ou facultativo. Mas deveria o estudo da literatura portuguesa ser opcional? Camões e Fernando Pessoa, sem falar do Padre Antônio Vieira e de Eça de Queiroz, dependem agora do gosto e/ou da escolha de colégios ou professores? Como compreender a cultura popular nordestina, suas canções, seus repentes, seus cantos de aboiar, sua literatura de cordel, sem reconhecer a presença da literatura medieval da Península Ibérica, em particular as cantigas trovadorescas e as novelas de cavalaria? E "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, e "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, nada devem ao teatro humanista português de um Gil Vicente? Fugir ao diálogo Brasil/Portugal é negar origens e contextos produtivos. A quem interessa mudar tanto o programa de literatura? Em que buraco negro estão as milhares de sugestões feitas por quem tem conhecimento da base curricular? O que fazer com as toneladas de livros didáticos já oferecidas anteriormente pelo próprio MEC às escolas públicas e/ou compradas pelas famílias de alunos de escolas particulares? Como atualizar os professores que aprenderam literatura portuguesa, por vezes a duras custas? Passaremos a ter melhores classificações nas avaliações internacionais sem a cultura europeia e a literatura portuguesa? Seremos mais finlandeses, talvez. FLORA BENDER GARCIA é doutora em teoria literária e literatura comparada pela USP JOSÉ RUY LOZANO é autor de livros didáticos e professor de produção textual do Instituto Sidarta * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
Coreia do Norte executa vice-premiê e pune outros 2 funcionários, diz Seul | Um porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul afirmou nesta quarta-feira (31) que o regime da Coreia do Norte executou um vice-premiê e enviou dois outros funcionários de alto escalão para áreas rurais para "reeducação". Segundo o sul-coreano Jeong Joon Hee, o dirigente norte-coreano Kim Yong Jin, que estava a cargo de políticas de educação na função de vice-premiê dentro do gabinete do ditador Kim Jong-un, foi executado, mas não disse nem quando nem por que o regime tomou essa decisão. De acordo com o jornal sul-coreano "JoongAng Ilbo", o vice-premiê teria cochilado durante uma reunião com o ditador. Seul também informou que Kim Yong Chol, funcionário de Pyongyang responsável pelas ações de espionagem contra a Coreia do Sul, foi obrigado a passar por um período de "reeducação revolucionária", mas sem explicar os motivos. A mesma media teria sido tomada contra Choe Hwi, um antigo membro do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte (única legenda permitida no país) que trabalha no departamento de propaganda. Se as punições forem confirmadas, serão as últimas de uma série de execuções e expurgos a mando de Kim Jong-un desde que ele assumiu o poder, em dezembro de 2011, após a morte do pai, Kim Jong-il. | mundo | Coreia do Norte executa vice-premiê e pune outros 2 funcionários, diz SeulUm porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul afirmou nesta quarta-feira (31) que o regime da Coreia do Norte executou um vice-premiê e enviou dois outros funcionários de alto escalão para áreas rurais para "reeducação". Segundo o sul-coreano Jeong Joon Hee, o dirigente norte-coreano Kim Yong Jin, que estava a cargo de políticas de educação na função de vice-premiê dentro do gabinete do ditador Kim Jong-un, foi executado, mas não disse nem quando nem por que o regime tomou essa decisão. De acordo com o jornal sul-coreano "JoongAng Ilbo", o vice-premiê teria cochilado durante uma reunião com o ditador. Seul também informou que Kim Yong Chol, funcionário de Pyongyang responsável pelas ações de espionagem contra a Coreia do Sul, foi obrigado a passar por um período de "reeducação revolucionária", mas sem explicar os motivos. A mesma media teria sido tomada contra Choe Hwi, um antigo membro do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte (única legenda permitida no país) que trabalha no departamento de propaganda. Se as punições forem confirmadas, serão as últimas de uma série de execuções e expurgos a mando de Kim Jong-un desde que ele assumiu o poder, em dezembro de 2011, após a morte do pai, Kim Jong-il. | 4 |
Estudos comprovam papel protetor das estatinas | As doenças cardiovasculares são a causa principal de morte no Brasil. Elas são, na maioria das vezes, causadas pela combinação de fatores de risco como a hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, obesidade e colesterol alto no sangue. Como forma de prevenção dessas doenças e redução da mortalidade, as estatinas (drogas como a sinvastatina a atorvastatina e a rosuvastatina dentre outras) são usadas no país desde a década de 1980 por milhões de indivíduos com colesterol elevado. O papel protetor das estatinas, que vivenciamos no dia a dia do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foi demonstrado em robustos estudos que incluíram mais de 170 mil indivíduos com variados fatores de risco para a doença cardiovascular. Recentemente a revista britânica de alto prestígio "The Lancet" publicou um extenso e complexo artigo sobre os benefícios e efeitos colaterais das estatinas. Como todo tratamento preventivo na cardiologia, seu benefício demonstrou ser proporcional ao grau de risco de eventos cardiovasculares. Indivíduos de maior risco, como os que já apresentaram um problema cardiovascular ou aqueles com vários fatores de risco, têm o maior benefício. É sabido que os benefícios das estatinas decorrem principalmente de sua capacidade em baixar o LDL-colesterol do sangue, apesar da existência de outros efeitos desses medicamentos. Os estudos mostram claramente que uma diminuição do LDL-colesterol de 80 mg/dL é altamente eficiente para proteger o sistema cardiovascular principalmente de pessoas com doença cardíaca prévia, reduzindo a ocorrência de infartos, acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (AVC) e morte. Evidentemente, todo tratamento pode ter efeitos colaterais. Assim ocorre com as estatinas, que podem ocasionar miopatia (caracterizada por sintomas musculares como fraqueza ou aumento importante de enzimas musculares), dores musculares, diabetes (este último em pessoas previamente predispostas a esta doença) e um baixíssimo número de casos de sangramento cerebral. As Estatinas Não há evidência alguma que estatinas causem câncer. Pelo contrário, há algumas evidências iniciais que sugerem menor incidência e menor gravidade das neoplasias em pacientes usuários de estatinas. MATEMÁTICA Uma simples aritmética mostra claramente que o benefício supera em muito os riscos do tratamento e que as estatinas prolongam a vida quando bem indicadas. O medo dos efeitos colaterais desses medicamentos e sua suspensão, secundários à descrença sobre o papel do colesterol como causa da aterosclerose, dogma dos chamados céticos do colesterol, pode causar efeitos colaterais graves como 25% mais chance de se ter um infarto do miocárdio, e 18% mais chance de morte, como mostrado em um estudo realizado na Escandinávia. Para cada milhão de pessoas que se tratam com estatinas, haveria anualmente 100 casos de miopatia. Ao mesmo tempo, 20 mil casos anuais de eventos vasculares como AVC e infarto são evitados em indivíduos no mesmo número de usuários dos medicamentos. Isso sem contar que vários casos de miopatia talvez não tenham relação causal com o uso de estatinas. Obviamente as estatinas devem ser prescritas após uma extensa avaliação do risco de problemas cardiovasculares, e mantidas continuamente, pois o benefício será proporcional ao tempo de seu uso. Uma boa notícia é que em nosso país todas as estatinas são genéricas e pelo menos duas delas são fornecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). NOVAS DROGAS Para os verdadeiros intolerantes a esses fármacos, e para aqueles com gravíssimos problemas genéticos como no caso da hipercolesterolemia familiar, quando já se nasce com colesterol extremamente alto, uma nova classe de anticorpos monoclonais para baixar o colesterol foi recentemente aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Tratam-se de moléculas que atacam o alvo molecular PCSK9, impedindo que ele prejudique a remoção do LDL-colesterol da corrente sanguínea por células do fígado. Contudo, além dos elevados custos, esses novos fármacos precisam ainda percorrer um grande percurso para mostrarem-se superiores às estatinas na prevenção das doenças cardiovasculares e em sua segurança. * ROBERTO KALIL FILHO é professor titular da Faculdade de Medicina da USP, diretor geral do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês RAUL D. SANTOS é professor associado da Faculdade de Medicina da USP, diretor da unidade de lípides do InCor e assessor do Centro de Medicina Preventiva e do Hospital Israelita Albert Einstein, presidente eleito da Soc. Internacional de Aterosclerose | equilibrioesaude | Estudos comprovam papel protetor das estatinasAs doenças cardiovasculares são a causa principal de morte no Brasil. Elas são, na maioria das vezes, causadas pela combinação de fatores de risco como a hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, obesidade e colesterol alto no sangue. Como forma de prevenção dessas doenças e redução da mortalidade, as estatinas (drogas como a sinvastatina a atorvastatina e a rosuvastatina dentre outras) são usadas no país desde a década de 1980 por milhões de indivíduos com colesterol elevado. O papel protetor das estatinas, que vivenciamos no dia a dia do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foi demonstrado em robustos estudos que incluíram mais de 170 mil indivíduos com variados fatores de risco para a doença cardiovascular. Recentemente a revista britânica de alto prestígio "The Lancet" publicou um extenso e complexo artigo sobre os benefícios e efeitos colaterais das estatinas. Como todo tratamento preventivo na cardiologia, seu benefício demonstrou ser proporcional ao grau de risco de eventos cardiovasculares. Indivíduos de maior risco, como os que já apresentaram um problema cardiovascular ou aqueles com vários fatores de risco, têm o maior benefício. É sabido que os benefícios das estatinas decorrem principalmente de sua capacidade em baixar o LDL-colesterol do sangue, apesar da existência de outros efeitos desses medicamentos. Os estudos mostram claramente que uma diminuição do LDL-colesterol de 80 mg/dL é altamente eficiente para proteger o sistema cardiovascular principalmente de pessoas com doença cardíaca prévia, reduzindo a ocorrência de infartos, acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (AVC) e morte. Evidentemente, todo tratamento pode ter efeitos colaterais. Assim ocorre com as estatinas, que podem ocasionar miopatia (caracterizada por sintomas musculares como fraqueza ou aumento importante de enzimas musculares), dores musculares, diabetes (este último em pessoas previamente predispostas a esta doença) e um baixíssimo número de casos de sangramento cerebral. As Estatinas Não há evidência alguma que estatinas causem câncer. Pelo contrário, há algumas evidências iniciais que sugerem menor incidência e menor gravidade das neoplasias em pacientes usuários de estatinas. MATEMÁTICA Uma simples aritmética mostra claramente que o benefício supera em muito os riscos do tratamento e que as estatinas prolongam a vida quando bem indicadas. O medo dos efeitos colaterais desses medicamentos e sua suspensão, secundários à descrença sobre o papel do colesterol como causa da aterosclerose, dogma dos chamados céticos do colesterol, pode causar efeitos colaterais graves como 25% mais chance de se ter um infarto do miocárdio, e 18% mais chance de morte, como mostrado em um estudo realizado na Escandinávia. Para cada milhão de pessoas que se tratam com estatinas, haveria anualmente 100 casos de miopatia. Ao mesmo tempo, 20 mil casos anuais de eventos vasculares como AVC e infarto são evitados em indivíduos no mesmo número de usuários dos medicamentos. Isso sem contar que vários casos de miopatia talvez não tenham relação causal com o uso de estatinas. Obviamente as estatinas devem ser prescritas após uma extensa avaliação do risco de problemas cardiovasculares, e mantidas continuamente, pois o benefício será proporcional ao tempo de seu uso. Uma boa notícia é que em nosso país todas as estatinas são genéricas e pelo menos duas delas são fornecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). NOVAS DROGAS Para os verdadeiros intolerantes a esses fármacos, e para aqueles com gravíssimos problemas genéticos como no caso da hipercolesterolemia familiar, quando já se nasce com colesterol extremamente alto, uma nova classe de anticorpos monoclonais para baixar o colesterol foi recentemente aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Tratam-se de moléculas que atacam o alvo molecular PCSK9, impedindo que ele prejudique a remoção do LDL-colesterol da corrente sanguínea por células do fígado. Contudo, além dos elevados custos, esses novos fármacos precisam ainda percorrer um grande percurso para mostrarem-se superiores às estatinas na prevenção das doenças cardiovasculares e em sua segurança. * ROBERTO KALIL FILHO é professor titular da Faculdade de Medicina da USP, diretor geral do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês RAUL D. SANTOS é professor associado da Faculdade de Medicina da USP, diretor da unidade de lípides do InCor e assessor do Centro de Medicina Preventiva e do Hospital Israelita Albert Einstein, presidente eleito da Soc. Internacional de Aterosclerose | 16 |
Eremildo, o idiota, crê que Temer não sabia da manobra para salvar Dilma | Eremildo é um idiota e acredita em tudo o que Michel Temer diz, inclusive na afirmação de que foi surpreendido pela votação que garantiu os direitos políticos de Dilma Rousseff. O cretino é uma das poucas pessoas capazes de acreditar que uma coisa dessas acontece sem que Michel Temer saiba da manobra. Ele já tinha visto essa notícia nos jornais e viu o tamanho de sua idiotice quando o repórter Ilimar Franco revelou que o parecer amparando a iniciativa, pronto desde o início do mês, tinha o apoio de Renan Calheiros há duas semanas. O PSDB fica Assim como o PMDB nunca saiu do governo, o PSDB não sairá da base de Temer. Se Mário Covas não tivesse apitado, os tucanos teriam entrado para o governo de Fernando Collor. Filantropia Na primeira rodada de doações para a candidatura do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, a liderança ficou com o mineiro Walfrido dos Mares Guia. Ele doou R$ 300 mil, dinheiro que não lhe fará falta. Mares Guia, ex-ministro de Lula e ex-vice governador de Minas, é um empresário abonado, grande acionista do grupo Kroton, a maior empresa educacional do país, com 1,5 milhão de alunos. (Haddad foi ministro da Educação.) Atrapalhado no mensalão dos tucanos, Mares Guia foi beneficiado pela prescrição que beneficia cidadãos com mais de 70 anos. Em março passado, o empresário informou que habitualmente cedia seu jatinho a Lula: "O avião é meu. Empresto para quem desejo". Exílio e ócio A partir de amanhã, com muito gosto, o signatário tirará proveito de quatro semanas de exílio voluntário para exercitar o ócio. Leia os outros textos de Elio Gaspari deste domingo | colunas | Eremildo, o idiota, crê que Temer não sabia da manobra para salvar DilmaEremildo é um idiota e acredita em tudo o que Michel Temer diz, inclusive na afirmação de que foi surpreendido pela votação que garantiu os direitos políticos de Dilma Rousseff. O cretino é uma das poucas pessoas capazes de acreditar que uma coisa dessas acontece sem que Michel Temer saiba da manobra. Ele já tinha visto essa notícia nos jornais e viu o tamanho de sua idiotice quando o repórter Ilimar Franco revelou que o parecer amparando a iniciativa, pronto desde o início do mês, tinha o apoio de Renan Calheiros há duas semanas. O PSDB fica Assim como o PMDB nunca saiu do governo, o PSDB não sairá da base de Temer. Se Mário Covas não tivesse apitado, os tucanos teriam entrado para o governo de Fernando Collor. Filantropia Na primeira rodada de doações para a candidatura do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, a liderança ficou com o mineiro Walfrido dos Mares Guia. Ele doou R$ 300 mil, dinheiro que não lhe fará falta. Mares Guia, ex-ministro de Lula e ex-vice governador de Minas, é um empresário abonado, grande acionista do grupo Kroton, a maior empresa educacional do país, com 1,5 milhão de alunos. (Haddad foi ministro da Educação.) Atrapalhado no mensalão dos tucanos, Mares Guia foi beneficiado pela prescrição que beneficia cidadãos com mais de 70 anos. Em março passado, o empresário informou que habitualmente cedia seu jatinho a Lula: "O avião é meu. Empresto para quem desejo". Exílio e ócio A partir de amanhã, com muito gosto, o signatário tirará proveito de quatro semanas de exílio voluntário para exercitar o ócio. Leia os outros textos de Elio Gaspari deste domingo | 1 |
Disney terá hotel imersivo e parque inspirado em 'Star Wars' | A Disney anunciou sua nova área temática "Star Wars: Galaxy's Edge", inspirada na série de obras de ficção científica, com inauguração prevista para 2019. A divulgação foi feita por Bob Chapek, presidente da Walt Disney Parks and Resorts, durante o D23 Expo 2017, evento dedicado aos fãs da empresa que aconteceu na Califórnia entre os dias 14 e 16 deste mês. No "Galaxy's Edge", que vai ter uma área de mais de 56 mil metros quadrados, os visitantes poderão interagir com personagens dos filmes como o robô BB-8 e o alienígena Chewbacca. Os turistas também poderão participar de uma batalha pelo controle da galáxia, simulando uma guerra entre a Resistência e a Primeira Ordem, e pilotar a nave espacial Millennium Falcon. O primeiro local a receber a novidade será o Disneyland Park, em Anaheim, Califórnia. O Disney's Hollywood Studios, em Orlando, Flórida, deve também ganhar a atração em seguida. Chapek falou ainda sobre o projeto de construir um novo hotel temático e imersivo inspirado em Star Wars no Walt Disney World Resort, em Bay Lake, Flórida. O empreendimento ainda não tem data de inauguração. O transporte entre atrações ali também será renovado com o Disney Skyliner, um conjunto de teleféricos que dará uma visão panorâmica de todo o complexo, e o serviço Minnie Van, de carros estilizados que carregam os hóspedes pelo parque. * Estação de metrô ou galeria de arte? Em alguns lugares do mundo, pegar o transporte público pode ser uma experiência parecida com a de ir ao museu. Selecionamos cinco paradas de metrô entre as mais criativas pelo mundo; veja abaixo. Formosa Boulevard, Kaohsiung (Taiwan) Uma instalação com 30 metros de diâmetro e mais de 4.000 painéis de vidro ilumina a estação Olaias, Lisboa (Portugal) O projeto arquitetônico inseriu formas geométricas e painéis coloridos por toda a estação Westfriedhof, Munique (Alemanha) No teto, 11 lâmpadas com quase quatro metros de diâmetro cada emitem luz azul, amarela e vermelha Komsomolskaya, Moscou (Rússia) Na estação, aberta em 1952, a decoração fica por conta dos ornamentos barrocos e lustres Solna Centrum, Estocolmo (Suécia) Com a aparência de uma caverna avermelhada, essa estação abriga painéis de arte contemporânea * O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), abriu o seu "berçário" para os visitantes na última segunda-feira (24). Na chamada Sala de Filhotes, os turistas poderão acompanhar o trabalho de técnicos e veterinários que cuidam das aves e dos ovos ainda não chocados das mais de 140 espécies que existem por lá. Entre os pássaros, há flamingos e o mutum-de-alagoas, atualmente extinto da natureza. Antes, o local era fechado para visitação. Localizada na entrada do parque, a sala faz parte do percurso de aproximadamente 1,5 quilômetro que os visitantes podem percorrer e onde se pode ter contato com mais de 1.300 aves, algumas das quais pousam no braço das pessoas. O ingresso custa R$ 40. Mais em parquedasaves.com.br. * Turistas que gostam de cozinhar poderão participar de uma prova inspirada no reality show gastronômico "MasterChef" a bordo de navios da empresa italiana MSC. Os hóspedes serão convidados a pegar as panelas, sempre em duplas, para criar um prato a partir de ingredientes desconhecidos guardados em uma caixa -prova conhecida como "caixa surpresa" no programa. A diferença é que, no caso do cruzeiro, o chef do navio é quem avaliará a comida. O vencedor participará de um sorteio anual com os campeões de outros cruzeiros. Entre os prêmios está a presença na seletiva para a próxima edição do programa de TV. A atração estará disponível em navios que virão ao Brasil no fim do ano. * Depois de morar em sete países, o inglês Tony Danby, 49, que trabalha no mercado financeiro, se estabeleceu de vez em São Paulo, onde mora há dez anos com sua mulher brasileira. "Me encantei pela hospitalidade e pelo clima. Sempre que dá, procuro descobrir as belezas do país e descansar fora do agito da capital", conta. Ele indica quatro lugares para relaxar Praia dos Carneiros (PE) "Fica a poucas horas de Recife e é um lugar paradisíaco. Encontrar praias extensas, de areia fofa, é algo muito difícil na Europa, então essa foi uma das minhas experiências favoritas no Nordeste" Lençóis (BA) "É uma cidade incrível no meio da Chapada Diamantina, com caminhadas e trilhas tranquilas. Só é preciso ficar atento às cobras durante o passeio, como fomos alertados pelos próprios moradores do local" Ilha de Boipeba (BA) "Um pouco difícil de chegar -tive que encarar horas de viagem de barco e jipe. A aventura foi compensada pelas praias vazias, silenciosas, onde pude tomar sol até me queimar" Paraty (RJ) "Foi uma das primeiras cidades que visitei no Brasil e é, de longe, a minha favorita. Adoro caminhar pelas ruas do centro histórico e conhecer as ilhas da região nos passeios de barco" | turismo | Disney terá hotel imersivo e parque inspirado em 'Star Wars'A Disney anunciou sua nova área temática "Star Wars: Galaxy's Edge", inspirada na série de obras de ficção científica, com inauguração prevista para 2019. A divulgação foi feita por Bob Chapek, presidente da Walt Disney Parks and Resorts, durante o D23 Expo 2017, evento dedicado aos fãs da empresa que aconteceu na Califórnia entre os dias 14 e 16 deste mês. No "Galaxy's Edge", que vai ter uma área de mais de 56 mil metros quadrados, os visitantes poderão interagir com personagens dos filmes como o robô BB-8 e o alienígena Chewbacca. Os turistas também poderão participar de uma batalha pelo controle da galáxia, simulando uma guerra entre a Resistência e a Primeira Ordem, e pilotar a nave espacial Millennium Falcon. O primeiro local a receber a novidade será o Disneyland Park, em Anaheim, Califórnia. O Disney's Hollywood Studios, em Orlando, Flórida, deve também ganhar a atração em seguida. Chapek falou ainda sobre o projeto de construir um novo hotel temático e imersivo inspirado em Star Wars no Walt Disney World Resort, em Bay Lake, Flórida. O empreendimento ainda não tem data de inauguração. O transporte entre atrações ali também será renovado com o Disney Skyliner, um conjunto de teleféricos que dará uma visão panorâmica de todo o complexo, e o serviço Minnie Van, de carros estilizados que carregam os hóspedes pelo parque. * Estação de metrô ou galeria de arte? Em alguns lugares do mundo, pegar o transporte público pode ser uma experiência parecida com a de ir ao museu. Selecionamos cinco paradas de metrô entre as mais criativas pelo mundo; veja abaixo. Formosa Boulevard, Kaohsiung (Taiwan) Uma instalação com 30 metros de diâmetro e mais de 4.000 painéis de vidro ilumina a estação Olaias, Lisboa (Portugal) O projeto arquitetônico inseriu formas geométricas e painéis coloridos por toda a estação Westfriedhof, Munique (Alemanha) No teto, 11 lâmpadas com quase quatro metros de diâmetro cada emitem luz azul, amarela e vermelha Komsomolskaya, Moscou (Rússia) Na estação, aberta em 1952, a decoração fica por conta dos ornamentos barrocos e lustres Solna Centrum, Estocolmo (Suécia) Com a aparência de uma caverna avermelhada, essa estação abriga painéis de arte contemporânea * O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), abriu o seu "berçário" para os visitantes na última segunda-feira (24). Na chamada Sala de Filhotes, os turistas poderão acompanhar o trabalho de técnicos e veterinários que cuidam das aves e dos ovos ainda não chocados das mais de 140 espécies que existem por lá. Entre os pássaros, há flamingos e o mutum-de-alagoas, atualmente extinto da natureza. Antes, o local era fechado para visitação. Localizada na entrada do parque, a sala faz parte do percurso de aproximadamente 1,5 quilômetro que os visitantes podem percorrer e onde se pode ter contato com mais de 1.300 aves, algumas das quais pousam no braço das pessoas. O ingresso custa R$ 40. Mais em parquedasaves.com.br. * Turistas que gostam de cozinhar poderão participar de uma prova inspirada no reality show gastronômico "MasterChef" a bordo de navios da empresa italiana MSC. Os hóspedes serão convidados a pegar as panelas, sempre em duplas, para criar um prato a partir de ingredientes desconhecidos guardados em uma caixa -prova conhecida como "caixa surpresa" no programa. A diferença é que, no caso do cruzeiro, o chef do navio é quem avaliará a comida. O vencedor participará de um sorteio anual com os campeões de outros cruzeiros. Entre os prêmios está a presença na seletiva para a próxima edição do programa de TV. A atração estará disponível em navios que virão ao Brasil no fim do ano. * Depois de morar em sete países, o inglês Tony Danby, 49, que trabalha no mercado financeiro, se estabeleceu de vez em São Paulo, onde mora há dez anos com sua mulher brasileira. "Me encantei pela hospitalidade e pelo clima. Sempre que dá, procuro descobrir as belezas do país e descansar fora do agito da capital", conta. Ele indica quatro lugares para relaxar Praia dos Carneiros (PE) "Fica a poucas horas de Recife e é um lugar paradisíaco. Encontrar praias extensas, de areia fofa, é algo muito difícil na Europa, então essa foi uma das minhas experiências favoritas no Nordeste" Lençóis (BA) "É uma cidade incrível no meio da Chapada Diamantina, com caminhadas e trilhas tranquilas. Só é preciso ficar atento às cobras durante o passeio, como fomos alertados pelos próprios moradores do local" Ilha de Boipeba (BA) "Um pouco difícil de chegar -tive que encarar horas de viagem de barco e jipe. A aventura foi compensada pelas praias vazias, silenciosas, onde pude tomar sol até me queimar" Paraty (RJ) "Foi uma das primeiras cidades que visitei no Brasil e é, de longe, a minha favorita. Adoro caminhar pelas ruas do centro histórico e conhecer as ilhas da região nos passeios de barco" | 13 |
