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Por mando e cartões, Palmeiras vai com força máxima contra o Red Bull
O Palmeiras já está classificado para as quartas de final do Campeonato Paulista, mas não vai poupar nenhum jogador neste domingo (29), contra o Red Bull, às 18h30, no Moisés Lucarelli, em Campinas. A formação completa tem dois motivos. O primeiro é o fato de o time continuar em busca de uma das duas primeiras posições no geral, atualmente ocupadas por Corinthians e Santos, para garantir mando de campo nas fases decisivas da competição. O segundo, o fato de a equipe ter sete atletas pendurados com dois amarelos, que podem forçar uma suspensão nesta reta final de primeira fase: Fernando Prass, Victor Hugo, Tobio, Zé Roberto, Arouca, Alan Patrick e Dudu. Na lista de relacionados apresentada por Oswaldo de Oliveira após o treino de sábado (28), as novidades são o goleiro Jailson, que não era utilizado desde a nona rodada do Paulista, o zagueiro Victor Ramos, que ficou de fora do jogo contra o São Paulo, e o lateral Victor Luis, que apareceu no lugar de João Paulo —que sofreu ruptura completa dos ligamentos do tornozelo direito após uma torção no treino de sexta (27).
esporte
Por mando e cartões, Palmeiras vai com força máxima contra o Red BullO Palmeiras já está classificado para as quartas de final do Campeonato Paulista, mas não vai poupar nenhum jogador neste domingo (29), contra o Red Bull, às 18h30, no Moisés Lucarelli, em Campinas. A formação completa tem dois motivos. O primeiro é o fato de o time continuar em busca de uma das duas primeiras posições no geral, atualmente ocupadas por Corinthians e Santos, para garantir mando de campo nas fases decisivas da competição. O segundo, o fato de a equipe ter sete atletas pendurados com dois amarelos, que podem forçar uma suspensão nesta reta final de primeira fase: Fernando Prass, Victor Hugo, Tobio, Zé Roberto, Arouca, Alan Patrick e Dudu. Na lista de relacionados apresentada por Oswaldo de Oliveira após o treino de sábado (28), as novidades são o goleiro Jailson, que não era utilizado desde a nona rodada do Paulista, o zagueiro Victor Ramos, que ficou de fora do jogo contra o São Paulo, e o lateral Victor Luis, que apareceu no lugar de João Paulo —que sofreu ruptura completa dos ligamentos do tornozelo direito após uma torção no treino de sexta (27).
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Aprenda a regular os faróis do carro em casa seguindo passos simples
DE SÃO PAULO Faróis desregulados podem atrapalhar quem dirige ou, ainda, ofuscar quem vem na direção oposta. O problema surge com o uso normal do carro, devido a trepidações. "Não há um prazo determinado, o ajuste deve ser feito sempre que o motorista perceber que há piora na iluminação", afirma Rodrigo Escoriza, responsável pelo atendimento ao cliente da rede Fiat em São Paulo. Segundo Escoriza, faróis com ajuste eletrônico, que compensam a altura do facho de luz quando o porta-malas está cheio, também podem precisar de regulagem.
sobretudo
Aprenda a regular os faróis do carro em casa seguindo passos simples DE SÃO PAULO Faróis desregulados podem atrapalhar quem dirige ou, ainda, ofuscar quem vem na direção oposta. O problema surge com o uso normal do carro, devido a trepidações. "Não há um prazo determinado, o ajuste deve ser feito sempre que o motorista perceber que há piora na iluminação", afirma Rodrigo Escoriza, responsável pelo atendimento ao cliente da rede Fiat em São Paulo. Segundo Escoriza, faróis com ajuste eletrônico, que compensam a altura do facho de luz quando o porta-malas está cheio, também podem precisar de regulagem.
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Brasil fecha 63,6 mil vagas de trabalho com carteira assinada em março
O Ministério do Trabalho informou nesta quinta (20) que foram perdidos 63.624 mil empregos com carteira assinada em março. O número reverte a melhora verificada em fevereiro, quando foi registrado saldo positivo de 35.712 mil vagas. Apesar de negativo, o número é melhor do que o do mesmo mês do ano passado, quando foi registrada uma perda líquida (saldo entre admissões e demissões) de quase 118 mil postos de trabalho formais. No primeiro trimestre, o saldo está negativo em 64.378 vagas, uma redução ante à perda de 303 mil vagas no primeiro trimestre de 2016. "Os números mostram que o Brasil reduz a perda de empregos", disse o ministro Ronaldo Nogueira. A principal perda de vagas com carteira em março, segundo as estatísticas oficiais, ocorreu no comércio, que sozinho perdeu 33.909 vagas formais. Entre os oito setores da economia monitorados pelo Caged, sete mostraram retração do emprego. Só a administração pública apresentou dados positivos. Os números não representam uma frustração, na visão do ministro, porque mostram uma redução das perdas ante o mesmo mês do ano passado. Além disso, diz ele, há um efeito sazonal negativo sobre o emprego em março, com demissões nos setores de hotéis e restaurantes, com o fim das férias. Saldo das vagas no emprego formal - Série com ajustes, em mil O governo havia comemorado o número positivo de fevereiro e usou o dado em comerciais para mostrar que a economia estava retomando. Nogueira disse que a comemoração não foi precipitada. "Não foi precipitada, não tinha como não comemorar depois de uma sequência de 22 meses de queda", disse. O saldo do emprego formal entrou no terreno negativo em abril de 2015. "Em fevereiro tinhamos que comemorar e comemorar agora também o mês de março, são a metade dos números de 2016", disse. "Claro que gostaria de estar anunciando a continuidade dos dados do mês de fevereiro. E espero que possamos analisar números positivos em março." Nogueira voltou a afirmar que os saques das contas inativas do FGTS devem impulsionar o comércio, o que deve ajudar a gerar vagas a partir de abril. "Vamos melhorando mês a mês, a perda de emprego será reduzida mês a mês", disse. REFORMA TRABALHISTA Nogueira defendeu a reforma trabalhista, alegando que a iniciativa vai gerar empregos e dar mais segurança jurídica às relações do trabalho. O Ministério do Trabalho, porém, é contra a mudanças no trabalho temporário e na contribuição sindical, propostas pelo relatório do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Segundo ele, em dezembro, o ministério elaborou um documento em que apontava a necessidade de que os dois temas fossem mantidos. "Vamos manter nossa coerência com o que foi acordado com os representantes dos trabalhadores e entidades patronais". Reforma trabalhista
mercado
Brasil fecha 63,6 mil vagas de trabalho com carteira assinada em marçoO Ministério do Trabalho informou nesta quinta (20) que foram perdidos 63.624 mil empregos com carteira assinada em março. O número reverte a melhora verificada em fevereiro, quando foi registrado saldo positivo de 35.712 mil vagas. Apesar de negativo, o número é melhor do que o do mesmo mês do ano passado, quando foi registrada uma perda líquida (saldo entre admissões e demissões) de quase 118 mil postos de trabalho formais. No primeiro trimestre, o saldo está negativo em 64.378 vagas, uma redução ante à perda de 303 mil vagas no primeiro trimestre de 2016. "Os números mostram que o Brasil reduz a perda de empregos", disse o ministro Ronaldo Nogueira. A principal perda de vagas com carteira em março, segundo as estatísticas oficiais, ocorreu no comércio, que sozinho perdeu 33.909 vagas formais. Entre os oito setores da economia monitorados pelo Caged, sete mostraram retração do emprego. Só a administração pública apresentou dados positivos. Os números não representam uma frustração, na visão do ministro, porque mostram uma redução das perdas ante o mesmo mês do ano passado. Além disso, diz ele, há um efeito sazonal negativo sobre o emprego em março, com demissões nos setores de hotéis e restaurantes, com o fim das férias. Saldo das vagas no emprego formal - Série com ajustes, em mil O governo havia comemorado o número positivo de fevereiro e usou o dado em comerciais para mostrar que a economia estava retomando. Nogueira disse que a comemoração não foi precipitada. "Não foi precipitada, não tinha como não comemorar depois de uma sequência de 22 meses de queda", disse. O saldo do emprego formal entrou no terreno negativo em abril de 2015. "Em fevereiro tinhamos que comemorar e comemorar agora também o mês de março, são a metade dos números de 2016", disse. "Claro que gostaria de estar anunciando a continuidade dos dados do mês de fevereiro. E espero que possamos analisar números positivos em março." Nogueira voltou a afirmar que os saques das contas inativas do FGTS devem impulsionar o comércio, o que deve ajudar a gerar vagas a partir de abril. "Vamos melhorando mês a mês, a perda de emprego será reduzida mês a mês", disse. REFORMA TRABALHISTA Nogueira defendeu a reforma trabalhista, alegando que a iniciativa vai gerar empregos e dar mais segurança jurídica às relações do trabalho. O Ministério do Trabalho, porém, é contra a mudanças no trabalho temporário e na contribuição sindical, propostas pelo relatório do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Segundo ele, em dezembro, o ministério elaborou um documento em que apontava a necessidade de que os dois temas fossem mantidos. "Vamos manter nossa coerência com o que foi acordado com os representantes dos trabalhadores e entidades patronais". Reforma trabalhista
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'O que arrebentou a economia foi o real forte', diz ex-ministro da Fazenda
Em tempos de polarização da política e do debate econômico, o professor da Fundação Getúlio Vargas Luiz Carlos Bresser-Pereira se recusa a se enquadrar em categorias preconcebidas. Amigo pessoal e ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso (FHC), ele apoiou Dilma Rousseff nas últimas eleições. É um orgulhoso desenvolvimentista (linha que defende ação ativa do Estado na promoção do desenvolvimento econômico), mas também um defensor do ajuste fiscal que está cortando o orçamento da saúde e educação. Seu apoio ao governo também não o dissuade de classificar a gestão Dilma como "desastrosa" em muitos aspectos. Nem de acusar Luiz Inácio Lula da Silva de promover um "populismo cambial" ao manter o dólar a R$ 2 para garantir a eleição de sua sucessora e apaziguar a classe média, que hoje, segundo ele, teria desenvolvido um ódio "profundo" e "irracional" ao PT. "O dólar a R$ 2 foi o pior legado de Lula, a bomba que ele deixou para Dilma", afirma. "Fala-se no superávit primário, mas até 2012 não tivemos problema nessa área (...) O que arrebentou a economia foi o câmbio, que provocou uma desindustrialização." Aos 81 anos, Bresser já esteve no PMDB e foi um dos fundadores do PSDB. Foi ministro da Fazenda do governo José Sarney (quando um plano com seu nome falhou no controle da inflação), ministro da Reforma do Estado no primeiro mandato de FHC e de Ciência e Tecnologia no segundo. Ele falou com a BBC Brasil em seu escritório, em São Paulo, dias antes de receber o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano da União Brasileira de Escritores. p(star) * BBC Brasil - Muitos de seus colegas desenvolvimentistas estão criticando o ajuste fiscal. Como vê essas críticas? Luiz Carlos Bresser-Pereira - São críticas dos desenvolvimentistas populistas ou keynesianos vulgares. Acredito que o Estado deve ter uma intervenção moderada na economia e uma política macroeconômica ativa. O mercado é uma maravilha para coordenar setores competitivos, mas os baseados em monopólios ou quase monopólios, como o de infraestrutura, precisam de uma intervenção forte e planejada. Mas não há nenhuma razão para eu defender a irresponsabilidade fiscal, que o governo possa gastar dinheiro sempre que quiser. John Maynard Keynes (economista britânico) deve estar rolando na cova de irritação diante dessa irresponsabilidade que a gente vê em nome dele. BBC Brasil - O governo está cortando onde deveria? Bresser - Nenhum ajuste corta no lugar certo. Estamos reduzindo o investimento (público), que já estava baixo. O governo está cortando onde pode, no fundo é isso. Defendo o retorno da CPMF: é um imposto pequeno, necessário. Mas o ajuste é o que tem de ser feito. Por outro lado, não sou a favor desse aperto monetário. Sei que a inflação está alta, mas com essa recessão não precisamos de juros mais altos para segurar os preços - o que, além de ser um empecilho para a retomada dos investimentos, têm um custo financeiro enorme. O Banco Central está 'descontando', como dizem as crianças. Em 2011 fizeram uma redução grande na taxa de juros que não deu certo. A inflação subiu, a Dilma teve que voltar atrás e eles ficaram com a imagem prejudicada junto ao sistema financeiro. Agora, disseram à sociedade brasileira: 'vocês vão ver'. E estamos vendo. BBC Brasil - No seu livro A Construção Política do Brasil (Editora 34), o sr. fala das coalizões de classes que se formaram no país. A Lava Jato colocou em evidencia um problema estrutural da relação do Estado com o grande empresariado ou o que revelou foi uma exceção? Bresser - Não vejo nada de estrutural nisso. É natural que existam estatais e um Estado que faz compras e, nesse quadro, infelizmente, sabemos que a corrupção é grande. Nesse caso, ainda temos um fato adicional: o partido de esquerda no poder fez uma coisa que normalmente os partidos não fazem. Só posso entender isso como uma loucura stalinista que atingiu uma minoria do PT, mas o fato é que algumas pessoas com posição de líderes, especialmente o José Dirceu, inventaram essa história de que era legítimo no capitalismo você financiar um partido com dinheiro de corrupção. Quando você financia uma campanha específica é diferente. É menor. A coisa ficou muito grande e foi um desastre. E está desmoralizando um partido que tem pessoas admiráveis e que dedicaram sua vida para fazer um Brasil melhor. Mas uma coisa boa dessa crise é que ela não foi denunciada por políticos, nem pela imprensa, e sim pelo próprio Estado. O Ministério Público já tem liberdade há muito tempo. E a partir de 2004, houve uma série de mudanças que deram à polícia mais autonomia e melhores salários. Hoje, temos órgãos do Estado capazes de defender o Estado. O que mostra que nossa política vai mal, mas o Estado não vai tão mal assim. BBC Brasil - Mas se há uma ideologia de que um Estado forte deve defender o interesse dos grandes empresários, não se cria muitas oportunidades para associações espúrias? Bresser - Essa é a tese liberal: o Estado tem de ser pequeno para evitar a corrupção. Mas sabemos que a corrupção dentro das empresas também é grande. Não sou a favor de um Estado imenso. A grande maioria dos investimentos tem de ser feita pelo setor privado. Agora, o Estado tem um papel social fundamental —e para isso precisa de recursos. Estão querendo até acabar com o SUS (Sistema Único de Saúde), imagine. O sistema de saúde pública é uma grande conquista da democracia e do capitalismo. O consumo coletivo (de serviços de saúde) não é só mais justo, é mais barato e eficiente. Na Europa, o total gasto com saúde é de 11% do PIB, por exemplo. Nos EUA, onde o serviço é baseado no setor privado, é 17%. BBC Brasil - O sr. apoiou a Dilma na campanha. Ela prometeu uma política econômica e ao ser eleita aderiu a outra, fazendo cortes até em áreas como educação e saúde. Houve estelionato eleitoral? Bresser - De nenhuma maneira. A Dilma cometeu erros graves como a irresponsabilidade fiscal, que atribuo ao desespero. Não conseguia fazer o país crescer e, de repente, acreditou na bobagem de fazer uma política industrial agressiva. Mas, em outubro de 2014, quem estava prevendo que o Brasil entraria em uma gravíssima recessão econômica, com queda de 3% do PIB? Ninguém. Não sabíamos. A economia é uma cienciazinha muito modesta, só é perfeita na cabeça dos economistas ortodoxos. Só se começou a falar em crise em dezembro. As pessoas dizem que ela (Dilma) passou a fazer o que "a direita quer", mas a mudança de política mostra algo admirável: ela reconheceu o erro. O que ela é, de fato, é incrivelmente incompetente do ponto de vista político. Em dezembro ela já devia estar sabendo que a situação das contas estava ruim e precisava reajustar o que havia desajustado. BBC Brasil - Por que a crise chegou a esse ponto? Bresser - Essa crise está ligada a uma grande insatisfação da classe média tradicional, que nos anos 80 liderou a transição democrática. Tivemos 35 anos de baixo crescimento e (mais recentemente) uma clara preferência pelos pobres. O PT não traiu os pobres, foi coerente nesse ponto, embora também tenha deixado os ricos ganharem muito dinheiro. Então os ricos e os pobres ganharam e a classe media ficou de fora. Quando o PT começou a se perder, primeiro com o mensalão e depois com o problema da expansão fiscal, começaram as manifestações. Essa classe (média) desenvolveu um ódio profundo ao PT e o governo. Uma coisa irracional, perigosa e antidemocrática. A democracia é uma forma de governo de pessoas que lutam entre si, mas é uma luta de adversários. De repente nos vimos em uma luta de inimigos. Ainda é um setor minoritário, mas há um setor da sociedade brasileira que radicalizou para a direita e passou a adotar posições pior que udenistas, fascistas. BBC Brasil - O sr. já tinha defendido essa tese do ódio das elites ao PT. Mas a Dilma tem uma aprovação em torno de 10%. Não é exagero falar que a rejeição vem só da elite e classe média? 90% da população é elite? Bresser - A Dilma de fato perdeu popularidade em todos os setores. Quando ela percebeu que tinha errado tinha de falar para a imprensa: "Olha, fiz uma reavaliação, algumas coisas não deram certo e vou ter de mudar a política. Peço desculpas por não ter previsto isso antes." Em vez disso, depois que ela foi eleita, desapareceu, e só apareceu de novo ao lado do (ministro da Fazenda Joaquim) Levy, já com a política definida e sem explicações. Só reconheceu que errou há um mês. Como disse, ela é muito inábil politicamente. Isso dificulta a sua vida. E a nossa. BBC Brasil - Como o sr vê o debate sobre o impeachment? Bresser - Acho que é resultado desse ódio (da classe média ao PT) e do oportunismo de alguns deputados, que se sentem ameaçados por essas investigações (de corrupção). Resolveram contra-atacar. E o contra-ataque se faz à presidente, porque ela não barrou a Polícia Federal e o Ministério Público (nas investigações). Mas o debate amorteceu. O grande problema do país hoje é se a Dilma consegue levar o ajuste fiscal adiante. BBC Brasil - Quais seriam as consequências econômicas de um impeachment? Bresser - Seria um caos danado. Até eu iria para a rua. Nunca vou para a rua, sou um intelectual, mas se houvesse um impeachment com as razões que eles tem aí, pedaladas, TCU, eu iria. Agora, se descobrirem algum crime que a Dilma praticou é outra coisa. Como no caso do Collor. Acho que as elites brasileiras, e as empresariais principalmente, perceberam que isso (impeachment) não adiantaria nada. Poderia até piorar a crise. Então de um ponto de vista conservador, eles são contra. BBC Brasil: É uma crise de um modelo de desenvolvimento? Bresser - A crise é por falta de modelo. Não temos modelo desde os anos 80. Estamos semiestagnados e sem saber o que fazer. BBC Brasil - Houve um momento em que muitos intelectuais acreditaram que o Brasil estaria criando um novo modelo. A Economist chamou de Capitalismo de Estado, alguns acadêmicos, de um desenvolvimentismo repaginado. Bresser - De fato houve quem visse um novo modelo e quem tenha se entusiasmado. A própria Economist colocou o Cristo Redentor decolando na sua capa. Foi um grande equívoco. O que houve no Brasil entre 2005 e 2010 foi um boom de commodities, que fez as exportações triplicarem. Isso enganou os economistas da esquerda e da direita. BBC Brasil - É possível ter um governo um governo de esquerda e um Estado forte com equilíbrio fiscal? Bresser - Um ajuste fiscal é necessário para por as finanças do Estado em boa forma, uma condição para um Estado forte, capaz. Para que (esse Estado) não quebre, nem dependa de credores. O mesmo vale para o Estado-nação, que inclui o setor privado: você fica devendo para outros países quando tem deficits em conta corrente (que inclui importações e exportações e transferências unilaterais). Em 2014, esse deficit foi de 4,6% do PIB. Uma loucura. Esse problema começou há algum tempo. Eu participei do governo Fernando Henrique, que é meu amigo, mas descobri que discordava fortemente da parte econômica dele. Foi no governo Itamar (Franco) —sem duvida, com a liderança de Fernando Henrique— que o Brasil estabilizou seus preços. Mas os oito anos do governo FHC foram muito ruins, o crescimento foi baixo. Ele começou dizendo que o Brasil cresceria com poupança externa, ou seja, com deficit em conta corrente financiado com empréstimos (lá fora) ou (atração de investimentos de) multinacionais. Naquela época não havia arcabouço teórico para criticar isso. Fiquei assistindo. Depois passei a fazer a crítica a esse esquema. BBC Brasil - Como? Bresser - A questão é que quando o dinheiro entra no Brasil, o câmbio aprecia (o real fica mais forte em relação ao dólar). Mas os investimentos caem, porque sem um câmbio competitivo os empresários não têm acesso a demanda efetiva (os consumidores preferem importados). Portanto, a taxa de investimento depende do câmbio. Mas dizer isso é uma revolução. Nos países em desenvolvimento há uma tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio que leva o país de crise em crise. Na crise, a taxa cai, depois começa a subir de novo. Até que um dia a dívida começa a aumentar, os credores se preocupam, há um efeito manada e o país quebra. É o ciclo. BBC Brasil - Ou seja, o sr. está dizendo que se um jantar em São Paulo está mais caro que um em Nova York algo vai mal, uma crise se avizinha? Bresser - É isso. BBC Brasil - Que patamar do dólar é ideal para o crescimento? Bresser - Hoje deve estar perto de R$ 3,8. Já foi R$ 3,6, mas teve a inflação. Mas agora está no lugar certo porque houve uma crise. Não uma crise total, mas uma semicrise. Em 2002, a taxa a preços de hoje foi a R$ 7. Agora foi a R$ 4 - e já está caindo. BBC Brasil - O sr. é bastante crítico do governo FHC nessa questão. E o governo Lula? Bresser - Foi um desastre do ponto de vista cambial. Lula recebeu o governo com uma taxa de cambio que seria hoje equivalente a R$ 7 por dólar. E entregou para a Dilma a uma taxa de R$ 2, R$ 2,10. Com isso segurou a inflação, aumentou os salários dos trabalhadores e elegeu sua sucessora. Agora, para Dilma receber essa taxa de R$ 2 foi receber uma missão impossível. Como a Dilma não é o Tom Cruise - é uma mulher corajosa, meio turrona, nem sempre muito brilhante -, fez o que pode. Não conseguiu o desenvolvimento econômico nos primeiros dois anos de seu primeiro mandato e depois foi irresponsável fiscalmente. E aí foi um desastre. O dólar a R$ 2 foi o pior legado de Lula, a bomba que ele deixou para Dilma. Fala-se no superavit primário (economia que o governo deve fazer para pagar juros da dívida), mas até 2012 não tivemos problema (nessa área). A própria Dilma só se perdeu nos dois últimos anos, quando inventou as desonerações e outras coisas do tipo. A história que contam do déficit estrutural, isso e aquilo, não existia há três anos. O que arrebentou a economia foi o câmbio, que provocou uma desindustrialização. O Brasil por muito tempo teve um projeto nacional que se resumia nessa palavra: industrialização. Chegamos a ter 28% de participação da indústria no PIB. Hoje é 10%. Foi uma queda brutal e prematura. De duas, uma: ou nossos empresários são todos incompetentes, ou a taxa de câmbio inviabilizou seu negócio. Brasil - A quem interessa uma taxa sobrevalorizada? Bresser - Aos rentistas, aos interesses estrangeiros. Isso é o populismo cambial. Temos o populismo o fiscal, que é o Estado gastar mais que arrecada, e esse cambial. Quem percebeu esse processo primeiro foi o economista argentino Adolfo Canitrot, nos anos 70. Quando você aprecia o câmbio, todos os rendimentos, salários, lucros e dividendos, aluguéis, tudo vale mais em dólar. Como muitas mercadorias em uma economia aberta têm seu preço impactado pelos preços internacionais, você fica mais "rico". Os eleitores ficam felicíssimos. E é mais fácil para um político a se reeleger. O Fernando Henrique fez isso - e o Lula fez mais. Mas logo há uma desvalorização (do real), o salário cai de qualquer maneira. Tudo fica mais caro. A classe media perdeu muito com a queda do real. Continua viajando para Miami, mas menos. A quantidade de brasileiros que comprou casas lá... uma tristeza. A perda da ideia de nação mais essa preferência pelo consumo imediato são dois males da sociedade brasileira que precisam ser repensados. O Brasil só voltará a crescer se fizer essa crítica da taxa de cambio apreciada. BBC Brasil - Em 2008 o senhor previu o fim da onda neoliberal, mas países que apostaram no desenvolvimentismo enfrentam problemas. Brasil, Venezuela, Argentina Fala-se em refluxo da esquerda na região. Bresser - Tivemos uma crise do capitalismo americano em 2008 que expandiu para o europeu. Foi uma crise do liberalismo econômico, porque foi a aplicação de suas teorias que deu nesse desastre com o qual o mundo sofre até hoje. O neoliberalismo continua em baixa, mas isso não significa que caminhamos para um desenvolvimentismo progressista. Agora, sobre a América Latina, a Venezuela teve um presidente corajoso, com vontade de salvar o país e beneficiado pela alta do petróleo, mas que adotou um populismo violento que está liquidando com a economia local. Antes disso, os liberais sempre governaram a Venezuela e foi um fracasso atrás do outro. Apenas as elites ganhavam. O (ex-presidente Hugo) Chávez pelo menos melhorou o padrão de vida da população. Mas o mal do populismo é muito forte. Ele tinge tanto a esquerda quanto a direita —mas mais a esquerda e os desenvolvimentistas que os liberais.
bbc
'O que arrebentou a economia foi o real forte', diz ex-ministro da FazendaEm tempos de polarização da política e do debate econômico, o professor da Fundação Getúlio Vargas Luiz Carlos Bresser-Pereira se recusa a se enquadrar em categorias preconcebidas. Amigo pessoal e ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso (FHC), ele apoiou Dilma Rousseff nas últimas eleições. É um orgulhoso desenvolvimentista (linha que defende ação ativa do Estado na promoção do desenvolvimento econômico), mas também um defensor do ajuste fiscal que está cortando o orçamento da saúde e educação. Seu apoio ao governo também não o dissuade de classificar a gestão Dilma como "desastrosa" em muitos aspectos. Nem de acusar Luiz Inácio Lula da Silva de promover um "populismo cambial" ao manter o dólar a R$ 2 para garantir a eleição de sua sucessora e apaziguar a classe média, que hoje, segundo ele, teria desenvolvido um ódio "profundo" e "irracional" ao PT. "O dólar a R$ 2 foi o pior legado de Lula, a bomba que ele deixou para Dilma", afirma. "Fala-se no superávit primário, mas até 2012 não tivemos problema nessa área (...) O que arrebentou a economia foi o câmbio, que provocou uma desindustrialização." Aos 81 anos, Bresser já esteve no PMDB e foi um dos fundadores do PSDB. Foi ministro da Fazenda do governo José Sarney (quando um plano com seu nome falhou no controle da inflação), ministro da Reforma do Estado no primeiro mandato de FHC e de Ciência e Tecnologia no segundo. Ele falou com a BBC Brasil em seu escritório, em São Paulo, dias antes de receber o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano da União Brasileira de Escritores. p(star) * BBC Brasil - Muitos de seus colegas desenvolvimentistas estão criticando o ajuste fiscal. Como vê essas críticas? Luiz Carlos Bresser-Pereira - São críticas dos desenvolvimentistas populistas ou keynesianos vulgares. Acredito que o Estado deve ter uma intervenção moderada na economia e uma política macroeconômica ativa. O mercado é uma maravilha para coordenar setores competitivos, mas os baseados em monopólios ou quase monopólios, como o de infraestrutura, precisam de uma intervenção forte e planejada. Mas não há nenhuma razão para eu defender a irresponsabilidade fiscal, que o governo possa gastar dinheiro sempre que quiser. John Maynard Keynes (economista britânico) deve estar rolando na cova de irritação diante dessa irresponsabilidade que a gente vê em nome dele. BBC Brasil - O governo está cortando onde deveria? Bresser - Nenhum ajuste corta no lugar certo. Estamos reduzindo o investimento (público), que já estava baixo. O governo está cortando onde pode, no fundo é isso. Defendo o retorno da CPMF: é um imposto pequeno, necessário. Mas o ajuste é o que tem de ser feito. Por outro lado, não sou a favor desse aperto monetário. Sei que a inflação está alta, mas com essa recessão não precisamos de juros mais altos para segurar os preços - o que, além de ser um empecilho para a retomada dos investimentos, têm um custo financeiro enorme. O Banco Central está 'descontando', como dizem as crianças. Em 2011 fizeram uma redução grande na taxa de juros que não deu certo. A inflação subiu, a Dilma teve que voltar atrás e eles ficaram com a imagem prejudicada junto ao sistema financeiro. Agora, disseram à sociedade brasileira: 'vocês vão ver'. E estamos vendo. BBC Brasil - No seu livro A Construção Política do Brasil (Editora 34), o sr. fala das coalizões de classes que se formaram no país. A Lava Jato colocou em evidencia um problema estrutural da relação do Estado com o grande empresariado ou o que revelou foi uma exceção? Bresser - Não vejo nada de estrutural nisso. É natural que existam estatais e um Estado que faz compras e, nesse quadro, infelizmente, sabemos que a corrupção é grande. Nesse caso, ainda temos um fato adicional: o partido de esquerda no poder fez uma coisa que normalmente os partidos não fazem. Só posso entender isso como uma loucura stalinista que atingiu uma minoria do PT, mas o fato é que algumas pessoas com posição de líderes, especialmente o José Dirceu, inventaram essa história de que era legítimo no capitalismo você financiar um partido com dinheiro de corrupção. Quando você financia uma campanha específica é diferente. É menor. A coisa ficou muito grande e foi um desastre. E está desmoralizando um partido que tem pessoas admiráveis e que dedicaram sua vida para fazer um Brasil melhor. Mas uma coisa boa dessa crise é que ela não foi denunciada por políticos, nem pela imprensa, e sim pelo próprio Estado. O Ministério Público já tem liberdade há muito tempo. E a partir de 2004, houve uma série de mudanças que deram à polícia mais autonomia e melhores salários. Hoje, temos órgãos do Estado capazes de defender o Estado. O que mostra que nossa política vai mal, mas o Estado não vai tão mal assim. BBC Brasil - Mas se há uma ideologia de que um Estado forte deve defender o interesse dos grandes empresários, não se cria muitas oportunidades para associações espúrias? Bresser - Essa é a tese liberal: o Estado tem de ser pequeno para evitar a corrupção. Mas sabemos que a corrupção dentro das empresas também é grande. Não sou a favor de um Estado imenso. A grande maioria dos investimentos tem de ser feita pelo setor privado. Agora, o Estado tem um papel social fundamental —e para isso precisa de recursos. Estão querendo até acabar com o SUS (Sistema Único de Saúde), imagine. O sistema de saúde pública é uma grande conquista da democracia e do capitalismo. O consumo coletivo (de serviços de saúde) não é só mais justo, é mais barato e eficiente. Na Europa, o total gasto com saúde é de 11% do PIB, por exemplo. Nos EUA, onde o serviço é baseado no setor privado, é 17%. BBC Brasil - O sr. apoiou a Dilma na campanha. Ela prometeu uma política econômica e ao ser eleita aderiu a outra, fazendo cortes até em áreas como educação e saúde. Houve estelionato eleitoral? Bresser - De nenhuma maneira. A Dilma cometeu erros graves como a irresponsabilidade fiscal, que atribuo ao desespero. Não conseguia fazer o país crescer e, de repente, acreditou na bobagem de fazer uma política industrial agressiva. Mas, em outubro de 2014, quem estava prevendo que o Brasil entraria em uma gravíssima recessão econômica, com queda de 3% do PIB? Ninguém. Não sabíamos. A economia é uma cienciazinha muito modesta, só é perfeita na cabeça dos economistas ortodoxos. Só se começou a falar em crise em dezembro. As pessoas dizem que ela (Dilma) passou a fazer o que "a direita quer", mas a mudança de política mostra algo admirável: ela reconheceu o erro. O que ela é, de fato, é incrivelmente incompetente do ponto de vista político. Em dezembro ela já devia estar sabendo que a situação das contas estava ruim e precisava reajustar o que havia desajustado. BBC Brasil - Por que a crise chegou a esse ponto? Bresser - Essa crise está ligada a uma grande insatisfação da classe média tradicional, que nos anos 80 liderou a transição democrática. Tivemos 35 anos de baixo crescimento e (mais recentemente) uma clara preferência pelos pobres. O PT não traiu os pobres, foi coerente nesse ponto, embora também tenha deixado os ricos ganharem muito dinheiro. Então os ricos e os pobres ganharam e a classe media ficou de fora. Quando o PT começou a se perder, primeiro com o mensalão e depois com o problema da expansão fiscal, começaram as manifestações. Essa classe (média) desenvolveu um ódio profundo ao PT e o governo. Uma coisa irracional, perigosa e antidemocrática. A democracia é uma forma de governo de pessoas que lutam entre si, mas é uma luta de adversários. De repente nos vimos em uma luta de inimigos. Ainda é um setor minoritário, mas há um setor da sociedade brasileira que radicalizou para a direita e passou a adotar posições pior que udenistas, fascistas. BBC Brasil - O sr. já tinha defendido essa tese do ódio das elites ao PT. Mas a Dilma tem uma aprovação em torno de 10%. Não é exagero falar que a rejeição vem só da elite e classe média? 90% da população é elite? Bresser - A Dilma de fato perdeu popularidade em todos os setores. Quando ela percebeu que tinha errado tinha de falar para a imprensa: "Olha, fiz uma reavaliação, algumas coisas não deram certo e vou ter de mudar a política. Peço desculpas por não ter previsto isso antes." Em vez disso, depois que ela foi eleita, desapareceu, e só apareceu de novo ao lado do (ministro da Fazenda Joaquim) Levy, já com a política definida e sem explicações. Só reconheceu que errou há um mês. Como disse, ela é muito inábil politicamente. Isso dificulta a sua vida. E a nossa. BBC Brasil - Como o sr vê o debate sobre o impeachment? Bresser - Acho que é resultado desse ódio (da classe média ao PT) e do oportunismo de alguns deputados, que se sentem ameaçados por essas investigações (de corrupção). Resolveram contra-atacar. E o contra-ataque se faz à presidente, porque ela não barrou a Polícia Federal e o Ministério Público (nas investigações). Mas o debate amorteceu. O grande problema do país hoje é se a Dilma consegue levar o ajuste fiscal adiante. BBC Brasil - Quais seriam as consequências econômicas de um impeachment? Bresser - Seria um caos danado. Até eu iria para a rua. Nunca vou para a rua, sou um intelectual, mas se houvesse um impeachment com as razões que eles tem aí, pedaladas, TCU, eu iria. Agora, se descobrirem algum crime que a Dilma praticou é outra coisa. Como no caso do Collor. Acho que as elites brasileiras, e as empresariais principalmente, perceberam que isso (impeachment) não adiantaria nada. Poderia até piorar a crise. Então de um ponto de vista conservador, eles são contra. BBC Brasil: É uma crise de um modelo de desenvolvimento? Bresser - A crise é por falta de modelo. Não temos modelo desde os anos 80. Estamos semiestagnados e sem saber o que fazer. BBC Brasil - Houve um momento em que muitos intelectuais acreditaram que o Brasil estaria criando um novo modelo. A Economist chamou de Capitalismo de Estado, alguns acadêmicos, de um desenvolvimentismo repaginado. Bresser - De fato houve quem visse um novo modelo e quem tenha se entusiasmado. A própria Economist colocou o Cristo Redentor decolando na sua capa. Foi um grande equívoco. O que houve no Brasil entre 2005 e 2010 foi um boom de commodities, que fez as exportações triplicarem. Isso enganou os economistas da esquerda e da direita. BBC Brasil - É possível ter um governo um governo de esquerda e um Estado forte com equilíbrio fiscal? Bresser - Um ajuste fiscal é necessário para por as finanças do Estado em boa forma, uma condição para um Estado forte, capaz. Para que (esse Estado) não quebre, nem dependa de credores. O mesmo vale para o Estado-nação, que inclui o setor privado: você fica devendo para outros países quando tem deficits em conta corrente (que inclui importações e exportações e transferências unilaterais). Em 2014, esse deficit foi de 4,6% do PIB. Uma loucura. Esse problema começou há algum tempo. Eu participei do governo Fernando Henrique, que é meu amigo, mas descobri que discordava fortemente da parte econômica dele. Foi no governo Itamar (Franco) —sem duvida, com a liderança de Fernando Henrique— que o Brasil estabilizou seus preços. Mas os oito anos do governo FHC foram muito ruins, o crescimento foi baixo. Ele começou dizendo que o Brasil cresceria com poupança externa, ou seja, com deficit em conta corrente financiado com empréstimos (lá fora) ou (atração de investimentos de) multinacionais. Naquela época não havia arcabouço teórico para criticar isso. Fiquei assistindo. Depois passei a fazer a crítica a esse esquema. BBC Brasil - Como? Bresser - A questão é que quando o dinheiro entra no Brasil, o câmbio aprecia (o real fica mais forte em relação ao dólar). Mas os investimentos caem, porque sem um câmbio competitivo os empresários não têm acesso a demanda efetiva (os consumidores preferem importados). Portanto, a taxa de investimento depende do câmbio. Mas dizer isso é uma revolução. Nos países em desenvolvimento há uma tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio que leva o país de crise em crise. Na crise, a taxa cai, depois começa a subir de novo. Até que um dia a dívida começa a aumentar, os credores se preocupam, há um efeito manada e o país quebra. É o ciclo. BBC Brasil - Ou seja, o sr. está dizendo que se um jantar em São Paulo está mais caro que um em Nova York algo vai mal, uma crise se avizinha? Bresser - É isso. BBC Brasil - Que patamar do dólar é ideal para o crescimento? Bresser - Hoje deve estar perto de R$ 3,8. Já foi R$ 3,6, mas teve a inflação. Mas agora está no lugar certo porque houve uma crise. Não uma crise total, mas uma semicrise. Em 2002, a taxa a preços de hoje foi a R$ 7. Agora foi a R$ 4 - e já está caindo. BBC Brasil - O sr. é bastante crítico do governo FHC nessa questão. E o governo Lula? Bresser - Foi um desastre do ponto de vista cambial. Lula recebeu o governo com uma taxa de cambio que seria hoje equivalente a R$ 7 por dólar. E entregou para a Dilma a uma taxa de R$ 2, R$ 2,10. Com isso segurou a inflação, aumentou os salários dos trabalhadores e elegeu sua sucessora. Agora, para Dilma receber essa taxa de R$ 2 foi receber uma missão impossível. Como a Dilma não é o Tom Cruise - é uma mulher corajosa, meio turrona, nem sempre muito brilhante -, fez o que pode. Não conseguiu o desenvolvimento econômico nos primeiros dois anos de seu primeiro mandato e depois foi irresponsável fiscalmente. E aí foi um desastre. O dólar a R$ 2 foi o pior legado de Lula, a bomba que ele deixou para Dilma. Fala-se no superavit primário (economia que o governo deve fazer para pagar juros da dívida), mas até 2012 não tivemos problema (nessa área). A própria Dilma só se perdeu nos dois últimos anos, quando inventou as desonerações e outras coisas do tipo. A história que contam do déficit estrutural, isso e aquilo, não existia há três anos. O que arrebentou a economia foi o câmbio, que provocou uma desindustrialização. O Brasil por muito tempo teve um projeto nacional que se resumia nessa palavra: industrialização. Chegamos a ter 28% de participação da indústria no PIB. Hoje é 10%. Foi uma queda brutal e prematura. De duas, uma: ou nossos empresários são todos incompetentes, ou a taxa de câmbio inviabilizou seu negócio. Brasil - A quem interessa uma taxa sobrevalorizada? Bresser - Aos rentistas, aos interesses estrangeiros. Isso é o populismo cambial. Temos o populismo o fiscal, que é o Estado gastar mais que arrecada, e esse cambial. Quem percebeu esse processo primeiro foi o economista argentino Adolfo Canitrot, nos anos 70. Quando você aprecia o câmbio, todos os rendimentos, salários, lucros e dividendos, aluguéis, tudo vale mais em dólar. Como muitas mercadorias em uma economia aberta têm seu preço impactado pelos preços internacionais, você fica mais "rico". Os eleitores ficam felicíssimos. E é mais fácil para um político a se reeleger. O Fernando Henrique fez isso - e o Lula fez mais. Mas logo há uma desvalorização (do real), o salário cai de qualquer maneira. Tudo fica mais caro. A classe media perdeu muito com a queda do real. Continua viajando para Miami, mas menos. A quantidade de brasileiros que comprou casas lá... uma tristeza. A perda da ideia de nação mais essa preferência pelo consumo imediato são dois males da sociedade brasileira que precisam ser repensados. O Brasil só voltará a crescer se fizer essa crítica da taxa de cambio apreciada. BBC Brasil - Em 2008 o senhor previu o fim da onda neoliberal, mas países que apostaram no desenvolvimentismo enfrentam problemas. Brasil, Venezuela, Argentina Fala-se em refluxo da esquerda na região. Bresser - Tivemos uma crise do capitalismo americano em 2008 que expandiu para o europeu. Foi uma crise do liberalismo econômico, porque foi a aplicação de suas teorias que deu nesse desastre com o qual o mundo sofre até hoje. O neoliberalismo continua em baixa, mas isso não significa que caminhamos para um desenvolvimentismo progressista. Agora, sobre a América Latina, a Venezuela teve um presidente corajoso, com vontade de salvar o país e beneficiado pela alta do petróleo, mas que adotou um populismo violento que está liquidando com a economia local. Antes disso, os liberais sempre governaram a Venezuela e foi um fracasso atrás do outro. Apenas as elites ganhavam. O (ex-presidente Hugo) Chávez pelo menos melhorou o padrão de vida da população. Mas o mal do populismo é muito forte. Ele tinge tanto a esquerda quanto a direita —mas mais a esquerda e os desenvolvimentistas que os liberais.
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Ataque ao Brasil
Países mantêm relações cordiais, trabalham juntos e cooperam entre si, mas não se enganem: no cenário internacional, ninguém é bonzinho. Os interesses nacionais prevalecem. Todos buscam vantagem. É como num concurso de miss. As candidatas parecem amigas. Sorriem umas para as outras, tiram fotos e ensaiam coreografias juntas, mas o que cada uma quer mesmo é ganhar a competição. Nesse tipo de ambiente competitivo, é contraproducente exibir vulnerabilidades, porque elas serão usadas contra você. O raciocínio é básico, mas o governo parece não entender, e o que faz o Itamaraty em termos orçamentários é exemplo claro desse desentendimento. O Itamaraty opera em 150 países; por isso, 90% do seu orçamento, embora calculados em reais, são gastos no exterior, para pagar despesas em dólares. Quando o dólar aumenta, o orçamento em reais do Itamaraty deveria aumentar, porque, afinal, suas obrigações, em dólares, continuam as mesmas. É como quando você compra um pacote de viagem em dólares, e o dólar aumenta. Ainda que essa questão pudesse ser resolvida com crédito suplementar ou gatilho cambial, o governo federal tem preferido ignorá-la, e várias repartições brasileiras mundo afora, à falta de recursos, têm sido objeto de cobrança por parte de parceiros e fornecedores. É como se as dificuldades orçamentárias impostas ao Itamaraty não trouxessem prejuízo nenhum ao país. Só que trazem. Recentemente, o jornal argentino "La Nación" publicou reportagem grande na edição de domingo sobre as dificuldades do governo brasileiro em pagar o papel higiênico e o aquecimento de suas embaixadas. Também recentemente, a Embaixada em Washington não pode pegar o ministro Levy, que chegava à cidade, porque não recebera recursos para o seguro obrigatório dos veículos oficiais. Se o problema se resumisse ao táxi que o ministro X ou Y teve de tomar, tudo bem, mas o Itamaraty faz mais que isso. Quando o seguro obrigatório dos carros foi suspenso, foram igualmente suspensos a assistência consular itinerante a brasileiros necessitados e o atendimento a emergências de imigração, polícia e presídios. Para manter relações cordiais com os outros países, o mínimo que o Brasil tem de fazer é pagar suas contas em dia. Ninguém gosta de caloteiro. Além disso, se a embaixada é caloteira, todo o Brasil é caloteiro. Eu e você nos tornamos caloteiros. Para economizar alguns tostões, o governo, num desatino administrativo, humilha toda a nacionalidade. Hoje, quem sofre é o diplomata que recebe ameaça de despejo. No futuro, quem vai sofrer é você. Independentemente de quem esteja no governo, o Itamaraty é um instrumento do Estado brasileiro e precisa ser preservado. O ataque orçamentário que ele sofre é um ataque ao Brasil. O prejuízo econômico e político dessa irresponsabilidade ultrapassa em muito os mínimos recursos de que ele necessita para funcionar e representar o país com dignidade. Qual é a vantagem de economizar menos de 1% do orçamento nacional –que é a parcela total do Itamaraty no Orçamento da União– quando essa economia tem o enorme custo indireto de enlamear o nome do Brasil na opinião pública mundial? Compensa? É óbvio que não. Quer que eu desenhe?
colunas
Ataque ao BrasilPaíses mantêm relações cordiais, trabalham juntos e cooperam entre si, mas não se enganem: no cenário internacional, ninguém é bonzinho. Os interesses nacionais prevalecem. Todos buscam vantagem. É como num concurso de miss. As candidatas parecem amigas. Sorriem umas para as outras, tiram fotos e ensaiam coreografias juntas, mas o que cada uma quer mesmo é ganhar a competição. Nesse tipo de ambiente competitivo, é contraproducente exibir vulnerabilidades, porque elas serão usadas contra você. O raciocínio é básico, mas o governo parece não entender, e o que faz o Itamaraty em termos orçamentários é exemplo claro desse desentendimento. O Itamaraty opera em 150 países; por isso, 90% do seu orçamento, embora calculados em reais, são gastos no exterior, para pagar despesas em dólares. Quando o dólar aumenta, o orçamento em reais do Itamaraty deveria aumentar, porque, afinal, suas obrigações, em dólares, continuam as mesmas. É como quando você compra um pacote de viagem em dólares, e o dólar aumenta. Ainda que essa questão pudesse ser resolvida com crédito suplementar ou gatilho cambial, o governo federal tem preferido ignorá-la, e várias repartições brasileiras mundo afora, à falta de recursos, têm sido objeto de cobrança por parte de parceiros e fornecedores. É como se as dificuldades orçamentárias impostas ao Itamaraty não trouxessem prejuízo nenhum ao país. Só que trazem. Recentemente, o jornal argentino "La Nación" publicou reportagem grande na edição de domingo sobre as dificuldades do governo brasileiro em pagar o papel higiênico e o aquecimento de suas embaixadas. Também recentemente, a Embaixada em Washington não pode pegar o ministro Levy, que chegava à cidade, porque não recebera recursos para o seguro obrigatório dos veículos oficiais. Se o problema se resumisse ao táxi que o ministro X ou Y teve de tomar, tudo bem, mas o Itamaraty faz mais que isso. Quando o seguro obrigatório dos carros foi suspenso, foram igualmente suspensos a assistência consular itinerante a brasileiros necessitados e o atendimento a emergências de imigração, polícia e presídios. Para manter relações cordiais com os outros países, o mínimo que o Brasil tem de fazer é pagar suas contas em dia. Ninguém gosta de caloteiro. Além disso, se a embaixada é caloteira, todo o Brasil é caloteiro. Eu e você nos tornamos caloteiros. Para economizar alguns tostões, o governo, num desatino administrativo, humilha toda a nacionalidade. Hoje, quem sofre é o diplomata que recebe ameaça de despejo. No futuro, quem vai sofrer é você. Independentemente de quem esteja no governo, o Itamaraty é um instrumento do Estado brasileiro e precisa ser preservado. O ataque orçamentário que ele sofre é um ataque ao Brasil. O prejuízo econômico e político dessa irresponsabilidade ultrapassa em muito os mínimos recursos de que ele necessita para funcionar e representar o país com dignidade. Qual é a vantagem de economizar menos de 1% do orçamento nacional –que é a parcela total do Itamaraty no Orçamento da União– quando essa economia tem o enorme custo indireto de enlamear o nome do Brasil na opinião pública mundial? Compensa? É óbvio que não. Quer que eu desenhe?
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Editorial: Obama hiperativo
O presidente dos EUA, Barack Obama, terminou 2014 disposto a desfazer a impressão de que será, nos últimos dois anos de mandato, o que os meios políticos de seu país conhecem como "pato manco" –um líder sem poder, apenas guardando lugar para o sucessor. Tão logo foi confirmada sua derrota na eleição para o Congresso em novembro, quando perdeu o Senado (já não tinha a Câmara), Obama deu início a um período de hiperatividade poucas vezes visto na história recente americana. Em questão de semanas, fechou um acordo climático com a China, ajudou a destravar a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (ameaçada pela Índia), anunciou medidas para dificultar a deportação de imigrantes ilegais e pôs em marcha um processo de reaproximação com Cuba. Justificou as medidas, promulgadas por meio de decretos, com base na inação do Congresso. Iniciativas mais sólidas, como a legalização de hispânicos e o fim do embargo comercial imposto contra Havana, dependeriam de mudanças legislativas, algo que não é realista imaginar antes de 2016, data da próxima eleição presidencial. Obama, assim, fez remendos, tentando mitigar a frustração de setores progressistas com sua passagem pela Casa Branca. Excluindo-se a aprovação da lei de saúde pública, em 2010, é magra, até agora, a lista de grandes feitos do primeiro presidente negro dos EUA. Nada indica que Obama reduzirá o ritmo em 2015. De olho em seu legado, o presidente ainda pode anunciar um acordo nuclear com o Irã. Também é provável que se lance em nova tentativa de mediar a paz entre Israel e Palestina. No âmbito interno, conta com a recuperação da economia, que, no terceiro trimestre de 2014, cresceu impressionantes 5% anualizados. Jogador político ousado, Obama deu de ombros para os protestos da oposição republicana, que ameaça cortar qualquer resquício de colaboração bipartidária e questionar na Justiça a legalidade de algumas decisões. Sem precisar se preocupar com novas eleições, deu-se ao luxo de esgarçar até o limite do possível o princípio dos freios e contrapesos. Chamado de "imperador romano", "Napoleão" e até de "ditador" pelos mais exaltados, Barack Obama corre o risco, ao buscar a via da autossuficiência legislativa, de desmoralizar a negociação política nos EUA. Por mais que os republicanos levem a tática da obstrução ao paroxismo, esse é um feito que ele não deveria almejar.
opiniao
Editorial: Obama hiperativoO presidente dos EUA, Barack Obama, terminou 2014 disposto a desfazer a impressão de que será, nos últimos dois anos de mandato, o que os meios políticos de seu país conhecem como "pato manco" –um líder sem poder, apenas guardando lugar para o sucessor. Tão logo foi confirmada sua derrota na eleição para o Congresso em novembro, quando perdeu o Senado (já não tinha a Câmara), Obama deu início a um período de hiperatividade poucas vezes visto na história recente americana. Em questão de semanas, fechou um acordo climático com a China, ajudou a destravar a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (ameaçada pela Índia), anunciou medidas para dificultar a deportação de imigrantes ilegais e pôs em marcha um processo de reaproximação com Cuba. Justificou as medidas, promulgadas por meio de decretos, com base na inação do Congresso. Iniciativas mais sólidas, como a legalização de hispânicos e o fim do embargo comercial imposto contra Havana, dependeriam de mudanças legislativas, algo que não é realista imaginar antes de 2016, data da próxima eleição presidencial. Obama, assim, fez remendos, tentando mitigar a frustração de setores progressistas com sua passagem pela Casa Branca. Excluindo-se a aprovação da lei de saúde pública, em 2010, é magra, até agora, a lista de grandes feitos do primeiro presidente negro dos EUA. Nada indica que Obama reduzirá o ritmo em 2015. De olho em seu legado, o presidente ainda pode anunciar um acordo nuclear com o Irã. Também é provável que se lance em nova tentativa de mediar a paz entre Israel e Palestina. No âmbito interno, conta com a recuperação da economia, que, no terceiro trimestre de 2014, cresceu impressionantes 5% anualizados. Jogador político ousado, Obama deu de ombros para os protestos da oposição republicana, que ameaça cortar qualquer resquício de colaboração bipartidária e questionar na Justiça a legalidade de algumas decisões. Sem precisar se preocupar com novas eleições, deu-se ao luxo de esgarçar até o limite do possível o princípio dos freios e contrapesos. Chamado de "imperador romano", "Napoleão" e até de "ditador" pelos mais exaltados, Barack Obama corre o risco, ao buscar a via da autossuficiência legislativa, de desmoralizar a negociação política nos EUA. Por mais que os republicanos levem a tática da obstrução ao paroxismo, esse é um feito que ele não deveria almejar.
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Qual a temperatura certa para lavar roupas?
DE SÃO PAULO Ingrid Lisboa, especialista em organização e fundadora da Home Organizer, explica a temperatura certa para lavar cada tipo de roupa. * FRIA Roupas de tricô, lã, crochê e seda, mais delicadas, devem ser lavadas à mão em temperatura fria ou entre 30 e 40 graus. Uma dica para saber se a água está temperada é colocar a mão dentro do balde e checar se não há incômodo. MORNA Jeans, camisetas, pijamas e outras peças de uso diário devem ser colocadas na máquina com água entre 30 e 40 graus. Na dúvida, dá para ver se há na etiqueta a temperatura máxima na qual elas podem ser lavadas. QUENTE Já para roupas de cama, mesa e banho, a recomendação é que sejam lavadas em temperaturas mais altas: entre 50 e 60 graus. A água quente misturada com o sabão ajuda a dissolver mais facilmente a gordura acumulada nos tecidos.
sobretudo
Qual a temperatura certa para lavar roupas? DE SÃO PAULO Ingrid Lisboa, especialista em organização e fundadora da Home Organizer, explica a temperatura certa para lavar cada tipo de roupa. * FRIA Roupas de tricô, lã, crochê e seda, mais delicadas, devem ser lavadas à mão em temperatura fria ou entre 30 e 40 graus. Uma dica para saber se a água está temperada é colocar a mão dentro do balde e checar se não há incômodo. MORNA Jeans, camisetas, pijamas e outras peças de uso diário devem ser colocadas na máquina com água entre 30 e 40 graus. Na dúvida, dá para ver se há na etiqueta a temperatura máxima na qual elas podem ser lavadas. QUENTE Já para roupas de cama, mesa e banho, a recomendação é que sejam lavadas em temperaturas mais altas: entre 50 e 60 graus. A água quente misturada com o sabão ajuda a dissolver mais facilmente a gordura acumulada nos tecidos.
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Para secretário, é necessário mudança de hábito para ocupar parques em SP
DE SÃO PAULO Wanderley Meira, 59, é secretário do Verde e do Meio Ambiente. O Parque Ibirapuera foi citado por 28% dos entrevistados como melhor centro de esportes e lazer. Quais são os desafios de gerenciar o Ibirapuera? Nosso maior desafio é pegar o exemplo do Ibirapuera e levar para os outros parques. Temos feito um trabalho grande para recuperar os espaço públicos da cidade para a população. Quando se fala que "os parques estão abandonados na periferia", estão mesmo. Isso demanda um pouco de mudança de hábito das pessoas, de voltarem a enxergar a cidade como um espaço seu. Por que o parque está sempre entre os favoritos do paulistano? É por conta da oferta de serviços, entretenimento, lazer e cultura. O Ibirapuera tem várias instituições, como o MAM, o Auditório Oscar Niemeyer, o Museu Afro... A própria marquise, que proporciona várias atividades, é muito usada pela moçada do skate. Quais são os projetos futuros? Temos algumas coisas a fazer: cuidados na manutenção, na mudança de hábito da população. Inserir um pouco mais a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura da Paz, que poucas pessoas sabem que existe. Em volta do lago, podemos criar alguns equipamentos leves, como cadeiras de praia. Tratar mais da qualidade da água dos lagos. E a gente tem a programação de inaugurar o planetário no final de junho. Inaugurar, não. Reinaugurar.
saopaulo
Para secretário, é necessário mudança de hábito para ocupar parques em SPDE SÃO PAULO Wanderley Meira, 59, é secretário do Verde e do Meio Ambiente. O Parque Ibirapuera foi citado por 28% dos entrevistados como melhor centro de esportes e lazer. Quais são os desafios de gerenciar o Ibirapuera? Nosso maior desafio é pegar o exemplo do Ibirapuera e levar para os outros parques. Temos feito um trabalho grande para recuperar os espaço públicos da cidade para a população. Quando se fala que "os parques estão abandonados na periferia", estão mesmo. Isso demanda um pouco de mudança de hábito das pessoas, de voltarem a enxergar a cidade como um espaço seu. Por que o parque está sempre entre os favoritos do paulistano? É por conta da oferta de serviços, entretenimento, lazer e cultura. O Ibirapuera tem várias instituições, como o MAM, o Auditório Oscar Niemeyer, o Museu Afro... A própria marquise, que proporciona várias atividades, é muito usada pela moçada do skate. Quais são os projetos futuros? Temos algumas coisas a fazer: cuidados na manutenção, na mudança de hábito da população. Inserir um pouco mais a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura da Paz, que poucas pessoas sabem que existe. Em volta do lago, podemos criar alguns equipamentos leves, como cadeiras de praia. Tratar mais da qualidade da água dos lagos. E a gente tem a programação de inaugurar o planetário no final de junho. Inaugurar, não. Reinaugurar.
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Rejeição implacável
O veredito nada tem de judicial, mas Michel Temer (PMDB) foi condenado de modo implacável pela opinião pública no caso JBS. Em pesquisa Datafolha, 83% dos brasileiros consideram, a partir da conversa gravada com o empresário Joesley Batista, que o peemedebista teve participação direta em esquemas de corrupção. Para 76%, Temer deveria renunciar ao cargo. Míseros 7% aprovam sua administração, o menor percentual obtido por um presidente desde 1989, quando José Sarney governava sob uma hiperinflação. Agudiza-se, dessa maneira, o descompasso entre as preferências da população e a conduta do sistema político, em sua maioria alinhado ao Palácio do Planalto. Para além da impopularidade de Temer, o divórcio entre representantes e representados explica-se ainda por três anos de ruína econômica, além da exposição cotidiana de escândalos e demonstrações de cinismo por parte dos principais partidos do país. É compreensível, portanto, a ampla rejeição à impunidade, que não se limita a governantes e parlamentares. Para 64% dos entrevistados pelo Datafolha, a Procuradoria-Geral da República agiu mal em seu generoso acordo de delação premiada com Joesley Batista; 81% defendem a prisão do empresário, corruptor confesso. O desalento reflete-se na imagem que se tem do país. Na pesquisa, 47% dizem sentir mais vergonha do que orgulho de serem brasileiros (50% afirmam o oposto), maior taxa desde que a questão começou a ser apresentada, em 2000. O presidente pode sobreviver à denúncia de corrupção passiva a ser apresentada, como se espera, pelo Ministério Público –afinal, ainda controla votos suficientes no Congresso para barrar processos que o afastariam do cargo. O desacordo da aliança governista a respeito de sua sucessão contribui para a sustentação precária de seu governo, assim como o refluxo das manifestações populares. Existem ainda temores de que uma nova troca de comando no Planalto dificultaria a recuperação da economia, cujos primeiros e tímidos sinais se fazem notar. É incontestável, entretanto, que a maioria acachapante deseja outro governo –e é difícil imaginar que a permanência prolongada de taxas de impopularidade tão elevadas se dê sem consequências. Fernando Collor (então PRN, hoje PTC) e Dilma Rousseff (PT), que amargaram índices similares de rejeição, acabaram alvos de processos de impeachment. No final calamitoso do governo Sarney, a degradação econômica e o descrédito político dizimaram as lideranças tradicionais no pleito de 1989, abrindo caminho para legendas como PT e PSDB. Hoje, a uma distância considerável das eleições gerais de 2018, ainda não se vislumbram com clareza as opções preferenciais de renovação da classe dirigente nacional. [email protected]
opiniao
Rejeição implacávelO veredito nada tem de judicial, mas Michel Temer (PMDB) foi condenado de modo implacável pela opinião pública no caso JBS. Em pesquisa Datafolha, 83% dos brasileiros consideram, a partir da conversa gravada com o empresário Joesley Batista, que o peemedebista teve participação direta em esquemas de corrupção. Para 76%, Temer deveria renunciar ao cargo. Míseros 7% aprovam sua administração, o menor percentual obtido por um presidente desde 1989, quando José Sarney governava sob uma hiperinflação. Agudiza-se, dessa maneira, o descompasso entre as preferências da população e a conduta do sistema político, em sua maioria alinhado ao Palácio do Planalto. Para além da impopularidade de Temer, o divórcio entre representantes e representados explica-se ainda por três anos de ruína econômica, além da exposição cotidiana de escândalos e demonstrações de cinismo por parte dos principais partidos do país. É compreensível, portanto, a ampla rejeição à impunidade, que não se limita a governantes e parlamentares. Para 64% dos entrevistados pelo Datafolha, a Procuradoria-Geral da República agiu mal em seu generoso acordo de delação premiada com Joesley Batista; 81% defendem a prisão do empresário, corruptor confesso. O desalento reflete-se na imagem que se tem do país. Na pesquisa, 47% dizem sentir mais vergonha do que orgulho de serem brasileiros (50% afirmam o oposto), maior taxa desde que a questão começou a ser apresentada, em 2000. O presidente pode sobreviver à denúncia de corrupção passiva a ser apresentada, como se espera, pelo Ministério Público –afinal, ainda controla votos suficientes no Congresso para barrar processos que o afastariam do cargo. O desacordo da aliança governista a respeito de sua sucessão contribui para a sustentação precária de seu governo, assim como o refluxo das manifestações populares. Existem ainda temores de que uma nova troca de comando no Planalto dificultaria a recuperação da economia, cujos primeiros e tímidos sinais se fazem notar. É incontestável, entretanto, que a maioria acachapante deseja outro governo –e é difícil imaginar que a permanência prolongada de taxas de impopularidade tão elevadas se dê sem consequências. Fernando Collor (então PRN, hoje PTC) e Dilma Rousseff (PT), que amargaram índices similares de rejeição, acabaram alvos de processos de impeachment. No final calamitoso do governo Sarney, a degradação econômica e o descrédito político dizimaram as lideranças tradicionais no pleito de 1989, abrindo caminho para legendas como PT e PSDB. Hoje, a uma distância considerável das eleições gerais de 2018, ainda não se vislumbram com clareza as opções preferenciais de renovação da classe dirigente nacional. [email protected]
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Marin escolhe cartola da Federação Paulista como fiador
Impedido de ter contato com dirigentes de entidades de futebol, o ex-presidente da CBF José Maria Marin apresentou como um dos fiadores em seu acordo de prisão domiciliar com a Justiça americana o vice-presidente jurídico da Federação Paulista de Futebol, Roberto Cicivizzo Júnior. O acordo com a Corte de Nova York, onde corre seu processo, impede que Marin tenha contato com "indivíduos empregados ou associados" a qualquer afiliada da Fifa, além da Concacaf e da Conmebol, entidades que controlam o futebol nas Américas. A FPF responde à CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que, por sua vez, é filiada à Fifa. Nem Cicivizzo nem a defesa de Marin foram localizados para responder se se veem conflito na relação. O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, antigo braço direito de Marin, era presidente da FPF desde 2003, até assumir a entidade máxima de futebol do país, neste ano. Marin presidiu a FPF entre 1982 e 1988. A assessoria de comunicação da entidade paulista disse que "Cicivizzo não representa a FPF. Sua decisão foi pessoal e particular". A assinatura de Cicivizzo aparece no acordo judicial como uma das cinco pessoas que se comprometem a arcar com a fiança de US$ 15 milhões caso Marin descumpra os termos e não disponibilize os recursos. Os demais fiadores são a mulher de Marin, Neuza, seu filho, Marcus Vinicius, Mauro de Morais e Mandel Roberto Rodriguez.
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Marin escolhe cartola da Federação Paulista como fiadorImpedido de ter contato com dirigentes de entidades de futebol, o ex-presidente da CBF José Maria Marin apresentou como um dos fiadores em seu acordo de prisão domiciliar com a Justiça americana o vice-presidente jurídico da Federação Paulista de Futebol, Roberto Cicivizzo Júnior. O acordo com a Corte de Nova York, onde corre seu processo, impede que Marin tenha contato com "indivíduos empregados ou associados" a qualquer afiliada da Fifa, além da Concacaf e da Conmebol, entidades que controlam o futebol nas Américas. A FPF responde à CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que, por sua vez, é filiada à Fifa. Nem Cicivizzo nem a defesa de Marin foram localizados para responder se se veem conflito na relação. O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, antigo braço direito de Marin, era presidente da FPF desde 2003, até assumir a entidade máxima de futebol do país, neste ano. Marin presidiu a FPF entre 1982 e 1988. A assessoria de comunicação da entidade paulista disse que "Cicivizzo não representa a FPF. Sua decisão foi pessoal e particular". A assinatura de Cicivizzo aparece no acordo judicial como uma das cinco pessoas que se comprometem a arcar com a fiança de US$ 15 milhões caso Marin descumpra os termos e não disponibilize os recursos. Os demais fiadores são a mulher de Marin, Neuza, seu filho, Marcus Vinicius, Mauro de Morais e Mandel Roberto Rodriguez.
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Turistas endinheirados contratam 'babá de viagem'
George Straw, 74, um turista muito dedicado, não gosta de água. Perto da água, ótimo, mas na água? Não, obrigado. E a rejeição é ainda maior se a proposta envolve estar embaixo d'água. "Uma viagem de observação submarina, com mergulhos para ver os recifes de coral, jamais funcionaria para mim", disse Straw, um dos donos do Santé Center for Healing, centro de tratamento para pacientes de distúrbios alimentares e dependentes de álcool e drogas, em Argyle, no Texas. Douglas Easton e John Ziegler, os sócios diretores da Celestielle, uma agência de viagens de luxo em West Hollywood, Califórnia, sabem tudo isso e mais sobre Straw, seu cliente há muito tempo. Sabem que ele não gosta de cebolas, que evita quartos de hotel que não tenham muitas janelas e que ama oportunidades para fotografar. É por isso que, algum tempo atrás, o enviaram a uma reserva natural para tigres na Índia, e que, no verão de 2016, organizaram uma viagem a Hudson Bay, no Canadá, para que ele pudesse observar ursos polares e outros animais. Easton e Ziegler são parte de um subconjunto de planejadores de viagens –eles preferem se definir como designers de viagens– que fazem mais do que simplesmente reservar passagens e estadias. Eles administram as viagens de seus clientes endinheirados, mapeando agendas que, ao longo do ano, podem incluir fins de semana no Caribe para uma mãe e sua filha, heli-skiing (esqui em áreas acessadas por helicópteros) para um pai e filho e fins de semana românticos para um casal. "No mês de junho, converso com Doug e John e eles começam os planos de viagem para o ano seguinte", disse Straw, que estima gastar cerca de US$ 180 mil (R$ 570 mil) ao ano com seu parceiro em turismo. Em 2016, ele fez quatro grandes viagens –Egito e África do Sul; Peru e Colômbia; Camboja, Vietnã, Tailândia e Bali; Irlanda do Norte, República Tcheca e Suíça. Alguns planejadores de viagens, como Gonzalo Gimeno, fundador e diretor da Elefant Travel, que tem unidades em Madri e Barcelona, e Susan Farewell, dona da Farewell Travels, em Westport, Connecticut, visitam seus clientes em casa, para descobrir mais sobre a dinâmica de suas famílias e fazer sugestões sobre possíveis destinos –em muitos casos, lugares dos quais seus clientes nem ouviram falar. Também realizam viagens de reconhecimento, para descobrir as melhores acomodações, guias de excursão e passeios. Quando Farewell planejou uma viagem de Bobbi Crocker, uma consultora de ensino superior de Westport, e seu marido. Russell, para a África do Sul e Zâmbia, "ela foi para lá primeiro para verificar se tudo funcionava bem", conta Crocker. "Quando voltou, alterou o itinerário e o hotel em que ficaríamos." Esse nível de planejamento e envolvimento "é parte de um mercado emergente no qual há pessoas que têm mais dinheiro que tempo, e elas desejam conhecimentos especializados", disse Bjorn Hanson, professor na Universidade de Nova York. "Um agente de viagens tradicional não faria perguntas como 'qual é o menor avião em que você se disporia a viajar?'" Clientes como esses, disse Hanson, podem não se importar com preços, mas são muito sensíveis a qualquer deficiência de tratamento. Não é incomum que algumas das famílias pequenas se disponham a gastar US$ 50 mil (R$ 158 mil) em viagem de uma semana (sem considerar o preço dos jatinhos). "Eles não se preocupam com preços –o tipo de viagem que querem é mais uma educação que uma recreação", disse Susan Farewell, que se reúne anualmente com clientes para revisar as viagens do ano anterior e determinar o próximo passo lógico. Por exemplo: seria melhor ir à Grécia no verão ou levar as crianças à África? "O objetivo é preparar pessoas para o sucesso em viagens", disse Farewell, que cobra no mínimo US$ 500 (cerca de R$ 1.600) pela organização de viagens de uma semana. "Não há como repetir a experiência, porque as crianças não voltarão a ter essa idade." Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Turistas endinheirados contratam 'babá de viagem'George Straw, 74, um turista muito dedicado, não gosta de água. Perto da água, ótimo, mas na água? Não, obrigado. E a rejeição é ainda maior se a proposta envolve estar embaixo d'água. "Uma viagem de observação submarina, com mergulhos para ver os recifes de coral, jamais funcionaria para mim", disse Straw, um dos donos do Santé Center for Healing, centro de tratamento para pacientes de distúrbios alimentares e dependentes de álcool e drogas, em Argyle, no Texas. Douglas Easton e John Ziegler, os sócios diretores da Celestielle, uma agência de viagens de luxo em West Hollywood, Califórnia, sabem tudo isso e mais sobre Straw, seu cliente há muito tempo. Sabem que ele não gosta de cebolas, que evita quartos de hotel que não tenham muitas janelas e que ama oportunidades para fotografar. É por isso que, algum tempo atrás, o enviaram a uma reserva natural para tigres na Índia, e que, no verão de 2016, organizaram uma viagem a Hudson Bay, no Canadá, para que ele pudesse observar ursos polares e outros animais. Easton e Ziegler são parte de um subconjunto de planejadores de viagens –eles preferem se definir como designers de viagens– que fazem mais do que simplesmente reservar passagens e estadias. Eles administram as viagens de seus clientes endinheirados, mapeando agendas que, ao longo do ano, podem incluir fins de semana no Caribe para uma mãe e sua filha, heli-skiing (esqui em áreas acessadas por helicópteros) para um pai e filho e fins de semana românticos para um casal. "No mês de junho, converso com Doug e John e eles começam os planos de viagem para o ano seguinte", disse Straw, que estima gastar cerca de US$ 180 mil (R$ 570 mil) ao ano com seu parceiro em turismo. Em 2016, ele fez quatro grandes viagens –Egito e África do Sul; Peru e Colômbia; Camboja, Vietnã, Tailândia e Bali; Irlanda do Norte, República Tcheca e Suíça. Alguns planejadores de viagens, como Gonzalo Gimeno, fundador e diretor da Elefant Travel, que tem unidades em Madri e Barcelona, e Susan Farewell, dona da Farewell Travels, em Westport, Connecticut, visitam seus clientes em casa, para descobrir mais sobre a dinâmica de suas famílias e fazer sugestões sobre possíveis destinos –em muitos casos, lugares dos quais seus clientes nem ouviram falar. Também realizam viagens de reconhecimento, para descobrir as melhores acomodações, guias de excursão e passeios. Quando Farewell planejou uma viagem de Bobbi Crocker, uma consultora de ensino superior de Westport, e seu marido. Russell, para a África do Sul e Zâmbia, "ela foi para lá primeiro para verificar se tudo funcionava bem", conta Crocker. "Quando voltou, alterou o itinerário e o hotel em que ficaríamos." Esse nível de planejamento e envolvimento "é parte de um mercado emergente no qual há pessoas que têm mais dinheiro que tempo, e elas desejam conhecimentos especializados", disse Bjorn Hanson, professor na Universidade de Nova York. "Um agente de viagens tradicional não faria perguntas como 'qual é o menor avião em que você se disporia a viajar?'" Clientes como esses, disse Hanson, podem não se importar com preços, mas são muito sensíveis a qualquer deficiência de tratamento. Não é incomum que algumas das famílias pequenas se disponham a gastar US$ 50 mil (R$ 158 mil) em viagem de uma semana (sem considerar o preço dos jatinhos). "Eles não se preocupam com preços –o tipo de viagem que querem é mais uma educação que uma recreação", disse Susan Farewell, que se reúne anualmente com clientes para revisar as viagens do ano anterior e determinar o próximo passo lógico. Por exemplo: seria melhor ir à Grécia no verão ou levar as crianças à África? "O objetivo é preparar pessoas para o sucesso em viagens", disse Farewell, que cobra no mínimo US$ 500 (cerca de R$ 1.600) pela organização de viagens de uma semana. "Não há como repetir a experiência, porque as crianças não voltarão a ter essa idade." Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Abaixo da média
Dados o colapso da economia neste ano e as projeções cada vez mais preocupantes para 2016, mostra-se irrelevante a rotineira revisão do PIB feita pelo IBGE. Com as novas informações sobre 2012 e 2013, o crescimento anual médio no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT) subiu de 2,1% para 2,2%. No agregado, a economia ficou 0,4 ponto percentual maior. Como se vê, a inclusão de dados que não estavam disponíveis à época da divulgação original não fez muita diferença em relação ao passado –e certamente não fará nenhuma quanto ao futuro. Em março, uma alteração mais ampla havia incorporado investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Na ocasião, a alta média do PIB de 2011 a 2014 passou de 1,7% para 2,1%. Efetuadas as atualizações, o período Dilma pode parecer um pouco menos ruim, mas permanece essencialmente o mesmo. O desempenho de seu governo é o pior das últimas décadas, seja em termos absolutos, seja em termos relativos. Seu primeiro mandato, além disso, deixou o legado mais deplorável. Tomem-se as gestões de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Lula (PT). De 1995 a 2002, com o tucano na Presidência, o Brasil cresceu em média 2,4% ao ano, em um período marcado não só por recorrentes crises internacionais mas também baixos preços de matérias-primas. A América Latina, para comparação, avançou 2,2%. Lula, por sua vez, vivenciou ambiente internacional bem melhor. Houve maior dinamismo na América Latina, em decorrência da demanda chinesa por bens primários. A economia da região, assim como a do Brasil, expandiu-se em média 4,1% de 2003 a 2010. Esse padrão mudou com Dilma Rousseff. De 2011 a 2014, o crescimento latino-americano desacelerou, mas ficou em 3% na média, taxa bem superior à do Brasil –que só se saiu melhor que países quase arruinados, como a Venezuela. Quando se considera o segundo mandato da petista, a situação se torna dramática. Caso se confirmem as projeções de analistas compiladas pelo Banco Central, o PIB cairá 3,1% neste ano e 2% em 2016. O crescimento voltaria em 2017 e 2018, mas em ritmo insuficiente para produzir uma média acima de zero no quadriênio. Não há novidade em dizer que foram muitos e grandes os erros dos últimos anos. O real custo da incompetência, contudo, aparece no longo prazo: uma década de estagnação e a desmobilização das forças sociais para o crescimento. Que o desastre causado pela irresponsabilidade dilmista sirva de motivação para fortalecer as instituições e a gestão das contas públicas, pilares para um projeto de desenvolvimento que possa durar mais que um ciclo eleitoral. [email protected]
opiniao
Abaixo da médiaDados o colapso da economia neste ano e as projeções cada vez mais preocupantes para 2016, mostra-se irrelevante a rotineira revisão do PIB feita pelo IBGE. Com as novas informações sobre 2012 e 2013, o crescimento anual médio no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT) subiu de 2,1% para 2,2%. No agregado, a economia ficou 0,4 ponto percentual maior. Como se vê, a inclusão de dados que não estavam disponíveis à época da divulgação original não fez muita diferença em relação ao passado –e certamente não fará nenhuma quanto ao futuro. Em março, uma alteração mais ampla havia incorporado investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Na ocasião, a alta média do PIB de 2011 a 2014 passou de 1,7% para 2,1%. Efetuadas as atualizações, o período Dilma pode parecer um pouco menos ruim, mas permanece essencialmente o mesmo. O desempenho de seu governo é o pior das últimas décadas, seja em termos absolutos, seja em termos relativos. Seu primeiro mandato, além disso, deixou o legado mais deplorável. Tomem-se as gestões de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Lula (PT). De 1995 a 2002, com o tucano na Presidência, o Brasil cresceu em média 2,4% ao ano, em um período marcado não só por recorrentes crises internacionais mas também baixos preços de matérias-primas. A América Latina, para comparação, avançou 2,2%. Lula, por sua vez, vivenciou ambiente internacional bem melhor. Houve maior dinamismo na América Latina, em decorrência da demanda chinesa por bens primários. A economia da região, assim como a do Brasil, expandiu-se em média 4,1% de 2003 a 2010. Esse padrão mudou com Dilma Rousseff. De 2011 a 2014, o crescimento latino-americano desacelerou, mas ficou em 3% na média, taxa bem superior à do Brasil –que só se saiu melhor que países quase arruinados, como a Venezuela. Quando se considera o segundo mandato da petista, a situação se torna dramática. Caso se confirmem as projeções de analistas compiladas pelo Banco Central, o PIB cairá 3,1% neste ano e 2% em 2016. O crescimento voltaria em 2017 e 2018, mas em ritmo insuficiente para produzir uma média acima de zero no quadriênio. Não há novidade em dizer que foram muitos e grandes os erros dos últimos anos. O real custo da incompetência, contudo, aparece no longo prazo: uma década de estagnação e a desmobilização das forças sociais para o crescimento. Que o desastre causado pela irresponsabilidade dilmista sirva de motivação para fortalecer as instituições e a gestão das contas públicas, pilares para um projeto de desenvolvimento que possa durar mais que um ciclo eleitoral. [email protected]
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Criadora do 'piso paulista' diz que nunca recebeu 1 centavo pelo desenho
Quando um paulistano pisa em ladrilhos pretos e brancos com o formato do Estado, está andando sobre uma obra da desenhista Mirthes Bernardes, 80. Ela fez em 1965 o desenho que ganhou o concurso municipal para padronização das calçadas da cidade naquele ano.?Eu achava que tinha coisas bem mais bonitas [entre as concorrentes], mas não acharam?, diz, rindo. Sem que ela recebesse um centavo, seus traços foram parar em roupas, canecas e outros produtos?mas estão sumindo justamente do piso da cidade. Leia mais aqui
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Criadora do 'piso paulista' diz que nunca recebeu 1 centavo pelo desenhoQuando um paulistano pisa em ladrilhos pretos e brancos com o formato do Estado, está andando sobre uma obra da desenhista Mirthes Bernardes, 80. Ela fez em 1965 o desenho que ganhou o concurso municipal para padronização das calçadas da cidade naquele ano.?Eu achava que tinha coisas bem mais bonitas [entre as concorrentes], mas não acharam?, diz, rindo. Sem que ela recebesse um centavo, seus traços foram parar em roupas, canecas e outros produtos?mas estão sumindo justamente do piso da cidade. Leia mais aqui
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Walmart testa entregas de pedidos on-line por funcionários voluntários
O Walmart está testando um programa que permite que funcionários da loja entreguem os pedidos encomendados no site após terminarem o expediente, enquanto tenta encontrar formas de acabar com a distância com a rival Amazon. O programa de entrega é voluntário para funcionários das lojas e permite que eles se inscrevam para um máximo de dez entregas por dia. A varejista não deu detalhes sobre a remuneração dos inscritos. O teste é limitado a três lojas nos Estados norte-americanos de Nova Jersey e Arkansas. Marc Lore, líder das operações de comércio eletrônico do Walmart, disse que a medida reduzirá os custos de transporte, tornará as entregas mais rápida e será um novo ganho para os trabalhadores. As lojas do Walmart estão em um raio de 16 km de 90% da população norte-americana, disse Lore. "Imagine todas as rotas em que nossos associados dirigem de um lado para o outro e as casas pelas quais passam ao longo do caminho."
mercado
Walmart testa entregas de pedidos on-line por funcionários voluntáriosO Walmart está testando um programa que permite que funcionários da loja entreguem os pedidos encomendados no site após terminarem o expediente, enquanto tenta encontrar formas de acabar com a distância com a rival Amazon. O programa de entrega é voluntário para funcionários das lojas e permite que eles se inscrevam para um máximo de dez entregas por dia. A varejista não deu detalhes sobre a remuneração dos inscritos. O teste é limitado a três lojas nos Estados norte-americanos de Nova Jersey e Arkansas. Marc Lore, líder das operações de comércio eletrônico do Walmart, disse que a medida reduzirá os custos de transporte, tornará as entregas mais rápida e será um novo ganho para os trabalhadores. As lojas do Walmart estão em um raio de 16 km de 90% da população norte-americana, disse Lore. "Imagine todas as rotas em que nossos associados dirigem de um lado para o outro e as casas pelas quais passam ao longo do caminho."
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STF tranca investigação da Promotoria de SP sobre Gabriel Chalita
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta terça-feira (23) trancar uma investigação aberta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo contra o secretário municipal de Educação Gabriel Chalita. A decisão é da Segunda Turma do STF e o caso dividiu os ministros. Teori Zavascki e Cármen Lúcia votaram para manter a investigação. Gilmar Mendes e Dias Toffoli defenderam o arquivamento. O ministro Celso de Mello se declarou suspeito para participar do julgamento. Como o empate em casos criminais favorece o envolvido, a apuração acabou arquivada. Os ministros discutiram uma reclamação de Chalita sobre a decisão do MP de São Paulo de investigar supostos crimes que teriam ocorrido em sua gestão como secretário estadual de Educação no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), entre 2002 e 2006. Chalita foi acusado de receber propina e de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e passiva, e fraude a licitação. A defesa do secretário nega seu envolvimento em qualquer irregularidade e argumenta que os mesmos fatos foram investigados num inquérito do STF arquivado em 2012, a pedido da Procuradoria-Geral da República. Em 2015, durante uma sessão que discutiu o caso, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o MP fazia uma simples tentativa de dar nova roupagem às investigações. O ministro relator da reclamação, Teori Zavascki, disse que a manutenção do procedimento no MP-SP não ofende a autoridade do STF e que "há possibilidade de obtenção de novas provas".
poder
STF tranca investigação da Promotoria de SP sobre Gabriel ChalitaO STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta terça-feira (23) trancar uma investigação aberta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo contra o secretário municipal de Educação Gabriel Chalita. A decisão é da Segunda Turma do STF e o caso dividiu os ministros. Teori Zavascki e Cármen Lúcia votaram para manter a investigação. Gilmar Mendes e Dias Toffoli defenderam o arquivamento. O ministro Celso de Mello se declarou suspeito para participar do julgamento. Como o empate em casos criminais favorece o envolvido, a apuração acabou arquivada. Os ministros discutiram uma reclamação de Chalita sobre a decisão do MP de São Paulo de investigar supostos crimes que teriam ocorrido em sua gestão como secretário estadual de Educação no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), entre 2002 e 2006. Chalita foi acusado de receber propina e de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e passiva, e fraude a licitação. A defesa do secretário nega seu envolvimento em qualquer irregularidade e argumenta que os mesmos fatos foram investigados num inquérito do STF arquivado em 2012, a pedido da Procuradoria-Geral da República. Em 2015, durante uma sessão que discutiu o caso, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o MP fazia uma simples tentativa de dar nova roupagem às investigações. O ministro relator da reclamação, Teori Zavascki, disse que a manutenção do procedimento no MP-SP não ofende a autoridade do STF e que "há possibilidade de obtenção de novas provas".
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MEC omite travas para acesso ao Fies, afirmam instituições privadas
O Ministério da Educação está limitando novos contratos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) com base em regras que não foram divulgadas. A reclamação é de instituições privadas e alunos, que vêm relatando dificuldade em concluir o pedido de financiamento por meio do sistema do programa. Segundo a Folha apurou, algumas privadas não estão conseguindo ampliar seu limite disponível para financiamentos, o que até então era possível. As faculdades afirmam ainda que o MEC impôs um limite de contratos equivalente a 1/3 do total realizado no ano passado, como mostrou o jornal "Valor Econômico". "A gente não sabe dizer se é o próprio sistema que faz isso ou se é um defeito [no processamento]. Não tem uma regra no papel", afirma Amábile Pacios, presidente da Fenep (federação das escolas particulares). Procurado, o MEC informou que "não é possível fazer uma previsão [de contratos firmados neste ano] com base no total de contratos de 2014, já que este processo em andamento é referente ao primeiro semestre de 2015". O prazo para pedidos de financiamento se encerra em 30 de abril. "O balanço final de contratos solicitados só poderá ser divulgado após o fechamento do sistema", diz a pasta. NOVA AÇÃO NA JUSTIÇA A Fenep pretende entrar, na próxima semana, com mais uma ação na Justiça. Agora, o objetivo será derrubar toda a portaria que trouxe as primeiras mudanças na concessão de financiamentos, publicada em dezembro do ano passado. Até aqui, as ações apresentadas questionavam trechos do texto. "A partir dela, tem uma exigência nova a cada dia. A gente não sabe como orientar o aluno. E só percebe [uma nova regra] porque tem uma constância [de reclamações]", afirma a presidente da entidade. Ela cita como exemplo o limite de reajuste de 6,4% das mensalidades para autorização de novos contratos no Fies. Entidades reclamaram do limite de 4,5% (centro da meta da inflação) e só então o ministério reconheceu a exigência. Em seguida, o percentual foi ampliado para 6,4% (inflação oficial em 2014). "Esse percentual é arbitrário, porque há várias formas de medir a inflação. E a transparência em relação à qualidade é absurda. Querem mudar a regra no meio do jogo", afirma Edgar Jacobs, advogado especialista em direito educacional. QUALIDADE As escolas também afirmam que cursos com indicadores de qualidade distintos têm recebido tratamento diferenciado no sistema. Como a Folha revelou no início do mês, o ministério decidiu aumentar o rigor na concessão dos contratos a partir da nota das graduações, que varia numa escala de 1 a 5, a partir de fatores como titulação de corpo docente e infraestrutura. A regra, no entanto, não foi detalhada pela pasta até o momento. Em nota, o ministério informou que cursos com nota 5 têm "atendimento pleno" dos pedidos de financiamento. "Já nos cursos nota 3 e 4 são considerados alguns aspectos regionais, como por exemplo cursos que historicamente foram menos atendidos", diz o MEC.
educacao
MEC omite travas para acesso ao Fies, afirmam instituições privadasO Ministério da Educação está limitando novos contratos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) com base em regras que não foram divulgadas. A reclamação é de instituições privadas e alunos, que vêm relatando dificuldade em concluir o pedido de financiamento por meio do sistema do programa. Segundo a Folha apurou, algumas privadas não estão conseguindo ampliar seu limite disponível para financiamentos, o que até então era possível. As faculdades afirmam ainda que o MEC impôs um limite de contratos equivalente a 1/3 do total realizado no ano passado, como mostrou o jornal "Valor Econômico". "A gente não sabe dizer se é o próprio sistema que faz isso ou se é um defeito [no processamento]. Não tem uma regra no papel", afirma Amábile Pacios, presidente da Fenep (federação das escolas particulares). Procurado, o MEC informou que "não é possível fazer uma previsão [de contratos firmados neste ano] com base no total de contratos de 2014, já que este processo em andamento é referente ao primeiro semestre de 2015". O prazo para pedidos de financiamento se encerra em 30 de abril. "O balanço final de contratos solicitados só poderá ser divulgado após o fechamento do sistema", diz a pasta. NOVA AÇÃO NA JUSTIÇA A Fenep pretende entrar, na próxima semana, com mais uma ação na Justiça. Agora, o objetivo será derrubar toda a portaria que trouxe as primeiras mudanças na concessão de financiamentos, publicada em dezembro do ano passado. Até aqui, as ações apresentadas questionavam trechos do texto. "A partir dela, tem uma exigência nova a cada dia. A gente não sabe como orientar o aluno. E só percebe [uma nova regra] porque tem uma constância [de reclamações]", afirma a presidente da entidade. Ela cita como exemplo o limite de reajuste de 6,4% das mensalidades para autorização de novos contratos no Fies. Entidades reclamaram do limite de 4,5% (centro da meta da inflação) e só então o ministério reconheceu a exigência. Em seguida, o percentual foi ampliado para 6,4% (inflação oficial em 2014). "Esse percentual é arbitrário, porque há várias formas de medir a inflação. E a transparência em relação à qualidade é absurda. Querem mudar a regra no meio do jogo", afirma Edgar Jacobs, advogado especialista em direito educacional. QUALIDADE As escolas também afirmam que cursos com indicadores de qualidade distintos têm recebido tratamento diferenciado no sistema. Como a Folha revelou no início do mês, o ministério decidiu aumentar o rigor na concessão dos contratos a partir da nota das graduações, que varia numa escala de 1 a 5, a partir de fatores como titulação de corpo docente e infraestrutura. A regra, no entanto, não foi detalhada pela pasta até o momento. Em nota, o ministério informou que cursos com nota 5 têm "atendimento pleno" dos pedidos de financiamento. "Já nos cursos nota 3 e 4 são considerados alguns aspectos regionais, como por exemplo cursos que historicamente foram menos atendidos", diz o MEC.
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Condomínios investem em serviços de recreação para crianças nas férias
JÚLIA ZAREMBA DE SÃO PAULO Numa época em que diversas famílias devem deixar de viajar no período de férias escolares, contar com a área de lazer do condomínio é a alternativa de muitos pais. Para incrementar o espaço, alguns prédios recorrem à contratação de empresas de recreação, que organizam o entretenimento dos pequenos moradores com atividades ao longo de todo o dia. A fisioterapeuta Fernanda Lisboa, 36, mãe de dois meninos, de 7 e 10 anos, mora em um condomínio em Moema (zona sul de São Paulo) que conta com uma equipe de recreação no ano inteiro. "É um estímulo para eles saírem de casa e participarem de brincadeiras com as quais não estão acostumados", diz. No local, a programação inclui desde atividades com bicicletas e skates até jogos de caça ao tesouro. Renato Tichauer, presidente da Associação dos Síndicos de Condomínios de São Paulo, explica que, antes de contratar uma empresa do tipo, os moradores devem realizar uma assembleia para definir o tipo de serviço que desejam e a forma de rateio dos custos. No prédio de Fernanda, o valor mensal de R$ 14.720 é dividido igualmente por todos os moradores (incluindo os que não têm filhos). O serviço custa a partir de R$ 450, pela monitoria de um dia apenas, a valores mensais, que podem alcançar os R$ 25 mil, dependendo do número contratado de profissionais e de atividades -veja mais no quadro ao lado. Em prédios sem playground ou quadra, por exemplo, os monitores improvisam no salão de festas brincadeiras e oficinas temáticas. Algumas empresas têm na equipe de recreadores profissionais formados em pedagogia e educação física. Também é possível incluir na programação atividades para adultos, como acompanhamento na academia e, se o prédio não tiver a estrutura, aulas de dança e de pilates. MANUTENÇÃO Rosely Schwartz, professora de administração de condomínios da Escola Paulista de Direito, lembra que cabe ao síndico a tarefa de garantir a manutenção das áreas comuns para evitar acidentes. "Isso inclui revisar os brinquedos do parquinho, verificar se o ralo da piscina está em ordem e colocar placas indicando lugares em que crianças não podem ficar sozinhas", explica. O administrador Gustavo Hohendorff, 41, morador do mesmo prédio de Moema e pai de três filhos (com 1, 11 e 17 anos) acredita que, em ano de crise, a recreação é uma ótima pedida. "Nessas férias, não vamos conseguir viajar, então é uma forma de mantê-los entretidos." Ele diz também que aproveita a facilidade proporcionada pelo serviço para ficar mais perto dos filhos, especialmente nos períodos em que eles não estão na escola. "Sou bastante participativo, costumo descer para jogar futebol com o meu menino de 11 anos, até para avaliar como ele se comporta diante das situações", conta. MONITORIA AJUDA, MAS CRIANÇA DEVE SAIR DO PRÉDIO, DIZEM PEDAGOGOS Especialistas em pedagogia dizem que a recreação em condomínios é positiva porque envolve um adulto mediando as atividades, de forma a controlar conflitos entre as crianças e aumentar o repertório de brincadeiras. Outro ponto a favor é afastar a molecada de tablets, videogames e smartphones. "É importante que eles façam atividades que envolvam o movimento corporal e estimulem as relações humanas", diz Maria Angela Barbato, especialista em educação infantil da PUC-SP. Mas profissionais ouvidos pela Folha ressaltam que, durante as férias passadas na cidade, os pais devem estimular os filhos ir além dos muros do condomínio para fazer atividades culturais e descobrir espaços públicos. "As crianças têm ficado cada vez mais confinadas, o que faz com que tenham uma formação mais pobre. É importante que aproveitem as férias para ampliar seu repertório cultural", diz Célia Serrão, especialista em educação infantil do Mackenzie. "Em vez de trazer o mundo para o prédio, é preciso que elas saiam para o mundo." Também vale garantir momentos com a família e tempo livre para brincadeiras sem regras definidas. "A autonomia permite que as crianças tenham liberdade, ousem, descubram e criem", avalia Barbato. * SERVIÇO TEAM TRAINING Oferece pacotes de recreação e atividade física para o ano inteiro e só para as férias, para crianças e adultos. Valores entre R$ 10 mil (cinco profissionais, dia todo) e R$ 25 mil; veja o site TIO MELANCIA Oferece atividades para crianças a partir de três anos com enfoque pedagógico. Todos os monitores têm capacitação em primeiros socorros. Pacotes entre R$ 800 (um monitor por quatro dias) e R$ 23 mil; veja o site MAGIC STAR Equipe formada por pedagogos e profissionais de educação física. Promove atividades para crianças e adolescentes, como gincanas, campeonatos de futebol e contação de histórias. Pacotes semanais a partir de R$ 2.500; veja o site BRINCAR DE QUÊ Equipe tem atores, músicos, professores de dança e de educação física. Organiza atividades para crianças com quatro anos ou mais. Valores a partir de R$ 450 por dia, com quatro horas de recreação; veja a página RECREAR Oferece cardápio com mais de 300 atividades para crianças e adolescentes, divididos por faixa etária. A partir de R$ 2.250 por semana, com quatro horas de atividades por dia; veja a página FOXX ASSESSORIA Faz recreações com temas que variam de circo a consciência ecológica. Oferece atividades como confecções de objetos circenses, culinária infantil e mini-horta. A partir de R$ 6.000 (quatro semanas, com quatro horas diárias de recreação); veja o site
sobretudo
Condomínios investem em serviços de recreação para crianças nas férias JÚLIA ZAREMBA DE SÃO PAULO Numa época em que diversas famílias devem deixar de viajar no período de férias escolares, contar com a área de lazer do condomínio é a alternativa de muitos pais. Para incrementar o espaço, alguns prédios recorrem à contratação de empresas de recreação, que organizam o entretenimento dos pequenos moradores com atividades ao longo de todo o dia. A fisioterapeuta Fernanda Lisboa, 36, mãe de dois meninos, de 7 e 10 anos, mora em um condomínio em Moema (zona sul de São Paulo) que conta com uma equipe de recreação no ano inteiro. "É um estímulo para eles saírem de casa e participarem de brincadeiras com as quais não estão acostumados", diz. No local, a programação inclui desde atividades com bicicletas e skates até jogos de caça ao tesouro. Renato Tichauer, presidente da Associação dos Síndicos de Condomínios de São Paulo, explica que, antes de contratar uma empresa do tipo, os moradores devem realizar uma assembleia para definir o tipo de serviço que desejam e a forma de rateio dos custos. No prédio de Fernanda, o valor mensal de R$ 14.720 é dividido igualmente por todos os moradores (incluindo os que não têm filhos). O serviço custa a partir de R$ 450, pela monitoria de um dia apenas, a valores mensais, que podem alcançar os R$ 25 mil, dependendo do número contratado de profissionais e de atividades -veja mais no quadro ao lado. Em prédios sem playground ou quadra, por exemplo, os monitores improvisam no salão de festas brincadeiras e oficinas temáticas. Algumas empresas têm na equipe de recreadores profissionais formados em pedagogia e educação física. Também é possível incluir na programação atividades para adultos, como acompanhamento na academia e, se o prédio não tiver a estrutura, aulas de dança e de pilates. MANUTENÇÃO Rosely Schwartz, professora de administração de condomínios da Escola Paulista de Direito, lembra que cabe ao síndico a tarefa de garantir a manutenção das áreas comuns para evitar acidentes. "Isso inclui revisar os brinquedos do parquinho, verificar se o ralo da piscina está em ordem e colocar placas indicando lugares em que crianças não podem ficar sozinhas", explica. O administrador Gustavo Hohendorff, 41, morador do mesmo prédio de Moema e pai de três filhos (com 1, 11 e 17 anos) acredita que, em ano de crise, a recreação é uma ótima pedida. "Nessas férias, não vamos conseguir viajar, então é uma forma de mantê-los entretidos." Ele diz também que aproveita a facilidade proporcionada pelo serviço para ficar mais perto dos filhos, especialmente nos períodos em que eles não estão na escola. "Sou bastante participativo, costumo descer para jogar futebol com o meu menino de 11 anos, até para avaliar como ele se comporta diante das situações", conta. MONITORIA AJUDA, MAS CRIANÇA DEVE SAIR DO PRÉDIO, DIZEM PEDAGOGOS Especialistas em pedagogia dizem que a recreação em condomínios é positiva porque envolve um adulto mediando as atividades, de forma a controlar conflitos entre as crianças e aumentar o repertório de brincadeiras. Outro ponto a favor é afastar a molecada de tablets, videogames e smartphones. "É importante que eles façam atividades que envolvam o movimento corporal e estimulem as relações humanas", diz Maria Angela Barbato, especialista em educação infantil da PUC-SP. Mas profissionais ouvidos pela Folha ressaltam que, durante as férias passadas na cidade, os pais devem estimular os filhos ir além dos muros do condomínio para fazer atividades culturais e descobrir espaços públicos. "As crianças têm ficado cada vez mais confinadas, o que faz com que tenham uma formação mais pobre. É importante que aproveitem as férias para ampliar seu repertório cultural", diz Célia Serrão, especialista em educação infantil do Mackenzie. "Em vez de trazer o mundo para o prédio, é preciso que elas saiam para o mundo." Também vale garantir momentos com a família e tempo livre para brincadeiras sem regras definidas. "A autonomia permite que as crianças tenham liberdade, ousem, descubram e criem", avalia Barbato. * SERVIÇO TEAM TRAINING Oferece pacotes de recreação e atividade física para o ano inteiro e só para as férias, para crianças e adultos. Valores entre R$ 10 mil (cinco profissionais, dia todo) e R$ 25 mil; veja o site TIO MELANCIA Oferece atividades para crianças a partir de três anos com enfoque pedagógico. Todos os monitores têm capacitação em primeiros socorros. Pacotes entre R$ 800 (um monitor por quatro dias) e R$ 23 mil; veja o site MAGIC STAR Equipe formada por pedagogos e profissionais de educação física. Promove atividades para crianças e adolescentes, como gincanas, campeonatos de futebol e contação de histórias. Pacotes semanais a partir de R$ 2.500; veja o site BRINCAR DE QUÊ Equipe tem atores, músicos, professores de dança e de educação física. Organiza atividades para crianças com quatro anos ou mais. Valores a partir de R$ 450 por dia, com quatro horas de recreação; veja a página RECREAR Oferece cardápio com mais de 300 atividades para crianças e adolescentes, divididos por faixa etária. A partir de R$ 2.250 por semana, com quatro horas de atividades por dia; veja a página FOXX ASSESSORIA Faz recreações com temas que variam de circo a consciência ecológica. Oferece atividades como confecções de objetos circenses, culinária infantil e mini-horta. A partir de R$ 6.000 (quatro semanas, com quatro horas diárias de recreação); veja o site
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Metrô é escolhido como melhor transporte por 64% dos paulistanos
RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO De sua sala no décimo andar de um prédio na rua Boa Vista, no centro, Clodoaldo Pelissioni vê as câmeras de todas as estações do metrô. São 15h30 e elas antecipam uma migração: em poucas horas, mais de 2 milhões de pessoas viajariam nos trens. Elas pegarão composições lotadas, mas chegarão rápido, espera Pelissioni, há um mês o presidente do Metrô e secretário dos Transportes Metropolitanos desde o início do ano. Nos próximos anos, ele terá a missão de comandar a maior expansão já realizada pelo metrô paulistano. "Vamos mais que dobrar a rede atual, de 78 km, projeta. "O objetivo é atrair mais usuários e tirar carros das ruas." Se concretizada, a expansão ampliará acesso ao serviço de transporte mais bem avaliado da cidade. Segundo o Datafolha, 64% dos paulistanos escolhem o metrô, à frente de ônibus (7%), táxi (3%) e trens da CPTM (1%). "No metrô, a pessoa sabe que vai chegar ao destino no horário", avalia Pelissioni. "Os trens são cheios, mas é uma viagem curta, de 15 minutos." Infográfico/Arte Folha As obras para a construção das linhas 6-laranja, 15-prata e 17-ouro e para o prolongamento da linha 5-lilás estão em andamento. A extensão da linha 2-verde possui contrato assinado e o monotrilho 18-bronze está na fase de elaboração de projeto. Todas precisam vencer um obstáculo frequente: atrasos. A linha 4-amarela, por exemplo, teve contrato assinado em 2003 e ainda não foi concluída -e não há data para isso. A aposta para acelerar as coisas são parcerias com consórcios de construtoras. Há planos de instalar ar-condicionado em toda a frota até 2018 e, nos últimos anos, o piso preto das plataformas foi trocado por placas cinzas. "As novas linhas são luxuosas, mas muito caras. Há opções que custam menos, como corredores de ônibus BRT", pondera Carlos Guimarães, especialista em transportes da Unicamp. Nesta semana, o metrô terá um desafio mais urgente: os funcionários farão assembleia na segunda (1) para decidir se entram em greve na terça (2). Serviço: Empresa operadora do serviço de metrô em São Paulo Criação: Criada em 1968, inaugurou o serviço em 1974, com a linha 1-azul Contato: www.metro.sp.gov.br e 0800-7707722 Mapa/Folha
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Metrô é escolhido como melhor transporte por 64% dos paulistanosRAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO De sua sala no décimo andar de um prédio na rua Boa Vista, no centro, Clodoaldo Pelissioni vê as câmeras de todas as estações do metrô. São 15h30 e elas antecipam uma migração: em poucas horas, mais de 2 milhões de pessoas viajariam nos trens. Elas pegarão composições lotadas, mas chegarão rápido, espera Pelissioni, há um mês o presidente do Metrô e secretário dos Transportes Metropolitanos desde o início do ano. Nos próximos anos, ele terá a missão de comandar a maior expansão já realizada pelo metrô paulistano. "Vamos mais que dobrar a rede atual, de 78 km, projeta. "O objetivo é atrair mais usuários e tirar carros das ruas." Se concretizada, a expansão ampliará acesso ao serviço de transporte mais bem avaliado da cidade. Segundo o Datafolha, 64% dos paulistanos escolhem o metrô, à frente de ônibus (7%), táxi (3%) e trens da CPTM (1%). "No metrô, a pessoa sabe que vai chegar ao destino no horário", avalia Pelissioni. "Os trens são cheios, mas é uma viagem curta, de 15 minutos." Infográfico/Arte Folha As obras para a construção das linhas 6-laranja, 15-prata e 17-ouro e para o prolongamento da linha 5-lilás estão em andamento. A extensão da linha 2-verde possui contrato assinado e o monotrilho 18-bronze está na fase de elaboração de projeto. Todas precisam vencer um obstáculo frequente: atrasos. A linha 4-amarela, por exemplo, teve contrato assinado em 2003 e ainda não foi concluída -e não há data para isso. A aposta para acelerar as coisas são parcerias com consórcios de construtoras. Há planos de instalar ar-condicionado em toda a frota até 2018 e, nos últimos anos, o piso preto das plataformas foi trocado por placas cinzas. "As novas linhas são luxuosas, mas muito caras. Há opções que custam menos, como corredores de ônibus BRT", pondera Carlos Guimarães, especialista em transportes da Unicamp. Nesta semana, o metrô terá um desafio mais urgente: os funcionários farão assembleia na segunda (1) para decidir se entram em greve na terça (2). Serviço: Empresa operadora do serviço de metrô em São Paulo Criação: Criada em 1968, inaugurou o serviço em 1974, com a linha 1-azul Contato: www.metro.sp.gov.br e 0800-7707722 Mapa/Folha
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Vídeo explica a votação da denúncia contra Temer e seus resultados
A Câmara dos Deputados realiza nesta quarta-feira (2) a votação que define o rumo da denúncia pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. O peemedebista foi denunciado por corrupção passiva na esteira das delações premiadas de executivos da JBS. Mas, antes que o STF (Supremo Tribunal Federal) possa analisar o caso –Temer tem foro privilegiado–, a Câmara precisa autorizar o andamento do processo. Mas como funciona a votação? Quais são as estratégias do governo e da oposição? E o que pode acontecer a partir de agora com o presidente? Neste vídeo da série "Sua Política", produzida pela TV Folha, a repórter da sucursal de Brasília da Folha Angela Boldrini resume os cenários do caso.
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Vídeo explica a votação da denúncia contra Temer e seus resultadosA Câmara dos Deputados realiza nesta quarta-feira (2) a votação que define o rumo da denúncia pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. O peemedebista foi denunciado por corrupção passiva na esteira das delações premiadas de executivos da JBS. Mas, antes que o STF (Supremo Tribunal Federal) possa analisar o caso –Temer tem foro privilegiado–, a Câmara precisa autorizar o andamento do processo. Mas como funciona a votação? Quais são as estratégias do governo e da oposição? E o que pode acontecer a partir de agora com o presidente? Neste vídeo da série "Sua Política", produzida pela TV Folha, a repórter da sucursal de Brasília da Folha Angela Boldrini resume os cenários do caso.
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Conheça o Lasai, novidade brasileira no ranking dos melhores restaurantes
Rafael Costa e Silva, 36, gosta muito de ovo, ovo com a gema mole. Ele é quem comanda a cozinha do restaurante Lasai, no Rio de Janeiro –a novidade brasileira na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, divulgada nesta quarta-feira (23). No ranking organizado pela revista britânica "Restaurant", ele entrou, de cara, no 160 lugar, melhor resultado para os novatos neste ano. Um dos pratos mais emblemáticos do restaurante de Rafa é justamente um ovo frito, mas com "falsa clara". Para prepará-lo, o chef cozinha uma gema por 45 minutos, a 63o C, e a serve com purê de inhame e leite de coco, passado por sifão (a tal falsa clara), uma fatia de carne-seca crocante, congelada e desidratada por 24 horas, e pão da casa, feito com três grãos e fermentado naturalmente. "Na minha cozinha não sei dizer quanto é técnica e quanto é produto. Acho que fazemos uma fusão das duas coisas", diz o chef. "Hoje meu processo criativo é: ir às feiras, colher nas hortas, ligar para o pescador, ver o que mais há disponível e, junto com meus subchefs, decidir o menu do dia ou da semana. É assim vamos... Provando diariamente e catalogando coisas boas e ruins." O carioca começou a cozinhar há 14 anos, no Rio. Em 2003, foi para Nova York estudar gastronomia no The Culinary Institute of America. Em 2007, teve a experiência profissional que considera mais importante da sua formação: trabalhou no estrelado Mugaritz, do chef Andoni Luis Aduriz, no País Basco. "Trabalhei por cinco anos lado a lado com Andoni, respeito e admiro muito seu trabalho –para mim é o melhor restaurante do mundo. Mas o Mugaritz tem uma estrutura e possibilidades que eu, hoje em dia, não tenho, como uma cozinha de investigação e mais de 50 pessoas trabalhando no restaurante, por exemplo. Eu, hoje, foco em produto, horta, sabor e serviço", diz. No início de 2014, ele abriu o restaurante em uma casa de grandes janelas e parede de tijolo aparente, em Botafogo. Lá, serve duas opções de menu-degustação: Não Me Conte Histórias, com opções escolhidas pelo comensal (R$ 185) e Festival, de controle da cozinha (R$ 254). Os produtos para os pratos são sempre do entorno: vêm de suas hortas ou de feiras orgânicas. O Lasai cultiva ingredientes em dois locais: uma horta próxima ao restaurante, de 700 m2, e outra, na região serrana, de 10 mil m2 –esta tem até galinhas. Quando o chef não trabalha com algo de produção própria, compra em feiras orgânicas e de fornecedores conhecidos. O próximo passo, na cozinha, é pensar as receitas a partir dos produtos disponíveis. "Produzir nossos ingredientes é tão importante quando cozinhar. Nos dá energia, renova todos os dias nossa visão quanto às coisas e nos faz conhecer a nossa terra." Apesar da relação próxima e do cuidado com os ingredientes, Rafa Costa e Silva teve problemas, em abril de 2015, com o Procon do Rio. Fiscais do órgão de defesa do consumidor disseram ter encontrado produtos sem especificação de data, como queijo, um bolo de fubá e um presunto cru, além de refrigerantes e cervejas vencidos. O restaurante recebeu uma advertência e, na ocasião, o chef afirmou à Folha que passaria a etiquetar até "as fatias de bolo que tiramos do forno". O chef reclamou da legislação brasileira, que dificulta o uso de produtos artesanais. "No Brasil existe uma série de restrições que em Portugal e na Espanha não há, como o queijo de leite cru de ovelha. Sou a favor da fiscalização, o que sou contra é a lei atual", disse, naquela época. Isso não impediu o jovem restaurante de se tornar rapidamente um dos mais importantes do Rio. Na primeira edição do guia "Michelin" Rio de Janeiro e São Paulo, publicada quando o Lasai tinha pouco mais de um ano funcionamento, a casa foi coroada com uma estrela –ao lado dos já estabelecidos Roberta Sudbrack, Olympe, Oro, Mee e Le Pré Catelan. "A importância do prêmio, em geral, é dar força para você continuar fazendo o que quer. Leva mais gente para o restaurante e mostra que você está no caminho certo", diz Rafa. LASAI Onde r. Conde De Irajá, 191, Botafogo; tel. (21) 3449-1834
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Conheça o Lasai, novidade brasileira no ranking dos melhores restaurantesRafael Costa e Silva, 36, gosta muito de ovo, ovo com a gema mole. Ele é quem comanda a cozinha do restaurante Lasai, no Rio de Janeiro –a novidade brasileira na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, divulgada nesta quarta-feira (23). No ranking organizado pela revista britânica "Restaurant", ele entrou, de cara, no 160 lugar, melhor resultado para os novatos neste ano. Um dos pratos mais emblemáticos do restaurante de Rafa é justamente um ovo frito, mas com "falsa clara". Para prepará-lo, o chef cozinha uma gema por 45 minutos, a 63o C, e a serve com purê de inhame e leite de coco, passado por sifão (a tal falsa clara), uma fatia de carne-seca crocante, congelada e desidratada por 24 horas, e pão da casa, feito com três grãos e fermentado naturalmente. "Na minha cozinha não sei dizer quanto é técnica e quanto é produto. Acho que fazemos uma fusão das duas coisas", diz o chef. "Hoje meu processo criativo é: ir às feiras, colher nas hortas, ligar para o pescador, ver o que mais há disponível e, junto com meus subchefs, decidir o menu do dia ou da semana. É assim vamos... Provando diariamente e catalogando coisas boas e ruins." O carioca começou a cozinhar há 14 anos, no Rio. Em 2003, foi para Nova York estudar gastronomia no The Culinary Institute of America. Em 2007, teve a experiência profissional que considera mais importante da sua formação: trabalhou no estrelado Mugaritz, do chef Andoni Luis Aduriz, no País Basco. "Trabalhei por cinco anos lado a lado com Andoni, respeito e admiro muito seu trabalho –para mim é o melhor restaurante do mundo. Mas o Mugaritz tem uma estrutura e possibilidades que eu, hoje em dia, não tenho, como uma cozinha de investigação e mais de 50 pessoas trabalhando no restaurante, por exemplo. Eu, hoje, foco em produto, horta, sabor e serviço", diz. No início de 2014, ele abriu o restaurante em uma casa de grandes janelas e parede de tijolo aparente, em Botafogo. Lá, serve duas opções de menu-degustação: Não Me Conte Histórias, com opções escolhidas pelo comensal (R$ 185) e Festival, de controle da cozinha (R$ 254). Os produtos para os pratos são sempre do entorno: vêm de suas hortas ou de feiras orgânicas. O Lasai cultiva ingredientes em dois locais: uma horta próxima ao restaurante, de 700 m2, e outra, na região serrana, de 10 mil m2 –esta tem até galinhas. Quando o chef não trabalha com algo de produção própria, compra em feiras orgânicas e de fornecedores conhecidos. O próximo passo, na cozinha, é pensar as receitas a partir dos produtos disponíveis. "Produzir nossos ingredientes é tão importante quando cozinhar. Nos dá energia, renova todos os dias nossa visão quanto às coisas e nos faz conhecer a nossa terra." Apesar da relação próxima e do cuidado com os ingredientes, Rafa Costa e Silva teve problemas, em abril de 2015, com o Procon do Rio. Fiscais do órgão de defesa do consumidor disseram ter encontrado produtos sem especificação de data, como queijo, um bolo de fubá e um presunto cru, além de refrigerantes e cervejas vencidos. O restaurante recebeu uma advertência e, na ocasião, o chef afirmou à Folha que passaria a etiquetar até "as fatias de bolo que tiramos do forno". O chef reclamou da legislação brasileira, que dificulta o uso de produtos artesanais. "No Brasil existe uma série de restrições que em Portugal e na Espanha não há, como o queijo de leite cru de ovelha. Sou a favor da fiscalização, o que sou contra é a lei atual", disse, naquela época. Isso não impediu o jovem restaurante de se tornar rapidamente um dos mais importantes do Rio. Na primeira edição do guia "Michelin" Rio de Janeiro e São Paulo, publicada quando o Lasai tinha pouco mais de um ano funcionamento, a casa foi coroada com uma estrela –ao lado dos já estabelecidos Roberta Sudbrack, Olympe, Oro, Mee e Le Pré Catelan. "A importância do prêmio, em geral, é dar força para você continuar fazendo o que quer. Leva mais gente para o restaurante e mostra que você está no caminho certo", diz Rafa. LASAI Onde r. Conde De Irajá, 191, Botafogo; tel. (21) 3449-1834
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Sábado tem fãs de Harry Potter, festas juninas e Wilson das Neves
DE SÃO PAULO São Paulo, 11 de junho de 2016. Sábado. Bom dia para você que hoje vai finalmente comer fondue! Veja o que você precisa saber para tocar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Show | Comemorando seus 80 anos, o carioca Wilson das Neves faz show no Sesc Vila Mariana a partir das 21h. Ingressos custam R$ 50. Também haverá apresentação no domingo, com participação do rapper Emicida. Sorria | Tem início a feira SP Photo Week, que reúne cerca de 50 artistas e galerias no espaço Tangram, na Vila Madalena. Os trabalhos ali vendidos, impressos em "fine art", devem custar entre R$ 500 e R$ 5.000. Fazendo arte | Como parte das pesquisas preparatórias da 32º Bienal de São Paulo, a organização da mostra realiza, às 10h e às 15h no prédio da instituição, duas mesas de debates e intervenções artísticas que ajudam a guiar processos de arte e curadoria que desenvolverão a exposição, que tem início em 10 de setembro. A entrada é gratuita e conta com a participação de nomes como o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e o ativista social e colunista da Folha Guilherme Boulos. Saiba mais aqui. O Acre existe | "O Arraiá Acreano em São Paulo" propõe apresentar a culinária daquele estado brasileiro por meio de menu que inclui tacacá, tucupi, jambu e muitos outros ingredientes. A partir das 13h na House of Food, em Pinheiros. Veja lista com outras sugestões de festa junina para curtir na cidade. Fantasia | Fãs das histórias de "Harry Potter" e do seriado "Downtown Abbey" se reunirão em encontros dedicados a cada um desses universos. Adoradores do bruxo criado pela escritora J. K. Rowling devem se encontrar na Fnac da av. Paulista às 15h. Já os telespectadores que acompanham o desenrolar da vida da família Crawley marcaram um bate-papo na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, às 18h. Cosmopolita | Promovida pelo Museu da Imigração, a Festa do imigrante chega à sua 21ª edição com programação que reúne atividades culturais, oficinas e gastronomia de nacionalidades que formam a cidade de São Paulo. A atração tem início às 10h e tem entrada custando R$ 6. * PARA TER ASSUNTO Vendaval | Apesar de manter recursos milionários no exterior, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou à Receita Federal que perdeu patrimônio nos últimos cinco anos. De acordo com informações de seu imposto de renda, Cunha informou possuir R$ 1,704 milhão em 2010 e R$ 1,537 milhão em 2014. Monitorado | O agente federal Newton Ishii, preso nesta semana após ser condenado por facilitação de contrabando, instalou uma tornozeleira eletrônica nesta sexta-feira (10) e cumprirá o resto da pena no regime semiaberto. Mogi-Bertioga | A Polícia Civil investiga as razões pelas quais um ônibus com estudantes se acidentou no km 84 da rodovia Mogi-Bertioga na noite de quarta-feira (8). Veja o que se sabe sobre o caso até então. * A POLÍTICA DO DIA A DIA Debates | O evento "Diálogos sobre o feminino", realizado no Centro Cultural Banco do Brasil, promove a terceira mesa de discussão entre artistas brasileiras e pensadoras de diferentes áreas. Os diálogos abordam questões de gênero na arte contemporânea. O encontro, cuja entrada é franca, tem início às 18h30. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A temperatura máxima prevista é de 15ºC. A mínima, de 4ºC. O céu deve ficar claro ao longo do dia. Já há paulistanos estocando lenha para o frio que vem no fim de semana. Na zona sul | O São Paulo Futebol Clube enfrenta o Atlético Paranaense, às 21h no estádio do Morumbi, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro. O trânsito pode ficar complicado na região. Na zona oeste | A av. Nossa Senhora de Assunção, no Butantã, será interditada das 9h às 15h para a realização da festa junina do Colégio Vital Brasil. Estima-se a presença de 2.000 pessoas no evento. *
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Sábado tem fãs de Harry Potter, festas juninas e Wilson das NevesDE SÃO PAULO São Paulo, 11 de junho de 2016. Sábado. Bom dia para você que hoje vai finalmente comer fondue! Veja o que você precisa saber para tocar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Show | Comemorando seus 80 anos, o carioca Wilson das Neves faz show no Sesc Vila Mariana a partir das 21h. Ingressos custam R$ 50. Também haverá apresentação no domingo, com participação do rapper Emicida. Sorria | Tem início a feira SP Photo Week, que reúne cerca de 50 artistas e galerias no espaço Tangram, na Vila Madalena. Os trabalhos ali vendidos, impressos em "fine art", devem custar entre R$ 500 e R$ 5.000. Fazendo arte | Como parte das pesquisas preparatórias da 32º Bienal de São Paulo, a organização da mostra realiza, às 10h e às 15h no prédio da instituição, duas mesas de debates e intervenções artísticas que ajudam a guiar processos de arte e curadoria que desenvolverão a exposição, que tem início em 10 de setembro. A entrada é gratuita e conta com a participação de nomes como o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e o ativista social e colunista da Folha Guilherme Boulos. Saiba mais aqui. O Acre existe | "O Arraiá Acreano em São Paulo" propõe apresentar a culinária daquele estado brasileiro por meio de menu que inclui tacacá, tucupi, jambu e muitos outros ingredientes. A partir das 13h na House of Food, em Pinheiros. Veja lista com outras sugestões de festa junina para curtir na cidade. Fantasia | Fãs das histórias de "Harry Potter" e do seriado "Downtown Abbey" se reunirão em encontros dedicados a cada um desses universos. Adoradores do bruxo criado pela escritora J. K. Rowling devem se encontrar na Fnac da av. Paulista às 15h. Já os telespectadores que acompanham o desenrolar da vida da família Crawley marcaram um bate-papo na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, às 18h. Cosmopolita | Promovida pelo Museu da Imigração, a Festa do imigrante chega à sua 21ª edição com programação que reúne atividades culturais, oficinas e gastronomia de nacionalidades que formam a cidade de São Paulo. A atração tem início às 10h e tem entrada custando R$ 6. * PARA TER ASSUNTO Vendaval | Apesar de manter recursos milionários no exterior, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou à Receita Federal que perdeu patrimônio nos últimos cinco anos. De acordo com informações de seu imposto de renda, Cunha informou possuir R$ 1,704 milhão em 2010 e R$ 1,537 milhão em 2014. Monitorado | O agente federal Newton Ishii, preso nesta semana após ser condenado por facilitação de contrabando, instalou uma tornozeleira eletrônica nesta sexta-feira (10) e cumprirá o resto da pena no regime semiaberto. Mogi-Bertioga | A Polícia Civil investiga as razões pelas quais um ônibus com estudantes se acidentou no km 84 da rodovia Mogi-Bertioga na noite de quarta-feira (8). Veja o que se sabe sobre o caso até então. * A POLÍTICA DO DIA A DIA Debates | O evento "Diálogos sobre o feminino", realizado no Centro Cultural Banco do Brasil, promove a terceira mesa de discussão entre artistas brasileiras e pensadoras de diferentes áreas. Os diálogos abordam questões de gênero na arte contemporânea. O encontro, cuja entrada é franca, tem início às 18h30. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A temperatura máxima prevista é de 15ºC. A mínima, de 4ºC. O céu deve ficar claro ao longo do dia. Já há paulistanos estocando lenha para o frio que vem no fim de semana. Na zona sul | O São Paulo Futebol Clube enfrenta o Atlético Paranaense, às 21h no estádio do Morumbi, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro. O trânsito pode ficar complicado na região. Na zona oeste | A av. Nossa Senhora de Assunção, no Butantã, será interditada das 9h às 15h para a realização da festa junina do Colégio Vital Brasil. Estima-se a presença de 2.000 pessoas no evento. *
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Proprietários de imóveis devem ser responsáveis por reforma de calçadas? Não
MARA GABRILLI: UM DEVER DA PREFEITURA Depois de aumentar o IPTU, o prefeito Fernando Haddad agora quer jogar a conta da calçada para o munícipe da cidade de São Paulo. Na sexta-feira (15), o prefeito anunciou a construção de mais de 1 milhão de m² de calçadas, cerca de 2% do passeio total da capital. De acordo com a medida, os proprietários dos imóveis pertencentes às áreas selecionadas pelas subprefeituras serão notificados e multados caso sua calçada esteja irregular. O morador terá até 60 dias para efetuar o reparo caso não queira arcar com uma multa de R$ 300 por metro linear de calçada. Haddad, além de repassar a conta para o paulistano, está deixando de cumprir a legislação municipal. Em 2008, enquanto eu fui vereadora de São Paulo, aprovamos a lei n° 14.675, que criou o Plano Emergencial de Calçadas (PEC). A lei obriga a Prefeitura de São Paulo a reformar calçadas em rotas estratégicas, locais de grande circulação de pedestres, serviços públicos e privados, em sinergia com paradas ou estações para embarque e desembarque em ônibus e metrô. Tais rotas foram projetadas por meio de um software que mapeia locais como hospitais, escolas, bancos, órgãos públicos etc. Durante seu desenvolvimento chegamos a uma importante constatação: se reparamos 10% dos acessos nesses pontos estratégicos, 80% da mobilidade urbana dos pedestres será melhorada. O resultado dessa simples conta é menos trânsito, filas, quedas em calçadas e dinheiro saindo do bolso do contribuinte. Como já foi abordado em reportagens por esta Folha, o Executivo municipal vem investindo muito pouco em calçadas. De acordo com dados da Execução Orçamentária, só para 2014, a prefeitura tinha previsto para a reforma de passeio púbico quase R$ 52 milhões. Usou cerca de R$ 300 mil. O restante da verba, que já era destinada a um fim, simplesmente não é aproveitado em nada. O uso incompetente do Orçamento só reforça o descompromisso da prefeitura com os recursos públicos. Lembrando que a meta inicial da gestão Haddad era recuperar ou construir um total de 850 mil m² de calçadas. No começo de 2015, após metade do mandato, só 12% havia sido cumprido. No final do ano passado, fui pessoalmente falar com o prefeito Haddad sobre o assunto e ofereci a verba parlamentar dos 70 deputados federais do Estado de São Paulo para alocarem suas emendas na construção e reformas de calçadas da capital paulista. O prefeito, no entanto, alegou que não teria tempo hábil para a articulação. Construir e reformar calçadas deve ser uma responsabilidade liderada pelo poder público. Já está mais que atestada a ineficácia da legislação que incumbe ao munícipe a reforma. Essa lei nunca funcionou no Brasil e não é novidade para nenhum gestor de bom senso. Não por acaso, no início do mês o projeto de lei nº 79/13, do vereador Andrea Matarazzo (PSDB-SP), foi aprovado em primeira votação da Câmara Municipal. A proposta transfere à prefeitura a responsabilidade pelas calçadas da cidade, o mesmo que ocorre em metrópoles como Londres e Tóquio, por exemplo, onde o passeio público é 100% acessível aos pedestres. Na esfera federal, temos a Lei Brasileira da Inclusão, projeto que relatei na Câmara e agora tramita no Senado. No texto, alteramos o Estatuto das Cidades e passamos a responsabilidade da reforma das calçadas de todos os municípios brasileiros para o poder público. A legislação brasileira de calçadas precisa ser revista para atender aos anseios da população. A cidade de São Paulo, no entanto, seguia um passo à frente quando aprovou o Plano Emergencial de Calçadas. A gestão atual só retrocede direitos quando delega ao cidadão a responsabilidade de reformar o passeio. MARA GABRILLI, 47, é deputada federal pelo PSDB-SP. Foi secretaria municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo (gestões Serra e Kassab) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Proprietários de imóveis devem ser responsáveis por reforma de calçadas? NãoMARA GABRILLI: UM DEVER DA PREFEITURA Depois de aumentar o IPTU, o prefeito Fernando Haddad agora quer jogar a conta da calçada para o munícipe da cidade de São Paulo. Na sexta-feira (15), o prefeito anunciou a construção de mais de 1 milhão de m² de calçadas, cerca de 2% do passeio total da capital. De acordo com a medida, os proprietários dos imóveis pertencentes às áreas selecionadas pelas subprefeituras serão notificados e multados caso sua calçada esteja irregular. O morador terá até 60 dias para efetuar o reparo caso não queira arcar com uma multa de R$ 300 por metro linear de calçada. Haddad, além de repassar a conta para o paulistano, está deixando de cumprir a legislação municipal. Em 2008, enquanto eu fui vereadora de São Paulo, aprovamos a lei n° 14.675, que criou o Plano Emergencial de Calçadas (PEC). A lei obriga a Prefeitura de São Paulo a reformar calçadas em rotas estratégicas, locais de grande circulação de pedestres, serviços públicos e privados, em sinergia com paradas ou estações para embarque e desembarque em ônibus e metrô. Tais rotas foram projetadas por meio de um software que mapeia locais como hospitais, escolas, bancos, órgãos públicos etc. Durante seu desenvolvimento chegamos a uma importante constatação: se reparamos 10% dos acessos nesses pontos estratégicos, 80% da mobilidade urbana dos pedestres será melhorada. O resultado dessa simples conta é menos trânsito, filas, quedas em calçadas e dinheiro saindo do bolso do contribuinte. Como já foi abordado em reportagens por esta Folha, o Executivo municipal vem investindo muito pouco em calçadas. De acordo com dados da Execução Orçamentária, só para 2014, a prefeitura tinha previsto para a reforma de passeio púbico quase R$ 52 milhões. Usou cerca de R$ 300 mil. O restante da verba, que já era destinada a um fim, simplesmente não é aproveitado em nada. O uso incompetente do Orçamento só reforça o descompromisso da prefeitura com os recursos públicos. Lembrando que a meta inicial da gestão Haddad era recuperar ou construir um total de 850 mil m² de calçadas. No começo de 2015, após metade do mandato, só 12% havia sido cumprido. No final do ano passado, fui pessoalmente falar com o prefeito Haddad sobre o assunto e ofereci a verba parlamentar dos 70 deputados federais do Estado de São Paulo para alocarem suas emendas na construção e reformas de calçadas da capital paulista. O prefeito, no entanto, alegou que não teria tempo hábil para a articulação. Construir e reformar calçadas deve ser uma responsabilidade liderada pelo poder público. Já está mais que atestada a ineficácia da legislação que incumbe ao munícipe a reforma. Essa lei nunca funcionou no Brasil e não é novidade para nenhum gestor de bom senso. Não por acaso, no início do mês o projeto de lei nº 79/13, do vereador Andrea Matarazzo (PSDB-SP), foi aprovado em primeira votação da Câmara Municipal. A proposta transfere à prefeitura a responsabilidade pelas calçadas da cidade, o mesmo que ocorre em metrópoles como Londres e Tóquio, por exemplo, onde o passeio público é 100% acessível aos pedestres. Na esfera federal, temos a Lei Brasileira da Inclusão, projeto que relatei na Câmara e agora tramita no Senado. No texto, alteramos o Estatuto das Cidades e passamos a responsabilidade da reforma das calçadas de todos os municípios brasileiros para o poder público. A legislação brasileira de calçadas precisa ser revista para atender aos anseios da população. A cidade de São Paulo, no entanto, seguia um passo à frente quando aprovou o Plano Emergencial de Calçadas. A gestão atual só retrocede direitos quando delega ao cidadão a responsabilidade de reformar o passeio. MARA GABRILLI, 47, é deputada federal pelo PSDB-SP. Foi secretaria municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo (gestões Serra e Kassab) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Airbnb segue tendência de tours personalizados e cria guia de passeios
Sites de aluguel por temporada, como Airbnb, AlugueTemporada e mesmo o Couchsurfing, não foram criados para excursões privativas, mas acabam servindo um pouco para isso também. Não raro, afinal, anfitriões indicam atrações próximas –ser prestativo é parte do espírito da economia compartilhada. O Airbnb reforçou essa onda lançando, neste mês, um serviço de guias com dicas do bairro no qual o viajante escolher se hospedar. Feitos pelos próprios anfitriões, os guias devem incluir restaurantes e bares, atrações e as melhores atividades da região, listadas a cada quarteirão. A nova função faz parte de uma atualização do aplicativo do Airbnb para smartphones, que passará também a personalizar a sugestão de locais para o turista dormir na viagem. Ao procurar por ofertas, o viajante verá resultados ligados às suas preferências –no lançamento, em 691 bairros de 23 cidades. Em uma viagem a Londres com a família, por exemplo, serão sugeridas casas em Kensington, bairro mais residencial; para um grupo de jovens, a prioridade será do Soho, repleto de bares e festas.
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Airbnb segue tendência de tours personalizados e cria guia de passeiosSites de aluguel por temporada, como Airbnb, AlugueTemporada e mesmo o Couchsurfing, não foram criados para excursões privativas, mas acabam servindo um pouco para isso também. Não raro, afinal, anfitriões indicam atrações próximas –ser prestativo é parte do espírito da economia compartilhada. O Airbnb reforçou essa onda lançando, neste mês, um serviço de guias com dicas do bairro no qual o viajante escolher se hospedar. Feitos pelos próprios anfitriões, os guias devem incluir restaurantes e bares, atrações e as melhores atividades da região, listadas a cada quarteirão. A nova função faz parte de uma atualização do aplicativo do Airbnb para smartphones, que passará também a personalizar a sugestão de locais para o turista dormir na viagem. Ao procurar por ofertas, o viajante verá resultados ligados às suas preferências –no lançamento, em 691 bairros de 23 cidades. Em uma viagem a Londres com a família, por exemplo, serão sugeridas casas em Kensington, bairro mais residencial; para um grupo de jovens, a prioridade será do Soho, repleto de bares e festas.
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Detentos treinam cães para salvar vidas nos EUA
A pequena Opelika estava prestes a conhecer prefeito. Ela esperou. Remexeu-se. E então latiu. Depois, foi levada para a cadeia. Opelika é parte do Programa Científico do Desempenho Canino, da Universidade Auburn, que cria e treina cães para que eles usem seu poderoso olfato a fim de proteger pessoas. Após um ano de preparação, Opelika provavelmente será entregue a algum órgão público ou empresa privada de segurança para farejar bombas, narcóticos ou outras ameaças. Os cães, principalmente os labradores –raça escolhida por sua sociabilidade e resistência física–, saem das prisões "mentalmente mais maduros", disse Jeanne Brock, instrutora na Auburn. Durante muitos anos, os cães de Auburn foram treinados para encontrar bombas caseiras. Esse foco mudou há cerca de oito anos, quando os cientistas receberam um novo desafio: como detectar uma bomba ambulante, levada por um possível homem-bomba. Qual seria a forma mais eficaz de cães patrulharem áreas movimentadas? Diante dessa pergunta, Paul Waggoner e seus colegas encontraram a resposta na obra de Gary Settles, da Universidade Estadual da Pensilvânia, autor de uma pesquisa que demonstrou a existência de uma "nuvem" térmica que emana do organismo humano, contendo partículas gasosas. A maioria dessas partículas, incluindo os vestígios de suor e perfume, é benigna, mas a nuvem também pode revelar o contato com materiais perigosos, como os que são usados em bombas. Assim, em vez de inspecionarem cada indivíduo, os cães podem rastrear a "turbulência aerodinâmica humana" que acompanha as pessoas, alertando o seu cuidador. Waggoner já começou a fazer experimentos com alvos ainda mais discretos, como agentes patogênicos. Ninguém sabe exatamente por que os cães têm faro tão afiado. Porém, Waggoner e outros dizem que o olfato pode ser "o sentido mais 'preservado' –e provavelmente o mais antigo". Os olhos e ouvidos dos cães permanecem fechados durante cerca de duas semanas após o nascimento, segundo Waggoner, mas "os filhotes já saem farejando, que é como eles interagem e se deslocam pelo mundo". De acordo com a maioria das estimativas, os cães têm 40 vezes mais receptores olfativos que as pessoas. O mais surpreendente, contudo, talvez não seja o fato de os cães serem capazes de detectar odores com concentração da ordem de partes por trilhão, e sim que possam diferenciar tantos aromas. Os adestradores de Auburn sabem que os cães precisam ser continuamente recompensados quando alertam sobre a detecção de um odor procurado. Mas, até recentemente, os cientistas podiam apenas especular sobre a atividade cerebral canina que levava a esse impulso tão intenso. Esse quadro está se tornando mais claro graças a um projeto de neurociência. Nesse estudo, Gopikrishna Deshpande, Waggoner e os outros estão usando exames de ressonância magnética funcional para entender melhor o que acontece no cérebro de um cão quando o animal é apresentado a odores e a fotos e vídeos de rostos humanos. Segundo Deshpande, os dados iniciais revelaram que cães confrontados com um odor conhecido apresentavam maior atividade em duas áreas cerebrais: o hipocampo, onde as memórias são armazenadas, e o núcleo caudado, que está associado aos sentimentos. Eles também estão examinando o funcionamento da chamada rede em modo padrão. Quanto mais integrada está a rede com o resto do cérebro, maior é a probabilidade do "pensamento referencial", um fundamento necessário para estados emocionais sofisticados. É amplamente aceito que o primeiro ano de vida de um animal é vital para o processo de cunhagem. No caso dos cães de Auburn, é a época em que eles devem compreender a relação rigorosa, mas de confiança, que terão de estabelecer com seus futuros tratadores. Originalmente, a equipe de Auburn confiou os filhotes aos cuidados de famílias locais, relatou James Floyd, ex-diretor do programa. Apesar das orientações precisas aos voluntários para não mimarem os cães, "você ia visitá-los para ver como estavam e os encontrava refestelados no sofá, vendo TV e comendo batata frita".Cerca de 80% deles não atingiam os rigorosos padrões exigidos. Sabendo que animais de serviço já haviam sido adestrados com sucesso em prisões, os coordenadores do programa decidiram em 2004 levar alguns cães para a Instalação Correcional do Condado de Bay, na Flórida. O índice de reprovação caiu rapidamente. Atualmente, a Universidade Auburn trabalha com cinco penitenciárias da Flórida e Geórgia. Grady Perry, ex-diretor de uma penitenciária na Geórgia, disse que a experiência pode influenciar positivamente os presos escolhidos para acompanharem os cães. "Para eles, trata-se de uma oportunidade de serem não apenas adultos responsáveis, mas cidadãos responsáveis", afirmou.
equilibrioesaude
Detentos treinam cães para salvar vidas nos EUAA pequena Opelika estava prestes a conhecer prefeito. Ela esperou. Remexeu-se. E então latiu. Depois, foi levada para a cadeia. Opelika é parte do Programa Científico do Desempenho Canino, da Universidade Auburn, que cria e treina cães para que eles usem seu poderoso olfato a fim de proteger pessoas. Após um ano de preparação, Opelika provavelmente será entregue a algum órgão público ou empresa privada de segurança para farejar bombas, narcóticos ou outras ameaças. Os cães, principalmente os labradores –raça escolhida por sua sociabilidade e resistência física–, saem das prisões "mentalmente mais maduros", disse Jeanne Brock, instrutora na Auburn. Durante muitos anos, os cães de Auburn foram treinados para encontrar bombas caseiras. Esse foco mudou há cerca de oito anos, quando os cientistas receberam um novo desafio: como detectar uma bomba ambulante, levada por um possível homem-bomba. Qual seria a forma mais eficaz de cães patrulharem áreas movimentadas? Diante dessa pergunta, Paul Waggoner e seus colegas encontraram a resposta na obra de Gary Settles, da Universidade Estadual da Pensilvânia, autor de uma pesquisa que demonstrou a existência de uma "nuvem" térmica que emana do organismo humano, contendo partículas gasosas. A maioria dessas partículas, incluindo os vestígios de suor e perfume, é benigna, mas a nuvem também pode revelar o contato com materiais perigosos, como os que são usados em bombas. Assim, em vez de inspecionarem cada indivíduo, os cães podem rastrear a "turbulência aerodinâmica humana" que acompanha as pessoas, alertando o seu cuidador. Waggoner já começou a fazer experimentos com alvos ainda mais discretos, como agentes patogênicos. Ninguém sabe exatamente por que os cães têm faro tão afiado. Porém, Waggoner e outros dizem que o olfato pode ser "o sentido mais 'preservado' –e provavelmente o mais antigo". Os olhos e ouvidos dos cães permanecem fechados durante cerca de duas semanas após o nascimento, segundo Waggoner, mas "os filhotes já saem farejando, que é como eles interagem e se deslocam pelo mundo". De acordo com a maioria das estimativas, os cães têm 40 vezes mais receptores olfativos que as pessoas. O mais surpreendente, contudo, talvez não seja o fato de os cães serem capazes de detectar odores com concentração da ordem de partes por trilhão, e sim que possam diferenciar tantos aromas. Os adestradores de Auburn sabem que os cães precisam ser continuamente recompensados quando alertam sobre a detecção de um odor procurado. Mas, até recentemente, os cientistas podiam apenas especular sobre a atividade cerebral canina que levava a esse impulso tão intenso. Esse quadro está se tornando mais claro graças a um projeto de neurociência. Nesse estudo, Gopikrishna Deshpande, Waggoner e os outros estão usando exames de ressonância magnética funcional para entender melhor o que acontece no cérebro de um cão quando o animal é apresentado a odores e a fotos e vídeos de rostos humanos. Segundo Deshpande, os dados iniciais revelaram que cães confrontados com um odor conhecido apresentavam maior atividade em duas áreas cerebrais: o hipocampo, onde as memórias são armazenadas, e o núcleo caudado, que está associado aos sentimentos. Eles também estão examinando o funcionamento da chamada rede em modo padrão. Quanto mais integrada está a rede com o resto do cérebro, maior é a probabilidade do "pensamento referencial", um fundamento necessário para estados emocionais sofisticados. É amplamente aceito que o primeiro ano de vida de um animal é vital para o processo de cunhagem. No caso dos cães de Auburn, é a época em que eles devem compreender a relação rigorosa, mas de confiança, que terão de estabelecer com seus futuros tratadores. Originalmente, a equipe de Auburn confiou os filhotes aos cuidados de famílias locais, relatou James Floyd, ex-diretor do programa. Apesar das orientações precisas aos voluntários para não mimarem os cães, "você ia visitá-los para ver como estavam e os encontrava refestelados no sofá, vendo TV e comendo batata frita".Cerca de 80% deles não atingiam os rigorosos padrões exigidos. Sabendo que animais de serviço já haviam sido adestrados com sucesso em prisões, os coordenadores do programa decidiram em 2004 levar alguns cães para a Instalação Correcional do Condado de Bay, na Flórida. O índice de reprovação caiu rapidamente. Atualmente, a Universidade Auburn trabalha com cinco penitenciárias da Flórida e Geórgia. Grady Perry, ex-diretor de uma penitenciária na Geórgia, disse que a experiência pode influenciar positivamente os presos escolhidos para acompanharem os cães. "Para eles, trata-se de uma oportunidade de serem não apenas adultos responsáveis, mas cidadãos responsáveis", afirmou.