Tomografia revela 'sapo que engoliu sapo' | Elas parecem ser as imagens de uma maleta em formato de sapo passando pelo raio-X da segurança de um aeroporto. Mas esses modelos em 3D revelam os detalhes de uma vida e uma morte extraordinárias. Indicado pela cor vermelha está um sapo inteiro, completamente enrolado dentro do estômago de seu predador –outro sapo. A pata traseira esquerda da presa se projeta para fora do esôfago do sapo comilão, um sapo-boi (Ceratophyrs ornata), enquanto seu pé pousa sobre a língua do predador. As imagens revelam, literalmente, um sapo que engoliu um sapo. 'OSSOS ONDE NÃO DEVE HAVER OSSOS' Elas também marcam uma intrigante história de descoberta sobre a vida e a morte de um exemplar de sapo-boi que provavelmente tinha o olho maior que a barriga. Essa descoberta acidental foi feita por Thomas Kleinteich, do Instituto de Zoologia da Universidade de Kiel, na Alemanha. Ele gerou modelos 3D de animais por computador usando um microaparelho de tomografia computadorizada, que funciona de maneira semelhante aos equipamentos médicos, mas é projetado para investigar objetos pequenos. "Antes de ter uma visão em 3D do espécime, percebi em uma imagem 2D que havia algo estranho com esse animal. Ele tinha ossos onde não deveria haver ossos", conta o cientista. "Não demorei a entender que ele tinha engolido outra espécie de sapo." Os sapos-boi ou sapos-de-chifre, encontrados na América do Sul, são parte da atual pesquisa de Kleinteich, que se concentra na adesão da língua dos anfíbios –ou como a língua de sapos e lagartixas consegue colar em suas presas. A pesquisa cobre dois aspectos principais: a anatomia da língua e as forças com que ela consegue "puxar" os objetos para a boca antes de o contato se perder. "Para a questão anatômica, eu uso exemplares que pertencem a coleções de museus porque essas instituições têm recursos para conseguir espécies diferentes de todas as partes do mundo", explica Kleinteich. O animal aqui retratado é um sapo-boi que faz parte do acervo do Museu de Zoologia de Hamburgo. Mas, fora a última ceia desse espécime, pouco se sabe sobre ele. O vidro de formol que o continha, e que normalmente deveria trazer os detalhes sobre a data de coleta e as circunstâncias de sua morte, não apresentava um rótulo. 'PAC-MAN' DE MORDIDA FORTE Sapos dessa família são famosos por duas coisas: por seus hábitos alimentares e por não terem medo de nada. Quando se sentem ameaçados, esses animais não hesitam em se defender, saltando sobre seu potencial agressor e dando-lhe uma dolorosa mordida, independentemente de seu tamanho. Suas bocas enormes, que respondem por praticamente metade do tamanho de seus corpos, possuem várias pequenas projeções ósseas que se parecem com dentes. Eles também têm um apetite voraz: tentam comer qualquer coisa que eles julguem caber em suas bocas e, ao que parece, outras que não cabem. Todas as oito espécies de sapos-de-chifre do gênero Ceratophyrs são predadores de emboscada e passam a maior parte do tempo esperando para que a refeição cruze seu caminho. Mas alguns são capazes de apressar o processo. "Às vezes, eles fingem que seus dedos são minhocas para atrair presas para perto de sua boca", afirma o zoólogo, que já filmou outras espécies do gênero fazendo isso em cativeiro. Popular entre criadores de animais de estimação exóticos, o sapo-boi ganhou o apelido de "sapo Pac-Man" entre seus donos por causa de sua fama de glutão - uma homenagem ao personagem de videogame dos anos 80 que saía comendo tudo o que via pela frente. Por isso também, a dieta desse anfíbio é bem variada, incluindo aranhas, insetos, caranguejos, minhocas e até animais maiores, como cobras, lagartos, roedores e outros sapos. Estudos anteriores realizados por Kleintech demonstraram que a língua de um sapo-boi pode suportar uma enorme força contrária, o que o ajuda a vencer essas grandes presas. "Em tese, você pode pendurar um sapo desses no teto suspenso apenas por sua língua", afirma o cientista. '192 HAMBÚRGUERES DE UMA SÓ VEZ' Na realidade, descobrir que este sapo-boi engoliu outro sapo menor não é muito raro, mas há algo estranho em relação a esta dupla em particular. Depois da descoberta revelada pela tomografia, Kleinteich dissecou o corpo do sapo e observou detalhes ainda mais interessantes, que ele relatou em um artigo na revista científica Salamandra. A presa está praticamente intacta, o que indica que a digestão nem começou. Isso sugere que o predador morreu logo depois de ter engolido o sapo menor. Kleinteich identificou a presa como sendo um filhote de rã da espécie Lithobates pipiens. O problema é que essa espécie é típica da América do Norte e não convive na natureza com o sapo-boi, o que sugere que ambos os animais viveriam em cativeiro. A presa ocupava 21% do volume total do sapo-boi e tinha um peso equivalente a 25% do de seu predador –quase a mesma coisa que um homem médio comer 192 hambúrgueres de uma só vez. Será, então, que foi esse apetite voraz que acabou com a vida do sapo-boi? Kleinteich acredita "ser possível", mas ressalta que ele não é um especialista em "veterinária forense" e que não sabe de onde o espécime veio. "Imagino que, como o pé (da presa) ainda estava dentro da cavidade oral do sapo-boi, isso pode ter dificultado a respiração do predador de maneira a matá-lo", explica o zoólogo. "No entanto, os sapos têm um metabolismo bem baixo e conseguem fazer boa parte da troca de oxigênio pela pele. Eles conseguem sobreviver por várias horas com uma presa na boca. Então, outra coisa pode ter provocado sua morte", conclui. Infelizmente, nunca saberemos ao certo se este sapo-boi tinha o olho maior que a barriga e acabou se empanturrando além da conta. Mas a história serve para mostrar como os cientistas ainda estão revelando os segredos contidos nos animais guardados em museus de todo o mundo. | bbc | Tomografia revela 'sapo que engoliu sapo'Elas parecem ser as imagens de uma maleta em formato de sapo passando pelo raio-X da segurança de um aeroporto. Mas esses modelos em 3D revelam os detalhes de uma vida e uma morte extraordinárias. Indicado pela cor vermelha está um sapo inteiro, completamente enrolado dentro do estômago de seu predador –outro sapo. A pata traseira esquerda da presa se projeta para fora do esôfago do sapo comilão, um sapo-boi (Ceratophyrs ornata), enquanto seu pé pousa sobre a língua do predador. As imagens revelam, literalmente, um sapo que engoliu um sapo. 'OSSOS ONDE NÃO DEVE HAVER OSSOS' Elas também marcam uma intrigante história de descoberta sobre a vida e a morte de um exemplar de sapo-boi que provavelmente tinha o olho maior que a barriga. Essa descoberta acidental foi feita por Thomas Kleinteich, do Instituto de Zoologia da Universidade de Kiel, na Alemanha. Ele gerou modelos 3D de animais por computador usando um microaparelho de tomografia computadorizada, que funciona de maneira semelhante aos equipamentos médicos, mas é projetado para investigar objetos pequenos. "Antes de ter uma visão em 3D do espécime, percebi em uma imagem 2D que havia algo estranho com esse animal. Ele tinha ossos onde não deveria haver ossos", conta o cientista. "Não demorei a entender que ele tinha engolido outra espécie de sapo." Os sapos-boi ou sapos-de-chifre, encontrados na América do Sul, são parte da atual pesquisa de Kleinteich, que se concentra na adesão da língua dos anfíbios –ou como a língua de sapos e lagartixas consegue colar em suas presas. A pesquisa cobre dois aspectos principais: a anatomia da língua e as forças com que ela consegue "puxar" os objetos para a boca antes de o contato se perder. "Para a questão anatômica, eu uso exemplares que pertencem a coleções de museus porque essas instituições têm recursos para conseguir espécies diferentes de todas as partes do mundo", explica Kleinteich. O animal aqui retratado é um sapo-boi que faz parte do acervo do Museu de Zoologia de Hamburgo. Mas, fora a última ceia desse espécime, pouco se sabe sobre ele. O vidro de formol que o continha, e que normalmente deveria trazer os detalhes sobre a data de coleta e as circunstâncias de sua morte, não apresentava um rótulo. 'PAC-MAN' DE MORDIDA FORTE Sapos dessa família são famosos por duas coisas: por seus hábitos alimentares e por não terem medo de nada. Quando se sentem ameaçados, esses animais não hesitam em se defender, saltando sobre seu potencial agressor e dando-lhe uma dolorosa mordida, independentemente de seu tamanho. Suas bocas enormes, que respondem por praticamente metade do tamanho de seus corpos, possuem várias pequenas projeções ósseas que se parecem com dentes. Eles também têm um apetite voraz: tentam comer qualquer coisa que eles julguem caber em suas bocas e, ao que parece, outras que não cabem. Todas as oito espécies de sapos-de-chifre do gênero Ceratophyrs são predadores de emboscada e passam a maior parte do tempo esperando para que a refeição cruze seu caminho. Mas alguns são capazes de apressar o processo. "Às vezes, eles fingem que seus dedos são minhocas para atrair presas para perto de sua boca", afirma o zoólogo, que já filmou outras espécies do gênero fazendo isso em cativeiro. Popular entre criadores de animais de estimação exóticos, o sapo-boi ganhou o apelido de "sapo Pac-Man" entre seus donos por causa de sua fama de glutão - uma homenagem ao personagem de videogame dos anos 80 que saía comendo tudo o que via pela frente. Por isso também, a dieta desse anfíbio é bem variada, incluindo aranhas, insetos, caranguejos, minhocas e até animais maiores, como cobras, lagartos, roedores e outros sapos. Estudos anteriores realizados por Kleintech demonstraram que a língua de um sapo-boi pode suportar uma enorme força contrária, o que o ajuda a vencer essas grandes presas. "Em tese, você pode pendurar um sapo desses no teto suspenso apenas por sua língua", afirma o cientista. '192 HAMBÚRGUERES DE UMA SÓ VEZ' Na realidade, descobrir que este sapo-boi engoliu outro sapo menor não é muito raro, mas há algo estranho em relação a esta dupla em particular. Depois da descoberta revelada pela tomografia, Kleinteich dissecou o corpo do sapo e observou detalhes ainda mais interessantes, que ele relatou em um artigo na revista científica Salamandra. A presa está praticamente intacta, o que indica que a digestão nem começou. Isso sugere que o predador morreu logo depois de ter engolido o sapo menor. Kleinteich identificou a presa como sendo um filhote de rã da espécie Lithobates pipiens. O problema é que essa espécie é típica da América do Norte e não convive na natureza com o sapo-boi, o que sugere que ambos os animais viveriam em cativeiro. A presa ocupava 21% do volume total do sapo-boi e tinha um peso equivalente a 25% do de seu predador –quase a mesma coisa que um homem médio comer 192 hambúrgueres de uma só vez. Será, então, que foi esse apetite voraz que acabou com a vida do sapo-boi? Kleinteich acredita "ser possível", mas ressalta que ele não é um especialista em "veterinária forense" e que não sabe de onde o espécime veio. "Imagino que, como o pé (da presa) ainda estava dentro da cavidade oral do sapo-boi, isso pode ter dificultado a respiração do predador de maneira a matá-lo", explica o zoólogo. "No entanto, os sapos têm um metabolismo bem baixo e conseguem fazer boa parte da troca de oxigênio pela pele. Eles conseguem sobreviver por várias horas com uma presa na boca. Então, outra coisa pode ter provocado sua morte", conclui. Infelizmente, nunca saberemos ao certo se este sapo-boi tinha o olho maior que a barriga e acabou se empanturrando além da conta. Mas a história serve para mostrar como os cientistas ainda estão revelando os segredos contidos nos animais guardados em museus de todo o mundo. | 18 |
Festival Vermelhos, em Ilhabela, inaugura teatro na mata atlântica | O Festival Vermelhos, previsto para iniciar na noite de sexta-feira (9), na cidade de Ilhabela, marca a inauguração de um teatro no meio da mata atlântica, projeto do advogado Samuel Mac Dowell de Figueiredo. Erguido na propriedade do advogado no litoral norte de São Paulo, o teatro de 900 lugares é parte de um futuro complexo cultural, que incluirá alojamento para residências artísticas e centro de exposições, além de um outro teatro ao ar livre, de 300 lugares, já em funcionamento. Para sexta, foi programada a apresentação da orquestra de câmara regida por Júlio Medaglia, acompanhada por Fábio Zanon ao violão e pela soprano Camila Titinger. Em seguida, o balé "Carmen", montagem de Marcia Haydée para a São Paulo Companhia de Dança, terá sua estreia nacional. Neste sábado (10), às 15h, a Orquestra Popular de Ilhabela, com o regente Almir Clemente, toca acompanhada por Cida Moreira. Depois, às 19h, a Camerata Baldini, com Emmanuelle Baldini na regência e ao violino, faz uma apresentação junto com o pianista Jean-Louis Steuerman e a soprano Rosana Lamosa. O quinteto Pau Brasil, com o pianista Nelson Ayres e o violonista André Mehmari, se apresentará no domingo (11), às 12h. No encerramento do festival, às 16h, o maestro Cláudio Cruz rege a Orquestra Jovem do Estado, acompanhada de Antonio Menezes ao violoncelo. FESTIVAL VERMELHOS QUANDO de sex. (9) a dom. (11) ONDE Centro Cultural Baía dos Vermelhos, av. Governado Mário Covas Júnior, 11.970, Ilhabela QUANTO grátis; confirmar presença pelo e-mail [email protected] ou [email protected] | ilustrada | Festival Vermelhos, em Ilhabela, inaugura teatro na mata atlânticaO Festival Vermelhos, previsto para iniciar na noite de sexta-feira (9), na cidade de Ilhabela, marca a inauguração de um teatro no meio da mata atlântica, projeto do advogado Samuel Mac Dowell de Figueiredo. Erguido na propriedade do advogado no litoral norte de São Paulo, o teatro de 900 lugares é parte de um futuro complexo cultural, que incluirá alojamento para residências artísticas e centro de exposições, além de um outro teatro ao ar livre, de 300 lugares, já em funcionamento. Para sexta, foi programada a apresentação da orquestra de câmara regida por Júlio Medaglia, acompanhada por Fábio Zanon ao violão e pela soprano Camila Titinger. Em seguida, o balé "Carmen", montagem de Marcia Haydée para a São Paulo Companhia de Dança, terá sua estreia nacional. Neste sábado (10), às 15h, a Orquestra Popular de Ilhabela, com o regente Almir Clemente, toca acompanhada por Cida Moreira. Depois, às 19h, a Camerata Baldini, com Emmanuelle Baldini na regência e ao violino, faz uma apresentação junto com o pianista Jean-Louis Steuerman e a soprano Rosana Lamosa. O quinteto Pau Brasil, com o pianista Nelson Ayres e o violonista André Mehmari, se apresentará no domingo (11), às 12h. No encerramento do festival, às 16h, o maestro Cláudio Cruz rege a Orquestra Jovem do Estado, acompanhada de Antonio Menezes ao violoncelo. FESTIVAL VERMELHOS QUANDO de sex. (9) a dom. (11) ONDE Centro Cultural Baía dos Vermelhos, av. Governado Mário Covas Júnior, 11.970, Ilhabela QUANTO grátis; confirmar presença pelo e-mail [email protected] ou [email protected] | 6 |
Fábrica de americanos rivais de Santos Dumont passará por renovação | Em uma tarde fria, Antoine Alston, 4, e sua irmã De'Asia Liggins, 8, estavam esperando o ônibus em companhia da mãe, na região oeste da cidade de Dayton, Ohio (EUA). Por trás deles, havia uma fábrica abandonada de grande importância histórica, mas as crianças não estavam cientes disso. Há 113 anos, um aparelho construído pelos irmãos Wright (que disputam com o brasileiro Santos Dumont o título de pais da aviação), fez seu primeiro voo em uma colina da Carolina do Norte. Sete anos mais tarde, naquela mesma fábrica de Dayton, os irmãos começaram a produzir em massa os primeiros aviões para venda. Agora, como parte de um plano para a renovação da fábrica, as crianças da região poderão aprender muito mais sobre os homens mais famosos da história da cidade e os seus inventos. O objetivo original era simples: salvar os dois edifícios de tijolos, ao inclui-los na trilha da aviação que o Serviço Nacional de Parques norte-americano opera na área. O plano original evoluiu para um projeto milionário, de 22 hectares. Duas fábricas foram construídas pelos irmãos Wright em 1910/1911 para a produção de aviões. Apenas cerca de 120 aparelhos foram fabricados lá, porque Wilbur Wright morreu inesperadamente em 1912, e Orville vendeu sua parte no negócio em 1915. Nas sete décadas seguintes, autopeças foram fabricadas nas duas construções originais, e outros três pavilhões foram erguidos no terreno. A desaceleração na economia e a crise da habitação em 2008 custaram caro à cidade, mas em 2009 a Aliança Nacional pela Herança Aeronáutica persuadiu o Congresso a incorporar a fábrica e os oito hectares ao seu redor ao Parque Histórico Nacional da Herança Aeronáutica em Dayton, administrado pelo Serviço Nacional de Parques. No começo de 2017, a área mudará de proprietário uma vez mais. O que ocupará os edifícios adjacentes aos galpões ainda está em discussão. O Serviço de Parques ocupará as fábricas, enquanto os outros prédios poderão receber salas de aula com foco na educação científica e tecnológica ou virar um espaço para oficinas. Encontrar empresas que desejem ocupar os terrenos que cercam o espaço ocupado pelo parque continua a ser um desafio, mas projeções indicam que podem ser criados ao menos 500 empregos com salário médio de US$ 40 mil anuais no local. | mercado | Fábrica de americanos rivais de Santos Dumont passará por renovaçãoEm uma tarde fria, Antoine Alston, 4, e sua irmã De'Asia Liggins, 8, estavam esperando o ônibus em companhia da mãe, na região oeste da cidade de Dayton, Ohio (EUA). Por trás deles, havia uma fábrica abandonada de grande importância histórica, mas as crianças não estavam cientes disso. Há 113 anos, um aparelho construído pelos irmãos Wright (que disputam com o brasileiro Santos Dumont o título de pais da aviação), fez seu primeiro voo em uma colina da Carolina do Norte. Sete anos mais tarde, naquela mesma fábrica de Dayton, os irmãos começaram a produzir em massa os primeiros aviões para venda. Agora, como parte de um plano para a renovação da fábrica, as crianças da região poderão aprender muito mais sobre os homens mais famosos da história da cidade e os seus inventos. O objetivo original era simples: salvar os dois edifícios de tijolos, ao inclui-los na trilha da aviação que o Serviço Nacional de Parques norte-americano opera na área. O plano original evoluiu para um projeto milionário, de 22 hectares. Duas fábricas foram construídas pelos irmãos Wright em 1910/1911 para a produção de aviões. Apenas cerca de 120 aparelhos foram fabricados lá, porque Wilbur Wright morreu inesperadamente em 1912, e Orville vendeu sua parte no negócio em 1915. Nas sete décadas seguintes, autopeças foram fabricadas nas duas construções originais, e outros três pavilhões foram erguidos no terreno. A desaceleração na economia e a crise da habitação em 2008 custaram caro à cidade, mas em 2009 a Aliança Nacional pela Herança Aeronáutica persuadiu o Congresso a incorporar a fábrica e os oito hectares ao seu redor ao Parque Histórico Nacional da Herança Aeronáutica em Dayton, administrado pelo Serviço Nacional de Parques. No começo de 2017, a área mudará de proprietário uma vez mais. O que ocupará os edifícios adjacentes aos galpões ainda está em discussão. O Serviço de Parques ocupará as fábricas, enquanto os outros prédios poderão receber salas de aula com foco na educação científica e tecnológica ou virar um espaço para oficinas. Encontrar empresas que desejem ocupar os terrenos que cercam o espaço ocupado pelo parque continua a ser um desafio, mas projeções indicam que podem ser criados ao menos 500 empregos com salário médio de US$ 40 mil anuais no local. | 2 |
Uso de charrete é atividade cruel e ultrapassada, afirma advogada | Se já existe abaixo-assinado, projeto de lei, inquérito civil público que desde 2013 apura irregularidades, maus-tratos e riscos à saúde dos cavalos e, em contrapartida, charreteiros descontentes, o que impede o prefeito de Campos do Jordão, Fred Guidoni, de extinguir mais essa atividade cruel e ultrapassada (Defensores dos animais tentam proibir charretes em Campos do Jordão )? Animais não votam e não há políticas públicas para eles. Porém protetores e ativistas votam, e qualquer aceno de bom senso, proteção e misericórdia é bem-vindo. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Uso de charrete é atividade cruel e ultrapassada, afirma advogadaSe já existe abaixo-assinado, projeto de lei, inquérito civil público que desde 2013 apura irregularidades, maus-tratos e riscos à saúde dos cavalos e, em contrapartida, charreteiros descontentes, o que impede o prefeito de Campos do Jordão, Fred Guidoni, de extinguir mais essa atividade cruel e ultrapassada (Defensores dos animais tentam proibir charretes em Campos do Jordão )? Animais não votam e não há políticas públicas para eles. Porém protetores e ativistas votam, e qualquer aceno de bom senso, proteção e misericórdia é bem-vindo. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
O avanço do teto | Se era o primeiro grande teste de Michel Temer (PMDB) no Congresso, o presidente passou com folga. Embora tenha seu governo considerado ótimo ou bom por apenas 14% dos brasileiros, segundo pesquisa do Ibope no final de setembro, Temer encontra na Câmara dos Deputados um percentual bem mais elevado de apoiadores. Pelo expressivo placar de 366 a 111, os deputados aprovaram em primeira rodada a proposta de emenda à Constituição que limita a expansão das despesas públicas. Foram 58 votos a mais que o mínimo (308) necessário —e em plena segunda-feira (10), dia em que o Legislativo costuma ficar às moscas. Para os planos do presidente, era crucial exibir uma base ampla. Primeiro, a fim de impressionar os parlamentares e prevenir reveses nas próximas votações da PEC, que ainda precisará passar pelo plenário da Câmara mais uma vez —em sessão marcada para o dia 24— antes de seguir para apreciação do Senado, também em dois turnos. Depois, mas não menos importante, para demonstrar força ao mercado, de cuja confiança depende a retomada da economia. Se o teto de gastos mostra-se fundamental para o país sair da crise, ele será viável apenas se vier acompanhado de uma reforma da Previdência, iniciativa que demanda quórum igualmente elevado. Acrescente-se ainda um terceiro aspecto: o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que se reúne na próxima semana, havia deixado claro que o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas seria decisivo para eventual redução da Selic, a taxa básica de juros da economia. Daí por que o Planalto usou o pacote completo, com afagos, ameaças e fisiologia. Convocou um jantar para mais de 200 deputados no domingo, exonerou três ministros para que reassumissem temporariamente seus mandatos na Câmara, acompanhou as manobras regimentais perpetradas por aliados e negociou cargos em troca de apoio. Não se imagine, entretanto, que a tramitação da PEC se dará sem turbulências. A despeito da estabilidade econômica que se projeta como consequência do teto, a medida, caso vigore intacta por 20 anos, implicará uma redução agressiva do tamanho do Estado. São naturais as manifestações de quem pretende defender direitos a duras penas conquistados nos campos da saúde e da educação. O verdadeiro debate, contudo, não deveria se dar em torno da aprovação de um limite para os gastos públicos, proposta de resto necessária dada a trajetória explosiva da dívida. O que se precisa discutir é o melhor emprego de recursos finitos —e esta é uma disputa que está apenas começando. [email protected] | opiniao | O avanço do tetoSe era o primeiro grande teste de Michel Temer (PMDB) no Congresso, o presidente passou com folga. Embora tenha seu governo considerado ótimo ou bom por apenas 14% dos brasileiros, segundo pesquisa do Ibope no final de setembro, Temer encontra na Câmara dos Deputados um percentual bem mais elevado de apoiadores. Pelo expressivo placar de 366 a 111, os deputados aprovaram em primeira rodada a proposta de emenda à Constituição que limita a expansão das despesas públicas. Foram 58 votos a mais que o mínimo (308) necessário —e em plena segunda-feira (10), dia em que o Legislativo costuma ficar às moscas. Para os planos do presidente, era crucial exibir uma base ampla. Primeiro, a fim de impressionar os parlamentares e prevenir reveses nas próximas votações da PEC, que ainda precisará passar pelo plenário da Câmara mais uma vez —em sessão marcada para o dia 24— antes de seguir para apreciação do Senado, também em dois turnos. Depois, mas não menos importante, para demonstrar força ao mercado, de cuja confiança depende a retomada da economia. Se o teto de gastos mostra-se fundamental para o país sair da crise, ele será viável apenas se vier acompanhado de uma reforma da Previdência, iniciativa que demanda quórum igualmente elevado. Acrescente-se ainda um terceiro aspecto: o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que se reúne na próxima semana, havia deixado claro que o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas seria decisivo para eventual redução da Selic, a taxa básica de juros da economia. Daí por que o Planalto usou o pacote completo, com afagos, ameaças e fisiologia. Convocou um jantar para mais de 200 deputados no domingo, exonerou três ministros para que reassumissem temporariamente seus mandatos na Câmara, acompanhou as manobras regimentais perpetradas por aliados e negociou cargos em troca de apoio. Não se imagine, entretanto, que a tramitação da PEC se dará sem turbulências. A despeito da estabilidade econômica que se projeta como consequência do teto, a medida, caso vigore intacta por 20 anos, implicará uma redução agressiva do tamanho do Estado. São naturais as manifestações de quem pretende defender direitos a duras penas conquistados nos campos da saúde e da educação. O verdadeiro debate, contudo, não deveria se dar em torno da aprovação de um limite para os gastos públicos, proposta de resto necessária dada a trajetória explosiva da dívida. O que se precisa discutir é o melhor emprego de recursos finitos —e esta é uma disputa que está apenas começando. [email protected] | 7 |
'Fui salvo por celular', diz testemunha de atentado em Paris | Uma testemunha diz ter sido salva por seu celular durante os ataques terroristas ocorridos na noite de sexta-feira em Paris. Em entrevista à emissora francesa iTELE, Sylvestre conta que usou o aparelho e a jaqueta para se proteger da bomba que explodiu nos arredores do Stade de France. Segundo ele, um dos estilhaços que vinha em direção à sua cabeça acabou atingindo seu celular. Pelo menos 127 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas, 99 em estado crítico, na série de ataques coordenados a bomba e tiros em seis locais diferentes de Paris, segundo o último balanço divulgado pelas autoridades. Sylvestre teve ferimentos leves. Ele disse ter comprado o aparelho havia poucos dias. O francês lembrou ainda que estava atravessando a rua falando ao telefone quando a bomba explodiu a poucos metros dele. "Quando a bomba explodiu, vi os estilhaços vindo na minha direção. Fui salvo pelo meu celular. Senão, certamente (o estilhaço) atingiria minha cabeça", contou ele à emissora. "Minha jaqueta amorteceu o impacto dos estilhaços que vinham em direção a mim", lembrou ele. "Honestamente, eu não desejo isso a ninguém", acrescentou. Leia também: Brasileiro leva 3 tiros em ataque em Paris; há outro ferido Ataques a tiros e com bombas deixaram pelo menos 127 mortos na noite de sexta-feira em Paris. Foi o pior ataque a atingir a França desde a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e apenas dez meses depois do atentado contra o semanário satírico Charlie Hebdo. Segundo as autoridades francesas, os atentados ocorreram em seis localidades distintas da cidade; o mais letal foi na casa de shows Bataclan, onde pelo menos 80 pessoas teriam morrido quando dois homens armados abriram fogo contra a plateia durante a apresentação de uma banda de rock americana. Na manhã deste sábado, o presidente da França, François Hollande, disse que o grupo autodenominado 'Estado Islâmico' está por trás dos ataques, que chamou de "ato de guerra". Segundo Hollande, os ataques foram planejados e organizados no exterior com a ajuda de pessoas dentro da França. Ele também declarou três dias de luto nacional. Líderes mundiais expressaram solidariedade às vítimas dos ataques terroristas. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, classificou os atentados como uma "tentativa ultrajante de aterrorizar civis inocentes" e "um ataque contra toda a humanidade". Em sua conta no Twitter, a presidente Dilma Rousseff expressou "repúdio" à "barbárie terrorista". "Consternada pela barbárie terrorista, expresso meu repúdio à violência e manifesto minha solidariedade ao povo e ao governo francês", escreveu a presidente logo após os ataques. Em comunicado, o governo brasileiro manifestou "profunda consternação" pela série de "atentados bárbaros" registrados em Paris e condenou as ações "nos mais fortes termos". "Ao mesmo tempo em que transmite suas condolências aos familiares das vítimas e empenha sua plena solidariedade ao povo francês e ao governo da França, o Brasil condena os ataques nos mais fortes termos e reitera seu firme repúdio a qualquer forma de terrorismo, qualquer que seja sua motivação", disse o governo em comunicado divulgado pelo Itamaraty. Dois brasileiros teriam ficado feridos, um deles, um arquiteto, com gravidade. Leia também: O que se sabe até agora sobre os atentados em Paris A França mobilizou 1,5 mil soldados para fazer a segurança de prédios públicos, religiosos e atrações turísticas. Escolas e universidades, muitas das quais abrem normalmente aos sábados, foram fechadas como parte das medidas de segurança implementadas por autoridades locais. O governo também reimpôs os controles de fronteira que foram abandonados por causa da zona de livre trânsito da União Europeia. Oficiais da alfândega e das fronteiras passam agora a checar pessoas, bagagens e veículos entrando na França e saindo país por terra, mar e ar. As autoridades francesas também pediram à população que permanecesse em casa. Leia também: França declara estado de emergência após ataques mais violentos desde 2ª Guerra | bbc | 'Fui salvo por celular', diz testemunha de atentado em ParisUma testemunha diz ter sido salva por seu celular durante os ataques terroristas ocorridos na noite de sexta-feira em Paris. Em entrevista à emissora francesa iTELE, Sylvestre conta que usou o aparelho e a jaqueta para se proteger da bomba que explodiu nos arredores do Stade de France. Segundo ele, um dos estilhaços que vinha em direção à sua cabeça acabou atingindo seu celular. Pelo menos 127 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas, 99 em estado crítico, na série de ataques coordenados a bomba e tiros em seis locais diferentes de Paris, segundo o último balanço divulgado pelas autoridades. Sylvestre teve ferimentos leves. Ele disse ter comprado o aparelho havia poucos dias. O francês lembrou ainda que estava atravessando a rua falando ao telefone quando a bomba explodiu a poucos metros dele. "Quando a bomba explodiu, vi os estilhaços vindo na minha direção. Fui salvo pelo meu celular. Senão, certamente (o estilhaço) atingiria minha cabeça", contou ele à emissora. "Minha jaqueta amorteceu o impacto dos estilhaços que vinham em direção a mim", lembrou ele. "Honestamente, eu não desejo isso a ninguém", acrescentou. Leia também: Brasileiro leva 3 tiros em ataque em Paris; há outro ferido Ataques a tiros e com bombas deixaram pelo menos 127 mortos na noite de sexta-feira em Paris. Foi o pior ataque a atingir a França desde a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e apenas dez meses depois do atentado contra o semanário satírico Charlie Hebdo. Segundo as autoridades francesas, os atentados ocorreram em seis localidades distintas da cidade; o mais letal foi na casa de shows Bataclan, onde pelo menos 80 pessoas teriam morrido quando dois homens armados abriram fogo contra a plateia durante a apresentação de uma banda de rock americana. Na manhã deste sábado, o presidente da França, François Hollande, disse que o grupo autodenominado 'Estado Islâmico' está por trás dos ataques, que chamou de "ato de guerra". Segundo Hollande, os ataques foram planejados e organizados no exterior com a ajuda de pessoas dentro da França. Ele também declarou três dias de luto nacional. Líderes mundiais expressaram solidariedade às vítimas dos ataques terroristas. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, classificou os atentados como uma "tentativa ultrajante de aterrorizar civis inocentes" e "um ataque contra toda a humanidade". Em sua conta no Twitter, a presidente Dilma Rousseff expressou "repúdio" à "barbárie terrorista". "Consternada pela barbárie terrorista, expresso meu repúdio à violência e manifesto minha solidariedade ao povo e ao governo francês", escreveu a presidente logo após os ataques. Em comunicado, o governo brasileiro manifestou "profunda consternação" pela série de "atentados bárbaros" registrados em Paris e condenou as ações "nos mais fortes termos". "Ao mesmo tempo em que transmite suas condolências aos familiares das vítimas e empenha sua plena solidariedade ao povo francês e ao governo da França, o Brasil condena os ataques nos mais fortes termos e reitera seu firme repúdio a qualquer forma de terrorismo, qualquer que seja sua motivação", disse o governo em comunicado divulgado pelo Itamaraty. Dois brasileiros teriam ficado feridos, um deles, um arquiteto, com gravidade. Leia também: O que se sabe até agora sobre os atentados em Paris A França mobilizou 1,5 mil soldados para fazer a segurança de prédios públicos, religiosos e atrações turísticas. Escolas e universidades, muitas das quais abrem normalmente aos sábados, foram fechadas como parte das medidas de segurança implementadas por autoridades locais. O governo também reimpôs os controles de fronteira que foram abandonados por causa da zona de livre trânsito da União Europeia. Oficiais da alfândega e das fronteiras passam agora a checar pessoas, bagagens e veículos entrando na França e saindo país por terra, mar e ar. As autoridades francesas também pediram à população que permanecesse em casa. Leia também: França declara estado de emergência após ataques mais violentos desde 2ª Guerra | 18 |
É correta a redução dos limites de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros? Não | SOLUÇÃO MIDIÁTICA Embora o tempo de retomada do exercício de práticas democráticas seja ainda recente no Brasil, pouco menos de 30 anos, ele já demonstra vigor, e a sociedade civil não aceita mais imposições que resultam de decisões tomadas a quatro paredes pelas autoridades públicas. Mudar as velocidades em vias expressas vitais para a circulação de pessoas e mercadorias na cidade de São Paulo não se pode restringir aos impulsos da gestão municipal. Há que ouvir o cidadão que será o mais afetado pela iniciativa. Trata-se, na essência, de respeito à cidadania. A decisão de mover uma ação civil pública contra a medida que reduz a velocidade das marginais Tietê e Pinheiros foi tomada pela seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) pautada por esse princípio fundamental que nasce da defesa da Constituição Federal, da democracia, da República e, por conseguinte, da legalidade. O Conselho da Ordem, ao qual propus a demanda, considerou que, antes mesmo de quaisquer outros argumentos, medidas com tamanha repercussão na vida não só dos habitantes da cidade, mas de todos os que circulam por São Paulo, não podem ser levadas adiante sem ampla, geral e irrestrita consulta à sociedade civil. São várias as ponderações que deveriam ser consideradas para efeito de alteração tão drástica. A Prefeitura de São Paulo argumenta que a mudança vai melhorar a segurança nas marginais já que, à medida que os automóveis circulem com velocidade reduzida, o número de atropelamentos será menor. Então, cabe logo a pergunta: por que antes de escolher essa saída, não levou em conta outras? A questão dos atropelamentos não parece restrita à movimentação dos veículos, há problemas que precisam ser enfrentados. Enquanto houver ambulantes transitando entre veículos durante congestionamentos, sujeitos a atropelamento não só por motociclistas, o problema persistirá com ou sem a redução pretendida. Como prioritárias, há questões que deveriam estar na pauta da gestão pública da municipalidade, como é o caso da movimentação pelas marginais dos habitantes que vivem embaixo dos pontilhões ou de dependentes de crack que se arriscam por essas vias expressas. Fora não resolver problemas complexos, que talvez contribuam para inflar os índices de acidentes naquelas vias, a adoção da medida prejudica o cotidiano dos que por ali transitam a caminho do trabalho ou transportando mercadorias. Se nas rodovias do Estado de São Paulo a velocidade máxima permitida é de 120 km/h, os veículos ao desembocar nas marginais têm agora de reduzir para 50 km/h. Algo que poderá prejudicar a fluidez, contrariando um ponto fundamental do Código de Trânsito Brasileiro, que é a busca pelo respeito à condição de trânsito das vias. E, apesar da recente divulgação do fato pela polêmica que está gerando, muitos motoristas vão descobrir a drástica mudança depois de terem sido surpreendidos ao tomar uma multa, pois não houve campanha de informação sobre a mudança. No mínimo, uma medida que afeta a tantos deveria ser aplicada gradativamente com um amplo período para a adaptação. Some-se a esses prismas o impacto à saúde e ao meio ambiente, pois a redução da velocidade resulta em aumento da poluição como indicam estudos a respeito. Em suma, do ponto de vista legal, a ação da prefeitura contraria o princípio da proporcionalidade, que determina que uma medida tomada pelo poder público não pode ser desproporcional a ponto de causar danos maiores do que ela pretende evitar. Há soluções mais duradouras do que a simples redução de velocidade, embora, lógico, bem menos midiáticas. MARCOS DA COSTA, 51, advogado, é presidente da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | É correta a redução dos limites de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros? NãoSOLUÇÃO MIDIÁTICA Embora o tempo de retomada do exercício de práticas democráticas seja ainda recente no Brasil, pouco menos de 30 anos, ele já demonstra vigor, e a sociedade civil não aceita mais imposições que resultam de decisões tomadas a quatro paredes pelas autoridades públicas. Mudar as velocidades em vias expressas vitais para a circulação de pessoas e mercadorias na cidade de São Paulo não se pode restringir aos impulsos da gestão municipal. Há que ouvir o cidadão que será o mais afetado pela iniciativa. Trata-se, na essência, de respeito à cidadania. A decisão de mover uma ação civil pública contra a medida que reduz a velocidade das marginais Tietê e Pinheiros foi tomada pela seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) pautada por esse princípio fundamental que nasce da defesa da Constituição Federal, da democracia, da República e, por conseguinte, da legalidade. O Conselho da Ordem, ao qual propus a demanda, considerou que, antes mesmo de quaisquer outros argumentos, medidas com tamanha repercussão na vida não só dos habitantes da cidade, mas de todos os que circulam por São Paulo, não podem ser levadas adiante sem ampla, geral e irrestrita consulta à sociedade civil. São várias as ponderações que deveriam ser consideradas para efeito de alteração tão drástica. A Prefeitura de São Paulo argumenta que a mudança vai melhorar a segurança nas marginais já que, à medida que os automóveis circulem com velocidade reduzida, o número de atropelamentos será menor. Então, cabe logo a pergunta: por que antes de escolher essa saída, não levou em conta outras? A questão dos atropelamentos não parece restrita à movimentação dos veículos, há problemas que precisam ser enfrentados. Enquanto houver ambulantes transitando entre veículos durante congestionamentos, sujeitos a atropelamento não só por motociclistas, o problema persistirá com ou sem a redução pretendida. Como prioritárias, há questões que deveriam estar na pauta da gestão pública da municipalidade, como é o caso da movimentação pelas marginais dos habitantes que vivem embaixo dos pontilhões ou de dependentes de crack que se arriscam por essas vias expressas. Fora não resolver problemas complexos, que talvez contribuam para inflar os índices de acidentes naquelas vias, a adoção da medida prejudica o cotidiano dos que por ali transitam a caminho do trabalho ou transportando mercadorias. Se nas rodovias do Estado de São Paulo a velocidade máxima permitida é de 120 km/h, os veículos ao desembocar nas marginais têm agora de reduzir para 50 km/h. Algo que poderá prejudicar a fluidez, contrariando um ponto fundamental do Código de Trânsito Brasileiro, que é a busca pelo respeito à condição de trânsito das vias. E, apesar da recente divulgação do fato pela polêmica que está gerando, muitos motoristas vão descobrir a drástica mudança depois de terem sido surpreendidos ao tomar uma multa, pois não houve campanha de informação sobre a mudança. No mínimo, uma medida que afeta a tantos deveria ser aplicada gradativamente com um amplo período para a adaptação. Some-se a esses prismas o impacto à saúde e ao meio ambiente, pois a redução da velocidade resulta em aumento da poluição como indicam estudos a respeito. Em suma, do ponto de vista legal, a ação da prefeitura contraria o princípio da proporcionalidade, que determina que uma medida tomada pelo poder público não pode ser desproporcional a ponto de causar danos maiores do que ela pretende evitar. Há soluções mais duradouras do que a simples redução de velocidade, embora, lógico, bem menos midiáticas. MARCOS DA COSTA, 51, advogado, é presidente da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
Estação suíça símbolo do esqui tem atrações especiais para este verão | Um pedaço de corda velha até hoje ocupa posição de destaque no principal museu de Zermatt. Afinal, boa parte da história contemporânea da cidade está associada ao objeto, memória da primeira expedição a chegar ao topo do Matterhorn, há 150 anos. Até hoje, não se sabe com certeza se a corda que mantinha os sete membros da expedição se rompeu ou teria sido cortada; dos sete, três retornaram após a conquista do topo da montanha, em 14 de julho de 1865. Hoje, o imponente Matterhorn continua como figurinha dominante em Zermatt -é visto de quase todo canto. E chegar ao topo é tarefa que todo turista, por mais sedentário que seja, pode fazer, por meio de confortáveis gôndolas panorâmicas. Neste verão europeu, Zermatt se prepara para festejar, com tours pela parte antiga da cidade e a abertura do mais alto cinema da Europa, o Cinema Lounge, a 3.883 metros. De 9 de julho a 29 de agosto, um teatro de arena para 700 pessoas, no alto da montanha Gornergrat, receberá apresentações do espetáculo "The Matterhorn Story", que conta a história de conquista da mítica montanha. RADICAL A bem da verdade, Zermatt é democrática e acessível o ano inteiro, apesar de o glamouroso inverno ter feito maior fama -são 360 km de pistas e alguns dos mais famosos après-ski dos Alpes. Terminado o frio mais rigoroso (no final de abril), a beleza cênica da vila, rodeada por 38 picos -todos com cerca de 4.000 metros de altitude- deixa a neve densa dar lugar à vegetação verdinha. Trekkings, circuitos de mountain bike, vias ferratas e outros esportes de aventura ganham espaço nos meses quentes, de céu muito azul. Em todas as opções, com diferentes níveis de dificuldade, o maior desafio é se lembrar de manter os olhos vivos nas trilhas, não no hipnotizante Matterhorn. Quem curte caminhadas encontra mais de 400 km de trilhas interconectadas, em altitudes que chegam a inacreditáveis 3.100 m. Alguns dos percursos são fáceis e muito bem sinalizados, o que permite que a gente explore a região por conta própria e passe ao longo do passeio por glaciares e belíssimos lagos entre as montanhas -sempre com a refrescante brisa alpina batendo no rosto. Quem não se sentir seguro ou preferir fazer trilhas mais avançadas montanha acima pode entrar num dos muitos tours oferecidos pelas agências no centro de Zermatt. Para mais emoção e adrenalina, vale caminhar pelas impressionantes passarelas construídas sobre o desfiladeiro de Gorner Gorge (a gente tem o frio na barriga pela altura mas sabe que está superseguro "caminhando" sobre as formações rochosas), fazer tirolesa no Forest Fun Park ou até encarar um inesquecível voo em paraglide sobre os Alpes. E, mesmo no auge do verão, dá para deixar o calor e rumar montanha acima para... esquiar: a cidade tem domínios esquiáveis 365 dias por ano nas pistas nevadas do glaciar Theodul, no Snowpark Zermatt, de cara para o Matterhorn (o esqui pass custa 67 euros por um dia, mas fica mais barato conforme você acrescenta mais dias ao programa). Se a ideia for só contemplar a beleza cênica da região, não há passeio mais excitante que a subida ao topo do Gornergrat (ida e volta a 86 euros por pessoa, com direito a 50% de desconto se estiver portando o Swiss Pass) em trem de cremalheira: as montanhas e os bosques desfilam pelas janelas do trem até o topo da montanha que tem o mirante com a melhor vista para o Matterhorn - um café (ou cerveja) no grande terraço ao ar livre, bem de frente para a montanha, é ótima pedida. Efeito semelhante tem a subida ao Matterhorn Glacier Paradise (ida e volta a 100 euros por pessoa, 50% de desconto para portadores do Swiss Pass), que chega ao topo da montanha mais icônica da Suíça através de dois excitantes trajetos em bondinhos, direto do centro de Zermatt ao topo da montanha. Lá do alto do mirante mais alto da cidade, dá para contemplar os impressionantes picos e glaciares que o rodeiam, se divertir com a neve perene e até visitar um curioso museu de gelo construído 20 m abaixo do glaciar. Lá embaixo, o ar fresco do verão também inspira apresentações-surpresa de grupos folclóricos (de lançadores de bandeiras a músicos que entoam o canto tirolês a plenos pulmões), que culminam no Folklore Festival, em agosto. Outro símbolo local, as peludas cabras preto e brancas desfilam entre 29 de junho e 16 de agosto, na Geissenkehr. E também no centrinho parte o mais famoso trem alpino, o Glacier Express -"o trem expresso mais lento do mundo". São quase oito horas de trajeto entre Zermatt e St. Moritz, por uma ferrovia que atravessa vales, glaciares, picos nevados e lagos congelados -imensos janelões panorâmicos dão conta de ver a paisagem, num trajeto que é considerado uma das mais belas viagens de trem do mundo. Mas essa já é outra história. | turismo | Estação suíça símbolo do esqui tem atrações especiais para este verãoUm pedaço de corda velha até hoje ocupa posição de destaque no principal museu de Zermatt. Afinal, boa parte da história contemporânea da cidade está associada ao objeto, memória da primeira expedição a chegar ao topo do Matterhorn, há 150 anos. Até hoje, não se sabe com certeza se a corda que mantinha os sete membros da expedição se rompeu ou teria sido cortada; dos sete, três retornaram após a conquista do topo da montanha, em 14 de julho de 1865. Hoje, o imponente Matterhorn continua como figurinha dominante em Zermatt -é visto de quase todo canto. E chegar ao topo é tarefa que todo turista, por mais sedentário que seja, pode fazer, por meio de confortáveis gôndolas panorâmicas. Neste verão europeu, Zermatt se prepara para festejar, com tours pela parte antiga da cidade e a abertura do mais alto cinema da Europa, o Cinema Lounge, a 3.883 metros. De 9 de julho a 29 de agosto, um teatro de arena para 700 pessoas, no alto da montanha Gornergrat, receberá apresentações do espetáculo "The Matterhorn Story", que conta a história de conquista da mítica montanha. RADICAL A bem da verdade, Zermatt é democrática e acessível o ano inteiro, apesar de o glamouroso inverno ter feito maior fama -são 360 km de pistas e alguns dos mais famosos après-ski dos Alpes. Terminado o frio mais rigoroso (no final de abril), a beleza cênica da vila, rodeada por 38 picos -todos com cerca de 4.000 metros de altitude- deixa a neve densa dar lugar à vegetação verdinha. Trekkings, circuitos de mountain bike, vias ferratas e outros esportes de aventura ganham espaço nos meses quentes, de céu muito azul. Em todas as opções, com diferentes níveis de dificuldade, o maior desafio é se lembrar de manter os olhos vivos nas trilhas, não no hipnotizante Matterhorn. Quem curte caminhadas encontra mais de 400 km de trilhas interconectadas, em altitudes que chegam a inacreditáveis 3.100 m. Alguns dos percursos são fáceis e muito bem sinalizados, o que permite que a gente explore a região por conta própria e passe ao longo do passeio por glaciares e belíssimos lagos entre as montanhas -sempre com a refrescante brisa alpina batendo no rosto. Quem não se sentir seguro ou preferir fazer trilhas mais avançadas montanha acima pode entrar num dos muitos tours oferecidos pelas agências no centro de Zermatt. Para mais emoção e adrenalina, vale caminhar pelas impressionantes passarelas construídas sobre o desfiladeiro de Gorner Gorge (a gente tem o frio na barriga pela altura mas sabe que está superseguro "caminhando" sobre as formações rochosas), fazer tirolesa no Forest Fun Park ou até encarar um inesquecível voo em paraglide sobre os Alpes. E, mesmo no auge do verão, dá para deixar o calor e rumar montanha acima para... esquiar: a cidade tem domínios esquiáveis 365 dias por ano nas pistas nevadas do glaciar Theodul, no Snowpark Zermatt, de cara para o Matterhorn (o esqui pass custa 67 euros por um dia, mas fica mais barato conforme você acrescenta mais dias ao programa). Se a ideia for só contemplar a beleza cênica da região, não há passeio mais excitante que a subida ao topo do Gornergrat (ida e volta a 86 euros por pessoa, com direito a 50% de desconto se estiver portando o Swiss Pass) em trem de cremalheira: as montanhas e os bosques desfilam pelas janelas do trem até o topo da montanha que tem o mirante com a melhor vista para o Matterhorn - um café (ou cerveja) no grande terraço ao ar livre, bem de frente para a montanha, é ótima pedida. Efeito semelhante tem a subida ao Matterhorn Glacier Paradise (ida e volta a 100 euros por pessoa, 50% de desconto para portadores do Swiss Pass), que chega ao topo da montanha mais icônica da Suíça através de dois excitantes trajetos em bondinhos, direto do centro de Zermatt ao topo da montanha. Lá do alto do mirante mais alto da cidade, dá para contemplar os impressionantes picos e glaciares que o rodeiam, se divertir com a neve perene e até visitar um curioso museu de gelo construído 20 m abaixo do glaciar. Lá embaixo, o ar fresco do verão também inspira apresentações-surpresa de grupos folclóricos (de lançadores de bandeiras a músicos que entoam o canto tirolês a plenos pulmões), que culminam no Folklore Festival, em agosto. Outro símbolo local, as peludas cabras preto e brancas desfilam entre 29 de junho e 16 de agosto, na Geissenkehr. E também no centrinho parte o mais famoso trem alpino, o Glacier Express -"o trem expresso mais lento do mundo". São quase oito horas de trajeto entre Zermatt e St. Moritz, por uma ferrovia que atravessa vales, glaciares, picos nevados e lagos congelados -imensos janelões panorâmicos dão conta de ver a paisagem, num trajeto que é considerado uma das mais belas viagens de trem do mundo. Mas essa já é outra história. | 13 |