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Senador dos EUA apresentará projeto de lei para acabar com embargo a Cuba
O senador republicano pelo Kansas Jerry Moran vai propor nesta quinta-feira (11) um projeto de lei para acabar com o embargo econômico imposto pelos EUA a Cuba. Moran diz acreditar que o texto, redigido em parceria com o senador independente pelo Maine Angus King, tem mais chances de passar pelas duas casas do Congresso americano –de maioria republicana– do que o projeto apresentado pela democrata Amy Klobuchar, de Minnesota, no início deste ano. "O objetivo é conseguir algo bem similar [ao projeto da democrata]. Mas esse é feito de uma forma muito mais aceitável ao Congresso, aos americanos e muito mais provável de se tornar lei –e faz isso de uma forma que protege o contribuinte", disse Moran. "O que estamos dizendo é que se o mercado está lá, se Cuba pode ter o financiamento necessário, é um grande avanço para os comerciantes e agricultores americanos", afirmou o republicano. A retirada do embargo, imposto à ilha em 1962 no contexto da Guerra Fria, precisa ser aprovada pelo Legislativo e enfrenta grande resistência da oposição republicana. James Williams, presidente da organização Engage Cuba, no entanto, comemorou a proposta. "Se nós quisermos fazer mais do que apenas dizer apoiar o povo cubano, devemos ouvir os 96% deles que querem que os EUA acabem com o embargo comercial", disse Williams. O fim do embargo é um dos pontos-chave no processo de reaproximação diplomática entre EUA e Cuba, anunciado em dezembro. Na etapa atual de negociações para a reaproximação, os dois países buscam criar as condições para a reabertura das embaixadas em Washington e Havana. Recentemente, os EUA retiraram formalmente Cuba da lista dos países que patrocinam o terrorismo, o que deve facilitar a reabertura de embaixadas.
mundo
Senador dos EUA apresentará projeto de lei para acabar com embargo a CubaO senador republicano pelo Kansas Jerry Moran vai propor nesta quinta-feira (11) um projeto de lei para acabar com o embargo econômico imposto pelos EUA a Cuba. Moran diz acreditar que o texto, redigido em parceria com o senador independente pelo Maine Angus King, tem mais chances de passar pelas duas casas do Congresso americano –de maioria republicana– do que o projeto apresentado pela democrata Amy Klobuchar, de Minnesota, no início deste ano. "O objetivo é conseguir algo bem similar [ao projeto da democrata]. Mas esse é feito de uma forma muito mais aceitável ao Congresso, aos americanos e muito mais provável de se tornar lei –e faz isso de uma forma que protege o contribuinte", disse Moran. "O que estamos dizendo é que se o mercado está lá, se Cuba pode ter o financiamento necessário, é um grande avanço para os comerciantes e agricultores americanos", afirmou o republicano. A retirada do embargo, imposto à ilha em 1962 no contexto da Guerra Fria, precisa ser aprovada pelo Legislativo e enfrenta grande resistência da oposição republicana. James Williams, presidente da organização Engage Cuba, no entanto, comemorou a proposta. "Se nós quisermos fazer mais do que apenas dizer apoiar o povo cubano, devemos ouvir os 96% deles que querem que os EUA acabem com o embargo comercial", disse Williams. O fim do embargo é um dos pontos-chave no processo de reaproximação diplomática entre EUA e Cuba, anunciado em dezembro. Na etapa atual de negociações para a reaproximação, os dois países buscam criar as condições para a reabertura das embaixadas em Washington e Havana. Recentemente, os EUA retiraram formalmente Cuba da lista dos países que patrocinam o terrorismo, o que deve facilitar a reabertura de embaixadas.
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Rússia diz ter cumprido cessar-fogo e parado bombardeios na Síria
A Rússia garantiu neste sábado (27) que suas Forças Aéreas suspenderam totalmente os bombardeios na Síria desde a meia-noite (19h em Brasília), quando entrou em vigor o acordo de cessar-fogo alcançado com os Estados Unidos. "Levando em conta a entrada em vigor de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU em apoio ao acordo de cessar-fogo entre Rússia e EUA, e para evitar qualquer possível erro ao realizar bombardeios, os caças-bombardeiros russos, incluídos os de longo alcance, não estão efetuando saídas sobre o território da Síria hoje, 27 de fevereiro", disse o chefe da direção principal do Estado-Maior, Sergey Rudskoi. O general Sergey Kuralenko, chefe do Estado-Maior russo para a trégua na base de Khmeimim, indicou que a cessação total das ações russas "não significa que os terroristas do Estado Islâmico ou da Frente al Nusra possam respirar tranquilamente". "Controlamos perfeitamente a situação em toda a Síria", acrescentou. O representante do Ministério da Defesa indicou que "neste momento, as ações militares na Síria foram interrompidas em 34 cidades" da província de Hama. E acrescentou que na província de Homs também alcançaram acordos de cessação de hostilidades com comandantes de campo que controlam as distintas cidades. O responsável militar disse que estão controlando o cumprimento da trégua no território sírio com a ajuda de 70 aviões não pilotados.
mundo
Rússia diz ter cumprido cessar-fogo e parado bombardeios na SíriaA Rússia garantiu neste sábado (27) que suas Forças Aéreas suspenderam totalmente os bombardeios na Síria desde a meia-noite (19h em Brasília), quando entrou em vigor o acordo de cessar-fogo alcançado com os Estados Unidos. "Levando em conta a entrada em vigor de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU em apoio ao acordo de cessar-fogo entre Rússia e EUA, e para evitar qualquer possível erro ao realizar bombardeios, os caças-bombardeiros russos, incluídos os de longo alcance, não estão efetuando saídas sobre o território da Síria hoje, 27 de fevereiro", disse o chefe da direção principal do Estado-Maior, Sergey Rudskoi. O general Sergey Kuralenko, chefe do Estado-Maior russo para a trégua na base de Khmeimim, indicou que a cessação total das ações russas "não significa que os terroristas do Estado Islâmico ou da Frente al Nusra possam respirar tranquilamente". "Controlamos perfeitamente a situação em toda a Síria", acrescentou. O representante do Ministério da Defesa indicou que "neste momento, as ações militares na Síria foram interrompidas em 34 cidades" da província de Hama. E acrescentou que na província de Homs também alcançaram acordos de cessação de hostilidades com comandantes de campo que controlam as distintas cidades. O responsável militar disse que estão controlando o cumprimento da trégua no território sírio com a ajuda de 70 aviões não pilotados.
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Moradores dos Jardins perdem chance de dar conforto a idosos, diz leitora
Li estarrecida a reportagem "Asilo sem-teto" ("Cotidiano", 17/6). Que oportunidade os vizinhos e amigos dos Jardins perdem em não proporcionar um pouco de conforto aos idosos, com o velho argumento de perda de segurança e a desvalorização de seus imóveis. Como foi questionado na reportagem: "Qual o perigo de 20 velhinhas?" Não seria a hora de sair da toca e ajudar quem gastou sua vida lhes servindo? * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Moradores dos Jardins perdem chance de dar conforto a idosos, diz leitoraLi estarrecida a reportagem "Asilo sem-teto" ("Cotidiano", 17/6). Que oportunidade os vizinhos e amigos dos Jardins perdem em não proporcionar um pouco de conforto aos idosos, com o velho argumento de perda de segurança e a desvalorização de seus imóveis. Como foi questionado na reportagem: "Qual o perigo de 20 velhinhas?" Não seria a hora de sair da toca e ajudar quem gastou sua vida lhes servindo? * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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"Pancada de Janot" é balde de água fria nas articulações de Lula
O procurador-geral Rodrigo Janot enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido de abertura de inquérito para investigar a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) por suspeita de obstrução nas investigações da Lava Jato. Para Fábio Zanini, editor de "Poder" da Folha, o pedido é um balde de água fria na candidatura de Lula em 2018. O ex-presidente estava articulando com as centrais sindicais e movimentos de esquerda uma oposição ferrenha a Temer –o que perde força com a "pancada de Janot", avalia o editor. Flávio Ferreira, repórter de "Poder", destaca que além do desgaste na imagem, uma eventual condenação também barraria a candidatura de Lula.
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"Pancada de Janot" é balde de água fria nas articulações de LulaO procurador-geral Rodrigo Janot enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido de abertura de inquérito para investigar a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) por suspeita de obstrução nas investigações da Lava Jato. Para Fábio Zanini, editor de "Poder" da Folha, o pedido é um balde de água fria na candidatura de Lula em 2018. O ex-presidente estava articulando com as centrais sindicais e movimentos de esquerda uma oposição ferrenha a Temer –o que perde força com a "pancada de Janot", avalia o editor. Flávio Ferreira, repórter de "Poder", destaca que além do desgaste na imagem, uma eventual condenação também barraria a candidatura de Lula.
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Obras de Niemeyer no Ibirapuera são tombadas pelo patrimônio histórico
Obras de Oscar Niemeyer foram tombadas na sexta-feira (6) pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). As construções selecionadas pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural são o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói e a Passarela do Samba, no Rio, e o Conjunto de Edificações projetadas por Niemeyer para o parque Ibirapuera, em São Paulo. Em julho de 2007, ano em que o arquiteto completou cem anos de vida, Niemeyer encaminhou ao então Secretário-Executivo do Ministério da Cultura e atual Ministro da Cultura, Juca Ferreira, uma relação de 28 obras suas as quais gostaria que fossem tombadas. A partir daí, coube ao Iphan identificar as peças consideradas referenciais e representativas de diferentes momentos da produção do arquiteto a serem protegidos pelo Patrimônio Cultural Brasileiro. A inclusão das três criações de Niemeyer segue as recomendações do próprio Conselho Consultivo, que aprovou o tombamento das outras 24 no ano do centenário do arquiteto. Niemeyer foi o responsável pelo projeto arquitetônico do Parque do Ibirapuera, enquanto Burle Marx teve a responsabilidade pelo projeto paisagístico. A proposta de tombamento se dá especificamente aos monumentos do parque projetados por Niemeyer. São eles: a marquise, o Palácio das Nações (Museu Afro Brasil), o Palácio dos Estados (atualmente desocupado), o Palácio das Indústrias (Pavilhão Armando de Arruda Pereira, atualmente ocupado pela Fundação Bienal), o Palácio de Exposições ou das Artes (conhecido como Oca), e o Palácio da Agricultura (Museu de Arte Contemporânea da USP). Colado à Baía de Guanabara, o MAC é o principal cartão postal da antiga capital do Estado do Rio. Inaugurado em 1996, o museu se assemelha à de um disco voador, e sua fachada oferece uma das melhores vistas panorâmicas do Rio. Oficialmente denominada "Passarela Darcy Ribeiro", em homenagem ao antropólogo Darcy Ribeiro, um dos idealizadores do projeto, a Passarela do Samba ou Sambódromo foi inaugurada em 1984, no primeiro governo de Leonel Brizola no Estado. O projeto buscava criar um ícone para abrigar o espetáculo do desfile das escolas de samba, tradicional no Rio desde o fim do século 19. Localizado na avenida Marquês de Sapucaí, o Sambódromo acomoda um público de aproximadamente 60 mil pessoas em arquibancadas e camarotes ao longo de seus 650 metros. Oscar Niemeyer morreu no dia 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos.
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Obras de Niemeyer no Ibirapuera são tombadas pelo patrimônio históricoObras de Oscar Niemeyer foram tombadas na sexta-feira (6) pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). As construções selecionadas pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural são o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói e a Passarela do Samba, no Rio, e o Conjunto de Edificações projetadas por Niemeyer para o parque Ibirapuera, em São Paulo. Em julho de 2007, ano em que o arquiteto completou cem anos de vida, Niemeyer encaminhou ao então Secretário-Executivo do Ministério da Cultura e atual Ministro da Cultura, Juca Ferreira, uma relação de 28 obras suas as quais gostaria que fossem tombadas. A partir daí, coube ao Iphan identificar as peças consideradas referenciais e representativas de diferentes momentos da produção do arquiteto a serem protegidos pelo Patrimônio Cultural Brasileiro. A inclusão das três criações de Niemeyer segue as recomendações do próprio Conselho Consultivo, que aprovou o tombamento das outras 24 no ano do centenário do arquiteto. Niemeyer foi o responsável pelo projeto arquitetônico do Parque do Ibirapuera, enquanto Burle Marx teve a responsabilidade pelo projeto paisagístico. A proposta de tombamento se dá especificamente aos monumentos do parque projetados por Niemeyer. São eles: a marquise, o Palácio das Nações (Museu Afro Brasil), o Palácio dos Estados (atualmente desocupado), o Palácio das Indústrias (Pavilhão Armando de Arruda Pereira, atualmente ocupado pela Fundação Bienal), o Palácio de Exposições ou das Artes (conhecido como Oca), e o Palácio da Agricultura (Museu de Arte Contemporânea da USP). Colado à Baía de Guanabara, o MAC é o principal cartão postal da antiga capital do Estado do Rio. Inaugurado em 1996, o museu se assemelha à de um disco voador, e sua fachada oferece uma das melhores vistas panorâmicas do Rio. Oficialmente denominada "Passarela Darcy Ribeiro", em homenagem ao antropólogo Darcy Ribeiro, um dos idealizadores do projeto, a Passarela do Samba ou Sambódromo foi inaugurada em 1984, no primeiro governo de Leonel Brizola no Estado. O projeto buscava criar um ícone para abrigar o espetáculo do desfile das escolas de samba, tradicional no Rio desde o fim do século 19. Localizado na avenida Marquês de Sapucaí, o Sambódromo acomoda um público de aproximadamente 60 mil pessoas em arquibancadas e camarotes ao longo de seus 650 metros. Oscar Niemeyer morreu no dia 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos.
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Geração Y quer um emprego que ame, mas deve ter paciência para crescer
ANNA RANGEL DE SÃO PAULO Os jovens nascidos entre 1980 e 1995 -a chamada geração Y- têm pressa de crescer. "Eles têm uma formação mais sólida que a de seus pais, sabem disso e querem cargos de chefia", afirma Larissa Laibida, headhunter da recrutadora Robert Half. Além disso, não escolhem uma carreira pelo dinheiro, segundo Eline Kullock, consultora de RH e especialista em gerações. "Eles têm razão: quem faz o que gosta tende a ter mais sucesso, já que se envolve mais e quer aprender." O desenvolvedor Erick Saito, 21, trabalha com programação, atividade da qual diz gostar muito, e não está disposto a fazer outra coisa. "Se estivesse em uma vaga ou empresa mais ou menos, não ficaria muito tempo, porque acho que poderia escolher algo mais adequado às minhas expectativas", afirma. Saito sonha com um cargo de gestão. "Mas já percebi que preciso ganhar experiência antes de chegar lá." De acordo com Leni Hidalgo, doutora em administração e professora do Insper, é natural que o jovem seja imediatista. "Ele ainda está amadurecendo e é mais pautado pelo prazer do que pela realidade, que vai se apresentando a ele a partir das experiências boas e ruins", explica. Para Tânia Casado, coordenadora do laboratório de carreiras da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, essa pressa é produto do contexto atual, em que os empregos não dão a estabilidade que era comum até os anos 1980. "A partir dos anos 1990, a natureza do trabalho muda. As pessoas deixam de ficar décadas na mesma empresa." Nessa época, começou a ser sedimentada a ideia de que o avanço profissional é responsabilidade da pessoa, não mais da organização. Isso fez com que a "infidelidade" em relação à empresa aumentasse, segundo Casado. Funcionário do mês Hoje, 39% dos jovens de 19 a 35 anos querem trocar de emprego em até dois anos, de acordo com um estudo da consultoria Deloitte com 8.000 jovens de 30 países. No ano passado, o índice era maior: 44%. A redução, para Luís Fernando Martins, diretor da recrutadora Hays, tem a ver com a crise econômica. "Há muitas vagas sendo preenchidas por seniores. Os jovens tiveram que ajustar as expectativas", afirma. A gerente de produtos da Microsoft Nathalia Bittar, 26, percebeu isso. Ela teve que abraçar uma chance que não julgava ser a ideal quando foi transferida de área, há três anos. "Não era a vaga dos sonhos, mas eu não poderia ficar parada esperando que ela chegasse. Sem isso, jamais teria chegado aonde estou." Para Kullock, mesmo a vaga dos sonhos vai trazer desafios e frustrações. "Não existe trabalho sem problemas e dias ruins."
sobretudo
Geração Y quer um emprego que ame, mas deve ter paciência para crescer ANNA RANGEL DE SÃO PAULO Os jovens nascidos entre 1980 e 1995 -a chamada geração Y- têm pressa de crescer. "Eles têm uma formação mais sólida que a de seus pais, sabem disso e querem cargos de chefia", afirma Larissa Laibida, headhunter da recrutadora Robert Half. Além disso, não escolhem uma carreira pelo dinheiro, segundo Eline Kullock, consultora de RH e especialista em gerações. "Eles têm razão: quem faz o que gosta tende a ter mais sucesso, já que se envolve mais e quer aprender." O desenvolvedor Erick Saito, 21, trabalha com programação, atividade da qual diz gostar muito, e não está disposto a fazer outra coisa. "Se estivesse em uma vaga ou empresa mais ou menos, não ficaria muito tempo, porque acho que poderia escolher algo mais adequado às minhas expectativas", afirma. Saito sonha com um cargo de gestão. "Mas já percebi que preciso ganhar experiência antes de chegar lá." De acordo com Leni Hidalgo, doutora em administração e professora do Insper, é natural que o jovem seja imediatista. "Ele ainda está amadurecendo e é mais pautado pelo prazer do que pela realidade, que vai se apresentando a ele a partir das experiências boas e ruins", explica. Para Tânia Casado, coordenadora do laboratório de carreiras da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, essa pressa é produto do contexto atual, em que os empregos não dão a estabilidade que era comum até os anos 1980. "A partir dos anos 1990, a natureza do trabalho muda. As pessoas deixam de ficar décadas na mesma empresa." Nessa época, começou a ser sedimentada a ideia de que o avanço profissional é responsabilidade da pessoa, não mais da organização. Isso fez com que a "infidelidade" em relação à empresa aumentasse, segundo Casado. Funcionário do mês Hoje, 39% dos jovens de 19 a 35 anos querem trocar de emprego em até dois anos, de acordo com um estudo da consultoria Deloitte com 8.000 jovens de 30 países. No ano passado, o índice era maior: 44%. A redução, para Luís Fernando Martins, diretor da recrutadora Hays, tem a ver com a crise econômica. "Há muitas vagas sendo preenchidas por seniores. Os jovens tiveram que ajustar as expectativas", afirma. A gerente de produtos da Microsoft Nathalia Bittar, 26, percebeu isso. Ela teve que abraçar uma chance que não julgava ser a ideal quando foi transferida de área, há três anos. "Não era a vaga dos sonhos, mas eu não poderia ficar parada esperando que ela chegasse. Sem isso, jamais teria chegado aonde estou." Para Kullock, mesmo a vaga dos sonhos vai trazer desafios e frustrações. "Não existe trabalho sem problemas e dias ruins."
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Por que a China não quer que suas grandes empresas invistam no exterior
A China anunciou neste ano que destinará US$ 124 bilhões (cerca de R$ 400 bilhões) para investir globalmente em uma iniciativa chamada de Nova Rota da Seda. Mas por que o país está limitando os investimentos de suas grandes empresas no exterior? Parte da resposta se encontra no centro de Madri, na Espanha, num arranha-céu que simboliza uma das maiores preocupações do gigante asiático. O edifício Espanha foi adquirido em 2014 pelo grupo empresarial chinês Wanda, um conglomerado com investimentos em imóveis, turismo e lazer que pertence ao segundo homem mais rico do país, Wang Jianlin. Na época, Wang provavelmente pensou que tinha feito um bom negócio: ele pagara 265 milhões de euros (cerca de R$ 990 milhões, em valores atuais) no imóvel —um terço menos do que o valor pago pelo proprietário anterior. Mas às vezes o barato sai caro. Quando Wanda comprou o prédio, ele estava abandonado há quase uma década e precisava de uma reforma integral. Os técnicos então avaliaram que o melhor a ser feito era demolir o edifício e reconstruí-lo. A prefeitura de Madri, por sua vez, reagiu firmemente: se tratava de um dos edifícios mais emblemáticos da cidade e estava protegido pela legislação como patrimônio histórico. A Wanda prometeu que a reconstrução respeitaria o projeto original. Mesmo assim, o governo local insistiu que a fachada do prédio fosse preservada, embora isso nunca tenha sido feito antes, e especialistas não pudessem garantir que a obra fosse ser bem sucedida, diante do tamanho do edifício. Três anos depois, Wanda entregou os pontos e pôs o imóvel à venda. Segundo a imprensa chinesa, a aventura espanhola custou ao empresário cerca de US$ 30 milhões (cerca de R$ 100 milhões). COMPRAS COMPULSIVAS Nos últimos anos, empresas chinesas protagonizaram uma onda de compras ao redor do mundo. A China - que tenta ser uma economia de mercado, mas sem renunciar aos rígidos controles governamentais- reduziu restrições para investimentos de empresas chinesas no exterior na última década. O objetivo era evitar que as reservas de divisas estrangeiras no país chegassem a um volume incontrolável e também facilitar a aquisição de recursos e tecnologia que permitissem às empresas crescer. Mas essa etapa parece estar chegando ao fim, já que o governo de Xi Jinping começou, no ano passado, a impor limites que foram ainda mais reforçados na última semana. "Ele pediu ao setor bancário para ficar alerta para o bem de todos os chineses", disse à BBC Kent Deng, professor de História da Economia da London School of Economics. O organismo responsável pelo setor bancário determinou que os bancos avaliassem como estão expostos às grandes empresas, ou seja, que consequências sofreriam, caso essas companhias entrassem em crise. As autoridades não informaram exatamente de que empresas se tratavam, mas as ações da Wanda e dos grupos Fosun e HNA começaram a cair dias depois. "O dinheiro deve permanecer na economia nacional. Qualquer quantia grande que saia das fronteiras está sujeita ao controle do regulador financeiro desde o último dia 1º de julho", disse Deng. INVESTIMENTOS IRRACIONAIS Somente em 2016, os investimentos chineses no exterior cresceram para mais de US$ 169 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) no ano, segundo dados do centro de estudos AEI (American Enterprise Insitute). Neste ano, a quantidade de investimentos anunciados foi ainda maior. Mas quantidade e qualidade são coisas diferentes, e o padrão qualitativo desses aportes não convenceu as autoridades asiáticas. Segundo o jornal Washington Post, o ministro chinês do Comércio, Zhong Shan, qualificou os investimentos feitos no ano passado como "cegos e irracionais". Embora tenha admitido que poucas empresas tivessem cometido esses "erros", ele foi contundente: "Algumas já pagaram o preço." O ministro ainda lamentou que diversas empresas "tiveram impacto negativo na nossa imagem nacional". O presidente do Banco Popular Chinês foi mais explícito, e afirmou que essas empresas não cumpriam exigências e políticas para investimentos no exterior, já que visavam a setores "que não trazem muito benefício à China", como esportes e entretenimento. "Projetos de investimento como estes são vistos como um vazio legal para lavagem de dinheiro e saída de capitais", disse Deng. UMA MOEDA INTERNACIONAL A China quer evitar em seu território situações como as que viveu o Japão ou os Estados Unidos. Por exemplo, empresas americanas acumulam cerca de US$ 2,6 trilhões no exterior (cerca de R$ 8,5 trilhões), segundo a consultoria Capital Economics. Trata-se de dinheiro obtido pelos lucros de suas operações no exterior e que não foi repatriado para evitar a cobrança de impostos por autoridades fiscais americanas. "As reservas de divisas estrangeiras na China caíram muito rapidamente e são necessárias para dar apoio ao iuan na tentativa de torná-lo uma moeda internacional", afirma Deng. Apesar das advertências e medidas chinesas, algumas empresas continuaram anunciando investimentos. Algo que, segundo Deng, acabaram tendo que cancelar. "Os investimentos recentes serão cancelados pelo Estado de forma unilateral", disse. "Empresas chinesas pararam com essa onda de compras descontroladas. Na verdade, aquelas firmas bem informadas e conectadas completaram antes do fim de 2016 todas as compras que interessavam", garantiu. Para ele, as restrições anunciadas pelo governo são "muito pequenas e chegam tarde demais". Então por que a China impulsiona uma campanha de investimentos globais para a qual destina milhões de dólares? Porque o país asiático quer ter operações no exterior, mas em setores que lhe interessam. A Nova Rota da Seda está dedicada a investimentos em infraestrutura. "A maioria desses projetos ajudam a China a exportar o seu excedente de aço, cimento, locomotivas, navios, barcos e contêineres. Estes são os projetos que se promovem nas mais altas esferas", concluiu Deng.
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Por que a China não quer que suas grandes empresas invistam no exteriorA China anunciou neste ano que destinará US$ 124 bilhões (cerca de R$ 400 bilhões) para investir globalmente em uma iniciativa chamada de Nova Rota da Seda. Mas por que o país está limitando os investimentos de suas grandes empresas no exterior? Parte da resposta se encontra no centro de Madri, na Espanha, num arranha-céu que simboliza uma das maiores preocupações do gigante asiático. O edifício Espanha foi adquirido em 2014 pelo grupo empresarial chinês Wanda, um conglomerado com investimentos em imóveis, turismo e lazer que pertence ao segundo homem mais rico do país, Wang Jianlin. Na época, Wang provavelmente pensou que tinha feito um bom negócio: ele pagara 265 milhões de euros (cerca de R$ 990 milhões, em valores atuais) no imóvel —um terço menos do que o valor pago pelo proprietário anterior. Mas às vezes o barato sai caro. Quando Wanda comprou o prédio, ele estava abandonado há quase uma década e precisava de uma reforma integral. Os técnicos então avaliaram que o melhor a ser feito era demolir o edifício e reconstruí-lo. A prefeitura de Madri, por sua vez, reagiu firmemente: se tratava de um dos edifícios mais emblemáticos da cidade e estava protegido pela legislação como patrimônio histórico. A Wanda prometeu que a reconstrução respeitaria o projeto original. Mesmo assim, o governo local insistiu que a fachada do prédio fosse preservada, embora isso nunca tenha sido feito antes, e especialistas não pudessem garantir que a obra fosse ser bem sucedida, diante do tamanho do edifício. Três anos depois, Wanda entregou os pontos e pôs o imóvel à venda. Segundo a imprensa chinesa, a aventura espanhola custou ao empresário cerca de US$ 30 milhões (cerca de R$ 100 milhões). COMPRAS COMPULSIVAS Nos últimos anos, empresas chinesas protagonizaram uma onda de compras ao redor do mundo. A China - que tenta ser uma economia de mercado, mas sem renunciar aos rígidos controles governamentais- reduziu restrições para investimentos de empresas chinesas no exterior na última década. O objetivo era evitar que as reservas de divisas estrangeiras no país chegassem a um volume incontrolável e também facilitar a aquisição de recursos e tecnologia que permitissem às empresas crescer. Mas essa etapa parece estar chegando ao fim, já que o governo de Xi Jinping começou, no ano passado, a impor limites que foram ainda mais reforçados na última semana. "Ele pediu ao setor bancário para ficar alerta para o bem de todos os chineses", disse à BBC Kent Deng, professor de História da Economia da London School of Economics. O organismo responsável pelo setor bancário determinou que os bancos avaliassem como estão expostos às grandes empresas, ou seja, que consequências sofreriam, caso essas companhias entrassem em crise. As autoridades não informaram exatamente de que empresas se tratavam, mas as ações da Wanda e dos grupos Fosun e HNA começaram a cair dias depois. "O dinheiro deve permanecer na economia nacional. Qualquer quantia grande que saia das fronteiras está sujeita ao controle do regulador financeiro desde o último dia 1º de julho", disse Deng. INVESTIMENTOS IRRACIONAIS Somente em 2016, os investimentos chineses no exterior cresceram para mais de US$ 169 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) no ano, segundo dados do centro de estudos AEI (American Enterprise Insitute). Neste ano, a quantidade de investimentos anunciados foi ainda maior. Mas quantidade e qualidade são coisas diferentes, e o padrão qualitativo desses aportes não convenceu as autoridades asiáticas. Segundo o jornal Washington Post, o ministro chinês do Comércio, Zhong Shan, qualificou os investimentos feitos no ano passado como "cegos e irracionais". Embora tenha admitido que poucas empresas tivessem cometido esses "erros", ele foi contundente: "Algumas já pagaram o preço." O ministro ainda lamentou que diversas empresas "tiveram impacto negativo na nossa imagem nacional". O presidente do Banco Popular Chinês foi mais explícito, e afirmou que essas empresas não cumpriam exigências e políticas para investimentos no exterior, já que visavam a setores "que não trazem muito benefício à China", como esportes e entretenimento. "Projetos de investimento como estes são vistos como um vazio legal para lavagem de dinheiro e saída de capitais", disse Deng. UMA MOEDA INTERNACIONAL A China quer evitar em seu território situações como as que viveu o Japão ou os Estados Unidos. Por exemplo, empresas americanas acumulam cerca de US$ 2,6 trilhões no exterior (cerca de R$ 8,5 trilhões), segundo a consultoria Capital Economics. Trata-se de dinheiro obtido pelos lucros de suas operações no exterior e que não foi repatriado para evitar a cobrança de impostos por autoridades fiscais americanas. "As reservas de divisas estrangeiras na China caíram muito rapidamente e são necessárias para dar apoio ao iuan na tentativa de torná-lo uma moeda internacional", afirma Deng. Apesar das advertências e medidas chinesas, algumas empresas continuaram anunciando investimentos. Algo que, segundo Deng, acabaram tendo que cancelar. "Os investimentos recentes serão cancelados pelo Estado de forma unilateral", disse. "Empresas chinesas pararam com essa onda de compras descontroladas. Na verdade, aquelas firmas bem informadas e conectadas completaram antes do fim de 2016 todas as compras que interessavam", garantiu. Para ele, as restrições anunciadas pelo governo são "muito pequenas e chegam tarde demais". Então por que a China impulsiona uma campanha de investimentos globais para a qual destina milhões de dólares? Porque o país asiático quer ter operações no exterior, mas em setores que lhe interessam. A Nova Rota da Seda está dedicada a investimentos em infraestrutura. "A maioria desses projetos ajudam a China a exportar o seu excedente de aço, cimento, locomotivas, navios, barcos e contêineres. Estes são os projetos que se promovem nas mais altas esferas", concluiu Deng.
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Dono de rede famosa de hot dog xinga cliente que criticou decoração
"A The Dog Haüs tem o melhor hot dog de São Paulo e o atendimento é incrível. Mas eles acham que machismo é piada, apesar de que quando estive lá mais da metade das pessoas era mulher, muito triste. Vocês podem ser melhor que isso, por enquanto perderam uma cliente." Esse comentário, acompanhado por duas fotos, publicado na semana passada pela jornalista Leka Peres em seu perfil no Facebook acabou provocando xingamentos de um dos donos da rede de cachorros-quentes The Dog Haüs, que tem duas unidades em São Paulo. Peres se referia a duas placas penduradas no estabelecimento, uma que dizia "no shirt, free drinks" (sem camiseta: drinques de graça) ao lado do desenho de uma mulher, e outra que estabelecia os preços de uma resposta da lanchonete caso "alguma namorada ou esposa ligar perguntando por você". "Na primeira vez que fui, fiquei incomodada com a placa com a tabela de preços. Mas acabei voltando lá, porque, infelizmente, eu realmente gostava do cachorro-quente. Foi quando vi a segunda placa e percebi que havia uma questão machista ali mesmo", contou à Folha. Passaram-se dias até que Peres tivesse resposta da Dog Haüs, que publicou em sua página no Facebook (agora fora do ar): "Caramba Qt [sic] gente infeliz nesse mundo, isso é decoração, bando de babaca, aqui repaeotos [sic] a todos, ficou ofendido??? Come HotDog em outro pico [sic]". A partir daí, o caso tomou novas proporções nas redes sociais. Segundo Peres, ela começou a receber mensagens privadas de um dos sócios do estabelecimento dizendo que a placa havia sido dada de presente e era apenas um elemento decorativo, uma brincadeira. "Sugeri que ele repensasse a decoração, que a casa era legal e que tinha boas referências, mas que a piada era sem graça e ofensiva para as mulheres", contou a cliente. Reproduções da conversa, postados no perfil da jornalista e enviados à Folha por ela, mostram o empresário dizendo, entre outras coisas: "vai colar velcro", "vai se f.", "p. de quinta" e "sapatão do c." (nas mensagens os palavrões não estavam abreviados). A página da lanchonete no Facebok foi tirada do ar, mas continuou recebendo dezenas de comentários durante o dia, como "restaurante de homofóbico. Não vou visitar nunca. Espero que vá à falência", ou "melhor comer hot dog 'em outro pico'". Peres diz que está em contato com um advogado: "Vou fazer tudo que estiver na minha alçada para isso não ficar impune", afirmou. Até a publicação deste texto, o Dog Haüs não pôde ser contatado. Nenhuma das unidades atendeu aos inúmeros telefonemas feitos entre 15h e 17h e os sócios Rafael, Bruno e Shemuel Shoel não responderam às tentativas de contato via redes sociais. Em posicionamento oficial enviado à revista "Época", a empresa lamentou o ocorrido e disse estar "tomando as devidas providencias internas em relação ao ocorrido, para que tais fatos não ocorram novamente". Sobre a placa, que afirmam já ter sido retirada, escrevem: "Nada mais era que uma brincadeira, sem nenhum cunho preconceituoso ou machista".
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Dono de rede famosa de hot dog xinga cliente que criticou decoração"A The Dog Haüs tem o melhor hot dog de São Paulo e o atendimento é incrível. Mas eles acham que machismo é piada, apesar de que quando estive lá mais da metade das pessoas era mulher, muito triste. Vocês podem ser melhor que isso, por enquanto perderam uma cliente." Esse comentário, acompanhado por duas fotos, publicado na semana passada pela jornalista Leka Peres em seu perfil no Facebook acabou provocando xingamentos de um dos donos da rede de cachorros-quentes The Dog Haüs, que tem duas unidades em São Paulo. Peres se referia a duas placas penduradas no estabelecimento, uma que dizia "no shirt, free drinks" (sem camiseta: drinques de graça) ao lado do desenho de uma mulher, e outra que estabelecia os preços de uma resposta da lanchonete caso "alguma namorada ou esposa ligar perguntando por você". "Na primeira vez que fui, fiquei incomodada com a placa com a tabela de preços. Mas acabei voltando lá, porque, infelizmente, eu realmente gostava do cachorro-quente. Foi quando vi a segunda placa e percebi que havia uma questão machista ali mesmo", contou à Folha. Passaram-se dias até que Peres tivesse resposta da Dog Haüs, que publicou em sua página no Facebook (agora fora do ar): "Caramba Qt [sic] gente infeliz nesse mundo, isso é decoração, bando de babaca, aqui repaeotos [sic] a todos, ficou ofendido??? Come HotDog em outro pico [sic]". A partir daí, o caso tomou novas proporções nas redes sociais. Segundo Peres, ela começou a receber mensagens privadas de um dos sócios do estabelecimento dizendo que a placa havia sido dada de presente e era apenas um elemento decorativo, uma brincadeira. "Sugeri que ele repensasse a decoração, que a casa era legal e que tinha boas referências, mas que a piada era sem graça e ofensiva para as mulheres", contou a cliente. Reproduções da conversa, postados no perfil da jornalista e enviados à Folha por ela, mostram o empresário dizendo, entre outras coisas: "vai colar velcro", "vai se f.", "p. de quinta" e "sapatão do c." (nas mensagens os palavrões não estavam abreviados). A página da lanchonete no Facebok foi tirada do ar, mas continuou recebendo dezenas de comentários durante o dia, como "restaurante de homofóbico. Não vou visitar nunca. Espero que vá à falência", ou "melhor comer hot dog 'em outro pico'". Peres diz que está em contato com um advogado: "Vou fazer tudo que estiver na minha alçada para isso não ficar impune", afirmou. Até a publicação deste texto, o Dog Haüs não pôde ser contatado. Nenhuma das unidades atendeu aos inúmeros telefonemas feitos entre 15h e 17h e os sócios Rafael, Bruno e Shemuel Shoel não responderam às tentativas de contato via redes sociais. Em posicionamento oficial enviado à revista "Época", a empresa lamentou o ocorrido e disse estar "tomando as devidas providencias internas em relação ao ocorrido, para que tais fatos não ocorram novamente". Sobre a placa, que afirmam já ter sido retirada, escrevem: "Nada mais era que uma brincadeira, sem nenhum cunho preconceituoso ou machista".
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Dilma é convidada para cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
GUSTAVO URIBE DE BRASÍLIA A presidente afastada, Dilma Rousseff, recebeu convite para participar da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no dia 05 de agosto, no estádio do Maracanã. O envelope enviado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) chegou nesta segunda-feira (11) no Palácio do Alvorada. A petista não decidiu ainda, contudo, se irá comparecer. Em entrevista, no mês passado, ela disse que gostaria de estar na cerimônia de abertura, mas tem sido aconselhada por assessores e aliados a não marcar presença. O receio é de que, assim, ela passe a imagem de resignação com um afastamento definitivo do cargo, uma vez que a abertura oficial da competição internacional será feita pelo presidente interino, Michel Temer. O peemedebista anunciará a abertura dos Jogos Olímpicos, mas deve evitar discurso diante do risco de vaias. Caso a petista compareça, a ideia da organização do evento é que ela fique em uma tribuna de honra com autoridades estrangeiras. Além dela, devem ser convidados também para a cerimônia de abertura ex-presidente como Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e José Sarney. Os cantores Gilberto Gil, Caetano Veloso e Anitta irão se apresentar em um dos shows da cerimônia de abertura.
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Dilma é convidada para cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos GUSTAVO URIBE DE BRASÍLIA A presidente afastada, Dilma Rousseff, recebeu convite para participar da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no dia 05 de agosto, no estádio do Maracanã. O envelope enviado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) chegou nesta segunda-feira (11) no Palácio do Alvorada. A petista não decidiu ainda, contudo, se irá comparecer. Em entrevista, no mês passado, ela disse que gostaria de estar na cerimônia de abertura, mas tem sido aconselhada por assessores e aliados a não marcar presença. O receio é de que, assim, ela passe a imagem de resignação com um afastamento definitivo do cargo, uma vez que a abertura oficial da competição internacional será feita pelo presidente interino, Michel Temer. O peemedebista anunciará a abertura dos Jogos Olímpicos, mas deve evitar discurso diante do risco de vaias. Caso a petista compareça, a ideia da organização do evento é que ela fique em uma tribuna de honra com autoridades estrangeiras. Além dela, devem ser convidados também para a cerimônia de abertura ex-presidente como Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e José Sarney. Os cantores Gilberto Gil, Caetano Veloso e Anitta irão se apresentar em um dos shows da cerimônia de abertura.
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Vídeos registram disparos e ação policial na casa de shows em Paris
Um primeiro vídeo registra a troca de tiros entre a polícia e os terroristas do lado de fora do Bataclan. As imagens são de autoria do fotógrafo francês Patrick Zachman. Na sequência, em outras imagens, a banda Eagles of Death Metal aparece tocando no palco do Bataclan quando os terroristas iniciaram os disparos contra o público. É possível ouvir os tiros durante a apresentação dentro da casa de shows. O local concentrou o maior número de mortos entre os atentados coordenados desta sexta-feira (13) —foram 89 vítimas.
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Vídeos registram disparos e ação policial na casa de shows em ParisUm primeiro vídeo registra a troca de tiros entre a polícia e os terroristas do lado de fora do Bataclan. As imagens são de autoria do fotógrafo francês Patrick Zachman. Na sequência, em outras imagens, a banda Eagles of Death Metal aparece tocando no palco do Bataclan quando os terroristas iniciaram os disparos contra o público. É possível ouvir os tiros durante a apresentação dentro da casa de shows. O local concentrou o maior número de mortos entre os atentados coordenados desta sexta-feira (13) —foram 89 vítimas.
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Aquário do Rio lança passeio de triciclo pela região portuária
No último sábado (18), o aquário do Rio de Janeiro inaugurou o Trikke Tour, um passeio guiado de triciclo elétrico pela Orla Conde, na região da zona portuária da cidade. Com duração de 45 minutos, o roteiro sai da frente do aquário e passa por pontos turísticos do local: painéis de grafites (como "Etnia", de Eduardo Kobra), pira olímpica, igreja da Candelária e museus do Amanhã e de Arte do Rio. O ponto final é a praça XV, de onde os participantes retornam para o AquaRio. O trajeto é feito apenas em áreas destinadas à passagem de pedestres. De qualquer forma, o uso de capacete é obrigatório -o triciclo chega a 20 km/h. O passeio, só para maiores de 16 anos, é realizado todos os dias das 10h às 12h e das 15 às 17h, de hora em hora. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria. Custam R$ 99,90 -ou R$ 69,90 para quem visitar o AquaRio no mesmo dia. * Passeio noturno pelo Coliseu explora galeria subterrânea O Coliseu, um dos principais pontos turísticos de Roma, na Itália, abriu uma programação de visitas guiadas noturnas no último dia 11. Chamado de "La luna sul Colosseo"(em português, "A lua sobre o Coliseu"), o passeio, com duração de uma hora e 15 minutos, é realizado entre 20h e 0h. O percurso começa no térreo da antiga arena e passa por arcadas internas, galerias e subterrâneos. A visita inclui ainda a nova exposição "Coliseu, um ícone". Aberta ao público no início deste mês, conta a história do anfiteatro, cuja construção foi iniciada no ano de 72 d.C., por ordem do imperador Flávio Vespasiano. O local foi palco de lutas de gladiadores até o ano 404 e, depois, teve outros usos. O roteiro custa € 20 (R$ 66,50) e está disponível em inglês, espanhol e italiano. Em março e dezembro, será realizados aos sábados. Em abril, maio e outubro, de segunda a sábado. De julho a setembro, todos os dias da semana. E, em novembro, às sextas e aos sábados. * QUATRO ESTAÇÕES EM ROMA Vencedor do Prêmio Pulitzer de ficção em 2015, o escritor norte-americano narra em seu novo livro memórias e impressões da capital italiana, onde viveu por um ano com a família. AUTOR Antony Doerr EDITORA Intrínseca QUANTO R$ 39,90 (240 págs.) * 42,9 milhões É o número de visitantes que o sul do Estado norte-americano de Nevada, onde fica a cidade de Las Vegas, recebeu em 2016, um recorde histórico. Os gastos diretos dos turistas também cresceram significativamente: foram US$ 35,5 bilhões no ano passado, um aumento de 16,3% sobre o valor total de 2015. * Começa a décima edição do Peixe em Lisboa, um dos maiores festivais gastronômicos de Portugal, que se estende até dia 9 de abril. Dez restaurantes -entre eles o Alma, que ganhou uma estrela Michelin em 2016-servem pratos à base de peixes e mariscos. Mais em peixemlisboa.com É o primeiro dia da Miami Beach Gay Pride, na Flórida (EUA), com performances musicais, festas e desfiles em celebração ao orgulho LGBT. O evento vai até o dia 9 de abril; mais em miamibeachgaypride.com É o Dia do Rei na Holanda, maior feriado do país. As praças de várias cidades, como Amsterdam e Haia, recebem mercados de pulga, shows e perfomances; mais em holland.com
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Aquário do Rio lança passeio de triciclo pela região portuáriaNo último sábado (18), o aquário do Rio de Janeiro inaugurou o Trikke Tour, um passeio guiado de triciclo elétrico pela Orla Conde, na região da zona portuária da cidade. Com duração de 45 minutos, o roteiro sai da frente do aquário e passa por pontos turísticos do local: painéis de grafites (como "Etnia", de Eduardo Kobra), pira olímpica, igreja da Candelária e museus do Amanhã e de Arte do Rio. O ponto final é a praça XV, de onde os participantes retornam para o AquaRio. O trajeto é feito apenas em áreas destinadas à passagem de pedestres. De qualquer forma, o uso de capacete é obrigatório -o triciclo chega a 20 km/h. O passeio, só para maiores de 16 anos, é realizado todos os dias das 10h às 12h e das 15 às 17h, de hora em hora. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria. Custam R$ 99,90 -ou R$ 69,90 para quem visitar o AquaRio no mesmo dia. * Passeio noturno pelo Coliseu explora galeria subterrânea O Coliseu, um dos principais pontos turísticos de Roma, na Itália, abriu uma programação de visitas guiadas noturnas no último dia 11. Chamado de "La luna sul Colosseo"(em português, "A lua sobre o Coliseu"), o passeio, com duração de uma hora e 15 minutos, é realizado entre 20h e 0h. O percurso começa no térreo da antiga arena e passa por arcadas internas, galerias e subterrâneos. A visita inclui ainda a nova exposição "Coliseu, um ícone". Aberta ao público no início deste mês, conta a história do anfiteatro, cuja construção foi iniciada no ano de 72 d.C., por ordem do imperador Flávio Vespasiano. O local foi palco de lutas de gladiadores até o ano 404 e, depois, teve outros usos. O roteiro custa € 20 (R$ 66,50) e está disponível em inglês, espanhol e italiano. Em março e dezembro, será realizados aos sábados. Em abril, maio e outubro, de segunda a sábado. De julho a setembro, todos os dias da semana. E, em novembro, às sextas e aos sábados. * QUATRO ESTAÇÕES EM ROMA Vencedor do Prêmio Pulitzer de ficção em 2015, o escritor norte-americano narra em seu novo livro memórias e impressões da capital italiana, onde viveu por um ano com a família. AUTOR Antony Doerr EDITORA Intrínseca QUANTO R$ 39,90 (240 págs.) * 42,9 milhões É o número de visitantes que o sul do Estado norte-americano de Nevada, onde fica a cidade de Las Vegas, recebeu em 2016, um recorde histórico. Os gastos diretos dos turistas também cresceram significativamente: foram US$ 35,5 bilhões no ano passado, um aumento de 16,3% sobre o valor total de 2015. * Começa a décima edição do Peixe em Lisboa, um dos maiores festivais gastronômicos de Portugal, que se estende até dia 9 de abril. Dez restaurantes -entre eles o Alma, que ganhou uma estrela Michelin em 2016-servem pratos à base de peixes e mariscos. Mais em peixemlisboa.com É o primeiro dia da Miami Beach Gay Pride, na Flórida (EUA), com performances musicais, festas e desfiles em celebração ao orgulho LGBT. O evento vai até o dia 9 de abril; mais em miamibeachgaypride.com É o Dia do Rei na Holanda, maior feriado do país. As praças de várias cidades, como Amsterdam e Haia, recebem mercados de pulga, shows e perfomances; mais em holland.com
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CPI dos Fundos de Pensão pede indiciamento de 353 nomes
Após oito meses de trabalho, o relator da CPI dos Fundos de Pensão, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), pediu o indiciamento de 353 pessoas e empresas ligadas a esquemas de corrupção analisados pela comissão. O peemedebista apresentou seu relatório final, de 832 páginas, em que estima um prejuízo de R$ 4,26 bilhões a quatro fundos. A CPI, criada para investigar o mau uso de recursos financeiros no Postalis (dos Correios), Previ (do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras) e Funcef (da Caixa Econômica Federal) entre 2003 e 2015, investigou 15 casos com indícios de fraude e má gestão de fundos de previdência complementar de funcionários das estatais e servidores públicos. O relatório deverá ser votado nesta quinta-feira (14). O relator encaminhou ao Ministério Público Federal uma relação de 145 pessoas que podem ser responsabilizadas penalmente, dentre elas o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado pela Operação Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e o empresário Adir Assad, também condenado pela Lava Jato por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Para Souza, os dois atuaram em esquemas que levaram os fundos de pensão a ter prejuízos milionários. Além deles, o ex-presidente do Postalis Alexej Predtechensky, conhecido como Russo, também teve seu indiciamento pedido. Ele, no entanto, já foi indiciado pela Polícia Federal no último fim de semana por suspeita de fraude de R$ 400 milhões em operações financeiras do fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Ele foi enquadrado por gestão fraudulenta e apropriação de dinheiro, entre outros. Para a PF, ele e o operador do mercado financeiro Fabrizio Dulcetti Neves, também indiciado, eram os chefes do esquema, que envolveu a compra de ações e pagamentos de taxas indevidas. Além da responsabilização penal, Souza também indicou os nomes de 158 pessoas e empresas que serão responsabilizadas na esfera civil e e 50 instituições para apuração de responsabilidade administrativa. O presidente da comissão, deputado Efraim Filho (DEM-PB), informou que o colegiado conseguiu autorização para a quebra de sigilo de 350 contas bancárias sendo que as informações de apenas 63 delas não foram encaminhadas ainda para a comissão por falta de cooperação de bancos. Para ele, no entanto, não há prejuízo para os trabalhos já que assim que os dados forem entregues para a CPI, elas serão encaminhados para o Ministério Público e a Polícia Federal. Durante a reunião, Souza leu um resumo de 70 paginas em que apontou os principais fatos de cada caso. Para ele, foi montado um forte aparato pelas empresas citadas para fraudar os fundos de pensão e uma metodologia foi estabelecida com a supervalorização de ativos a serem comprados pelos fundos. "As conclusões foram muito satisfatórias porque elas demonstram que houve uma metodologia de fraudar os fundos de pensão, não só o mais lesionado, que é o Postalis, que é o dos carteiros, mas todos os demais. Mas percebemos que houve a supervalorização dos ativos a serem comprados pelos fundos de pensão", disse. Para Souza, o valor dos prejuízos pode ultrapassar uma dezena de bilhões de reais se todos os investimentos dos fundos forem investigados. A comissão encaminhará toda a investigação para o Ministério Público e órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União) para que eles possam, de fato, punir os envolvidos na esfera civil e criminal, além da responsabilização administrativa. Em nota, a Funcef afirmou que conta com um "modelo de governança de referência no setor de previdência complementar baseado na gestão compartilhada" e que seus "investimentos são realizados, sempre, com observância aos princípios de liquidez, solvência e equilíbrio dos planos de benefícios administrados, além de seguirem rigorosos padrões técnicos de análise, previstos em normativos internos e na legislação aplicável às Entidades Fechadas de Previdência Complementar". "Enfatizamos, ainda, que o processo decisório é baseado em pareceres das áreas de investimentos, de risco e conformidade e da jurídica. A Funcef prestará todas as informações que outras autoridades venham a lhe solicitar, e reafirma seu compromisso com todos os participantes da Fundação", diz a nota. Procuradas a Postalis afirmou que só irá se pronunciar nesta quarta (13) e a Previ disse que só irá se pronunciar após a votação do relatório. A Folha não conseguiu contato com a Petros.
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CPI dos Fundos de Pensão pede indiciamento de 353 nomesApós oito meses de trabalho, o relator da CPI dos Fundos de Pensão, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), pediu o indiciamento de 353 pessoas e empresas ligadas a esquemas de corrupção analisados pela comissão. O peemedebista apresentou seu relatório final, de 832 páginas, em que estima um prejuízo de R$ 4,26 bilhões a quatro fundos. A CPI, criada para investigar o mau uso de recursos financeiros no Postalis (dos Correios), Previ (do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras) e Funcef (da Caixa Econômica Federal) entre 2003 e 2015, investigou 15 casos com indícios de fraude e má gestão de fundos de previdência complementar de funcionários das estatais e servidores públicos. O relatório deverá ser votado nesta quinta-feira (14). O relator encaminhou ao Ministério Público Federal uma relação de 145 pessoas que podem ser responsabilizadas penalmente, dentre elas o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado pela Operação Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e o empresário Adir Assad, também condenado pela Lava Jato por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Para Souza, os dois atuaram em esquemas que levaram os fundos de pensão a ter prejuízos milionários. Além deles, o ex-presidente do Postalis Alexej Predtechensky, conhecido como Russo, também teve seu indiciamento pedido. Ele, no entanto, já foi indiciado pela Polícia Federal no último fim de semana por suspeita de fraude de R$ 400 milhões em operações financeiras do fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Ele foi enquadrado por gestão fraudulenta e apropriação de dinheiro, entre outros. Para a PF, ele e o operador do mercado financeiro Fabrizio Dulcetti Neves, também indiciado, eram os chefes do esquema, que envolveu a compra de ações e pagamentos de taxas indevidas. Além da responsabilização penal, Souza também indicou os nomes de 158 pessoas e empresas que serão responsabilizadas na esfera civil e e 50 instituições para apuração de responsabilidade administrativa. O presidente da comissão, deputado Efraim Filho (DEM-PB), informou que o colegiado conseguiu autorização para a quebra de sigilo de 350 contas bancárias sendo que as informações de apenas 63 delas não foram encaminhadas ainda para a comissão por falta de cooperação de bancos. Para ele, no entanto, não há prejuízo para os trabalhos já que assim que os dados forem entregues para a CPI, elas serão encaminhados para o Ministério Público e a Polícia Federal. Durante a reunião, Souza leu um resumo de 70 paginas em que apontou os principais fatos de cada caso. Para ele, foi montado um forte aparato pelas empresas citadas para fraudar os fundos de pensão e uma metodologia foi estabelecida com a supervalorização de ativos a serem comprados pelos fundos. "As conclusões foram muito satisfatórias porque elas demonstram que houve uma metodologia de fraudar os fundos de pensão, não só o mais lesionado, que é o Postalis, que é o dos carteiros, mas todos os demais. Mas percebemos que houve a supervalorização dos ativos a serem comprados pelos fundos de pensão", disse. Para Souza, o valor dos prejuízos pode ultrapassar uma dezena de bilhões de reais se todos os investimentos dos fundos forem investigados. A comissão encaminhará toda a investigação para o Ministério Público e órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União) para que eles possam, de fato, punir os envolvidos na esfera civil e criminal, além da responsabilização administrativa. Em nota, a Funcef afirmou que conta com um "modelo de governança de referência no setor de previdência complementar baseado na gestão compartilhada" e que seus "investimentos são realizados, sempre, com observância aos princípios de liquidez, solvência e equilíbrio dos planos de benefícios administrados, além de seguirem rigorosos padrões técnicos de análise, previstos em normativos internos e na legislação aplicável às Entidades Fechadas de Previdência Complementar". "Enfatizamos, ainda, que o processo decisório é baseado em pareceres das áreas de investimentos, de risco e conformidade e da jurídica. A Funcef prestará todas as informações que outras autoridades venham a lhe solicitar, e reafirma seu compromisso com todos os participantes da Fundação", diz a nota. Procuradas a Postalis afirmou que só irá se pronunciar nesta quarta (13) e a Previ disse que só irá se pronunciar após a votação do relatório. A Folha não conseguiu contato com a Petros.
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A corrida do ouro no Peru
RESUMO A "Ilustríssima" adianta um trecho do livro "Euforia e Fracasso do Brasil Grande" (Contexto), que radiografa a política externa da era Lula. O volume sai em 23/2. O excerto trata da Estrada do Pacífico, feita por empreiteiras brasileiras hoje enredadas na Lava Jato. A via facilitou o acesso a La Pampa, famosa por suas pepitas. * "Evite La Pampa". Na Amazônia peruana, esse é um mantra. Nada de bom sai de lá, alertavam meus contatos em Puerto Maldonado, principal cidade dessa região pouco explorada do país, onde as cordilheiras, os desertos e as ruínas incas dão lugar a uma paisagem aparentada à de Estados brasileiros como Acre e Rondônia. La Pampa é codinome para contrabando, tráfico de drogas, mineração ilegal, prostituição e poluição ambiental. É também um lugar notório pela aversão a forasteiros, uma versão sul-americana do Velho Oeste. Um estrangeiro como eu, cheio de perguntas e sem qualquer identificação com aquela população de traços influenciados pelas heranças indígena e cabocla, jamais seria bem-vindo. A 105 km de Puerto Maldonado, La Pampa é um pouco de tudo: cidade, favela e entreposto comercial. Reúne 5.000 habitantes, talvez o dobro ou o triplo. Ninguém nunca contou. Fica às margens da Carretera Interoceanica Sur, nome oficial da Estrada do Pacífico que liga o Brasil à costa peruana. É um amontoado de gente em palafitas que servem de casas, pequenos restaurantes, cafés, salões de beleza, "lan houses", igrejas evangélicas, prostíbulos, hotéis, escritórios e lojas de apetrechos para a mineração. Tudo precário, com iluminação à base de querosene e fossas improvisadas como latrinas. E motos, muitas motos. La Pampa é um subproduto da Estrada do Pacífico, uma rodovia que começa na cidade acreana de Assis Brasil, fronteira Brasil-Peru, e segue até Inambari, no pé dos Andes, onde se bifurca: um trecho sobe a cordilheira até a mítica cidade de Cuzco, capital dos incas, até terminar na costa do Pacífico. Outro ruma ao sul, em direção ao lago Titicaca, sagrado para diversos povos pré-colombianos. No total, 2.400 km de asfalto, o equivalente à distância em linha reta entre São Paulo e Natal. Grande parte da obra foi feita por empreiteiras brasileiras, que se tornariam, alguns anos mais tarde, protagonistas da Operação Lava Jato, que investiga um gigantesco esquema de fraude em obras da Petrobras. Também no Peru essas construtoras foram acusadas de subornar políticos e apresentar aditivos suspeitos de contratos para construir a rodovia. O orçamento inicial, de US$ 800 milhões no início das obras, em 2005, pulou para mais de US$ 2 bilhões no seu término, em 2010. Antes da Estrada do Pacífico, chegar a La Pampa não era para os fracos. A estrada de terra esburacada, de acesso quase impossível na época das chuvas, era um teste para os aventureiros que para ali se deslocavam em busca do ouro, que é considerado superpuro. Em pequenas lojas ao redor do mercado de Puerto Maldonado, frequentemente recebe a classificação "ley 99", o que significa 99 de partes de ouro em 100 presentes numa pepita (o restante são fragmentos de outros tipos de metal). Normalmente, ouro acima de "ley 80" (80% de pureza, portanto) já é considerado um bom investimento. Quando a estrada chegou, gerou uma corrida ao metal. Peruanos, bolivianos e brasileiros literalmente amontoaram-se em La Pampa. A região virou um caos. Foi com esse pensamento a perturbar minha mente que tomei a estrada em uma manhã de junho de 2015, num velho Toyota azul alugado, dividido entre a prudência que me recomendava simplesmente passar reto e seguir viagem e a curiosidade que me atiçava a estacionar o carro, dar uma perambulada por La Pampa e seja o que Deus quiser. Eu partira de Puerto Maldonado cedinho, tomando a estrada rumo ao oeste, e no meio do trajeto de cerca de 250 km havia a difícil decisão de dar uma espiada em La Pampa. Em dezenas de viagens que fiz por países de África, América Latina e Oriente Médio, acostumei-me a aceitar que muita coisa dá errado: ônibus não saem no horário, fronteiras se fecham, burocratas dificultam a vida do viajante, formulários imprevistos são exigidos, pequenos golpes são aplicados. Mas, de vez em quando, as coisas dão certo, e muito certo. Foi o que aconteceu naquele dia. Na estrada, ultrapassei um ônibus, sem imaginar que aquilo me faria ganhar o dia. Era um destacamento da Polícia Nacional peruana, dirigindo-se a La Pampa para se juntar a outros contingentes que lá estavam para uma inspeção. Não acreditei na minha sorte quando, ao avistar as primeiras barracas de lona azul e palafitas de La Pampa, pude ver dezenas de policiais enfileirados, armados com fuzis e escudos, prontos para iniciar a batida. Subitamente, o local estava seguro para um forasteiro como eu dar uma circulada. Parei o carro numa quebrada de chão batido que sai da estrada, catei meu bloquinho e minha câmera (sem medo algum) e fui ser feliz. As operações policiais, explicou-me um capitão que não se identificou, eram comuns. "Estamos em busca de armas, drogas e garimpeiros sem autorização para buscar ouro, que são a maioria", disse-me ele. A maioria das "minerías" fica a uma ou duas horas de caminhada mata adentro, a partir de La Pampa. Os garimpeiros vão de motoca, carregando mangueiras, motores para revolver a lama e tonéis de mercúrio, necessário para separar o ouro da terra. Saem de manhã e retornam no fim do dia, para dormir e gastar parte do que garimparam nos bares e prostíbulos do local. Na manhã da minha visita, o Hotel Norteño, um dos mais requisitados do pedaço, estava movimentado. Chamar de "hotel" uma grande estrutura retangular, com chão de madeira suspenso sobre palafitas e duas dezenas de cubículos com espaço para uma cama de solteiro requer algum esforço, mas, para garimpeiros fissurados em fazer fortuna, nada disso importava. A 15 soles a noite (algo como R$ 15, na cotação de 2016), o Norteño estava lotado. Na "recepção" (uma cabine logo na entrada), havia todos os avisos típicos de um hotel de verdade: "check-in às 13h"; "não nos responsabilizamos por pertences deixados no quarto"; "alugam-se toalhas"; "ao sair, deixe a chave na recepção". Ao lado, um homem consertava um cano que levava água para os chuveiros coletivos -quando o cano se partiu, uma torrente de água de procedência duvidosa inundou por alguns segundos o local, até que o rapaz conseguisse fazer um remendo emergencial. Dois homens chegavam de Lima para trabalhar, mas esquivaram-se de minha investida, com cara de poucos amigos. No Norteño, ninguém queria falar. Mesmo com tanta polícia do lado de fora, percebi rápido que minha presença ali não agradava a ninguém. Voltei para o carro e segui viagem. FÁBIO ZANINI, 41, é editor de "Poder".
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A corrida do ouro no PeruRESUMO A "Ilustríssima" adianta um trecho do livro "Euforia e Fracasso do Brasil Grande" (Contexto), que radiografa a política externa da era Lula. O volume sai em 23/2. O excerto trata da Estrada do Pacífico, feita por empreiteiras brasileiras hoje enredadas na Lava Jato. A via facilitou o acesso a La Pampa, famosa por suas pepitas. * "Evite La Pampa". Na Amazônia peruana, esse é um mantra. Nada de bom sai de lá, alertavam meus contatos em Puerto Maldonado, principal cidade dessa região pouco explorada do país, onde as cordilheiras, os desertos e as ruínas incas dão lugar a uma paisagem aparentada à de Estados brasileiros como Acre e Rondônia. La Pampa é codinome para contrabando, tráfico de drogas, mineração ilegal, prostituição e poluição ambiental. É também um lugar notório pela aversão a forasteiros, uma versão sul-americana do Velho Oeste. Um estrangeiro como eu, cheio de perguntas e sem qualquer identificação com aquela população de traços influenciados pelas heranças indígena e cabocla, jamais seria bem-vindo. A 105 km de Puerto Maldonado, La Pampa é um pouco de tudo: cidade, favela e entreposto comercial. Reúne 5.000 habitantes, talvez o dobro ou o triplo. Ninguém nunca contou. Fica às margens da Carretera Interoceanica Sur, nome oficial da Estrada do Pacífico que liga o Brasil à costa peruana. É um amontoado de gente em palafitas que servem de casas, pequenos restaurantes, cafés, salões de beleza, "lan houses", igrejas evangélicas, prostíbulos, hotéis, escritórios e lojas de apetrechos para a mineração. Tudo precário, com iluminação à base de querosene e fossas improvisadas como latrinas. E motos, muitas motos. La Pampa é um subproduto da Estrada do Pacífico, uma rodovia que começa na cidade acreana de Assis Brasil, fronteira Brasil-Peru, e segue até Inambari, no pé dos Andes, onde se bifurca: um trecho sobe a cordilheira até a mítica cidade de Cuzco, capital dos incas, até terminar na costa do Pacífico. Outro ruma ao sul, em direção ao lago Titicaca, sagrado para diversos povos pré-colombianos. No total, 2.400 km de asfalto, o equivalente à distância em linha reta entre São Paulo e Natal. Grande parte da obra foi feita por empreiteiras brasileiras, que se tornariam, alguns anos mais tarde, protagonistas da Operação Lava Jato, que investiga um gigantesco esquema de fraude em obras da Petrobras. Também no Peru essas construtoras foram acusadas de subornar políticos e apresentar aditivos suspeitos de contratos para construir a rodovia. O orçamento inicial, de US$ 800 milhões no início das obras, em 2005, pulou para mais de US$ 2 bilhões no seu término, em 2010. Antes da Estrada do Pacífico, chegar a La Pampa não era para os fracos. A estrada de terra esburacada, de acesso quase impossível na época das chuvas, era um teste para os aventureiros que para ali se deslocavam em busca do ouro, que é considerado superpuro. Em pequenas lojas ao redor do mercado de Puerto Maldonado, frequentemente recebe a classificação "ley 99", o que significa 99 de partes de ouro em 100 presentes numa pepita (o restante são fragmentos de outros tipos de metal). Normalmente, ouro acima de "ley 80" (80% de pureza, portanto) já é considerado um bom investimento. Quando a estrada chegou, gerou uma corrida ao metal. Peruanos, bolivianos e brasileiros literalmente amontoaram-se em La Pampa. A região virou um caos. Foi com esse pensamento a perturbar minha mente que tomei a estrada em uma manhã de junho de 2015, num velho Toyota azul alugado, dividido entre a prudência que me recomendava simplesmente passar reto e seguir viagem e a curiosidade que me atiçava a estacionar o carro, dar uma perambulada por La Pampa e seja o que Deus quiser. Eu partira de Puerto Maldonado cedinho, tomando a estrada rumo ao oeste, e no meio do trajeto de cerca de 250 km havia a difícil decisão de dar uma espiada em La Pampa. Em dezenas de viagens que fiz por países de África, América Latina e Oriente Médio, acostumei-me a aceitar que muita coisa dá errado: ônibus não saem no horário, fronteiras se fecham, burocratas dificultam a vida do viajante, formulários imprevistos são exigidos, pequenos golpes são aplicados. Mas, de vez em quando, as coisas dão certo, e muito certo. Foi o que aconteceu naquele dia. Na estrada, ultrapassei um ônibus, sem imaginar que aquilo me faria ganhar o dia. Era um destacamento da Polícia Nacional peruana, dirigindo-se a La Pampa para se juntar a outros contingentes que lá estavam para uma inspeção. Não acreditei na minha sorte quando, ao avistar as primeiras barracas de lona azul e palafitas de La Pampa, pude ver dezenas de policiais enfileirados, armados com fuzis e escudos, prontos para iniciar a batida. Subitamente, o local estava seguro para um forasteiro como eu dar uma circulada. Parei o carro numa quebrada de chão batido que sai da estrada, catei meu bloquinho e minha câmera (sem medo algum) e fui ser feliz. As operações policiais, explicou-me um capitão que não se identificou, eram comuns. "Estamos em busca de armas, drogas e garimpeiros sem autorização para buscar ouro, que são a maioria", disse-me ele. A maioria das "minerías" fica a uma ou duas horas de caminhada mata adentro, a partir de La Pampa. Os garimpeiros vão de motoca, carregando mangueiras, motores para revolver a lama e tonéis de mercúrio, necessário para separar o ouro da terra. Saem de manhã e retornam no fim do dia, para dormir e gastar parte do que garimparam nos bares e prostíbulos do local. Na manhã da minha visita, o Hotel Norteño, um dos mais requisitados do pedaço, estava movimentado. Chamar de "hotel" uma grande estrutura retangular, com chão de madeira suspenso sobre palafitas e duas dezenas de cubículos com espaço para uma cama de solteiro requer algum esforço, mas, para garimpeiros fissurados em fazer fortuna, nada disso importava. A 15 soles a noite (algo como R$ 15, na cotação de 2016), o Norteño estava lotado. Na "recepção" (uma cabine logo na entrada), havia todos os avisos típicos de um hotel de verdade: "check-in às 13h"; "não nos responsabilizamos por pertences deixados no quarto"; "alugam-se toalhas"; "ao sair, deixe a chave na recepção". Ao lado, um homem consertava um cano que levava água para os chuveiros coletivos -quando o cano se partiu, uma torrente de água de procedência duvidosa inundou por alguns segundos o local, até que o rapaz conseguisse fazer um remendo emergencial. Dois homens chegavam de Lima para trabalhar, mas esquivaram-se de minha investida, com cara de poucos amigos. No Norteño, ninguém queria falar. Mesmo com tanta polícia do lado de fora, percebi rápido que minha presença ali não agradava a ninguém. Voltei para o carro e segui viagem. FÁBIO ZANINI, 41, é editor de "Poder".