O governo somos nós | "We, the people, tell the government what to do, it doesn't tell us", disse Ronald Reagan, que presidiu os EUA entre 1981 e 1989, em alguns de seus pronunciamentos ao Congresso do tradicional "State of the Union", uma prestação de contas sobre as atividades do governo. Serve para nos lembrar de que somos nós, o povo, que impomos limites ao governo, e não o contrário. Passado o impeachment, a prioridade inadiável será levar adiante as reformas estruturais de que o país tanto precisa, começando pela chamada PEC do Teto, que limita o crescimento dos gastos da União à inflação do ano anterior, e pela reforma da Previdência. A recessão em curso já deixou 12 milhões de desempregados. É resultado não apenas das decisões equivocadas de Dilma Rousseff, que certamente aceleraram e acentuaram a deterioração da economia, mas decorre, essencialmente, da trajetória explosiva de crescimento do gasto público por duas décadas. O descontrole fiscal se explica tanto pela irresponsabilidade dos governantes na concessão de reajustes salariais ao funcionalismo quanto pelas "conquistas" consagradas na Constituição de 1988 -regras benevolentes de aposentadoria, escandalosos regimes especiais de categorias de servidores, indexações e vinculações da receita. Não há mágicas. É preciso fazer escolhas. O orçamento de um país é feito de escolhas. E nós devemos dizer onde tais recursos, sempre escassos, devem ser aplicados. Queremos ter cidadãos de primeira, segunda e terceira classe? Até quando vamos aceitar as benesses injustificáveis de algumas corporações, como o recesso de 30 dias e férias de 60 dias por ano? Discutimos a necessidade de um ajuste fiscal rigoroso, enquanto o Judiciário pressiona o Senado para aprovar reajustes salariais, com efeito cascata para os Estados e impactos bilionários. A cada bilhão de reais adicional destinado às categorias mais bem aquinhoadas, já remuneradas bem acima do salário médio, será um bilhão a menos em saúde, educação e segurança pública. Ou, então, um bilhão a mais em impostos. E, como produzimos deficit, será um bilhão a mais em dívidas. Muitos Estados comprometem quase a totalidade de suas receitas com salários e aposentadorias. Quando soma-se o pagamento das dívidas, a capacidade de investimentos é nula ou negativa. Essa conta já não fecha hoje e a tendência é de colapso no futuro breve. Avançamos sobre uma linha tênue entre a crise fiscal e a desordem social. A escalada da violência em cidades como Porto Alegre, por exemplo, é agora a faceta mais visível dessa situação. É por isso que as reformas são imperiosas. Sem elas, o caminho único será a insolvência do país. Não se trata de figura retórica, é a realidade brutal dos fatos. Os poucos que usufruem os benefícios da estabilidade no emprego e da aposentadoria integral e precoce têm alta capacidade de mobilização e poder de pressão. Some-se a isso o fato de que a discussão sobre reformas é, por si só, um tema complexo, com ganhos difusos pouco compreendidos pela sociedade, que só serão visíveis no futuro, e o estrago está feito. Sem reformas, estaremos hipotecando o futuro do Brasil. Mas somos nós que fazemos essas escolhas, ainda que indiretamente. Somos nós que podemos impor limites ao governo e às corporações. O Brasil será fruto dessas escolhas. Ou será fruto de nossas omissões. MATEUS BANDEIRA é presidente da consultoria de gestão Falconi. Foi presidente do Banrisul e secretário de Planejamento e Gestão do Rio Grande do Sul (governo Yeda Crusius) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. | opiniao | O governo somos nós"We, the people, tell the government what to do, it doesn't tell us", disse Ronald Reagan, que presidiu os EUA entre 1981 e 1989, em alguns de seus pronunciamentos ao Congresso do tradicional "State of the Union", uma prestação de contas sobre as atividades do governo. Serve para nos lembrar de que somos nós, o povo, que impomos limites ao governo, e não o contrário. Passado o impeachment, a prioridade inadiável será levar adiante as reformas estruturais de que o país tanto precisa, começando pela chamada PEC do Teto, que limita o crescimento dos gastos da União à inflação do ano anterior, e pela reforma da Previdência. A recessão em curso já deixou 12 milhões de desempregados. É resultado não apenas das decisões equivocadas de Dilma Rousseff, que certamente aceleraram e acentuaram a deterioração da economia, mas decorre, essencialmente, da trajetória explosiva de crescimento do gasto público por duas décadas. O descontrole fiscal se explica tanto pela irresponsabilidade dos governantes na concessão de reajustes salariais ao funcionalismo quanto pelas "conquistas" consagradas na Constituição de 1988 -regras benevolentes de aposentadoria, escandalosos regimes especiais de categorias de servidores, indexações e vinculações da receita. Não há mágicas. É preciso fazer escolhas. O orçamento de um país é feito de escolhas. E nós devemos dizer onde tais recursos, sempre escassos, devem ser aplicados. Queremos ter cidadãos de primeira, segunda e terceira classe? Até quando vamos aceitar as benesses injustificáveis de algumas corporações, como o recesso de 30 dias e férias de 60 dias por ano? Discutimos a necessidade de um ajuste fiscal rigoroso, enquanto o Judiciário pressiona o Senado para aprovar reajustes salariais, com efeito cascata para os Estados e impactos bilionários. A cada bilhão de reais adicional destinado às categorias mais bem aquinhoadas, já remuneradas bem acima do salário médio, será um bilhão a menos em saúde, educação e segurança pública. Ou, então, um bilhão a mais em impostos. E, como produzimos deficit, será um bilhão a mais em dívidas. Muitos Estados comprometem quase a totalidade de suas receitas com salários e aposentadorias. Quando soma-se o pagamento das dívidas, a capacidade de investimentos é nula ou negativa. Essa conta já não fecha hoje e a tendência é de colapso no futuro breve. Avançamos sobre uma linha tênue entre a crise fiscal e a desordem social. A escalada da violência em cidades como Porto Alegre, por exemplo, é agora a faceta mais visível dessa situação. É por isso que as reformas são imperiosas. Sem elas, o caminho único será a insolvência do país. Não se trata de figura retórica, é a realidade brutal dos fatos. Os poucos que usufruem os benefícios da estabilidade no emprego e da aposentadoria integral e precoce têm alta capacidade de mobilização e poder de pressão. Some-se a isso o fato de que a discussão sobre reformas é, por si só, um tema complexo, com ganhos difusos pouco compreendidos pela sociedade, que só serão visíveis no futuro, e o estrago está feito. Sem reformas, estaremos hipotecando o futuro do Brasil. Mas somos nós que fazemos essas escolhas, ainda que indiretamente. Somos nós que podemos impor limites ao governo e às corporações. O Brasil será fruto dessas escolhas. Ou será fruto de nossas omissões. MATEUS BANDEIRA é presidente da consultoria de gestão Falconi. Foi presidente do Banrisul e secretário de Planejamento e Gestão do Rio Grande do Sul (governo Yeda Crusius) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. | 7 |
Tablet compete com PCs usando pacote Office e corpo à prova d'água | Leia a reportagem | tv | Tablet compete com PCs usando pacote Office e corpo à prova d'águaLeia a reportagem | 11 |
Pós-graduação na área de estética é promessa de lucro para farmacêuticos
| LEA DE LUCA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Os números estão a favor de quem quer atuar no mercado de beleza e bem-estar no Brasil. Mesmo com a recessão econômica, o setor deve crescer 2,8% neste ano, segundo projeção da consultoria Euromonitor. O país é o quarto do mundo que mais consome produtos voltados para a estética, de acordo com a Abihpec (associação que representa a indústria). A notícia é boa para os farmacêuticos, que, graças a uma resolução do CFF (Conselho Federal de Farmácia) de 2015, podem atuar no ramo e ter suas próprias clínicas. A única exigência para isso é fazer uma pós-graduação na área de estética. A formação permite realizar procedimentos que não são feitos por esteticistas -profissão ainda não regulamentada no Brasil. "Os esteticistas não podem fazer alguns tratamentos, como a aplicação de botox. Já o profissional que cursa a faculdade de farmácia está mais bem preparado para atuar no ramo, uma vez que conhece profundamente cosmetologia, os princípios ativos e como eles atuam no organismo", diz Rafael Ferreira, 32, farmacêutico esteta, dono de uma clínica no Tatuapé, em São Paulo. LINHA DE FRENTE Em 2012, Ferreira adquiriu seu centro técnico, onde ensinava esteticistas a aplicar os produtos cosméticos que desenvolvia. "A nova legislação me permitiu estar na linha de frente. Deixei de ser coadjuvante para ser o profissional que conduz o tratamento", afirma. Sua clínica faz, atualmente, cerca de 500 atendimentos por mês. A demanda, diz, é sazonal: no inverno, aumenta a procura por peelings e, no verão, por tratamentos corporais e "harmonização facial" -botox e técnicas de agulhamento. Segundo Valmir de Santi, vice-presidente do CFF, a iniciativa de regulamentar a atuação do farmacêutico em estética partiu de uma demanda dos associados. INVESTIMENTO Para abrir uma clínica, não é preciso investir tanto -cerca de R$ 100 mil-, já que é possível alugar equipamentos para criolipólise (tratamento para eliminação de gordura) e mesoterapia (para estrias e gordura localizada), por exemplo, em vez de comprá-los. Para Alan Izolani, 31, dono desde 2013 de uma clínica de estética em Vassouras, no Rio de Janeiro, trata-se de um mercado com muito futuro. No ano passado, ele abriu o Instituto Izolani de Pesquisa e Educação, que oferece pós-graduação em farmácia estética em convênio com a Faculdade da Aldeia de Carapicuíba, em São Paulo. Em sua clínica, ele atende cerca de cem pacientes ao mês. "Sentimos uma pequena redução do movimento da clínica no primeiro semestre deste ano, mas o segundo semestre já reaqueceu", afirma Izolani. * O QUE FAZ Procedimentos de estética como criolipólise e aplicação de toxina botulínica SALÁRIO INICIAL R$ 5.000 para funcionários ou R$ 20 mil de faturamento em clínica própria PERFIL PROCURADO PELAS EMPRESAS Ter experiência na manipulação de fórmulas cosméticas e saber gerenciar equipes ONDE HÁ VAGAS Institutos de estética, academias, spas, hotéis, clínicas médicas, centros de pesquisa e na indústria ONDE ESTUDAR Senac, Instituto Pupo, Nepuga, Universidade Veiga de Almeida e Instituto Alan Izolani DURAÇÃO DO CURSO 18 meses VISÃO DE QUEM FAZ "Deixei de ser coadjuvante para ser o profissional que conduz o tratamento. Fazemos atualmente cerca de 500 atendimentos por mês na clínica. Mesmo na crise, o mercado está em contínuo crescimento" Rafael Ferreira, 32, dono de uma clínica de estética | sobretudo |
Pós-graduação na área de estética é promessa de lucro para farmacêuticos
LEA DE LUCA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Os números estão a favor de quem quer atuar no mercado de beleza e bem-estar no Brasil. Mesmo com a recessão econômica, o setor deve crescer 2,8% neste ano, segundo projeção da consultoria Euromonitor. O país é o quarto do mundo que mais consome produtos voltados para a estética, de acordo com a Abihpec (associação que representa a indústria). A notícia é boa para os farmacêuticos, que, graças a uma resolução do CFF (Conselho Federal de Farmácia) de 2015, podem atuar no ramo e ter suas próprias clínicas. A única exigência para isso é fazer uma pós-graduação na área de estética. A formação permite realizar procedimentos que não são feitos por esteticistas -profissão ainda não regulamentada no Brasil. "Os esteticistas não podem fazer alguns tratamentos, como a aplicação de botox. Já o profissional que cursa a faculdade de farmácia está mais bem preparado para atuar no ramo, uma vez que conhece profundamente cosmetologia, os princípios ativos e como eles atuam no organismo", diz Rafael Ferreira, 32, farmacêutico esteta, dono de uma clínica no Tatuapé, em São Paulo. LINHA DE FRENTE Em 2012, Ferreira adquiriu seu centro técnico, onde ensinava esteticistas a aplicar os produtos cosméticos que desenvolvia. "A nova legislação me permitiu estar na linha de frente. Deixei de ser coadjuvante para ser o profissional que conduz o tratamento", afirma. Sua clínica faz, atualmente, cerca de 500 atendimentos por mês. A demanda, diz, é sazonal: no inverno, aumenta a procura por peelings e, no verão, por tratamentos corporais e "harmonização facial" -botox e técnicas de agulhamento. Segundo Valmir de Santi, vice-presidente do CFF, a iniciativa de regulamentar a atuação do farmacêutico em estética partiu de uma demanda dos associados. INVESTIMENTO Para abrir uma clínica, não é preciso investir tanto -cerca de R$ 100 mil-, já que é possível alugar equipamentos para criolipólise (tratamento para eliminação de gordura) e mesoterapia (para estrias e gordura localizada), por exemplo, em vez de comprá-los. Para Alan Izolani, 31, dono desde 2013 de uma clínica de estética em Vassouras, no Rio de Janeiro, trata-se de um mercado com muito futuro. No ano passado, ele abriu o Instituto Izolani de Pesquisa e Educação, que oferece pós-graduação em farmácia estética em convênio com a Faculdade da Aldeia de Carapicuíba, em São Paulo. Em sua clínica, ele atende cerca de cem pacientes ao mês. "Sentimos uma pequena redução do movimento da clínica no primeiro semestre deste ano, mas o segundo semestre já reaqueceu", afirma Izolani. * O QUE FAZ Procedimentos de estética como criolipólise e aplicação de toxina botulínica SALÁRIO INICIAL R$ 5.000 para funcionários ou R$ 20 mil de faturamento em clínica própria PERFIL PROCURADO PELAS EMPRESAS Ter experiência na manipulação de fórmulas cosméticas e saber gerenciar equipes ONDE HÁ VAGAS Institutos de estética, academias, spas, hotéis, clínicas médicas, centros de pesquisa e na indústria ONDE ESTUDAR Senac, Instituto Pupo, Nepuga, Universidade Veiga de Almeida e Instituto Alan Izolani DURAÇÃO DO CURSO 18 meses VISÃO DE QUEM FAZ "Deixei de ser coadjuvante para ser o profissional que conduz o tratamento. Fazemos atualmente cerca de 500 atendimentos por mês na clínica. Mesmo na crise, o mercado está em contínuo crescimento" Rafael Ferreira, 32, dono de uma clínica de estética | 17 |
De mobiliário a enxoval, veja 5 dicas de lojas com criações para crianças | JULIA BENVENUTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA APRONTA A loja infantil pertence à empresa Casa Pronta, que atua no segmento de móveis planejados há mais de 20 anos. A coleção é lúdica e contempla diversos estilos, como o romântico, safári, contemporâneo e esportista. Para as crianças que dividem o mesmo quarto, existem modelos de bicamas e beliches que poupam espaço e ainda organizam os brinquedos utilizados no cotidiano. www.apronta.com.br. R. Cristiano Viana, 140, Cerqueira César, região oeste, tel. 3065-2436. Seg. a sex.: 10h às 18h. Sáb.: 10h às 14h. CC: M e V. Estac. grátis. MAMA ART As criações da marca são voltadas para os recém-nascidos e bebês, mas há uma loja da rede na mesma rua com mobiliários para crianças de até 12 anos. A variedade de modelos é grande: vai dos berços básicos, com detalhes feitos com tramas de palha (R$ 2.190), a conceitos mais elaborados, como o inspirado na tradicional boneca russa Mamuska (ou Matrioska). www.mamart.com.br. R. Sta. Justina, 540, Vila Olímpia, região oeste, tel. 3045-0073 e 3045-6652. Seg. a sex.: 10h às 18h30. Sáb.: 10h às 14h. CC: AE, D, E, M e V. PANACÉIA O ateliê confecciona a sua própria linha de enxoval de bebês. Tem lençóis 100% algodão, toalhas, protetores de berço, colchas de patchwork, mantas de crochê -entre outros mimos. O espaço ainda vende roupinhas, lancheiras de tecido impermeável (R$ 78), móbiles e objetos de decoração. Aceita encomendas. www.atelierpanaceia.com.br. R. Delfina, 91, Vila Madalena, região oeste, tel. 3814-0234. Seg. a sex.: 10h às 18h30. Sáb.: 10h às 15h. CC: M e V. QUARTOS ETC. A marca de móveis planejados produz linhas para adultos e para crianças de zero a seis anos de idade. Os produtos são fabricados com madeira certificada e atendem às necessidades do quarto dos pequenos. Procure pela mesa que acompanha rolo de papel para desenhar e as mini-camas, ideais para a fase de transição dos clientes da loja. www.qequartos.com.br. Quartos e Etc - al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.742, Jardim América, região oeste, tel. 3085-2800. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb.: 10h às 14h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. grátis. UM QUARTO DE GENTE A loja de móveis sob medida cria quartos divertidos para as crianças, que transformam a hora de dormir em uma verdadeira aventura. Alguns modelos disponíveis simulam uma casinha de boneca, uma morada na árvore e uma cozinha de mentira. Também trabalha com projetos para adolescentes. www.umquartodegente.com.br. Al. Jauaperi, 1.449, Moema, região sul, tel. 4438-6692. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 17h. CC: AE, C, D, E, M e V. Estac. grátis. | saopaulo | De mobiliário a enxoval, veja 5 dicas de lojas com criações para criançasJULIA BENVENUTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA APRONTA A loja infantil pertence à empresa Casa Pronta, que atua no segmento de móveis planejados há mais de 20 anos. A coleção é lúdica e contempla diversos estilos, como o romântico, safári, contemporâneo e esportista. Para as crianças que dividem o mesmo quarto, existem modelos de bicamas e beliches que poupam espaço e ainda organizam os brinquedos utilizados no cotidiano. www.apronta.com.br. R. Cristiano Viana, 140, Cerqueira César, região oeste, tel. 3065-2436. Seg. a sex.: 10h às 18h. Sáb.: 10h às 14h. CC: M e V. Estac. grátis. MAMA ART As criações da marca são voltadas para os recém-nascidos e bebês, mas há uma loja da rede na mesma rua com mobiliários para crianças de até 12 anos. A variedade de modelos é grande: vai dos berços básicos, com detalhes feitos com tramas de palha (R$ 2.190), a conceitos mais elaborados, como o inspirado na tradicional boneca russa Mamuska (ou Matrioska). www.mamart.com.br. R. Sta. Justina, 540, Vila Olímpia, região oeste, tel. 3045-0073 e 3045-6652. Seg. a sex.: 10h às 18h30. Sáb.: 10h às 14h. CC: AE, D, E, M e V. PANACÉIA O ateliê confecciona a sua própria linha de enxoval de bebês. Tem lençóis 100% algodão, toalhas, protetores de berço, colchas de patchwork, mantas de crochê -entre outros mimos. O espaço ainda vende roupinhas, lancheiras de tecido impermeável (R$ 78), móbiles e objetos de decoração. Aceita encomendas. www.atelierpanaceia.com.br. R. Delfina, 91, Vila Madalena, região oeste, tel. 3814-0234. Seg. a sex.: 10h às 18h30. Sáb.: 10h às 15h. CC: M e V. QUARTOS ETC. A marca de móveis planejados produz linhas para adultos e para crianças de zero a seis anos de idade. Os produtos são fabricados com madeira certificada e atendem às necessidades do quarto dos pequenos. Procure pela mesa que acompanha rolo de papel para desenhar e as mini-camas, ideais para a fase de transição dos clientes da loja. www.qequartos.com.br. Quartos e Etc - al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.742, Jardim América, região oeste, tel. 3085-2800. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb.: 10h às 14h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. grátis. UM QUARTO DE GENTE A loja de móveis sob medida cria quartos divertidos para as crianças, que transformam a hora de dormir em uma verdadeira aventura. Alguns modelos disponíveis simulam uma casinha de boneca, uma morada na árvore e uma cozinha de mentira. Também trabalha com projetos para adolescentes. www.umquartodegente.com.br. Al. Jauaperi, 1.449, Moema, região sul, tel. 4438-6692. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 17h. CC: AE, C, D, E, M e V. Estac. grátis. | 9 |
Coalizão de premiê de Israel deve enfrentar rejeição | A nova coalizão israelense, anunciada pelo premiê Binyamin Netanyahu na véspera do prazo final para formar um governo, terá desde seu primeiro dia de trabalho um enorme desafio: a rejeição a alguns de seus membros. Diversos dos ministérios devem ser chefiados por personagens políticos controversos tanto em Israel quanto no cenário internacional. Uma das nomeações mais polêmicas parece ser a de Ayelet Shaked (Casa Judaica) para a Justiça. Shaked é conhecida em Israel por declarações agressivas sobre palestinos e por ter descrito africanos em busca de asilo político como uma ameaça ao caráter judaico do país. Ela publicou em sua página do Facebook, por exemplo, um texto afirmando que todo o povo palestino é inimigo na guerra, pelo que foi acusada de pedir o genocídio dessa população. Em discurso, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan comparou Shaked a Adolf Hitler. Também não contará pontos para a imagem de Israel no exterior a escolha de Naftali Bennett para a Educação. Bennett, líder do nacional-religioso Casa Judaica, é um dos principais defensores dos assentamentos israelenses na Cisjordânia —duramente criticados por Estados Unidos e União Europeia. Moshe Yaalon, do Likud, deve manter a pasta da Defesa. Durante as últimas tentativas de negociar a paz na região, Yaalon disse que o secretário de Estado americano, John Kerry, é "obsessivo" e "messiânico" e deveria "pegar seu Nobel e nos deixar sozinhos". A fala levou, à época, ao atrito diplomático. A coalizão montada por Netanyahu inclui, para além do Likud e da Casa Judaica, os partidos ultraortodoxos Shas e Judaísmo da Torá Unida. No governo, devem conseguir reverter as discussões do gabinete anterior que visavam ampliar a participação de ultraortodoxos —em parte isentos— no Exército. Ao que parece, o premiê irá acumular por ora o cargo de chanceler. Nesse caso, será algum avanço para a imagem do país: está de fora do governo Avigdor Lieberman (Yisrael Beitenu), que há alguns meses sugeriu decapitar seus cidadãos árabes. Ele decidiu ir agora à oposição. Netanyahu também coleciona não poucos momentos de má fama internacional. Durante a eleição deste ano, ele disse que não haverá em seu governo um Estado palestino, e alertou os eleitores de direita para o "risco" de que cidadãos árabes fossem às urnas. | mundo | Coalizão de premiê de Israel deve enfrentar rejeiçãoA nova coalizão israelense, anunciada pelo premiê Binyamin Netanyahu na véspera do prazo final para formar um governo, terá desde seu primeiro dia de trabalho um enorme desafio: a rejeição a alguns de seus membros. Diversos dos ministérios devem ser chefiados por personagens políticos controversos tanto em Israel quanto no cenário internacional. Uma das nomeações mais polêmicas parece ser a de Ayelet Shaked (Casa Judaica) para a Justiça. Shaked é conhecida em Israel por declarações agressivas sobre palestinos e por ter descrito africanos em busca de asilo político como uma ameaça ao caráter judaico do país. Ela publicou em sua página do Facebook, por exemplo, um texto afirmando que todo o povo palestino é inimigo na guerra, pelo que foi acusada de pedir o genocídio dessa população. Em discurso, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan comparou Shaked a Adolf Hitler. Também não contará pontos para a imagem de Israel no exterior a escolha de Naftali Bennett para a Educação. Bennett, líder do nacional-religioso Casa Judaica, é um dos principais defensores dos assentamentos israelenses na Cisjordânia —duramente criticados por Estados Unidos e União Europeia. Moshe Yaalon, do Likud, deve manter a pasta da Defesa. Durante as últimas tentativas de negociar a paz na região, Yaalon disse que o secretário de Estado americano, John Kerry, é "obsessivo" e "messiânico" e deveria "pegar seu Nobel e nos deixar sozinhos". A fala levou, à época, ao atrito diplomático. A coalizão montada por Netanyahu inclui, para além do Likud e da Casa Judaica, os partidos ultraortodoxos Shas e Judaísmo da Torá Unida. No governo, devem conseguir reverter as discussões do gabinete anterior que visavam ampliar a participação de ultraortodoxos —em parte isentos— no Exército. Ao que parece, o premiê irá acumular por ora o cargo de chanceler. Nesse caso, será algum avanço para a imagem do país: está de fora do governo Avigdor Lieberman (Yisrael Beitenu), que há alguns meses sugeriu decapitar seus cidadãos árabes. Ele decidiu ir agora à oposição. Netanyahu também coleciona não poucos momentos de má fama internacional. Durante a eleição deste ano, ele disse que não haverá em seu governo um Estado palestino, e alertou os eleitores de direita para o "risco" de que cidadãos árabes fossem às urnas. | 4 |
Gravação sugere articulação de Sarney e Renan contra Lava Jato, diz TV | Novos diálogos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e o presidente do Senado, Renan Calheiros, sugerem articulações para influenciar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato. O áudio foi divulgado pelo "Jornal da Globo", da Rede Globo, que obteve gravações feitas por Machado nos dias 10 e 11 de março. Em um dos trechos da conversa, Sarney cita o nome do ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Cesar Asfor Rocha como alguém que teria proximidade com Teori. "Tem total acesso ao Teori. Muito muito muito muito acesso, muito acesso. Eu preciso falar com Cesar. A única coisa com o Cesar, com o Teori é com o Cesar", afirma Sarney. Sarney respondia pedido de ajuda de Machado para se livrar da pressão para realizar delação premiada. "Porque realmente, se me jogarem para baixo aí... Teori ninguém consegue conversar", disse o ex-presidente da Transpetro. Em outra gravação, Renan também participa da conversa. O trio cita o advogado Eduardo Ferrão para chegar a Teori. "O Renan me fez uma lembrança que pode substituir o Cesar [Asfor Rocha]. O Ferrão é muito amigo do Teori", diz Sarney. Em outro trecho do áudio, Machado afirma que uma possível delação da Odebrecht poderia implicar a presidente afastada Dilma Rousseff por causa de pagamentos ao publicitários João Santana. "A Odebrecht [...] vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque foi com ele quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela", afirma Sarney. "Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação. A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso". PREOCUPAÇÃO Assessores do presidente interino, Michel Temer, relatam um clima de apreensão no governo depois de receberem a informação de que o Ministério Público pode ter mais gravações feitas por Machado reforçando suspeitas de que a cúpula do PMDB estaria atuando para tentar brecar a Operação Lava Jato. Na segunda-feira (23), no mesmo dia da divulgação de gravação do ex-ministro Romero Jucá (Planejamento) com Machado em que ele sugere um pacto para barrar a Lava Jato, o PV anunciou posição de independência no Congresso. O receio é que partidos como PSDB e DEM repitam o gesto caso as denúncias se aproximem do presidente interino. Além da gravação entre Jucá e Machado, a Folha revelou gravações do ex-presidente da Transpetro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney. | poder | Gravação sugere articulação de Sarney e Renan contra Lava Jato, diz TVNovos diálogos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e o presidente do Senado, Renan Calheiros, sugerem articulações para influenciar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato. O áudio foi divulgado pelo "Jornal da Globo", da Rede Globo, que obteve gravações feitas por Machado nos dias 10 e 11 de março. Em um dos trechos da conversa, Sarney cita o nome do ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Cesar Asfor Rocha como alguém que teria proximidade com Teori. "Tem total acesso ao Teori. Muito muito muito muito acesso, muito acesso. Eu preciso falar com Cesar. A única coisa com o Cesar, com o Teori é com o Cesar", afirma Sarney. Sarney respondia pedido de ajuda de Machado para se livrar da pressão para realizar delação premiada. "Porque realmente, se me jogarem para baixo aí... Teori ninguém consegue conversar", disse o ex-presidente da Transpetro. Em outra gravação, Renan também participa da conversa. O trio cita o advogado Eduardo Ferrão para chegar a Teori. "O Renan me fez uma lembrança que pode substituir o Cesar [Asfor Rocha]. O Ferrão é muito amigo do Teori", diz Sarney. Em outro trecho do áudio, Machado afirma que uma possível delação da Odebrecht poderia implicar a presidente afastada Dilma Rousseff por causa de pagamentos ao publicitários João Santana. "A Odebrecht [...] vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque foi com ele quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela", afirma Sarney. "Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação. A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso". PREOCUPAÇÃO Assessores do presidente interino, Michel Temer, relatam um clima de apreensão no governo depois de receberem a informação de que o Ministério Público pode ter mais gravações feitas por Machado reforçando suspeitas de que a cúpula do PMDB estaria atuando para tentar brecar a Operação Lava Jato. Na segunda-feira (23), no mesmo dia da divulgação de gravação do ex-ministro Romero Jucá (Planejamento) com Machado em que ele sugere um pacto para barrar a Lava Jato, o PV anunciou posição de independência no Congresso. O receio é que partidos como PSDB e DEM repitam o gesto caso as denúncias se aproximem do presidente interino. Além da gravação entre Jucá e Machado, a Folha revelou gravações do ex-presidente da Transpetro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney. | 0 |
Leitores comentam declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy | Joaquim Levy é um craque que realmente precisa estar no Ministério da Fazenda neste momento de forte tormenta. Ele está lá para não deixar o barco à deriva soçobrar. Ocorre que os craques não costumam tolerar os pernas de pau. Daí as reiteradas críticas públicas, devidamente espiritualizadas, à presidente Dilma Rousseff ("Dilma nem sempre age de forma eficaz, afirma Levy", "Poder", 29/3). O problema é que a estrada do ministro se torna cada vez mais pedregosa. Amadeu R. Garrido de Paula (São Paulo, SP) * No dia em que a ombudsman aponta erros nas manchetes do jornal ("Diferentemente do informado...", "Poder", 29/3), a Folha destaca a afirmação do ministro da Fazenda ("Dilma é genuína, mas nem sempre efetiva, diz Levy", "Primeira Página"). Independentemente de a frase ter sido tirada do contexto ou não, uma leitura em inglês ou português deixa claro que o fato é irrelevante, não justificava ser manchete. Nessa escolha, o jornal aparenta preferir a fofoca em função do quanto pior, melhor. Triste. Alfredo Sternheim, jornalista e cineasta (São Paulo, SP) * Quando o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declara em uma plateia que a sua chefe é bem intencionada, mas nem sempre eficaz, há duas hipóteses sobre a situação dele no governo: ou ele tem muita liberdade ou ela depende muito dele. André Pedreschi Aluisi (Rio Claro, SP) * No esforço de sustentar um movimento contra a presidente Dilma, a manchete da Folha deste domingo destaca um factoide tentando indispor o ministro da Fazenda com a presidente. Evaldo Gândara Barcellos (Santa Rita do Passa Quatro, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Leitores comentam declaração do ministro da Fazenda, Joaquim LevyJoaquim Levy é um craque que realmente precisa estar no Ministério da Fazenda neste momento de forte tormenta. Ele está lá para não deixar o barco à deriva soçobrar. Ocorre que os craques não costumam tolerar os pernas de pau. Daí as reiteradas críticas públicas, devidamente espiritualizadas, à presidente Dilma Rousseff ("Dilma nem sempre age de forma eficaz, afirma Levy", "Poder", 29/3). O problema é que a estrada do ministro se torna cada vez mais pedregosa. Amadeu R. Garrido de Paula (São Paulo, SP) * No dia em que a ombudsman aponta erros nas manchetes do jornal ("Diferentemente do informado...", "Poder", 29/3), a Folha destaca a afirmação do ministro da Fazenda ("Dilma é genuína, mas nem sempre efetiva, diz Levy", "Primeira Página"). Independentemente de a frase ter sido tirada do contexto ou não, uma leitura em inglês ou português deixa claro que o fato é irrelevante, não justificava ser manchete. Nessa escolha, o jornal aparenta preferir a fofoca em função do quanto pior, melhor. Triste. Alfredo Sternheim, jornalista e cineasta (São Paulo, SP) * Quando o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declara em uma plateia que a sua chefe é bem intencionada, mas nem sempre eficaz, há duas hipóteses sobre a situação dele no governo: ou ele tem muita liberdade ou ela depende muito dele. André Pedreschi Aluisi (Rio Claro, SP) * No esforço de sustentar um movimento contra a presidente Dilma, a manchete da Folha deste domingo destaca um factoide tentando indispor o ministro da Fazenda com a presidente. Evaldo Gândara Barcellos (Santa Rita do Passa Quatro, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
Dólar comercial sobe para R$ 3,89 com crise política e dados ruins da China | O dólar comercial teve forte valorização nesta terça-feira (13) e fechou o dia cotado a R$ 3,89, afetado por dados econômicos que apontam para a desaceleração da China e também pela crise política enfrentada pelo governo brasileiro, na qual as discussões em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff deixam em segundo plano a votação do ajuste fiscal. A alta da moeda americana também teve um componente de ajuste técnico, com importadores aproveitando o fato de o dólar ter encerrado a semana passada no menor nível em um mês para conseguir trazer seus produtos ao país a uma cotação mais baixa. O dólar comercial, usado em transações de comércio exterior, fechou o dia com valorização de 3,59%, para R$ 3,894. O dólar à vista, referência no mercado financeiro e que fecha mais cedo, teve alta de 2,45%, para R$ 3,848. Já a Bolsa brasileira interrompeu sequência de nove altas e encerrou o dia com queda de 4%, para 47.362 pontos, na maior desvalorização diária desde dezembro do ano passado. A queda do real ante o dólar ocorreu em linha com o exterior, com 20 das 24 principais moedas emergentes perdendo força em relação à divisa americana após dados ruins de balança comercial da China. O gigante asiático registrou queda de 20% das importações em setembro na comparação anual devido aos preços fracos de commodities e à demanda doméstica fraca, o que continuará a complicar os esforços do governo chinês para conter a deflação. Foi o 11º mês seguido de queda das importações. De uma maneira geral, a balança comercial da China mostrou leve recuperação no mês passado, mas as importações continuam preocupando e gerando dúvidas sobre uma desaceleração do gigante asiático. As exportações caíram 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, contra recuo de 5,5% em agosto. "Os dados da China criam uma incerteza em relação à expectativa oficial da adoção de novas medidas de estímulo pelo governo. A avaliação é que a margem de manobra da China é pequena para revitalizar a economia do país", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Capital Asset. Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, a desaceleração da China só piora o cenário para o Brasil. "Nós focamos nos últimos anos no comércio exterior com a China, que se tornou o principal parceiro comercial do país. A desaceleração da economia chinesa acaba tendo impacto mais forte aqui do que em outros países que diversificaram seus parceiros comerciais", afirma. CRISE POLÍTICA Mas o principal motivo para a depreciação do real nesta terça-feira foram as incertezas políticas do país, com a discussão em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff deixando de escanteio a votação do ajuste fiscal necessário para que o Brasil consiga obter superavit primário —saldo entre receitas e despesas, excluindo juros—- em 2016. "A questão em torno do processo, se vai haver impeachment ou não da Dilma, se o presidente da Câmara [Eduardo Cunha] vai ou não renunciar, isso tudo atrapalha", diz Carlos Pedroso, economista-chefe do Banco de Tokyo-Mitsubishi. "A incerteza política significa que as matérias fiscais que estão no Congresso vão ser adiadas e não vão sair com a rapidez necessária para realizar o ajuste necessário para gerar o superavit no ano que vem. Com isso, haverá uma piora nas condições econômicas que se reflete no câmbio", complementa. Nesta terça-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o rito estabelecido por Cunha para o andamento na Casa de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na prática, os ministros não impedem o presidente da Câmara de avaliar os pedidos de impedimento de Dilma, mas, segundo interpretação da área técnica da Corte, travam a possível tramitação de uma ação contra a petista nos moldes definido por Cunha. Entre as manobras acertadas pelo peemedebista com a oposição está a de que, caso ele rejeite um pedido, caberia recurso ao plenário, onde bastaria o voto da maioria dos presentes à sessão para que seja dada sequência ao processo. "A estabilização do ambiente político é necessária para evitar um novo rebaixamento do país", avalia Rostagno, do banco Mizuho. A incerteza política também fez com que os juros futuros subissem nesta sessão. O contrato de DI para janeiro de 2016 avançou de 14,320% na última sessão para 14,370%. O DI para janeiro de 2017 subiu de 15,560% para R$ 15,800%, e o DI para janeiro de 2021 passou de 15,650% para 15,940%. Vale destacar que, nas últimas semanas, participantes do mercado apontavam que a forte alta do dólar estava relacionada ao cenário interno no país. Na última semana, porém, a moeda americana só subiu um dia, ainda que os desdobramentos da crise política tenham continuado. AÇÕES As ações da Gol lideraram as baixas do Ibovespa, afetadas pela forte valorização do dólar nesta sessão. Os papéis tiveram queda de 13,41%, para R$ 3,81. As ações de siderúrgicas e da Vale também encerraram o dia com fortes desvalorizações, prejudicadas pelos dados ruins da economia chinesa. Os papéis preferenciais da CSN tiveram queda de 12,57%, enquanto as ações de mesmo tipo da Usiminas caíram 11,53%. Os papéis preferenciais da mineradora Vale —os mais negociados— caíram 7,87%, para R$ 14,98, enquanto os ordinários —com direito a voto— fecharam o dia com forte queda de 10,63%, para R$ 18,58. A queda também é reflexo da forte valorização sofrida pelos papéis nos últimos pregões. De 29 de setembro até sexta-feira (9), as ações preferenciais da mineradora acumulavam alta de 23%, enquanto as ordinárias subiram 26,15%. Diante dos ganhos e em meio à instabilidade política no país, os investidores optam por embolsar os ganhos obtidos no período —a chamada realização de lucro. As ações da Petrobras também caíram nesta sessão. Os papéis preferencias da petrolífera caíram 7,61%, para R$ 8,13. Os ordinários tiveram queda de 8,12%, para R$ 9,84. A queda de hoje, porém, também tem um componente de realização de lucro: as ações preferenciais da estatal acumulavam valorização de 33,5% entre 29 de setembro e sexta-feira, enquanto os ordinários subiram 36,4% no mesmo período. Na ponta contrária, os papéis de exportadoras se destacaram nesta terça-feira. As ações de Suzano, do setor de papel e celulose, registraram alta de 9,22%, para R$ 18,37, enquanto os papéis da Fibria tiveram alta de 4,20%, para R$ 53,61. | mercado | Dólar comercial sobe para R$ 3,89 com crise política e dados ruins da ChinaO dólar comercial teve forte valorização nesta terça-feira (13) e fechou o dia cotado a R$ 3,89, afetado por dados econômicos que apontam para a desaceleração da China e também pela crise política enfrentada pelo governo brasileiro, na qual as discussões em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff deixam em segundo plano a votação do ajuste fiscal. A alta da moeda americana também teve um componente de ajuste técnico, com importadores aproveitando o fato de o dólar ter encerrado a semana passada no menor nível em um mês para conseguir trazer seus produtos ao país a uma cotação mais baixa. O dólar comercial, usado em transações de comércio exterior, fechou o dia com valorização de 3,59%, para R$ 3,894. O dólar à vista, referência no mercado financeiro e que fecha mais cedo, teve alta de 2,45%, para R$ 3,848. Já a Bolsa brasileira interrompeu sequência de nove altas e encerrou o dia com queda de 4%, para 47.362 pontos, na maior desvalorização diária desde dezembro do ano passado. A queda do real ante o dólar ocorreu em linha com o exterior, com 20 das 24 principais moedas emergentes perdendo força em relação à divisa americana após dados ruins de balança comercial da China. O gigante asiático registrou queda de 20% das importações em setembro na comparação anual devido aos preços fracos de commodities e à demanda doméstica fraca, o que continuará a complicar os esforços do governo chinês para conter a deflação. Foi o 11º mês seguido de queda das importações. De uma maneira geral, a balança comercial da China mostrou leve recuperação no mês passado, mas as importações continuam preocupando e gerando dúvidas sobre uma desaceleração do gigante asiático. As exportações caíram 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, contra recuo de 5,5% em agosto. "Os dados da China criam uma incerteza em relação à expectativa oficial da adoção de novas medidas de estímulo pelo governo. A avaliação é que a margem de manobra da China é pequena para revitalizar a economia do país", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Capital Asset. Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, a desaceleração da China só piora o cenário para o Brasil. "Nós focamos nos últimos anos no comércio exterior com a China, que se tornou o principal parceiro comercial do país. A desaceleração da economia chinesa acaba tendo impacto mais forte aqui do que em outros países que diversificaram seus parceiros comerciais", afirma. CRISE POLÍTICA Mas o principal motivo para a depreciação do real nesta terça-feira foram as incertezas políticas do país, com a discussão em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff deixando de escanteio a votação do ajuste fiscal necessário para que o Brasil consiga obter superavit primário —saldo entre receitas e despesas, excluindo juros—- em 2016. "A questão em torno do processo, se vai haver impeachment ou não da Dilma, se o presidente da Câmara [Eduardo Cunha] vai ou não renunciar, isso tudo atrapalha", diz Carlos Pedroso, economista-chefe do Banco de Tokyo-Mitsubishi. "A incerteza política significa que as matérias fiscais que estão no Congresso vão ser adiadas e não vão sair com a rapidez necessária para realizar o ajuste necessário para gerar o superavit no ano que vem. Com isso, haverá uma piora nas condições econômicas que se reflete no câmbio", complementa. Nesta terça-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o rito estabelecido por Cunha para o andamento na Casa de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na prática, os ministros não impedem o presidente da Câmara de avaliar os pedidos de impedimento de Dilma, mas, segundo interpretação da área técnica da Corte, travam a possível tramitação de uma ação contra a petista nos moldes definido por Cunha. Entre as manobras acertadas pelo peemedebista com a oposição está a de que, caso ele rejeite um pedido, caberia recurso ao plenário, onde bastaria o voto da maioria dos presentes à sessão para que seja dada sequência ao processo. "A estabilização do ambiente político é necessária para evitar um novo rebaixamento do país", avalia Rostagno, do banco Mizuho. A incerteza política também fez com que os juros futuros subissem nesta sessão. O contrato de DI para janeiro de 2016 avançou de 14,320% na última sessão para 14,370%. O DI para janeiro de 2017 subiu de 15,560% para R$ 15,800%, e o DI para janeiro de 2021 passou de 15,650% para 15,940%. Vale destacar que, nas últimas semanas, participantes do mercado apontavam que a forte alta do dólar estava relacionada ao cenário interno no país. Na última semana, porém, a moeda americana só subiu um dia, ainda que os desdobramentos da crise política tenham continuado. AÇÕES As ações da Gol lideraram as baixas do Ibovespa, afetadas pela forte valorização do dólar nesta sessão. Os papéis tiveram queda de 13,41%, para R$ 3,81. As ações de siderúrgicas e da Vale também encerraram o dia com fortes desvalorizações, prejudicadas pelos dados ruins da economia chinesa. Os papéis preferenciais da CSN tiveram queda de 12,57%, enquanto as ações de mesmo tipo da Usiminas caíram 11,53%. Os papéis preferenciais da mineradora Vale —os mais negociados— caíram 7,87%, para R$ 14,98, enquanto os ordinários —com direito a voto— fecharam o dia com forte queda de 10,63%, para R$ 18,58. A queda também é reflexo da forte valorização sofrida pelos papéis nos últimos pregões. De 29 de setembro até sexta-feira (9), as ações preferenciais da mineradora acumulavam alta de 23%, enquanto as ordinárias subiram 26,15%. Diante dos ganhos e em meio à instabilidade política no país, os investidores optam por embolsar os ganhos obtidos no período —a chamada realização de lucro. As ações da Petrobras também caíram nesta sessão. Os papéis preferencias da petrolífera caíram 7,61%, para R$ 8,13. Os ordinários tiveram queda de 8,12%, para R$ 9,84. A queda de hoje, porém, também tem um componente de realização de lucro: as ações preferenciais da estatal acumulavam valorização de 33,5% entre 29 de setembro e sexta-feira, enquanto os ordinários subiram 36,4% no mesmo período. Na ponta contrária, os papéis de exportadoras se destacaram nesta terça-feira. As ações de Suzano, do setor de papel e celulose, registraram alta de 9,22%, para R$ 18,37, enquanto os papéis da Fibria tiveram alta de 4,20%, para R$ 53,61. | 2 |
'Warcraft' prova que o cinema agora é um negócio da China | O filme "Warcraft" tinha tudo para sumir do mapa após uma estreia pífia nos cinemas americanos, rendendo apenas US$ 24 milhões em todo o fim de semana. Mas a adaptação do game de sucesso pelo diretor Duncan Jones ("Lunar") deve virar um marco na história do cinema comercial. Tudo por causa da China. O longa-metragem de US$ 160 milhões estreou em meio a um feriado no país oriental e faturou, em apenas cinco dias, US$ 156 milhões. Os valores mostraram a disparidade entre os dois maiores mercados do planeta e, em termos de comparação, ultrapassaram os US$ 124 milhões que "Star Wars - O Despertar da Força" rendeu em toda a carreira na China. Não é nenhuma novidade uma produção hollywoodiana ser "salva" pelos chineses após um fracasso local —caso de "Círculo de Fogo" (2013), por exemplo. Contudo, com a ascensão meteórica do mercado da China, "Warcraft" mostra que os grandes estúdios podem começar a pensar em longas milionários que podem ficar até fora do circuito ianque no futuro. Afinal, a fantasia de Jones teve 90% da sua renda total (US$ 412 milhões) gerada pelo mercado internacional. Dos US$ 368 milhões captados por "Warcraft" fora dos EUA, US$ 200 milhões vieram dos cinemas chineses —enquanto os americanos geraram apenas US$ 43 milhões para a Universal e sua parceira, a produtora Legendary. "Isso entrará para a história como um recorde em termos de diferença entre as bilheterias americana e chinesa", disse o analista sênior da Exhibitor Relations à revista "Wired". Mas o sucesso oriental de "Warcraft" não é um acidente de percurso. Pelo contrário: foi um jogo de paciência por parte de Thomas Tull, presidente da Legendary, que há dez anos investe no mercado asiático. Não foi coincidência que o "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008), de Christopher Nolan, teve cenas rodadas em Hong Kong, assim como "Hacker" (2015), de Michael Mann. Ou que "Círculo de Fogo" tenha apelo na China. Todos foram produzidos por Tull. O namoro ficou mais sério em 2011, quando o empresário abriu uma filial no país. Mas o casamento mesmo foi em janeiro passado, quando a Legendary —que atua em parceira com a Universal na distribuição no ocidente— foi comprada por US$ 3,5 bilhões (em dinheiro vivo e não ações) pela Dalian Wanda Group, o maior conglomerado de entretenimento da China. O grupo já era dono da rede de cinemas AMC, a segunda maior dos Estados Unidos, e, com a compra da empresa, ele bateu o martelo no que ainda é o maior negócio entre Hollywood e China de todos os tempos. Com a Legendary virando parte da Dalian Wanda —única companhia que consegue rivalizar com a poderosa Disney na China—, "Warcraft" ganhou uma ajuda vital: fazer parte do circuito do grupo, que equivale a 67% dos 39 mil cinemas que existem na China. O filme, assim, não ficou restrito somente aos grandes centros do país, mas foi exibido em cidades menores do interior. "Warcraft" também foi fatiado entre empresas chinesas para pagar o orçamento de US$ 160 milhões, como a China Film Group, controlada pelo governo, e a Tencent, um dos maiores conglomerados de mídia do país. A entrada desses jogadores na construção do filme garantiu uma campanha de marketing em massa na China. Foram 26 marcas patrocinando o longa, da fabricante de computadores Lenovo à Intel, rendendo US$ 20 milhões em parceiras e, principalmente, levando o longa para toda a população. Times de especialistas, antes mesmo da Legendary perceber que a produção estava fadada ao fracasso nos EUA, foram enviados a Pequim e Xangai para forjar uma campanha publicitária abrangente e única. O estúdio cedeu imagens exclusivas para que as equipes trabalhassem em redes sociais e trailers específicos para cada localidade. Assim como "Círculo de Fogo", "Warcraft" certamente terá uma continuação, algo impossível de acontecer há alguns anos sem o respaldo do mercado americano. E a tendência é que o longa torne-se um marco, já que a China deve ultrapassar os Estados Unidos como maior mercado de cinema do mundo já em 2017, um ano antes da previsão dos analistas. Acha que é um exagero? Pense apenas uma coisa: nas 24 horas em que essa matéria foi escrita e você a leu, 15 novos cinemas foram construídos na China. | ilustrada | 'Warcraft' prova que o cinema agora é um negócio da ChinaO filme "Warcraft" tinha tudo para sumir do mapa após uma estreia pífia nos cinemas americanos, rendendo apenas US$ 24 milhões em todo o fim de semana. Mas a adaptação do game de sucesso pelo diretor Duncan Jones ("Lunar") deve virar um marco na história do cinema comercial. Tudo por causa da China. O longa-metragem de US$ 160 milhões estreou em meio a um feriado no país oriental e faturou, em apenas cinco dias, US$ 156 milhões. Os valores mostraram a disparidade entre os dois maiores mercados do planeta e, em termos de comparação, ultrapassaram os US$ 124 milhões que "Star Wars - O Despertar da Força" rendeu em toda a carreira na China. Não é nenhuma novidade uma produção hollywoodiana ser "salva" pelos chineses após um fracasso local —caso de "Círculo de Fogo" (2013), por exemplo. Contudo, com a ascensão meteórica do mercado da China, "Warcraft" mostra que os grandes estúdios podem começar a pensar em longas milionários que podem ficar até fora do circuito ianque no futuro. Afinal, a fantasia de Jones teve 90% da sua renda total (US$ 412 milhões) gerada pelo mercado internacional. Dos US$ 368 milhões captados por "Warcraft" fora dos EUA, US$ 200 milhões vieram dos cinemas chineses —enquanto os americanos geraram apenas US$ 43 milhões para a Universal e sua parceira, a produtora Legendary. "Isso entrará para a história como um recorde em termos de diferença entre as bilheterias americana e chinesa", disse o analista sênior da Exhibitor Relations à revista "Wired". Mas o sucesso oriental de "Warcraft" não é um acidente de percurso. Pelo contrário: foi um jogo de paciência por parte de Thomas Tull, presidente da Legendary, que há dez anos investe no mercado asiático. Não foi coincidência que o "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008), de Christopher Nolan, teve cenas rodadas em Hong Kong, assim como "Hacker" (2015), de Michael Mann. Ou que "Círculo de Fogo" tenha apelo na China. Todos foram produzidos por Tull. O namoro ficou mais sério em 2011, quando o empresário abriu uma filial no país. Mas o casamento mesmo foi em janeiro passado, quando a Legendary —que atua em parceira com a Universal na distribuição no ocidente— foi comprada por US$ 3,5 bilhões (em dinheiro vivo e não ações) pela Dalian Wanda Group, o maior conglomerado de entretenimento da China. O grupo já era dono da rede de cinemas AMC, a segunda maior dos Estados Unidos, e, com a compra da empresa, ele bateu o martelo no que ainda é o maior negócio entre Hollywood e China de todos os tempos. Com a Legendary virando parte da Dalian Wanda —única companhia que consegue rivalizar com a poderosa Disney na China—, "Warcraft" ganhou uma ajuda vital: fazer parte do circuito do grupo, que equivale a 67% dos 39 mil cinemas que existem na China. O filme, assim, não ficou restrito somente aos grandes centros do país, mas foi exibido em cidades menores do interior. "Warcraft" também foi fatiado entre empresas chinesas para pagar o orçamento de US$ 160 milhões, como a China Film Group, controlada pelo governo, e a Tencent, um dos maiores conglomerados de mídia do país. A entrada desses jogadores na construção do filme garantiu uma campanha de marketing em massa na China. Foram 26 marcas patrocinando o longa, da fabricante de computadores Lenovo à Intel, rendendo US$ 20 milhões em parceiras e, principalmente, levando o longa para toda a população. Times de especialistas, antes mesmo da Legendary perceber que a produção estava fadada ao fracasso nos EUA, foram enviados a Pequim e Xangai para forjar uma campanha publicitária abrangente e única. O estúdio cedeu imagens exclusivas para que as equipes trabalhassem em redes sociais e trailers específicos para cada localidade. Assim como "Círculo de Fogo", "Warcraft" certamente terá uma continuação, algo impossível de acontecer há alguns anos sem o respaldo do mercado americano. E a tendência é que o longa torne-se um marco, já que a China deve ultrapassar os Estados Unidos como maior mercado de cinema do mundo já em 2017, um ano antes da previsão dos analistas. Acha que é um exagero? Pense apenas uma coisa: nas 24 horas em que essa matéria foi escrita e você a leu, 15 novos cinemas foram construídos na China. | 6 |