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A ciência por trás da vacinação é indiscutível
Sempre que me sento para assistir a um debate presidencial, tenho uma esperança sincera: de que o tema das vacinas não seja citado. Além de não existir "discussão" nenhuma a ser travada sobre a verdade científica de como funcionam as vacinas ou como elas podem fazer mal, o simples fato de se falar publicamente sobre a negação das vacinas muitas vezes leva pessoas a endurecer suas posições. Mas minha esperança caiu por terra quando o debate da noite de 16 de setembro estava chegando ao fim. Perguntas sobre vacinas e autismo foram feitas não apenas a Donald Trump, mas também aos dois médicos participantes do debate: o neurocirurgião Ben Carson e o oftalmologista Rand Paul. Pelo menos os médicos deveriam saber a verdade. Seguem os fatos: Não há ligação entre vacinas e autismo. O número de vacinas dadas às crianças hoje não é mais preocupante do que era no passado. Adiar a vacinação das crianças não traz benefício algum e as expõe a riscos. Todas as vacinas infantis são importantes. Simplesmente não existem evidências científicas que vinculem as vacinas ao autismo. Muitos, muitos estudos já confirmaram o fato. A mais recente revisão sistemática feita pela Colaboração Cochrane das pesquisas sobre a vacina Tríplice Viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) incluiu seis estudos de caso autocontrolados, dois estudos ecológicos, uma prova de entrecruzamento de casos, cinco provas de tempo em série, 17 estudos de caso controlados, 27 estudos de coorte e cinco ensaios controlados randomizados. Mais de 15 milhões de crianças participaram do estudo. Ninguém conseguiu encontrar qualquer evidência de que as vacinas tenham ligação com o autismo. Esse tema rende mais evidências que qualquer outro sobre o qual já escrevi em "The Upshot", no site do "New York Times". E esse é um dos tópicos mais estudados da história. Mesmo assim, algumas pessoas não param de pedir mais pesquisas. Não importa o fato de que mesmo um vínculo estatisticamente significativo que porventura fosse encontrado agora quase certamente seria um falso positivo, em vista dos milhões de crianças já estudadas. Este ano foi publicado no "Journal of the American Medical Association" um estudo que analisou uma coorte de cerca de 100 mil crianças. Todas foram acompanhadas do nascimento até os 5 anos de idade. Os pesquisadores examinaram novamente se a vacina Tríplice Viral tem alguma associação com o autismo. Não encontraram nenhuma. Nem mesmo em crianças que têm irmãos autistas –e que, portanto, teriam risco mais alto de apresentar autismo– foi encontrado qualquer vínculo. Na realidade, um dos poucos "estudos" a encontrar uma ligação ainda é o estudo original publicado na "Lancet" por Wakefield et al. O estudo foi uma série de casos glorificada que analisou um punhado de crianças com autismo. Não havia estatísticas que comprovassem qualquer ligação. Foi repudiado posteriormente por quase todos os outros autores e retratado pela revista em 2004. Em 2011, Brian Deer escreveu um artigo contundente mostrando como todos os dados desse estudo tinham sido falsificados de alguma maneira. Os editores do periódico médico "BMJ" qualificaram de "fraude" o estudo de Wakefield que vincula vacinas com autismo. São essas as evidências que ligam o autismo a vacinas. Tampouco é correto descrever o autismo como uma "epidemia", como Trump parece fazer com frequência. O autismo é diagnosticado com mais frequência hoje que no passado. Mas boa parte desse aumento nos últimos anos se deve ao fato de termos mudado a definição de "desordens do espectro autista" (DEA). Dez anos atrás, por exemplo, dois terços das crianças que recebiam o diagnóstico de autismo apresentavam inteligência abaixo da média. Hoje, porém, esse é o caso de apenas um terço das crianças que recebem esse diagnóstico. Entre as crianças com autismo, o grupo em mais rápido crescimento é o das crianças com inteligência mediana ou acima da média. Estamos sendo mais inclusivos no diagnóstico. Não quero de maneira alguma minimizar a importância dos desafios enfrentados por quem tem autismo nem negar a prevalência da desordem. Espero que minha coluna recente em que discuti se devemos ou não fazer exames universais para detectar o autismo em crianças pequenas convença o leitor que eu levo a DEA a sério. Mas assustar as pessoas, afirmando que o autismo está se alastrando como uma doença, causa preocupação desnecessária. Apesar de ter observado que não existem provas que vinculam as vacinas ao autismo, Ben Carson disse que muitos pediatras admitem que "provavelmente estamos aplicando muitas vacinas demais num período de tempo curto demais". Não tenho conhecimento de dados quaisquer que fundamentem essa afirmação. Os pediatras, em sua maioria avassaladora, são a favor das vacinas e do cronograma atual de vacinação. As vacinas não impõem tanta pressão assim ao corpo humano. As crianças são continuamente expostas a substâncias estranhas que ativam seu sistema imunológico. Em um manuscrito publicado pela "Pediatrics" em 2002, Paul Offit e colegas estimaram que as crianças na primeira infância seriam capazes de reagir a cerca de 10 mil vacinas em qualquer momento dado. As vacinas que aplicamos jamais conseguiriam "consumir" o sistema imunológico. Acredita-se que, se 11 vacinas fossem aplicadas ao mesmo tempo, elas exigiriam a atenção de cerca de 0,1% do sistema imunológico. Além disso, não é com o número de injeções ou mesmo o número de vacinas que deveríamos nos preocupar. Deveríamos prestar atenção ao número de antígenos nas vacinas. Os antígenos são as moléculas que deflagram a ação do sistema imunológico. As vacinas são feitas para "enganar" o sistema imunológico, levando-o a desenvolver armas contra certos antígenos que são semelhantes à doença, antes de terem que enfrentar a própria doença. Ao longo do tempo os cientistas conseguiram purificar as vacinas, reduzindo o número de antígenos que contêm, sem deixar de proporcionar imunidade. As vacinas atuais obtêm os mesmos resultados, exigindo menos do sistema imunológico. Uma única vacina contra a varíola continha mais de 200 proteínas antigênicas distintas. Hoje o número de antígenos contidos em todas as vacinas dadas às crianças até os 2 anos de idade não chega a 315. Enquanto isso, pensa-se que as crianças provavelmente combatem entre 2.000 e 6.000 antígenos a cada dia, vindos do ambiente. Sim, estamos dando mais injeções, mas o sistema imunológico da criança precisa fazer muito menos que no passado para reagir a elas. O espaçamento maior entre vacinas não traz benefícios e deixa as crianças vulneráveis a doenças por mais tempo. Além disso, torna necessárias mais idas ao médico, cada uma das quais encerra chances de a criança ser exposta a outras crianças doentes. Além disso, estudos revelam que o espaçamento das vacinas reduz a probabilidade de as crianças concluírem o programa completo de imunização. Para concluir, Ben Carson indicou que algumas vacinas salvam vidas e outras podem ser mais "opcionais". Todas as vacinas recomendadas pelos Centros de Controle de Doenças foram avaliadas como importantes. Sei de algumas pessoas que consideram a vacina contra a varicela, ou catapora, uma das "menos importantes". Diga isso a meu pai, que contraiu a doença como adulto, quando meus irmãos e eu a tivemos, e quase teve que ser hospitalizado. Ou aos muitos bebês que podem contrair a doença antes de ser vacinados e correr o risco de adoecer gravemente. Em um de meus estudos favoritos sobre esse tópico, pesquisadores examinaram quantas crianças morreram de varicela antes e depois da introdução da vacina, em 1995. Entre 1990 e 1994, mais de 45 crianças morreram tendo a varicela como causa subjacente. Entre 2003 e 2007, morreram apenas dez. Fato ainda mais significativo é que no segundo período morreu apenas uma criança de menos de 1 ano tendo a varicela como causa subjacente, e, depois de 2004, nenhuma. Esse resultado decorreu apenas da imunidade coletiva –o que acontece quando o número de pessoas vacinadas é suficiente para proteger aquelas que não podem ser vacinadas. Todas as vacinas salvam vidas. Seria melhor para nossa política de vacinação que este tema nem sequer fosse um tópico de discussão –com certeza não entre pessoas que não estejam muito bem informadas sobre a ciência das vacinas. Discutir qualquer desses fatos não faz bem a ninguém. AARON E. CARROLL é professor de pediatria na Escola de Medicina da Universidade do Indiana. Ele escreve um blog sobre pesquisas e política de saúde no "The Incidental Economist". Siga-o no Twitter: @aaronecarroll. Tradução de CLARA ALLAIN
ilustrissima
A ciência por trás da vacinação é indiscutívelSempre que me sento para assistir a um debate presidencial, tenho uma esperança sincera: de que o tema das vacinas não seja citado. Além de não existir "discussão" nenhuma a ser travada sobre a verdade científica de como funcionam as vacinas ou como elas podem fazer mal, o simples fato de se falar publicamente sobre a negação das vacinas muitas vezes leva pessoas a endurecer suas posições. Mas minha esperança caiu por terra quando o debate da noite de 16 de setembro estava chegando ao fim. Perguntas sobre vacinas e autismo foram feitas não apenas a Donald Trump, mas também aos dois médicos participantes do debate: o neurocirurgião Ben Carson e o oftalmologista Rand Paul. Pelo menos os médicos deveriam saber a verdade. Seguem os fatos: Não há ligação entre vacinas e autismo. O número de vacinas dadas às crianças hoje não é mais preocupante do que era no passado. Adiar a vacinação das crianças não traz benefício algum e as expõe a riscos. Todas as vacinas infantis são importantes. Simplesmente não existem evidências científicas que vinculem as vacinas ao autismo. Muitos, muitos estudos já confirmaram o fato. A mais recente revisão sistemática feita pela Colaboração Cochrane das pesquisas sobre a vacina Tríplice Viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) incluiu seis estudos de caso autocontrolados, dois estudos ecológicos, uma prova de entrecruzamento de casos, cinco provas de tempo em série, 17 estudos de caso controlados, 27 estudos de coorte e cinco ensaios controlados randomizados. Mais de 15 milhões de crianças participaram do estudo. Ninguém conseguiu encontrar qualquer evidência de que as vacinas tenham ligação com o autismo. Esse tema rende mais evidências que qualquer outro sobre o qual já escrevi em "The Upshot", no site do "New York Times". E esse é um dos tópicos mais estudados da história. Mesmo assim, algumas pessoas não param de pedir mais pesquisas. Não importa o fato de que mesmo um vínculo estatisticamente significativo que porventura fosse encontrado agora quase certamente seria um falso positivo, em vista dos milhões de crianças já estudadas. Este ano foi publicado no "Journal of the American Medical Association" um estudo que analisou uma coorte de cerca de 100 mil crianças. Todas foram acompanhadas do nascimento até os 5 anos de idade. Os pesquisadores examinaram novamente se a vacina Tríplice Viral tem alguma associação com o autismo. Não encontraram nenhuma. Nem mesmo em crianças que têm irmãos autistas –e que, portanto, teriam risco mais alto de apresentar autismo– foi encontrado qualquer vínculo. Na realidade, um dos poucos "estudos" a encontrar uma ligação ainda é o estudo original publicado na "Lancet" por Wakefield et al. O estudo foi uma série de casos glorificada que analisou um punhado de crianças com autismo. Não havia estatísticas que comprovassem qualquer ligação. Foi repudiado posteriormente por quase todos os outros autores e retratado pela revista em 2004. Em 2011, Brian Deer escreveu um artigo contundente mostrando como todos os dados desse estudo tinham sido falsificados de alguma maneira. Os editores do periódico médico "BMJ" qualificaram de "fraude" o estudo de Wakefield que vincula vacinas com autismo. São essas as evidências que ligam o autismo a vacinas. Tampouco é correto descrever o autismo como uma "epidemia", como Trump parece fazer com frequência. O autismo é diagnosticado com mais frequência hoje que no passado. Mas boa parte desse aumento nos últimos anos se deve ao fato de termos mudado a definição de "desordens do espectro autista" (DEA). Dez anos atrás, por exemplo, dois terços das crianças que recebiam o diagnóstico de autismo apresentavam inteligência abaixo da média. Hoje, porém, esse é o caso de apenas um terço das crianças que recebem esse diagnóstico. Entre as crianças com autismo, o grupo em mais rápido crescimento é o das crianças com inteligência mediana ou acima da média. Estamos sendo mais inclusivos no diagnóstico. Não quero de maneira alguma minimizar a importância dos desafios enfrentados por quem tem autismo nem negar a prevalência da desordem. Espero que minha coluna recente em que discuti se devemos ou não fazer exames universais para detectar o autismo em crianças pequenas convença o leitor que eu levo a DEA a sério. Mas assustar as pessoas, afirmando que o autismo está se alastrando como uma doença, causa preocupação desnecessária. Apesar de ter observado que não existem provas que vinculam as vacinas ao autismo, Ben Carson disse que muitos pediatras admitem que "provavelmente estamos aplicando muitas vacinas demais num período de tempo curto demais". Não tenho conhecimento de dados quaisquer que fundamentem essa afirmação. Os pediatras, em sua maioria avassaladora, são a favor das vacinas e do cronograma atual de vacinação. As vacinas não impõem tanta pressão assim ao corpo humano. As crianças são continuamente expostas a substâncias estranhas que ativam seu sistema imunológico. Em um manuscrito publicado pela "Pediatrics" em 2002, Paul Offit e colegas estimaram que as crianças na primeira infância seriam capazes de reagir a cerca de 10 mil vacinas em qualquer momento dado. As vacinas que aplicamos jamais conseguiriam "consumir" o sistema imunológico. Acredita-se que, se 11 vacinas fossem aplicadas ao mesmo tempo, elas exigiriam a atenção de cerca de 0,1% do sistema imunológico. Além disso, não é com o número de injeções ou mesmo o número de vacinas que deveríamos nos preocupar. Deveríamos prestar atenção ao número de antígenos nas vacinas. Os antígenos são as moléculas que deflagram a ação do sistema imunológico. As vacinas são feitas para "enganar" o sistema imunológico, levando-o a desenvolver armas contra certos antígenos que são semelhantes à doença, antes de terem que enfrentar a própria doença. Ao longo do tempo os cientistas conseguiram purificar as vacinas, reduzindo o número de antígenos que contêm, sem deixar de proporcionar imunidade. As vacinas atuais obtêm os mesmos resultados, exigindo menos do sistema imunológico. Uma única vacina contra a varíola continha mais de 200 proteínas antigênicas distintas. Hoje o número de antígenos contidos em todas as vacinas dadas às crianças até os 2 anos de idade não chega a 315. Enquanto isso, pensa-se que as crianças provavelmente combatem entre 2.000 e 6.000 antígenos a cada dia, vindos do ambiente. Sim, estamos dando mais injeções, mas o sistema imunológico da criança precisa fazer muito menos que no passado para reagir a elas. O espaçamento maior entre vacinas não traz benefícios e deixa as crianças vulneráveis a doenças por mais tempo. Além disso, torna necessárias mais idas ao médico, cada uma das quais encerra chances de a criança ser exposta a outras crianças doentes. Além disso, estudos revelam que o espaçamento das vacinas reduz a probabilidade de as crianças concluírem o programa completo de imunização. Para concluir, Ben Carson indicou que algumas vacinas salvam vidas e outras podem ser mais "opcionais". Todas as vacinas recomendadas pelos Centros de Controle de Doenças foram avaliadas como importantes. Sei de algumas pessoas que consideram a vacina contra a varicela, ou catapora, uma das "menos importantes". Diga isso a meu pai, que contraiu a doença como adulto, quando meus irmãos e eu a tivemos, e quase teve que ser hospitalizado. Ou aos muitos bebês que podem contrair a doença antes de ser vacinados e correr o risco de adoecer gravemente. Em um de meus estudos favoritos sobre esse tópico, pesquisadores examinaram quantas crianças morreram de varicela antes e depois da introdução da vacina, em 1995. Entre 1990 e 1994, mais de 45 crianças morreram tendo a varicela como causa subjacente. Entre 2003 e 2007, morreram apenas dez. Fato ainda mais significativo é que no segundo período morreu apenas uma criança de menos de 1 ano tendo a varicela como causa subjacente, e, depois de 2004, nenhuma. Esse resultado decorreu apenas da imunidade coletiva –o que acontece quando o número de pessoas vacinadas é suficiente para proteger aquelas que não podem ser vacinadas. Todas as vacinas salvam vidas. Seria melhor para nossa política de vacinação que este tema nem sequer fosse um tópico de discussão –com certeza não entre pessoas que não estejam muito bem informadas sobre a ciência das vacinas. Discutir qualquer desses fatos não faz bem a ninguém. AARON E. CARROLL é professor de pediatria na Escola de Medicina da Universidade do Indiana. Ele escreve um blog sobre pesquisas e política de saúde no "The Incidental Economist". Siga-o no Twitter: @aaronecarroll. Tradução de CLARA ALLAIN
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Cadeira de Jubiabá, do romance de Jorge Amado, é devolvida a terreiro
Na década de 1930, Jubiabá era uma figura religiosa de prestígio em Salvador. Em busca de aconselhamento, muita gente ia à sua casa no Alto da Cruz do Cosme, incluindo membros da elite local. Jorge Amado —que não o conhecia pessoalmente— usa sua imagem como inspiração para o personagem de seu livro homônimo, o feiticeiro negro consultado pelo protagonista Antônio Balduíno. Escrito quando o autor tinha apenas 23 anos, "Jubiabá" despertou o interesse pelo Brasil em gente como o etnólogo Pierre Verger, o fotógrafo Marcel Gautherot, o pintor Carybé e o escritor Albert Camus, que achava a obra —adaptada para o cinema por Nelson Pereira dos Santos— magnífica. Fora das letras, as coisas não iam tão bem para Severiano Manuel de Abreu, o capitão do Exército que ficou conhecido pelo nome do caboclo que incorporava, Jubiabá. Severiano, que morreu em 1937, dois anos após a publicação do livro, sofreu com a intensificação da perseguição religiosa que assolava a Bahia naquela década. Herança dessa repressão, a cadeira usada por ele em rituais acaba de ser entregue a seus sucessores religiosos, num processo de devolução inédito no país. A cadeira de mando de Jubiabá— espécie de trono onde os líderes religiosos se sentam durante as cerimônias —foi apreendida pela Delegacia de Jogos e Costumes numa operação comandada por Pedro Veloso Gordilho, outra figura histórica usada como inspiração para Jorge Amado, dessa vez em "Tenda dos Milagres", na pele do policial Pedrito Gordo, que persegue o candomblé por gosto. "A polícia sabia exatamente o que estava fazendo, não era por ignorância que roubavam essas coisas, era para demonstrar poder", diz o pai de santo Tata Anselmo Santos. "Na época, o povo de santo era acusado de curandeirismo ou de exercício ilegal da medicina. Se tinha alguém no terreiro fazendo um ritual, diziam que a pessoa estava lá sequestrada", explica. "O que a cadeira teria a ver com isso? Levaram porque sabiam que ela simbolizava o poder de Jubiabá", conclui. Segundo Reginaldo Prandi, professor de sociologia da USP especializado em religiões afro brasileiras, Jubiabá não era um pai de santo no sentido convencional. "Era uma figura meio à parte do sistema rígido do candomblé, que transitava por vários terreiros, mas era muito respeitado e certamente tinha cadeira em várias casas", explica. Ao contrário de outras peças levadas de terreiros, a cadeira pôde ser devolvida graças à sua identificação: além de trazer o nome do dono talhado em madeira, sua retirada foi registrada na época pelo jornal A Tarde, que trazia uma foto do móvel. "Um raio que tivesse caído na casa, não provocaria tamanho susto", disse o jornal sobre a apreensão da cadeira de Jubiabá no momento em que o religioso se preparava para sentar. Após a ação, em 1921, a polícia entregou o móvel ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Em 2010, Tata Anselmo, que se reivindica bisneto de santo de Jubiabá, soube que a cadeira se encontrava no IGHB e começou a pleiteá-la para que fizesse parte do acervo do terreiro do Mokambo, no Centro de Salvador. "Nós cedemos a peça em regime de comodato sem prazo definido e ela ficará no memorial do terreiro, que passa a ser responsável por sua conservação", explica Jaime Nascimento, coordenador de cultura do IGHB. Embora Jubiabá tenha tido 22 filhos biológicos, o órgão entende que eles não teriam direito à cadeira pois ela chegou ao instituto através de uma doação legal. "Claro que a forma como ela foi tirada do dono foi uma violência, mas do ponto de vista do IGHB, a cadeira era patrimônio nosso que cedemos porque entendemos que teria mais valor para a comunidade religiosa do que aqui", explica. A cadeira é o símbolo máximo de poder no candomblé, tanto que, nos rituais tradicionais, só as lideranças sentam nelas: os demais ficam em esteiras no chão. "Ao requisitar a cadeira, o que esse pai de santo está fazendo é se reivindicando como sucessor legítimo de uma figura lendária, algo que eu não sei se ele é", diz Prandi. Fundado em 1993, o terreiro do Mokambo está sob tombamento provisório do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e descende do terreiro São Jorge Filho da Goméia. Segundo Tata Anselmo, sua ascendência parte da mameto [como são chamadas as mães de santo do candomblé bantu] Altanira Maria Conceição Souza, a Mãe Mirinha de Portão. Mirinha era filha de santo de João Alves Torres Filho, o Joãozinho da Goméia que era, por sua vez, filho de santo de Jubiabá. Após a devolução nesta quarta-feira (28), a cadeira passou por um ritual de sacralização e foi colocada no memorial da casa, que está aberto à visitação, mas é preciso agendar pelo telefone (71) 3360-6668. ESPÍRITA E REMEDIADO Mas não vá pensando que Jubiabá ficou agradecido pela homenagem prestada por Jorge Amado. "Na época o famoso era ele e o desconhecido era Jorge Amado", diz Tata Anselmo, que considera que o líder religioso foi retratado de modo pejorativo. "Escritor é sempre aquilo, alega licença poética e vai mudando coisas que ficam mal para o retratado, como isso de colocá-lo como uma pessoa cheio de vícios", diz. "Quando o romance saiu, a imprensa baiana foi atrás de Severiano, que reagiu furioso. Frase dele reproduzida nos jornais: 'Vou fazê-lo engolir esse livro'", conta Josélia Aguiar, biógrafa de Jorge Amado. Severiano negava ser pai de santo e se dizia espírita. "Essa era uma estratégia de defesa comum na época. O espiritismo estava chegando ao Brasil e cheirava a uma coisa mais embranquecida", afirma Tata Anselmo. "É possível que fosse espírita mesmo e que não se considerasse pai de santo", replica Prandi. "Muitas pessoas de santo daquela época se envolveram com o espiritismo, o que acabou dando origem à umbanda", explica. Outra reclamação do retratado era que, no livro, Jubiabá era pobre, enquanto o Severiano da vida real era um sujeito remediado. "Ele até se deixou fotografar dentro de casa, porque o mobiliário era prova de sua bonança", conta Aguiar. Remediado à época da publicação, Jubiabá morreu sem luxos em Itabuna, na Bahia. Não se sabe grande coisa sobre as circunstâncias de sua morte prematura, aos 51 anos, ou sobre a fase final de sua vida. "Oh, minha filha, era policial entrando com cavalo no meio da sua cerimônia para te chamar de tudo que é nome. Não parece leviano dizer que tenha morrido de tristeza", diz Tata Anselmo. A lei de liberdade de culto, de autoria do deputado Jorge Amado, só entrou em vigor em 1947. Leia trechos dos romances: JUBIABÁ "Antônio Balduíno não sabia o que esperar de Jubiabá. Respeitava-o, mas com um respeito diferente do que tinha pelo Padre Silvino, por sua tia Luísa, pelo Lourenço da venda, por Zé Camarão e mesmo pelas figuras lendárias de Virgulino Lampião e Eddie Polo. Jubiabá passava encolhido pelos becos do morro, os homens o ouviam com respeito; recebia cumprimento de todos, e em sua porta paravam, de vez em quando, automóveis de luxo. Um dia um menino disse a Balduíno que Jubiabá virava lobisomem. Outro afirmou que ele tinha o diabo preso numa garrafa. Da casa de Jubiabá vinham em certas noites sons estranhos de estranha música. Antônio Balduíno se remexia na esteira, ficava inquieto, parecia que aquela música o chamava. Batuque, sons de danças, vozes diferentes e misteriosas. Luísa lá estava com certeza com sua saia de chita vermelha e de anágua. Antônio Balduíno nessas noites não dormia. Na sua infância sadia e solta, Jubiabá era o mistério." (Extraído de "Jubiabá", de Jorge Amado) PEDRITO GORDO "Na cidade, o delegado Pedrito Gordo soltara a malta do terror com carta branca: invadir terreiros, destruir pejis, surrar babalaôs e pais-de-santo, prender feitas e ialorixás. 'Vou limpar a Bahia dessa imundice!' Deu ordens estritas aos soldados da polícia, organizou a escolta de bandidos, partiu para a guerra santa." (Extraído de "Tenda dos Milagres", de Jorge Amado)
ilustrada
Cadeira de Jubiabá, do romance de Jorge Amado, é devolvida a terreiroNa década de 1930, Jubiabá era uma figura religiosa de prestígio em Salvador. Em busca de aconselhamento, muita gente ia à sua casa no Alto da Cruz do Cosme, incluindo membros da elite local. Jorge Amado —que não o conhecia pessoalmente— usa sua imagem como inspiração para o personagem de seu livro homônimo, o feiticeiro negro consultado pelo protagonista Antônio Balduíno. Escrito quando o autor tinha apenas 23 anos, "Jubiabá" despertou o interesse pelo Brasil em gente como o etnólogo Pierre Verger, o fotógrafo Marcel Gautherot, o pintor Carybé e o escritor Albert Camus, que achava a obra —adaptada para o cinema por Nelson Pereira dos Santos— magnífica. Fora das letras, as coisas não iam tão bem para Severiano Manuel de Abreu, o capitão do Exército que ficou conhecido pelo nome do caboclo que incorporava, Jubiabá. Severiano, que morreu em 1937, dois anos após a publicação do livro, sofreu com a intensificação da perseguição religiosa que assolava a Bahia naquela década. Herança dessa repressão, a cadeira usada por ele em rituais acaba de ser entregue a seus sucessores religiosos, num processo de devolução inédito no país. A cadeira de mando de Jubiabá— espécie de trono onde os líderes religiosos se sentam durante as cerimônias —foi apreendida pela Delegacia de Jogos e Costumes numa operação comandada por Pedro Veloso Gordilho, outra figura histórica usada como inspiração para Jorge Amado, dessa vez em "Tenda dos Milagres", na pele do policial Pedrito Gordo, que persegue o candomblé por gosto. "A polícia sabia exatamente o que estava fazendo, não era por ignorância que roubavam essas coisas, era para demonstrar poder", diz o pai de santo Tata Anselmo Santos. "Na época, o povo de santo era acusado de curandeirismo ou de exercício ilegal da medicina. Se tinha alguém no terreiro fazendo um ritual, diziam que a pessoa estava lá sequestrada", explica. "O que a cadeira teria a ver com isso? Levaram porque sabiam que ela simbolizava o poder de Jubiabá", conclui. Segundo Reginaldo Prandi, professor de sociologia da USP especializado em religiões afro brasileiras, Jubiabá não era um pai de santo no sentido convencional. "Era uma figura meio à parte do sistema rígido do candomblé, que transitava por vários terreiros, mas era muito respeitado e certamente tinha cadeira em várias casas", explica. Ao contrário de outras peças levadas de terreiros, a cadeira pôde ser devolvida graças à sua identificação: além de trazer o nome do dono talhado em madeira, sua retirada foi registrada na época pelo jornal A Tarde, que trazia uma foto do móvel. "Um raio que tivesse caído na casa, não provocaria tamanho susto", disse o jornal sobre a apreensão da cadeira de Jubiabá no momento em que o religioso se preparava para sentar. Após a ação, em 1921, a polícia entregou o móvel ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Em 2010, Tata Anselmo, que se reivindica bisneto de santo de Jubiabá, soube que a cadeira se encontrava no IGHB e começou a pleiteá-la para que fizesse parte do acervo do terreiro do Mokambo, no Centro de Salvador. "Nós cedemos a peça em regime de comodato sem prazo definido e ela ficará no memorial do terreiro, que passa a ser responsável por sua conservação", explica Jaime Nascimento, coordenador de cultura do IGHB. Embora Jubiabá tenha tido 22 filhos biológicos, o órgão entende que eles não teriam direito à cadeira pois ela chegou ao instituto através de uma doação legal. "Claro que a forma como ela foi tirada do dono foi uma violência, mas do ponto de vista do IGHB, a cadeira era patrimônio nosso que cedemos porque entendemos que teria mais valor para a comunidade religiosa do que aqui", explica. A cadeira é o símbolo máximo de poder no candomblé, tanto que, nos rituais tradicionais, só as lideranças sentam nelas: os demais ficam em esteiras no chão. "Ao requisitar a cadeira, o que esse pai de santo está fazendo é se reivindicando como sucessor legítimo de uma figura lendária, algo que eu não sei se ele é", diz Prandi. Fundado em 1993, o terreiro do Mokambo está sob tombamento provisório do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e descende do terreiro São Jorge Filho da Goméia. Segundo Tata Anselmo, sua ascendência parte da mameto [como são chamadas as mães de santo do candomblé bantu] Altanira Maria Conceição Souza, a Mãe Mirinha de Portão. Mirinha era filha de santo de João Alves Torres Filho, o Joãozinho da Goméia que era, por sua vez, filho de santo de Jubiabá. Após a devolução nesta quarta-feira (28), a cadeira passou por um ritual de sacralização e foi colocada no memorial da casa, que está aberto à visitação, mas é preciso agendar pelo telefone (71) 3360-6668. ESPÍRITA E REMEDIADO Mas não vá pensando que Jubiabá ficou agradecido pela homenagem prestada por Jorge Amado. "Na época o famoso era ele e o desconhecido era Jorge Amado", diz Tata Anselmo, que considera que o líder religioso foi retratado de modo pejorativo. "Escritor é sempre aquilo, alega licença poética e vai mudando coisas que ficam mal para o retratado, como isso de colocá-lo como uma pessoa cheio de vícios", diz. "Quando o romance saiu, a imprensa baiana foi atrás de Severiano, que reagiu furioso. Frase dele reproduzida nos jornais: 'Vou fazê-lo engolir esse livro'", conta Josélia Aguiar, biógrafa de Jorge Amado. Severiano negava ser pai de santo e se dizia espírita. "Essa era uma estratégia de defesa comum na época. O espiritismo estava chegando ao Brasil e cheirava a uma coisa mais embranquecida", afirma Tata Anselmo. "É possível que fosse espírita mesmo e que não se considerasse pai de santo", replica Prandi. "Muitas pessoas de santo daquela época se envolveram com o espiritismo, o que acabou dando origem à umbanda", explica. Outra reclamação do retratado era que, no livro, Jubiabá era pobre, enquanto o Severiano da vida real era um sujeito remediado. "Ele até se deixou fotografar dentro de casa, porque o mobiliário era prova de sua bonança", conta Aguiar. Remediado à época da publicação, Jubiabá morreu sem luxos em Itabuna, na Bahia. Não se sabe grande coisa sobre as circunstâncias de sua morte prematura, aos 51 anos, ou sobre a fase final de sua vida. "Oh, minha filha, era policial entrando com cavalo no meio da sua cerimônia para te chamar de tudo que é nome. Não parece leviano dizer que tenha morrido de tristeza", diz Tata Anselmo. A lei de liberdade de culto, de autoria do deputado Jorge Amado, só entrou em vigor em 1947. Leia trechos dos romances: JUBIABÁ "Antônio Balduíno não sabia o que esperar de Jubiabá. Respeitava-o, mas com um respeito diferente do que tinha pelo Padre Silvino, por sua tia Luísa, pelo Lourenço da venda, por Zé Camarão e mesmo pelas figuras lendárias de Virgulino Lampião e Eddie Polo. Jubiabá passava encolhido pelos becos do morro, os homens o ouviam com respeito; recebia cumprimento de todos, e em sua porta paravam, de vez em quando, automóveis de luxo. Um dia um menino disse a Balduíno que Jubiabá virava lobisomem. Outro afirmou que ele tinha o diabo preso numa garrafa. Da casa de Jubiabá vinham em certas noites sons estranhos de estranha música. Antônio Balduíno se remexia na esteira, ficava inquieto, parecia que aquela música o chamava. Batuque, sons de danças, vozes diferentes e misteriosas. Luísa lá estava com certeza com sua saia de chita vermelha e de anágua. Antônio Balduíno nessas noites não dormia. Na sua infância sadia e solta, Jubiabá era o mistério." (Extraído de "Jubiabá", de Jorge Amado) PEDRITO GORDO "Na cidade, o delegado Pedrito Gordo soltara a malta do terror com carta branca: invadir terreiros, destruir pejis, surrar babalaôs e pais-de-santo, prender feitas e ialorixás. 'Vou limpar a Bahia dessa imundice!' Deu ordens estritas aos soldados da polícia, organizou a escolta de bandidos, partiu para a guerra santa." (Extraído de "Tenda dos Milagres", de Jorge Amado)
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Falsários destroem tela original de Volpi em tentativa de enganar Justiça
Uma raríssima tela de Alfredo Volpi, desaparecida desde a morte do artista há quase três décadas, acaba de ser encontrada, só que destruída. Exames detalhados mostram que o suposto quadro inédito da fase concretista do pintor que estava à venda por R$ 12 milhões numa galeria de São Paulo é um falso pintado por cima do original. Falsários esperavam que o verso da tela, com a assinatura verdadeira do artista, desse um verniz de autenticidade à obra, mas adulteraram a composição porque a tela original já estava sendo procurada pelo espólio de Volpi -a informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo". "Estamos vivendo uma coisa inédita no Brasil, que é um quadro ser destruído para se travestir de inédito", diz Pedro Mastrobuono, diretor do Instituto Volpi, responsável pela autentificação das obras do artista. "Quem fez isso sabia que se apresentasse o quadro original seria alvo de uma apreensão imediata." Também tinha conhecimento do estilo do pintor e de técnicas sofisticadas de análise de obras falsas. Isso porque não fugiu do repertório de formas geométricas que marcou essa fase na carreira de Volpi e usou cores que dificultam exames em laboratório. No final da década de 1950, Volpi criou uma série de composições em estilo concretista. Não foram muitas, e uma única delas nunca foi vendida, tendo ficado pendurada na sala de sua casa no centro paulistano até a sua morte. Essa tela com quadrados brancos sobre fundo vermelho é a que veio à tona agora, só que transformada num quadro preto com os quadrados divididos ao meio, uma metade azul e outra branca. De acordo com Eva Kaiser Mori, perita do departamento de física nuclear da USP, a espessa tinta preta usada na falsificação impede que uma análise com raios infravermelhos mostre o esboço da composição original a lápis que Volpi fazia antes de pintar. A análise serviria de prova que a composição com triângulos nunca foi a verdadeira. Um estudo detalhado do verso da obra também elimina qualquer dúvida que o quadro em questão já tinha sido catalogado pelo Instituto Volpi -a posição e inclinação da assinatura no verso e marcas antigas de pregos e defeitos na trama de linho da tela são idênticas às da obra original. Outro dado importante é que a análise das camadas de tinta do quadro mostra um complexo jogo em que Volpi pintou vermelho sobre branco e branco sobre vermelho, criando uma vibração cromática única, algo que não teria razão de ser caso a ideia fosse cobrir tudo de preto depois. MAQUIAGEM DEFINITIVA Mesmo destruída, essa é a 11ª das 47 obras desaparecidas do pintor a ser encontrada. Quando Volpi morreu, em 1988. as obras que estavam em seu ateliê ficaram com sua filha mais velha, Eugênia Maria. Ela alega que elas foram furtadas de sua casa há 11 anos, embora, segundo Mastrobuono, recibos de venda de algumas delas tenham a sua assinatura. Eugênia Maria, que não foi localizada até a conclusão desta edição, é alvo de ação judicial pela suspeita de não partilhar valores arrecadados com direitos autorais e ocultar parte do patrimônio do pai, lesando a irmã mais nova, Djanira Volpi, que trabalha como empregada doméstica. O temor de especialistas é que as 36 telas do artista ainda desaparecidas possam ter sofrido a mesma maquiagem que destruiu esta última. Segundo a perícia, a tinta preta usada na falsificação penetrou fundo no tecido da tela, preenchendo as fissuras causadas pelo envelhecimento da tinta original, o que torna muito difícil a remoção dessa nova camada de cor.
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Falsários destroem tela original de Volpi em tentativa de enganar JustiçaUma raríssima tela de Alfredo Volpi, desaparecida desde a morte do artista há quase três décadas, acaba de ser encontrada, só que destruída. Exames detalhados mostram que o suposto quadro inédito da fase concretista do pintor que estava à venda por R$ 12 milhões numa galeria de São Paulo é um falso pintado por cima do original. Falsários esperavam que o verso da tela, com a assinatura verdadeira do artista, desse um verniz de autenticidade à obra, mas adulteraram a composição porque a tela original já estava sendo procurada pelo espólio de Volpi -a informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo". "Estamos vivendo uma coisa inédita no Brasil, que é um quadro ser destruído para se travestir de inédito", diz Pedro Mastrobuono, diretor do Instituto Volpi, responsável pela autentificação das obras do artista. "Quem fez isso sabia que se apresentasse o quadro original seria alvo de uma apreensão imediata." Também tinha conhecimento do estilo do pintor e de técnicas sofisticadas de análise de obras falsas. Isso porque não fugiu do repertório de formas geométricas que marcou essa fase na carreira de Volpi e usou cores que dificultam exames em laboratório. No final da década de 1950, Volpi criou uma série de composições em estilo concretista. Não foram muitas, e uma única delas nunca foi vendida, tendo ficado pendurada na sala de sua casa no centro paulistano até a sua morte. Essa tela com quadrados brancos sobre fundo vermelho é a que veio à tona agora, só que transformada num quadro preto com os quadrados divididos ao meio, uma metade azul e outra branca. De acordo com Eva Kaiser Mori, perita do departamento de física nuclear da USP, a espessa tinta preta usada na falsificação impede que uma análise com raios infravermelhos mostre o esboço da composição original a lápis que Volpi fazia antes de pintar. A análise serviria de prova que a composição com triângulos nunca foi a verdadeira. Um estudo detalhado do verso da obra também elimina qualquer dúvida que o quadro em questão já tinha sido catalogado pelo Instituto Volpi -a posição e inclinação da assinatura no verso e marcas antigas de pregos e defeitos na trama de linho da tela são idênticas às da obra original. Outro dado importante é que a análise das camadas de tinta do quadro mostra um complexo jogo em que Volpi pintou vermelho sobre branco e branco sobre vermelho, criando uma vibração cromática única, algo que não teria razão de ser caso a ideia fosse cobrir tudo de preto depois. MAQUIAGEM DEFINITIVA Mesmo destruída, essa é a 11ª das 47 obras desaparecidas do pintor a ser encontrada. Quando Volpi morreu, em 1988. as obras que estavam em seu ateliê ficaram com sua filha mais velha, Eugênia Maria. Ela alega que elas foram furtadas de sua casa há 11 anos, embora, segundo Mastrobuono, recibos de venda de algumas delas tenham a sua assinatura. Eugênia Maria, que não foi localizada até a conclusão desta edição, é alvo de ação judicial pela suspeita de não partilhar valores arrecadados com direitos autorais e ocultar parte do patrimônio do pai, lesando a irmã mais nova, Djanira Volpi, que trabalha como empregada doméstica. O temor de especialistas é que as 36 telas do artista ainda desaparecidas possam ter sofrido a mesma maquiagem que destruiu esta última. Segundo a perícia, a tinta preta usada na falsificação penetrou fundo no tecido da tela, preenchendo as fissuras causadas pelo envelhecimento da tinta original, o que torna muito difícil a remoção dessa nova camada de cor.
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Comunicação fica mais difícil com excesso de tecnologia, afirma leitora
Comunico ao leitor João Manuel F. S. C. Maio que pertenço à velha guarda, sou saudosista em alguns aspectos, mas utilizo bem celulares e tablets e acesso as redes sociais com parcimônia (Painel do Leitor ). Concordo que o excesso de tecnologia utilizada pelos jovens tem provocado grandes dificuldades na comunicação verbal e escrita da norma culta da língua portuguesa. E uma das causas da violência, sem sombra de dúvida, é a falta de comunicação. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Comunicação fica mais difícil com excesso de tecnologia, afirma leitoraComunico ao leitor João Manuel F. S. C. Maio que pertenço à velha guarda, sou saudosista em alguns aspectos, mas utilizo bem celulares e tablets e acesso as redes sociais com parcimônia (Painel do Leitor ). Concordo que o excesso de tecnologia utilizada pelos jovens tem provocado grandes dificuldades na comunicação verbal e escrita da norma culta da língua portuguesa. E uma das causas da violência, sem sombra de dúvida, é a falta de comunicação. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Renan encontrará resistência para ser líder de partido
A intenção de Renan Calheiros (AL) de manter uma função de proa ao deixar a presidência do Senado, em fevereiro, esbarra em seu próprio partido, o PMDB. Há dois meses era certa a sua ida para a liderança do PMDB, dono da maior bancada no Senado, mas atualmente há resistências. Segundo relatos, os senadores Raimundo Lira (PB), Waldemir Moka (MS) e Eduardo Braga (AM) têm interesse em comandar a legenda no ano que vem. Adversários de Renan, alvo da Operação Lava Jato, dizem que ele tem uma pauta específica contra o Judiciário e o Ministério Público. O peemedebista terminou seu período na presidência do Senado sem conseguir votar, por exemplo, seu projeto de abuso de autoridade. Essa pauta, no entanto, não seria uma prioridade para os outros 18 senadores da bancada do PMDB. Para não contaminar sua candidatura à presidência do Senado –sem concorrência relevante até agora– com a polêmica envolvendo a disputa pela liderança, Eunício Oliveira (CE) deve deixar para depois das férias nos Estados Unidos, nos primeiros dias de janeiro, a confirmação oficial de que disputará o comando da Casa. No entanto, aliados dizem que ele tem mantido conversas com senadores e com o presidente Michel Temer, além de já negociar posições na Mesa Diretora. Atual líder do PMDB, Eunício não quis falar sobre a sua sucessão na liderança afirmando que esse assunto cabe apenas à bancada.
poder
Renan encontrará resistência para ser líder de partidoA intenção de Renan Calheiros (AL) de manter uma função de proa ao deixar a presidência do Senado, em fevereiro, esbarra em seu próprio partido, o PMDB. Há dois meses era certa a sua ida para a liderança do PMDB, dono da maior bancada no Senado, mas atualmente há resistências. Segundo relatos, os senadores Raimundo Lira (PB), Waldemir Moka (MS) e Eduardo Braga (AM) têm interesse em comandar a legenda no ano que vem. Adversários de Renan, alvo da Operação Lava Jato, dizem que ele tem uma pauta específica contra o Judiciário e o Ministério Público. O peemedebista terminou seu período na presidência do Senado sem conseguir votar, por exemplo, seu projeto de abuso de autoridade. Essa pauta, no entanto, não seria uma prioridade para os outros 18 senadores da bancada do PMDB. Para não contaminar sua candidatura à presidência do Senado –sem concorrência relevante até agora– com a polêmica envolvendo a disputa pela liderança, Eunício Oliveira (CE) deve deixar para depois das férias nos Estados Unidos, nos primeiros dias de janeiro, a confirmação oficial de que disputará o comando da Casa. No entanto, aliados dizem que ele tem mantido conversas com senadores e com o presidente Michel Temer, além de já negociar posições na Mesa Diretora. Atual líder do PMDB, Eunício não quis falar sobre a sua sucessão na liderança afirmando que esse assunto cabe apenas à bancada.
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Conheça oito jovens chefs que unem preço, informalidade e ousadia em SP
LUIZA FECAROTTA CRÍTICA DA FOLHA MAGÊ FLORES DE SÃO PAULO A culpa nunca é da faca, escreveu Daniel Boulud, um dos cozinheiros mais celebrados do mundo, em suas cartas a um jovem cozinheiro. Ele falou dos mandamentos de um chef (afiar suas facas deve ser um ritual diário), das dores e das delícias do trabalho e da importância de topar qualquer trabalho. Se olharmos para a São Paulo de hoje, quem são os personagens que têm construído a gastronomia? Essa gastronomia que tem se mostrado técnica, mas descomplicada e mais aconchegante, que busca produtos frescos, salões informais e preços mais brandos. A sãopaulo selecionou oito jovens que andam com a barriga colada nos fogões, fazendo um trabalho sólido, ousado, como Frederico Caffarena em seu oriental Firin Salonu. "Tento fazer uma cozinha um pouco mais moderna, não ficar preso ao mesmo modelo." Completam a lista a confeitaria leve de Vivianne Wakuda, a moderna cozinha coreana de Paulo Shin, a autêntica peruana de Marisabel Woodman, a simples e de raiz francesa de Caio Ottoboni, a de bom custo-benefício do hortelão Victor Dimitrow, a de ingredientes preparados a lenha de Pablo Inca e a reconfortante e asiática de Thiago Bañares.
saopaulo
Conheça oito jovens chefs que unem preço, informalidade e ousadia em SPLUIZA FECAROTTA CRÍTICA DA FOLHA MAGÊ FLORES DE SÃO PAULO A culpa nunca é da faca, escreveu Daniel Boulud, um dos cozinheiros mais celebrados do mundo, em suas cartas a um jovem cozinheiro. Ele falou dos mandamentos de um chef (afiar suas facas deve ser um ritual diário), das dores e das delícias do trabalho e da importância de topar qualquer trabalho. Se olharmos para a São Paulo de hoje, quem são os personagens que têm construído a gastronomia? Essa gastronomia que tem se mostrado técnica, mas descomplicada e mais aconchegante, que busca produtos frescos, salões informais e preços mais brandos. A sãopaulo selecionou oito jovens que andam com a barriga colada nos fogões, fazendo um trabalho sólido, ousado, como Frederico Caffarena em seu oriental Firin Salonu. "Tento fazer uma cozinha um pouco mais moderna, não ficar preso ao mesmo modelo." Completam a lista a confeitaria leve de Vivianne Wakuda, a moderna cozinha coreana de Paulo Shin, a autêntica peruana de Marisabel Woodman, a simples e de raiz francesa de Caio Ottoboni, a de bom custo-benefício do hortelão Victor Dimitrow, a de ingredientes preparados a lenha de Pablo Inca e a reconfortante e asiática de Thiago Bañares.
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Série 'The Get Down' e filme Deadpool são boas opções em serviços de streaming
DE SÃO PAULO Para aproveitar a semana sem precisar sair de casa, a sãopaulo selecionou dois programas disponíveis em serviços sob demanda. Confira. * CAFONA E MARAVILHOSO Trailer da série 'The Get Down', do Netflix Não desanime no primeiro episódio de "The Get Down", a nova superprodução da Netflix. A série, que conta a história do surgimento do hip-hop no Bronx, em Nova York, nos anos 1970, começa devagar: um capítulo de uma hora e meia, com atuações forçadas e estética cafona. Mas as coisas melhoram (e muito!) e, ao chegar ao sexto episódio -o último da temporada-, você já estará com saudades de Zeke e sua turma (foto). Está liberado assistir mais de uma vez. The Get Down. Com Justice Smith e Herizen Guardiola, disponível na Netflix, seis episódios ANTI-HERÓI Trailer do filme 'Deadpool' Entre uma briga e outra, o mascarado Deadpool solta piadas ácidas e sonha em reencontrar sua namorada. As razões que o levaram a sair por aí quebrando carros e a ganhar superpoderes são explicadas aos poucos, pinceladas entre diálogos repletos de sarcasmo e nonsense. Um anti-herói da Marvel que certamente aparecerá em mais filmes. Deadpool (108 min.), com Ryan Reynolds e Morena Baccarin, disponível no Google Play (R$ 6,90)
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Série 'The Get Down' e filme Deadpool são boas opções em serviços de streamingDE SÃO PAULO Para aproveitar a semana sem precisar sair de casa, a sãopaulo selecionou dois programas disponíveis em serviços sob demanda. Confira. * CAFONA E MARAVILHOSO Trailer da série 'The Get Down', do Netflix Não desanime no primeiro episódio de "The Get Down", a nova superprodução da Netflix. A série, que conta a história do surgimento do hip-hop no Bronx, em Nova York, nos anos 1970, começa devagar: um capítulo de uma hora e meia, com atuações forçadas e estética cafona. Mas as coisas melhoram (e muito!) e, ao chegar ao sexto episódio -o último da temporada-, você já estará com saudades de Zeke e sua turma (foto). Está liberado assistir mais de uma vez. The Get Down. Com Justice Smith e Herizen Guardiola, disponível na Netflix, seis episódios ANTI-HERÓI Trailer do filme 'Deadpool' Entre uma briga e outra, o mascarado Deadpool solta piadas ácidas e sonha em reencontrar sua namorada. As razões que o levaram a sair por aí quebrando carros e a ganhar superpoderes são explicadas aos poucos, pinceladas entre diálogos repletos de sarcasmo e nonsense. Um anti-herói da Marvel que certamente aparecerá em mais filmes. Deadpool (108 min.), com Ryan Reynolds e Morena Baccarin, disponível no Google Play (R$ 6,90)
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Sargento Pimenta, Gandhy e boneco de Olinda: os blocos de segunda no país
Prepare-se para gritar "Ajaiô", embalar ao som de canções dos Beatles ou misturar-se em maio aos bonecos de Olinda. Nesta segunda (27) de Carnaval, blocos como o Sargento Pimenta e Bloco de Segunda tomam conta das ruas do Rio. Em Salvador, os filhos de Gandhy formam o tapete branco da paz no Barra-Ondina, mesmo circuito onde também se apresentam artistas como Durval Lélys, Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Bell Marques. No Recife, a festa abre alas para os blocos líricos, acompanhados de orquestra e fantasias luxuosas, relembrando os antigos carnavais. Na vizinha Olinda, não se surpreenda se topar com Donald Trump, em sua versão boneco, confraternizando com um mexicano vestindo um tradicional sombrero. Confira os principais blocos desta segunda: RIO - Sargento Pimenta (8h, Aterro do Flamengo) Assim que nasceu, em 2011, o bloco Sargento Pimenta levou o bairro de Botafogo ao colapso. Milhares de foliões se reuniram para conferir a novidade da cidade, o bloco que tocava clássicos dos Beatles. O bairro, contudo, não suportou tanta gente. O bloco então foi transferido para o Aterro do Flamengo, que tem mais espaço. A previsão é que até 180 mil pessoas devam participar do cortejo este ano. Dica: roupas leves e muita hidratação porque no Aterro há poucas sombras. O destaque do bloco são fantasias de ícones da cultura pop. - Bloco de Segunda (16h, Botafogo) É opção para aqueles que estão sem programa, depois de dois dias seguidos de folia. Foliões tomam as ruas de Botafogo, bairro da zona sul com boas opções de transporte e de fácil acesso. Durante muito tempo era a principal opção do dia. Com a popularização do Carnaval, deixou de ser única opção, mas ainda é uma saída para quem quiser curtir a folia na cidade. Como fica próximo ao centro comercial, é opção também para quem quiser sentar num barzinho e ver o cortejo passar. Rua Marquês, atrás da Cobal do Humaitá. SALVADOR - Filhos de Gandhy (15h45, circuito Barra-Ondina) Conhecido como o "tapete branco da paz", o Filhos de Gandhy desfila no circuito Barra-Ondina. É um dos blocos mais antigos de Salvador: foi fundado por estivadores em 1949. Tornou-se o principal afoxé do Carnaval, chegando a desfilar com 15 mil associados, com um desfile marcado pelos cânticos de ijexá na língua Iorubá, ritmados pelo toque do agogô. O bloco é restrito para homens e inspirado nos princípios de não violência e paz de Mahatma Gandhi. A fantasia é formada por lençóis e toalhas brancas, simbolizando as vestes indianas. O traje ainda influi colares de contas brancas e azuis, simbolizando o orixá Oxalá. Para as mulheres, a opção são as Filhas de Gandhy, que desfilam no mesmo dia do bloco dos homens. - Mudança do Garcia (15h30, circuito Campo Grande) É o mais tradicional espaço de protestos do Carnaval de Salvador. Este ano, desfila sob comando da cantora Claudia Costa no circuito Campo Grande, com saída no bairro do Garcia. O bloco é aberto ao público e dá espaço a todo tipo de protesto, apesar de nos últimos anos ter se tornado reduto de grupos e partidos de esquerda. É um dos blocos mais antigos de Salvador: foi fundado em 1930. RECIFE/OLINDA - Bonecos de Olinda (8h, Olinda) Símbolos do Carnaval pernambucano, os bonecos gigantes se encontram em Olinda. Mais de 80 alegorias representando políticos, artistas, atletas, jornalistas e outras personalidades percorrerão as ruas do Sítio Histórico da cidade. Entre as estreias deste ano estão o presidente dos EUA, Donald Trump, e o procurador da República Deltan Dallagnol. - Blocos Líricos (17h30, Recife Antigo) Entre os trilhos dos velhos bondes e sob o pôr do sol, se apresentarão os famosos blocos líricos. Com fantasias luxuosas e acompanhados de uma orquestra de pau e corda os grupos trarão para o século 21 os carnavais das décadas de 1930 e 1940. BELO HORIZONTE - Baianas Ozadas (9h, Praça da Liberdade) Maior bloco de BH, que arrastou 300 mil pessoas no ano passado, desfilou pela primeira vez em 2013 e é uma homenagem à cultura e à música baianas. Os participantes usam saia e turbante. Neste ano, o bloco homenageia o músico Moraes Moreira. Busca Blocos
cotidiano
Sargento Pimenta, Gandhy e boneco de Olinda: os blocos de segunda no paísPrepare-se para gritar "Ajaiô", embalar ao som de canções dos Beatles ou misturar-se em maio aos bonecos de Olinda. Nesta segunda (27) de Carnaval, blocos como o Sargento Pimenta e Bloco de Segunda tomam conta das ruas do Rio. Em Salvador, os filhos de Gandhy formam o tapete branco da paz no Barra-Ondina, mesmo circuito onde também se apresentam artistas como Durval Lélys, Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Bell Marques. No Recife, a festa abre alas para os blocos líricos, acompanhados de orquestra e fantasias luxuosas, relembrando os antigos carnavais. Na vizinha Olinda, não se surpreenda se topar com Donald Trump, em sua versão boneco, confraternizando com um mexicano vestindo um tradicional sombrero. Confira os principais blocos desta segunda: RIO - Sargento Pimenta (8h, Aterro do Flamengo) Assim que nasceu, em 2011, o bloco Sargento Pimenta levou o bairro de Botafogo ao colapso. Milhares de foliões se reuniram para conferir a novidade da cidade, o bloco que tocava clássicos dos Beatles. O bairro, contudo, não suportou tanta gente. O bloco então foi transferido para o Aterro do Flamengo, que tem mais espaço. A previsão é que até 180 mil pessoas devam participar do cortejo este ano. Dica: roupas leves e muita hidratação porque no Aterro há poucas sombras. O destaque do bloco são fantasias de ícones da cultura pop. - Bloco de Segunda (16h, Botafogo) É opção para aqueles que estão sem programa, depois de dois dias seguidos de folia. Foliões tomam as ruas de Botafogo, bairro da zona sul com boas opções de transporte e de fácil acesso. Durante muito tempo era a principal opção do dia. Com a popularização do Carnaval, deixou de ser única opção, mas ainda é uma saída para quem quiser curtir a folia na cidade. Como fica próximo ao centro comercial, é opção também para quem quiser sentar num barzinho e ver o cortejo passar. Rua Marquês, atrás da Cobal do Humaitá. SALVADOR - Filhos de Gandhy (15h45, circuito Barra-Ondina) Conhecido como o "tapete branco da paz", o Filhos de Gandhy desfila no circuito Barra-Ondina. É um dos blocos mais antigos de Salvador: foi fundado por estivadores em 1949. Tornou-se o principal afoxé do Carnaval, chegando a desfilar com 15 mil associados, com um desfile marcado pelos cânticos de ijexá na língua Iorubá, ritmados pelo toque do agogô. O bloco é restrito para homens e inspirado nos princípios de não violência e paz de Mahatma Gandhi. A fantasia é formada por lençóis e toalhas brancas, simbolizando as vestes indianas. O traje ainda influi colares de contas brancas e azuis, simbolizando o orixá Oxalá. Para as mulheres, a opção são as Filhas de Gandhy, que desfilam no mesmo dia do bloco dos homens. - Mudança do Garcia (15h30, circuito Campo Grande) É o mais tradicional espaço de protestos do Carnaval de Salvador. Este ano, desfila sob comando da cantora Claudia Costa no circuito Campo Grande, com saída no bairro do Garcia. O bloco é aberto ao público e dá espaço a todo tipo de protesto, apesar de nos últimos anos ter se tornado reduto de grupos e partidos de esquerda. É um dos blocos mais antigos de Salvador: foi fundado em 1930. RECIFE/OLINDA - Bonecos de Olinda (8h, Olinda) Símbolos do Carnaval pernambucano, os bonecos gigantes se encontram em Olinda. Mais de 80 alegorias representando políticos, artistas, atletas, jornalistas e outras personalidades percorrerão as ruas do Sítio Histórico da cidade. Entre as estreias deste ano estão o presidente dos EUA, Donald Trump, e o procurador da República Deltan Dallagnol. - Blocos Líricos (17h30, Recife Antigo) Entre os trilhos dos velhos bondes e sob o pôr do sol, se apresentarão os famosos blocos líricos. Com fantasias luxuosas e acompanhados de uma orquestra de pau e corda os grupos trarão para o século 21 os carnavais das décadas de 1930 e 1940. BELO HORIZONTE - Baianas Ozadas (9h, Praça da Liberdade) Maior bloco de BH, que arrastou 300 mil pessoas no ano passado, desfilou pela primeira vez em 2013 e é uma homenagem à cultura e à música baianas. Os participantes usam saia e turbante. Neste ano, o bloco homenageia o músico Moraes Moreira. Busca Blocos
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Grammy anuncia votação online e mudança na categoria 'Álbum do Ano'
A Academia anunciou novas mudanças nesta quarta-feira (14), na qual a premiação de 2018 terá votação online para os 13 mil membros e incluirá músicas e álbuns lançados entre 1º de outubro de 2016 e 30 de setembro de 2017. Bill Freimuth, vice-presidente sênior de premiação da academia, disse que com a mudança a academia espera atrair eleitores mais jovens e músicos em turnê que estão longe de casa durante a temporada de votação. Freimuth disse que havia preocupações com questões de segurança, mas acrescentou que "tudo foi feito para que possamos garantir que a integridade do sistema seja preservada". Outra mudança importante é a adição de compositores aos candidatos para a categoria de "Álbum do Ano", que anteriormente era reservado para artistas, produtores e engenheiros de som. No entanto, todos os participantes do álbum devem ser creditados com pelo menos 33% ou mais tempo de reprodução no álbum para ser elegível para indicação. Antes da nova regra, todos os participantes de um álbum ganhariam uma indicação ao álbum do ano, mesmo que eles trabalhassem em apenas uma música. A mudança de regra do álbum do ano afetaria principalmente os gêneros pop, rap e os álbuns de R&B contemporâneos, onde os produtores normalmente variam ao longo do projeto. Ao contrário dos álbuns de country e rock, que contam com menor número de produtores. O álbum de Adele "25" que ganhou o maior prêmio em fevereiro, teve 11 produtores. "Lemonade" de Beyonce, "Views" de Drake e "Purpose" de Justin Bieber – indicados em 2017 para o álbum do ano - contava com pelo menos 20 produtores creditados. "A participação em uma única faixa em um álbum de 12 ou 15 pistas realmente significa que eles realmente trabalharam no álbum? Quando foi colocado, a maioria das pessoas afirmava que não", disse Freimuth. Se a nova regra tivesse sido implementada neste ano, Bruno Mars e Ryan Tedder não teriam ganhado Grammys por seus trabalhos de produção no álbum de Adele, por exemplo. Freimuth acrescentou que compositores e produtores que trabalham em um grande sucesso em um álbum poderiam ganhar uma indicação para o recorde ou a música do ano para sua música. O Grammy tem 83 categorias. Os candidatos serão anunciados no dia 28 de novembro e a 60ª edição dos prêmios acontecerá no Madison Square Garden, em Nova York, no dia 28 de janeiro de 2018.
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Grammy anuncia votação online e mudança na categoria 'Álbum do Ano'A Academia anunciou novas mudanças nesta quarta-feira (14), na qual a premiação de 2018 terá votação online para os 13 mil membros e incluirá músicas e álbuns lançados entre 1º de outubro de 2016 e 30 de setembro de 2017. Bill Freimuth, vice-presidente sênior de premiação da academia, disse que com a mudança a academia espera atrair eleitores mais jovens e músicos em turnê que estão longe de casa durante a temporada de votação. Freimuth disse que havia preocupações com questões de segurança, mas acrescentou que "tudo foi feito para que possamos garantir que a integridade do sistema seja preservada". Outra mudança importante é a adição de compositores aos candidatos para a categoria de "Álbum do Ano", que anteriormente era reservado para artistas, produtores e engenheiros de som. No entanto, todos os participantes do álbum devem ser creditados com pelo menos 33% ou mais tempo de reprodução no álbum para ser elegível para indicação. Antes da nova regra, todos os participantes de um álbum ganhariam uma indicação ao álbum do ano, mesmo que eles trabalhassem em apenas uma música. A mudança de regra do álbum do ano afetaria principalmente os gêneros pop, rap e os álbuns de R&B contemporâneos, onde os produtores normalmente variam ao longo do projeto. Ao contrário dos álbuns de country e rock, que contam com menor número de produtores. O álbum de Adele "25" que ganhou o maior prêmio em fevereiro, teve 11 produtores. "Lemonade" de Beyonce, "Views" de Drake e "Purpose" de Justin Bieber – indicados em 2017 para o álbum do ano - contava com pelo menos 20 produtores creditados. "A participação em uma única faixa em um álbum de 12 ou 15 pistas realmente significa que eles realmente trabalharam no álbum? Quando foi colocado, a maioria das pessoas afirmava que não", disse Freimuth. Se a nova regra tivesse sido implementada neste ano, Bruno Mars e Ryan Tedder não teriam ganhado Grammys por seus trabalhos de produção no álbum de Adele, por exemplo. Freimuth acrescentou que compositores e produtores que trabalham em um grande sucesso em um álbum poderiam ganhar uma indicação para o recorde ou a música do ano para sua música. O Grammy tem 83 categorias. Os candidatos serão anunciados no dia 28 de novembro e a 60ª edição dos prêmios acontecerá no Madison Square Garden, em Nova York, no dia 28 de janeiro de 2018.
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Escritores consagrados ajudam novos talentos com oficinas
NINA RAHE DE SÃO PAULO Desde que estreou na literatura, em 1997, Ivana Arruda Leite publicou sete livros, entre contos e romances. Mas depois de um período fértil —em que contabiliza também cinco publicações no gênero infantojuvenil— a escritora de 64 anos se viu às voltas com uma página em branco que custava a preencher. Diante do bloqueio criativo, resolveu "começar do zero", como aluna de uma oficina literária. A primeira aula já foi suficiente para, com inspiração renovada, iniciar seu último romance —cujos detalhes ela ainda prefere manter em segredo. Os cursos de escrita criativa, que para Ivana serviram como recomeço, também são oportunidade para alavancar novos talentos literários na cidade. O livro "Sem Vista para O Mar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2015 na categoria "Contos e Crônicas", foi gestado por Caroline Rodrigues durante um ano de oficina com Marcelino Freire. Entre os nomes que despontaram com a ajuda de workshops de criação também estão Sheyla Smanioto, vencedora do Prêmio Sesc de Literatura com "Desesterro"(2015) e Flávio Cafiero, de quem o primeiro romance, "O Frio Aqui Fora", foi indicado aos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura. Para autores já consolidados, ministrar aulas também é um jeito de se aprimorar. Após passar pela experiência como aluna, Ivana decidiu realizar seu próprio workshop, ao lado da colega —e ex­-professora— Noemi Jaffe. Autora de títulos premiados, como "O que Os Cegos Estão Sonhando", Noemi diz que não conseguiria escrever sem elas. "Os cursos me obrigam a ler o tempo todo e buscar fontes novas para os exercícios." Lourenço Mutarelli, que também integra o time de educadores, costuma dizer, durante as férias, que está desempregado —as oficinas são sua principal fonte de renda. Para quem se animou, a sãopaulo reuniu os principais cursos de escritores da cena literária paulistana. Confira as opções a seguir. * FABRÍCIO CORSALETTI De tanto aplicá-los em sala de aula, o escritor diz já ter decorado alguns contos do russo Anton Tchekhov e do norte-americano Raymond Carver, além de crônicas do brasileiro Rubem Braga. "Minhas análises se aprofundaram bastante com as repetidas leituras em voz alta", conta ele, também colunista da sãopaulo. Em "Três Contos, Seis Encontros", curso que acontece em junho no Espaço Cult, Corsaletti irá alternar análises de obras de Tchekhov, Carver e Roberto Bolaño com discussões sobre textos produzidos pelos participantes. O curso promete abordar questões de gênero, estilo e linguagem. Espaço Revista Cult - r. Aspicuelta, 99, Alto de Pinheiros, tel. 4371-4278. Três Contos, Seis Encontros: quartas e sextas, de 01/06 a 17/06, das 20h às 22h. R$ 600 * LOURENÇO MUTARELLI O escritor, que despontou como quadrinista e hoje possui sete romances publicados, realiza oficinas há quase cinco anos. No curso "Caderno de Recortes", que ocorre no Sesc Pompeia a partir de abril, ele utiliza colagens como parte do processo criativo. A ideia de Mutarelli é que os alunos colecionem, entre outros artigos, panfletos distribuídos nas ruas —como anúncios de cartomantes, prédios e dentistas­— e os colem no papel de maneira aleatória. O material será a base para a produção de textos, a exemplo da criação do próprio autor, que utiliza o método em seu novo romance para construir os sonhos do protagonista. Sesc Pompeia - r. Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700. Caderno de Recortes: Processo Criativo: sextas, de 01/04 a 15/07, das 19h às 22h. R$ 24 a R$ 80. * IVANA ARRUDA LEITE Em sua primeira aula, a escritora partiu da afirmação de Umberto Eco de que o único registro que escrevemos para nós mesmos é a lista de supermercado e propôs aos alunos que desenvolvessem uma lista de compras ficcional. Ivana abriu sua casa, em Pinheiros, para duas classes divididas entre "iniciantes" e "iniciados" —ambas sem base teórica, focadas essencialmente na prática. As oficinas comportam apenas seis alunos e já estão com as vagas esgotadas. Há previsão de novas turmas para o segundo semestre, além de intensivos de uma semana em junho e julho. Intensivo de Escrita Criativa e Literária: De 13 a 17/6 e de 11 a 15/7. R$ 1.000. Os encontros ocorrem na casa da escritora em horários a definir; informações pelo e-mail [email protected] * JOÃO SILVÉRIO TREVISAN Considerado um dos pioneiros, o autor realizou a primeira oficina no fim da década de 1980, tendo entre seus alunos nomes como João Anzanello Carrascoza e Nelson de Oliveira. Atualmente, Trevisan ministra aulas em sua própria casa para um grupo de até doze pessoas. Com a turma que se inicia no dia 15, com aulas até junho, o escritor pretende partilhar as etapas de criação de seu próximo romance, em andamento. "A importância da escritura encontra-se no mergulho interior que ela permite e, de certo modo, exige", afirma Trevisan na página da oficina, ressaltando que o treinamento não visa, necessariamente, a profissionalização literária. Oficina Literária de João Silvério Trevisan: terças, das 19h30 às 22h30, de 15/3 a 28/6. R$ 1.000. Aulas ministradas na casa do escritor; informações [email protected]. * NOEMI JAFFE Em módulos semestrais, a autora enfatiza diferentes tópicos da narrativa (como personagem, tempo, espaço, diálogo e conflitos) e seleciona textos de escritores consagrados para exemplificá-los. Também pede aos alunos que desenvolvam pequenos contos e crônicas utilizando as noções discutidas em sala. O objetivo, segundo informações do curso, é estimular variedades de experiência com o texto para que os alunos desenvolvam a escrita criativa. Os cursos "Princípios da Escrita Criativa 1 e 2", realizados na Casa do Saber, começam no dia 23/3. Noemi também abrirá vagas para o segundo semestre no espaço "Casa Bem-te-vi", na Vila Beatriz. Casa do Saber - r. Dr. Mario Ferraz, 414, tel. 3707-8900. Princípios da Escrita Criativa 1: quartas, das 17h às 19h, de 23/3 a 11/5. 5x de R$ 272; Princípios da Escrita Criativa 2: quartas, das 20h às 22h, de 23/3 a 11/5. 5x de R$ 272. * MARCELINO FREIRE Professor regular do Centro Cultural B_arco desde 2006, o escritor diz planejar seus exercícios de acordo com as necessidades da turma —sempre com 15 participantes. Diante de um grupo de alunos mais travado, por exemplo, ele chegou a convidar para a sala uma senhora de 70 anos que trabalhava como modelo vivo e pediu que escrevessem algo a partir da observação da mulher, nua. Todos os participantes recebem também a incumbência de se aprofundar na obra de autores que Marcelino chama de "padrinhos" (nomes como Campos de Carvalho e Hilda Hilst). O curso para o primeiro semestre já está encerrado, mas novas turmas estão previstas para agosto. Centro Cultural B_arco - r. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros, tel. 3081-6986. Toca: Oficina de Criação Literária: novas turmas estão previstas para agosto. R$ 2.700 à vista ou 5x R$ 580 (preço do curso atual, com vagas esgotadas).
saopaulo
Escritores consagrados ajudam novos talentos com oficinasNINA RAHE DE SÃO PAULO Desde que estreou na literatura, em 1997, Ivana Arruda Leite publicou sete livros, entre contos e romances. Mas depois de um período fértil —em que contabiliza também cinco publicações no gênero infantojuvenil— a escritora de 64 anos se viu às voltas com uma página em branco que custava a preencher. Diante do bloqueio criativo, resolveu "começar do zero", como aluna de uma oficina literária. A primeira aula já foi suficiente para, com inspiração renovada, iniciar seu último romance —cujos detalhes ela ainda prefere manter em segredo. Os cursos de escrita criativa, que para Ivana serviram como recomeço, também são oportunidade para alavancar novos talentos literários na cidade. O livro "Sem Vista para O Mar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2015 na categoria "Contos e Crônicas", foi gestado por Caroline Rodrigues durante um ano de oficina com Marcelino Freire. Entre os nomes que despontaram com a ajuda de workshops de criação também estão Sheyla Smanioto, vencedora do Prêmio Sesc de Literatura com "Desesterro"(2015) e Flávio Cafiero, de quem o primeiro romance, "O Frio Aqui Fora", foi indicado aos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura. Para autores já consolidados, ministrar aulas também é um jeito de se aprimorar. Após passar pela experiência como aluna, Ivana decidiu realizar seu próprio workshop, ao lado da colega —e ex­-professora— Noemi Jaffe. Autora de títulos premiados, como "O que Os Cegos Estão Sonhando", Noemi diz que não conseguiria escrever sem elas. "Os cursos me obrigam a ler o tempo todo e buscar fontes novas para os exercícios." Lourenço Mutarelli, que também integra o time de educadores, costuma dizer, durante as férias, que está desempregado —as oficinas são sua principal fonte de renda. Para quem se animou, a sãopaulo reuniu os principais cursos de escritores da cena literária paulistana. Confira as opções a seguir. * FABRÍCIO CORSALETTI De tanto aplicá-los em sala de aula, o escritor diz já ter decorado alguns contos do russo Anton Tchekhov e do norte-americano Raymond Carver, além de crônicas do brasileiro Rubem Braga. "Minhas análises se aprofundaram bastante com as repetidas leituras em voz alta", conta ele, também colunista da sãopaulo. Em "Três Contos, Seis Encontros", curso que acontece em junho no Espaço Cult, Corsaletti irá alternar análises de obras de Tchekhov, Carver e Roberto Bolaño com discussões sobre textos produzidos pelos participantes. O curso promete abordar questões de gênero, estilo e linguagem. Espaço Revista Cult - r. Aspicuelta, 99, Alto de Pinheiros, tel. 4371-4278. Três Contos, Seis Encontros: quartas e sextas, de 01/06 a 17/06, das 20h às 22h. R$ 600 * LOURENÇO MUTARELLI O escritor, que despontou como quadrinista e hoje possui sete romances publicados, realiza oficinas há quase cinco anos. No curso "Caderno de Recortes", que ocorre no Sesc Pompeia a partir de abril, ele utiliza colagens como parte do processo criativo. A ideia de Mutarelli é que os alunos colecionem, entre outros artigos, panfletos distribuídos nas ruas —como anúncios de cartomantes, prédios e dentistas­— e os colem no papel de maneira aleatória. O material será a base para a produção de textos, a exemplo da criação do próprio autor, que utiliza o método em seu novo romance para construir os sonhos do protagonista. Sesc Pompeia - r. Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700. Caderno de Recortes: Processo Criativo: sextas, de 01/04 a 15/07, das 19h às 22h. R$ 24 a R$ 80. * IVANA ARRUDA LEITE Em sua primeira aula, a escritora partiu da afirmação de Umberto Eco de que o único registro que escrevemos para nós mesmos é a lista de supermercado e propôs aos alunos que desenvolvessem uma lista de compras ficcional. Ivana abriu sua casa, em Pinheiros, para duas classes divididas entre "iniciantes" e "iniciados" —ambas sem base teórica, focadas essencialmente na prática. As oficinas comportam apenas seis alunos e já estão com as vagas esgotadas. Há previsão de novas turmas para o segundo semestre, além de intensivos de uma semana em junho e julho. Intensivo de Escrita Criativa e Literária: De 13 a 17/6 e de 11 a 15/7. R$ 1.000. Os encontros ocorrem na casa da escritora em horários a definir; informações pelo e-mail [email protected] * JOÃO SILVÉRIO TREVISAN Considerado um dos pioneiros, o autor realizou a primeira oficina no fim da década de 1980, tendo entre seus alunos nomes como João Anzanello Carrascoza e Nelson de Oliveira. Atualmente, Trevisan ministra aulas em sua própria casa para um grupo de até doze pessoas. Com a turma que se inicia no dia 15, com aulas até junho, o escritor pretende partilhar as etapas de criação de seu próximo romance, em andamento. "A importância da escritura encontra-se no mergulho interior que ela permite e, de certo modo, exige", afirma Trevisan na página da oficina, ressaltando que o treinamento não visa, necessariamente, a profissionalização literária. Oficina Literária de João Silvério Trevisan: terças, das 19h30 às 22h30, de 15/3 a 28/6. R$ 1.000. Aulas ministradas na casa do escritor; informações [email protected]. * NOEMI JAFFE Em módulos semestrais, a autora enfatiza diferentes tópicos da narrativa (como personagem, tempo, espaço, diálogo e conflitos) e seleciona textos de escritores consagrados para exemplificá-los. Também pede aos alunos que desenvolvam pequenos contos e crônicas utilizando as noções discutidas em sala. O objetivo, segundo informações do curso, é estimular variedades de experiência com o texto para que os alunos desenvolvam a escrita criativa. Os cursos "Princípios da Escrita Criativa 1 e 2", realizados na Casa do Saber, começam no dia 23/3. Noemi também abrirá vagas para o segundo semestre no espaço "Casa Bem-te-vi", na Vila Beatriz. Casa do Saber - r. Dr. Mario Ferraz, 414, tel. 3707-8900. Princípios da Escrita Criativa 1: quartas, das 17h às 19h, de 23/3 a 11/5. 5x de R$ 272; Princípios da Escrita Criativa 2: quartas, das 20h às 22h, de 23/3 a 11/5. 5x de R$ 272. * MARCELINO FREIRE Professor regular do Centro Cultural B_arco desde 2006, o escritor diz planejar seus exercícios de acordo com as necessidades da turma —sempre com 15 participantes. Diante de um grupo de alunos mais travado, por exemplo, ele chegou a convidar para a sala uma senhora de 70 anos que trabalhava como modelo vivo e pediu que escrevessem algo a partir da observação da mulher, nua. Todos os participantes recebem também a incumbência de se aprofundar na obra de autores que Marcelino chama de "padrinhos" (nomes como Campos de Carvalho e Hilda Hilst). O curso para o primeiro semestre já está encerrado, mas novas turmas estão previstas para agosto. Centro Cultural B_arco - r. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros, tel. 3081-6986. Toca: Oficina de Criação Literária: novas turmas estão previstas para agosto. R$ 2.700 à vista ou 5x R$ 580 (preço do curso atual, com vagas esgotadas).