Hamilton vence com tranquilidade o GP da Bélgica; Massa é o sexto | Assim como no treino de classificação deste sábado (22), o resultado do GP da Bélgica, 11ª etapa do Mundial de F-1, teve a Mercedes nas duas primeiras colocações. A corrida, disputada em Spa-Francorchamps na manhã deste domingo (23), foi vencida com tranquilidade pelo inglês Lewis Hamilton. Nico Rosberg garantiu a segunda posição, e Romain Grosjean, da Lotus, completou o pódio. Daniil Kvyat, da Red Bull, foi o quarto colocado, seguido por Sergio Perez, da Force India. Felipe Massa chegou em sexto, e, com o resultado, o brasileiro pulou da sexta para a quarta colocação —juntamente com Raikkonen— no Mundial, com 82 pontos. Ele está atrás, somente, de Hamilton (227), Rosberg (199) e Vettel (160). O brasileiro Felipe Nasr, da Sauber, terminou a corrida em 11º. A CORRIDA Antes mesmo do início da corrida, o primeiro piloto abandonou a pista. Hulkenberg, da Force India, apontou problemas com seu carro e não participou do GP da Bélgica. Neste caso, a largada foi abortada, e os pilotos fizeram uma nova volta de apresentação. Nessa mesma volta, Carlos Sainz também abandonou a corrida, e o GP da Bélgica teve início com um total de 18 carros e 43 voltas. Com os carros já na disputa, Lewis Hamilton se manteve na liderança de ponta a ponta. Só perdeu a primeira colocação quando parou nos boxes. Felipe Massa, que teve dificuldades logo após a largada, manteve viva a disputa por uma boa colocação. O brasileiro brigou com Sergio Perez, da Force India, pelo quinto lugar nas últimas voltas. Ambos os pilotos, no entanto, acabaram superados por Kvyat. Valtteri Bottas, que terminou em nono, passou aperto no meio da corrida. Em uma de suas passagens pelos boxes, o piloto da Williams recebeu três pneus macios e um médio, o que vai contra o regulamento da competição. Com o erro, o piloto foi punido com um "drive-through", quando cruza os boxes. Ele ainda precisou de uma parada extra para trocar os pneus corretamente. Os pneus também foram problema para Sebastian Vettel. O piloto da Ferrari, que buscava uma vitória no aniversário de 900 corridas da equipe, terminou em 12º após a explosão de um dos pneus traseiros. Nas voltas finais, o alemão era o único do top 10 que havia realizado somente uma parada nos boxes. E para manter a terceira colocação, garantida em disputa apertada com Grosjean, o piloto até chegou a sugerir à equipe que analisasse se uma segunda parada era, realmente, "necessária". O deslize dos italianos frustrou a garantia do pódio. Para a 12ª etapa, o Mundial de F-1 vai à Itália. A corrida será disputada no dia 6 de setembro. CONFIRA A CLASSIFICAÇÃO FINAL DO GP DA BÉLGICA 1: Lewis Hamilton (ING/Mercedes) 2: Nico Rosberg (ALE/Mercedes) 3: Romain Grosjean (FRA/Lotus) 4: Daniil Kvyat (RUS/Red Bull) 5: Sergio Pérez (MEX/Force India) 6: Felipe Massa (BRA/Williams) 7: Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) 8: Max Verstappen (HOL/Toro Rosso) 9: Valtteri Bottas (FIN/Williams) 10: Marcus Ericsson (SUE/Sauber) 11: Felipe Nasr (BRA/Sauber) 12: Sebastian Vettel (ALE/Ferrari) 13: Fernando Alonso (ESP/McLaren) 14: Jenson Button (ING/McLaren) 15: Roberto Merhi (ESP/Manor Marussia) 16: Will Stevens (ING/Manor Marussia) NÃO COMPLETARAM Carlos Sainz Jr. (ESP/Toro Rosso) Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull) Pastor Maldonado (VEN/Lotus) Nico Hulkenberg (ALE/Force India) | esporte | Hamilton vence com tranquilidade o GP da Bélgica; Massa é o sextoAssim como no treino de classificação deste sábado (22), o resultado do GP da Bélgica, 11ª etapa do Mundial de F-1, teve a Mercedes nas duas primeiras colocações. A corrida, disputada em Spa-Francorchamps na manhã deste domingo (23), foi vencida com tranquilidade pelo inglês Lewis Hamilton. Nico Rosberg garantiu a segunda posição, e Romain Grosjean, da Lotus, completou o pódio. Daniil Kvyat, da Red Bull, foi o quarto colocado, seguido por Sergio Perez, da Force India. Felipe Massa chegou em sexto, e, com o resultado, o brasileiro pulou da sexta para a quarta colocação —juntamente com Raikkonen— no Mundial, com 82 pontos. Ele está atrás, somente, de Hamilton (227), Rosberg (199) e Vettel (160). O brasileiro Felipe Nasr, da Sauber, terminou a corrida em 11º. A CORRIDA Antes mesmo do início da corrida, o primeiro piloto abandonou a pista. Hulkenberg, da Force India, apontou problemas com seu carro e não participou do GP da Bélgica. Neste caso, a largada foi abortada, e os pilotos fizeram uma nova volta de apresentação. Nessa mesma volta, Carlos Sainz também abandonou a corrida, e o GP da Bélgica teve início com um total de 18 carros e 43 voltas. Com os carros já na disputa, Lewis Hamilton se manteve na liderança de ponta a ponta. Só perdeu a primeira colocação quando parou nos boxes. Felipe Massa, que teve dificuldades logo após a largada, manteve viva a disputa por uma boa colocação. O brasileiro brigou com Sergio Perez, da Force India, pelo quinto lugar nas últimas voltas. Ambos os pilotos, no entanto, acabaram superados por Kvyat. Valtteri Bottas, que terminou em nono, passou aperto no meio da corrida. Em uma de suas passagens pelos boxes, o piloto da Williams recebeu três pneus macios e um médio, o que vai contra o regulamento da competição. Com o erro, o piloto foi punido com um "drive-through", quando cruza os boxes. Ele ainda precisou de uma parada extra para trocar os pneus corretamente. Os pneus também foram problema para Sebastian Vettel. O piloto da Ferrari, que buscava uma vitória no aniversário de 900 corridas da equipe, terminou em 12º após a explosão de um dos pneus traseiros. Nas voltas finais, o alemão era o único do top 10 que havia realizado somente uma parada nos boxes. E para manter a terceira colocação, garantida em disputa apertada com Grosjean, o piloto até chegou a sugerir à equipe que analisasse se uma segunda parada era, realmente, "necessária". O deslize dos italianos frustrou a garantia do pódio. Para a 12ª etapa, o Mundial de F-1 vai à Itália. A corrida será disputada no dia 6 de setembro. CONFIRA A CLASSIFICAÇÃO FINAL DO GP DA BÉLGICA 1: Lewis Hamilton (ING/Mercedes) 2: Nico Rosberg (ALE/Mercedes) 3: Romain Grosjean (FRA/Lotus) 4: Daniil Kvyat (RUS/Red Bull) 5: Sergio Pérez (MEX/Force India) 6: Felipe Massa (BRA/Williams) 7: Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) 8: Max Verstappen (HOL/Toro Rosso) 9: Valtteri Bottas (FIN/Williams) 10: Marcus Ericsson (SUE/Sauber) 11: Felipe Nasr (BRA/Sauber) 12: Sebastian Vettel (ALE/Ferrari) 13: Fernando Alonso (ESP/McLaren) 14: Jenson Button (ING/McLaren) 15: Roberto Merhi (ESP/Manor Marussia) 16: Will Stevens (ING/Manor Marussia) NÃO COMPLETARAM Carlos Sainz Jr. (ESP/Toro Rosso) Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull) Pastor Maldonado (VEN/Lotus) Nico Hulkenberg (ALE/Force India) | 3 |
'Não vou abaixar a cabeça', diz Lula ao se sentir 'prisioneiro' em ação | O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não vai abaixar a cabeça e que se sentiu um prisioneiro durante a ação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (4). Segundo o petista, "o que aconteceu hoje precisava acontecer para que o PT pudesse levantar a cabeça".Como parte das ações da 24ª fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento. Houve protestos de partidários do PT no local e também nas proximidades do apartamento dele em São Bernardo do Campo."Não vou abaixar a cabeça", disse ele. "O que eles [a PF, o Ministério Público Federal] fizeram com esse ato de hoje, é que, a partir da próxima semana, CUT, PT, sem-terras, PC do B, me convidem, que eu vou andar esse país."Leia mais aqui | tv | 'Não vou abaixar a cabeça', diz Lula ao se sentir 'prisioneiro' em açãoO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não vai abaixar a cabeça e que se sentiu um prisioneiro durante a ação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (4). Segundo o petista, "o que aconteceu hoje precisava acontecer para que o PT pudesse levantar a cabeça".Como parte das ações da 24ª fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento. Houve protestos de partidários do PT no local e também nas proximidades do apartamento dele em São Bernardo do Campo."Não vou abaixar a cabeça", disse ele. "O que eles [a PF, o Ministério Público Federal] fizeram com esse ato de hoje, é que, a partir da próxima semana, CUT, PT, sem-terras, PC do B, me convidem, que eu vou andar esse país."Leia mais aqui | 11 |
Dez lugares que todo fã de 'Star Wars' adoraria conhecer | Existem alguns lugares espalhados pelo planeta que todo grande fã da saga "Star Wars" precisa conhecer. Por isso, o site de turismo GoEuro separou destinos, do Reino Unido a Cingapura, que contam com pelo menos um pouco da história da saga. No aquecimento para a estreia do novo filme da saga, O Despertar da Força, conheça dez deles: Em primeiro lugar aparece a Legoland, grande parque de diversões com franquias em vários países, como Estados Unidos, Malásia, Reino Unido, Emirados Árabes, Alemanha e Dinamarca. Em todas elas, as crianças, mesmo as que ainda não assistiram a nenhum dos longas, podem embarcar no mundo de Guerra nas Estrelas, revivendo as cenas mais famosas com a ajuda dos funcionários do parque. O hotel Sidi Driss, em Matmata, na Tunísia, também é um destino atraente para os fãs da saga. O local, formado por um belo e antigo edifício berbere, é usado como a fazenda da família Lars, de "Star Wars", no deserto de Tatooine. No hotel, é possível fazer uma refeição na sala de jantar dos tios de Luke Skywalker. O destino se encontra a cerca de 300 km de Chott el-Djerid, grande depressão desértica onde foram gravadas cenas externas da casa de Luke. O Rancho de Obi Wan, localizado em Petaluma, no estado norte-americano da Califórnia, tem uma das maiores coleções de objetos da série do mundo. Na metade da década de 1970, o proprietário do estabelecimento, Steve Sansweet, começou a adquirir todo tipo de item relacionado aos longas. Atualmente, ele organiza tours pelo seu "museu" e deixa os visitantes tirarem fotos com as esculturas em tamanho real dos personagens principais dos filmes. Voltando para a Tunísia, o deserto de Chott el-Djerid foi usado para as cenas externas da fazenda da família Lars. Ali também é onde Luke Skywalker, de uma grande cratera no deserto de Tatooine, aparece pela primeira vez no filme "Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança". Aqui os fãs podem tirar fotos dentro do mesmo buraco imitando o jedi. Nas franquias de Londres e Berlim do famoso museu de cera Madame Tussauds estão expostas grandes e realistas esculturas de vários personagens e objetos, como Chewbacca, Darth Vader, Luke Skywalker e Han Solo, além de ser possível entrar na nave Millenium Falcon. O Star Tours, uma viagem dentro do universo de "Star Wars", pode ser realizada nos parques da Disney, nos estúdios da companhia cinematográfica em Hollywood - ambos nos Estados Unidos - e nos parques da Disney em Tóquio, no Japão. Nestes destinos, é possível fazer parte de uma missão rebelde enquanto se observa 54 histórias e cenários distintos, entre dezenas de objetos sobre a saga que permitem que cada tour seja uma experiência única e inesquecível. Segundo os fãs da saga, a ilha de Skelling Michael, na Irlanda, trata-se do local onde foi fundada a secreta Academia dos Jedis por Luke Skywalker e por onde Rey - interpretada pela britânica Daisy Ridley - passará no filme "Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força". As ruínas maias de Tikal, cidade da Guatemala, se tornaram as bases rebeldes do fictício planeta de Yavin 4, que aparecem no quarto longa da série. Para ver exatamente onde as cenas foram gravadas, é necessário subir em um dos templos, onde é possível ver os outros três que aparecem nas filmagens. Segundo o GoEuro, várias cenas do deserto de Tatooine foram filmadas no deserto de Death Valley, na Califórnia. Um dos cânions, inclusive, foi usado como o caminho para o palácio de Jabba, no sexto episódio da saga: "O Retorno de Jedi" (1983). Apesar de ter sido bastante modificada para criar a cidade de Theed nos episódios "Ameaça Fantasma" e "Ataque dos Clones", a Plaza de España, em Sevilha, pode ser reconhecida nas telas. | asmais | Dez lugares que todo fã de 'Star Wars' adoraria conhecerExistem alguns lugares espalhados pelo planeta que todo grande fã da saga "Star Wars" precisa conhecer. Por isso, o site de turismo GoEuro separou destinos, do Reino Unido a Cingapura, que contam com pelo menos um pouco da história da saga. No aquecimento para a estreia do novo filme da saga, O Despertar da Força, conheça dez deles: Em primeiro lugar aparece a Legoland, grande parque de diversões com franquias em vários países, como Estados Unidos, Malásia, Reino Unido, Emirados Árabes, Alemanha e Dinamarca. Em todas elas, as crianças, mesmo as que ainda não assistiram a nenhum dos longas, podem embarcar no mundo de Guerra nas Estrelas, revivendo as cenas mais famosas com a ajuda dos funcionários do parque. O hotel Sidi Driss, em Matmata, na Tunísia, também é um destino atraente para os fãs da saga. O local, formado por um belo e antigo edifício berbere, é usado como a fazenda da família Lars, de "Star Wars", no deserto de Tatooine. No hotel, é possível fazer uma refeição na sala de jantar dos tios de Luke Skywalker. O destino se encontra a cerca de 300 km de Chott el-Djerid, grande depressão desértica onde foram gravadas cenas externas da casa de Luke. O Rancho de Obi Wan, localizado em Petaluma, no estado norte-americano da Califórnia, tem uma das maiores coleções de objetos da série do mundo. Na metade da década de 1970, o proprietário do estabelecimento, Steve Sansweet, começou a adquirir todo tipo de item relacionado aos longas. Atualmente, ele organiza tours pelo seu "museu" e deixa os visitantes tirarem fotos com as esculturas em tamanho real dos personagens principais dos filmes. Voltando para a Tunísia, o deserto de Chott el-Djerid foi usado para as cenas externas da fazenda da família Lars. Ali também é onde Luke Skywalker, de uma grande cratera no deserto de Tatooine, aparece pela primeira vez no filme "Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança". Aqui os fãs podem tirar fotos dentro do mesmo buraco imitando o jedi. Nas franquias de Londres e Berlim do famoso museu de cera Madame Tussauds estão expostas grandes e realistas esculturas de vários personagens e objetos, como Chewbacca, Darth Vader, Luke Skywalker e Han Solo, além de ser possível entrar na nave Millenium Falcon. O Star Tours, uma viagem dentro do universo de "Star Wars", pode ser realizada nos parques da Disney, nos estúdios da companhia cinematográfica em Hollywood - ambos nos Estados Unidos - e nos parques da Disney em Tóquio, no Japão. Nestes destinos, é possível fazer parte de uma missão rebelde enquanto se observa 54 histórias e cenários distintos, entre dezenas de objetos sobre a saga que permitem que cada tour seja uma experiência única e inesquecível. Segundo os fãs da saga, a ilha de Skelling Michael, na Irlanda, trata-se do local onde foi fundada a secreta Academia dos Jedis por Luke Skywalker e por onde Rey - interpretada pela britânica Daisy Ridley - passará no filme "Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força". As ruínas maias de Tikal, cidade da Guatemala, se tornaram as bases rebeldes do fictício planeta de Yavin 4, que aparecem no quarto longa da série. Para ver exatamente onde as cenas foram gravadas, é necessário subir em um dos templos, onde é possível ver os outros três que aparecem nas filmagens. Segundo o GoEuro, várias cenas do deserto de Tatooine foram filmadas no deserto de Death Valley, na Califórnia. Um dos cânions, inclusive, foi usado como o caminho para o palácio de Jabba, no sexto episódio da saga: "O Retorno de Jedi" (1983). Apesar de ter sido bastante modificada para criar a cidade de Theed nos episódios "Ameaça Fantasma" e "Ataque dos Clones", a Plaza de España, em Sevilha, pode ser reconhecida nas telas. | 22 |
Presídio de Manaus permitiu visitas mesmo com risco de fuga, diz ministro | O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse nesta quarta-feira (4) que o governo do Amazonas havia recebido informações sobre o plano de fuga no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, como informou a coluna Painel, da Folha. Ainda assim, de acordo com o ministro, a administração penitenciária permitiu que os detentos recebessem visitas de fim de ano. Segundo Moraes, mais de 200 presos fugiram na rebelião do Compaj, entre os dia 1º e 2. Outros 56 detentos foram assassinados por presos de facções rivais –a maior matança desde o massacre do Carandiru, em 1992. O ataque foi organizado por integrantes da FDN (Família do Norte), ligada ao CV (Comando Vermelho), contra presos do PCC (Primeiro Comando da Capital). O ministro da Justiça esteve nesta semana em Manaus para acompanhar os desdobramentos do caso e disse ter ouvido de autoridades locais que havia informações prévias sobre um plano de fuga sendo preparado para as festas de fim de ano. "Há relatos de que a secretaria de Segurança tinha informações de que poderia ocorrer uma fuga entre o Natal e o Ano Novo. Exatamente por isso, segundo as autoridades locais, foi reforçada a segurança local e eles passaram a monitorar o dia a dia", disse Moraes a jornalistas após reunião com a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília. Mesmo com as suspeitas, diz o ministro, a penitenciária foi aberta para que os presos recebessem visitas pela comemoração de fim de ano. As autoridades, porém, ainda não sabem como celulares, facões e armas de fogo entraram no presídio. Segundo o ministro, as investigações sobre o massacre em Manaus deverão também apurar se as mortes causadas no presídio serviram para facilitar a fuga de líderes presos. "Deve-se apurar se, na verdade, toda a confusão e as mortes passaram a ocorrer para que as lideranças pudessem fugir ou não. Há também a questão do que houve durante o sábado e o domingo de Réveillon, em que foi permitido, segundo as próprias autoridades locais, visitas para o Réveillon", disse o ministro. Segundo Moraes, o governo federal não tinha nenhuma informação sobre uma eventual fuga no presídio. "O governo federal em momento algum foi informado [sobre uma eventual fuga]. Nem foi solicitado auxilio, seja da Força Nacional, seja de qualquer outro mecanismo que o governo federal poderia ter auxiliado". Ainda assim, o ministro minimizou a falta de notificação do governo do Amazonas sobre sua condição carcerária. "Não está caracterizada nenhuma omissão até o momento. As razões [da rebelião] vão ser investigadas pela polícia civil", afirmou. O ministro diz que o governo federal monitora outros presídios no país para identificar qualquer indicativo de plano de vingança do PCC. Disse ainda que o Plano Nacional de Segurança vai ser lançado até o fim de janeiro. Entre as metas do projeto estão a racionalização e modernização do sistema penitenciário e o combate ao crime organizado transnacional, com foco em tráfico de drogas e de armas. NO STF Moraes se reuniu por cerca de uma hora com a presidente do STF, Cármen Lúcia, no gabinete da ministra. Ele disse que conversaram sobre algumas questões que envolvem a rebelião na penitenciária. Cármen Lúcia viaja para Manaus nesta quinta (5), onde vai se reunir às 10h com os presidentes dos Tribunais de Justiça de Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Pará. Também foram convidados os presidentes dos tribunais de Maranhão e Rio Grande do Norte. "[Cármen Lúcia] tem grande experiência na questão, participou da pastoral carcerária, vem estudando o caso – talvez a maior prioridade no comando do CNJ [Conselho Nacional de Justiça]. Ela vai amanhã para reunião e, a partir desses subsídios que compartilhei com ela, talvez possa ter visão melhor na reunião", afirmou Moraes. GOVERNO DO AMAZONAS O governo Estadual do Amazonas afirma que mantem uma estrutura de segurança pública com a participação de órgãos federais. Segundo uma nota enviada pela assessoria de imprensa do governo estadual, as ameaças de fugas e rebelião nos presídios de Manaus eram monitoradas desde o ano passado. "O trabalho vinha sendo feito integrado com órgãos de várias esferas, o que culminou com a implantação em outubro de 2016 de um Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança Pública, com representantes estaduais, federais, dentre os quais a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a Polícia Rodoviária Federal, Forças Armadas e Corpo de Bombeiros. | cotidiano | Presídio de Manaus permitiu visitas mesmo com risco de fuga, diz ministroO ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse nesta quarta-feira (4) que o governo do Amazonas havia recebido informações sobre o plano de fuga no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, como informou a coluna Painel, da Folha. Ainda assim, de acordo com o ministro, a administração penitenciária permitiu que os detentos recebessem visitas de fim de ano. Segundo Moraes, mais de 200 presos fugiram na rebelião do Compaj, entre os dia 1º e 2. Outros 56 detentos foram assassinados por presos de facções rivais –a maior matança desde o massacre do Carandiru, em 1992. O ataque foi organizado por integrantes da FDN (Família do Norte), ligada ao CV (Comando Vermelho), contra presos do PCC (Primeiro Comando da Capital). O ministro da Justiça esteve nesta semana em Manaus para acompanhar os desdobramentos do caso e disse ter ouvido de autoridades locais que havia informações prévias sobre um plano de fuga sendo preparado para as festas de fim de ano. "Há relatos de que a secretaria de Segurança tinha informações de que poderia ocorrer uma fuga entre o Natal e o Ano Novo. Exatamente por isso, segundo as autoridades locais, foi reforçada a segurança local e eles passaram a monitorar o dia a dia", disse Moraes a jornalistas após reunião com a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília. Mesmo com as suspeitas, diz o ministro, a penitenciária foi aberta para que os presos recebessem visitas pela comemoração de fim de ano. As autoridades, porém, ainda não sabem como celulares, facões e armas de fogo entraram no presídio. Segundo o ministro, as investigações sobre o massacre em Manaus deverão também apurar se as mortes causadas no presídio serviram para facilitar a fuga de líderes presos. "Deve-se apurar se, na verdade, toda a confusão e as mortes passaram a ocorrer para que as lideranças pudessem fugir ou não. Há também a questão do que houve durante o sábado e o domingo de Réveillon, em que foi permitido, segundo as próprias autoridades locais, visitas para o Réveillon", disse o ministro. Segundo Moraes, o governo federal não tinha nenhuma informação sobre uma eventual fuga no presídio. "O governo federal em momento algum foi informado [sobre uma eventual fuga]. Nem foi solicitado auxilio, seja da Força Nacional, seja de qualquer outro mecanismo que o governo federal poderia ter auxiliado". Ainda assim, o ministro minimizou a falta de notificação do governo do Amazonas sobre sua condição carcerária. "Não está caracterizada nenhuma omissão até o momento. As razões [da rebelião] vão ser investigadas pela polícia civil", afirmou. O ministro diz que o governo federal monitora outros presídios no país para identificar qualquer indicativo de plano de vingança do PCC. Disse ainda que o Plano Nacional de Segurança vai ser lançado até o fim de janeiro. Entre as metas do projeto estão a racionalização e modernização do sistema penitenciário e o combate ao crime organizado transnacional, com foco em tráfico de drogas e de armas. NO STF Moraes se reuniu por cerca de uma hora com a presidente do STF, Cármen Lúcia, no gabinete da ministra. Ele disse que conversaram sobre algumas questões que envolvem a rebelião na penitenciária. Cármen Lúcia viaja para Manaus nesta quinta (5), onde vai se reunir às 10h com os presidentes dos Tribunais de Justiça de Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Pará. Também foram convidados os presidentes dos tribunais de Maranhão e Rio Grande do Norte. "[Cármen Lúcia] tem grande experiência na questão, participou da pastoral carcerária, vem estudando o caso – talvez a maior prioridade no comando do CNJ [Conselho Nacional de Justiça]. Ela vai amanhã para reunião e, a partir desses subsídios que compartilhei com ela, talvez possa ter visão melhor na reunião", afirmou Moraes. GOVERNO DO AMAZONAS O governo Estadual do Amazonas afirma que mantem uma estrutura de segurança pública com a participação de órgãos federais. Segundo uma nota enviada pela assessoria de imprensa do governo estadual, as ameaças de fugas e rebelião nos presídios de Manaus eram monitoradas desde o ano passado. "O trabalho vinha sendo feito integrado com órgãos de várias esferas, o que culminou com a implantação em outubro de 2016 de um Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança Pública, com representantes estaduais, federais, dentre os quais a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a Polícia Rodoviária Federal, Forças Armadas e Corpo de Bombeiros. | 5 |