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João Francisco Motta Fierro: Não somos civilizados com os animais
Não estamos sozinhos no mundo, mas parece que nos esquecemos disso. Temos atitudes que beiram a incivilidade, sobretudo no tratamento dispensado aos animais. Esqueçam as amenidades que lemos nas "seções Pet". A maior parte dos animais deste país está jogada feito lixo pelas ruas: levando pontapés, revirando restos podres, morrendo de doenças e verminoses, quando não envenenada. ONGs brasileiras sérias lutam para difundir conhecimento técnico de qualidade no país. Mas, não raro, seus projetos são bancados pela dilapidação do patrimônio pessoal dos seus diretores, heróis anônimos. Faltam verbas modestas que permitiriam dar continuidade a trabalhos importantes, mas não falta dinheiro para a corrupção. O caso da leishmaniose, por exemplo, é emblemático. O Brasil segue o mesmo protocolo do século passado para lidar com a doença. É o único país que mata os cães infectados (e que não transmitem a doença) em vez de tratá-los. Mesmo assim, a doença avança em ritmo acelerado. Políticos se apossam da causa animal como mote de campanha, e uma vez eleitos, quase sempre dão um show –de despreparo! Nossos veterinários são tratados como uma classe médica inferior –não recebem o pagamento nem o respeito que merecem. As empresas do país são medíocres: investem em tolas ações de marketing e não enxergam quanto valor poderiam agregar com ações de responsabilidade social e ambiental em benefício dos animais. Uma pesquisa realizada pelos institutos Akatu e Ethos revela que para 87% dos consumidores ouvidos, é importante ou muito importante na decisão de compra que "durante a produção, animais não tenham sido maltratados". Mesmo assim, a cadeia da proteína animal só agora está dando os primeiros passos para promover a criação, o transporte e o abate de forma humanitária. O serviço de transporte de pets das grandes empresas aéreas é de má qualidade, deixando quem viaja com seu animal de estimação sempre angustiado. Agências de publicidade movimentam fortunas com peças que exploram a graça e a beleza de animais fofinhos. E o que os anunciantes e suas agências fazem realmente pela causa? Nada! Nos Jogos Olímpicos de 2016, a mascote será a fauna (a flora é a mascote da Paraolimpíada). Que ótimo. Mas o que o Comitê Olímpico Brasileiro fará pelas entidades que cuidam da fauna brasileira? O que a Fifa fez pelos tatus-bola do Brasil, eternizados pelo mascote da última Copa do Mundo, o Fuleco? Educar nossa sociedade é fundamental. Nos últimos 20 anos, recebemos em sala de aula informações importantes sobre o meio ambiente, mas nossas escolas nem mencionam a questão animal. Uma exceção exemplar é a iniciativa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em conjunto com a Fundação Faculdade de Medicina. Investir no respeito aos bichos seria um bom passo rumo à melhoria da nossa civilidade. Estamos vivendo uma "normose social", não nos sensibilizamos mais com atrocidades, tudo parece normal. Precisamos urgentemente nos tornar mais compassivos e amorosos. JOÃO FRANCISCO MOTTA FIERRO, 51, terapeuta, é vice-presidente da Arca Brasil, organização não governamental com sede em São Paulo que defende o bem-estar animal
opiniao
João Francisco Motta Fierro: Não somos civilizados com os animaisNão estamos sozinhos no mundo, mas parece que nos esquecemos disso. Temos atitudes que beiram a incivilidade, sobretudo no tratamento dispensado aos animais. Esqueçam as amenidades que lemos nas "seções Pet". A maior parte dos animais deste país está jogada feito lixo pelas ruas: levando pontapés, revirando restos podres, morrendo de doenças e verminoses, quando não envenenada. ONGs brasileiras sérias lutam para difundir conhecimento técnico de qualidade no país. Mas, não raro, seus projetos são bancados pela dilapidação do patrimônio pessoal dos seus diretores, heróis anônimos. Faltam verbas modestas que permitiriam dar continuidade a trabalhos importantes, mas não falta dinheiro para a corrupção. O caso da leishmaniose, por exemplo, é emblemático. O Brasil segue o mesmo protocolo do século passado para lidar com a doença. É o único país que mata os cães infectados (e que não transmitem a doença) em vez de tratá-los. Mesmo assim, a doença avança em ritmo acelerado. Políticos se apossam da causa animal como mote de campanha, e uma vez eleitos, quase sempre dão um show –de despreparo! Nossos veterinários são tratados como uma classe médica inferior –não recebem o pagamento nem o respeito que merecem. As empresas do país são medíocres: investem em tolas ações de marketing e não enxergam quanto valor poderiam agregar com ações de responsabilidade social e ambiental em benefício dos animais. Uma pesquisa realizada pelos institutos Akatu e Ethos revela que para 87% dos consumidores ouvidos, é importante ou muito importante na decisão de compra que "durante a produção, animais não tenham sido maltratados". Mesmo assim, a cadeia da proteína animal só agora está dando os primeiros passos para promover a criação, o transporte e o abate de forma humanitária. O serviço de transporte de pets das grandes empresas aéreas é de má qualidade, deixando quem viaja com seu animal de estimação sempre angustiado. Agências de publicidade movimentam fortunas com peças que exploram a graça e a beleza de animais fofinhos. E o que os anunciantes e suas agências fazem realmente pela causa? Nada! Nos Jogos Olímpicos de 2016, a mascote será a fauna (a flora é a mascote da Paraolimpíada). Que ótimo. Mas o que o Comitê Olímpico Brasileiro fará pelas entidades que cuidam da fauna brasileira? O que a Fifa fez pelos tatus-bola do Brasil, eternizados pelo mascote da última Copa do Mundo, o Fuleco? Educar nossa sociedade é fundamental. Nos últimos 20 anos, recebemos em sala de aula informações importantes sobre o meio ambiente, mas nossas escolas nem mencionam a questão animal. Uma exceção exemplar é a iniciativa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em conjunto com a Fundação Faculdade de Medicina. Investir no respeito aos bichos seria um bom passo rumo à melhoria da nossa civilidade. Estamos vivendo uma "normose social", não nos sensibilizamos mais com atrocidades, tudo parece normal. Precisamos urgentemente nos tornar mais compassivos e amorosos. JOÃO FRANCISCO MOTTA FIERRO, 51, terapeuta, é vice-presidente da Arca Brasil, organização não governamental com sede em São Paulo que defende o bem-estar animal
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Veja dicas de como cuidar do pneu de seu utilitário
DE SÃO PAULO Confira abaixo como cuidar do pneu de seu utilitário * Durante a calibragem dos pneus, que deve ser feita em intervalos de até 15 dias, verifique se as tampinhas que protegem as válvulas estão íntegras. A peça evita a entrada de sujeira, principalmente se o carro for usado com frequência em trechos de terra - Siga as orientações do fabricante sobre os prazos para a realização de alinhamento e balanceamento das rodas. Veículos que circulam por terrenos irregulares estão mais sujeitos a apresentar problemas como vibrações no volante e instabilidade em trechos rodoviários - Caso o estepe seja colocado sobre a tampa traseira do carro, proteja-o com uma capa específica para evitar seu desgaste prematuro. É importante calibrá-los sempre com três ou quatro libras a mais que nos pneus em uso. Fonte: Abrapneus (Associação Brasileira dos Revendedores de Pneus)
sobretudo
Veja dicas de como cuidar do pneu de seu utilitário DE SÃO PAULO Confira abaixo como cuidar do pneu de seu utilitário * Durante a calibragem dos pneus, que deve ser feita em intervalos de até 15 dias, verifique se as tampinhas que protegem as válvulas estão íntegras. A peça evita a entrada de sujeira, principalmente se o carro for usado com frequência em trechos de terra - Siga as orientações do fabricante sobre os prazos para a realização de alinhamento e balanceamento das rodas. Veículos que circulam por terrenos irregulares estão mais sujeitos a apresentar problemas como vibrações no volante e instabilidade em trechos rodoviários - Caso o estepe seja colocado sobre a tampa traseira do carro, proteja-o com uma capa específica para evitar seu desgaste prematuro. É importante calibrá-los sempre com três ou quatro libras a mais que nos pneus em uso. Fonte: Abrapneus (Associação Brasileira dos Revendedores de Pneus)
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STF autoriza depoimento de Ricardo Pessoa, da UTC, em ação contra Dilma
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello autorizou o depoimento do empresário Ricardo Pessoa, dono da empresa UTC, à Justiça Eleitoral, na ação que investiga se houve irregularidades na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. O pedido foi feito pelo vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF, Gilmar Mendes, após despacho do juiz federal Sérgio Moro, que condicionou o depoimento a uma autorização do Supremo. Moro argumentou que a liberação era necessária porque Pessoa fechou um acordo de delação premiada que está sob sigilo, e uma eventual manifestação do empresário poderia atrapalhar as investigações. A íntegra da decisão de Celso de Mello ainda não foi divulgada. O depoimento de Pessoa, apontado como chefe do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras, está marcado para o dia 14 de julho no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. A ação contra Dilma no TSE, movida pelo PSDB, apura se houve abuso de poder econômico e político e "obtenção de recursos de forma ilícita" na campanha à reeleição. O depoimento do dono da UTC foi marcado após ele ser citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em seus esclarecimentos sobre o processo. A decisão foi tomada pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otavio de Noronha, antes de o STF confirmar o acordo de delação premiada do empreiteiro no âmbito da Operação Lava Jato. Em depoimento na operação, Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. - A ação De autoria do PSDB, pede a cassação da chapa presidencial formada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) Argumento Entre outros pontos, o PSDB sustenta que; Início Dez.14, logo após o segundo turno das eleições presidenciais Quem já depôs Alberto Youssef, doleiro - Disse que foi procurado por um emissário da campanha de Dilma para repatriar R$ 20 mi depositados no exterior, mas que não chegou a executar o serviço porque foi preso Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras - Falou sobre sua relação com Dilma. Contou que foi ao casamento de sua filha, em 2008, e que, para permanecer em seu cargo, precisava manter a confiança da presidente Herton Araújo, ex-diretor do Ipea - Disse que governo segurou dados sobre miséria para não prejudicar campanha eleitoral Depoimentos agendados Ricardo Pessoa, dono do grupo UTC - Em depoimento da Lava Jato, o empresário, que doou R$ 7,5 mi para a campanha de Dilma, disse que contribuiu por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras
poder
STF autoriza depoimento de Ricardo Pessoa, da UTC, em ação contra DilmaO ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello autorizou o depoimento do empresário Ricardo Pessoa, dono da empresa UTC, à Justiça Eleitoral, na ação que investiga se houve irregularidades na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. O pedido foi feito pelo vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF, Gilmar Mendes, após despacho do juiz federal Sérgio Moro, que condicionou o depoimento a uma autorização do Supremo. Moro argumentou que a liberação era necessária porque Pessoa fechou um acordo de delação premiada que está sob sigilo, e uma eventual manifestação do empresário poderia atrapalhar as investigações. A íntegra da decisão de Celso de Mello ainda não foi divulgada. O depoimento de Pessoa, apontado como chefe do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras, está marcado para o dia 14 de julho no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. A ação contra Dilma no TSE, movida pelo PSDB, apura se houve abuso de poder econômico e político e "obtenção de recursos de forma ilícita" na campanha à reeleição. O depoimento do dono da UTC foi marcado após ele ser citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em seus esclarecimentos sobre o processo. A decisão foi tomada pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otavio de Noronha, antes de o STF confirmar o acordo de delação premiada do empreiteiro no âmbito da Operação Lava Jato. Em depoimento na operação, Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. - A ação De autoria do PSDB, pede a cassação da chapa presidencial formada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) Argumento Entre outros pontos, o PSDB sustenta que; Início Dez.14, logo após o segundo turno das eleições presidenciais Quem já depôs Alberto Youssef, doleiro - Disse que foi procurado por um emissário da campanha de Dilma para repatriar R$ 20 mi depositados no exterior, mas que não chegou a executar o serviço porque foi preso Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras - Falou sobre sua relação com Dilma. Contou que foi ao casamento de sua filha, em 2008, e que, para permanecer em seu cargo, precisava manter a confiança da presidente Herton Araújo, ex-diretor do Ipea - Disse que governo segurou dados sobre miséria para não prejudicar campanha eleitoral Depoimentos agendados Ricardo Pessoa, dono do grupo UTC - Em depoimento da Lava Jato, o empresário, que doou R$ 7,5 mi para a campanha de Dilma, disse que contribuiu por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras
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Devemos passar o país a limpo, custe o que custar, diz leitor
TSE É vergonhoso o festival de agressões da classe política à inteligência do cidadão. A todo momento tenta-se isentar a prática de caixa dois. Agora o objeto é evitar a cassação do presidente Michel Temer, alegando que tal decisão do TSE causaria grande impacto na economia do país. Devemos passar o país a limpo, custe o que custar e doa a quem doer. Que o TSE julgue a cassação de maneira independente e isenta, pelo bem do Brasil. JOÃO CARLOS FIGUEIRA (Rio de Janeiro, RJ) * Acredito que o presidente Michel Temer não será cassado. Ninguém quer uma instabilidade econômica e social nesta altura do campeonato. Os julgadores devem pensar nisso na hora de proferir seus votos. Agora que tudo está sendo normalizado e começamos a sair do atoleiro, seria péssimo para o Brasil uma decisão desfavorável ao comandante desta nau. O país não aguenta mais turbulência. É necessária muita serenidade aos ministros do TSE. REINNER CARLOS DE OLIVEIRA (Araçatuba, SP) * O grande impacto na economia está em manter no poder um presidente e muitos ministros sob suspeita das mais variadas condutas criminosa. Precisamos de políticos insuspeitos -na verdade, isso é o mínimo que se deveria esperar deles. Chantagens como essa difundida pelo advogado de Temer devem ser respondidas com rigor pelo TSE. ROBERTO RAMIRES PEREIRA (Araçatuba, SP) SINDICATOS E REFORMAS Causou surpresa à UGT (União Geral dos Trabalhadores) a reportagem "Por volta de contribuição, centrais oferecem oposição menor a reforma". A Folha rasgou seu "Manual da Redação", pois nossa central foi citada como se apoiasse a ideia, mas nem sequer fomos ouvidos. Tal questão nunca foi discutida em nossos fóruns. A UGT não negocia apoio ao governo Temer por mais verbas. Nossa central respeita os trabalhadores e defende os seus interesses. RICARDO PATAH, presidente Nacional da UGT (São Paulo, SP) * Não há nenhum tipo de negociação com o governo federal para apoiar as reformas da Previdência e trabalhista em troca da retomada da cobrança da contribuição assistencial. Existe a ideia de um projeto de lei que regulamente a contribuição, mas não há acordo com o governo de "toma lá, da cá". É o tipo de barganha que não aceitamos. Continuaremos lutando pelos direitos dos trabalhadores e dos aposentados. MIGUEL TORRES, presidente da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e vice-presidente da Força Sindical (São Paulo, SP) RESPOSTA DOS JORNALISTAS BRUNO BOGHOSSIAN E PAULO GAMA - A Folha reafirma que a proposta de abertura de negociação das centrais foi levada ao presidente Michel Temer em audiência na última terça-feira (21). A reportagem descreve a articulação das entidades para incluir a regulamentação da cobrança de taxa assistencial em um "pacote" que inclui as reformas apresentadas pelo governo. METRÔ Na reportagem "Atraso fará SP indenizar linha 4 do metrô", o jornal não deixa claro que o principal responsável pela demora na conclusão do projeto foi o rompimento do contrato, em julho/2015, com o Consórcio Isolux - Corsan Corvian, pelo não cumprimento do acordo. Mesmo antes disso, as obras já seguiam em ritmo lento pelo consórcio. O Metrô fez uma nova licitação para a conclusão das quatro estações faltantes. Esses dois fatores resultaram em um ano e meio de atraso. Não fossem esses entraves, as estações estariam prontas. EUZI DOGNANI, coordenadora de imprensa do governo do Estado de São Paulo (São Paulo, SP) REFORMA DA PREVIDÊNCIA Tragicômica a argumentação dos autores em favor da igualdade, defendendo que a reforma trará justiça e melhoras para os mais pobres. Nada melhora para ninguém, tudo piora para todos. A reforma afunda todos na mesma lama. As consequências, no entanto, sempre pesam mais aos mais pobres. RICARDO KNUDSEN (São Paulo, SP) * Com argumentos sólidos apoiados por dados matemáticos, os autores Mansueto Almeida e Marcos Mendes provam a necessidade inadiável da reforma, além de desmontarem as falácias lançadas contra ela. MILTON PEREIRA DE TOLEDO LARA (Pinheiros, SP) ROUBOS DE CARGA Nos últimos 20 anos, secretários de segurança e governadores de São Paulo sucatearam a Polícia Civil e investiram fortunas em patrulhamento preventivo. Quando perceberão que a política de medalhas e condecorações só faz aumentar a criminalidade? PAULO LEW (São Paulo, SP) OMBUDSMAN Parabéns, Paula Cesarino Costa, perfeito. De um jornal como a Folha não se espera menos do que uma matéria investigada, não apenas a transcrição do noticiário geral. Que jamais precisemos comparar nosso jornal com a "feitura de salsichas. ANA TEREZA CALLEJA (São Paulo, SP) COLUNISTAS Apesar da análise precisa de Janio de Freitas sobre as atitudes e caráter de Gilmar Mendes, não consigo imaginar como alguém tão impopular e com tão parcas credenciais quanto o referido ministro poderia estar capacitado a tornar-se candidato à Presidência da República. LUIZ DANIEL DE CAMPOS (São Paulo, SP) * Ainda assino a Folha pelo prazer de ler Clóvis Rossi. A capacidade de síntese e a clareza do texto "Europa, da alegria à melancolia" são para poucos. Parabéns ao jornalista pela brilhante análise e por nos relembrar a frase "o patriotismo é o último refúgio do canalha", muito apropriada para o atual momento do país. ORESTES ROMANO (Jundiaí, SP) SERAFINA Maria Gadú diz que quando o filho perguntar quem é o pai dele, ela responderá que comprou o esperma. É uma atitude egoísta. Toda pessoa possui o direito de saber quem é seu pai, quem são seus avós paternos. SILVIO SOUZA (Franca, SP) ★ O impeachment de Dilma Rousseff foi o melhor golpe que a nossa República já sofreu. Afastou uma incapaz do governo, que achava a Presidência um presentinho que ela ganhou do tio Lula, um mimo que ninguém poderia lhe tirar. JOSÉ LEAL (Campinas, SP)
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Devemos passar o país a limpo, custe o que custar, diz leitorTSE É vergonhoso o festival de agressões da classe política à inteligência do cidadão. A todo momento tenta-se isentar a prática de caixa dois. Agora o objeto é evitar a cassação do presidente Michel Temer, alegando que tal decisão do TSE causaria grande impacto na economia do país. Devemos passar o país a limpo, custe o que custar e doa a quem doer. Que o TSE julgue a cassação de maneira independente e isenta, pelo bem do Brasil. JOÃO CARLOS FIGUEIRA (Rio de Janeiro, RJ) * Acredito que o presidente Michel Temer não será cassado. Ninguém quer uma instabilidade econômica e social nesta altura do campeonato. Os julgadores devem pensar nisso na hora de proferir seus votos. Agora que tudo está sendo normalizado e começamos a sair do atoleiro, seria péssimo para o Brasil uma decisão desfavorável ao comandante desta nau. O país não aguenta mais turbulência. É necessária muita serenidade aos ministros do TSE. REINNER CARLOS DE OLIVEIRA (Araçatuba, SP) * O grande impacto na economia está em manter no poder um presidente e muitos ministros sob suspeita das mais variadas condutas criminosa. Precisamos de políticos insuspeitos -na verdade, isso é o mínimo que se deveria esperar deles. Chantagens como essa difundida pelo advogado de Temer devem ser respondidas com rigor pelo TSE. ROBERTO RAMIRES PEREIRA (Araçatuba, SP) SINDICATOS E REFORMAS Causou surpresa à UGT (União Geral dos Trabalhadores) a reportagem "Por volta de contribuição, centrais oferecem oposição menor a reforma". A Folha rasgou seu "Manual da Redação", pois nossa central foi citada como se apoiasse a ideia, mas nem sequer fomos ouvidos. Tal questão nunca foi discutida em nossos fóruns. A UGT não negocia apoio ao governo Temer por mais verbas. Nossa central respeita os trabalhadores e defende os seus interesses. RICARDO PATAH, presidente Nacional da UGT (São Paulo, SP) * Não há nenhum tipo de negociação com o governo federal para apoiar as reformas da Previdência e trabalhista em troca da retomada da cobrança da contribuição assistencial. Existe a ideia de um projeto de lei que regulamente a contribuição, mas não há acordo com o governo de "toma lá, da cá". É o tipo de barganha que não aceitamos. Continuaremos lutando pelos direitos dos trabalhadores e dos aposentados. MIGUEL TORRES, presidente da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e vice-presidente da Força Sindical (São Paulo, SP) RESPOSTA DOS JORNALISTAS BRUNO BOGHOSSIAN E PAULO GAMA - A Folha reafirma que a proposta de abertura de negociação das centrais foi levada ao presidente Michel Temer em audiência na última terça-feira (21). A reportagem descreve a articulação das entidades para incluir a regulamentação da cobrança de taxa assistencial em um "pacote" que inclui as reformas apresentadas pelo governo. METRÔ Na reportagem "Atraso fará SP indenizar linha 4 do metrô", o jornal não deixa claro que o principal responsável pela demora na conclusão do projeto foi o rompimento do contrato, em julho/2015, com o Consórcio Isolux - Corsan Corvian, pelo não cumprimento do acordo. Mesmo antes disso, as obras já seguiam em ritmo lento pelo consórcio. O Metrô fez uma nova licitação para a conclusão das quatro estações faltantes. Esses dois fatores resultaram em um ano e meio de atraso. Não fossem esses entraves, as estações estariam prontas. EUZI DOGNANI, coordenadora de imprensa do governo do Estado de São Paulo (São Paulo, SP) REFORMA DA PREVIDÊNCIA Tragicômica a argumentação dos autores em favor da igualdade, defendendo que a reforma trará justiça e melhoras para os mais pobres. Nada melhora para ninguém, tudo piora para todos. A reforma afunda todos na mesma lama. As consequências, no entanto, sempre pesam mais aos mais pobres. RICARDO KNUDSEN (São Paulo, SP) * Com argumentos sólidos apoiados por dados matemáticos, os autores Mansueto Almeida e Marcos Mendes provam a necessidade inadiável da reforma, além de desmontarem as falácias lançadas contra ela. MILTON PEREIRA DE TOLEDO LARA (Pinheiros, SP) ROUBOS DE CARGA Nos últimos 20 anos, secretários de segurança e governadores de São Paulo sucatearam a Polícia Civil e investiram fortunas em patrulhamento preventivo. Quando perceberão que a política de medalhas e condecorações só faz aumentar a criminalidade? PAULO LEW (São Paulo, SP) OMBUDSMAN Parabéns, Paula Cesarino Costa, perfeito. De um jornal como a Folha não se espera menos do que uma matéria investigada, não apenas a transcrição do noticiário geral. Que jamais precisemos comparar nosso jornal com a "feitura de salsichas. ANA TEREZA CALLEJA (São Paulo, SP) COLUNISTAS Apesar da análise precisa de Janio de Freitas sobre as atitudes e caráter de Gilmar Mendes, não consigo imaginar como alguém tão impopular e com tão parcas credenciais quanto o referido ministro poderia estar capacitado a tornar-se candidato à Presidência da República. LUIZ DANIEL DE CAMPOS (São Paulo, SP) * Ainda assino a Folha pelo prazer de ler Clóvis Rossi. A capacidade de síntese e a clareza do texto "Europa, da alegria à melancolia" são para poucos. Parabéns ao jornalista pela brilhante análise e por nos relembrar a frase "o patriotismo é o último refúgio do canalha", muito apropriada para o atual momento do país. ORESTES ROMANO (Jundiaí, SP) SERAFINA Maria Gadú diz que quando o filho perguntar quem é o pai dele, ela responderá que comprou o esperma. É uma atitude egoísta. Toda pessoa possui o direito de saber quem é seu pai, quem são seus avós paternos. SILVIO SOUZA (Franca, SP) ★ O impeachment de Dilma Rousseff foi o melhor golpe que a nossa República já sofreu. Afastou uma incapaz do governo, que achava a Presidência um presentinho que ela ganhou do tio Lula, um mimo que ninguém poderia lhe tirar. JOSÉ LEAL (Campinas, SP)
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Venda de tablets cai 20% no Brasil no 1º trimestre
As vendas de tablets caíram 20% no país no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, para 1,78 milhão de unidades, informou nesta quinta-feira (25) a consultoria IDC Brasil. A alta do dólar e diminuição do crédito e da confiança do consumidor foram citados pela IDC Brasil como fatores para a baixa. O levantamento mostrou que entre janeiro e março foram vendidos aproximadamente 390 mil unidades a menos que no mesmo período de 2014. "O número está abaixo dos 2 milhões previstos para o período", disse Pedro Hagge, analista de pesquisas da IDC Brasil. Segundo Hagge, a alta do dólar gerou um repasse de até 17% nos preços sobre os últimos três meses do ano passado, com impacto direto nas vendas tanto para o consumidor final como para o mercado corporativo. "A tendência é o preço continuar subindo, e as vendas , caindo", acrescentou. Outro fator apontado pela IDC Brasil para a queda nas vendas é que o tablet já não desperta mais tanto interesse no consumidor. "Isso acontece por dois fatores: a má experiência de uso e a canibalização do mercado devido aos phablets [híbridos de smartphone e tablet] e outros dispositivos com tela grande", disse Hagge. Do total de tablets vendidos, 41 mil foram modelos 2 em 1 (notebooks com tela destacável), categoria que cresceu 115 por cento em relação ao quarto trimestre.
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Venda de tablets cai 20% no Brasil no 1º trimestreAs vendas de tablets caíram 20% no país no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, para 1,78 milhão de unidades, informou nesta quinta-feira (25) a consultoria IDC Brasil. A alta do dólar e diminuição do crédito e da confiança do consumidor foram citados pela IDC Brasil como fatores para a baixa. O levantamento mostrou que entre janeiro e março foram vendidos aproximadamente 390 mil unidades a menos que no mesmo período de 2014. "O número está abaixo dos 2 milhões previstos para o período", disse Pedro Hagge, analista de pesquisas da IDC Brasil. Segundo Hagge, a alta do dólar gerou um repasse de até 17% nos preços sobre os últimos três meses do ano passado, com impacto direto nas vendas tanto para o consumidor final como para o mercado corporativo. "A tendência é o preço continuar subindo, e as vendas , caindo", acrescentou. Outro fator apontado pela IDC Brasil para a queda nas vendas é que o tablet já não desperta mais tanto interesse no consumidor. "Isso acontece por dois fatores: a má experiência de uso e a canibalização do mercado devido aos phablets [híbridos de smartphone e tablet] e outros dispositivos com tela grande", disse Hagge. Do total de tablets vendidos, 41 mil foram modelos 2 em 1 (notebooks com tela destacável), categoria que cresceu 115 por cento em relação ao quarto trimestre.
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20 anos da LDB
Há exatos 20 anos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) era assinada. Um marco na regulamentação do ensino no país, trouxe importantes inovações e já nos permitiu colher avanços significativos. Mas algumas das transformações essenciais contidas no texto do então senador Darcy Ribeiro ainda não foram concretizadas. Um dos pilares para o bom desempenho de um aluno, a base nacional comum, até hoje não saiu do papel. Essa dívida histórica com a educação brasileira, contudo, está finalmente muito perto de ser quitada. A contribuição da LDB para a educação no Brasil nesses 20 anos é inegável. Responsável por regulamentar a estrutura e o funcionamento do sistema de ensino do país, a lei definiu os objetivos a serem atingidos e reforçou o caráter federativo da educação brasileira. Em seu artigo 26 já estabelecia que "os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum". Aliás, ao determinar que esta base deveria ser "complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos", o texto deixa claro que a base nacional deve respeitar a autonomia dos sistemas de ensino e das escolas na organização de seus currículos, premissa que também orienta a reforma do ensino médio, prioridade da gestão do ministro da Educação, Mendonça Filho. Os maus resultados dos alunos brasileiros nas avaliações nacionais e internacionais recentemente divulgadas podem ser em grande parte explicados pela ausência de indicações claras do que os alunos devem aprender para enfrentar com êxito os desafios do mundo contemporâneo. A adoção de uma base nacional comum curricular (BNCC) enfrenta diretamente esse problema. Escolas e professores passarão a ter clareza do que os seus alunos devem aprender e o que eles devem ser capazes de fazer com esse aprendizado. Ao estabelecer os conhecimentos essenciais, a BNCC será referência obrigatória para a organização dos currículos estaduais e municipais e contribuirá decisivamente para a elevação da educação básica no país. Esse trabalho gigantesco segue o bom caminho traçado pela LDB em 1996. Ao apontar no artigo 9º que caberia à União estabelecer, em colaboração com Estados e municípios, "competências e diretrizes" para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, a LDB desloca o foco do currículo. No lugar dos conteúdos mínimos a serem ensinados, a lei orienta para a definição das aprendizagens pretendidas, o que significa dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço do desenvolvimento de competências. A LDB também destaca, nos artigos 32 e 35, a importância de assegurar o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades atualmente descritos pela literatura como as competências para o século 21 -por exemplo, a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. Apesar de inúmeras alterações no texto original, a LDB já indicava, portanto, um dos maiores desafios para a melhoria da qualidade: a definição da base nacional comum. Em discussão nos últimos dois anos, a base está agora em fase final de elaboração e será encaminhada ao Conselho Nacional de Educação em 2017. É mais uma demonstração de que, ao completar 20 anos de existência, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação continua contemporânea. MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO é secretária-executiva do Ministério da Educação. Foi diretora-executiva da Fundação Seade (2011-2016) e secretária de Educação do Estado de São Paulo (gestão José Serra) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
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20 anos da LDBHá exatos 20 anos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) era assinada. Um marco na regulamentação do ensino no país, trouxe importantes inovações e já nos permitiu colher avanços significativos. Mas algumas das transformações essenciais contidas no texto do então senador Darcy Ribeiro ainda não foram concretizadas. Um dos pilares para o bom desempenho de um aluno, a base nacional comum, até hoje não saiu do papel. Essa dívida histórica com a educação brasileira, contudo, está finalmente muito perto de ser quitada. A contribuição da LDB para a educação no Brasil nesses 20 anos é inegável. Responsável por regulamentar a estrutura e o funcionamento do sistema de ensino do país, a lei definiu os objetivos a serem atingidos e reforçou o caráter federativo da educação brasileira. Em seu artigo 26 já estabelecia que "os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum". Aliás, ao determinar que esta base deveria ser "complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos", o texto deixa claro que a base nacional deve respeitar a autonomia dos sistemas de ensino e das escolas na organização de seus currículos, premissa que também orienta a reforma do ensino médio, prioridade da gestão do ministro da Educação, Mendonça Filho. Os maus resultados dos alunos brasileiros nas avaliações nacionais e internacionais recentemente divulgadas podem ser em grande parte explicados pela ausência de indicações claras do que os alunos devem aprender para enfrentar com êxito os desafios do mundo contemporâneo. A adoção de uma base nacional comum curricular (BNCC) enfrenta diretamente esse problema. Escolas e professores passarão a ter clareza do que os seus alunos devem aprender e o que eles devem ser capazes de fazer com esse aprendizado. Ao estabelecer os conhecimentos essenciais, a BNCC será referência obrigatória para a organização dos currículos estaduais e municipais e contribuirá decisivamente para a elevação da educação básica no país. Esse trabalho gigantesco segue o bom caminho traçado pela LDB em 1996. Ao apontar no artigo 9º que caberia à União estabelecer, em colaboração com Estados e municípios, "competências e diretrizes" para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, a LDB desloca o foco do currículo. No lugar dos conteúdos mínimos a serem ensinados, a lei orienta para a definição das aprendizagens pretendidas, o que significa dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço do desenvolvimento de competências. A LDB também destaca, nos artigos 32 e 35, a importância de assegurar o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades atualmente descritos pela literatura como as competências para o século 21 -por exemplo, a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. Apesar de inúmeras alterações no texto original, a LDB já indicava, portanto, um dos maiores desafios para a melhoria da qualidade: a definição da base nacional comum. Em discussão nos últimos dois anos, a base está agora em fase final de elaboração e será encaminhada ao Conselho Nacional de Educação em 2017. É mais uma demonstração de que, ao completar 20 anos de existência, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação continua contemporânea. MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO é secretária-executiva do Ministério da Educação. Foi diretora-executiva da Fundação Seade (2011-2016) e secretária de Educação do Estado de São Paulo (gestão José Serra) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
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Exposição sobre Ron Mueck bate recorde da Pinacoteca
Com público que já ultrapassou os 357 mil, a exposição de esculturas hiper-realistas do artista australiano Ron Mueck já é a mostra mais vista da história da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Até então, o recorde da instituição pertencia à exposição de esculturas do francês Auguste Rodin, feita em 1995. A mostra sobre Mueck chega ao fim neste domingo (22). Em seu último fim de semana em cartaz, as filas para conferir as esculturas contornavam quase todo o parque da Luz, no centro de São Paulo. Às 17h, os primeiros lugares da fila eram ocupados por gente que havia chegado por volta do meio-dia. A mostra sobre Mueck também ajudou a Pinacoteca a superar seu recorde de visitantes no ano passado, com um público de 570 mil pessoas, batendo as 544 mil que foram ao museu em 2008. * Ron Mueck - até domingo (22) - Informe-se sobre o evento
ilustrada
Exposição sobre Ron Mueck bate recorde da PinacotecaCom público que já ultrapassou os 357 mil, a exposição de esculturas hiper-realistas do artista australiano Ron Mueck já é a mostra mais vista da história da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Até então, o recorde da instituição pertencia à exposição de esculturas do francês Auguste Rodin, feita em 1995. A mostra sobre Mueck chega ao fim neste domingo (22). Em seu último fim de semana em cartaz, as filas para conferir as esculturas contornavam quase todo o parque da Luz, no centro de São Paulo. Às 17h, os primeiros lugares da fila eram ocupados por gente que havia chegado por volta do meio-dia. A mostra sobre Mueck também ajudou a Pinacoteca a superar seu recorde de visitantes no ano passado, com um público de 570 mil pessoas, batendo as 544 mil que foram ao museu em 2008. * Ron Mueck - até domingo (22) - Informe-se sobre o evento
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O que as mulheres paulistanas querem no dia delas
RICKY HIRAOKA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA No Dia Internacional da Mulher, a sãopaulo questionou paulistanas de diferentes áreas e idades para saber o que o "sexo frágil" deseja nos tempos modernos. Confira abaixo a opinião delas. "As mulheres querem o reconhecimento e o valor profissional que os homens possuem. Antes, elas queriam só amor. Hoje, buscam igualdade salarial e mesmas oportunidades. A procura pelo amor continua, mas não é o essencial. Tem mulher que nem pensa mais em filho. As mulheres buscam o amor, mas querem outras coisas além de amar e ter alguém legal ao lado" Natállia Rodrigues, 33, atriz "Queremos qualidade de vida com bolsa Chanel, sapato Louboutin, voo em primeira classe e hospedagem no hotel Ritz, de Paris [risos]. Claro que também queremos um homem lindo e experiente ao nosso lado. Simples assim! Cris Dios, 41, dona do SPA de cabelos Laces and Hair "A mulher já conquistou muita coisa. Agora, precisa administrar o que adquiriu nos últimos anos. Hoje, você disputa vaga de trabalho com homem e não precisa provar que é melhor porque é mulher. Nesse processo de luta por igualdade, a mulher se perdeu um pouco e ficou até masculinizada. A mulher ainda não sabe, mas ela quer reconquistar a feminilidade. As mulheres precisam ser mais afetuosas, mais carinhosas e mais doces no trato. Mulher não é homem" Ana Lúcia Zambon, 40, empresária "Eu quero poder e salários iguais, além de respeito. Ninguém mais aguenta homem machista, e gostaria que as mulheres respeitassem umas às outras também" Sheila Spago, 33, designer de interface "Creio que mães de crianças pequenas, como eu, que tenho uma filha de um ano e meio e outra de 15 dias, desejam um país melhor para os filhos. Queremos políticos que amem nosso país. Vejo muitos pais criando os filhos para morarem fora do Brasil. Não quero isso para minha família. Nós, mães, queremos ter força para trabalhar e perseverar para construir um país próspero!" Patricia Cardim, 32, diretora-geral da Faculdade Belas Artes "Conseguir tempo para ser mãe, esposa, profissional e estudante neste tempo louco. Queria que os homens tivessem que provar a competência deles do mesmo jeito que isso é cobrado das mulheres. Não queria que fosse mais fácil para a gente, mas que fosse tão difícil pra eles quanto é para nós" Gabriela de Jesus Silva, 29, funcionária pública "Queria uma máquina que fizesse luzes no cabelo, que rejuvenescesse, que deixasse o corpo malhado e a pele linda. Aí, teríamos mais tempo para fazer tudo O que precisamos: cuidar da casa, ser profissional, lutar por direitos iguais e ser mãe" Ticiane Pinheiro, 38, apresentadora "As mulheres querem paz, porque trazem paz. Querem amor, porque amam. Querem saúde, porque precisam cuidar de muita gente. Querem respeito, porque passam por muitas situações complexas. Querem carinho, porque vivem de abraçar e escutar quem precisa de ajuda. Querem sempre ajudar porque isso é atávico: sempre cuidar e zelar. Querem ter filhos e viver com eles e para eles. Querem trabalhar e serem tratadas com dignidade. Querem sorrir e dar risada, a vida já traz muitas lágrimas. Querem ser magras e comer! Querem colo e dar colo. Querem chorar e serem consoladas. Querem ter alguém para dividir tudo, o bom, o ruim e o mais ou menos. Querem ser compreendidas mesmo sem falar, porque compreendem em silêncio. Querem tirar a dor da alma das pessoas que sofrem" Cris Lotaif, 52, diretora da Dior "Respeito e a segurança de andar livres e sozinhas de dia, à noite, de saia, shorts, calça, no metrô lotado, no busão, voltando do trabalho ou da balada, sem sentir medo, sem ninguém mexer, sem assédio, sem um babaca tentar encoxar, sem ser perseguidas" Jana Rosa, 29, escritora "No fundo, buscamos nos libertar das cobranças de sermos perfeitas como mães e profissionais. Queremos aproveitar a vida sem questionamentos e culpas" Fernanda Marques, 49, arquiteta "Elas querem o casamento perfeito e serem realizadas plenamente na carreira. Isso não orna. Fui noiva três vezes e não me casei porque homens desejam mulheres dependentes. elas não querem perder os benefícios oferecidos pelo mundo machista, mas não aceitam um homem machista. Abraçar dois mundos opostos é inviável" Cau Saad, 35, personal trainer "Além de ser reconhecida profissionalmente, toda mulher quer ser mimada, precisa de paparicos. Isso faz parte de nossa essência. Quem não ama ser surpreendida no meio do dia com flores ou com uma ligação dizendo que somos especiais?" Adriana Vilarinho, 46, dermatologista de famosos "Passamos tanto tempo dando satisfação sobre nossas escolhas que às vezes nem aproveitamos tanto esse poder de optar. Mesmo tendo uma vida independente, uma mulher feliz com suas opções sempre tem que explicar isso em algum momento. Se pudermos ficar em paz com nossas pequenas e grandes escolhas, sem julgamentos, sem intromissões e sem tanta gente palpitanto —inclusive outras mulheres—, ficaremos mais seguras e tranquilas" Adriana Cardillo, 39, maquiadora "Eu acho que as mulheres querem amor. Não só amor de homem. Amor de todos os lados, de todas as formas. Quando estou com muitas mulheres, sinto que elas precisam de amor entre elas. É coisa de mulher para mulher. As mulheres buscam um pouco de atenção, consideração e carinho. A maioria dos problemas femininos se resolve com uma dose de amor" Julia Petit, 42, empresária digital "Uma das coisas que quero muito e me deixa muito triste em não ter é não ser julgada. Acho que as mulheres têm o direito de viver a própria loucura, de fazer o que o instinto manda. Queremos um mundo menos careta, que respeite nossa liberdade de agir e não nos force a ser nada ou se comportar de maneiras pré-determinadas!" Luiza Possi, 30, cantora "Poderia falar que desejo a bunda da Sabrina Sato, a beleza da Grazi Mazzafera, o cabelo da Gisele, um romance de "50 Tons de Cinza", a família da Fernanda Lima e pegar o comendador todo final de noite. Mas será que a mulher de hoje em dia estaria plenamente satisfeita? Não! Que mulher que sabe o que realmente quer, e na primeira TPM muda tudo?Queremos que nossas mudanças de opinião sejam constantes. Queremos ser inúmeras mulheres em uma só" Luciana Rady, 27, criadora dos perfis de humor no Instagram Acordei Mais Venenosa e Felix Amargo "As mulheres querem ser valorizadas em todos os aspectos: como filha, mulher, mãe, profissional, irmã, amiga. Quando nos sentimos desvalorizadas é horrível. Isso abala nossa autoestima. É bom para natureza feminina ser elogiada. Não queremos uma placa para dizer quão especiais somos. Queremos ouvir um obrigado. Mulheres também querem a liberdade de escolher se o homem carrega a mala ou se ela quer trabalhar mais que o marido. Mulher quer liberdade para ser quem é e fazer o que se quer." Mica Rocha, 29, apresentadora "Tenho certeza que toda mulher gostaria de ser magra sem precisar ir à academia e sem fazer dieta. E também ter um cabelo maravilhoso sem precisar ficar horas no cabeleireiro. Também acho que nenhuma mulher gostaria de envelhecer. Fora a MarÍlia Gabriela, que me parece muito bem resolvida, não vejo nenhuma outra que aceite bem as rugas" Pietra Bertolazzi, 28, DJ "As mulheres querem encontrar o amor, seja nos braços de um companheiro ou de uma companheira. Não dá para ser totalmente realizada sem amar. O feminismo fez com que muitas mulheres se esquecessem disso, mas acho que elas já estão sentido falta. É bom ser amado e as mulheres buscam amor sempre!" Gaby Amarantos, 36, cantora "Tudo! sucesso e reconhecimento profissional, amor, uma família linda, um corpo perfeito, cabelo incrível e estar sempre maravilhosa e bela. Queremos muitas coisas para nós, mas não somos egoístas. Desejamos viver em equilíbrio com o planeta e de forma sustentável com a natureza. E também queremos que todos nós possamos usufruir do amor, de forma abundante e geral" Talytha Pugliesi, 33, modelo "A luta das mulheres é por direitos iguais dentro e fora de casa. Falamos muito de questões trabalhistas, mas a vida doméstica ainda não é igualitária. Não adianta ganhar tanto quanto o marido e ter que ouvi-lo reclamar que o papel higiênico acabou ou que a luz do corredor pifou. Os homens precisam saber que cuidar da casa também é responsabilidade deles. Se temos 100% de igualdade no ambiente profissional devemos ter 100% de igualdade da porta de casa para dentro" Roberta Whatley, 28, sócia da Agência Fizz "As mulheres da minha idade querem ter saúde para ver os netos crescerem e serem companheira deles. Queremos ser avós modernas que acompanham os netos nos esportes e nas aventuras. Queremos ser cool! E, claro, queremos a pele perfeita" Tereza Cury, 57, dona do salão Square Hair and Care
saopaulo
O que as mulheres paulistanas querem no dia delasRICKY HIRAOKA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA No Dia Internacional da Mulher, a sãopaulo questionou paulistanas de diferentes áreas e idades para saber o que o "sexo frágil" deseja nos tempos modernos. Confira abaixo a opinião delas. "As mulheres querem o reconhecimento e o valor profissional que os homens possuem. Antes, elas queriam só amor. Hoje, buscam igualdade salarial e mesmas oportunidades. A procura pelo amor continua, mas não é o essencial. Tem mulher que nem pensa mais em filho. As mulheres buscam o amor, mas querem outras coisas além de amar e ter alguém legal ao lado" Natállia Rodrigues, 33, atriz "Queremos qualidade de vida com bolsa Chanel, sapato Louboutin, voo em primeira classe e hospedagem no hotel Ritz, de Paris [risos]. Claro que também queremos um homem lindo e experiente ao nosso lado. Simples assim! Cris Dios, 41, dona do SPA de cabelos Laces and Hair "A mulher já conquistou muita coisa. Agora, precisa administrar o que adquiriu nos últimos anos. Hoje, você disputa vaga de trabalho com homem e não precisa provar que é melhor porque é mulher. Nesse processo de luta por igualdade, a mulher se perdeu um pouco e ficou até masculinizada. A mulher ainda não sabe, mas ela quer reconquistar a feminilidade. As mulheres precisam ser mais afetuosas, mais carinhosas e mais doces no trato. Mulher não é homem" Ana Lúcia Zambon, 40, empresária "Eu quero poder e salários iguais, além de respeito. Ninguém mais aguenta homem machista, e gostaria que as mulheres respeitassem umas às outras também" Sheila Spago, 33, designer de interface "Creio que mães de crianças pequenas, como eu, que tenho uma filha de um ano e meio e outra de 15 dias, desejam um país melhor para os filhos. Queremos políticos que amem nosso país. Vejo muitos pais criando os filhos para morarem fora do Brasil. Não quero isso para minha família. Nós, mães, queremos ter força para trabalhar e perseverar para construir um país próspero!" Patricia Cardim, 32, diretora-geral da Faculdade Belas Artes "Conseguir tempo para ser mãe, esposa, profissional e estudante neste tempo louco. Queria que os homens tivessem que provar a competência deles do mesmo jeito que isso é cobrado das mulheres. Não queria que fosse mais fácil para a gente, mas que fosse tão difícil pra eles quanto é para nós" Gabriela de Jesus Silva, 29, funcionária pública "Queria uma máquina que fizesse luzes no cabelo, que rejuvenescesse, que deixasse o corpo malhado e a pele linda. Aí, teríamos mais tempo para fazer tudo O que precisamos: cuidar da casa, ser profissional, lutar por direitos iguais e ser mãe" Ticiane Pinheiro, 38, apresentadora "As mulheres querem paz, porque trazem paz. Querem amor, porque amam. Querem saúde, porque precisam cuidar de muita gente. Querem respeito, porque passam por muitas situações complexas. Querem carinho, porque vivem de abraçar e escutar quem precisa de ajuda. Querem sempre ajudar porque isso é atávico: sempre cuidar e zelar. Querem ter filhos e viver com eles e para eles. Querem trabalhar e serem tratadas com dignidade. Querem sorrir e dar risada, a vida já traz muitas lágrimas. Querem ser magras e comer! Querem colo e dar colo. Querem chorar e serem consoladas. Querem ter alguém para dividir tudo, o bom, o ruim e o mais ou menos. Querem ser compreendidas mesmo sem falar, porque compreendem em silêncio. Querem tirar a dor da alma das pessoas que sofrem" Cris Lotaif, 52, diretora da Dior "Respeito e a segurança de andar livres e sozinhas de dia, à noite, de saia, shorts, calça, no metrô lotado, no busão, voltando do trabalho ou da balada, sem sentir medo, sem ninguém mexer, sem assédio, sem um babaca tentar encoxar, sem ser perseguidas" Jana Rosa, 29, escritora "No fundo, buscamos nos libertar das cobranças de sermos perfeitas como mães e profissionais. Queremos aproveitar a vida sem questionamentos e culpas" Fernanda Marques, 49, arquiteta "Elas querem o casamento perfeito e serem realizadas plenamente na carreira. Isso não orna. Fui noiva três vezes e não me casei porque homens desejam mulheres dependentes. elas não querem perder os benefícios oferecidos pelo mundo machista, mas não aceitam um homem machista. Abraçar dois mundos opostos é inviável" Cau Saad, 35, personal trainer "Além de ser reconhecida profissionalmente, toda mulher quer ser mimada, precisa de paparicos. Isso faz parte de nossa essência. Quem não ama ser surpreendida no meio do dia com flores ou com uma ligação dizendo que somos especiais?" Adriana Vilarinho, 46, dermatologista de famosos "Passamos tanto tempo dando satisfação sobre nossas escolhas que às vezes nem aproveitamos tanto esse poder de optar. Mesmo tendo uma vida independente, uma mulher feliz com suas opções sempre tem que explicar isso em algum momento. Se pudermos ficar em paz com nossas pequenas e grandes escolhas, sem julgamentos, sem intromissões e sem tanta gente palpitanto —inclusive outras mulheres—, ficaremos mais seguras e tranquilas" Adriana Cardillo, 39, maquiadora "Eu acho que as mulheres querem amor. Não só amor de homem. Amor de todos os lados, de todas as formas. Quando estou com muitas mulheres, sinto que elas precisam de amor entre elas. É coisa de mulher para mulher. As mulheres buscam um pouco de atenção, consideração e carinho. A maioria dos problemas femininos se resolve com uma dose de amor" Julia Petit, 42, empresária digital "Uma das coisas que quero muito e me deixa muito triste em não ter é não ser julgada. Acho que as mulheres têm o direito de viver a própria loucura, de fazer o que o instinto manda. Queremos um mundo menos careta, que respeite nossa liberdade de agir e não nos force a ser nada ou se comportar de maneiras pré-determinadas!" Luiza Possi, 30, cantora "Poderia falar que desejo a bunda da Sabrina Sato, a beleza da Grazi Mazzafera, o cabelo da Gisele, um romance de "50 Tons de Cinza", a família da Fernanda Lima e pegar o comendador todo final de noite. Mas será que a mulher de hoje em dia estaria plenamente satisfeita? Não! Que mulher que sabe o que realmente quer, e na primeira TPM muda tudo?Queremos que nossas mudanças de opinião sejam constantes. Queremos ser inúmeras mulheres em uma só" Luciana Rady, 27, criadora dos perfis de humor no Instagram Acordei Mais Venenosa e Felix Amargo "As mulheres querem ser valorizadas em todos os aspectos: como filha, mulher, mãe, profissional, irmã, amiga. Quando nos sentimos desvalorizadas é horrível. Isso abala nossa autoestima. É bom para natureza feminina ser elogiada. Não queremos uma placa para dizer quão especiais somos. Queremos ouvir um obrigado. Mulheres também querem a liberdade de escolher se o homem carrega a mala ou se ela quer trabalhar mais que o marido. Mulher quer liberdade para ser quem é e fazer o que se quer." Mica Rocha, 29, apresentadora "Tenho certeza que toda mulher gostaria de ser magra sem precisar ir à academia e sem fazer dieta. E também ter um cabelo maravilhoso sem precisar ficar horas no cabeleireiro. Também acho que nenhuma mulher gostaria de envelhecer. Fora a MarÍlia Gabriela, que me parece muito bem resolvida, não vejo nenhuma outra que aceite bem as rugas" Pietra Bertolazzi, 28, DJ "As mulheres querem encontrar o amor, seja nos braços de um companheiro ou de uma companheira. Não dá para ser totalmente realizada sem amar. O feminismo fez com que muitas mulheres se esquecessem disso, mas acho que elas já estão sentido falta. É bom ser amado e as mulheres buscam amor sempre!" Gaby Amarantos, 36, cantora "Tudo! sucesso e reconhecimento profissional, amor, uma família linda, um corpo perfeito, cabelo incrível e estar sempre maravilhosa e bela. Queremos muitas coisas para nós, mas não somos egoístas. Desejamos viver em equilíbrio com o planeta e de forma sustentável com a natureza. E também queremos que todos nós possamos usufruir do amor, de forma abundante e geral" Talytha Pugliesi, 33, modelo "A luta das mulheres é por direitos iguais dentro e fora de casa. Falamos muito de questões trabalhistas, mas a vida doméstica ainda não é igualitária. Não adianta ganhar tanto quanto o marido e ter que ouvi-lo reclamar que o papel higiênico acabou ou que a luz do corredor pifou. Os homens precisam saber que cuidar da casa também é responsabilidade deles. Se temos 100% de igualdade no ambiente profissional devemos ter 100% de igualdade da porta de casa para dentro" Roberta Whatley, 28, sócia da Agência Fizz "As mulheres da minha idade querem ter saúde para ver os netos crescerem e serem companheira deles. Queremos ser avós modernas que acompanham os netos nos esportes e nas aventuras. Queremos ser cool! E, claro, queremos a pele perfeita" Tereza Cury, 57, dona do salão Square Hair and Care
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Conheça dez rituais tradicionais de passagem de ano ao redor do mundo
Bater panelas nas janelas, quebrar pratos em frente à casa dos outros, queimar bonecos gigantes, sair pelas ruas disparando pistolas cheias de água. Rituais para celebrar o Ano-Novo mundo afora podem ser bem diferentes do nosso tradicional pular sete ondinhas no mar, vestir branco e comer uvas e lentilhas na ceia. A data da virada também não acontece sempre em 1º de janeiro. "O Brasil segue o calendário juliano, ou católico, como boa parte do Ocidente, mas outros países, como Israel e China, contam os anos de forma diferente da nossa", diz a teóloga Lidice Meyer, professora de ciência da religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Embora pareçam exóticas para algumas pessoas, as tradições de passagem de ano de outros povos representam sempre esperança por um ciclo renovado e positivo, explica Denise Gimenez Ramos, professora de psicologia clínica da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo. "Somos movidos a símbolos, que indicam nossas metas desejadas. A humanidade tem medo do futuro, por isso é importante projetar um [futuro] que seja bom", diz Denise. Conheça abaixo rituais de Réveillon tradicionais em dez países. * DRAGÕES DE PANO Embora seja mais conhecida como Ano-Novo Chinês, a data é festejada também em outros países do Oriente que seguem o calendário lunissolar, baseado nos movimentos da Lua e do Sol. Ela costuma ocorrer entre 20 de janeiro e 20 de fevereiro. Na China, a população acende lanternas para atrair boa sorte, troca envelopes vermelhos recheados de dinheiro com os familiares e dança pelas ruas com enormes dragões feitos de pano -o animal é considerado símbolo de poder, benevolência, dignidade e vigilância. DEPOIS DA VASSOURA, UÍSQUE O Hogmanay, ou Ano-Novo na Escócia, é uma festa secular. Do século 17 até boa parte do 21, o país viveu a Reforma Protestante e não pôde celebrar o Natal, uma tradição católica. Assim, a população passou a "descontar" a vontade de festejar no Réveillon, que começa em 30 de dezembro e dura três dias. É comum passar o dia 31 limpando a casa, para afastar energias negativas. Após a meia-noite, o povo se reúne para cantar uma música do poeta conterrâneo Robert Burns e presenteia os vizinhos com biscoitos ou pão. Ah, e eles brindam com uísque, não champanhe, é claro. MERGULHO A BAIXO DE ZERO Os holandeses acendem imensas "fogueiras da alegria" para celebrar o Réveillon, queimando árvores de Natal e estrados de madeira. Nas cidades à beira-mar, mergulhos organizados acontecem ao meio-dia de 1º de janeiro, sob temperaturas em torno de 0°C. Patrocinadores distribuem chapéus na cor laranja e sopa de ervilha bem quente aos menos, digamos, resistentes às águas geladas. Tudo para começar o novo ano com a alma e o corpo "zerados" -ou, como admitem alguns, para curar a ressaca da festa da virada. FOGUEIRA DE BONECOS Para se livrar de lembranças ruins do ano que termina, na noite de 31 de dezembro os equatorianos queimam bonecos feitos com jornais e roupas velhas, palha e papel machê. Eles são chamados de "monigotes" ou "años viejos", e existem em diversos tamanhos, do natural ao gigante. Há versões com as feições de personagens de desenho animado, políticos, celebridades... CHUMBO DERRETIDO Na Áustria, a primeira hora do dia 1º de janeiro é o momento de jogar chumbo derretido dentro de um copo d'água. Quando esfria, o metal forma figuras, que simbolizam como será o próximo ano para a pessoa. Uma bola representa sorte; uma âncora indica que será preciso contar com a ajuda dos outros. Muitos austríacos guardam os desenhos como amuletos -existe a crença de que eles vão colaborar para os pedidos feitos na virada se tornarem realidade. DOCE COMO MEL Celebrado em setembro, com datas variáveis, o Ano-Novo dos judeus é conhecido como Rosh Hashaná. O período de festejos vai do pôr do sol do dia anterior até o anoitecer do dia posterior. Banquetes servidos em família são o centro da comemoração, e o judeus costumam fazer um pedido antes de comer cada alimento. Não podem faltar à mesa maçãs e chalá, tradicional pão trançado, que são mergulhados em mel. Esse ritual simboliza a esperança de ter um ano doce pela frente. PANELAÇO Em Portugal, é costume comemorar o Ano-Novo batendo tampas de panela nas janelas ou pelas ruas. Acredita-se que esse ritual, mais frequente no sul do país, espanta o que aconteceu de ruim nos 12 meses anteriores. Outras tradições comuns entre os lusitanos são pular três vezes com o pé direito e uma taça de champanhe na mão e dançar em volta de uma árvore. MALA NO ROLÊ Os mexicanos cultivam um série de simpatias para atrair boa sorte no Ano-Novo. Para afastar más vibrações, varrem toda a sujeira para fora de suas casas e escrevem coisas negativas em um papel, queimando-o na virada. Em busca de prosperidade, usam a melhor louça na ceia e acendem luzes e velas. Quem deseja viajar muito no próximo ano costuma ainda levar sua mala para dar uma volta no quarteirão. GUERRINHA DE ÁGUA Celebrado entre 13 e 15 de abril, o Ano-Novo na Tailândia também é conhecido como Festival das Águas. As imagens de Buda são lavadas, seja dentro de casa ou nos templos, e o povo sai às ruas com pistolas de brinquedo, molhando quem aparece pela frente. Para os tailandeses, a água simboliza boa sorte, e molhar os outros representa o desejo de que tenham um ano positivo. Outro costume nesta época é libertar animais, como pássaros engaiolados e peixes que vivem em cativeiros. FESTA DOS CACOS Durante as primeiras horas de 1º de janeiro, a tradição na Dinamarca é quebrar pratos na porta das casas de amigos e familiares. O ritual significa lealdade, e quanto mais cacos uma pessoa reúne, mais querida ela é considerada. Antes da ação solidária pelas redondezas, entretanto, os dinamarqueses gostam de subir em uma cadeira e pular, para atrair boa sorte.
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Conheça dez rituais tradicionais de passagem de ano ao redor do mundoBater panelas nas janelas, quebrar pratos em frente à casa dos outros, queimar bonecos gigantes, sair pelas ruas disparando pistolas cheias de água. Rituais para celebrar o Ano-Novo mundo afora podem ser bem diferentes do nosso tradicional pular sete ondinhas no mar, vestir branco e comer uvas e lentilhas na ceia. A data da virada também não acontece sempre em 1º de janeiro. "O Brasil segue o calendário juliano, ou católico, como boa parte do Ocidente, mas outros países, como Israel e China, contam os anos de forma diferente da nossa", diz a teóloga Lidice Meyer, professora de ciência da religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Embora pareçam exóticas para algumas pessoas, as tradições de passagem de ano de outros povos representam sempre esperança por um ciclo renovado e positivo, explica Denise Gimenez Ramos, professora de psicologia clínica da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo. "Somos movidos a símbolos, que indicam nossas metas desejadas. A humanidade tem medo do futuro, por isso é importante projetar um [futuro] que seja bom", diz Denise. Conheça abaixo rituais de Réveillon tradicionais em dez países. * DRAGÕES DE PANO Embora seja mais conhecida como Ano-Novo Chinês, a data é festejada também em outros países do Oriente que seguem o calendário lunissolar, baseado nos movimentos da Lua e do Sol. Ela costuma ocorrer entre 20 de janeiro e 20 de fevereiro. Na China, a população acende lanternas para atrair boa sorte, troca envelopes vermelhos recheados de dinheiro com os familiares e dança pelas ruas com enormes dragões feitos de pano -o animal é considerado símbolo de poder, benevolência, dignidade e vigilância. DEPOIS DA VASSOURA, UÍSQUE O Hogmanay, ou Ano-Novo na Escócia, é uma festa secular. Do século 17 até boa parte do 21, o país viveu a Reforma Protestante e não pôde celebrar o Natal, uma tradição católica. Assim, a população passou a "descontar" a vontade de festejar no Réveillon, que começa em 30 de dezembro e dura três dias. É comum passar o dia 31 limpando a casa, para afastar energias negativas. Após a meia-noite, o povo se reúne para cantar uma música do poeta conterrâneo Robert Burns e presenteia os vizinhos com biscoitos ou pão. Ah, e eles brindam com uísque, não champanhe, é claro. MERGULHO A BAIXO DE ZERO Os holandeses acendem imensas "fogueiras da alegria" para celebrar o Réveillon, queimando árvores de Natal e estrados de madeira. Nas cidades à beira-mar, mergulhos organizados acontecem ao meio-dia de 1º de janeiro, sob temperaturas em torno de 0°C. Patrocinadores distribuem chapéus na cor laranja e sopa de ervilha bem quente aos menos, digamos, resistentes às águas geladas. Tudo para começar o novo ano com a alma e o corpo "zerados" -ou, como admitem alguns, para curar a ressaca da festa da virada. FOGUEIRA DE BONECOS Para se livrar de lembranças ruins do ano que termina, na noite de 31 de dezembro os equatorianos queimam bonecos feitos com jornais e roupas velhas, palha e papel machê. Eles são chamados de "monigotes" ou "años viejos", e existem em diversos tamanhos, do natural ao gigante. Há versões com as feições de personagens de desenho animado, políticos, celebridades... CHUMBO DERRETIDO Na Áustria, a primeira hora do dia 1º de janeiro é o momento de jogar chumbo derretido dentro de um copo d'água. Quando esfria, o metal forma figuras, que simbolizam como será o próximo ano para a pessoa. Uma bola representa sorte; uma âncora indica que será preciso contar com a ajuda dos outros. Muitos austríacos guardam os desenhos como amuletos -existe a crença de que eles vão colaborar para os pedidos feitos na virada se tornarem realidade. DOCE COMO MEL Celebrado em setembro, com datas variáveis, o Ano-Novo dos judeus é conhecido como Rosh Hashaná. O período de festejos vai do pôr do sol do dia anterior até o anoitecer do dia posterior. Banquetes servidos em família são o centro da comemoração, e o judeus costumam fazer um pedido antes de comer cada alimento. Não podem faltar à mesa maçãs e chalá, tradicional pão trançado, que são mergulhados em mel. Esse ritual simboliza a esperança de ter um ano doce pela frente. PANELAÇO Em Portugal, é costume comemorar o Ano-Novo batendo tampas de panela nas janelas ou pelas ruas. Acredita-se que esse ritual, mais frequente no sul do país, espanta o que aconteceu de ruim nos 12 meses anteriores. Outras tradições comuns entre os lusitanos são pular três vezes com o pé direito e uma taça de champanhe na mão e dançar em volta de uma árvore. MALA NO ROLÊ Os mexicanos cultivam um série de simpatias para atrair boa sorte no Ano-Novo. Para afastar más vibrações, varrem toda a sujeira para fora de suas casas e escrevem coisas negativas em um papel, queimando-o na virada. Em busca de prosperidade, usam a melhor louça na ceia e acendem luzes e velas. Quem deseja viajar muito no próximo ano costuma ainda levar sua mala para dar uma volta no quarteirão. GUERRINHA DE ÁGUA Celebrado entre 13 e 15 de abril, o Ano-Novo na Tailândia também é conhecido como Festival das Águas. As imagens de Buda são lavadas, seja dentro de casa ou nos templos, e o povo sai às ruas com pistolas de brinquedo, molhando quem aparece pela frente. Para os tailandeses, a água simboliza boa sorte, e molhar os outros representa o desejo de que tenham um ano positivo. Outro costume nesta época é libertar animais, como pássaros engaiolados e peixes que vivem em cativeiros. FESTA DOS CACOS Durante as primeiras horas de 1º de janeiro, a tradição na Dinamarca é quebrar pratos na porta das casas de amigos e familiares. O ritual significa lealdade, e quanto mais cacos uma pessoa reúne, mais querida ela é considerada. Antes da ação solidária pelas redondezas, entretanto, os dinamarqueses gostam de subir em uma cadeira e pular, para atrair boa sorte.