Amazônia desmatada concentra 9 em cada 10 mortes de ativistas por conflito no campo | O Brasil vem se mantendo no primeiro lugar de um ranking nada honroso: há cinco anos consecutivos, é o país em que mais se mata ativistas que lutam por terra e defesa do ambiente, de acordo com a organização internacional Global Witness, que anualmente lista os lugares do mundo onde há mais mortes em conflitos no campo. Mas um mapeamento feito pela BBC Brasil em dados da ONG referentes ao período compreendido entre janeiro de 2015 e maio deste ano vai além: mostra que a Amazônia Legal, a área que engloba os oito Estados e parte do Maranhão, é palco de nove entre dez desses crimes (87%). As demais mortes ocorrem em outros lugares, principalmente no Nordeste. O levantamento mostra ainda que quase não há mortes no coração da floresta, onde está grande parte da mata preservada, mas sim em um arco de zonas desmatadas na periferia da Amazônia, localizadas principalmente em Rondônia e no leste do Pará. Entre 2016 e 2017, dois de cada três mortos ali eram sem-terra, posseiros ou trabalhadores rurais –a lista também inclui indígenas e quilombolas. A Amazônia Legal abriga 24 milhões de pessoas, 13% da população brasileira, em um espaço que corresponde a cerca de 60% do país. E segundo os dados gerais da Global Witness, a violência contra ativistas está aumentando: foram 32 vítimas em 2013, 29 em 2014, 50 em 2015 e 49 em 2016. Nos primeiros cinco meses deste anos, já morreram 33. A ONG investiga abusos ambientais e contra os direitos humanos, e define como "ativistas" indivíduos engajados, voluntariamente ou profissionalmente, na luta pacífica por terras e pela defesa do ambiente. Na sua visão, esse grupo reúne indígenas, líderes camponeses ou mesmo advogados, jornalistas e funcionários de organizações. Os dados compilados pela Global Witness são baseados em informações coletadas pela Comissão Pastoral da Terra –ambas as organizações alertam que a quantidade de mortos pode ainda estar subestimada. Críticos, por sua vez, dizem que a lista pode estar incluindo crimes sem relação com ativismo. Procurado pela BBC Brasil para comentar os números, o Ministério da Justiça afirmou em nota que "o governo brasileiro é um dos mais atuantes nas políticas de erradicação de conflitos agrários". Argumentou ainda que o ranking global considera a quantidade total de mortes, sem levar em conta a população do país. "Sendo o Brasil o maior país da região, esses dados podem ter outras leituras." No entanto, se considerada isoladamente, a Amazônia Legal tem uma taxa de mortes em relação à população que supera a de Honduras –o que a torna o território mais perigoso do mundo. "Há um agravamento da violência no campo", avalia Darci Frigo, presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos. "Em outros momentos, quem era assassinado eram as lideranças. Agora, há uma generalização. No caso de Colniza (o massacre em abril de trabalhadores rurais no MT), por exemplo, ficou evidente que mataram todo mundo que viram pelo caminho, não procuraram os líderes. Também há um aumento da brutalidade dos assassinatos, com requinte de crueldade, tortura, execuções muito bárbaras." HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA As 33 vítimas registradas no país até maio representam um terço do total de ativistas mortos em todo o mundo em 2017 –em segundo lugar está a Colômbia, com 22 pessoas assassinadas. Entre os brasileiros assassinados, 28 eram trabalhadores ou militantes rurais da região amazônica. É o caso de Roberto Santos Araújo, integrante de um movimento camponês de Rondônia, assassinado a tiros em 1º de fevereiro. E o de Waldomiro Costa Pereira, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), morto em 20 de março no hospital de Paraupebas (PA), onde se recuperava de outro atentado. Em 19 de abril, foi a vez do massacre de Colniza (MT), área de disputa por madeira. Foi o pior no Brasil em mais de vinte anos, com nove mortos. Dias depois, em 4 de maio, Kátia Martins, 43, foi assassinada dentro de casa, na frente do neto, em Castanhal, nordeste do Pará. Era presidente de uma associação de moradores de um assentamento rural. No mesmo dia e Estado, Etevaldo Soares Costa, membro do MST, foi morto a tiros e teve os dedos decepados, indício de tortura. Vinte dias depois, outra chacina: o massacre de Pau D'Arco (PA), com dez mortos, durante uma operação policial que cumpria mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento na morte do segurança de uma fazenda. As regiões que concentram as mortes tem um histórico de conflitos entre grandes e pequenos posseiros. Em 1995, 12 pessoas foram assassinadas de uma só vez em Curumbiara (RO), entre elas dois policiais. No ano seguinte, 19 sem-terra foram mortos pela polícia militar no massacre de Eldorado dos Carajás (PA). Casos de assassinato de proprietários rurais ou seus funcionários são raros, mas também ocorrem, explica o delegado Mario Jorge Pinto Sobrinho, da delegacia de conflitos agrários de Rondônia: "Morrem pessoas dos dois lados. Mas a maior parte das mortes é do lado dos movimentos sociais". No Estado, ainda há episódios de violência não letal supostamente praticada por grupos sem-terra, como destruição de propriedade privada. O mapa das mortes mostra que elas se concentram em regiões marcadas pelo avanço da exploração de madeira, pecuária e agricultura. "A terra na Amazônia está sendo tomada para agricultura e outros grandes negócios, bem como para exploração madeireira. O fato comum é que as comunidades não dão o seu consentimento sobre o uso da sua terra e de seus recursos naturais. Isso as coloca em rota de colisão com interesses poderosos, que leva à violência", diz Ben Leather, da Global Witness. OCUPAÇÃO DESORDENADA Especialistas ouvidos pela BBC Brasil apontam as disputas pela posse da terra como a principal causa da violência no campo na Amazônia. "Há 50 anos, o Brasil ocupa a Amazônia de forma desordenada. Falta uma política perene de regularização das terras. Enquanto não houver isso, os conflitos vão continuar", afirma Marco Antonio Delfino de Almeida, procurador da República e coordenador de grupo de trabalho sobre terras públicas. A ocupação da Amazônia foi estimulada nos anos 1970, pelo governo militar. É dessa época o slogan "terras sem homens para homens sem terra". Mas, até hoje, grande parte das áreas ocupadas nessa região pertence à União ou aos Estados. São terrenos públicos, que não foram transferidos oficialmente a um proprietário, o que eleva a tensão na disputa por eles. O tamanho impressiona: são 43 milhões de hectares de terras públicas federais sem destinação na região amazônica, segundo estimativas do governo federal. Isso sem contar as áreas públicas estaduais. Segundo a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário), nos últimos oito anos o governo federal já concedeu títulos de propriedade de 13 milhões de hectares na Amazônia. Ou seja, essas terras deixaram de pertencer ao Estado e passaram para as mãos de algum proprietário que já ocupava o local. Imagens de satélite mostram a evolução do processo de ocupação da periferia da Amazônia. Até meados da década de 1980, as zonas desmatadas estavam concentradas em torno de estradas. Ao longo do tempo, pastos e plantações foram avançando sobre a floresta. A expansão só é interrompida nos limites de terras indígenas e áreas de preservação ambiental. Em Rondônia e no Pará, desde 1988 foram desmatados 200 mil quilômetros quadrados de floresta nativa, de acordo com a medição do Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. É uma área equivalente à do Paraná. Para Josep Iborra Plans, da Articulação Amazônia da Comissão Pastoral da Terra, "a maior parte das mortes são de pessoas lutando pela distribuição da terra em áreas de terra pública griladas no passado por grandes fazendeiros". FUTURO Há uma preocupação com o agravamento da violência, retratado pelas chacinas ocorridas neste ano. Pessoas ligadas ao tema entrevistadas pela BBC Brasil estão pessimistas e apontam fatores que podem ampliar a disputa pelas terras na Amazônia. Entre eles, a queda drástica na reforma agrária. No ano passado, a quantidade de terras destinadas a este fim foi a menor já registrada: 27 mil hectares, de acordo com dados do Incra. Para comparação, em 2011 foram 1,9 milhão de hectares. "O assentamento de reforma agrária parou desde os últimos anos do governo Dilma Rousseff. Além disso, com a crise econômica, a demanda por terras aumentou. Há muita gente que está tentando voltar para o campo. O pessoal que tinha um pequeno negócio na cidade, por exemplo, e perdeu clientes. Também fecharam usinas hidrelétricas, deixando gente desempregada", aponta Plans, da Comissão Pastoral da Terra. Outro fator de preocupação é o desmatamento em alta. A quantidade de áreas desmatadas na Amazônia Legal voltou a crescer em 2015, de acordo com o Prodes. Medidas recentes tomadas pelo governo de Michel Temer também são vistas com preocupação. Entre elas, a aprovação da MP 759, apelidada por grupos ambientalistas de "MP da grilagem" e sancionada pelo presidente em julho. Essa legislação permite que sejam regularizadas vastas áreas localizadas em terras públicas da União. "O presidente Temer está deixando as comunidades e as suas lideranças expostas a ameaças e até mesmo a morte. Se o governo quiser garantir que os negócios beneficiem todos os brasileiros –e não apenas alguns– então é preciso regular melhor as empresas, proteger ativistas, julgar assassinos e garantir que as comunidades possam ter voz sobre o uso das terras", opina Bem Leathe, da Global Witness. Procurada pela BBC Brasil, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, responsável pelo Terra Legal, programa de regularização de terras públicas federais na Amazônia, informou que a MP 759 não altera o objetivo principal do programa, "promover a governança fundiária da região amazônica, tendo como consequência o desenvolvimento sustentável, a redução do desmatamento, o combate a grilagem de terras e a redução dos conflitos agrários". "Cabe ainda esclarecer que somente serão regularizadas áreas onde exista ocupação consolidada, mansa e pacífica", completa. Em nota, a Secretaria de Segurança de Rondônia diz que "vem atuando no Estado com a Patrulha Rural e priorizando a investigação dos crimes relacionados ao conflito de terras buscando sempre uma pronta resposta". Já a Secretaria de Segurança do Pará informa que "entende que o governo federal deve agilizar, efetivamente, as ações relacionadas à reforma agrária a fim de prevenir os conflitos provocados pela posse da terra". E acrescenta que tem realizado "várias reintegrações de posse" para prevenir a violência no campo. | ambiente | Amazônia desmatada concentra 9 em cada 10 mortes de ativistas por conflito no campoO Brasil vem se mantendo no primeiro lugar de um ranking nada honroso: há cinco anos consecutivos, é o país em que mais se mata ativistas que lutam por terra e defesa do ambiente, de acordo com a organização internacional Global Witness, que anualmente lista os lugares do mundo onde há mais mortes em conflitos no campo. Mas um mapeamento feito pela BBC Brasil em dados da ONG referentes ao período compreendido entre janeiro de 2015 e maio deste ano vai além: mostra que a Amazônia Legal, a área que engloba os oito Estados e parte do Maranhão, é palco de nove entre dez desses crimes (87%). As demais mortes ocorrem em outros lugares, principalmente no Nordeste. O levantamento mostra ainda que quase não há mortes no coração da floresta, onde está grande parte da mata preservada, mas sim em um arco de zonas desmatadas na periferia da Amazônia, localizadas principalmente em Rondônia e no leste do Pará. Entre 2016 e 2017, dois de cada três mortos ali eram sem-terra, posseiros ou trabalhadores rurais –a lista também inclui indígenas e quilombolas. A Amazônia Legal abriga 24 milhões de pessoas, 13% da população brasileira, em um espaço que corresponde a cerca de 60% do país. E segundo os dados gerais da Global Witness, a violência contra ativistas está aumentando: foram 32 vítimas em 2013, 29 em 2014, 50 em 2015 e 49 em 2016. Nos primeiros cinco meses deste anos, já morreram 33. A ONG investiga abusos ambientais e contra os direitos humanos, e define como "ativistas" indivíduos engajados, voluntariamente ou profissionalmente, na luta pacífica por terras e pela defesa do ambiente. Na sua visão, esse grupo reúne indígenas, líderes camponeses ou mesmo advogados, jornalistas e funcionários de organizações. Os dados compilados pela Global Witness são baseados em informações coletadas pela Comissão Pastoral da Terra –ambas as organizações alertam que a quantidade de mortos pode ainda estar subestimada. Críticos, por sua vez, dizem que a lista pode estar incluindo crimes sem relação com ativismo. Procurado pela BBC Brasil para comentar os números, o Ministério da Justiça afirmou em nota que "o governo brasileiro é um dos mais atuantes nas políticas de erradicação de conflitos agrários". Argumentou ainda que o ranking global considera a quantidade total de mortes, sem levar em conta a população do país. "Sendo o Brasil o maior país da região, esses dados podem ter outras leituras." No entanto, se considerada isoladamente, a Amazônia Legal tem uma taxa de mortes em relação à população que supera a de Honduras –o que a torna o território mais perigoso do mundo. "Há um agravamento da violência no campo", avalia Darci Frigo, presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos. "Em outros momentos, quem era assassinado eram as lideranças. Agora, há uma generalização. No caso de Colniza (o massacre em abril de trabalhadores rurais no MT), por exemplo, ficou evidente que mataram todo mundo que viram pelo caminho, não procuraram os líderes. Também há um aumento da brutalidade dos assassinatos, com requinte de crueldade, tortura, execuções muito bárbaras." HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA As 33 vítimas registradas no país até maio representam um terço do total de ativistas mortos em todo o mundo em 2017 –em segundo lugar está a Colômbia, com 22 pessoas assassinadas. Entre os brasileiros assassinados, 28 eram trabalhadores ou militantes rurais da região amazônica. É o caso de Roberto Santos Araújo, integrante de um movimento camponês de Rondônia, assassinado a tiros em 1º de fevereiro. E o de Waldomiro Costa Pereira, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), morto em 20 de março no hospital de Paraupebas (PA), onde se recuperava de outro atentado. Em 19 de abril, foi a vez do massacre de Colniza (MT), área de disputa por madeira. Foi o pior no Brasil em mais de vinte anos, com nove mortos. Dias depois, em 4 de maio, Kátia Martins, 43, foi assassinada dentro de casa, na frente do neto, em Castanhal, nordeste do Pará. Era presidente de uma associação de moradores de um assentamento rural. No mesmo dia e Estado, Etevaldo Soares Costa, membro do MST, foi morto a tiros e teve os dedos decepados, indício de tortura. Vinte dias depois, outra chacina: o massacre de Pau D'Arco (PA), com dez mortos, durante uma operação policial que cumpria mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento na morte do segurança de uma fazenda. As regiões que concentram as mortes tem um histórico de conflitos entre grandes e pequenos posseiros. Em 1995, 12 pessoas foram assassinadas de uma só vez em Curumbiara (RO), entre elas dois policiais. No ano seguinte, 19 sem-terra foram mortos pela polícia militar no massacre de Eldorado dos Carajás (PA). Casos de assassinato de proprietários rurais ou seus funcionários são raros, mas também ocorrem, explica o delegado Mario Jorge Pinto Sobrinho, da delegacia de conflitos agrários de Rondônia: "Morrem pessoas dos dois lados. Mas a maior parte das mortes é do lado dos movimentos sociais". No Estado, ainda há episódios de violência não letal supostamente praticada por grupos sem-terra, como destruição de propriedade privada. O mapa das mortes mostra que elas se concentram em regiões marcadas pelo avanço da exploração de madeira, pecuária e agricultura. "A terra na Amazônia está sendo tomada para agricultura e outros grandes negócios, bem como para exploração madeireira. O fato comum é que as comunidades não dão o seu consentimento sobre o uso da sua terra e de seus recursos naturais. Isso as coloca em rota de colisão com interesses poderosos, que leva à violência", diz Ben Leather, da Global Witness. OCUPAÇÃO DESORDENADA Especialistas ouvidos pela BBC Brasil apontam as disputas pela posse da terra como a principal causa da violência no campo na Amazônia. "Há 50 anos, o Brasil ocupa a Amazônia de forma desordenada. Falta uma política perene de regularização das terras. Enquanto não houver isso, os conflitos vão continuar", afirma Marco Antonio Delfino de Almeida, procurador da República e coordenador de grupo de trabalho sobre terras públicas. A ocupação da Amazônia foi estimulada nos anos 1970, pelo governo militar. É dessa época o slogan "terras sem homens para homens sem terra". Mas, até hoje, grande parte das áreas ocupadas nessa região pertence à União ou aos Estados. São terrenos públicos, que não foram transferidos oficialmente a um proprietário, o que eleva a tensão na disputa por eles. O tamanho impressiona: são 43 milhões de hectares de terras públicas federais sem destinação na região amazônica, segundo estimativas do governo federal. Isso sem contar as áreas públicas estaduais. Segundo a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário), nos últimos oito anos o governo federal já concedeu títulos de propriedade de 13 milhões de hectares na Amazônia. Ou seja, essas terras deixaram de pertencer ao Estado e passaram para as mãos de algum proprietário que já ocupava o local. Imagens de satélite mostram a evolução do processo de ocupação da periferia da Amazônia. Até meados da década de 1980, as zonas desmatadas estavam concentradas em torno de estradas. Ao longo do tempo, pastos e plantações foram avançando sobre a floresta. A expansão só é interrompida nos limites de terras indígenas e áreas de preservação ambiental. Em Rondônia e no Pará, desde 1988 foram desmatados 200 mil quilômetros quadrados de floresta nativa, de acordo com a medição do Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. É uma área equivalente à do Paraná. Para Josep Iborra Plans, da Articulação Amazônia da Comissão Pastoral da Terra, "a maior parte das mortes são de pessoas lutando pela distribuição da terra em áreas de terra pública griladas no passado por grandes fazendeiros". FUTURO Há uma preocupação com o agravamento da violência, retratado pelas chacinas ocorridas neste ano. Pessoas ligadas ao tema entrevistadas pela BBC Brasil estão pessimistas e apontam fatores que podem ampliar a disputa pelas terras na Amazônia. Entre eles, a queda drástica na reforma agrária. No ano passado, a quantidade de terras destinadas a este fim foi a menor já registrada: 27 mil hectares, de acordo com dados do Incra. Para comparação, em 2011 foram 1,9 milhão de hectares. "O assentamento de reforma agrária parou desde os últimos anos do governo Dilma Rousseff. Além disso, com a crise econômica, a demanda por terras aumentou. Há muita gente que está tentando voltar para o campo. O pessoal que tinha um pequeno negócio na cidade, por exemplo, e perdeu clientes. Também fecharam usinas hidrelétricas, deixando gente desempregada", aponta Plans, da Comissão Pastoral da Terra. Outro fator de preocupação é o desmatamento em alta. A quantidade de áreas desmatadas na Amazônia Legal voltou a crescer em 2015, de acordo com o Prodes. Medidas recentes tomadas pelo governo de Michel Temer também são vistas com preocupação. Entre elas, a aprovação da MP 759, apelidada por grupos ambientalistas de "MP da grilagem" e sancionada pelo presidente em julho. Essa legislação permite que sejam regularizadas vastas áreas localizadas em terras públicas da União. "O presidente Temer está deixando as comunidades e as suas lideranças expostas a ameaças e até mesmo a morte. Se o governo quiser garantir que os negócios beneficiem todos os brasileiros –e não apenas alguns– então é preciso regular melhor as empresas, proteger ativistas, julgar assassinos e garantir que as comunidades possam ter voz sobre o uso das terras", opina Bem Leathe, da Global Witness. Procurada pela BBC Brasil, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, responsável pelo Terra Legal, programa de regularização de terras públicas federais na Amazônia, informou que a MP 759 não altera o objetivo principal do programa, "promover a governança fundiária da região amazônica, tendo como consequência o desenvolvimento sustentável, a redução do desmatamento, o combate a grilagem de terras e a redução dos conflitos agrários". "Cabe ainda esclarecer que somente serão regularizadas áreas onde exista ocupação consolidada, mansa e pacífica", completa. Em nota, a Secretaria de Segurança de Rondônia diz que "vem atuando no Estado com a Patrulha Rural e priorizando a investigação dos crimes relacionados ao conflito de terras buscando sempre uma pronta resposta". Já a Secretaria de Segurança do Pará informa que "entende que o governo federal deve agilizar, efetivamente, as ações relacionadas à reforma agrária a fim de prevenir os conflitos provocados pela posse da terra". E acrescenta que tem realizado "várias reintegrações de posse" para prevenir a violência no campo. | 23 |