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Ao menos seis pessoas morrem em passagem de ciclone nas ilhas Fiji
Operações de limpeza nas ilhas Fiji começaram neste domingo (21), após a passagem do mais poderoso ciclone já registrado no arquipélago. O ciclone tropical Winston foi acompanho de ventos de quase 300 km/h, de acordo com o Centro de Alerta de Tufão americano. Ao menos seis pessoas morreram, segundo dados do Escritório das Nações Unidas para a Assistência Humanitária (OCHA). Winston é o único ciclone de categoria 5 que já atingiu o arquipélago do Pacífico, muito dependente do setor de turismo, onde vivem 900.000 habitantes. "Casas foram destruídas, muitas áreas baixas foram inundadas", declarou o primeiro-ministro Voreqe Bainimarama. "Após esta tragédia, muitos estão sem eletricidade, água e sem acesso às comunicações". A situação é difícil para as agências humanitárias, que tentam avaliar os prejuízos, mas OCHA estimou em 150 o número de casas destruídas. Os habitantes da ilha postaram nas redes sociais fotos de casas que tiveram os telhados arrancados, de ruas alagadas e sinais de trânsito dobrados em dois. Iris Low-McKenzie, diretora local da ONG Save the Children, explicou que era muito cedo para avaliar os danos nas ilhas mais remotas do arquipélago, que possui cerca de 330. "Estou particularmente preocupada com o destino das comunidades que vivem nas ilhas que ainda não conseguimos acesso", afirmou Low-McKenzie. "Enquanto as comunicações não forem restabelecidas, não saberemos nada sobre a sua situação". Winston atingiu a principal ilha de Viti Levu, onde está localizada a capital Suva, mas sem causar grandes estragos. "Nós não tivemos muitos problemas, apenas algumas telhas que voaram. Mas quando olho em volta de mim, tudo o que vejo são árvores caídas no chão", relatou um residente de Suva, Danny Southcombe. "O barulho era assustador quando os telhados e as árvores eram arrancados", acrescenta McKenzie-Low. AJUDA HUMANITÁRIA O primeiro-ministro advertiu que o país enfrentava "um grande teste", instando os fijianos a "serem solidários" e "ajudar uns aos outros". O estado de catástrofe natural foi decretado por um mês. Um toque de recolher estabelecido para "garantir a segurança" dos fijianos deve ser levantado na segunda-feira (22). Todas as escolas, muitas das quais servem como abrigo de emergência, permanecerão fechadas por uma semana. Moradores passaram a noite nestes centros, onde receberam comida e água. Árvores caídas bloqueavam as estradas e provocaram cortes de energia ​​em Viti Levu, enquanto todos os voos foram cancelados no Aeroporto Internacional de Nadi. Eles devem ser retomados na segunda. As autoridades da Nova Zelândia enviaram um avião P-3 Orion para avaliar os danos nos locais mais remotos. A ministra das Relações Exteriores australiana, Julie Bishop, propôs ajuda semelhante ao arquipélago. "As necessidades humanitárias são muito elevadas", estimou um funcionário da Cruz Vermelha para o Pacífico, Ahmad Sami. A prioridade será restaurar a energia elétrica, reabilitar as casas e garantir o fornecimento de água potável aos mais de 700 centros de evacuação abertos pelas autoridades, acrescentou. Hospitais foram seriamente danificados em Suva e Ba "na passagem destrutiva" de Winston, de acordo com OCHA. Segundo os serviços meteorológicos locais, Winston se dirigiu para o mar e está a cerca de 230 quilômetros a oeste de Nadi. O arquipélago, no entanto, deve esperar por fortes ventos, chuvas e grandes ondas. Os ciclones são comuns na região e as suas consequências difíceis de prever.
mundo
Ao menos seis pessoas morrem em passagem de ciclone nas ilhas FijiOperações de limpeza nas ilhas Fiji começaram neste domingo (21), após a passagem do mais poderoso ciclone já registrado no arquipélago. O ciclone tropical Winston foi acompanho de ventos de quase 300 km/h, de acordo com o Centro de Alerta de Tufão americano. Ao menos seis pessoas morreram, segundo dados do Escritório das Nações Unidas para a Assistência Humanitária (OCHA). Winston é o único ciclone de categoria 5 que já atingiu o arquipélago do Pacífico, muito dependente do setor de turismo, onde vivem 900.000 habitantes. "Casas foram destruídas, muitas áreas baixas foram inundadas", declarou o primeiro-ministro Voreqe Bainimarama. "Após esta tragédia, muitos estão sem eletricidade, água e sem acesso às comunicações". A situação é difícil para as agências humanitárias, que tentam avaliar os prejuízos, mas OCHA estimou em 150 o número de casas destruídas. Os habitantes da ilha postaram nas redes sociais fotos de casas que tiveram os telhados arrancados, de ruas alagadas e sinais de trânsito dobrados em dois. Iris Low-McKenzie, diretora local da ONG Save the Children, explicou que era muito cedo para avaliar os danos nas ilhas mais remotas do arquipélago, que possui cerca de 330. "Estou particularmente preocupada com o destino das comunidades que vivem nas ilhas que ainda não conseguimos acesso", afirmou Low-McKenzie. "Enquanto as comunicações não forem restabelecidas, não saberemos nada sobre a sua situação". Winston atingiu a principal ilha de Viti Levu, onde está localizada a capital Suva, mas sem causar grandes estragos. "Nós não tivemos muitos problemas, apenas algumas telhas que voaram. Mas quando olho em volta de mim, tudo o que vejo são árvores caídas no chão", relatou um residente de Suva, Danny Southcombe. "O barulho era assustador quando os telhados e as árvores eram arrancados", acrescenta McKenzie-Low. AJUDA HUMANITÁRIA O primeiro-ministro advertiu que o país enfrentava "um grande teste", instando os fijianos a "serem solidários" e "ajudar uns aos outros". O estado de catástrofe natural foi decretado por um mês. Um toque de recolher estabelecido para "garantir a segurança" dos fijianos deve ser levantado na segunda-feira (22). Todas as escolas, muitas das quais servem como abrigo de emergência, permanecerão fechadas por uma semana. Moradores passaram a noite nestes centros, onde receberam comida e água. Árvores caídas bloqueavam as estradas e provocaram cortes de energia ​​em Viti Levu, enquanto todos os voos foram cancelados no Aeroporto Internacional de Nadi. Eles devem ser retomados na segunda. As autoridades da Nova Zelândia enviaram um avião P-3 Orion para avaliar os danos nos locais mais remotos. A ministra das Relações Exteriores australiana, Julie Bishop, propôs ajuda semelhante ao arquipélago. "As necessidades humanitárias são muito elevadas", estimou um funcionário da Cruz Vermelha para o Pacífico, Ahmad Sami. A prioridade será restaurar a energia elétrica, reabilitar as casas e garantir o fornecimento de água potável aos mais de 700 centros de evacuação abertos pelas autoridades, acrescentou. Hospitais foram seriamente danificados em Suva e Ba "na passagem destrutiva" de Winston, de acordo com OCHA. Segundo os serviços meteorológicos locais, Winston se dirigiu para o mar e está a cerca de 230 quilômetros a oeste de Nadi. O arquipélago, no entanto, deve esperar por fortes ventos, chuvas e grandes ondas. Os ciclones são comuns na região e as suas consequências difíceis de prever.
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Carlos Siqueira e Roberto Freire: Um novo projeto para o Brasil
O avanço das tratativas em torno da fusão entre o PSB (Partido Socialista Brasileiro) e o PPS (Partido Popular Socialista), que resultará em uma nova força política no campo da esquerda democrática e oferecerá ao país uma alternativa real ao atual governo federal, representa mais do que simplesmente a união entre as duas legendas. Trata-se, afinal, de um reencontro histórico entre o legítimo herdeiro do Partido Comunista Brasileiro e os socialistas, que têm uma trajetória de lutas em comum e estiveram juntos em vários momentos cruciais da democracia brasileira. Esse realinhamento nos remete ao exemplo marcante da "Frente do Recife", grande inspiração no início de nossas vidas políticas. O movimento, que uniu comunistas e socialistas, foi hegemônico em Pernambuco da redemocratização de 1946 até o golpe militar de 1964 e repercutiu nacionalmente entre as forças democráticas de esquerda. Após o golpe, os dois grupos se integraram às trincheiras do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), em oposição à ditadura militar que perduraria por mais de 20 anos. A parceria se repetiu em momentos fundamentais de nossa história, como a luta pela anistia, a campanha das Diretas-Já, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, o voto favorável à Constituinte, o impeachment de Fernando Collor e, especialmente, o apoio ao presidente Itamar Franco. Apoiamos Lula em 2002 e também iniciamos juntos no governo, com o qual ambos rompemos em momentos distintos. Diante do esgotamento do atual ciclo político do país após mais de 12 anos de governos do PT e da grave crise econômica que aflige os brasileiros, PSB e PPS se encontraram novamente na última eleição presidencial, unidos em torno do projeto de desenvolvimento representado pela candidatura do nosso saudoso Eduardo Campos. É justamente a partir dessa aproximação que prosperou a tese da fusão entre os dois partidos, com o intuito de oferecer à nação uma plataforma política conectada com os anseios da sociedade contemporânea e que dialogue com o século 21. A duradoura trajetória de lutas em comum entre PSB e PPS é apenas a fagulha que acende a chama desse novo partido que surgirá e nos dá autoridade para afirmar compromissos com o futuro. O fundamental é olharmos para a frente. Convidamos a sociedade a participar desse processo e oferecermos ao país uma alternativa consistente ao governo que aí está. Em meio ao descrédito generalizado e certa deslegitimação da democracia representativa em todo o mundo, o que a sociedade deseja é encontrar novos atores e novas formas de se expressar e participar –e o novo partido não fugirá de suas responsabilidades neste mundo do futuro que já começou. Temos de oferecer respostas diante de uma realidade marcada pela inovação nas comunicações, pelo avanço da tecnologia e das redes, e por uma juventude que constrói novas formas de participação social. "Não vamos desistir do Brasil", a frase que Eduardo Campos inscreveu na história do país antes de nos deixar precocemente, funciona como lema a ser seguido por PSB, PPS e por todas as demais forças políticas comprometidas com a democracia em nosso país. Não devemos nos conformar jamais com a desesperança, o descalabro, a desfaçatez, o estelionato eleitoral, a corrupção e as mazelas resultantes da ação predatória daqueles que se locupletam e se perpetuam no poder sem escrúpulos. A nova força política que emergirá da união entre PSB e PPS acredita no Brasil, nos brasileiros, na República laica e democrática e na capacidade de superação que sempre marcou a nossa história. A sociedade pede mudança, um novo mundo pede passagem e este caminho já começou a ser trilhado. CARLOS SIQUEIRA, 59, é presidente nacional do PSB (Partido Socialista Brasileiro) ROBERTO FREIRE, 73, deputado federal pelo Estado de São Paulo, é presidente nacional do PPS (Partido Popular Socialista) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Carlos Siqueira e Roberto Freire: Um novo projeto para o BrasilO avanço das tratativas em torno da fusão entre o PSB (Partido Socialista Brasileiro) e o PPS (Partido Popular Socialista), que resultará em uma nova força política no campo da esquerda democrática e oferecerá ao país uma alternativa real ao atual governo federal, representa mais do que simplesmente a união entre as duas legendas. Trata-se, afinal, de um reencontro histórico entre o legítimo herdeiro do Partido Comunista Brasileiro e os socialistas, que têm uma trajetória de lutas em comum e estiveram juntos em vários momentos cruciais da democracia brasileira. Esse realinhamento nos remete ao exemplo marcante da "Frente do Recife", grande inspiração no início de nossas vidas políticas. O movimento, que uniu comunistas e socialistas, foi hegemônico em Pernambuco da redemocratização de 1946 até o golpe militar de 1964 e repercutiu nacionalmente entre as forças democráticas de esquerda. Após o golpe, os dois grupos se integraram às trincheiras do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), em oposição à ditadura militar que perduraria por mais de 20 anos. A parceria se repetiu em momentos fundamentais de nossa história, como a luta pela anistia, a campanha das Diretas-Já, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, o voto favorável à Constituinte, o impeachment de Fernando Collor e, especialmente, o apoio ao presidente Itamar Franco. Apoiamos Lula em 2002 e também iniciamos juntos no governo, com o qual ambos rompemos em momentos distintos. Diante do esgotamento do atual ciclo político do país após mais de 12 anos de governos do PT e da grave crise econômica que aflige os brasileiros, PSB e PPS se encontraram novamente na última eleição presidencial, unidos em torno do projeto de desenvolvimento representado pela candidatura do nosso saudoso Eduardo Campos. É justamente a partir dessa aproximação que prosperou a tese da fusão entre os dois partidos, com o intuito de oferecer à nação uma plataforma política conectada com os anseios da sociedade contemporânea e que dialogue com o século 21. A duradoura trajetória de lutas em comum entre PSB e PPS é apenas a fagulha que acende a chama desse novo partido que surgirá e nos dá autoridade para afirmar compromissos com o futuro. O fundamental é olharmos para a frente. Convidamos a sociedade a participar desse processo e oferecermos ao país uma alternativa consistente ao governo que aí está. Em meio ao descrédito generalizado e certa deslegitimação da democracia representativa em todo o mundo, o que a sociedade deseja é encontrar novos atores e novas formas de se expressar e participar –e o novo partido não fugirá de suas responsabilidades neste mundo do futuro que já começou. Temos de oferecer respostas diante de uma realidade marcada pela inovação nas comunicações, pelo avanço da tecnologia e das redes, e por uma juventude que constrói novas formas de participação social. "Não vamos desistir do Brasil", a frase que Eduardo Campos inscreveu na história do país antes de nos deixar precocemente, funciona como lema a ser seguido por PSB, PPS e por todas as demais forças políticas comprometidas com a democracia em nosso país. Não devemos nos conformar jamais com a desesperança, o descalabro, a desfaçatez, o estelionato eleitoral, a corrupção e as mazelas resultantes da ação predatória daqueles que se locupletam e se perpetuam no poder sem escrúpulos. A nova força política que emergirá da união entre PSB e PPS acredita no Brasil, nos brasileiros, na República laica e democrática e na capacidade de superação que sempre marcou a nossa história. A sociedade pede mudança, um novo mundo pede passagem e este caminho já começou a ser trilhado. CARLOS SIQUEIRA, 59, é presidente nacional do PSB (Partido Socialista Brasileiro) ROBERTO FREIRE, 73, deputado federal pelo Estado de São Paulo, é presidente nacional do PPS (Partido Popular Socialista) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Confrontos, ruas bloqueadas e terminais vazios marcam greve geral
Os atos contra as reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) terminaram em confronto em São Paulo nesta sexta-feira (28). Com a greve geral, a cidade amanheceu sem metrô, trens e ônibus. O centro teve uma manhã atípica, com comércios fechados e ruas vazias, inclusive no Brás. Ainda de madrugada, manifestantes bloquearam a rodovia Helio Smidt, que dá acesso ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e outros diversos pontos da capital. No final da tarde, um ato se concentrou no Largo da Batata e seguiu até os arredores da casa de Michel Temer. Acompanhe a cobertura completa da greve geral
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Confrontos, ruas bloqueadas e terminais vazios marcam greve geralOs atos contra as reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) terminaram em confronto em São Paulo nesta sexta-feira (28). Com a greve geral, a cidade amanheceu sem metrô, trens e ônibus. O centro teve uma manhã atípica, com comércios fechados e ruas vazias, inclusive no Brás. Ainda de madrugada, manifestantes bloquearam a rodovia Helio Smidt, que dá acesso ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e outros diversos pontos da capital. No final da tarde, um ato se concentrou no Largo da Batata e seguiu até os arredores da casa de Michel Temer. Acompanhe a cobertura completa da greve geral
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Brasileiros lembram o dia em que Cruyff derrotou a seleção
O ex-goleiro Leão e o ex-atacante Jairzinho lamentaram a morte de Johan Cruyff, 68. Eles enfrentaram o ex-jogador holandês na Copa do Mundo-1974, quando a Holanda venceu o Brasil por 2 a 0 e avançou à final –foi vice-campeã após perder a decisão para a Alemanha. "O mundo do futebol está chorando. Perdemos um cara revolucionário. Cruyff deixou uma transformação na forma de a Holanda jogar. Ele deixou um legado de fantasia no futebol", disse o camisa 7 da seleção brasileira no Mundial da Alemanha. "Cruyff foi um divisor na Europa em relação a Holanda. Existiu a Holanda antes e depois do Cruyff. O poder dele fez a Holanda se tornar competitiva e respeitada. Ele era culto e craque de bola. Era um prazer jogar contra jogadores dessa qualidade", afirmou Leão. Jairzinho e Leão relembraram também do duelo de 1974. De acordo com eles, o Brasil teve chance de vencer a partida, mas pecou nas finalizações. A Holanda ficou conhecida no Mundial da Alemanha como "Laranja Mecânica" em razão do futebol envolvente e ofensivo. A tática inovadora do treinador Rinus Michels fazia com que todos os jogadores atacassem e defendessem, sem guardar posição fixa. "Conhecíamos o jeito da Holanda jogar. A Holanda começou preocupada e estava com medo do Brasil. Podíamos ter ganhado, mas infelizmente perdemos dois gols no primeiro tempo. Na etapa complementar, a Holanda se acalmou e com a coordenação do Cruyff aproveitou as chances e venceu a partida", relembrou Leão. A vida de Johan Cruyff "O Cruyff me deu uma das tristezas da minha vida. Pior tristeza que essa não existe. Tivemos chance de ganhar e não ganhamos, eles tiveram chance e ganharam", contou Jairzinho. Na opinião do ex-atacante e do ex-goleiro, a Holanda merecia ficar com o título. "Nem sempre o melhor ganha", disse Jairzinho. "Se a Holanda fosse campeã, o Mundial seria mais prazeroso. Mais uma vez o título ficou na casa de quem sediou a Copa", declarou Leão. "Cruyff é e será uma das três referências do futebol mundial. Não podemos comparar aquela geração com a atual. A nova geração ainda não conseguiu fazer nas suas respectivas seleções o brilho que tem nos clubes", completou o ex-goleiro.
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Brasileiros lembram o dia em que Cruyff derrotou a seleçãoO ex-goleiro Leão e o ex-atacante Jairzinho lamentaram a morte de Johan Cruyff, 68. Eles enfrentaram o ex-jogador holandês na Copa do Mundo-1974, quando a Holanda venceu o Brasil por 2 a 0 e avançou à final –foi vice-campeã após perder a decisão para a Alemanha. "O mundo do futebol está chorando. Perdemos um cara revolucionário. Cruyff deixou uma transformação na forma de a Holanda jogar. Ele deixou um legado de fantasia no futebol", disse o camisa 7 da seleção brasileira no Mundial da Alemanha. "Cruyff foi um divisor na Europa em relação a Holanda. Existiu a Holanda antes e depois do Cruyff. O poder dele fez a Holanda se tornar competitiva e respeitada. Ele era culto e craque de bola. Era um prazer jogar contra jogadores dessa qualidade", afirmou Leão. Jairzinho e Leão relembraram também do duelo de 1974. De acordo com eles, o Brasil teve chance de vencer a partida, mas pecou nas finalizações. A Holanda ficou conhecida no Mundial da Alemanha como "Laranja Mecânica" em razão do futebol envolvente e ofensivo. A tática inovadora do treinador Rinus Michels fazia com que todos os jogadores atacassem e defendessem, sem guardar posição fixa. "Conhecíamos o jeito da Holanda jogar. A Holanda começou preocupada e estava com medo do Brasil. Podíamos ter ganhado, mas infelizmente perdemos dois gols no primeiro tempo. Na etapa complementar, a Holanda se acalmou e com a coordenação do Cruyff aproveitou as chances e venceu a partida", relembrou Leão. A vida de Johan Cruyff "O Cruyff me deu uma das tristezas da minha vida. Pior tristeza que essa não existe. Tivemos chance de ganhar e não ganhamos, eles tiveram chance e ganharam", contou Jairzinho. Na opinião do ex-atacante e do ex-goleiro, a Holanda merecia ficar com o título. "Nem sempre o melhor ganha", disse Jairzinho. "Se a Holanda fosse campeã, o Mundial seria mais prazeroso. Mais uma vez o título ficou na casa de quem sediou a Copa", declarou Leão. "Cruyff é e será uma das três referências do futebol mundial. Não podemos comparar aquela geração com a atual. A nova geração ainda não conseguiu fazer nas suas respectivas seleções o brilho que tem nos clubes", completou o ex-goleiro.
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Spotify chega a US$ 8,5 bi em valor de mercado após rodada de investimentos
Na semana em que ganhou a Apple como concorrente direto, o serviço de streaming de música Spotify fechou uma nova rodada de investimentos no valor de US$ 526 milhões, elevando seu valor de mercado para US$ 8,5 bilhões. A informação é do jornal "Wall Street Journal". Para comparação: de acordo com a imprensa americana, o app de transporte Uber, uma das empresas iniciantes de tecnologia com maior valor hoje, está levantando US$ 1,5 bilhão de investimento, o que a avaliaria em US$ 80 bilhões. O dinheiro do Spotify partiu de, entre outras empresas, o Goldman Sachs e o fundo de investimento estatal de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). Com o encerramento da rodada nesta terça-feira (9), o valor de mercado da empresa sueca chegou a mais que o dobro de uma concorrente, a Pandora, avaliada em aproximadamente US$ 3,5 bilhões. O Spotify tem investido em novas formas de conteúdo para competir com sua mais nova rival, a Apple Music. O serviço, anunciado pela companhia norte-americana, nesta segunda-feira (8), vai combinar streaming de música com um rádio on-line e servirá como uma espécie de rede social para os artistas. "Oh, ok", tuitou, e depois apagou, Daniel Ek, presidente-executivo do Spotify após a apresentação da Apple. No mês passado, a companhia de tecnologia sueca anunciou que exibirá vídeos de canais como BBC, ESPN e TED. A companhia também criou um sistema que "casa" o ritmo da corrida de usuários às canções sugeridas pelo app.
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Spotify chega a US$ 8,5 bi em valor de mercado após rodada de investimentosNa semana em que ganhou a Apple como concorrente direto, o serviço de streaming de música Spotify fechou uma nova rodada de investimentos no valor de US$ 526 milhões, elevando seu valor de mercado para US$ 8,5 bilhões. A informação é do jornal "Wall Street Journal". Para comparação: de acordo com a imprensa americana, o app de transporte Uber, uma das empresas iniciantes de tecnologia com maior valor hoje, está levantando US$ 1,5 bilhão de investimento, o que a avaliaria em US$ 80 bilhões. O dinheiro do Spotify partiu de, entre outras empresas, o Goldman Sachs e o fundo de investimento estatal de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). Com o encerramento da rodada nesta terça-feira (9), o valor de mercado da empresa sueca chegou a mais que o dobro de uma concorrente, a Pandora, avaliada em aproximadamente US$ 3,5 bilhões. O Spotify tem investido em novas formas de conteúdo para competir com sua mais nova rival, a Apple Music. O serviço, anunciado pela companhia norte-americana, nesta segunda-feira (8), vai combinar streaming de música com um rádio on-line e servirá como uma espécie de rede social para os artistas. "Oh, ok", tuitou, e depois apagou, Daniel Ek, presidente-executivo do Spotify após a apresentação da Apple. No mês passado, a companhia de tecnologia sueca anunciou que exibirá vídeos de canais como BBC, ESPN e TED. A companhia também criou um sistema que "casa" o ritmo da corrida de usuários às canções sugeridas pelo app.
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Ilustrada pelo anglo-brasileiro Sam Hart, "Atômica" ganha livro e filme
Quando Sam Hart decidiu estruturar os quadrinhos da graphic novel "Atômica: A Cidade Mais Fria" como um storyboard de filme, jamais passou pela sua cabeça que aquelas cenas iriam, de fato, ser transportadas para uma tela de cinema. Ainda mais como um sucesso de bilheteria com elenco de primeira, estrelado e produzido por Charlize Theron, como é "Atômica", thriller de ação que estreia hoje, quinta-feira (31/08). A HQ escrita pelo britânico Antony Johnston e ilustrada por Hart, anglo-brasileiro, que acaba de ganhar edição nacional pela DarkSide Books (R$55,00), é situada na Berlim de 1989. Com o comunismo à beira do colapso e a iminente queda do muro como pano de fundo, acompanhamos a trajetória de uma agente do MI6 que busca recuperar uma lista que contém o nome de todos os espiões atuantes na cidade. Best-seller nos Estados Unidos e Reino Unido, o thriller de espionagem chamou a atenção de Theron antes mesmo de ser publicado em 2012. Além do estilo cool da narrativa e das ilustrações, a atriz viu na protagonista uma personagem feminina forte e pouco comum nas telas do cinema. Hart, 43, baseou as feições de Lorraine Broughton, a heroína em questão, nas feições de sua avó paterna. "Foi uma homenagem a ela. Ela estava muito à frente da época, na Inglaterra dos anos 1930. Foi uma das primeiras mulheres a trabalhar para o governo, no Home Office, uma espécie de Ministério de Imigração e Segurança Pública. Foi nesse período que ela conheceu meu avô, um advogado que trabalhava no MI5", explica à Serafina o quadrinista, que esteve na première do filme em L.A. e também contou essa história para a atriz. "Ela também era muito brava! Não sei como reagiria ao filme". Filho de pai inglês e mãe brasileira, Sam nasceu na Inglaterra e cresceu no Brasil onde permanece hoje. Depois de trabalhar com HQs na sua terra natal aos vinte e poucos anos e de fundar as publicações Front e Caos, fazer ilustrações para revistas e jornais brasileiros e criar storyboards para agências de publicidade em São Paulo, hoje ele se dedica integralmente aos quadrinhos e enxerga o Brasil como um terreno bastante fértil para esse universo. "É um mercado com muita criatividade e qualidade na produção, tanto na parte do roteiro quanto na parte gráfica - visual e impressão. Acho que depois de algumas décadas de quadrinhos excelentes produzidos aqui, mais fãs e autores têm tido meios de se desenvolver através de cursos, livros e estudos sobre essa linguagem", pondera ele, que atualmente está trabalhando num novo projeto que envolve ciência e magia, roteirizado e ilustrado por ele. "É uma época muito boa para ser fã de quadrinhos".
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Ilustrada pelo anglo-brasileiro Sam Hart, "Atômica" ganha livro e filmeQuando Sam Hart decidiu estruturar os quadrinhos da graphic novel "Atômica: A Cidade Mais Fria" como um storyboard de filme, jamais passou pela sua cabeça que aquelas cenas iriam, de fato, ser transportadas para uma tela de cinema. Ainda mais como um sucesso de bilheteria com elenco de primeira, estrelado e produzido por Charlize Theron, como é "Atômica", thriller de ação que estreia hoje, quinta-feira (31/08). A HQ escrita pelo britânico Antony Johnston e ilustrada por Hart, anglo-brasileiro, que acaba de ganhar edição nacional pela DarkSide Books (R$55,00), é situada na Berlim de 1989. Com o comunismo à beira do colapso e a iminente queda do muro como pano de fundo, acompanhamos a trajetória de uma agente do MI6 que busca recuperar uma lista que contém o nome de todos os espiões atuantes na cidade. Best-seller nos Estados Unidos e Reino Unido, o thriller de espionagem chamou a atenção de Theron antes mesmo de ser publicado em 2012. Além do estilo cool da narrativa e das ilustrações, a atriz viu na protagonista uma personagem feminina forte e pouco comum nas telas do cinema. Hart, 43, baseou as feições de Lorraine Broughton, a heroína em questão, nas feições de sua avó paterna. "Foi uma homenagem a ela. Ela estava muito à frente da época, na Inglaterra dos anos 1930. Foi uma das primeiras mulheres a trabalhar para o governo, no Home Office, uma espécie de Ministério de Imigração e Segurança Pública. Foi nesse período que ela conheceu meu avô, um advogado que trabalhava no MI5", explica à Serafina o quadrinista, que esteve na première do filme em L.A. e também contou essa história para a atriz. "Ela também era muito brava! Não sei como reagiria ao filme". Filho de pai inglês e mãe brasileira, Sam nasceu na Inglaterra e cresceu no Brasil onde permanece hoje. Depois de trabalhar com HQs na sua terra natal aos vinte e poucos anos e de fundar as publicações Front e Caos, fazer ilustrações para revistas e jornais brasileiros e criar storyboards para agências de publicidade em São Paulo, hoje ele se dedica integralmente aos quadrinhos e enxerga o Brasil como um terreno bastante fértil para esse universo. "É um mercado com muita criatividade e qualidade na produção, tanto na parte do roteiro quanto na parte gráfica - visual e impressão. Acho que depois de algumas décadas de quadrinhos excelentes produzidos aqui, mais fãs e autores têm tido meios de se desenvolver através de cursos, livros e estudos sobre essa linguagem", pondera ele, que atualmente está trabalhando num novo projeto que envolve ciência e magia, roteirizado e ilustrado por ele. "É uma época muito boa para ser fã de quadrinhos".
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Amazon inclui chamada de vídeo com Echo Show, dispositivo controlado por voz
A Amazon lançou o Echo Show, um dispositivo com tela sensível ao toque que permite que os usuários façam chamadas de vídeo e assistam a vídeos da CNN, o mais recente da série de alto-falantes Echo controlados por voz da companhia. O aparelho, que começará a ser vendido em junho por cerca de US$ 230, terá o Alexa, assistente controlada por voz da Amazon, que pode ser usada para reproduzir música, chamar um Uber ou operar as luzes da casa. O Echo Show permitirá videoconferências entre usuários que tenham dispositivos Echo ou o aplicativo Alexa. O aparelho é o primeiro a suportar o recurso, que está ausente em dispositivos semelhantes oferecidos por rivais como a Google, da Alphabet. O lançamento do Echo Show é o mais recente esforço da Amazon para fazer da Alexa parte essencial na vida dos consumidores e dominar o mercado incipiente de computação baseado em voz. Um estudo da empresa de pesquisas eMarketer apresentado nesta semana mostra que os dispositivos Amazon Echo e o Echo Dot vão ter uma participação de 70,6% do mercado americano em 2017, bem à frente da participação de 23,8% do Home, do Google. O lançamento foi anunciado um dia depois da Microsoft dizer que está desenvolvendo um alto-falante ativado por voz em colaboração com a Harman Kardon, unidade da Samsung Electronics.
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Amazon inclui chamada de vídeo com Echo Show, dispositivo controlado por vozA Amazon lançou o Echo Show, um dispositivo com tela sensível ao toque que permite que os usuários façam chamadas de vídeo e assistam a vídeos da CNN, o mais recente da série de alto-falantes Echo controlados por voz da companhia. O aparelho, que começará a ser vendido em junho por cerca de US$ 230, terá o Alexa, assistente controlada por voz da Amazon, que pode ser usada para reproduzir música, chamar um Uber ou operar as luzes da casa. O Echo Show permitirá videoconferências entre usuários que tenham dispositivos Echo ou o aplicativo Alexa. O aparelho é o primeiro a suportar o recurso, que está ausente em dispositivos semelhantes oferecidos por rivais como a Google, da Alphabet. O lançamento do Echo Show é o mais recente esforço da Amazon para fazer da Alexa parte essencial na vida dos consumidores e dominar o mercado incipiente de computação baseado em voz. Um estudo da empresa de pesquisas eMarketer apresentado nesta semana mostra que os dispositivos Amazon Echo e o Echo Dot vão ter uma participação de 70,6% do mercado americano em 2017, bem à frente da participação de 23,8% do Home, do Google. O lançamento foi anunciado um dia depois da Microsoft dizer que está desenvolvendo um alto-falante ativado por voz em colaboração com a Harman Kardon, unidade da Samsung Electronics.
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Técnico supera pressão no Bauru e busca título inédito no NBB
A temporada 2014/15 foi inesquecível para o Bauru. Afinal, foram quatro títulos (Jogos Abertos do Interior, Liga das Américas, Liga Sul-Americana e Campeonato Paulista) e dois vices (NBB e Mundial ), além de uma excursão para os Estados Unidos para enfrentar New York Knicks e Washington Wizards. Mas os torcedores foram pegos de surpresa quando, na volta para o Brasil, Guerrinha, 56, o técnico responsável por essas façanhas em 15 anos dedicados ao time, foi demitido, em outubro de 2015. À procura de um técnico jovem, a diretoria decidiu trazer Demétrius Ferracciú, 42, que estava no Minas Tênis Clube. E sete meses depois da sua contratação, o Bauru está novamente na final do NBB, o principal campeonato de basquete do Brasil. O time do interior paulista vai encarar o Flamengo numa série melhor de cinco. O primeiro jogo acontece às 14h10 (com RedeTV! e SporTV) deste sábado (21), em Marília –a partida não será em Bauru porque o ginásio Panela de Pressão não tem a capacidade mínima de público exigida pela liga para uma final. Demétrius vai disputar a sua primeira final de NBB. "Quando eu saí do Minas, eu falei que estava indo para um time que busca títulos. Então esse foi o principal motivo de eu ter ido para o Bauru. Não estou surpreso por estar nessa decisão", disse o treinador em entrevista para a Folha. Demétrius está em casa, pois começou a jogar basquete exatamente em Bauru, com 8 anos. Na sua volta à cidade, porém, ele estava ciente de que estava entrando numa enorme pressão. Uma porque Guerrinha é ídolo na cidade e não seria fácil substituí-lo. E outra porque o time vinha de uma temporada quase perfeita. "O desafio é maior quando você pega um time que vinha de grandes conquistas porque se manter [no topo] é mais difícil do que chegar", disse Demétrius. "Eu sabia da pressão. Porém, ao mesmo tempo, é isso que vai nos dando uma condição para crescer como profissional e pessoa. E eu sempre acreditei no meu potencial como treinador", afirmou. Demétrius teve pouco tempo para impor a sua filosofia de jogo no início da temporada. Ele foi apresentado no dia 21 de outubro. O Bauru estreou no NBB apenas 12 dias depois. Campeão da Copa dos Campeões das Américas, em janeiro, e vice da Liga das Américas, em março, pelo Bauru, o treinador se apega à sua experiência na seleção brasileira para alçar voos mais altos. Ele é auxiliar do técnico Rubén Magnano desde 2011. "Esses cinco anos de experiência internacional me deram respaldo e uma grande bagagem. Quando você está numa seleção, está entre os melhores do mundo, observando e participando de campeonatos, e isso ajuda no seu conceito e na sua linha de trabalho", afirmou. E para conquistar o título mais importante da sua carreira, Demétrius terá que passar por um time que busca o seu quarto título seguido do NBB. Será, também, uma oportunidade de revanche para o time de Bauru, que foi vice do campeonato em 2014/15 ao perder justamente para o time carioca na final. "O Flamengo é uma equipe muito bem treinada e dispensa comentários em relação ao Neto [técnico do time rival], pois ganhou tudo o que disputou e tem um elenco muito forte. Mas nós queremos esse título inédito", disse.
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Técnico supera pressão no Bauru e busca título inédito no NBBA temporada 2014/15 foi inesquecível para o Bauru. Afinal, foram quatro títulos (Jogos Abertos do Interior, Liga das Américas, Liga Sul-Americana e Campeonato Paulista) e dois vices (NBB e Mundial ), além de uma excursão para os Estados Unidos para enfrentar New York Knicks e Washington Wizards. Mas os torcedores foram pegos de surpresa quando, na volta para o Brasil, Guerrinha, 56, o técnico responsável por essas façanhas em 15 anos dedicados ao time, foi demitido, em outubro de 2015. À procura de um técnico jovem, a diretoria decidiu trazer Demétrius Ferracciú, 42, que estava no Minas Tênis Clube. E sete meses depois da sua contratação, o Bauru está novamente na final do NBB, o principal campeonato de basquete do Brasil. O time do interior paulista vai encarar o Flamengo numa série melhor de cinco. O primeiro jogo acontece às 14h10 (com RedeTV! e SporTV) deste sábado (21), em Marília –a partida não será em Bauru porque o ginásio Panela de Pressão não tem a capacidade mínima de público exigida pela liga para uma final. Demétrius vai disputar a sua primeira final de NBB. "Quando eu saí do Minas, eu falei que estava indo para um time que busca títulos. Então esse foi o principal motivo de eu ter ido para o Bauru. Não estou surpreso por estar nessa decisão", disse o treinador em entrevista para a Folha. Demétrius está em casa, pois começou a jogar basquete exatamente em Bauru, com 8 anos. Na sua volta à cidade, porém, ele estava ciente de que estava entrando numa enorme pressão. Uma porque Guerrinha é ídolo na cidade e não seria fácil substituí-lo. E outra porque o time vinha de uma temporada quase perfeita. "O desafio é maior quando você pega um time que vinha de grandes conquistas porque se manter [no topo] é mais difícil do que chegar", disse Demétrius. "Eu sabia da pressão. Porém, ao mesmo tempo, é isso que vai nos dando uma condição para crescer como profissional e pessoa. E eu sempre acreditei no meu potencial como treinador", afirmou. Demétrius teve pouco tempo para impor a sua filosofia de jogo no início da temporada. Ele foi apresentado no dia 21 de outubro. O Bauru estreou no NBB apenas 12 dias depois. Campeão da Copa dos Campeões das Américas, em janeiro, e vice da Liga das Américas, em março, pelo Bauru, o treinador se apega à sua experiência na seleção brasileira para alçar voos mais altos. Ele é auxiliar do técnico Rubén Magnano desde 2011. "Esses cinco anos de experiência internacional me deram respaldo e uma grande bagagem. Quando você está numa seleção, está entre os melhores do mundo, observando e participando de campeonatos, e isso ajuda no seu conceito e na sua linha de trabalho", afirmou. E para conquistar o título mais importante da sua carreira, Demétrius terá que passar por um time que busca o seu quarto título seguido do NBB. Será, também, uma oportunidade de revanche para o time de Bauru, que foi vice do campeonato em 2014/15 ao perder justamente para o time carioca na final. "O Flamengo é uma equipe muito bem treinada e dispensa comentários em relação ao Neto [técnico do time rival], pois ganhou tudo o que disputou e tem um elenco muito forte. Mas nós queremos esse título inédito", disse.
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Apple Watch será vendido em lojas Best Buy a partir de agosto nos EUA
O Apple Watch estará disponível nas lojas da Best Buy, a maior rede de lojas de eletrônicos dos Estados Unidos, a partir de 7 de agosto. Os modelos Apple Watch e Apple Watch Sport serão vendidos em mais de 300 lojas da Best Buy a tempo da temporada de compras dos feriados, disse uma porta-voz da Apple. "Clientes amam o Apple Watch, e nós estamos entusiasmados em começar a oferecê-los na Best Buy", afirmou em e-mail. A Best Buy é a primeira loja a vender o produto fora da loja oficial da Apple. "O Apple Watch é uma importante adição para uma categoria de produtos emergente, e nós sabemos que nossos clientes querem isso," disse o oficial sênior da Best Buy, Jason Bonfig, no website da empresa. A companhia disse que o produto estará disponível também em sua loja virtual.
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Apple Watch será vendido em lojas Best Buy a partir de agosto nos EUAO Apple Watch estará disponível nas lojas da Best Buy, a maior rede de lojas de eletrônicos dos Estados Unidos, a partir de 7 de agosto. Os modelos Apple Watch e Apple Watch Sport serão vendidos em mais de 300 lojas da Best Buy a tempo da temporada de compras dos feriados, disse uma porta-voz da Apple. "Clientes amam o Apple Watch, e nós estamos entusiasmados em começar a oferecê-los na Best Buy", afirmou em e-mail. A Best Buy é a primeira loja a vender o produto fora da loja oficial da Apple. "O Apple Watch é uma importante adição para uma categoria de produtos emergente, e nós sabemos que nossos clientes querem isso," disse o oficial sênior da Best Buy, Jason Bonfig, no website da empresa. A companhia disse que o produto estará disponível também em sua loja virtual.
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Levy fala de ajuste fiscal para agência de classificação de risco Fitch
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recebeu nesta quarta-feira (18) representantes da agência de classificação de risco Fitch. Segundo nota divulgada pelo ministério, Levy apresentou as medidas fiscais que estão sendo adotadas e buscou mostrar à comitiva que, a depender dessas medidas, a dívida pública terá uma "trajetória favorável". Levy também falou da disposição do governo em adotar crédito financeiro para o PIS e Cofins e ampliar medidas que desburocratizam os despachos aduaneiros, como o Recof (Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado). O crédito financeiro está dentro do escopo da reforma do Pis e Cofins em estudo pela Fazenda. A ideia é unificar os tributos, com eventual aumento da alíquota, que seria compensado pela aplicação de créditos gerados por esses tributos. A comitiva da Fitch esteve nesta quarta também com o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, e com o secretário de Política Econômica da Fazenda, Afonso Arinos Neto. A Fitch é a segunda agência de classificação de risco a visitar a equipe econômica de Dilma neste mês. Uma missão da Standard and Poor´s passou uma semana no país para avaliar o cenário econômico brasileiro e a capacidade do governo de honrar suas dívidas. ESTADOS UNIDOS Levy também recebeu nesta quarta o subsecretário de Assuntos Internacionais do Tesouro dos Estados Unidos, Nathan Sheets. A autoridade americana e o secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, Luis Balduino, presidiram a quinta reunião do Diálogo Econômico-Financeiro Brasil-Estados Unidos. Os dois países discutiram as condições macroeconômicas, os desafios e perspectivas das políticas econômicas brasileiras e dos Estados Unidos, entre outros assuntos.
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Levy fala de ajuste fiscal para agência de classificação de risco FitchO ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recebeu nesta quarta-feira (18) representantes da agência de classificação de risco Fitch. Segundo nota divulgada pelo ministério, Levy apresentou as medidas fiscais que estão sendo adotadas e buscou mostrar à comitiva que, a depender dessas medidas, a dívida pública terá uma "trajetória favorável". Levy também falou da disposição do governo em adotar crédito financeiro para o PIS e Cofins e ampliar medidas que desburocratizam os despachos aduaneiros, como o Recof (Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado). O crédito financeiro está dentro do escopo da reforma do Pis e Cofins em estudo pela Fazenda. A ideia é unificar os tributos, com eventual aumento da alíquota, que seria compensado pela aplicação de créditos gerados por esses tributos. A comitiva da Fitch esteve nesta quarta também com o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, e com o secretário de Política Econômica da Fazenda, Afonso Arinos Neto. A Fitch é a segunda agência de classificação de risco a visitar a equipe econômica de Dilma neste mês. Uma missão da Standard and Poor´s passou uma semana no país para avaliar o cenário econômico brasileiro e a capacidade do governo de honrar suas dívidas. ESTADOS UNIDOS Levy também recebeu nesta quarta o subsecretário de Assuntos Internacionais do Tesouro dos Estados Unidos, Nathan Sheets. A autoridade americana e o secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, Luis Balduino, presidiram a quinta reunião do Diálogo Econômico-Financeiro Brasil-Estados Unidos. Os dois países discutiram as condições macroeconômicas, os desafios e perspectivas das políticas econômicas brasileiras e dos Estados Unidos, entre outros assuntos.
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Lula propõe frente ampla e bloco de oposição a Temer
De volta à oposição, o PT propõe aos aliados a formação de um bloco de resistência ao governo Temer. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reativou a articulação de uma frente ampla de esquerda. Nesta quarta-feira (31), enquanto acompanhava a votação do impeachment ao lado de Dilma Rousseff, no Palácio da Alvorada, Lula sugeriu a Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, a composição de bloco de oposição no Congresso, oferecendo aos pedetistas a liderança da minoria. No Alvorada, Dilma defendeu "luta política". "Não é a primeira vez que sou cassada. Não vai ficar assim", disse ela, segundo aliados. Antes concentrado na defesa do mandato de Dilma, o PT reacende, agora, o debate sobre a criação de uma frente inspirada no modelo do Uruguai com vistas a 2018: uma grande coalização que reúna, além de partidos, sindicatos, associações, movimentos de esquerda, intelectuais e artistas em torno de um programa. Segundo Lupi, Lula não descarta o lançamento de um candidato fora do PT para a Presidência, entre eles o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). "Ele diz que Ciro é o mais preparado, o problema é o temperamento", disse o pedetista. No modelo da frente, os partidos perdem o protagonismo e as candidaturas passam a ser lançadas em nome da coalização. "Olhando para 2018, deve-se almejar uma candidatura única dessa frente e desse programa, comprometida e emergida desse processo", diz o cientista político Aldo Fornazieri, um dos entusiastas da ideia. "Esse candidato pode ser Lula, se tiver condições, Ciro Gomes ou outro nome que não seja candidato de si mesmo ou de um único grupo", continua ela. Lula conversou com a cúpula do PCdoB em defesa da proposta e sugeriu aos aliados uma reunião conjunta, que deve acontecer depois do feriado de Sete de Setembro. Segundo o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), "Lula aposta nesta frente". O deputado frisa, em um claro recado ao PT, que não deve haver "hegemonia" entre os partidos."Não pode ter força principal, nem acessória." "É uma grande saída para a resistência", diz Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, numa alusão à frente. Disposto a se credenciar para a disputa e ganhar a confiança do PT, Ciro se reuniu com o ex-governador Tarso Genro, um dos entusiastas da frente. Na avaliação do petista, ele e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, "são duas lideranças que terão um papel importante no futuro do país". "Quero estar junto com eles numa nova frente política, democrática e republicana, com toda a esquerda pensante, num período próximo, em direção a 2018", afirma Genro. A atuação da frente, no entanto, é alvo de divergências. Dirigentes do PT e movimentos de esquerda rejeitam a união em torno de Ciro. "A frente não é eleitoral. Não se trata da aproximação do partido com uma pessoa, e sim de uma articulação permanente", diz Valter Pomar, da Articulação de Esquerda. Além de avaliar que a discussão não está madura, movimentos de esquerda rejeitam o nome do ex-ministro como alternativa para 2018. O impeachment reabre também a disputa interna no PT pelo comando do partido. "Nosso objetivo é ganhar o PT para o PT", diz o secretário de formação do partido, Carlos Henrique Árabe.
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Lula propõe frente ampla e bloco de oposição a TemerDe volta à oposição, o PT propõe aos aliados a formação de um bloco de resistência ao governo Temer. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reativou a articulação de uma frente ampla de esquerda. Nesta quarta-feira (31), enquanto acompanhava a votação do impeachment ao lado de Dilma Rousseff, no Palácio da Alvorada, Lula sugeriu a Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, a composição de bloco de oposição no Congresso, oferecendo aos pedetistas a liderança da minoria. No Alvorada, Dilma defendeu "luta política". "Não é a primeira vez que sou cassada. Não vai ficar assim", disse ela, segundo aliados. Antes concentrado na defesa do mandato de Dilma, o PT reacende, agora, o debate sobre a criação de uma frente inspirada no modelo do Uruguai com vistas a 2018: uma grande coalização que reúna, além de partidos, sindicatos, associações, movimentos de esquerda, intelectuais e artistas em torno de um programa. Segundo Lupi, Lula não descarta o lançamento de um candidato fora do PT para a Presidência, entre eles o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). "Ele diz que Ciro é o mais preparado, o problema é o temperamento", disse o pedetista. No modelo da frente, os partidos perdem o protagonismo e as candidaturas passam a ser lançadas em nome da coalização. "Olhando para 2018, deve-se almejar uma candidatura única dessa frente e desse programa, comprometida e emergida desse processo", diz o cientista político Aldo Fornazieri, um dos entusiastas da ideia. "Esse candidato pode ser Lula, se tiver condições, Ciro Gomes ou outro nome que não seja candidato de si mesmo ou de um único grupo", continua ela. Lula conversou com a cúpula do PCdoB em defesa da proposta e sugeriu aos aliados uma reunião conjunta, que deve acontecer depois do feriado de Sete de Setembro. Segundo o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), "Lula aposta nesta frente". O deputado frisa, em um claro recado ao PT, que não deve haver "hegemonia" entre os partidos."Não pode ter força principal, nem acessória." "É uma grande saída para a resistência", diz Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, numa alusão à frente. Disposto a se credenciar para a disputa e ganhar a confiança do PT, Ciro se reuniu com o ex-governador Tarso Genro, um dos entusiastas da frente. Na avaliação do petista, ele e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, "são duas lideranças que terão um papel importante no futuro do país". "Quero estar junto com eles numa nova frente política, democrática e republicana, com toda a esquerda pensante, num período próximo, em direção a 2018", afirma Genro. A atuação da frente, no entanto, é alvo de divergências. Dirigentes do PT e movimentos de esquerda rejeitam a união em torno de Ciro. "A frente não é eleitoral. Não se trata da aproximação do partido com uma pessoa, e sim de uma articulação permanente", diz Valter Pomar, da Articulação de Esquerda. Além de avaliar que a discussão não está madura, movimentos de esquerda rejeitam o nome do ex-ministro como alternativa para 2018. O impeachment reabre também a disputa interna no PT pelo comando do partido. "Nosso objetivo é ganhar o PT para o PT", diz o secretário de formação do partido, Carlos Henrique Árabe.
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Ampliação de cursos não resolve déficit de médicos, dizem especialistas
A falta de médicos no sistema de saúde brasileiro foi consenso entre os debatedores do primeiro dia do 2º Fórum a Saúde do Brasil, promovido pela Folha nesta segunda (11). As soluções apontadas, contudo, divergem. Florisval Meinão, presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), manteve a posição crítica da entidade em relação ao programa Mais Médicos, do governo federal. Segundo ele, relatório do Tribunal de Contas da União identificou que 40% dos municípios em que o programa foi implementado registraram uma queda no número de consultas. Além disso, ele afirma que médicos brasileiros teriam perdido postos em favor dos médicos estrangeiros. A ampliação de vagas nos cursos de medicina –uma das principais propostas defendidas pelos críticos dos Mais Médicos– foi questionada. Milton Martins, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), projeta que, no ritmo atual de expansão de vagas, chegaremos a uma taxa de 4,4 médicos por mil habitantes, número superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde, em detrimento da qualidade da formação do profissional. Para Martins, o número de médicos de que o Brasil necessita depende do modelo de sistema de saúde que escolhermos. Modelos baseados em medicina familiar e equipes centradas em um clínico geral, por exemplo, exigiriam menos profissionais do que o atual modelo centrado no médico especialista. "O Brasil é um dos poucos países que não têm parteiras profissionais. Toda nossa atenção obstétrica é concentrada no médico", disse Mário Dal Poz, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Para ele, investir em formação também não é suficiente para lidar com os problemas de curto prazo do sistema de saúde nacional. Meinão, da APM, concorda que uma equipe bem formada é necessária para melhorar o atendimento, mas defende que elas tenham estabilidade. Esse é, ao lado da criação de infraestrutura, um dos meios de fixar médicos em regiões em que há déficit de profissionais. A má distribuição de médicos, para os debatedores, não é um problema exclusivo brasileiro. Martins, da USP, cita exemplos de experiências no exterior que mostraram que a residência é um caminho para fixar médicos em áreas pouco atrativas. Ele ressalta, contudo, que a residência é possível apenas onde exista infraestrutura adequada.
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Ampliação de cursos não resolve déficit de médicos, dizem especialistasA falta de médicos no sistema de saúde brasileiro foi consenso entre os debatedores do primeiro dia do 2º Fórum a Saúde do Brasil, promovido pela Folha nesta segunda (11). As soluções apontadas, contudo, divergem. Florisval Meinão, presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), manteve a posição crítica da entidade em relação ao programa Mais Médicos, do governo federal. Segundo ele, relatório do Tribunal de Contas da União identificou que 40% dos municípios em que o programa foi implementado registraram uma queda no número de consultas. Além disso, ele afirma que médicos brasileiros teriam perdido postos em favor dos médicos estrangeiros. A ampliação de vagas nos cursos de medicina –uma das principais propostas defendidas pelos críticos dos Mais Médicos– foi questionada. Milton Martins, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), projeta que, no ritmo atual de expansão de vagas, chegaremos a uma taxa de 4,4 médicos por mil habitantes, número superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde, em detrimento da qualidade da formação do profissional. Para Martins, o número de médicos de que o Brasil necessita depende do modelo de sistema de saúde que escolhermos. Modelos baseados em medicina familiar e equipes centradas em um clínico geral, por exemplo, exigiriam menos profissionais do que o atual modelo centrado no médico especialista. "O Brasil é um dos poucos países que não têm parteiras profissionais. Toda nossa atenção obstétrica é concentrada no médico", disse Mário Dal Poz, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Para ele, investir em formação também não é suficiente para lidar com os problemas de curto prazo do sistema de saúde nacional. Meinão, da APM, concorda que uma equipe bem formada é necessária para melhorar o atendimento, mas defende que elas tenham estabilidade. Esse é, ao lado da criação de infraestrutura, um dos meios de fixar médicos em regiões em que há déficit de profissionais. A má distribuição de médicos, para os debatedores, não é um problema exclusivo brasileiro. Martins, da USP, cita exemplos de experiências no exterior que mostraram que a residência é um caminho para fixar médicos em áreas pouco atrativas. Ele ressalta, contudo, que a residência é possível apenas onde exista infraestrutura adequada.
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Cientistas criam miniórgãos com células-tronco para entender doenças
A equipe coordenada pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, produziu recentemente uma batelada de minicérebros humanos em laboratório. A ideia pode parecer um tanto assustadora, mas o fato é que a criação de versões miniaturizadas de cérebros, estômagos, pulmões e pâncreas (entre outros órgãos) está se tornando uma ferramenta de pesquisa cada vez mais comum. Uma das principais revistas científicas do mundo, a "Nature", apelidou o fenômeno de "ascensão dos organoides", que têm frações de milímetros. Esse é o termo usado para designar entidades como os minicérebros de Muotri e companhia, que surgem a partir do controle da diferenciação (grosso modo, especialização celular) das células-tronco. Há ainda os órgãos em chips, que também podem ser criados a partir de células-tronco, chamados assim porque são cultivados com a ajuda de minúsculos "andaimes" que lembram chips de computador. Em ambos os casos, o objetivo inicial dos pesquisadores é entender o complicadíssimo processo pelo qual uma única célula –a do óvulo fecundado– dá origem ao organismo adulto, e os muitos passos que podem dar errado nesse processo, levando a doenças. Organoides e órgãos em chips também têm potencial para simplificar a busca por novos remédios -bastaria simular o tratamento neles para saber de antemão se uma droga é promissora. E, é claro, não se pode descartar a possibilidade de montar do zero órgãos "tamanho padrão" para transplante –embora isso ainda esteja bem longe de acontecer. Infográfico: Miniórgãos VISÃO 3D Os pioneiros na criação dos organoides, como o japonês Yoshiki Sasai e o holandês Hans Clevers, conseguiram seus primeiros grandes avanços no começo desta década, ao perceber que o grande truque envolvia o cultivo de células-tronco num ambiente tridimensional, e não nas camadas "achatadas" de células normalmente usadas em laboratório. Ocorre que as células-tronco, conhecidas por sua capacidade de dar origem a diversos tipos de tecido do organismo, conseguiam se valer desse estímulo "3D" para produzir estruturas que lembram órgãos de verdade. Um dos jeitos de obter tal resultado é produzir células-tronco do tecido que se deseja estudar (precursoras dos neurônios no caso do cérebro, por exemplo) e depois inseri-las em matrigel –como diz o nome, trata-se de um gel proteico que imita a matriz que existe entre as células do organismo (veja infográfico). Com a ajuda do matrigel, e de outras técnicas relativamente simples, as células conseguem se auto-organizar e replicar, em miniatura (em estruturas do tamanho de uma semente de gergelim, por exemplo), parte da complexidade e da divisão de trabalho entre tipos celulares que pode ser vista num órgão real, o que faz deles ferramentas mais realistas do que as culturas de células tradicionais. No caso da pesquisa de Muotri, por exemplo, os minicérebros têm uma estrutura em camadas semelhante à do córtex cerebral humano. O ponto crucial, no entanto, é a fonte das células: três pacientes portadores de uma doença neurológica rara e sem cura, a síndrome do MECP2 duplicado. Esse problema congênito, caracterizado por dificuldades motoras e de fala, epilepsia e traços de autismo, surge por conta de uma duplicação do gene MECP2, como o nome sugere. O objetivo da equipe, portanto, era recriar, de alguma maneira, a dinâmica cerebral típica de quem tem a síndrome. Para isso, obtiveram células dos pacientes, fizeram com que elas voltassem a um estado altamente versátil, semelhante ao embrionário e, a partir daí, criaram neurônios que se organizaram em minicérebros. Com isso, o grupo observou que o problema da síndrome parece ser o excesso de conectividade entre os neurônios, que produzem mais projeções do que o normal e "conversam" entre si de forma exageradamente sincronizada. "Por fim, usamos tudo isso para testar drogas que poderiam reverter o problema. Testamos 45 substâncias e encontramos uma capaz de reverter completamente os defeitos dos minicérebros", conta Muotri. Os resultados sairão em artigo na revista científica "Molecular Psychiatry", e o biólogo diz que espera poder testar a abordagem em pacientes humanos "num futuro próximo", após testes com animais. Um modelo parecido está sendo aplicado a uma série de outros tecidos do organismo. No caso dos órgãos em chips, um dos objetivos é montar um sistema relativamente completo de teste de medicamentos. No caso de um novo remédio contra o câncer de mama, por exemplo, isso envolveria simulações das próprias células cancerosas da mama, do intestino (no caso de um medicamento oral, é lá que o princípio ativo do remédio é absorvido pelo organismo) e do fígado (principal órgão responsável por lidar com substâncias estranhas e potencialmente tóxicas, como é o caso dos quimioterápicos). Isso ajudaria os pesquisadores a ter uma noção relativamente boa do potencial de uma droga antes de dar início a testes em animais e pessoas.
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Cientistas criam miniórgãos com células-tronco para entender doençasA equipe coordenada pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, produziu recentemente uma batelada de minicérebros humanos em laboratório. A ideia pode parecer um tanto assustadora, mas o fato é que a criação de versões miniaturizadas de cérebros, estômagos, pulmões e pâncreas (entre outros órgãos) está se tornando uma ferramenta de pesquisa cada vez mais comum. Uma das principais revistas científicas do mundo, a "Nature", apelidou o fenômeno de "ascensão dos organoides", que têm frações de milímetros. Esse é o termo usado para designar entidades como os minicérebros de Muotri e companhia, que surgem a partir do controle da diferenciação (grosso modo, especialização celular) das células-tronco. Há ainda os órgãos em chips, que também podem ser criados a partir de células-tronco, chamados assim porque são cultivados com a ajuda de minúsculos "andaimes" que lembram chips de computador. Em ambos os casos, o objetivo inicial dos pesquisadores é entender o complicadíssimo processo pelo qual uma única célula –a do óvulo fecundado– dá origem ao organismo adulto, e os muitos passos que podem dar errado nesse processo, levando a doenças. Organoides e órgãos em chips também têm potencial para simplificar a busca por novos remédios -bastaria simular o tratamento neles para saber de antemão se uma droga é promissora. E, é claro, não se pode descartar a possibilidade de montar do zero órgãos "tamanho padrão" para transplante –embora isso ainda esteja bem longe de acontecer. Infográfico: Miniórgãos VISÃO 3D Os pioneiros na criação dos organoides, como o japonês Yoshiki Sasai e o holandês Hans Clevers, conseguiram seus primeiros grandes avanços no começo desta década, ao perceber que o grande truque envolvia o cultivo de células-tronco num ambiente tridimensional, e não nas camadas "achatadas" de células normalmente usadas em laboratório. Ocorre que as células-tronco, conhecidas por sua capacidade de dar origem a diversos tipos de tecido do organismo, conseguiam se valer desse estímulo "3D" para produzir estruturas que lembram órgãos de verdade. Um dos jeitos de obter tal resultado é produzir células-tronco do tecido que se deseja estudar (precursoras dos neurônios no caso do cérebro, por exemplo) e depois inseri-las em matrigel –como diz o nome, trata-se de um gel proteico que imita a matriz que existe entre as células do organismo (veja infográfico). Com a ajuda do matrigel, e de outras técnicas relativamente simples, as células conseguem se auto-organizar e replicar, em miniatura (em estruturas do tamanho de uma semente de gergelim, por exemplo), parte da complexidade e da divisão de trabalho entre tipos celulares que pode ser vista num órgão real, o que faz deles ferramentas mais realistas do que as culturas de células tradicionais. No caso da pesquisa de Muotri, por exemplo, os minicérebros têm uma estrutura em camadas semelhante à do córtex cerebral humano. O ponto crucial, no entanto, é a fonte das células: três pacientes portadores de uma doença neurológica rara e sem cura, a síndrome do MECP2 duplicado. Esse problema congênito, caracterizado por dificuldades motoras e de fala, epilepsia e traços de autismo, surge por conta de uma duplicação do gene MECP2, como o nome sugere. O objetivo da equipe, portanto, era recriar, de alguma maneira, a dinâmica cerebral típica de quem tem a síndrome. Para isso, obtiveram células dos pacientes, fizeram com que elas voltassem a um estado altamente versátil, semelhante ao embrionário e, a partir daí, criaram neurônios que se organizaram em minicérebros. Com isso, o grupo observou que o problema da síndrome parece ser o excesso de conectividade entre os neurônios, que produzem mais projeções do que o normal e "conversam" entre si de forma exageradamente sincronizada. "Por fim, usamos tudo isso para testar drogas que poderiam reverter o problema. Testamos 45 substâncias e encontramos uma capaz de reverter completamente os defeitos dos minicérebros", conta Muotri. Os resultados sairão em artigo na revista científica "Molecular Psychiatry", e o biólogo diz que espera poder testar a abordagem em pacientes humanos "num futuro próximo", após testes com animais. Um modelo parecido está sendo aplicado a uma série de outros tecidos do organismo. No caso dos órgãos em chips, um dos objetivos é montar um sistema relativamente completo de teste de medicamentos. No caso de um novo remédio contra o câncer de mama, por exemplo, isso envolveria simulações das próprias células cancerosas da mama, do intestino (no caso de um medicamento oral, é lá que o princípio ativo do remédio é absorvido pelo organismo) e do fígado (principal órgão responsável por lidar com substâncias estranhas e potencialmente tóxicas, como é o caso dos quimioterápicos). Isso ajudaria os pesquisadores a ter uma noção relativamente boa do potencial de uma droga antes de dar início a testes em animais e pessoas.
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Vantagens da comida orgânica são marketing, diz geneticista
Para a patologista e geneticista de plantas Pamela Ronald, 54, a discussão que ronda alimentos geneticamente modificados é errada. Ela ajudou a criar uma variedade de arroz que é resistente a inundações e que tem uma produtividade três vezes maior que a usual. A pesquisadora da Universidade da Califórnia em Davis esteve em São Paulo para uma palestra. Casada com um fazendeiro que produz alimentos orgânicos, ela diz que as pessoas apelam aos orgânicos por conta de um medo antigo e que não tem lógica. Leia trechos da entrevista. * Folha - A primeira pergunta não é sobre ciência, mas relações públicas: os transgênicos ainda encontram resistência? Pamela Ronald - O consenso científico mundial é que esses alimentos são seguros. A discussão pública fica presa em um conceito mal definido. "Organismo geneticamente modificado" [GMO, na sigla em inglês] quer dizer algo diferente em cada caso. Como assim? Por exemplo, as plantações de mamão papaia havaiano estavam sofrendo com uma infecção por vírus. Foi criado um um mamão que continha um fragmento do vírus e que resiste à infecção. O arroz dourado produz a vitamina betacaroteno que é a mesma presente em cenouras. Centenas de milhares de crianças morrem anualmente por complicações por falta da substância. Esses exemplos são diferentes de grandes produção de milho. Temos de avaliar caso a caso. Qual o papel que grandes produtoras de sementes têm nessa história? De fato existem poucas companhias que produzem a maior parte da produção mundial de sementes. Existe uma discussão legítima em torno disso. Isso é diferente com relação à tecnologia genética por trás da fabricação. Muito dela foi descoberta em domínio público. O mamão papaia havaiano foi feito em domínio público. O arroz dourado também. É importante lembrar que essas companhias são muito menores que Google e Apple. Existe uma rede americana de lojas [especializadas em produtos orgânicos] chamada Whole Foods que é maior do que a Monsanto e que está distribuindo informação sobre segurança alimentar. A gente não deve ir às empresas em busca de informação e sim recorrer às maiores organizações científicas, como a Academia Nacional de Ciências [dos EUA]. E a verdade é que todas as maiores associações científicas do mundo concluíram que todas as plantas modificadas no mercado são seguras para se comer. Além disso, algumas sementes reduziram drasticamente o uso de pesticidas. Falando em Whole Foods, a senhora é casada com um fazendeiro que planta produtos orgânicos. Existe algum conflito? Meu marido e eu temos o mesmo objetivo: alimentar a população crescente sem destruir ainda mais o ambiente. Fazendeiros orgânicos usam todo tipo de técnica, exceto engenharia genética. Por que só a ela não é permitida? Qual a razão para não cruzar essa barreira? Quando meu marido começou a plantar orgânicos, há 35 anos, não havia engenharia genética na área da agricultura, só na medicina. Até onde sei ninguém reclama dos medicamentos feitos com engenharia genética. O fato de ser diferente na agricultura não tem lógica. É um medo antigo. Naquele tempo era compreensível, era uma tecnologia nova. Agora, é só marketing, na minha opinião, uma tentativa de fazer com que as pessoas comprem mais orgânicos. Existe alguma vantagem da agricultura orgânica? Eu vivo no Vale Central da Califórnia, uma área bastante produtiva. Nós temos um solo bom e um tempo seco. Nós temos pestes e doenças, mas não tantas como no Brasil. Meu marido produz diferentes variedades que não têm pestes ou doenças. Tem muitas abordagens ecológicas que são feitas e que poderiam ser aproveitadas em larga escala. Os fazendeiros minimizam a vulnerabilidade da plantação a epidemias fazendo rotação de culturas e aplicando compostos no solo. Tem várias coisas boas e essas práticas podem ser aplicadas em qualquer fazenda –é uma questão de adaptação. Alguns fazendeiros "tradicionais" já alternam as culturas. A senhora poderia falar de política e dos lobbies? Nós vemos que os fazendeiros querem plantar essas sementes. Pense no milho. São 20 anos de observação no Brasil e nos EUA. Esse milho fez com que fosse reduzida a aplicação de produtos químicos em dez vezes. O que falta na discussão são os fazendeiros. Pergunte para ele por que ele está usando aquele milho. Ele é melhor que um político, um cientista ou um ativista. É curioso como, nos EUA, os republicanos ignoram a ciência do aquecimento global, enquanto os democratas ignoram a ciência da engenharia genética. Os consumidores estão clamando por um milho não modificado porque eles acham que é mais saudável. É a lei da oferta e da procura. O fazendeiro pode produzir aquilo, mas será 50% mais caro e ele terá de usar pesticidas mais velhos e mais tóxicos. No Brasil mais de 80% do milho é modificado. Os fazendeiros parecem ter uma clara preferência por essas sementes. Meu marido odeia essa ideia de que fazendeiros são ignorantes, de que eles podem ser enrolados. Eles escolhem o que querem plantar. Eu acho que é um problema se a população urbana começar a ditar o que os fazendeiros têm de fazer. Uma questão sobre os transgênicos é o glifosato [herbicida vendido pela Monsanto para ser usado em transgênicos]. Parece que o glifosato foi ótimo para a imagem dos orgânicos e péssimo para os organismos modificados. Muitas pessoas quando ouvem falar de GMOs elas pensam em glifosato. Mas o glifosato é menos tóxico que sal de cozinha. Se você olhar a dose letal, a dose de glifosato seria altíssima. Ele ajuda muito a controlar as ervas-daninhas. A OMS diz que o glifosato é possível causador de câncer. Há muitos na lista, como café ou carne vermelha. Ele não causa câncer –é um possível ou provável carcinógeno, mas como meu pai diz, "tudo em moderação". Você não vai lá e bebe glifosato. Não faz sentido. A OMS não tem nenhum dado novo. Não se fala da dose. É algo um pouco confuso. Supondo que ele fosse banido, os possíveis substitutos são ainda mais tóxicos. Como surgiu o arroz tolerante à inundação? Existia uma variedade antiga bastante tolerante a inundações, mas a produtividade era baixa e o gosto não é tão bom. Uma técnica nova (marker assisted breeding, cruzamento auxiliado por marcador, em tradução livre), foi usada para inserir essa característica, com sucesso. A produtividade aumentou mais de três vezes. Isso serve de exemplo de quão dramático e importante pode ser a melhoria genética. Com as mudanças climáticas, cada vez será mais importante ter plantas que resistam ao calor, à inundação, ao frio e à seca. Temos de estar abertos a qualquer técnica ou combinação de técnicas que possam ajudar. Parece que a questão climática é muito negligenciada. Sim. A agricultura é responsável pela emissão de 30% dos gases-estufa. Precisamos aumentar a produtividade mas principalmente reduzir emissões de plantadeiras e outras máquinas, mas há poucas alternativas disponíveis. Você é a favor de colocar no rótulo o fato de um produto ser geneticamente modificado ou o de herbicidas ou pesticidas terem sido usados? Eu gosto da ideia de apontar o uso de herbicida. Isso é informativo. O consumidor pode decidir não comprar e reclamar aos órgãos competentes se achar que tem algo errado. Já colocar que foi geneticamente modificado é perda de tempo –isso não traz informação. Como você rotularia o mamão havaiano, sendo que o orgânico tem dez vezes mais vírus? O que isso quer dizer? Ou ainda se você coloca que algo "não é modificado" tem de lembrar que esses fazendeiros podem usar mais pesticidas. Faz mais sentido constar exatamente o que foi aplicado e quanto de água e de terra foi usado. Tem de haver uma saturação de informações precisas. O fato de termos usado melhoramento genético por mais de dois mil anos ainda não é totalmente compreendido De onde vem o dinheiro para suas pesquisas? Meus financiamentos nos últimos vinte anos vieram quase exclusivamente de institutos de pesquisa do governo americano. Há 20 anos, tive um da Monsanto. As pessoas pensam que todos os cientistas da área são financiados pela Monsanto, mas eu fiz uma pesquisa e menos de 0,1% do dinheiro dos meus colegas da área vem dela. A senhora já chegou a ser ameaçada por ativistas? Infelizmente já recebi ameaças agressivas. Eu acho triste um cientista sair do laboratório para comunicar ao público o consenso de uma área e então se tornar uma vítima de ataques. * RAIO-X Idade 54 anos Especialidade Patologia e genética de plantas Trajetória Concluiu seu doutorado na Universidade da Califórnia em Berkeley em 1990 Hoje é professora da Universidade da Califórnia em Davis e dirige o Instituto pelo Conhecimento em Alimentação e Agricultura da universidade
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Vantagens da comida orgânica são marketing, diz geneticistaPara a patologista e geneticista de plantas Pamela Ronald, 54, a discussão que ronda alimentos geneticamente modificados é errada. Ela ajudou a criar uma variedade de arroz que é resistente a inundações e que tem uma produtividade três vezes maior que a usual. A pesquisadora da Universidade da Califórnia em Davis esteve em São Paulo para uma palestra. Casada com um fazendeiro que produz alimentos orgânicos, ela diz que as pessoas apelam aos orgânicos por conta de um medo antigo e que não tem lógica. Leia trechos da entrevista. * Folha - A primeira pergunta não é sobre ciência, mas relações públicas: os transgênicos ainda encontram resistência? Pamela Ronald - O consenso científico mundial é que esses alimentos são seguros. A discussão pública fica presa em um conceito mal definido. "Organismo geneticamente modificado" [GMO, na sigla em inglês] quer dizer algo diferente em cada caso. Como assim? Por exemplo, as plantações de mamão papaia havaiano estavam sofrendo com uma infecção por vírus. Foi criado um um mamão que continha um fragmento do vírus e que resiste à infecção. O arroz dourado produz a vitamina betacaroteno que é a mesma presente em cenouras. Centenas de milhares de crianças morrem anualmente por complicações por falta da substância. Esses exemplos são diferentes de grandes produção de milho. Temos de avaliar caso a caso. Qual o papel que grandes produtoras de sementes têm nessa história? De fato existem poucas companhias que produzem a maior parte da produção mundial de sementes. Existe uma discussão legítima em torno disso. Isso é diferente com relação à tecnologia genética por trás da fabricação. Muito dela foi descoberta em domínio público. O mamão papaia havaiano foi feito em domínio público. O arroz dourado também. É importante lembrar que essas companhias são muito menores que Google e Apple. Existe uma rede americana de lojas [especializadas em produtos orgânicos] chamada Whole Foods que é maior do que a Monsanto e que está distribuindo informação sobre segurança alimentar. A gente não deve ir às empresas em busca de informação e sim recorrer às maiores organizações científicas, como a Academia Nacional de Ciências [dos EUA]. E a verdade é que todas as maiores associações científicas do mundo concluíram que todas as plantas modificadas no mercado são seguras para se comer. Além disso, algumas sementes reduziram drasticamente o uso de pesticidas. Falando em Whole Foods, a senhora é casada com um fazendeiro que planta produtos orgânicos. Existe algum conflito? Meu marido e eu temos o mesmo objetivo: alimentar a população crescente sem destruir ainda mais o ambiente. Fazendeiros orgânicos usam todo tipo de técnica, exceto engenharia genética. Por que só a ela não é permitida? Qual a razão para não cruzar essa barreira? Quando meu marido começou a plantar orgânicos, há 35 anos, não havia engenharia genética na área da agricultura, só na medicina. Até onde sei ninguém reclama dos medicamentos feitos com engenharia genética. O fato de ser diferente na agricultura não tem lógica. É um medo antigo. Naquele tempo era compreensível, era uma tecnologia nova. Agora, é só marketing, na minha opinião, uma tentativa de fazer com que as pessoas comprem mais orgânicos. Existe alguma vantagem da agricultura orgânica? Eu vivo no Vale Central da Califórnia, uma área bastante produtiva. Nós temos um solo bom e um tempo seco. Nós temos pestes e doenças, mas não tantas como no Brasil. Meu marido produz diferentes variedades que não têm pestes ou doenças. Tem muitas abordagens ecológicas que são feitas e que poderiam ser aproveitadas em larga escala. Os fazendeiros minimizam a vulnerabilidade da plantação a epidemias fazendo rotação de culturas e aplicando compostos no solo. Tem várias coisas boas e essas práticas podem ser aplicadas em qualquer fazenda –é uma questão de adaptação. Alguns fazendeiros "tradicionais" já alternam as culturas. A senhora poderia falar de política e dos lobbies? Nós vemos que os fazendeiros querem plantar essas sementes. Pense no milho. São 20 anos de observação no Brasil e nos EUA. Esse milho fez com que fosse reduzida a aplicação de produtos químicos em dez vezes. O que falta na discussão são os fazendeiros. Pergunte para ele por que ele está usando aquele milho. Ele é melhor que um político, um cientista ou um ativista. É curioso como, nos EUA, os republicanos ignoram a ciência do aquecimento global, enquanto os democratas ignoram a ciência da engenharia genética. Os consumidores estão clamando por um milho não modificado porque eles acham que é mais saudável. É a lei da oferta e da procura. O fazendeiro pode produzir aquilo, mas será 50% mais caro e ele terá de usar pesticidas mais velhos e mais tóxicos. No Brasil mais de 80% do milho é modificado. Os fazendeiros parecem ter uma clara preferência por essas sementes. Meu marido odeia essa ideia de que fazendeiros são ignorantes, de que eles podem ser enrolados. Eles escolhem o que querem plantar. Eu acho que é um problema se a população urbana começar a ditar o que os fazendeiros têm de fazer. Uma questão sobre os transgênicos é o glifosato [herbicida vendido pela Monsanto para ser usado em transgênicos]. Parece que o glifosato foi ótimo para a imagem dos orgânicos e péssimo para os organismos modificados. Muitas pessoas quando ouvem falar de GMOs elas pensam em glifosato. Mas o glifosato é menos tóxico que sal de cozinha. Se você olhar a dose letal, a dose de glifosato seria altíssima. Ele ajuda muito a controlar as ervas-daninhas. A OMS diz que o glifosato é possível causador de câncer. Há muitos na lista, como café ou carne vermelha. Ele não causa câncer –é um possível ou provável carcinógeno, mas como meu pai diz, "tudo em moderação". Você não vai lá e bebe glifosato. Não faz sentido. A OMS não tem nenhum dado novo. Não se fala da dose. É algo um pouco confuso. Supondo que ele fosse banido, os possíveis substitutos são ainda mais tóxicos. Como surgiu o arroz tolerante à inundação? Existia uma variedade antiga bastante tolerante a inundações, mas a produtividade era baixa e o gosto não é tão bom. Uma técnica nova (marker assisted breeding, cruzamento auxiliado por marcador, em tradução livre), foi usada para inserir essa característica, com sucesso. A produtividade aumentou mais de três vezes. Isso serve de exemplo de quão dramático e importante pode ser a melhoria genética. Com as mudanças climáticas, cada vez será mais importante ter plantas que resistam ao calor, à inundação, ao frio e à seca. Temos de estar abertos a qualquer técnica ou combinação de técnicas que possam ajudar. Parece que a questão climática é muito negligenciada. Sim. A agricultura é responsável pela emissão de 30% dos gases-estufa. Precisamos aumentar a produtividade mas principalmente reduzir emissões de plantadeiras e outras máquinas, mas há poucas alternativas disponíveis. Você é a favor de colocar no rótulo o fato de um produto ser geneticamente modificado ou o de herbicidas ou pesticidas terem sido usados? Eu gosto da ideia de apontar o uso de herbicida. Isso é informativo. O consumidor pode decidir não comprar e reclamar aos órgãos competentes se achar que tem algo errado. Já colocar que foi geneticamente modificado é perda de tempo –isso não traz informação. Como você rotularia o mamão havaiano, sendo que o orgânico tem dez vezes mais vírus? O que isso quer dizer? Ou ainda se você coloca que algo "não é modificado" tem de lembrar que esses fazendeiros podem usar mais pesticidas. Faz mais sentido constar exatamente o que foi aplicado e quanto de água e de terra foi usado. Tem de haver uma saturação de informações precisas. O fato de termos usado melhoramento genético por mais de dois mil anos ainda não é totalmente compreendido De onde vem o dinheiro para suas pesquisas? Meus financiamentos nos últimos vinte anos vieram quase exclusivamente de institutos de pesquisa do governo americano. Há 20 anos, tive um da Monsanto. As pessoas pensam que todos os cientistas da área são financiados pela Monsanto, mas eu fiz uma pesquisa e menos de 0,1% do dinheiro dos meus colegas da área vem dela. A senhora já chegou a ser ameaçada por ativistas? Infelizmente já recebi ameaças agressivas. Eu acho triste um cientista sair do laboratório para comunicar ao público o consenso de uma área e então se tornar uma vítima de ataques. * RAIO-X Idade 54 anos Especialidade Patologia e genética de plantas Trajetória Concluiu seu doutorado na Universidade da Califórnia em Berkeley em 1990 Hoje é professora da Universidade da Califórnia em Davis e dirige o Instituto pelo Conhecimento em Alimentação e Agricultura da universidade
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Corte de Apelações do Egito decide pela libertação de Hosni Mubarak
A Corte de Apelações do Egito decidiu neste sábado (10) que o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, 87, seja solto. A Corte sentenciou Mubarak e dois filhos seus, Alaa e Gamal, a três anos de prisão. Mas os anos que o o ex-presidente passou preso por acusação de corrupção foram levados em conta, o que significa que ele já teria cumprido sua pena. Ainda não está claro quando ele será solto. O juiz Hassan Hasanein também ordenou o pagamento de uma multa conjunta de 125 milhões de libras egípcias (R$ 595 milhões), a mesma quantidade da qual os três eram acusados de ter se apropriado indevidamente. Mubarak, de 87 anos, está preso desde 2012 e passou a maior parte do tempo sob vigilância no Hospital das Forças Armadas de Maadi, devido ao seu deteriorado estado de saúde. O ex-presidente foi levado à Academia de Polícia do Cairo em um helicóptero hospitalar, como foi habitual em todas as sessões judiciais realizadas contra ele nos últimos quatro anos, informou à Agência Efe uma fonte de segurança. Sentado, Mubarak escutou a sentença, enquanto cumprimentava seus simpatizantes presentes na sala, que pediam sua absolvição. Enquanto isso, Alaa e Gamal chegaram às dependências policiais em um veículo particular, vestidos como civis em vez do uniforme de preso, já que estavam em liberdade, e escutaram o veredicto por trás das grades. Ambos foram libertados em 23 de janeiro por ordem do Tribunal Penal do Cairo, após ficarem detidos desde o começo de 2011, quando explodiu a revolta popular que forçou a renúncia de seu pai. O promotor acusou Mubarak, na qualidade de servidor público como presidente do país, e seus dois filhos de apropriação indevida do orçamento geral dos palácios presidenciais, entre os anos 2002 e 2011. A repetição do julgamento ocorre depois que, em janeiro, o Tribunal de Cassação anulou a sentença anterior da Corte Penal, que condenava Mubarak a três anos de prisão e seus filhos a quatro anos cada um, ao considerar que na audiência não foram respeitados os procedimentos legais oportunos.
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Corte de Apelações do Egito decide pela libertação de Hosni MubarakA Corte de Apelações do Egito decidiu neste sábado (10) que o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, 87, seja solto. A Corte sentenciou Mubarak e dois filhos seus, Alaa e Gamal, a três anos de prisão. Mas os anos que o o ex-presidente passou preso por acusação de corrupção foram levados em conta, o que significa que ele já teria cumprido sua pena. Ainda não está claro quando ele será solto. O juiz Hassan Hasanein também ordenou o pagamento de uma multa conjunta de 125 milhões de libras egípcias (R$ 595 milhões), a mesma quantidade da qual os três eram acusados de ter se apropriado indevidamente. Mubarak, de 87 anos, está preso desde 2012 e passou a maior parte do tempo sob vigilância no Hospital das Forças Armadas de Maadi, devido ao seu deteriorado estado de saúde. O ex-presidente foi levado à Academia de Polícia do Cairo em um helicóptero hospitalar, como foi habitual em todas as sessões judiciais realizadas contra ele nos últimos quatro anos, informou à Agência Efe uma fonte de segurança. Sentado, Mubarak escutou a sentença, enquanto cumprimentava seus simpatizantes presentes na sala, que pediam sua absolvição. Enquanto isso, Alaa e Gamal chegaram às dependências policiais em um veículo particular, vestidos como civis em vez do uniforme de preso, já que estavam em liberdade, e escutaram o veredicto por trás das grades. Ambos foram libertados em 23 de janeiro por ordem do Tribunal Penal do Cairo, após ficarem detidos desde o começo de 2011, quando explodiu a revolta popular que forçou a renúncia de seu pai. O promotor acusou Mubarak, na qualidade de servidor público como presidente do país, e seus dois filhos de apropriação indevida do orçamento geral dos palácios presidenciais, entre os anos 2002 e 2011. A repetição do julgamento ocorre depois que, em janeiro, o Tribunal de Cassação anulou a sentença anterior da Corte Penal, que condenava Mubarak a três anos de prisão e seus filhos a quatro anos cada um, ao considerar que na audiência não foram respeitados os procedimentos legais oportunos.
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Empresas exportadoras de grãos tentam restringir fusão na logística
Responsáveis por ao menos 15% das exportações brasileiras, as tradings de grãos tentam impor restrições à fusão entre ALL e Rumo (empresa de logística do grupo Cosan). A união entre as duas empresas deve ser votada nesta quarta-feira (11) pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Para as transportadoras de grãos, a fusão cria um "monopólio privado a partir de bens públicos" que pode prejudicar a competitividade do setor. A Abiove –que representa gigantes como Cargill, Bunge e ADM, entre outras– se preocupa com os efeitos da verticalização das operações que a fusão proporcionará. A ALL possui quatro malhas ferroviárias no país e é a única que pode transportar grãos da região de Mato Grosso para o porto de Santos. A empresa também tem participação em dois terminais graneleiros em Santos. Já a Rumo é dona de três terminais de açúcar no mesmo porto. Juntas, elas ficarão com 45% da capacidade de embarque de granéis vegetais sólidos em Santos. O temor é que a nova empresa privilegie o transporte de açúcar e de etanol da Raízen (que faz parte do grupo Cosan) e dê preferência a clientes que possam maximizar o uso de seus terminais portuários, em detrimento das exportações de grãos. "A ferrovia deixará de ser independente", afirma Daniel Furlan, gerente de economia da Abiove. A entidade prevê ainda "impacto severo" nas tarifas ferroviárias, o que deve afetar a competitividade das exportações brasileiras e a renda do produtor, que recebe da trading o preço da Bolsa de Chicago, descontado o frete. Outro ponto questionado é a possibilidade de renovação automática de concessões da ALL por mais 25 anos a partir de 2023, quando os atuais contratos se encerram. Procurados, a ALL e o grupo Cosan disseram que só irão se manifestar após a decisão final do Cade. PROPOSTA A Abiove propôs ao Cade restrições estruturais à fusão, incluindo a venda dos terminais em Santos e a proibição da participação em novas licitações portuárias em áreas que tenham convergência com as ferrovias da ALL. Em dezembro, a superintendência-geral do Cade recomendou ao tribunal a impugnação da operação, demonstrando preocupações concorrenciais com a fusão. Além da Abiove, outros 15 impugnantes levaram a manifestação ao Cade, entre eles a Eldorado (exportadora de celulose), a Agrovia (açúcar e álcool) e a Federação da Agricultura do Paraná. Em outra manifestação, a Ipiranga, do grupo Ultra –concorrente da Raízen na área de distribuição–, também manifestou preocupação semelhante ao Cade.
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Empresas exportadoras de grãos tentam restringir fusão na logísticaResponsáveis por ao menos 15% das exportações brasileiras, as tradings de grãos tentam impor restrições à fusão entre ALL e Rumo (empresa de logística do grupo Cosan). A união entre as duas empresas deve ser votada nesta quarta-feira (11) pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Para as transportadoras de grãos, a fusão cria um "monopólio privado a partir de bens públicos" que pode prejudicar a competitividade do setor. A Abiove –que representa gigantes como Cargill, Bunge e ADM, entre outras– se preocupa com os efeitos da verticalização das operações que a fusão proporcionará. A ALL possui quatro malhas ferroviárias no país e é a única que pode transportar grãos da região de Mato Grosso para o porto de Santos. A empresa também tem participação em dois terminais graneleiros em Santos. Já a Rumo é dona de três terminais de açúcar no mesmo porto. Juntas, elas ficarão com 45% da capacidade de embarque de granéis vegetais sólidos em Santos. O temor é que a nova empresa privilegie o transporte de açúcar e de etanol da Raízen (que faz parte do grupo Cosan) e dê preferência a clientes que possam maximizar o uso de seus terminais portuários, em detrimento das exportações de grãos. "A ferrovia deixará de ser independente", afirma Daniel Furlan, gerente de economia da Abiove. A entidade prevê ainda "impacto severo" nas tarifas ferroviárias, o que deve afetar a competitividade das exportações brasileiras e a renda do produtor, que recebe da trading o preço da Bolsa de Chicago, descontado o frete. Outro ponto questionado é a possibilidade de renovação automática de concessões da ALL por mais 25 anos a partir de 2023, quando os atuais contratos se encerram. Procurados, a ALL e o grupo Cosan disseram que só irão se manifestar após a decisão final do Cade. PROPOSTA A Abiove propôs ao Cade restrições estruturais à fusão, incluindo a venda dos terminais em Santos e a proibição da participação em novas licitações portuárias em áreas que tenham convergência com as ferrovias da ALL. Em dezembro, a superintendência-geral do Cade recomendou ao tribunal a impugnação da operação, demonstrando preocupações concorrenciais com a fusão. Além da Abiove, outros 15 impugnantes levaram a manifestação ao Cade, entre eles a Eldorado (exportadora de celulose), a Agrovia (açúcar e álcool) e a Federação da Agricultura do Paraná. Em outra manifestação, a Ipiranga, do grupo Ultra –concorrente da Raízen na área de distribuição–, também manifestou preocupação semelhante ao Cade.
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Eleitos melhor país para viajar, EUA não se resumem a NY e Miami
PATRÍCIA CAMPOS MELLO VINICIUS TORRES FREIRE DE SÃO PAULO Viajar mesmo para os EUA é viajar muito pelos EUA, pegar bastante estrada, o que é a cara deles e inevitável. Os Estados Unidos são grandes demais, por qualquer critério usado. Mas o país facilita a vida do viajante. Facilitar é um negócio americano. Nova York pode absorver dez dias e todos os dólares das férias. Ainda que seja uma cidade apenas e um universo paralelo na cultura e na economia americanas, seria desperdício e ignorância não ver os museus, a riqueza e o modo de vida de uma ainda capital do mundo. Sem deixar de visitar Queens e Bronx, distritos menos pop-turísticos, mas muito a cara dessa cidade. Ainda assim, os Estados Unidos estão lá fora, fora da Grande Maçã. Parte dos EUA vai aparecer em uma viagem que persiga os vermelhos e dourados inacreditáveis que, aos poucos, tomam conta de bosques, parques e ruas do outono das civilizadas, bonitas e pequenas cidades da Nova Inglaterra, das mais antigas do país, algumas até preservadas, de Vermont para o sul. Está ali a América "original", anglo-saxã e protestante, da revolução contra o Império Britânico, da Constituição, das melhores universidades, da paisagem elegante. Isto feito, é preciso esticar para oeste, dar uma volta pela Pensilvânia histórica e rural antes de ver Washington, seus museus magníficos de arte, história e ciência, afora monumento do poder mundial. Pode ser bom comer os EUA pelas bordas. Alugar um conversível baratinho e dirigir à beira da linda Costa Oeste, a partir de San Diego ou de pelo menos Los Angeles. Passar por simpaticíssimas cidadezinhas de casas de madeira na praia, pegar um mar, rumo à civilizada San Francisco. Sim, no caminho tem Hollywood e umas coisas para consumir. "Conversível baratinho"? Sim, existe. É fácil viajar de carro pelos EUA. As estradas, em geral, são ótimas, há muito hotelzinho decente, como Motel 6 ou Comfort Inn, no interior a comida é barata e chega em porções tamanho obesidade americana. Seria bom voltar do norte da Califórnia "por dentro", pela Sierra Nevada, pelo parque Yosemite, pelas montanhas de cume gelado, pelos vulcões de vapor, pelos bosques com cascatas e sequóias enormes. Dali, em um dia de viagem se vai ao braço sul do Grand Canyon. No caminho, pelo deserto de Nevada, tem a "trash" Las Vegas. O Grand Canyon é outro lugar comum, "déjà vu" demais? É. Não é. De perto, ele não é normal, acredite. Passando por esses fins de mundo do meião americano, dá para pegar pedaços da Rota 66, a velha e marginalizada estrada interestadual Chicago-Los Angeles, onde se pode passar por restos arqueológicos da vida pop da América profunda de meados do século 20. Dos cânions até as montanhas do Colorado, são outras dez horas de carro. Em vez de esquiar com os ricos brasileiros em Aspen e Vail, considere que é mais simpático e em conta ir para Breckenridge. Tudo isso já deu meia dúzia de viagens longas pelos clichês americanos, que não terminaram. Tem ainda New Orleans e uma rodada pelo sul, pelas terras do bourbon, do country, Nashville. Quando ir para Chicago e os lagos, então? Tem ainda trilha dos Apalaches, "a melhor caminhada de montanha", serra que divide a América antiga do Meio Oeste. Ao sul, ela leva a um país de muito americano pobre, aquele do estereótipo "jeca" (banjo e pescoço vermelho). Enfim, há a Flórida. Nada contra. Tem lá maravilhas naturais, além de diversões para "crianças de todas as idades" (shoppings e disneys). Miami é brega? Não é isso (São Paulo é o quê?). Mas por que Miami, "in the first place"? * Patrícia Campos Mello e Vinicius Torres Freire não foram lá muito turistas nos Estados Unidos, mas estudaram ou trabalharam em Nova York, Massachusetts, Washington, Texas e Califórnia. * QUEM LEVA Abreutur - (11) 3702-1840, www.abreutur.com.br. Las Vegas: a partir de R$ 4.838*. Inclui aéreo, quatro noites em apto. duplo, traslados, city tour, tour de compras e cartão de assistência. Saídas a partir de agosto. Clicktur - (11) 4562-4361, www.clicktur.tur.br. Grand Canyon: a partir de R$ 3.026,50*. Inclui aéreo, cinco noites em apto. duplo e traslados. Saídas de agosto a dezembro. Queensberry Viagens - (11) 3217-7100, www.queensberry.com.br. Nova York: a partir de R$ 11.686,20*. Inclui aéreo, cinco noites em apto. de luxo, traslado, city tour, guia, peça de teatro, tour de compras, cruzeiro-jantar e cartão de seguro. Saída: 23/11. *Valores por pessoa e sujeitos a variação de câmbio. Não inclui taxas.
saopaulo
Eleitos melhor país para viajar, EUA não se resumem a NY e MiamiPATRÍCIA CAMPOS MELLO VINICIUS TORRES FREIRE DE SÃO PAULO Viajar mesmo para os EUA é viajar muito pelos EUA, pegar bastante estrada, o que é a cara deles e inevitável. Os Estados Unidos são grandes demais, por qualquer critério usado. Mas o país facilita a vida do viajante. Facilitar é um negócio americano. Nova York pode absorver dez dias e todos os dólares das férias. Ainda que seja uma cidade apenas e um universo paralelo na cultura e na economia americanas, seria desperdício e ignorância não ver os museus, a riqueza e o modo de vida de uma ainda capital do mundo. Sem deixar de visitar Queens e Bronx, distritos menos pop-turísticos, mas muito a cara dessa cidade. Ainda assim, os Estados Unidos estão lá fora, fora da Grande Maçã. Parte dos EUA vai aparecer em uma viagem que persiga os vermelhos e dourados inacreditáveis que, aos poucos, tomam conta de bosques, parques e ruas do outono das civilizadas, bonitas e pequenas cidades da Nova Inglaterra, das mais antigas do país, algumas até preservadas, de Vermont para o sul. Está ali a América "original", anglo-saxã e protestante, da revolução contra o Império Britânico, da Constituição, das melhores universidades, da paisagem elegante. Isto feito, é preciso esticar para oeste, dar uma volta pela Pensilvânia histórica e rural antes de ver Washington, seus museus magníficos de arte, história e ciência, afora monumento do poder mundial. Pode ser bom comer os EUA pelas bordas. Alugar um conversível baratinho e dirigir à beira da linda Costa Oeste, a partir de San Diego ou de pelo menos Los Angeles. Passar por simpaticíssimas cidadezinhas de casas de madeira na praia, pegar um mar, rumo à civilizada San Francisco. Sim, no caminho tem Hollywood e umas coisas para consumir. "Conversível baratinho"? Sim, existe. É fácil viajar de carro pelos EUA. As estradas, em geral, são ótimas, há muito hotelzinho decente, como Motel 6 ou Comfort Inn, no interior a comida é barata e chega em porções tamanho obesidade americana. Seria bom voltar do norte da Califórnia "por dentro", pela Sierra Nevada, pelo parque Yosemite, pelas montanhas de cume gelado, pelos vulcões de vapor, pelos bosques com cascatas e sequóias enormes. Dali, em um dia de viagem se vai ao braço sul do Grand Canyon. No caminho, pelo deserto de Nevada, tem a "trash" Las Vegas. O Grand Canyon é outro lugar comum, "déjà vu" demais? É. Não é. De perto, ele não é normal, acredite. Passando por esses fins de mundo do meião americano, dá para pegar pedaços da Rota 66, a velha e marginalizada estrada interestadual Chicago-Los Angeles, onde se pode passar por restos arqueológicos da vida pop da América profunda de meados do século 20. Dos cânions até as montanhas do Colorado, são outras dez horas de carro. Em vez de esquiar com os ricos brasileiros em Aspen e Vail, considere que é mais simpático e em conta ir para Breckenridge. Tudo isso já deu meia dúzia de viagens longas pelos clichês americanos, que não terminaram. Tem ainda New Orleans e uma rodada pelo sul, pelas terras do bourbon, do country, Nashville. Quando ir para Chicago e os lagos, então? Tem ainda trilha dos Apalaches, "a melhor caminhada de montanha", serra que divide a América antiga do Meio Oeste. Ao sul, ela leva a um país de muito americano pobre, aquele do estereótipo "jeca" (banjo e pescoço vermelho). Enfim, há a Flórida. Nada contra. Tem lá maravilhas naturais, além de diversões para "crianças de todas as idades" (shoppings e disneys). Miami é brega? Não é isso (São Paulo é o quê?). Mas por que Miami, "in the first place"? * Patrícia Campos Mello e Vinicius Torres Freire não foram lá muito turistas nos Estados Unidos, mas estudaram ou trabalharam em Nova York, Massachusetts, Washington, Texas e Califórnia. * QUEM LEVA Abreutur - (11) 3702-1840, www.abreutur.com.br. Las Vegas: a partir de R$ 4.838*. Inclui aéreo, quatro noites em apto. duplo, traslados, city tour, tour de compras e cartão de assistência. Saídas a partir de agosto. Clicktur - (11) 4562-4361, www.clicktur.tur.br. Grand Canyon: a partir de R$ 3.026,50*. Inclui aéreo, cinco noites em apto. duplo e traslados. Saídas de agosto a dezembro. Queensberry Viagens - (11) 3217-7100, www.queensberry.com.br. Nova York: a partir de R$ 11.686,20*. Inclui aéreo, cinco noites em apto. de luxo, traslado, city tour, guia, peça de teatro, tour de compras, cruzeiro-jantar e cartão de seguro. Saída: 23/11. *Valores por pessoa e sujeitos a variação de câmbio. Não inclui taxas.
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App de paquera que mostra 'com quem você cruzou' cresce 110% em um mês
Encontre as pessoas com quem você cruzou. Essa é a proposta do aplicativo Happn, cujo número de usuários no Brasil cresceu 110% em maio, chegando a 330 mil pessoas. O aplicativo –que funciona de um modo similar ao Grindr, voltado para gays, que mostra pessoas nas redondezas– conta com 3,5 milhões de usuários no mundo –a ferramenta foi lançada em fevereiro de 2014. No Brasil, o sistema começou a funcionar em abril e se tornou bastante popular, chegando a 40 mil novos "crushes" (quando dois usuários se curtem e, portanto, podem iniciar uma conversa) a cada semana. O Happn mostra o horário e o local aproximado em que as pessoas estiveram próximas umas das outras. A interação entre usuários se dá por curtidas: quando duas pessoas se gostam, há uma "crush" e é possível começar uma conversa por chat. Outro método é chamar a atenção de outro usuário com o envio de um "charme". Para mulheres, o envio é gratuito, já os homens precisam pagar alguns centavos –dependendo do pacote escolhido. Cerca de 40% dos usuários são mulheres. O uso da geolocalização pode ser um entrave para o uso desse tipo de ferramenta por mulheres, em razão de preocupações com a segurança. SEGURANÇA Segundo uma porta-voz do Happn, a ferramenta tenta resolver o problema ao não mostrar exatamente onde se encontra o outro usuário –o máximo de proximidade é "agora a menos de 250 m de distância". Os pontos de cruzamento, horário e a quantidade de vezes que eles aconteceram são registrados em um mapa "não muito preciso". Um mecanismo de defesa é o bloqueio. Ao bloquear uma pessoa ela não poderá mais ver seus cruzamentos e nem enviar uma mensagem. Para evitar problemas, o Happn aconselha que aqueles que querem se conhecer na vida real optem por se encontrar em locais públicos depois de informar um parente ou amigo sobre o encontro. A ferramenta é gratuita, mas o usuário precisa possuir uma conta no Facebook para se cadastrar.
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App de paquera que mostra 'com quem você cruzou' cresce 110% em um mêsEncontre as pessoas com quem você cruzou. Essa é a proposta do aplicativo Happn, cujo número de usuários no Brasil cresceu 110% em maio, chegando a 330 mil pessoas. O aplicativo –que funciona de um modo similar ao Grindr, voltado para gays, que mostra pessoas nas redondezas– conta com 3,5 milhões de usuários no mundo –a ferramenta foi lançada em fevereiro de 2014. No Brasil, o sistema começou a funcionar em abril e se tornou bastante popular, chegando a 40 mil novos "crushes" (quando dois usuários se curtem e, portanto, podem iniciar uma conversa) a cada semana. O Happn mostra o horário e o local aproximado em que as pessoas estiveram próximas umas das outras. A interação entre usuários se dá por curtidas: quando duas pessoas se gostam, há uma "crush" e é possível começar uma conversa por chat. Outro método é chamar a atenção de outro usuário com o envio de um "charme". Para mulheres, o envio é gratuito, já os homens precisam pagar alguns centavos –dependendo do pacote escolhido. Cerca de 40% dos usuários são mulheres. O uso da geolocalização pode ser um entrave para o uso desse tipo de ferramenta por mulheres, em razão de preocupações com a segurança. SEGURANÇA Segundo uma porta-voz do Happn, a ferramenta tenta resolver o problema ao não mostrar exatamente onde se encontra o outro usuário –o máximo de proximidade é "agora a menos de 250 m de distância". Os pontos de cruzamento, horário e a quantidade de vezes que eles aconteceram são registrados em um mapa "não muito preciso". Um mecanismo de defesa é o bloqueio. Ao bloquear uma pessoa ela não poderá mais ver seus cruzamentos e nem enviar uma mensagem. Para evitar problemas, o Happn aconselha que aqueles que querem se conhecer na vida real optem por se encontrar em locais públicos depois de informar um parente ou amigo sobre o encontro. A ferramenta é gratuita, mas o usuário precisa possuir uma conta no Facebook para se cadastrar.
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O que a Lava Jato revela sobre a origem 'mágica' do direito
As semelhanças entre o vocabulário ligado à Operação Lava Jato e o linguajar do universo mítico-religioso não são coincidência, dizem juristas entrevistados pela BBC Brasil. "Na origem do direito, era impossível separá-lo da religião", diz Ari Marcelo Solon, professor de filosofia e teoria geral do direito da Universidade de São Paulo (USP). Ele conta que nosso sistema jurídico se originou a partir de mitos que circulavam na Grécia vários séculos antes de Cristo. Quase três milênios se passaram, mas o laço jamais se desfez completamente, afirma o professor —o que ajudaria a explicar a esperança quase religiosa que muitos brasileiros depositam na Lava Jato e a fé numa redenção por meio da punição dos corruptos. DEUSA DA JUSTIÇA Nos tempos do poeta Homero, conta Solon, a deusa Têmis personificava os ideais de justiça. Segunda esposa de Zeus, filha de Urano e Gaia, era também Têmis quem mantinha a ordem no Olimpo, a morada dos deuses. Solon diz que a deusa era representada por um monte de pedras, o que indicava a firmeza da justiça. Na ágora, espaço de discussão onde também havia pedras, reis se reuniam para tomar decisões guiados por decretos divinos. Séculos mais tarde, em Roma, Têmis se transformou na deusa Iustitia, origem do termo justiça. Hoje, estátuas da deusa, de olhos vendados e balança à mão, guardam a entrada de muitos tribunais no Ocidente. Com o tempo, muitos Estados se tornaram laicos, e direito e religião se separaram formalmente. Porém, para alguns pensadores —como os filiados ao realismo jurídico, movimento que despontou nos EUA e na Escandinávia no início do século passado— essa cisão nunca ocorreu pra valer. Na tese "A César o Que É de Deus: Magia, Mito e Sacralidade do Direito", defendida na USP em 2008, o jurista e diplomata Rafael Prince analisa as semelhanças entre o direito e os rituais xamânicos, a feitiçaria e outras práticas de povos ditos "primitivos". Segundo Prince, o direito é "um fenômeno mágico", que opera em moldes parecidos com os de religiões tradicionais, ainda que muitos juristas o tratem como ciência. Ele afirma que, por mais que juízes digam se guiar apenas pela lei ao proferir sentenças, suas decisões sempre têm uma boa dose de subjetividade —o que, para Prince, não significa que a impessoalidade, objetividade e transparência não devam ser perseguidos por legisladores e operadores do direito. "O conteúdo das normas do direito mudou ao longo do tempo, mas a forma de pensar juridicamente é, por natureza, uma forma de pensamento mágico ou religioso —uma linguagem mitológica", afirma. Ele diz que o elo entre magia e direito é evidenciado, por exemplo, pelo papel que a palavra desempenha nos dois sistemas. "As palavras são o núcleo do poder mágico", explica o jurista. Citando o linguista alemão Winfried Nöth, ele afirma em sua tese que a palavra inglesa "spell" significa tanto soletrar quanto fórmula de encantamento, e que "glamour", que no passado significava "bruxaria", tem a mesma raiz que "grammar" (gramática). "Para o povo, o conhecimento de gramática era evidentemente um saber mágico", disse Nöth. Da mesma forma que um ritual de magia requer a entoação de certas palavras, a posse de um funcionário público ou um casamento —duas cerimônias regidas pelo direito— só têm efeito mediante a pronúncia de expressões específicas. As palavras são tão poderosas no direito, diz Prince, que com elas juízes podem "mudar para sempre o destino de pobres mortais". Os paralelos vão além. "As fórmulas mágicas costumam ser barrocas e repetitivas, e não é diferente com os textos jurídicos", afirma Prince. "O exorcista, por exemplo, ao recitar suas orações e conjurações, deve se mostrar muito mais terrível que o demônio dentro do paciente (...) Da mesma forma, os advogados não poupam esforços em falar numa linguagem rebuscada e incompreensível aos leigos, que, admirados com o impressionante 'juridiquês', não hesitarão em confiar na capacidade dos doutos bacharéis." Prince afirma que há várias palavras vazias de sentido no direito, e que muitos conceitos jurídicos —como propriedade, direito subjetivo e crédito— não têm qualquer significado fora do universo das leis. E, assim como as religiões têm templos, o direito tem tribunais, espaços igualmente controlados por rígidas regras por onde transitam juízes, advogados e promotores —a quem Prince chama de "sacerdotes da religião jurídica". Para ter acesso a esses locais, deve-se passar por uma série de ritos, como a graduação em direito e o concurso para a magistratura —processo não muito diferente da iniciação por que passam padres, monges e xamãs, afirma o diplomata. DIREITO E MITO Além da origem comum, Prince diz que direito e religião têm o mesmo papel na sociedade: "resolver conflitos sociais, ao conciliar, em sua estrutura harmônica, expectativas e valores dissonantes". Quando um juiz define uma pena para um crime, está compensando o crime com outro ato e agindo para restabelecer o equilíbrio quebrado pelo criminoso. "O processo judicial, em sua forma e linguagem, é um meio de reviver mitos fundamentais da nossa sociedade", diz Prince. No caso da Lava Jato, ele afirma que o mito em questão é o de que "os maus devem ser punidos". Segundo o jurista, no imaginário de muitos brasileiros, os procuradores da operação e o juiz Sergio Moro são vistos como figuras míticas que "vão salvar o país de todo o mal". Ele alerta para o risco, porém, de que os holofotes façam o juiz abandonar o papel sagrado de mediador, convertendo-se em outro arquétipo mitológico: "o inquisidor, o herói paladino da justiça". "Isso, sem dúvida, é ruim para a legitimidade do Judiciário —além de ilegal." FALSA RELIGIÃO Para Ari Solon, professor da USP, a Lei das Doze Tábuas —legislação na origem do direito romano— é a base dos processos da Lava Jato. O documento, que codificou delitos e definiu penas para malfeitos, marcou o início de uma era na qual governos passaram a aprovar leis aplicáveis a todos os cidadãos. Solon diz que, ao sistematizar mitos e valores arraigados na população, o direito romano surgiu como uma "força ética". Para ele, o elo entre direito e ética se fragilizou desde então. "O direito foi se afastando de sua essência e virando algo só formal: uma falsa religião." Solon diz que, para resgatar os valores originais greco-romanos, pode ser útil estudar como se organizam povos que não foram engolidos pelo direito ocidental, como indígenas brasileiros. Esses grupos, segundo o professor, podem nos mostrar outras formas de conciliar mitos e regras de convívio —ainda que, para alguns, eles ainda vivam na "Idade da Pedra". Solon então lembra o elo entre o direito e as pedras que simbolizavam Têmis, a deusa grega da justiça. As pedras, conta ele, também abundavam no Monte Sinai, onde foi revelada a Moisés a Torá, o livro sagrado do judaísmo. "Não é chocante que todos adorem a pedra", diz o professor. "Há paradigmas comuns a todas as civilizações. A religião tem que vir da concretude."
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O que a Lava Jato revela sobre a origem 'mágica' do direitoAs semelhanças entre o vocabulário ligado à Operação Lava Jato e o linguajar do universo mítico-religioso não são coincidência, dizem juristas entrevistados pela BBC Brasil. "Na origem do direito, era impossível separá-lo da religião", diz Ari Marcelo Solon, professor de filosofia e teoria geral do direito da Universidade de São Paulo (USP). Ele conta que nosso sistema jurídico se originou a partir de mitos que circulavam na Grécia vários séculos antes de Cristo. Quase três milênios se passaram, mas o laço jamais se desfez completamente, afirma o professor —o que ajudaria a explicar a esperança quase religiosa que muitos brasileiros depositam na Lava Jato e a fé numa redenção por meio da punição dos corruptos. DEUSA DA JUSTIÇA Nos tempos do poeta Homero, conta Solon, a deusa Têmis personificava os ideais de justiça. Segunda esposa de Zeus, filha de Urano e Gaia, era também Têmis quem mantinha a ordem no Olimpo, a morada dos deuses. Solon diz que a deusa era representada por um monte de pedras, o que indicava a firmeza da justiça. Na ágora, espaço de discussão onde também havia pedras, reis se reuniam para tomar decisões guiados por decretos divinos. Séculos mais tarde, em Roma, Têmis se transformou na deusa Iustitia, origem do termo justiça. Hoje, estátuas da deusa, de olhos vendados e balança à mão, guardam a entrada de muitos tribunais no Ocidente. Com o tempo, muitos Estados se tornaram laicos, e direito e religião se separaram formalmente. Porém, para alguns pensadores —como os filiados ao realismo jurídico, movimento que despontou nos EUA e na Escandinávia no início do século passado— essa cisão nunca ocorreu pra valer. Na tese "A César o Que É de Deus: Magia, Mito e Sacralidade do Direito", defendida na USP em 2008, o jurista e diplomata Rafael Prince analisa as semelhanças entre o direito e os rituais xamânicos, a feitiçaria e outras práticas de povos ditos "primitivos". Segundo Prince, o direito é "um fenômeno mágico", que opera em moldes parecidos com os de religiões tradicionais, ainda que muitos juristas o tratem como ciência. Ele afirma que, por mais que juízes digam se guiar apenas pela lei ao proferir sentenças, suas decisões sempre têm uma boa dose de subjetividade —o que, para Prince, não significa que a impessoalidade, objetividade e transparência não devam ser perseguidos por legisladores e operadores do direito. "O conteúdo das normas do direito mudou ao longo do tempo, mas a forma de pensar juridicamente é, por natureza, uma forma de pensamento mágico ou religioso —uma linguagem mitológica", afirma. Ele diz que o elo entre magia e direito é evidenciado, por exemplo, pelo papel que a palavra desempenha nos dois sistemas. "As palavras são o núcleo do poder mágico", explica o jurista. Citando o linguista alemão Winfried Nöth, ele afirma em sua tese que a palavra inglesa "spell" significa tanto soletrar quanto fórmula de encantamento, e que "glamour", que no passado significava "bruxaria", tem a mesma raiz que "grammar" (gramática). "Para o povo, o conhecimento de gramática era evidentemente um saber mágico", disse Nöth. Da mesma forma que um ritual de magia requer a entoação de certas palavras, a posse de um funcionário público ou um casamento —duas cerimônias regidas pelo direito— só têm efeito mediante a pronúncia de expressões específicas. As palavras são tão poderosas no direito, diz Prince, que com elas juízes podem "mudar para sempre o destino de pobres mortais". Os paralelos vão além. "As fórmulas mágicas costumam ser barrocas e repetitivas, e não é diferente com os textos jurídicos", afirma Prince. "O exorcista, por exemplo, ao recitar suas orações e conjurações, deve se mostrar muito mais terrível que o demônio dentro do paciente (...) Da mesma forma, os advogados não poupam esforços em falar numa linguagem rebuscada e incompreensível aos leigos, que, admirados com o impressionante 'juridiquês', não hesitarão em confiar na capacidade dos doutos bacharéis." Prince afirma que há várias palavras vazias de sentido no direito, e que muitos conceitos jurídicos —como propriedade, direito subjetivo e crédito— não têm qualquer significado fora do universo das leis. E, assim como as religiões têm templos, o direito tem tribunais, espaços igualmente controlados por rígidas regras por onde transitam juízes, advogados e promotores —a quem Prince chama de "sacerdotes da religião jurídica". Para ter acesso a esses locais, deve-se passar por uma série de ritos, como a graduação em direito e o concurso para a magistratura —processo não muito diferente da iniciação por que passam padres, monges e xamãs, afirma o diplomata. DIREITO E MITO Além da origem comum, Prince diz que direito e religião têm o mesmo papel na sociedade: "resolver conflitos sociais, ao conciliar, em sua estrutura harmônica, expectativas e valores dissonantes". Quando um juiz define uma pena para um crime, está compensando o crime com outro ato e agindo para restabelecer o equilíbrio quebrado pelo criminoso. "O processo judicial, em sua forma e linguagem, é um meio de reviver mitos fundamentais da nossa sociedade", diz Prince. No caso da Lava Jato, ele afirma que o mito em questão é o de que "os maus devem ser punidos". Segundo o jurista, no imaginário de muitos brasileiros, os procuradores da operação e o juiz Sergio Moro são vistos como figuras míticas que "vão salvar o país de todo o mal". Ele alerta para o risco, porém, de que os holofotes façam o juiz abandonar o papel sagrado de mediador, convertendo-se em outro arquétipo mitológico: "o inquisidor, o herói paladino da justiça". "Isso, sem dúvida, é ruim para a legitimidade do Judiciário —além de ilegal." FALSA RELIGIÃO Para Ari Solon, professor da USP, a Lei das Doze Tábuas —legislação na origem do direito romano— é a base dos processos da Lava Jato. O documento, que codificou delitos e definiu penas para malfeitos, marcou o início de uma era na qual governos passaram a aprovar leis aplicáveis a todos os cidadãos. Solon diz que, ao sistematizar mitos e valores arraigados na população, o direito romano surgiu como uma "força ética". Para ele, o elo entre direito e ética se fragilizou desde então. "O direito foi se afastando de sua essência e virando algo só formal: uma falsa religião." Solon diz que, para resgatar os valores originais greco-romanos, pode ser útil estudar como se organizam povos que não foram engolidos pelo direito ocidental, como indígenas brasileiros. Esses grupos, segundo o professor, podem nos mostrar outras formas de conciliar mitos e regras de convívio —ainda que, para alguns, eles ainda vivam na "Idade da Pedra". Solon então lembra o elo entre o direito e as pedras que simbolizavam Têmis, a deusa grega da justiça. As pedras, conta ele, também abundavam no Monte Sinai, onde foi revelada a Moisés a Torá, o livro sagrado do judaísmo. "Não é chocante que todos adorem a pedra", diz o professor. "Há paradigmas comuns a todas as civilizações. A religião tem que vir da concretude."
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Única aposta leva R$ 92 mi na maior premiação da Mega-Sena em 2016
A maior premiação de 2016 da Mega-Sena teve um único vencedor. Um apostador de Cabrobó, no sertão de Pernambuco, levará R$ 92 milhões. Os números sorteados na noite desta quarta-feira (20) foram: 01 - 10 - 25 - 43 - 50 - 56. O sorteio do concurso 1.810 foi realizado em Umuarama (PR). No sábado (23), o próximo concurso deve pagar em torno de R$ 2,5 milhões em caso de único acertador. A quina (cinco acertos) teve 266 apostas ganhadoras, no valor de R$ 22.369,76 cada. Já a quadra (quatro acertos) teve 14.324 ganhadores. Cada um deles receberá R$ 593,44. A aposta mínima, de seis números, é de R$ 3,50 e pode ser feita até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio. Os sorteios da Mega-Sena acontecem, em geral, duas vezes por semana, às quartas e aos sábados. Acompanhe o resultados das loterias
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Única aposta leva R$ 92 mi na maior premiação da Mega-Sena em 2016A maior premiação de 2016 da Mega-Sena teve um único vencedor. Um apostador de Cabrobó, no sertão de Pernambuco, levará R$ 92 milhões. Os números sorteados na noite desta quarta-feira (20) foram: 01 - 10 - 25 - 43 - 50 - 56. O sorteio do concurso 1.810 foi realizado em Umuarama (PR). No sábado (23), o próximo concurso deve pagar em torno de R$ 2,5 milhões em caso de único acertador. A quina (cinco acertos) teve 266 apostas ganhadoras, no valor de R$ 22.369,76 cada. Já a quadra (quatro acertos) teve 14.324 ganhadores. Cada um deles receberá R$ 593,44. A aposta mínima, de seis números, é de R$ 3,50 e pode ser feita até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio. Os sorteios da Mega-Sena acontecem, em geral, duas vezes por semana, às quartas e aos sábados. Acompanhe o resultados das loterias
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Eliminatória de festival de MPB da Record começa neste sábado
Será aberta neste sábado (30) a primeira eliminatória do 3º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, que será realizado a partir das 21h30 no teatro da emissora, em SP. Com direção de Solano Ribeiro e apresentação de Blota Jr. e Sônia Ribeiro, a primeira fase terá doze músicas e quatorze intérpretes. Entre os concorrentes desta eliminatória estão Chico Buarque, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Roberto Carlos, com o conjunto O Grupo, e as duplas Gal Costa e Sílvio César e Edu Lobo e Marília Medalha. As próximas fases são nos dias 6 e 14 de outubro e a etapa final no sábado (21).
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Eliminatória de festival de MPB da Record começa neste sábadoSerá aberta neste sábado (30) a primeira eliminatória do 3º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, que será realizado a partir das 21h30 no teatro da emissora, em SP. Com direção de Solano Ribeiro e apresentação de Blota Jr. e Sônia Ribeiro, a primeira fase terá doze músicas e quatorze intérpretes. Entre os concorrentes desta eliminatória estão Chico Buarque, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Roberto Carlos, com o conjunto O Grupo, e as duplas Gal Costa e Sílvio César e Edu Lobo e Marília Medalha. As próximas fases são nos dias 6 e 14 de outubro e a etapa final no sábado (21).
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Orlando, uma nova etapa do terrorismo
Donald Trump, o candidato fleumático do Partido Republicano, poderá ser, politicamente, o grande beneficiário do atentado ocorrido em boate gay de Orlando, na Flórida, no último domingo (12). Não somente por seu apelo à maioria silenciosa branca estadunidense, que se ressente de Barack Obama e do "establishment republicano", mas também pela percepção de que o seu partido tende a ser mais efetivo em questões de defesa e de combate ao terrorismo. Trump pode, ainda, apelar à memória popular de que a Al Qaeda floresceu durante o período em que Bill Clinton, marido da atual candidata democrata Hillary Clinton, era presidente. Seria um golpe duro aos democratas. Após o atentado terrorista de 11 de março de 2004, na Espanha, por exemplo,o cenário eleitoral mudou drasticamente. Perdeu quem estava no poder. O discurso de Obama, em favor de maior controle no acesso a armas, não bastará para cercear o comércio, pois não resiste a um questionamento mais aprofundado. A disponibilidade não implica necessariamente criminalidade; trata-se de um salto intelectual inverídico. Já os republicanos persistirão na tecla da incapacidade de os democratas protegerem o país. O atentado desestabiliza, mais uma vez, a imagem de invulnerabilidade dos Estados Unidos. Como é possível que alguém, um possível lobo solitário, que estava no radar de monitoramento do FBI, uma agência governamental com um aparato de inteligência inigualável, consiga comprar armas com tamanha facilidade? Por que o autor do massacre, Omar Mateen, que chegou a integrar uma lista de possíveis suspeitos de terrorismo,deixou de ser vigiado? Questionamentos assim serão acrescidos à análise, particularmente difícil, da razão pela qual cidadãos, de primeira ou segunda geração -e não mais imigrantes-, sentem-se atraídos pela causa do Estado Islâmico, e não pelos valores das sociedades em que foram criados e ensinados. A questão migratória, enfatizada desde o início das prévias eleitorais por Trump, voltará, por certo, à baila muitas vezes, apesar de ser um argumento falacioso. Em 2015, houve 372 tiroteios, com 475 mortos e 1.870 feridos nos EUA. Fatores domésticos, e não os muçulmanos, são a causa do problema. Trata-se de uma violência doméstica elevada -mas muito menor do que a brasileira, ressalto-que não pode ser jogada para debaixo do tapete. Aliar o islamismo ao radicalismo é uma tentação precipitada. Todas as religiões apresentam, em sua história, radicalismos. O problema está na leitura e interpretação dos livros sagrados. Afirmar que o islamismo é uma religião retrógrada e radical é desconhecer a enorme contribuição dada por vários de seus membros ao aperfeiçoamento da humanidade. É preciso combater o radicalismo na origem. Do contrário, a luta será em vão. Querer associar o radicalismo religioso à intolerância a determinados grupos sociais também é receita para um confronto social maior. É preciso muito cuidado para evitar radicalismos. Dos dois lados. Observam-se, ainda, algumas importantes mudanças no modo operacional desses ataques. Em primeiro lugar, o incentivo do Estado Islâmico à atuação de lobos solitários, vinculados ou não à rede (terrorismo doméstico), na modalidade "ataques inspirados pela organização". Além disso, os atentados, de menor escala, tenderão a ser realizados em áreas turísticas, que atraiam maior visibilidade e o interesse da opinião pública internacional. É uma importante alteração na forma de agir. Trata-se de um alerta vermelho para a organização da Olimpíada no Brasil. MARCUS VINÍCIUS DE FREITAS, 48, é professor de direito e relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado - Faap PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected].
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Orlando, uma nova etapa do terrorismoDonald Trump, o candidato fleumático do Partido Republicano, poderá ser, politicamente, o grande beneficiário do atentado ocorrido em boate gay de Orlando, na Flórida, no último domingo (12). Não somente por seu apelo à maioria silenciosa branca estadunidense, que se ressente de Barack Obama e do "establishment republicano", mas também pela percepção de que o seu partido tende a ser mais efetivo em questões de defesa e de combate ao terrorismo. Trump pode, ainda, apelar à memória popular de que a Al Qaeda floresceu durante o período em que Bill Clinton, marido da atual candidata democrata Hillary Clinton, era presidente. Seria um golpe duro aos democratas. Após o atentado terrorista de 11 de março de 2004, na Espanha, por exemplo,o cenário eleitoral mudou drasticamente. Perdeu quem estava no poder. O discurso de Obama, em favor de maior controle no acesso a armas, não bastará para cercear o comércio, pois não resiste a um questionamento mais aprofundado. A disponibilidade não implica necessariamente criminalidade; trata-se de um salto intelectual inverídico. Já os republicanos persistirão na tecla da incapacidade de os democratas protegerem o país. O atentado desestabiliza, mais uma vez, a imagem de invulnerabilidade dos Estados Unidos. Como é possível que alguém, um possível lobo solitário, que estava no radar de monitoramento do FBI, uma agência governamental com um aparato de inteligência inigualável, consiga comprar armas com tamanha facilidade? Por que o autor do massacre, Omar Mateen, que chegou a integrar uma lista de possíveis suspeitos de terrorismo,deixou de ser vigiado? Questionamentos assim serão acrescidos à análise, particularmente difícil, da razão pela qual cidadãos, de primeira ou segunda geração -e não mais imigrantes-, sentem-se atraídos pela causa do Estado Islâmico, e não pelos valores das sociedades em que foram criados e ensinados. A questão migratória, enfatizada desde o início das prévias eleitorais por Trump, voltará, por certo, à baila muitas vezes, apesar de ser um argumento falacioso. Em 2015, houve 372 tiroteios, com 475 mortos e 1.870 feridos nos EUA. Fatores domésticos, e não os muçulmanos, são a causa do problema. Trata-se de uma violência doméstica elevada -mas muito menor do que a brasileira, ressalto-que não pode ser jogada para debaixo do tapete. Aliar o islamismo ao radicalismo é uma tentação precipitada. Todas as religiões apresentam, em sua história, radicalismos. O problema está na leitura e interpretação dos livros sagrados. Afirmar que o islamismo é uma religião retrógrada e radical é desconhecer a enorme contribuição dada por vários de seus membros ao aperfeiçoamento da humanidade. É preciso combater o radicalismo na origem. Do contrário, a luta será em vão. Querer associar o radicalismo religioso à intolerância a determinados grupos sociais também é receita para um confronto social maior. É preciso muito cuidado para evitar radicalismos. Dos dois lados. Observam-se, ainda, algumas importantes mudanças no modo operacional desses ataques. Em primeiro lugar, o incentivo do Estado Islâmico à atuação de lobos solitários, vinculados ou não à rede (terrorismo doméstico), na modalidade "ataques inspirados pela organização". Além disso, os atentados, de menor escala, tenderão a ser realizados em áreas turísticas, que atraiam maior visibilidade e o interesse da opinião pública internacional. É uma importante alteração na forma de agir. Trata-se de um alerta vermelho para a organização da Olimpíada no Brasil. MARCUS VINÍCIUS DE FREITAS, 48, é professor de direito e relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado - Faap PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected].
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Economia pode aliviar "usina de más notícias" de Temer
Embora o governo Michel Temer venha se revelando uma "usina de más notícias" na política, com a demissão de ministros e pedidos de prisão de caciques do PMDB, a qualidade da equipe econômica e a expectativa de melhora nessa área poderão dar sustentação ao presidente interino. O assunto foi debatido na "TV Folha" entre o cientista político Carlos Pereira (FGV-Rio), o editor de "Poder" da Folha, Fábio Zanini, e o repórter especial Fernando Canzian. Ainda dependendo da votação final no Senado para concluir o processo de impeachment, o governo Temer segue também ameaçado pelo imponderável da Operação Lava Jato. Principalmente em relação ao que pode ser revelado pela delação premiada em negociação de Marcelo Odebrecht, presidente afastado da maior empreiteira do país.
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Economia pode aliviar "usina de más notícias" de TemerEmbora o governo Michel Temer venha se revelando uma "usina de más notícias" na política, com a demissão de ministros e pedidos de prisão de caciques do PMDB, a qualidade da equipe econômica e a expectativa de melhora nessa área poderão dar sustentação ao presidente interino. O assunto foi debatido na "TV Folha" entre o cientista político Carlos Pereira (FGV-Rio), o editor de "Poder" da Folha, Fábio Zanini, e o repórter especial Fernando Canzian. Ainda dependendo da votação final no Senado para concluir o processo de impeachment, o governo Temer segue também ameaçado pelo imponderável da Operação Lava Jato. Principalmente em relação ao que pode ser revelado pela delação premiada em negociação de Marcelo Odebrecht, presidente afastado da maior empreiteira do país.
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Eduardo Cunha diz que articula para aprovar sistema parlamentarista
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), começou a negociar com outros partidos uma emenda à Constituição para implantar o sistema parlamentarista de governo no Brasil. Ele espera obter um acordo para colocar a proposta em votação antes de 2017, quando termina seu mandato no comando da Câmara. "Temos que discutir o parlamentarismo no Brasil, e rápido", disse, em entrevista à Folha. Ele sugere que o sistema, que daria ao Legislativo papel preponderante na administração do país, reduzindo poderes do presidente da República, comece a funcionar em 2019, com o sucessor da presidente Dilma Rousseff. "Agora seria um golpe branco", afirmou Cunha. "O tema tem ganhado força. Tenho conversado com quase todos os agentes políticos." O deputado acha que a economia brasileira chegará ao fim do ano pior do que está agora, como diz nesta entrevista. * Folha - A semana foi de notícias ruins para o governo na política e economia. O sr. acredita que a presidente Dilma aguentará os quatro anos? Eduardo Cunha - Apesar de derrotas pontuais, o governo conseguiu passar uma impressão de recuperação da estabilidade com a aprovação do projeto das desonerações. Claro que não é suficiente para reverter nada. O mercado não vê o governo como agente indutor [de mudanças na economia]. Se você falar com nove de dez economistas, estamos muito mais perto do caminho da Grécia do que do caminho da China. A aprovação do ajuste fiscal e a escolha do vice-presidente Michel Temer para o comando da articulação política não deveriam garantir a estabilidade? Com uma articulação politica debilitada, o governo precisou chamar o Michel para poder andar. Ele entrou e passou um sinal claro de que tinha uma estabilidade política maior e aprovou [o ajuste fiscal]: ele pegou um vaso todo quebrado e conseguiu colocar uma cola que você não vê que estava colado –pelo menos colou um pouquinho. Se ele ficar vendendo ilusão ou virando garçom para anotar pedido de Congresso e não conseguir resolver nada, acaba se desgastando, e a gente não quer que aconteça. Essa percepção, com a entrada do Michel, parte para essa melhora, mas o governo tem que mostrar suas ações. Deputados dizem que não votam com o governo porque cargos e emendas não são liberados para partidos aliados. Estão reclamando porque eles [o governo] continuam com a política de hegemonia, que quer tudo para o PT. Se o PMDB não ocupou o cargo que foi prometido, esse deputado vê que o cargo está ocupado por um petista. O governo prometeu e não cumpriu. E quem não está cumprindo os compromissos? Isso eu não vou dizer. Não pode ser o Michel, porque ele não vai aceitar esse papel. Se o Michel tiver que desempenhar o papel de uma pessoa sem palavra, ele vai sair. Como acha que a economia estará no fim do ano, e como o PMDB deverá reagir? Eu acho que a economia vai chegar ao fim do ano muito mal, pior do que está hoje. E quando ela chegar pior, a pressão política vai ser maior, e é aí que o governo precisa ter uma base mais sólida. Se apresentarem um novo pedido de impeachment de Dilma, a Câmara aprova? Não podemos tratar o impeachment como recurso eleitoral. Avança-se ou não se houver um fato dentro da ótica constitucional. O TCU (Tribunal de Contas da União) indica que pode reprovar as contas da presidente. Se o TCU reprovar as contas do mandato anterior, não quer dizer nada. Se há práticas neste mandato condizentes com improbidade, é outra história. Impeachment é uma coisa grave. O Brasil não é uma republiqueta. A grande evolução que se deve ter é que temos que discutir o parlamentarismo no Brasil, e rápido. Um debate para valer e votar. Já conversou sobre o assunto? O tema tem ganhado força. Tenho conversado com quase todos os agentes políticos, PSDB, DEM, PPS, PMDB, PP, PR, com todos os partidos. Com José Serra (PSDB-SP), Aécio Neves (PSDB-MG), Tasso Jereissati (PSDB-CE). Com certeza, vamos tentar votar na minha presidência. Para agora? Não um parlamentarismo para ser implantado no mandato dela [Dilma Rousseff], porque isso seria um golpe branco, mas no mandato do sucessor. Para que efetivamente a gente possa ter a figura do chefe de Estado e do chefe de governo. E as condições que possam nos proteger de uma crise igual a essa que a gente vive. Se a gente não evoluir para o sistema parlamentarista no Brasil, vamos ficar sujeitos a crises. Existe uma dúvida jurídica: como houve o plebiscito [em 1993] que culminou na não aprovação do parlamentarismo, há dúvidas se uma simples emenda constitucional seria suficiente ou se precisaria de plebiscito, ou referendo. Acho que, sem referendo, é muito difícil implementar o parlamentarismo. Então, o próximo presidente não seria chefe de governo? Seria um chefe de Estado. Por que, na sua visão, o parlamentarismo não passou no plebiscito de 1993? Porque você não consegue convencer a população de que ela vai perder o direito de votar no presidente da República. Então, se a gente construir uma figura em que ela continua votando no presidente, você pode ter um parlamentarismo. A população não aceitará perder a identidade com seu presidente. Precisamos proteger esse presidente eleito das crises do governo. Se esse modelo tivesse vigente e ela [Dilma] fosse chefe de Estado, teria caído o chefe de governo e o governo. Dissolve o gabinete e ponto. O Estado é laico, mas há uma bíblia sobre a Mesa Diretora da Câmara, um crucifixo no plenário e sr. abre as sessões com "sob a proteção de Deus". O Estado não é tão laico assim? Eu botei o crucifixo e a bíblia no plenário? Todos abriram a sessão assim. Daqui a pouco vão dizer que eu inventei isso tudo, que trouxe o crucifixo, e vão errar, porque evangélico não usa crucifixo. Mas não há uma contradição entre as práticas do Congresso e a definição de estado laico? Estado laico significa não ter religião de Estado. Não significa que você tenha que ser ateu. É diferente de Israel, onde a Constituição é a Bíblia. Mas não estamos em Israel. Alguém reclamou outro dia que 20 deputados entraram no plenário e fizeram apitaço? Vão dizer que eu permiti o apitaço e daqui a pouco vão dizer que sou índio. Sou evangélico e permiti oração no plenário. O fato de 20 parlamentares entrarem no plenário gritando ou fazendo uma oração qualquer não significa que você está agredindo o Estado laico. Mas o comportamento pessoal de um parlamentar influencia no voto dele. Qual o problema? Você colocou na Constituição que um parlamentar para se eleger tem que ser laico ou ateu? Em relação à pauta conservadora... Que pauta conservadora? A legalização do aborto, a homofobia... Cadê o projeto de aborto para ser votado aqui? Não tem projeto de criminalização da homofobia com urgência aqui. Para ter urgência, tem que ter líderes que representem a maioria. Não tem um projeto que atenda a essas condições, nem vai ter porque não tem esse apoio. Há excesso nas prisões da Lava Jato, comparando com o processo do mensalão, conduzido por Joaquim Barbosa? Joaquim, sem abandonar o rigor com que ele conduziu o processo, não decretou nenhuma prisão preventiva no curso da investigação, só executou a sentença depois do trânsito em julgado. O que significa que ele respeitou o princípio constitucional da presunção da inocência, o que me parece que não está sendo respeitado hoje. O sr. está sob investigação. Renan Calheiros também. E ambos propõem mudanças para melhorar o país após a Lava Jato. Não há um conflito? Por quê? Não me sinto atingido pela suposta investigação que está sendo feita. E não perdi minha capacidade de legislar nem articulação e capacidade política de reagir. Não vou comentar minha participação neste processo. A delação de Ricardo Pessoa complica a situação de Aloizio Mercadante, após sua citação, e da governabilidade? Ainda é cedo para falar. Tem de ver detalhes e o desdobramento da delação. O sr. é candidato em 2018? Para cada dia a sua agonia. Não vivo em política o dia de amanhã, vivo o dia de hoje. Qualquer um que queira colocar como projeto de vida candidatura futura vai ser refém do projeto. Eu não pretendo transformar minha vida e ficar refém de nada. O projeto que reduz a maioridade penal será aprovado? Depois de 22 anos, eu coloquei o projeto para votação. Quando eu coloquei, o próprio PT e o governo passaram a querer discutir mudança no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], que eles não admitiam qualquer mudança. Aí, de repente, acharam que podiam evitar a derrota discutindo mudança em lei ordinária do ECA. Foram buscar uma aliança com a oposição [PSDB] contra o PMDB. Aí o PMDB se juntou com o partido de oposição que eles buscaram aliança em uma tese intermediária. Então, provavelmente a tese será vencedora e mais uma vez o governo mergulhou na tese do PT.
poder
Eduardo Cunha diz que articula para aprovar sistema parlamentaristaO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), começou a negociar com outros partidos uma emenda à Constituição para implantar o sistema parlamentarista de governo no Brasil. Ele espera obter um acordo para colocar a proposta em votação antes de 2017, quando termina seu mandato no comando da Câmara. "Temos que discutir o parlamentarismo no Brasil, e rápido", disse, em entrevista à Folha. Ele sugere que o sistema, que daria ao Legislativo papel preponderante na administração do país, reduzindo poderes do presidente da República, comece a funcionar em 2019, com o sucessor da presidente Dilma Rousseff. "Agora seria um golpe branco", afirmou Cunha. "O tema tem ganhado força. Tenho conversado com quase todos os agentes políticos." O deputado acha que a economia brasileira chegará ao fim do ano pior do que está agora, como diz nesta entrevista. * Folha - A semana foi de notícias ruins para o governo na política e economia. O sr. acredita que a presidente Dilma aguentará os quatro anos? Eduardo Cunha - Apesar de derrotas pontuais, o governo conseguiu passar uma impressão de recuperação da estabilidade com a aprovação do projeto das desonerações. Claro que não é suficiente para reverter nada. O mercado não vê o governo como agente indutor [de mudanças na economia]. Se você falar com nove de dez economistas, estamos muito mais perto do caminho da Grécia do que do caminho da China. A aprovação do ajuste fiscal e a escolha do vice-presidente Michel Temer para o comando da articulação política não deveriam garantir a estabilidade? Com uma articulação politica debilitada, o governo precisou chamar o Michel para poder andar. Ele entrou e passou um sinal claro de que tinha uma estabilidade política maior e aprovou [o ajuste fiscal]: ele pegou um vaso todo quebrado e conseguiu colocar uma cola que você não vê que estava colado –pelo menos colou um pouquinho. Se ele ficar vendendo ilusão ou virando garçom para anotar pedido de Congresso e não conseguir resolver nada, acaba se desgastando, e a gente não quer que aconteça. Essa percepção, com a entrada do Michel, parte para essa melhora, mas o governo tem que mostrar suas ações. Deputados dizem que não votam com o governo porque cargos e emendas não são liberados para partidos aliados. Estão reclamando porque eles [o governo] continuam com a política de hegemonia, que quer tudo para o PT. Se o PMDB não ocupou o cargo que foi prometido, esse deputado vê que o cargo está ocupado por um petista. O governo prometeu e não cumpriu. E quem não está cumprindo os compromissos? Isso eu não vou dizer. Não pode ser o Michel, porque ele não vai aceitar esse papel. Se o Michel tiver que desempenhar o papel de uma pessoa sem palavra, ele vai sair. Como acha que a economia estará no fim do ano, e como o PMDB deverá reagir? Eu acho que a economia vai chegar ao fim do ano muito mal, pior do que está hoje. E quando ela chegar pior, a pressão política vai ser maior, e é aí que o governo precisa ter uma base mais sólida. Se apresentarem um novo pedido de impeachment de Dilma, a Câmara aprova? Não podemos tratar o impeachment como recurso eleitoral. Avança-se ou não se houver um fato dentro da ótica constitucional. O TCU (Tribunal de Contas da União) indica que pode reprovar as contas da presidente. Se o TCU reprovar as contas do mandato anterior, não quer dizer nada. Se há práticas neste mandato condizentes com improbidade, é outra história. Impeachment é uma coisa grave. O Brasil não é uma republiqueta. A grande evolução que se deve ter é que temos que discutir o parlamentarismo no Brasil, e rápido. Um debate para valer e votar. Já conversou sobre o assunto? O tema tem ganhado força. Tenho conversado com quase todos os agentes políticos, PSDB, DEM, PPS, PMDB, PP, PR, com todos os partidos. Com José Serra (PSDB-SP), Aécio Neves (PSDB-MG), Tasso Jereissati (PSDB-CE). Com certeza, vamos tentar votar na minha presidência. Para agora? Não um parlamentarismo para ser implantado no mandato dela [Dilma Rousseff], porque isso seria um golpe branco, mas no mandato do sucessor. Para que efetivamente a gente possa ter a figura do chefe de Estado e do chefe de governo. E as condições que possam nos proteger de uma crise igual a essa que a gente vive. Se a gente não evoluir para o sistema parlamentarista no Brasil, vamos ficar sujeitos a crises. Existe uma dúvida jurídica: como houve o plebiscito [em 1993] que culminou na não aprovação do parlamentarismo, há dúvidas se uma simples emenda constitucional seria suficiente ou se precisaria de plebiscito, ou referendo. Acho que, sem referendo, é muito difícil implementar o parlamentarismo. Então, o próximo presidente não seria chefe de governo? Seria um chefe de Estado. Por que, na sua visão, o parlamentarismo não passou no plebiscito de 1993? Porque você não consegue convencer a população de que ela vai perder o direito de votar no presidente da República. Então, se a gente construir uma figura em que ela continua votando no presidente, você pode ter um parlamentarismo. A população não aceitará perder a identidade com seu presidente. Precisamos proteger esse presidente eleito das crises do governo. Se esse modelo tivesse vigente e ela [Dilma] fosse chefe de Estado, teria caído o chefe de governo e o governo. Dissolve o gabinete e ponto. O Estado é laico, mas há uma bíblia sobre a Mesa Diretora da Câmara, um crucifixo no plenário e sr. abre as sessões com "sob a proteção de Deus". O Estado não é tão laico assim? Eu botei o crucifixo e a bíblia no plenário? Todos abriram a sessão assim. Daqui a pouco vão dizer que eu inventei isso tudo, que trouxe o crucifixo, e vão errar, porque evangélico não usa crucifixo. Mas não há uma contradição entre as práticas do Congresso e a definição de estado laico? Estado laico significa não ter religião de Estado. Não significa que você tenha que ser ateu. É diferente de Israel, onde a Constituição é a Bíblia. Mas não estamos em Israel. Alguém reclamou outro dia que 20 deputados entraram no plenário e fizeram apitaço? Vão dizer que eu permiti o apitaço e daqui a pouco vão dizer que sou índio. Sou evangélico e permiti oração no plenário. O fato de 20 parlamentares entrarem no plenário gritando ou fazendo uma oração qualquer não significa que você está agredindo o Estado laico. Mas o comportamento pessoal de um parlamentar influencia no voto dele. Qual o problema? Você colocou na Constituição que um parlamentar para se eleger tem que ser laico ou ateu? Em relação à pauta conservadora... Que pauta conservadora? A legalização do aborto, a homofobia... Cadê o projeto de aborto para ser votado aqui? Não tem projeto de criminalização da homofobia com urgência aqui. Para ter urgência, tem que ter líderes que representem a maioria. Não tem um projeto que atenda a essas condições, nem vai ter porque não tem esse apoio. Há excesso nas prisões da Lava Jato, comparando com o processo do mensalão, conduzido por Joaquim Barbosa? Joaquim, sem abandonar o rigor com que ele conduziu o processo, não decretou nenhuma prisão preventiva no curso da investigação, só executou a sentença depois do trânsito em julgado. O que significa que ele respeitou o princípio constitucional da presunção da inocência, o que me parece que não está sendo respeitado hoje. O sr. está sob investigação. Renan Calheiros também. E ambos propõem mudanças para melhorar o país após a Lava Jato. Não há um conflito? Por quê? Não me sinto atingido pela suposta investigação que está sendo feita. E não perdi minha capacidade de legislar nem articulação e capacidade política de reagir. Não vou comentar minha participação neste processo. A delação de Ricardo Pessoa complica a situação de Aloizio Mercadante, após sua citação, e da governabilidade? Ainda é cedo para falar. Tem de ver detalhes e o desdobramento da delação. O sr. é candidato em 2018? Para cada dia a sua agonia. Não vivo em política o dia de amanhã, vivo o dia de hoje. Qualquer um que queira colocar como projeto de vida candidatura futura vai ser refém do projeto. Eu não pretendo transformar minha vida e ficar refém de nada. O projeto que reduz a maioridade penal será aprovado? Depois de 22 anos, eu coloquei o projeto para votação. Quando eu coloquei, o próprio PT e o governo passaram a querer discutir mudança no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], que eles não admitiam qualquer mudança. Aí, de repente, acharam que podiam evitar a derrota discutindo mudança em lei ordinária do ECA. Foram buscar uma aliança com a oposição [PSDB] contra o PMDB. Aí o PMDB se juntou com o partido de oposição que eles buscaram aliança em uma tese intermediária. Então, provavelmente a tese será vencedora e mais uma vez o governo mergulhou na tese do PT.