Recém-inaugurado, o jogo interativo 'Escape 60' é atração na Vila Olímpia | WESLEY KLIMPEL BRUNA LAROTONDA DE SÃO PAULO Você já imaginou estar trancado em uma sala misteriosa, cheia de segredos, pistas e esconderijos, onde é preciso desvendar uma série de enigmas em até 60 minutos para escapar? Não? Pois esta é a proposta do novo jogo 'Escape 60', lançado no Brasil na segunda (1º). A ideia de reunir grupos de pessoas em salas temáticas para desvendar enigmas surgiu há cerca de três anos na Ásia. O modelo de entretenimento fez tanto sucesso que rapidamente se espalhou por outros países, instalando-se nas grandes capitais: Nova York, Paris, Londres e Roma. No caso do Brasil, apesar de inspirado nos modelos estrangeiros, o Escape 60' traz atrações inéditas, pensadas e desenvolvidas especialmente para o público brasileiro. A primeira unidade do empreendimento, localizada na Vila Olímpia, oferece seis opções de salas, com temas e histórias distintas: "A Jóia da Coroa", "Corredor da Morte", "O Falsário", "O Laboratório do Dr. Mortare", "Operação Resgate" e "Salvem Nossas Almas (S.O.S.)". Cada uma delas simula um ambiente diferente, como um banco, uma prisão ou um quarto de hotel, que foram cuidadosamente projetados e decorados para proporcionar aos participantes uma experiência sensorial completa. O objetivo do jogo, além da diversão, é também estimular os participantes a utilizarem suas habilidades, tais como raciocínio lógico, instinto de investigação, capacidade de solucionar problemas e trabalho em equipe. Cada sessão comporta quatro a 16 participantes, que devem desvendar o mistério por meio de dezenas de pistas e escapar da sala em até 60 minutos. Caso contrário, serão resgatados do local. Estima-se que aproximadamente 20% dos jogadores vençam o desafio. Assim, os recordistas no Brasil entrarão para o ranking de uma cobiçada Galeria da Fama, criada para incentivar de forma divertida a concorrência entre os amantes de um bom jogo. E aí, vai encarar o desafio? Os ingressos para a atração podem ser adquiridos pelo site escape60.com.br. Mais informações sobre as opções de salas, horários disponíveis e regras do jogo também podem ser conferidas no mesmo endereço eletrônico. Escape 60' - r. Baluarte, 18, Vila Olímpia, região sul, tel. 3842-9066. Seg. a dom.: 10h às 22h. Ingr.: R$ 69 a R$ 79. Grupo mínimo de quatro pessoas. Menores de 12 anos necessitam de acompanhante. | saopaulo | Recém-inaugurado, o jogo interativo 'Escape 60' é atração na Vila OlímpiaWESLEY KLIMPEL BRUNA LAROTONDA DE SÃO PAULO Você já imaginou estar trancado em uma sala misteriosa, cheia de segredos, pistas e esconderijos, onde é preciso desvendar uma série de enigmas em até 60 minutos para escapar? Não? Pois esta é a proposta do novo jogo 'Escape 60', lançado no Brasil na segunda (1º). A ideia de reunir grupos de pessoas em salas temáticas para desvendar enigmas surgiu há cerca de três anos na Ásia. O modelo de entretenimento fez tanto sucesso que rapidamente se espalhou por outros países, instalando-se nas grandes capitais: Nova York, Paris, Londres e Roma. No caso do Brasil, apesar de inspirado nos modelos estrangeiros, o Escape 60' traz atrações inéditas, pensadas e desenvolvidas especialmente para o público brasileiro. A primeira unidade do empreendimento, localizada na Vila Olímpia, oferece seis opções de salas, com temas e histórias distintas: "A Jóia da Coroa", "Corredor da Morte", "O Falsário", "O Laboratório do Dr. Mortare", "Operação Resgate" e "Salvem Nossas Almas (S.O.S.)". Cada uma delas simula um ambiente diferente, como um banco, uma prisão ou um quarto de hotel, que foram cuidadosamente projetados e decorados para proporcionar aos participantes uma experiência sensorial completa. O objetivo do jogo, além da diversão, é também estimular os participantes a utilizarem suas habilidades, tais como raciocínio lógico, instinto de investigação, capacidade de solucionar problemas e trabalho em equipe. Cada sessão comporta quatro a 16 participantes, que devem desvendar o mistério por meio de dezenas de pistas e escapar da sala em até 60 minutos. Caso contrário, serão resgatados do local. Estima-se que aproximadamente 20% dos jogadores vençam o desafio. Assim, os recordistas no Brasil entrarão para o ranking de uma cobiçada Galeria da Fama, criada para incentivar de forma divertida a concorrência entre os amantes de um bom jogo. E aí, vai encarar o desafio? Os ingressos para a atração podem ser adquiridos pelo site escape60.com.br. Mais informações sobre as opções de salas, horários disponíveis e regras do jogo também podem ser conferidas no mesmo endereço eletrônico. Escape 60' - r. Baluarte, 18, Vila Olímpia, região sul, tel. 3842-9066. Seg. a dom.: 10h às 22h. Ingr.: R$ 69 a R$ 79. Grupo mínimo de quatro pessoas. Menores de 12 anos necessitam de acompanhante. | 9 |
Não posso abrir mão de um jogador diferenciado, diz Muricy sobre Ganso | Depois de insinuar que poderia sacar o meia Paulo Henrique Ganso para a entrada do jovem Boschilia, o técnico Muricy Ramalho resolveu dar mais uma chance para o seu camisa 10 no duelo contra o San Lorenzo, marcado para esta quarta-feira (1º), às 19h45, na Argentina, pela Taça Libertadores da América. "Acredito muito no futebol dos nossos jogadores. A parte técnica será importante, porque precisamos ter posse de bola para jogar aqui. O Ganso é diferente, tem bom passe, em partidas como essa a gente precisa de jogadores assim. Não posso abrir mão dos caras que são diferentes", disse Muricy Ramalho, que também praticamente confirmou a escalação do atacante Alan Kardec. O jogador não viajou junto com a delegação no final da manhã de terça-feira para acompanhar o nascimento de sua filha. Ele viajou pouco depois e já está com o elenco na Argentina. "Ele deve jogar. O Kardec é um jogador que se cuida muito e está feliz com esta nova fase. Isso é bom para o jogador. A viagem foi tranquila, não era longa, então ele deve jogar", finalizou. O São Paulo é o segundo colocado da chave com seis pontos -três a mais do que o próprio San Lorenzo, segundo colocado. O líder é o Corinthians, que soma nove pontos e enfrenta o Danubio, que ainda não pontuou. | esporte | Não posso abrir mão de um jogador diferenciado, diz Muricy sobre GansoDepois de insinuar que poderia sacar o meia Paulo Henrique Ganso para a entrada do jovem Boschilia, o técnico Muricy Ramalho resolveu dar mais uma chance para o seu camisa 10 no duelo contra o San Lorenzo, marcado para esta quarta-feira (1º), às 19h45, na Argentina, pela Taça Libertadores da América. "Acredito muito no futebol dos nossos jogadores. A parte técnica será importante, porque precisamos ter posse de bola para jogar aqui. O Ganso é diferente, tem bom passe, em partidas como essa a gente precisa de jogadores assim. Não posso abrir mão dos caras que são diferentes", disse Muricy Ramalho, que também praticamente confirmou a escalação do atacante Alan Kardec. O jogador não viajou junto com a delegação no final da manhã de terça-feira para acompanhar o nascimento de sua filha. Ele viajou pouco depois e já está com o elenco na Argentina. "Ele deve jogar. O Kardec é um jogador que se cuida muito e está feliz com esta nova fase. Isso é bom para o jogador. A viagem foi tranquila, não era longa, então ele deve jogar", finalizou. O São Paulo é o segundo colocado da chave com seis pontos -três a mais do que o próprio San Lorenzo, segundo colocado. O líder é o Corinthians, que soma nove pontos e enfrenta o Danubio, que ainda não pontuou. | 3 |
Salão na Itália ensina mulheres cegas a cuidar dos cabelos e da maquiagem | "A aparência conta. E muito. Afinal, vivo em um mundo de pessoas que enxergam", diz a deficiente visual Florinda Trombetta. Um salão de cabeleireiros em Milão, a capital da moda italiana, oferece cursos de beleza para mulheres cegas que querem cuidar da própria aparência sozinhas. A ideia nasceu da amizade entre a proprietária do centro de beleza, Tiziana Ghislotti, com uma deficiente visual. "Um dia eu estava na academia de ginástica secando meus cabelos e a Tiziana se aproximou oferecendo ajuda para enxugá-los. A princípio fiquei um pouco ofendida, porque apesar de ser cega, posso usar o secador sozinha. Mas logo depois, a sua naturalidade e simpatia me conquistaram", conta à BBC Brasil Florinda, 34, funcionária de uma Consultoria de Recursos Humanos. Meses depois, enquanto dava conselhos à amiga sobre como escovar os cabelos em casa, Tiziana percebeu que poderia ser útil a outras deficientes visuais. A partir daí, ela elaborou os cursos gratuitos realizados no próprio salão, duas vezes ao mês, depois do expediente. "Já que sou constantemente alvo de atenção, quero que me vejam não apenas como deficiente, mas como alguém de boa aparência", diz Florinda, que perdeu a visão aos 20 anos. "Não é um trabalho fácil, é um desafio para mim e para as minhas assistentes. Até conhecê-las, a gente não fazia ideia das inúmeras dificuldades que as pessoas cegas enfrentam cotidianamente para realizar até mesmo os gestos mais simples. Mas no final, quem ganha somos nós, que passamos a conhecer uma realidade diferente", afirma Tiziana, que é proprietária de um dos salões de beleza mais movimentados da cidade. Durante os encontros, que duram cerca de três horas, cada assistente se dedica a duas alunas. As instruções para penteados e maquiagens são personalizadas, com base no tipo de cabelo e de pele, biotipo, estilo de vida e, naturalmente, gosto pessoal. "Elas se cuidam muito, querem se informar sobre os produtos, sobre a moda. São mulheres que trabalham, são dinâmicas e esportivas. É importante que elas tenham em quem confiar", afirma Tiziana, que tem 40 anos de profissão. APARÊNCIA CONTA Para Florinda, que perdeu a visão aos 20 anos por causa de uma doença degenerativa, é importante manter um bom aspecto. "Sei que todos me olham porque sou diferente, porque caminho com uma bengala branca. E já que sou constantemente alvo de atenção, quero que me vejam não apenas como deficiente, mas como alguém de boa aparência. Afinal, vivo em mundo de pessoas que enxergam." Ela afirma que estar bem penteada e com as mãos cuidadas a faz sentir-se bem. "No curso aprendi um segredo precioso para enxugar os cabelos com o secador sem que eles se armem. E funciona realmente. As sugestões que nos dão são muito válidas. Agora, quando chego ao escritório, os colegas notam e elogiam cada pequena diferença no meu visual." Florinda passou a praticar esportes depois de perder a visão. Ela e o marido, com quem é casada há 9 anos e que também é cego, participaram da Paraolimpíada de Londres, em 2012. Ele, como campeão de beisebol, ela de canoagem. Recentemente, Florinda aprendeu a esquiar. "Faço descida livre. É adrenalina pura". "Sou muito esportiva e não abro mão do que posso fazer com autonomia para ficar mais bonita, como pentear-me e vestir-me bem. E apesar de ter um pouco de dificuldade em me maquiar, uso um pouco de base, rímel e um brilho nos lábios." CONFIANÇA Também para Giovanna Gossi, 49, cega desde a infância por causa de um glaucoma congênito, a aparência conta. E muito. "Para quem não pode se ver no espelho, a preocupação com o próprio aspecto é ainda maior", diz a telefonista de um instituto financeiro. "Não vejo meu rosto e, portanto, tenho que confiar nas pessoas". No curso, além de técnicas específicas para escovar ou amarrar cabelos finos, ela recebeu sugestões de maquiagem e conselhos para substituir alguns cosméticos por produtos mais fáceis de serem utilizados, como trocar a base líquida pelo pó compacto. "Nas aulas, desenvolvemos um método que agradou a todas. Basta passar o pincel no estojo de pó três vezes e iniciar a aplicação abaixo das bochechas, de dentro para fora, duas vezes em cada lado do rosto, depois espalhar pela testa, descer passando pelo nariz até o queixo, sem deixar nenhuma parte de fora, e esfumaçá-lo no início do pescoço", ensina. COMBINANDO CORES Também em Milão, Giovanna e outras deficientes visuais fizeram um curso com uma personal shopper de quem receberam dicas de como comprar roupas adequadas a cada fisionomia e estilo, além de aulas de postura e lições sobre como caminhar de salto alto. "É claro que quando você corre para pegar o 'tram' [espécie de bonde sobre trilhos, comum em Milão], vai tudo por água abaixo", brinca. Exigente e atenta às novidades da moda, Giovanna recorre a uma amiga na hora de ir às compras e combinar cores. "Não posso usar somente preto e branco porque são cores que, juntas, ficam sempre bem. Há muitos outros tons que podem ser misturados". E embora o namorado não seja deficiente visual, Giovanna diz não confiar no seu gosto. "Jamais vou sair para comprar roupas com ele", conta. "Qualquer coisa que eu vista, até uma camisa de homem, o comentário dele é sempre o mesmo. 'Belíssima!'". | bbc | Salão na Itália ensina mulheres cegas a cuidar dos cabelos e da maquiagem"A aparência conta. E muito. Afinal, vivo em um mundo de pessoas que enxergam", diz a deficiente visual Florinda Trombetta. Um salão de cabeleireiros em Milão, a capital da moda italiana, oferece cursos de beleza para mulheres cegas que querem cuidar da própria aparência sozinhas. A ideia nasceu da amizade entre a proprietária do centro de beleza, Tiziana Ghislotti, com uma deficiente visual. "Um dia eu estava na academia de ginástica secando meus cabelos e a Tiziana se aproximou oferecendo ajuda para enxugá-los. A princípio fiquei um pouco ofendida, porque apesar de ser cega, posso usar o secador sozinha. Mas logo depois, a sua naturalidade e simpatia me conquistaram", conta à BBC Brasil Florinda, 34, funcionária de uma Consultoria de Recursos Humanos. Meses depois, enquanto dava conselhos à amiga sobre como escovar os cabelos em casa, Tiziana percebeu que poderia ser útil a outras deficientes visuais. A partir daí, ela elaborou os cursos gratuitos realizados no próprio salão, duas vezes ao mês, depois do expediente. "Já que sou constantemente alvo de atenção, quero que me vejam não apenas como deficiente, mas como alguém de boa aparência", diz Florinda, que perdeu a visão aos 20 anos. "Não é um trabalho fácil, é um desafio para mim e para as minhas assistentes. Até conhecê-las, a gente não fazia ideia das inúmeras dificuldades que as pessoas cegas enfrentam cotidianamente para realizar até mesmo os gestos mais simples. Mas no final, quem ganha somos nós, que passamos a conhecer uma realidade diferente", afirma Tiziana, que é proprietária de um dos salões de beleza mais movimentados da cidade. Durante os encontros, que duram cerca de três horas, cada assistente se dedica a duas alunas. As instruções para penteados e maquiagens são personalizadas, com base no tipo de cabelo e de pele, biotipo, estilo de vida e, naturalmente, gosto pessoal. "Elas se cuidam muito, querem se informar sobre os produtos, sobre a moda. São mulheres que trabalham, são dinâmicas e esportivas. É importante que elas tenham em quem confiar", afirma Tiziana, que tem 40 anos de profissão. APARÊNCIA CONTA Para Florinda, que perdeu a visão aos 20 anos por causa de uma doença degenerativa, é importante manter um bom aspecto. "Sei que todos me olham porque sou diferente, porque caminho com uma bengala branca. E já que sou constantemente alvo de atenção, quero que me vejam não apenas como deficiente, mas como alguém de boa aparência. Afinal, vivo em mundo de pessoas que enxergam." Ela afirma que estar bem penteada e com as mãos cuidadas a faz sentir-se bem. "No curso aprendi um segredo precioso para enxugar os cabelos com o secador sem que eles se armem. E funciona realmente. As sugestões que nos dão são muito válidas. Agora, quando chego ao escritório, os colegas notam e elogiam cada pequena diferença no meu visual." Florinda passou a praticar esportes depois de perder a visão. Ela e o marido, com quem é casada há 9 anos e que também é cego, participaram da Paraolimpíada de Londres, em 2012. Ele, como campeão de beisebol, ela de canoagem. Recentemente, Florinda aprendeu a esquiar. "Faço descida livre. É adrenalina pura". "Sou muito esportiva e não abro mão do que posso fazer com autonomia para ficar mais bonita, como pentear-me e vestir-me bem. E apesar de ter um pouco de dificuldade em me maquiar, uso um pouco de base, rímel e um brilho nos lábios." CONFIANÇA Também para Giovanna Gossi, 49, cega desde a infância por causa de um glaucoma congênito, a aparência conta. E muito. "Para quem não pode se ver no espelho, a preocupação com o próprio aspecto é ainda maior", diz a telefonista de um instituto financeiro. "Não vejo meu rosto e, portanto, tenho que confiar nas pessoas". No curso, além de técnicas específicas para escovar ou amarrar cabelos finos, ela recebeu sugestões de maquiagem e conselhos para substituir alguns cosméticos por produtos mais fáceis de serem utilizados, como trocar a base líquida pelo pó compacto. "Nas aulas, desenvolvemos um método que agradou a todas. Basta passar o pincel no estojo de pó três vezes e iniciar a aplicação abaixo das bochechas, de dentro para fora, duas vezes em cada lado do rosto, depois espalhar pela testa, descer passando pelo nariz até o queixo, sem deixar nenhuma parte de fora, e esfumaçá-lo no início do pescoço", ensina. COMBINANDO CORES Também em Milão, Giovanna e outras deficientes visuais fizeram um curso com uma personal shopper de quem receberam dicas de como comprar roupas adequadas a cada fisionomia e estilo, além de aulas de postura e lições sobre como caminhar de salto alto. "É claro que quando você corre para pegar o 'tram' [espécie de bonde sobre trilhos, comum em Milão], vai tudo por água abaixo", brinca. Exigente e atenta às novidades da moda, Giovanna recorre a uma amiga na hora de ir às compras e combinar cores. "Não posso usar somente preto e branco porque são cores que, juntas, ficam sempre bem. Há muitos outros tons que podem ser misturados". E embora o namorado não seja deficiente visual, Giovanna diz não confiar no seu gosto. "Jamais vou sair para comprar roupas com ele", conta. "Qualquer coisa que eu vista, até uma camisa de homem, o comentário dele é sempre o mesmo. 'Belíssima!'". | 18 |
Escolha de relator da Lava Jato deve ser transparente e imparcial | O avião caiu. Alguns dirão que foi acidente. Outros dirão que foi derrubado. Caberá à investigação esclarecer os fatos. Ainda assim, os céticos continuarão céticos. Não importarão as versões, importarão as consequências. Se a nação acreditará em uma ou outra versão dependerá da forma como for indicado o próximo relator da Lava Jato. Se fosse um caso ordinário, a Lava Jato seria herdada pelo novo ministro indicado por Michel Temer, segundo o regimento interno do Supremo Tribunal Federal. Do ponto de vista institucional, essa alternativa é absurda. Para além do claro conflito de interesses a que está submetido o presidente –que terá que escolher entre a governabilidade e as investigações–, o caráter simbólico dessa decisão aumentaria ainda mais a instabilidade institucional do país. Em seu artigo 68, o regimento interno do STF prevê exceções à regra de transmissão de relatorias para o ministro substituto, permitindo que o processo seja redistribuído sem que haja a necessidade de esperar a indicação de um novo ministro, a partir de requerimentos do Ministério Público ou das partes envolvidas no processo. A jurisprudência do STF vai ainda mais além, autorizando "a redistribuição, independentemente de pedido das partes" sem requerimentos, conforme decisão de Gilmar Mendes em 2009, após a morte do então ministro do STF Menezes Direito. Se o Brasil tem alguma pretensão de recuperar a credibilidade de suas instituições, será necessário utilizar essa jurisprudência para designar um relator substituto para a Lava Jato da maneira mais imparcial possível, dispensando a hipótese de espera da nomeação de um novo ministro pelo presidente. Esse processo de escolha imparcial, teoricamente, já existe: um sistema que usa um algoritmo aleatório para definir relatorias no STF. O problema é que esse algoritmo é tão obscuro quanto o padrão recente de decisões do tribunal, sintoma e causa da atual crise institucional. O padrão tem sido discutir casos e não regras, personagens e não instituições. A escolha do relator não é um problema exclusivo do caso da Lava Jato, mas ocorre em todos os processos do STF. Daniel Chada e Ivar Hartman, do projeto "Supremo em Números" (banco de dados da FGV Direito Rio sobre o tribunal), criticam de maneira brilhante a falta de transparência na alocação das relatorias no STF quando dizem que "no Supremo, escolher o relator é quase definir o resultado." As disputas de interpretação jurídica já começaram, assim como as campanhas pela indicação do novo ministro. A internet já borbulha com o nome de Sergio Moro, a esplanada já murmura o nome de Alexandre de Moraes. Mas é preciso que evitemos, mais uma vez, um debate nacional centrado em personagens e não em regras. Ministros do STF A PERSPECTIVA INSTITUCIONAL Abandonemos por um segundo o partidarismo e as teorias da conspiração. Do ponto de vista institucional, há duas teorias sobre a atual crise institucional brasileira. Os "otimistas" dizem que nossas instituições são sólidas, mas, devido a uma tempestade perfeita, as instituições chegaram a um nível de estresse que não poderia ser antecipado nem pelo mais clarividente dos constituintes. Os "céticos" dizem que a atual crise é a prova de que as instituições nunca de fato atingiram a maturidade na qual o país quis acreditar. Bastou passar o boom econômico para que as instituições se mostrassem incapazes de cumprir seu papel de mecanismos de resolução de conflitos. Foi então que vimos lealdades pessoais, preferências partidárias e ideologia tomarem as rédeas de decisões de cunho institucional. A forma como será indicado o relator do STF dirá qual dessas versões entrará para a história. O Brasil precisa (re)construir a crença de que as regras importam e de que o jogo será justo. Para isso, é preciso que a decisão da relatoria da Lava Jato ocorra da maneira mais imparcial e transparente possível. O algoritmo de alocação de processos do STF pode deixar de ser um instrumento administrativo para representar o início dessa reconstrução. Basta torná-lo público e aberto ao escrutínio geral, provando, para além de qualquer dúvida, que a relatoria da Lava Jato não será uma indicação política. Tecnicamente é possível, rápido e seguro. Politicamente, pode ser uma tragédia ou um recomeço. Precisamos fazer das nossas crises oportunidade de construir no Brasil uma institucionalidade madura, imparcial e que pertença a todo e qualquer cidadão. Se não fizermos isso na maior investigação que o país já viu, será difícil fazê-lo depois. Chegou a hora da verdade. Felipe Oriá é professor e pesquisador na Fundação Getúlio Vargas na área de políticas públicas e tem como foco acadêmico a inovação no setor público. Cientista político pela Universidade Federal de Pernambuco, é mestre em políticas públicas pela Harvard Kennedy School of Government. | poder | Escolha de relator da Lava Jato deve ser transparente e imparcialO avião caiu. Alguns dirão que foi acidente. Outros dirão que foi derrubado. Caberá à investigação esclarecer os fatos. Ainda assim, os céticos continuarão céticos. Não importarão as versões, importarão as consequências. Se a nação acreditará em uma ou outra versão dependerá da forma como for indicado o próximo relator da Lava Jato. Se fosse um caso ordinário, a Lava Jato seria herdada pelo novo ministro indicado por Michel Temer, segundo o regimento interno do Supremo Tribunal Federal. Do ponto de vista institucional, essa alternativa é absurda. Para além do claro conflito de interesses a que está submetido o presidente –que terá que escolher entre a governabilidade e as investigações–, o caráter simbólico dessa decisão aumentaria ainda mais a instabilidade institucional do país. Em seu artigo 68, o regimento interno do STF prevê exceções à regra de transmissão de relatorias para o ministro substituto, permitindo que o processo seja redistribuído sem que haja a necessidade de esperar a indicação de um novo ministro, a partir de requerimentos do Ministério Público ou das partes envolvidas no processo. A jurisprudência do STF vai ainda mais além, autorizando "a redistribuição, independentemente de pedido das partes" sem requerimentos, conforme decisão de Gilmar Mendes em 2009, após a morte do então ministro do STF Menezes Direito. Se o Brasil tem alguma pretensão de recuperar a credibilidade de suas instituições, será necessário utilizar essa jurisprudência para designar um relator substituto para a Lava Jato da maneira mais imparcial possível, dispensando a hipótese de espera da nomeação de um novo ministro pelo presidente. Esse processo de escolha imparcial, teoricamente, já existe: um sistema que usa um algoritmo aleatório para definir relatorias no STF. O problema é que esse algoritmo é tão obscuro quanto o padrão recente de decisões do tribunal, sintoma e causa da atual crise institucional. O padrão tem sido discutir casos e não regras, personagens e não instituições. A escolha do relator não é um problema exclusivo do caso da Lava Jato, mas ocorre em todos os processos do STF. Daniel Chada e Ivar Hartman, do projeto "Supremo em Números" (banco de dados da FGV Direito Rio sobre o tribunal), criticam de maneira brilhante a falta de transparência na alocação das relatorias no STF quando dizem que "no Supremo, escolher o relator é quase definir o resultado." As disputas de interpretação jurídica já começaram, assim como as campanhas pela indicação do novo ministro. A internet já borbulha com o nome de Sergio Moro, a esplanada já murmura o nome de Alexandre de Moraes. Mas é preciso que evitemos, mais uma vez, um debate nacional centrado em personagens e não em regras. Ministros do STF A PERSPECTIVA INSTITUCIONAL Abandonemos por um segundo o partidarismo e as teorias da conspiração. Do ponto de vista institucional, há duas teorias sobre a atual crise institucional brasileira. Os "otimistas" dizem que nossas instituições são sólidas, mas, devido a uma tempestade perfeita, as instituições chegaram a um nível de estresse que não poderia ser antecipado nem pelo mais clarividente dos constituintes. Os "céticos" dizem que a atual crise é a prova de que as instituições nunca de fato atingiram a maturidade na qual o país quis acreditar. Bastou passar o boom econômico para que as instituições se mostrassem incapazes de cumprir seu papel de mecanismos de resolução de conflitos. Foi então que vimos lealdades pessoais, preferências partidárias e ideologia tomarem as rédeas de decisões de cunho institucional. A forma como será indicado o relator do STF dirá qual dessas versões entrará para a história. O Brasil precisa (re)construir a crença de que as regras importam e de que o jogo será justo. Para isso, é preciso que a decisão da relatoria da Lava Jato ocorra da maneira mais imparcial e transparente possível. O algoritmo de alocação de processos do STF pode deixar de ser um instrumento administrativo para representar o início dessa reconstrução. Basta torná-lo público e aberto ao escrutínio geral, provando, para além de qualquer dúvida, que a relatoria da Lava Jato não será uma indicação política. Tecnicamente é possível, rápido e seguro. Politicamente, pode ser uma tragédia ou um recomeço. Precisamos fazer das nossas crises oportunidade de construir no Brasil uma institucionalidade madura, imparcial e que pertença a todo e qualquer cidadão. Se não fizermos isso na maior investigação que o país já viu, será difícil fazê-lo depois. Chegou a hora da verdade. Felipe Oriá é professor e pesquisador na Fundação Getúlio Vargas na área de políticas públicas e tem como foco acadêmico a inovação no setor público. Cientista político pela Universidade Federal de Pernambuco, é mestre em políticas públicas pela Harvard Kennedy School of Government. | 0 |