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Estradas que dão acesso ao litoral de SP registram trechos de lentidão
Algumas das principais rodovias de acesso ao litoral paulista registravam trechos de congestionamento por volta das 23h desta sexta-feira (16). A pior via era a Imigrantes, que tinha em um dos pontos de retenção 27 km de filas. Segundo a Ecovias, concessionária responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes, as filas na Imigrantes estavam concentradas entre o km 16 e o km 43, entre o km 54 e o km 56 e entre o km 63 e o km 65. Nos três trechos, a retenção era provocada pelo excesso de veículos. Na Anchieta, o motorista encontrava problemas entre o km 26 e o km 40, somando 14 km de congestionamento no sentido litoral. A Padre Manoel da Nóbrega também tinha lentidão por volta das 23h, desde o km 276 até o km 292, no sentido da Praia Grande. Havia ainda tráfego intenso na Tamoios, sentido Caraguatatuba; na Mogi-Bertioga, sentido Bertioga; e na Rio-Santos, sentido São Sebastião. O DER (Departamento de Estradas de Rodagem), porém, não registrava trechos de congestionamento em nenhum delas. A rodovia Régis Bittencourt registrava trecho de congestionamento na região da serra do Cafezal. Segundo a concessionária responsável pela estrada, havia retenção entre o km 337 e o km 379, no sentido Curitiba, também provocado pelo excesso de veículos. O sábado (17) deve ser de sol na maior parte do Estado, com temperaturas elevadas e possibilidade de chuva forte e isolada no final da tarde. Na capital paulista, os termômetros podem atingir os 34ºC, segundo previsão do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da prefeitura.
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Estradas que dão acesso ao litoral de SP registram trechos de lentidãoAlgumas das principais rodovias de acesso ao litoral paulista registravam trechos de congestionamento por volta das 23h desta sexta-feira (16). A pior via era a Imigrantes, que tinha em um dos pontos de retenção 27 km de filas. Segundo a Ecovias, concessionária responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes, as filas na Imigrantes estavam concentradas entre o km 16 e o km 43, entre o km 54 e o km 56 e entre o km 63 e o km 65. Nos três trechos, a retenção era provocada pelo excesso de veículos. Na Anchieta, o motorista encontrava problemas entre o km 26 e o km 40, somando 14 km de congestionamento no sentido litoral. A Padre Manoel da Nóbrega também tinha lentidão por volta das 23h, desde o km 276 até o km 292, no sentido da Praia Grande. Havia ainda tráfego intenso na Tamoios, sentido Caraguatatuba; na Mogi-Bertioga, sentido Bertioga; e na Rio-Santos, sentido São Sebastião. O DER (Departamento de Estradas de Rodagem), porém, não registrava trechos de congestionamento em nenhum delas. A rodovia Régis Bittencourt registrava trecho de congestionamento na região da serra do Cafezal. Segundo a concessionária responsável pela estrada, havia retenção entre o km 337 e o km 379, no sentido Curitiba, também provocado pelo excesso de veículos. O sábado (17) deve ser de sol na maior parte do Estado, com temperaturas elevadas e possibilidade de chuva forte e isolada no final da tarde. Na capital paulista, os termômetros podem atingir os 34ºC, segundo previsão do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da prefeitura.
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Para o cérebro, corpo está em constante transformação
Vim recentemente ao Brasil no mesmo avião que trazia a seleção paraolímpica americana. Era mais de uma centena de atletas, todos impressionantes por sua disposição e vitalidade, certamente eletrizados com a perspectiva de participar da competição de mais alto nível com que um atleta pode sonhar. Poucos deles estavam em cadeira de rodas. Todos os atletas a quem faltavam uma ou duas pernas andavam de pé normalmente, tão hábeis e estáveis quanto eu ou ainda mais. Parte do feito se deve à qualidade das novas próteses, leves e bem articuladas, ou então de metal moldado na forma de um C que deixa de lado a anatomia para suprir as funções de amortecimento e impulsão que os ligamentos dos pés proporcionam. Fiquei ali olhando-os embarcar, esperando minha vez, maravilhada com o desfile de ciência e tecnologia. Que bacana existir pesquisa básica sobre metais, polímeros e outros materiais que a engenharia pode então aplicar na prática –e também pesquisa básica sobre como o cérebro representa o corpo, que permite entender o feito desses jovens como consequência bem-vinda de uma propriedade pouco conhecida do cérebro, e não um milagre ou exceção. Uns diriam que a capacidade do cérebro incorporar membros prostéticos está em sua plasticidade, mas eu discordo. Sim, o cérebro é plástico, capaz de se reorganizar de acordo com o uso que faz dele mesmo. Mas neste caso, a base é o oposto: o cérebro mantem a representação dos membros perdidos –a ponto de a grande maioria dos amputados continuar sentindo a parte do corpo que não existe mais. São sensações reais, não "psicológicas" ou imaginadas, originadas no córtex cerebral que ainda representa o membro perdido, agora estimulado pelas representações das partes vizinhas, estas mantidas. Com a prótese, contudo, o cérebro, que novamente enxerga e movimenta a parte do corpo perdida, volta a construir uma imagem multissensorial sua, encaixada no mesmo mapa corporal anterior. Basta haver movimento coincidindo com as ordens e percepções do cérebro e o que se move é literalmente incorporado: a prótese faz parte do corpo. O que pouca gente sabe é que a representação cerebral do nosso corpo é construída a cada instante, de acordo com seus movimentos e a informação sensorial que chega de volta. Para o cérebro, nosso corpo não é; ele está, conforme ele se move.
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Para o cérebro, corpo está em constante transformaçãoVim recentemente ao Brasil no mesmo avião que trazia a seleção paraolímpica americana. Era mais de uma centena de atletas, todos impressionantes por sua disposição e vitalidade, certamente eletrizados com a perspectiva de participar da competição de mais alto nível com que um atleta pode sonhar. Poucos deles estavam em cadeira de rodas. Todos os atletas a quem faltavam uma ou duas pernas andavam de pé normalmente, tão hábeis e estáveis quanto eu ou ainda mais. Parte do feito se deve à qualidade das novas próteses, leves e bem articuladas, ou então de metal moldado na forma de um C que deixa de lado a anatomia para suprir as funções de amortecimento e impulsão que os ligamentos dos pés proporcionam. Fiquei ali olhando-os embarcar, esperando minha vez, maravilhada com o desfile de ciência e tecnologia. Que bacana existir pesquisa básica sobre metais, polímeros e outros materiais que a engenharia pode então aplicar na prática –e também pesquisa básica sobre como o cérebro representa o corpo, que permite entender o feito desses jovens como consequência bem-vinda de uma propriedade pouco conhecida do cérebro, e não um milagre ou exceção. Uns diriam que a capacidade do cérebro incorporar membros prostéticos está em sua plasticidade, mas eu discordo. Sim, o cérebro é plástico, capaz de se reorganizar de acordo com o uso que faz dele mesmo. Mas neste caso, a base é o oposto: o cérebro mantem a representação dos membros perdidos –a ponto de a grande maioria dos amputados continuar sentindo a parte do corpo que não existe mais. São sensações reais, não "psicológicas" ou imaginadas, originadas no córtex cerebral que ainda representa o membro perdido, agora estimulado pelas representações das partes vizinhas, estas mantidas. Com a prótese, contudo, o cérebro, que novamente enxerga e movimenta a parte do corpo perdida, volta a construir uma imagem multissensorial sua, encaixada no mesmo mapa corporal anterior. Basta haver movimento coincidindo com as ordens e percepções do cérebro e o que se move é literalmente incorporado: a prótese faz parte do corpo. O que pouca gente sabe é que a representação cerebral do nosso corpo é construída a cada instante, de acordo com seus movimentos e a informação sensorial que chega de volta. Para o cérebro, nosso corpo não é; ele está, conforme ele se move.
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Brinquedos interativos de franquias famosas devem puxar vendas no Natal
Tão esperada quanto para as crianças que abrirão os pacotes no dia 25 de dezembro, o Natal é uma data importante para os fabricantes de brinquedos, que esperam que seus produtos sejam sucesso de vendas e respondam por boa parte dos presentes deste ano. A expectativa de uma temporada de festas mundial prósperas trouxe presentes de Natal antecipados para os investidores em empresas como a Spin Master, Hasbro e Nintendo —fabricantes de alguns dos produtos de maior sucesso da temporada—, que tiveram um bom ano nas bolsas de valores. Os sucessos de venda no Natal são a mistura habitual de novos brinquedos que toda criança quer ter e produtos conhecidos. Mas os analistas estão apostando que os brinquedos com mais chance de constar da lista de mais vendidos serão produtos interativos associados a marcas conhecidas, como Star Wars, ou a produtos colecionáveis e jogos para toda a família. "Algumas formas de licenciamento ganharam importância crítica. Muitas crianças agora têm smartphones e são muito mais conectadas do que nós éramos na mesma idade", disse Matt Hudak, analista de brinquedos e jogos da Euromonitor. "Os pais estão procurando cada vez mais por esses elementos interativos". A temporada de festas é crucial para a Mattel, Hasbro e outros fabricantes de brinquedos, já que o quarto trimestre responde por mais de um terço de seu faturamento anual. As vendas de brinquedos mostraram alta de 6,5% entre janeiro e setembro nos Estados Unidos, de acordo com o grupo de pesquisa NPD, que prevê vendas fortes na temporada de festas, com ajuda de preços mais altos e de dois dias adicionais de lojas abertas entre o Dia de Ação de Graças e o Natal —um deles caindo em um sábado. No Reino Unido, as vendas da Black Friday e a expectativa de que os preços subam no ano que vem devido à fraqueza da libra também sugerem uma boa temporada de festas para os fabricantes de brinquedos. No Brasil, por outro lado as famílias, endividadas, estão cortando onde dá, e nem o apelo natalino está conseguindo convencê-las a abrir mais a carteira. Na área da rua 25 de Março, um dos maiores centros de comércio popular do país, o gasto do consumidor caiu pela metade em relação ao ano passado. "Quem gastava R$ 300 agora está gastando R$ 150 em média", diz Claudia Urias, assessora executiva da Univinco, entidade que representa 4.500 lojistas com atuação na região. HATCHIMAL O brinquedo de pelúcia que nasce de um ovo é o presente de Natal obrigatório este ano. Já se tornou tão popular que a cadeia de varejo Target limitou as vendas a duas unidades por pessoa —se estas os encontrarem nas prateleiras. Como sempre, alguns pais estão dispostos a pagar ágio para garantir o presente obrigatório do ano. Um Hatchimal, vendido por US$ 59,99 na Target quinta-feira (15), estava sendo oferecido por US$ 132,50 no eBay e por US$ 199 por um dos vendedores parceiros no site da Amazon. O sucesso estrondoso do produto parece ter apanhado a Spin Master, empresa canadense que fabrica o brinquedo e recentemente abriu seu capital, de surpresa. A companhia postou uma nota em seu site afirmando que a demanda havia excedido todas as suas expectativas e que estava acelerando a produção. "Não queremos que ninguém fique decepcionado, e não favorecemos os preços inflacionados de vendedores não autorizados. Embora novos produtos devam chegar às lojas em dezembro, antecipamos que esse novo estoque também venha a ser vendido rapidamente", afirmou a empresa. As ações do grupo, que também fabrica outros brinquedos de sucesso, como Zoomer Chimp e Paw Patrol (Patrulha Canina), subiram em mais de 70% na bolsa de Toronto nos últimos 12 meses e atingiram valor recorde. Lançado em outubro, o Hatchimal lembra os tamagotchis, do grupo japonês Bandai nos anos 1990, porque ambos são brinquedos que encorajam as crianças a cuidar. Os ovos contêm tecnologia de toque que permitem que as crianças interajam com a casca, que indica quando chega a hora da desova. O brinquedo de pelúcia que emerge também é interativo, e existem diversas famílias de Hatchimals, o que cria um elemento de surpresa quanto a que brinquedo surgirá. BARBIE Você sabe que o retorno de um produto encontrou sucesso quando a comediante, atriz e escritora Amy Schumer está disputando o papel do brinquedo no cinema. Isso vale especialmente para a Barbie, que dois anos atrás caiu junto aos pais norte-americanos devido à forma nada realista de seu corpo e à sua monotonia étnica. Mas a Mattel, líder mundial no mercado de jogos e brinquedos, enfim modernizou a boneca plástica mais conhecida do planeta na tentativa de refletir a crescente diversidade da população dos Estados Unidos e celebrar as diferentes formas e tamanhos das meninas e mulheres. Funcionou. Como disse Juliana Chugg, diretora mundial de marca da Mattel, no mês passado, "Barbie é um produto quentíssimo". "A Barbie tem dois consumidores principais: as meninas que querem brincar com o produto e as mães responsáveis por aprovar a compra. A Barbie só vinha mantendo conexão com um deles. E isso estava realmente criando tensão na decisão de compra", ela disse. Tendo lançado 23 tipos multiculturais de Barbie, com oito tons de pele e uma variedade de tamanhos de corpo, a Mattel reportou crescimento mundial de dois dígitos nas vendas da Barbie, em seu trimestre mais recente, a primeira alta em quatro anos, segundo a empresa. A Barbie encabeça a lista de brinquedos mais populares da Federação Nacional do Varejo dos Estados Unidos este ano, e sua "Dream House" estava entre os mais populares brinquedos comprados on-line na Cyber Monday, de acordo com o Adobe Digital Index. A casa pode ser transformada em um lar inteligente, dotado de conexão Wi-Fi e com sensores no piso, sistemas de reconhecimento de voz e escadas que se transformam em escorregador. SUPER MARIO RUN Lançado na quinta-feira (15), o Super Mario Run —primeiro jogo da Nintendo para smartphones estrelado pelo mais famoso encanador do planeta— é um presente que será jogado, sob a mesa natalina, por crianças, mas também por adultos nostálgicos quanto aos anos 1980. O jogo tem preço relativamente acessível, pode ser jogado com facilidade usando apenas um dedo e não há preocupação quanto a estoques. Você só precisa de um iPhone, de um vale presente de US$ 10 da iTunes e de uma conexão com a internet. Depois de décadas de fidelidade aos consoles, o Super Mario Run representa a mais agressiva tentativa da Nintendo de capturar o mercado de jogos para smartphones, que movimenta US$ 36 bilhões anuais. Do momento em que o jogo foi revelado, em setembro, até seu lançamento, as ações da empresa subiram em 12%, e os analistas mais otimistas projetaram que ele poderia gerar US$ 500 milhões em receita até o final de março. A estratégia de preço da empresa sediada em Kyoto é única. O Super Mario Run, distribuído exclusivamente pela iOS App Store, pode ser jogado de graça em seus três primeiros níveis, mas ir além custa US$ 9,99. Embora o preço seja baixo para um presente de Natal, US$ 10 é caro comparado a outros jogos para smartphones que adotam o modelo de acesso gratuito, mas com venda de upgrades. Os analistas estão divididos quanto à estratégia de preços, mas parece haver pouca dúvida de que o jogo será grande sucesso de vendas na temporada de festas. "A demanda por jogos da Nintendo como presente de Natal sempre foi muito forte. É fácil imaginar que os pais comprarão vales-presente da iTunes e estimularão seus filhos a brincar com Mario", disse Hirokazu Hamamura, especialista em jogos da Kadokawa Dwango, empresa japonesa de mídia. LEGO Os blocos de plástico para montar, fenomenalmente bem sucedidos, vêm encabeçando a lista de presentes mais desejados, para meninos, da Federação Nacional de Varejo dos Estados Unidos desde 2012, e este ano não está sendo diferente —até porque a mais lucrativa das fabricantes mundiais de brinquedos desfruta de forte demanda pelos produtos licenciados que oferece, como a linha Star Wars. Neste Natal, a Lego continuará a se beneficiar da parceria, oferecendo muitos dos personagens e veículos do filme "Rogue One", parte da linha Star Wars, que devem ser muito procurados. Na Cyber Monday, os produtos Lego estavam entre os mais vendidos on-line, de acordo com o Adobe Digital Index, e a empresa detinha a primeira posição em volume e valor de vendas. A Target diz que o Friend Amusement Park Bumper Cars e o AT-ST Walker, dois conjuntos da Lego, estão se provando populares, e a Amazon informa que o Disney Moana's Ocean Voyage da companhia estará entre seus líderes de vendas nesta temporada de festas. A Lego vem desfrutando de anos de crescimento da ordem de dois dígitos, graças à liderança de Jorgen Vig Knudstorp, que apostou na ascensão do entretenimento digital quando muitos de seus rivais, a exemplo da Mattel, relutaram em aceitar a nova realidade do setor de brinquedos. Knudstorp se tornará presidente do conselho da empresa, em um momento no qual seu ritmo de expansão parece estar caindo —se bem que de níveis claramente insustentáveis. O desempenho da maior fabricante de brinquedos do planeta na atual temporada de festas será bom indicador do sucesso de suas iniciativas junto ao varejo dos Estados Unidos para melhorar seu marketing e a exposição de seus produtos nas lojas.
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Brinquedos interativos de franquias famosas devem puxar vendas no NatalTão esperada quanto para as crianças que abrirão os pacotes no dia 25 de dezembro, o Natal é uma data importante para os fabricantes de brinquedos, que esperam que seus produtos sejam sucesso de vendas e respondam por boa parte dos presentes deste ano. A expectativa de uma temporada de festas mundial prósperas trouxe presentes de Natal antecipados para os investidores em empresas como a Spin Master, Hasbro e Nintendo —fabricantes de alguns dos produtos de maior sucesso da temporada—, que tiveram um bom ano nas bolsas de valores. Os sucessos de venda no Natal são a mistura habitual de novos brinquedos que toda criança quer ter e produtos conhecidos. Mas os analistas estão apostando que os brinquedos com mais chance de constar da lista de mais vendidos serão produtos interativos associados a marcas conhecidas, como Star Wars, ou a produtos colecionáveis e jogos para toda a família. "Algumas formas de licenciamento ganharam importância crítica. Muitas crianças agora têm smartphones e são muito mais conectadas do que nós éramos na mesma idade", disse Matt Hudak, analista de brinquedos e jogos da Euromonitor. "Os pais estão procurando cada vez mais por esses elementos interativos". A temporada de festas é crucial para a Mattel, Hasbro e outros fabricantes de brinquedos, já que o quarto trimestre responde por mais de um terço de seu faturamento anual. As vendas de brinquedos mostraram alta de 6,5% entre janeiro e setembro nos Estados Unidos, de acordo com o grupo de pesquisa NPD, que prevê vendas fortes na temporada de festas, com ajuda de preços mais altos e de dois dias adicionais de lojas abertas entre o Dia de Ação de Graças e o Natal —um deles caindo em um sábado. No Reino Unido, as vendas da Black Friday e a expectativa de que os preços subam no ano que vem devido à fraqueza da libra também sugerem uma boa temporada de festas para os fabricantes de brinquedos. No Brasil, por outro lado as famílias, endividadas, estão cortando onde dá, e nem o apelo natalino está conseguindo convencê-las a abrir mais a carteira. Na área da rua 25 de Março, um dos maiores centros de comércio popular do país, o gasto do consumidor caiu pela metade em relação ao ano passado. "Quem gastava R$ 300 agora está gastando R$ 150 em média", diz Claudia Urias, assessora executiva da Univinco, entidade que representa 4.500 lojistas com atuação na região. HATCHIMAL O brinquedo de pelúcia que nasce de um ovo é o presente de Natal obrigatório este ano. Já se tornou tão popular que a cadeia de varejo Target limitou as vendas a duas unidades por pessoa —se estas os encontrarem nas prateleiras. Como sempre, alguns pais estão dispostos a pagar ágio para garantir o presente obrigatório do ano. Um Hatchimal, vendido por US$ 59,99 na Target quinta-feira (15), estava sendo oferecido por US$ 132,50 no eBay e por US$ 199 por um dos vendedores parceiros no site da Amazon. O sucesso estrondoso do produto parece ter apanhado a Spin Master, empresa canadense que fabrica o brinquedo e recentemente abriu seu capital, de surpresa. A companhia postou uma nota em seu site afirmando que a demanda havia excedido todas as suas expectativas e que estava acelerando a produção. "Não queremos que ninguém fique decepcionado, e não favorecemos os preços inflacionados de vendedores não autorizados. Embora novos produtos devam chegar às lojas em dezembro, antecipamos que esse novo estoque também venha a ser vendido rapidamente", afirmou a empresa. As ações do grupo, que também fabrica outros brinquedos de sucesso, como Zoomer Chimp e Paw Patrol (Patrulha Canina), subiram em mais de 70% na bolsa de Toronto nos últimos 12 meses e atingiram valor recorde. Lançado em outubro, o Hatchimal lembra os tamagotchis, do grupo japonês Bandai nos anos 1990, porque ambos são brinquedos que encorajam as crianças a cuidar. Os ovos contêm tecnologia de toque que permitem que as crianças interajam com a casca, que indica quando chega a hora da desova. O brinquedo de pelúcia que emerge também é interativo, e existem diversas famílias de Hatchimals, o que cria um elemento de surpresa quanto a que brinquedo surgirá. BARBIE Você sabe que o retorno de um produto encontrou sucesso quando a comediante, atriz e escritora Amy Schumer está disputando o papel do brinquedo no cinema. Isso vale especialmente para a Barbie, que dois anos atrás caiu junto aos pais norte-americanos devido à forma nada realista de seu corpo e à sua monotonia étnica. Mas a Mattel, líder mundial no mercado de jogos e brinquedos, enfim modernizou a boneca plástica mais conhecida do planeta na tentativa de refletir a crescente diversidade da população dos Estados Unidos e celebrar as diferentes formas e tamanhos das meninas e mulheres. Funcionou. Como disse Juliana Chugg, diretora mundial de marca da Mattel, no mês passado, "Barbie é um produto quentíssimo". "A Barbie tem dois consumidores principais: as meninas que querem brincar com o produto e as mães responsáveis por aprovar a compra. A Barbie só vinha mantendo conexão com um deles. E isso estava realmente criando tensão na decisão de compra", ela disse. Tendo lançado 23 tipos multiculturais de Barbie, com oito tons de pele e uma variedade de tamanhos de corpo, a Mattel reportou crescimento mundial de dois dígitos nas vendas da Barbie, em seu trimestre mais recente, a primeira alta em quatro anos, segundo a empresa. A Barbie encabeça a lista de brinquedos mais populares da Federação Nacional do Varejo dos Estados Unidos este ano, e sua "Dream House" estava entre os mais populares brinquedos comprados on-line na Cyber Monday, de acordo com o Adobe Digital Index. A casa pode ser transformada em um lar inteligente, dotado de conexão Wi-Fi e com sensores no piso, sistemas de reconhecimento de voz e escadas que se transformam em escorregador. SUPER MARIO RUN Lançado na quinta-feira (15), o Super Mario Run —primeiro jogo da Nintendo para smartphones estrelado pelo mais famoso encanador do planeta— é um presente que será jogado, sob a mesa natalina, por crianças, mas também por adultos nostálgicos quanto aos anos 1980. O jogo tem preço relativamente acessível, pode ser jogado com facilidade usando apenas um dedo e não há preocupação quanto a estoques. Você só precisa de um iPhone, de um vale presente de US$ 10 da iTunes e de uma conexão com a internet. Depois de décadas de fidelidade aos consoles, o Super Mario Run representa a mais agressiva tentativa da Nintendo de capturar o mercado de jogos para smartphones, que movimenta US$ 36 bilhões anuais. Do momento em que o jogo foi revelado, em setembro, até seu lançamento, as ações da empresa subiram em 12%, e os analistas mais otimistas projetaram que ele poderia gerar US$ 500 milhões em receita até o final de março. A estratégia de preço da empresa sediada em Kyoto é única. O Super Mario Run, distribuído exclusivamente pela iOS App Store, pode ser jogado de graça em seus três primeiros níveis, mas ir além custa US$ 9,99. Embora o preço seja baixo para um presente de Natal, US$ 10 é caro comparado a outros jogos para smartphones que adotam o modelo de acesso gratuito, mas com venda de upgrades. Os analistas estão divididos quanto à estratégia de preços, mas parece haver pouca dúvida de que o jogo será grande sucesso de vendas na temporada de festas. "A demanda por jogos da Nintendo como presente de Natal sempre foi muito forte. É fácil imaginar que os pais comprarão vales-presente da iTunes e estimularão seus filhos a brincar com Mario", disse Hirokazu Hamamura, especialista em jogos da Kadokawa Dwango, empresa japonesa de mídia. LEGO Os blocos de plástico para montar, fenomenalmente bem sucedidos, vêm encabeçando a lista de presentes mais desejados, para meninos, da Federação Nacional de Varejo dos Estados Unidos desde 2012, e este ano não está sendo diferente —até porque a mais lucrativa das fabricantes mundiais de brinquedos desfruta de forte demanda pelos produtos licenciados que oferece, como a linha Star Wars. Neste Natal, a Lego continuará a se beneficiar da parceria, oferecendo muitos dos personagens e veículos do filme "Rogue One", parte da linha Star Wars, que devem ser muito procurados. Na Cyber Monday, os produtos Lego estavam entre os mais vendidos on-line, de acordo com o Adobe Digital Index, e a empresa detinha a primeira posição em volume e valor de vendas. A Target diz que o Friend Amusement Park Bumper Cars e o AT-ST Walker, dois conjuntos da Lego, estão se provando populares, e a Amazon informa que o Disney Moana's Ocean Voyage da companhia estará entre seus líderes de vendas nesta temporada de festas. A Lego vem desfrutando de anos de crescimento da ordem de dois dígitos, graças à liderança de Jorgen Vig Knudstorp, que apostou na ascensão do entretenimento digital quando muitos de seus rivais, a exemplo da Mattel, relutaram em aceitar a nova realidade do setor de brinquedos. Knudstorp se tornará presidente do conselho da empresa, em um momento no qual seu ritmo de expansão parece estar caindo —se bem que de níveis claramente insustentáveis. O desempenho da maior fabricante de brinquedos do planeta na atual temporada de festas será bom indicador do sucesso de suas iniciativas junto ao varejo dos Estados Unidos para melhorar seu marketing e a exposição de seus produtos nas lojas.
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Um feliz 2016 para o povo brasileiro
O ano de 2015 chegou ao final e a virada do calendário nos faz reavaliar expectativas e planejar novas etapas e desafios. Assim, como sempre, nos traz a necessidade de refletir sobre erros e acertos de nossas decisões e atitudes. Este 2015 foi um ano muito duro. Revendo minhas responsabilidades nesse ambiente de dificuldades, vejo que nossos erros e acertos devem ser tratados com humildade e perspectiva histórica. Foi um ano no qual a necessária revisão da estratégia econômica do país coincidiu com fatores internacionais que reduziram nossa atividade produtiva: queda vertiginosa do valor de nossos principais produtos de exportação, desaceleração de economias estratégicas para o Brasil e a adaptação a um novo patamar cambial, com suas evidentes pressões inflacionárias. Tivemos também a instabilidade política que se aprofundou por uma conduta muitas vezes imatura de setores da oposição que não aceitaram o resultado das urnas e tentaram legitimar sua atitude pelas dificuldades enfrentadas pelo país. Mais do que fazer um balanço do que se passou, quero falar aqui da minha confiança no nosso futuro e reafirmar minha crença no Brasil e na força do povo brasileiro. Estou convicta da nossa capacidade de chegarmos ao fim de 2016 melhores do que indicam as previsões atuais. A principal característica das crises econômicas do Brasil, desde os anos 1950, é uma combinação entre crise externa e crise fiscal. As economias emergentes sempre foram pressionadas pela combinação de deficit e dívida externa, com desarranjos fiscais do Estado. A realidade brasileira hoje é outra. A solidez da nossa economia é a base da retomada do crescimento. Temos uma posição sólida nas reservas internacionais, que se encontram em torno de US$ 368 bilhões, a sexta maior do mundo. O deficit em transações correntes terá recuado no final do ano de cerca de 4,3% para 3,5% do PIB, comparativamente a 2014. O investimento direto estrangeiro na casa de US$ 66 bilhões demonstra a confiança dos investidores no nosso país. Em 2016, com o apoio do Congresso, persistiremos pelos necessários ajustes orçamentários, vitais para o equilíbrio fiscal. Em diálogo com os trabalhadores e empresários, construiremos uma proposta de reforma previdenciária, medida essencial para a sobrevivência estrutural desse sistema que protege dezenas de milhões de trabalhadores. É claro que os direitos adquiridos serão preservados, e devem ser respeitadas as expectativas de quem está no mercado de trabalho, mas de forma efetivamente sustentável. Convocarei o Conselho de Desenvolvimento Social, formado por trabalhadores, empresários e ministros, para discutir propostas de reformas para o nosso sistema produtivo, especialmente no aspecto tributário, a fim de construirmos um Brasil mais eficiente e competitivo no mercado internacional. Não basta apenas a modernização do nosso parque industrial, é fundamental continuarmos investindo em educação, formação tecnológica e científica. Precisamos também respeitar e dialogar com os anseios populares, desenvolvendo uma estrutura de poder mais próxima da sociedade, instituições fortes no combate à corrupção, oferta de serviços públicos de qualidade e ampliação dos instrumentos de participação e controle da sociedade civil. As diferentes operações anticorrupção tornaram as instituições públicas mais robustas e protegidas. Devem continuar assegurando o amplo direito de defesa e punindo os responsáveis, sem destruir empregos e empresas. Reafirmo minha determinação pela reforma administrativa que iniciei. Quero um governo que gaste bem os recursos públicos, que seja racional nos processos de trabalho e eficiente no atendimento às demandas da sociedade. O governo está fazendo sua parte. Executamos um duro plano de contenção de gastos, economizando mais de R$ 108 bilhões em 2015 -o maior contingenciamento já realizado no país. Para 2016, firmamos o compromisso de produzir um superavit primário de 0,5% do PIB. Fizemos e faremos esse esforço sem transferir a conta para os que mais precisam. Sei que as famílias brasileiras se preocupam com a inflação. Enfrentá-la é nossa prioridade. Ela cairá em 2016, como demonstram as expectativas dos próprios agentes econômicos. O governo manteve, no ano de 2015, os investimentos que realizamos para melhorar a vida dos brasileiros. Por exemplo, foram cerca de 389 mil moradias entregues e mais de 402 mil contratadas no Minha Casa, Minha Vida. Quase 14 milhões de famílias receberam o Bolsa Família. Oferecemos 906 mil novas vagas em universidades públicas e privadas e 1,3 milhão no Pronatec. Entregamos 808 km de rodovias, tanto por meio de obras públicas como pelas concessões privadas. Autorizamos dez terminais portuários privados, concedemos e modernizamos aeroportos. Ampliamos a oferta de energia em 5.070 MW. É hora de viabilizar o crescimento. O plano de concessões em infraestrutura já é uma realidade. Os leilões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias vão impulsionar a nossa economia e contribuirão para a geração de empregos. Não vamos parar por aí. É importante ressaltar que em 2015 as instituições da nossa democracia foram exigidas como nunca e responderam às suas responsabilidades, preservando a estabilidade institucional do Brasil. Todos esses sinais me dão a certeza de que teremos um 2016 melhor. Mesmo injustamente questionada pela tentativa de impeachment, não alimento mágoas nem rancores. O governo fará de 2016 um ano de diálogo com todos os que desejam construir uma realidade melhor. O Brasil é maior do que os interesses individuais e de grupos. Por isso, quero me empenhar para o que é essencial: um Brasil forte para todo o povo brasileiro. DILMA ROUSSEFF, 68, é presidente da República
opiniao
Um feliz 2016 para o povo brasileiroO ano de 2015 chegou ao final e a virada do calendário nos faz reavaliar expectativas e planejar novas etapas e desafios. Assim, como sempre, nos traz a necessidade de refletir sobre erros e acertos de nossas decisões e atitudes. Este 2015 foi um ano muito duro. Revendo minhas responsabilidades nesse ambiente de dificuldades, vejo que nossos erros e acertos devem ser tratados com humildade e perspectiva histórica. Foi um ano no qual a necessária revisão da estratégia econômica do país coincidiu com fatores internacionais que reduziram nossa atividade produtiva: queda vertiginosa do valor de nossos principais produtos de exportação, desaceleração de economias estratégicas para o Brasil e a adaptação a um novo patamar cambial, com suas evidentes pressões inflacionárias. Tivemos também a instabilidade política que se aprofundou por uma conduta muitas vezes imatura de setores da oposição que não aceitaram o resultado das urnas e tentaram legitimar sua atitude pelas dificuldades enfrentadas pelo país. Mais do que fazer um balanço do que se passou, quero falar aqui da minha confiança no nosso futuro e reafirmar minha crença no Brasil e na força do povo brasileiro. Estou convicta da nossa capacidade de chegarmos ao fim de 2016 melhores do que indicam as previsões atuais. A principal característica das crises econômicas do Brasil, desde os anos 1950, é uma combinação entre crise externa e crise fiscal. As economias emergentes sempre foram pressionadas pela combinação de deficit e dívida externa, com desarranjos fiscais do Estado. A realidade brasileira hoje é outra. A solidez da nossa economia é a base da retomada do crescimento. Temos uma posição sólida nas reservas internacionais, que se encontram em torno de US$ 368 bilhões, a sexta maior do mundo. O deficit em transações correntes terá recuado no final do ano de cerca de 4,3% para 3,5% do PIB, comparativamente a 2014. O investimento direto estrangeiro na casa de US$ 66 bilhões demonstra a confiança dos investidores no nosso país. Em 2016, com o apoio do Congresso, persistiremos pelos necessários ajustes orçamentários, vitais para o equilíbrio fiscal. Em diálogo com os trabalhadores e empresários, construiremos uma proposta de reforma previdenciária, medida essencial para a sobrevivência estrutural desse sistema que protege dezenas de milhões de trabalhadores. É claro que os direitos adquiridos serão preservados, e devem ser respeitadas as expectativas de quem está no mercado de trabalho, mas de forma efetivamente sustentável. Convocarei o Conselho de Desenvolvimento Social, formado por trabalhadores, empresários e ministros, para discutir propostas de reformas para o nosso sistema produtivo, especialmente no aspecto tributário, a fim de construirmos um Brasil mais eficiente e competitivo no mercado internacional. Não basta apenas a modernização do nosso parque industrial, é fundamental continuarmos investindo em educação, formação tecnológica e científica. Precisamos também respeitar e dialogar com os anseios populares, desenvolvendo uma estrutura de poder mais próxima da sociedade, instituições fortes no combate à corrupção, oferta de serviços públicos de qualidade e ampliação dos instrumentos de participação e controle da sociedade civil. As diferentes operações anticorrupção tornaram as instituições públicas mais robustas e protegidas. Devem continuar assegurando o amplo direito de defesa e punindo os responsáveis, sem destruir empregos e empresas. Reafirmo minha determinação pela reforma administrativa que iniciei. Quero um governo que gaste bem os recursos públicos, que seja racional nos processos de trabalho e eficiente no atendimento às demandas da sociedade. O governo está fazendo sua parte. Executamos um duro plano de contenção de gastos, economizando mais de R$ 108 bilhões em 2015 -o maior contingenciamento já realizado no país. Para 2016, firmamos o compromisso de produzir um superavit primário de 0,5% do PIB. Fizemos e faremos esse esforço sem transferir a conta para os que mais precisam. Sei que as famílias brasileiras se preocupam com a inflação. Enfrentá-la é nossa prioridade. Ela cairá em 2016, como demonstram as expectativas dos próprios agentes econômicos. O governo manteve, no ano de 2015, os investimentos que realizamos para melhorar a vida dos brasileiros. Por exemplo, foram cerca de 389 mil moradias entregues e mais de 402 mil contratadas no Minha Casa, Minha Vida. Quase 14 milhões de famílias receberam o Bolsa Família. Oferecemos 906 mil novas vagas em universidades públicas e privadas e 1,3 milhão no Pronatec. Entregamos 808 km de rodovias, tanto por meio de obras públicas como pelas concessões privadas. Autorizamos dez terminais portuários privados, concedemos e modernizamos aeroportos. Ampliamos a oferta de energia em 5.070 MW. É hora de viabilizar o crescimento. O plano de concessões em infraestrutura já é uma realidade. Os leilões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias vão impulsionar a nossa economia e contribuirão para a geração de empregos. Não vamos parar por aí. É importante ressaltar que em 2015 as instituições da nossa democracia foram exigidas como nunca e responderam às suas responsabilidades, preservando a estabilidade institucional do Brasil. Todos esses sinais me dão a certeza de que teremos um 2016 melhor. Mesmo injustamente questionada pela tentativa de impeachment, não alimento mágoas nem rancores. O governo fará de 2016 um ano de diálogo com todos os que desejam construir uma realidade melhor. O Brasil é maior do que os interesses individuais e de grupos. Por isso, quero me empenhar para o que é essencial: um Brasil forte para todo o povo brasileiro. DILMA ROUSSEFF, 68, é presidente da República
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Após morte por zika, liga de beisebol dos EUA tira jogos de Porto Rico
A Major League Baseball (liga de beisebol dos EUA) mudou de local dois jogos que aconteceriam em Porto Rico por conta da preocupação com o vírus da zika. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (6). As partidas entre Pittsburgh Pirates e Miami Marlins estavam marcadas para San Juan, nos dias 30 e 31 de maio. Agora elas acontecerão em Miami. Durante as últimas semanas, os jogadores haviam manifestado preocupação com a realização dos jogos no local. Em comunicado, a liga disse que tentou manter as partidas em San Juan e lamentou a transferência. "Apesar de grandes esforços, não foi possível desenvolver uma solução viável", disse. No fim de abril, Porto Rico, que faz parte do território americano, confirmou o primeiro caso de morte ligada ao vírus da zika nos EUA. A vítima foi um homem de cerca de 70 anos, que morreu em fevereiro. De acordo com o Centro de Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA, o homem teve hemorragia interna como resultado de uma reação imunológica rara ao vírus da zika. O paciente morreu após um caso severo de trombocitopenia, que é a queda no número de plaquetas no sangue. Embora as mortes ligadas ao vírus do zika sejam raras, o CDC alertou que o primeiro caso nos EUA ressalta mais uma face do perigo. Até o dia 29 de abril, o CDC havia registrado 683 casos da doença em Porto Rico. Desses, 89 são de mulheres grávidas. Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
esporte
Após morte por zika, liga de beisebol dos EUA tira jogos de Porto RicoA Major League Baseball (liga de beisebol dos EUA) mudou de local dois jogos que aconteceriam em Porto Rico por conta da preocupação com o vírus da zika. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (6). As partidas entre Pittsburgh Pirates e Miami Marlins estavam marcadas para San Juan, nos dias 30 e 31 de maio. Agora elas acontecerão em Miami. Durante as últimas semanas, os jogadores haviam manifestado preocupação com a realização dos jogos no local. Em comunicado, a liga disse que tentou manter as partidas em San Juan e lamentou a transferência. "Apesar de grandes esforços, não foi possível desenvolver uma solução viável", disse. No fim de abril, Porto Rico, que faz parte do território americano, confirmou o primeiro caso de morte ligada ao vírus da zika nos EUA. A vítima foi um homem de cerca de 70 anos, que morreu em fevereiro. De acordo com o Centro de Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA, o homem teve hemorragia interna como resultado de uma reação imunológica rara ao vírus da zika. O paciente morreu após um caso severo de trombocitopenia, que é a queda no número de plaquetas no sangue. Embora as mortes ligadas ao vírus do zika sejam raras, o CDC alertou que o primeiro caso nos EUA ressalta mais uma face do perigo. Até o dia 29 de abril, o CDC havia registrado 683 casos da doença em Porto Rico. Desses, 89 são de mulheres grávidas. Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
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Começo do degelo
RIO DE JANEIRO - Deu no jornal: em Havana, cubanos usando camisetas, shorts e vestidos estampados com a bandeira americana –alguns, enrolados na própria bandeira. Tudo importado da Flórida ou do Panamá. E janelas, paredes e fachadas cobertas de adesivos, pôsteres e grafites com as, até há pouco, satânicas listras e estrelas. É o começo do degelo diplomático entre Cuba e EUA. E por que não? Flanando com Paulo Francis por Nova York nos anos 80, víamos na Quinta Avenida jovens com a estampa do Che no casaco. Ninguém dava bola. O único que resmungava era o Francis. Para ser franco, essa adesão dos rapazes e moças de Havana aos símbolos do ex-inimigo não me surpreende. Passei uma semana lá em dezembro de 1989, nos 30 anos da revolução, e era nítido como eles valorizavam cada partícula de cultura estrangeira. No famoso bar de Hemingway, a Bodeguita, havia mais fotos do Rubens de Falco e da minha amiga Lucélia Santos –astros da novela "La Esclava Isaura", então levando na TV local– do que do próprio Ernest. Meu fotógrafo Hélio Campos Mello, se aceitasse as ofertas que lhe faziam na rua por seus coletes e calças típicos de fotógrafo, teria ficado pelado na via pública. As românticas normalistas de Havana, com suas sainhas azuis e meias 3/4 brancas –iguais às das escolas públicas cariocas–, pintavam juras de amor nas unhas: "Te amo, Juan", uma letra em cada unha. Mas o melhor foi um desfile da alta costura cubana (sim, existia!) a que me levaram na velha Tropicana. As manequins eram mulatas e morenas indescritíveis, cada qual com 1,90 m só de pernas, apresentando uma espécie de moda guerrilheira –camisas camufladas amarradas na cintura e shortinhos curtos e cavados– e desfilando ao som de "La Bamba" e "Guantanamera" em ritmo de discoteca. O descongelamento deve ter começado ali.
colunas
Começo do degeloRIO DE JANEIRO - Deu no jornal: em Havana, cubanos usando camisetas, shorts e vestidos estampados com a bandeira americana –alguns, enrolados na própria bandeira. Tudo importado da Flórida ou do Panamá. E janelas, paredes e fachadas cobertas de adesivos, pôsteres e grafites com as, até há pouco, satânicas listras e estrelas. É o começo do degelo diplomático entre Cuba e EUA. E por que não? Flanando com Paulo Francis por Nova York nos anos 80, víamos na Quinta Avenida jovens com a estampa do Che no casaco. Ninguém dava bola. O único que resmungava era o Francis. Para ser franco, essa adesão dos rapazes e moças de Havana aos símbolos do ex-inimigo não me surpreende. Passei uma semana lá em dezembro de 1989, nos 30 anos da revolução, e era nítido como eles valorizavam cada partícula de cultura estrangeira. No famoso bar de Hemingway, a Bodeguita, havia mais fotos do Rubens de Falco e da minha amiga Lucélia Santos –astros da novela "La Esclava Isaura", então levando na TV local– do que do próprio Ernest. Meu fotógrafo Hélio Campos Mello, se aceitasse as ofertas que lhe faziam na rua por seus coletes e calças típicos de fotógrafo, teria ficado pelado na via pública. As românticas normalistas de Havana, com suas sainhas azuis e meias 3/4 brancas –iguais às das escolas públicas cariocas–, pintavam juras de amor nas unhas: "Te amo, Juan", uma letra em cada unha. Mas o melhor foi um desfile da alta costura cubana (sim, existia!) a que me levaram na velha Tropicana. As manequins eram mulatas e morenas indescritíveis, cada qual com 1,90 m só de pernas, apresentando uma espécie de moda guerrilheira –camisas camufladas amarradas na cintura e shortinhos curtos e cavados– e desfilando ao som de "La Bamba" e "Guantanamera" em ritmo de discoteca. O descongelamento deve ter começado ali.
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Corinthians inclui sócio-torcedor em negociação de 'naming rights'
Em conjunto com os direitos de nome do seu estádio (os "naming rights"), em Itaquera, o Corinthians negocia a venda de seu programa de sócio-torcedor. É essa a principal novidade da operação que está muito perto de ser concretizada, com detalhes sendo finalizados nesta semana. Conforme apurou a Folha, a transação não segue os padrões tradicionais da comercialização da propriedade, como foi a Allianz com o Palmeiras, por exemplo. Por incrível que pareça, o nome da arena –sobre o qual se fala há cerca de quatro anos– surge como fator secundário na negociação. O valor de toda a transação se aproxima de R$ 420 milhões, por vínculo de 20 anos, mas pode ir além dessa cifra caso envolva outros itens. A empresa, que é nova no mercado e formada por um pool de instituições financeiras, quer aproveitar a base vinculada ao Fiel Torcedor, que hoje tem mais de 130 mil pessoas fidelizadas, para oferecer serviços como microcrédito e capitalização. Cartão de crédito e outros produtos também estão em estudo para serem ofertados. A expectativa dessa empresa é que possa alcançar pelo menos 4% de toda a torcida corintiana, chegando a quase 1,2 milhão de pessoas. Para isso, a negociação envolve a compra da Omni, que atualmente administra o programa de sócios –como mostrou a Folha em outubro, ela fica com 50% da receita das mensalidades do Fiel. No contrato que está sendo redigido, a empresa poderá mais tarde revender seu negócio para outra companhia, dividindo lucros com o clube. Segundo pessoas ligadas à negociação, o formato da operação nunca foi utilizado no Brasil. Eles imaginam um efeito surpresa positivo justamente por não carregar como aspecto primordial o nome do estádio –aliás, ele ainda não foi definido. No Corinthians, o negócio já é dado como certo por nomes como o ex-presidente Andrés Sanchez, que é deputado federal pelo PT paulista. Andrés, aliás, já acreditou em outros momentos que a negociação dos "naming rights" havia sido sacramentada, como em 2014 com a companhia aérea Emirates. Lá se vão mais de mil dias da primeira vez que ele mostrou otimismo com a negociação. Em fevereiro de 2012, disse que eram sete empresas interessadas. Todo o dinheiro arrecado com os "naming rights" tem de ir para o fundo do estádio para pagar as dívidas do empréstimo com o BNDES, que é de R$ 400 milhões. PATROCÍNIO MASTER Os últimos detalhes da negociação incluem as contrapartidas que o Corinthians dará à empresa. Uma das possibilidades é envolver na transação o patrocínio máster da camisa do time principal. O contrato com a Caixa termina em fevereiro e ainda não está claro se o banco continuará como patrocinador. PARCERIA NÃO FUNCIONOU Há quase dois anos, no início de março de 2013, a Caixa Econômica Federal anunciou a criação de um cartão pré-pago e de crédito em parceria com o Corinthians, mas ele acabou não vingando. Nem o clube nem o banco investiram forte no negócio, o que determinou o fracasso do produto, fazendo a empresa desistir do serviço meses depois. Para defender que o modelo atual em negociação pode dar mais certo do que o que foi feito anteriormente, as pessoas ligadas ao negócio dizem que atrelar o programa de sócio-torcedor ao restante da operação é a chave do sucesso. O produto da Caixa envolvia a tentativa de criação de um programa de milhagem, que os corintianos pudessem trocar por experiências no centro de treinamento Joaquim Grava ou descontos na rede Poderoso Timão, que vende produtos oficiais do clube. Não havia, porém, nenhum valor agregado ao cartão que determinasse a escolha dele por parte do torcedor, o que será diferente no caso de se concretizar o negócio que vem sendo conversado. OS NÚMEROS DO NEGÓCIO R$ 420 milhões - Naming rights É o valor mínimo que o Corinthians negocia 133,9 mil - Sócios-torcedores É a quantidade de pessoas fidelizadas atualmente ao programa Fiel Torcedor 1,2 milhão - Expectativa mínima Número de associados que a empresa espera alcançar no programa de sócio-torcedor, chegando a pelo menos 4% de toda a torcida corintiana
esporte
Corinthians inclui sócio-torcedor em negociação de 'naming rights'Em conjunto com os direitos de nome do seu estádio (os "naming rights"), em Itaquera, o Corinthians negocia a venda de seu programa de sócio-torcedor. É essa a principal novidade da operação que está muito perto de ser concretizada, com detalhes sendo finalizados nesta semana. Conforme apurou a Folha, a transação não segue os padrões tradicionais da comercialização da propriedade, como foi a Allianz com o Palmeiras, por exemplo. Por incrível que pareça, o nome da arena –sobre o qual se fala há cerca de quatro anos– surge como fator secundário na negociação. O valor de toda a transação se aproxima de R$ 420 milhões, por vínculo de 20 anos, mas pode ir além dessa cifra caso envolva outros itens. A empresa, que é nova no mercado e formada por um pool de instituições financeiras, quer aproveitar a base vinculada ao Fiel Torcedor, que hoje tem mais de 130 mil pessoas fidelizadas, para oferecer serviços como microcrédito e capitalização. Cartão de crédito e outros produtos também estão em estudo para serem ofertados. A expectativa dessa empresa é que possa alcançar pelo menos 4% de toda a torcida corintiana, chegando a quase 1,2 milhão de pessoas. Para isso, a negociação envolve a compra da Omni, que atualmente administra o programa de sócios –como mostrou a Folha em outubro, ela fica com 50% da receita das mensalidades do Fiel. No contrato que está sendo redigido, a empresa poderá mais tarde revender seu negócio para outra companhia, dividindo lucros com o clube. Segundo pessoas ligadas à negociação, o formato da operação nunca foi utilizado no Brasil. Eles imaginam um efeito surpresa positivo justamente por não carregar como aspecto primordial o nome do estádio –aliás, ele ainda não foi definido. No Corinthians, o negócio já é dado como certo por nomes como o ex-presidente Andrés Sanchez, que é deputado federal pelo PT paulista. Andrés, aliás, já acreditou em outros momentos que a negociação dos "naming rights" havia sido sacramentada, como em 2014 com a companhia aérea Emirates. Lá se vão mais de mil dias da primeira vez que ele mostrou otimismo com a negociação. Em fevereiro de 2012, disse que eram sete empresas interessadas. Todo o dinheiro arrecado com os "naming rights" tem de ir para o fundo do estádio para pagar as dívidas do empréstimo com o BNDES, que é de R$ 400 milhões. PATROCÍNIO MASTER Os últimos detalhes da negociação incluem as contrapartidas que o Corinthians dará à empresa. Uma das possibilidades é envolver na transação o patrocínio máster da camisa do time principal. O contrato com a Caixa termina em fevereiro e ainda não está claro se o banco continuará como patrocinador. PARCERIA NÃO FUNCIONOU Há quase dois anos, no início de março de 2013, a Caixa Econômica Federal anunciou a criação de um cartão pré-pago e de crédito em parceria com o Corinthians, mas ele acabou não vingando. Nem o clube nem o banco investiram forte no negócio, o que determinou o fracasso do produto, fazendo a empresa desistir do serviço meses depois. Para defender que o modelo atual em negociação pode dar mais certo do que o que foi feito anteriormente, as pessoas ligadas ao negócio dizem que atrelar o programa de sócio-torcedor ao restante da operação é a chave do sucesso. O produto da Caixa envolvia a tentativa de criação de um programa de milhagem, que os corintianos pudessem trocar por experiências no centro de treinamento Joaquim Grava ou descontos na rede Poderoso Timão, que vende produtos oficiais do clube. Não havia, porém, nenhum valor agregado ao cartão que determinasse a escolha dele por parte do torcedor, o que será diferente no caso de se concretizar o negócio que vem sendo conversado. OS NÚMEROS DO NEGÓCIO R$ 420 milhões - Naming rights É o valor mínimo que o Corinthians negocia 133,9 mil - Sócios-torcedores É a quantidade de pessoas fidelizadas atualmente ao programa Fiel Torcedor 1,2 milhão - Expectativa mínima Número de associados que a empresa espera alcançar no programa de sócio-torcedor, chegando a pelo menos 4% de toda a torcida corintiana
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Arquivo Aberto - Dois homens e uma sentença
No início de 2013, li na internet que aconteceria a primeira edição do Pauliceia Literária, evento com foco na literatura policial, sediado na Associação dos Advogados de São Paulo. Eu havia publicado "Suicidas", meu romance de estreia, pela editora Benvirá em setembro do ano anterior. O livro havia tido feliz aceitação entre os leitores e boa recepção crítica. Depois de alguma investigação, cheguei ao nome da curadora do Pauliceia, Christina Baum. Consegui o contato dela e, na cara de pau, enviei um e-mail apresentando meu trabalho e manifestando interesse em participar do evento. Christina gentilmente respondeu explicando que não conhecia meu trabalho, mas pediu que eu lhe enviasse um exemplar de "Suicidas". Uma semana depois, Christina me ligava para dizer que havia devorado o livro e fez o convite para que eu participasse do evento. Fiquei muito feliz. Entre os autores convidados, muitos que eu admirava e lia há anos: Patrícia Melo, William Landay, Marçal Aquino, Tony Bellotto e... Scott Turow. Sim, Scott Turow, o cara que escreveu "Acima de Qualquer Suspeita", "O Ônus da Prova" e "Erros Irreversíveis", o mestre do suspense jurídico norte-americano. Entre tanta gente legal, eu mal podia me conter de expectativa. Cheguei em São Paulo e fui recebido por uma equipe atenciosa e bem organizada. Sem perder tempo, pedi um carro para me levar ao local das palestras: o belo prédio da AASP no centro paulistano. Passei a tarde lá, cheio de ânimo, um pouco escritor, um pouco fã de vários que falavam no palco. A curadora Christina, que finalmente conheci ao vivo, logo virou Chris, uma amiga por quem tenho grande carinho. Novas amizades nasceram: Renata Megale, Danilo Thomaz, Leonardo Sica e vários outros advogados da AASP. À noite, o jantar de abertura para os participantes do evento foi numa churrascaria. A van que saiu do hotel se perdeu no caminho e cheguei atrasado. A maioria das pessoas já tinha se sentado e havia um único lugar vago em uma das mesas: ao lado do Scott Turow. Tímido, me aproximei e sentei ao lado do mestre. Scott é um sujeito simpático, de sorriso largo e estava muito bem acompanhado da bela esposa, Adriane Glazier. Papo vai, papo vem, logo eles quiseram saber o que eu -aos 22 anos, sem barba, com cara de moleque- estava fazendo naquele evento. Expliquei que era escritor de suspense, tinha apenas um livro publicado etc. Contei a história de "Suicidas" e também a de "Dias Perfeitos" -que eu estava escrevendo na época- e prometi que assim que tivesse o texto em inglês lhes enviaria por e-mail. O papo durou horas. Falamos de literatura, de direito, de família e de amores. Scott é um sujeito fantástico, me deu conselhos, lições de vida. Em certo momento, quis saber se havia muitos "thrillers jurídicos brasileiros" e eu disse que não, não havia. "O formato do nosso tribunal do júri não ajuda", expliquei. Ele perguntou como funcionava e comentei sobre nosso processo penal. Depois de alguns minutos de silêncio, ele me olhou: por que você não escreve uma história assim, assim e assim?. Tinha acabado de me dar uma ótima premissa para um thriller jurídico brasileiro. "Quando escrever esse livro, dedique a mim", brincou, entre risadas. A ideia continua no meu bloco de notas. Quem sabe um dia? RAPHAEL MONTES, 24, é advogado e escritor de literatura policial, autor de "Dias Perfeitos" (Companhia das Letras).
ilustrissima
Arquivo Aberto - Dois homens e uma sentençaNo início de 2013, li na internet que aconteceria a primeira edição do Pauliceia Literária, evento com foco na literatura policial, sediado na Associação dos Advogados de São Paulo. Eu havia publicado "Suicidas", meu romance de estreia, pela editora Benvirá em setembro do ano anterior. O livro havia tido feliz aceitação entre os leitores e boa recepção crítica. Depois de alguma investigação, cheguei ao nome da curadora do Pauliceia, Christina Baum. Consegui o contato dela e, na cara de pau, enviei um e-mail apresentando meu trabalho e manifestando interesse em participar do evento. Christina gentilmente respondeu explicando que não conhecia meu trabalho, mas pediu que eu lhe enviasse um exemplar de "Suicidas". Uma semana depois, Christina me ligava para dizer que havia devorado o livro e fez o convite para que eu participasse do evento. Fiquei muito feliz. Entre os autores convidados, muitos que eu admirava e lia há anos: Patrícia Melo, William Landay, Marçal Aquino, Tony Bellotto e... Scott Turow. Sim, Scott Turow, o cara que escreveu "Acima de Qualquer Suspeita", "O Ônus da Prova" e "Erros Irreversíveis", o mestre do suspense jurídico norte-americano. Entre tanta gente legal, eu mal podia me conter de expectativa. Cheguei em São Paulo e fui recebido por uma equipe atenciosa e bem organizada. Sem perder tempo, pedi um carro para me levar ao local das palestras: o belo prédio da AASP no centro paulistano. Passei a tarde lá, cheio de ânimo, um pouco escritor, um pouco fã de vários que falavam no palco. A curadora Christina, que finalmente conheci ao vivo, logo virou Chris, uma amiga por quem tenho grande carinho. Novas amizades nasceram: Renata Megale, Danilo Thomaz, Leonardo Sica e vários outros advogados da AASP. À noite, o jantar de abertura para os participantes do evento foi numa churrascaria. A van que saiu do hotel se perdeu no caminho e cheguei atrasado. A maioria das pessoas já tinha se sentado e havia um único lugar vago em uma das mesas: ao lado do Scott Turow. Tímido, me aproximei e sentei ao lado do mestre. Scott é um sujeito simpático, de sorriso largo e estava muito bem acompanhado da bela esposa, Adriane Glazier. Papo vai, papo vem, logo eles quiseram saber o que eu -aos 22 anos, sem barba, com cara de moleque- estava fazendo naquele evento. Expliquei que era escritor de suspense, tinha apenas um livro publicado etc. Contei a história de "Suicidas" e também a de "Dias Perfeitos" -que eu estava escrevendo na época- e prometi que assim que tivesse o texto em inglês lhes enviaria por e-mail. O papo durou horas. Falamos de literatura, de direito, de família e de amores. Scott é um sujeito fantástico, me deu conselhos, lições de vida. Em certo momento, quis saber se havia muitos "thrillers jurídicos brasileiros" e eu disse que não, não havia. "O formato do nosso tribunal do júri não ajuda", expliquei. Ele perguntou como funcionava e comentei sobre nosso processo penal. Depois de alguns minutos de silêncio, ele me olhou: por que você não escreve uma história assim, assim e assim?. Tinha acabado de me dar uma ótima premissa para um thriller jurídico brasileiro. "Quando escrever esse livro, dedique a mim", brincou, entre risadas. A ideia continua no meu bloco de notas. Quem sabe um dia? RAPHAEL MONTES, 24, é advogado e escritor de literatura policial, autor de "Dias Perfeitos" (Companhia das Letras).
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Sofrimento do povo grego mostra a ideologia do capitalismo, diz leitor
O sofrimento e a angústia do povo grego trazem à luz a ideologia do capitalismo em sua forma mais desumana e selvagem ("Grécia paga parcela de dívida a BCE e FMI", "Mercado", 21/7). Fica clara a face punitiva e inflexível daqueles que se autoproclamam donos do mundo, onde os cidadãos são apenas números –o que importa são os lucros. Há um mal-estar na modernidade, e a sombra fantasmagórica da crise de 2008 nos espreita. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Sofrimento do povo grego mostra a ideologia do capitalismo, diz leitorO sofrimento e a angústia do povo grego trazem à luz a ideologia do capitalismo em sua forma mais desumana e selvagem ("Grécia paga parcela de dívida a BCE e FMI", "Mercado", 21/7). Fica clara a face punitiva e inflexível daqueles que se autoproclamam donos do mundo, onde os cidadãos são apenas números –o que importa são os lucros. Há um mal-estar na modernidade, e a sombra fantasmagórica da crise de 2008 nos espreita. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Câmara aprova emenda apontada como reação do Congresso à Lava Jato
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quarta-feira (30) emenda ao pacote contra a corrupção que inclui na legislação a possibilidade de juízes e integrantes do Ministério Público de responder por crimes de abuso de autoridade com base em várias condutas, algumas de caráter subjetivo. A emenda, que passou por 313 votos a 132, foi apresentada nesta terça-feira (29) pelo líder da bancada do PDT, Weverton Rocha (MA), contou com o apoio do PP, partido com o maior número de congressistas implicados na Lava Jato, PT e várias outras legendas. O texto tem que passar ainda pelo Senado e ser sancionado pelo presidente Michel Temer para entrar em vigor. A quase totalidade do mundo judiciário, incluindo a força tarefa da Operação Lava Jato, aponta a emenda como uma clara tentativa de retaliar e intimidar os investigadores e magistrados responsáveis pelas apurações do esquema de corrupção da Petrobras. Vários deles comparam essa medida ao que aconteceu na Itália com a Operação Mãos Limpas (contra a máfia local), nos anos 90, freada por ações do Parlamento. Eles argumentam que se a regra entrar em vigor representará um importante ataque ao trabalho de promotores, procuradores e magistrados. "A sociedade espera passar a limpo todos os lados, não pode haver castas", discursou Weverton, para quem a legislação é muito branda para juízes e promotores que se desviam de suas funções. Essa foi a tônica do discurso da maioria dos deputados. "Todos, absolutamente todos, são iguais perante a lei. E que respondam pelos excessos", reforçou Arthur Lira (PP-AL), que falou em nome do PP. Ele é um dos principais alvos da Lava Jato, tendo sido denunciado por corrupção e ocultação de bens. Durante a madrugada, uma fila de deputados que foram ou são alvos de investigação se revezaram no microfone defendendo a proposta. "Quantos de nós foram assassinados, vilipendiados, execrados. (...) Não queremos acabar com a Lava Jato, queremos acabar com esse empoderamento absurdo", discursou Alberto Fraga (DEM-DF). Clarissa Garotinho (sem partido-RJ) aproveitou para reclamar do juiz que determinou a prisão do paí, Anthony Garotinho. Um dos poucos a se manifestar contra, o relator do pacote, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que os deputados estavam votando contra a operação baseada em Curitiba. "Votei não, não é hora de retaliação", discursou Major Olímpio (SD-SP). O pacote de medidas anticorrupção do Ministério Público teve o seu texto-base aprovado na madrugada desta quarta. As emendas estavam sendo analisadas durante a madrugada. MORDAÇA Entre as condutas passíveis de punição pela proposta do PDT está a apresentação pelo Ministério Público de ação de improbidade administrativa contra agentes públicos "de maneira temerária". A pena seria de seis meses a dois anos de reclusão, multa e indenização por danos materiais e morais. A apresentação por procuradores e promotores de ação civil pública "com finalidade de promoção pessoal ou por perseguição política" também ensejaria punição. O texto também pretende classificar como crime de abuso de autoridade de juízes e integrantes do Ministério Público a manifestação em qualquer meio de comunicação de opinião sobre processos, próprios ou de terceiros, entre outras condutas. A iniciativa tem paralelo com antiga proposta do ex-prefeito e hoje deputado Paulo Maluf (PP-SP), que há alguns anos tentou aprovar no Congresso uma lei para punir autoridades que supostamente agem por má-fé, promoção pessoal ou perseguição política. A proposta estabelece ainda que qualquer cidadão possa representar contra os membros da magistratura e do Ministério Público, inclusive investigados.
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Câmara aprova emenda apontada como reação do Congresso à Lava JatoO plenário da Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quarta-feira (30) emenda ao pacote contra a corrupção que inclui na legislação a possibilidade de juízes e integrantes do Ministério Público de responder por crimes de abuso de autoridade com base em várias condutas, algumas de caráter subjetivo. A emenda, que passou por 313 votos a 132, foi apresentada nesta terça-feira (29) pelo líder da bancada do PDT, Weverton Rocha (MA), contou com o apoio do PP, partido com o maior número de congressistas implicados na Lava Jato, PT e várias outras legendas. O texto tem que passar ainda pelo Senado e ser sancionado pelo presidente Michel Temer para entrar em vigor. A quase totalidade do mundo judiciário, incluindo a força tarefa da Operação Lava Jato, aponta a emenda como uma clara tentativa de retaliar e intimidar os investigadores e magistrados responsáveis pelas apurações do esquema de corrupção da Petrobras. Vários deles comparam essa medida ao que aconteceu na Itália com a Operação Mãos Limpas (contra a máfia local), nos anos 90, freada por ações do Parlamento. Eles argumentam que se a regra entrar em vigor representará um importante ataque ao trabalho de promotores, procuradores e magistrados. "A sociedade espera passar a limpo todos os lados, não pode haver castas", discursou Weverton, para quem a legislação é muito branda para juízes e promotores que se desviam de suas funções. Essa foi a tônica do discurso da maioria dos deputados. "Todos, absolutamente todos, são iguais perante a lei. E que respondam pelos excessos", reforçou Arthur Lira (PP-AL), que falou em nome do PP. Ele é um dos principais alvos da Lava Jato, tendo sido denunciado por corrupção e ocultação de bens. Durante a madrugada, uma fila de deputados que foram ou são alvos de investigação se revezaram no microfone defendendo a proposta. "Quantos de nós foram assassinados, vilipendiados, execrados. (...) Não queremos acabar com a Lava Jato, queremos acabar com esse empoderamento absurdo", discursou Alberto Fraga (DEM-DF). Clarissa Garotinho (sem partido-RJ) aproveitou para reclamar do juiz que determinou a prisão do paí, Anthony Garotinho. Um dos poucos a se manifestar contra, o relator do pacote, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que os deputados estavam votando contra a operação baseada em Curitiba. "Votei não, não é hora de retaliação", discursou Major Olímpio (SD-SP). O pacote de medidas anticorrupção do Ministério Público teve o seu texto-base aprovado na madrugada desta quarta. As emendas estavam sendo analisadas durante a madrugada. MORDAÇA Entre as condutas passíveis de punição pela proposta do PDT está a apresentação pelo Ministério Público de ação de improbidade administrativa contra agentes públicos "de maneira temerária". A pena seria de seis meses a dois anos de reclusão, multa e indenização por danos materiais e morais. A apresentação por procuradores e promotores de ação civil pública "com finalidade de promoção pessoal ou por perseguição política" também ensejaria punição. O texto também pretende classificar como crime de abuso de autoridade de juízes e integrantes do Ministério Público a manifestação em qualquer meio de comunicação de opinião sobre processos, próprios ou de terceiros, entre outras condutas. A iniciativa tem paralelo com antiga proposta do ex-prefeito e hoje deputado Paulo Maluf (PP-SP), que há alguns anos tentou aprovar no Congresso uma lei para punir autoridades que supostamente agem por má-fé, promoção pessoal ou perseguição política. A proposta estabelece ainda que qualquer cidadão possa representar contra os membros da magistratura e do Ministério Público, inclusive investigados.
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Saiba como deduzir do IR custos com educação
Uma das vantagens de incluir os filhos como dependentes no imposto de renda é poder abater custos com educação. No entanto, ao contrário do que ocorre com os gastos de saúde, que podem ser deduzidos integralmente, os gastos com educação têm um limite pequeno para restituição: o valor é de R$ 3.375,83 por ano para cada membro da família, explica Augusto Andrade, advogado especialista em imposto de renda. Entre as despesas permitidas estão mensalidades de instituições de ensino formal como creches, escolas infantis, de ensino fundamental e médio, faculdades, cursos de especialização e cursos profissionalizantes. A visão da Receita é que devem ser parcialmente financiados os cursos que garantem a formação profissional do cidadão, por isso, cursos livres, de idioma, cursinhos e cursos preparatórios para concursos ficam de fora da lista.
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Saiba como deduzir do IR custos com educaçãoUma das vantagens de incluir os filhos como dependentes no imposto de renda é poder abater custos com educação. No entanto, ao contrário do que ocorre com os gastos de saúde, que podem ser deduzidos integralmente, os gastos com educação têm um limite pequeno para restituição: o valor é de R$ 3.375,83 por ano para cada membro da família, explica Augusto Andrade, advogado especialista em imposto de renda. Entre as despesas permitidas estão mensalidades de instituições de ensino formal como creches, escolas infantis, de ensino fundamental e médio, faculdades, cursos de especialização e cursos profissionalizantes. A visão da Receita é que devem ser parcialmente financiados os cursos que garantem a formação profissional do cidadão, por isso, cursos livres, de idioma, cursinhos e cursos preparatórios para concursos ficam de fora da lista.
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Mulheres desobstruem batalhões e motim de policiais no ES termina
Mulheres de policiais militares do Espírito Santo desobstruíram os portões dos batalhões neste sábado (25) dando fim ao motim que paralisou o policiamento no Estado desde o último dia 4. A saída das mulheres ocorreu após um entendimento com o secretário de direitos Humanos do Espírito Santo, Júlio Pompeu, e a adesão da CUT (Central Única dos Trabalhadores) ao movimento. Em reunião na noite de sexta (24), ficou acertado que não serão impostos novos procedimentos punitivos aos policiais e as ações judiciais contra familiares e associações de militares podem ser suspensas. Um novo encontro está marcado para quinta-feira (2). Participaram da reunião, além das mulheres e do secretário de Direitos Humanos, representantes da CUT, do Ministério Público do Trabalho e do Tribunal Regional do Trabalho, que irão atuar como mediadores. "Nós tínhamos 43 municípios com 100% dos policiais trabalhando até agora, mas hoje toda a PM responde às escalas de serviço", afirmou o comandante-geral da PM capixaba, Nylton Rodrigues, em entrevista à imprensa. O Espírito Santo tem 78 municípios. "Nossa premissa era evitar o uso progressivo da força [para retirada das mulheres]", disse Rodrigues. Em nome de todos os policias, o comandante se desculpou à sociedade "pelo momento terrível e trágico para todos". Entre o dia 4 e o dia 13, foram registrados 143 homicídios no Estado. Uma das mulheres autuantes no movimento afirmou à Folha que elas não desistiram das reivindicações principais: reposição de perdas salariais e perdão aos policiais envolvidos. O governo do Espírito Santo afirma não ser possível aumentar os salários devido à Lei de Responsabilidade Fiscal e colocou como condição para a negociação de outras demandas a retomada do policiamento. "Saímos para atender ao pedido do governador e iniciar a negociação. A gente agora precisa ser ouvida de outra forma", disse a representante. PUNIÇÕES Segundo Rodrigues, os processos administrativos e os inquéritos policiais –que podem levar à expulsão e até à prisão– em andamento não serão suspensos, mas a volta ao trabalho irá amenizar a situação dos policiais. "Os policiais que retornaram terão isso como sua defesa, o que irá colaborar para a decisão final", disse. Um total de 2.580 policiais já foi indiciado pelo crime militar de revolta e 271 respondem a processos administrativos. Por enquanto, as Forças Armadas e de Segurança Nacional enviadas pelo governo federal continuarão a atuar no Espírito Santo. O planejamento para o Carnaval será mantido, mas agora com o reforço de todo o efetivo da PM. O motim vinha perdendo força desde sábado (11), quando o comando-geral passou a fazer chamados em locais públicos para que os policiais se apresentassem sem a necessidade de ir até os batalhões obstruídos. Aos poucos, o efetivo da PM do Espírito Santo, de dez mil policiais, foi retomando as atividades e o número de mulheres nos batalhões foi diminuindo.
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Mulheres desobstruem batalhões e motim de policiais no ES terminaMulheres de policiais militares do Espírito Santo desobstruíram os portões dos batalhões neste sábado (25) dando fim ao motim que paralisou o policiamento no Estado desde o último dia 4. A saída das mulheres ocorreu após um entendimento com o secretário de direitos Humanos do Espírito Santo, Júlio Pompeu, e a adesão da CUT (Central Única dos Trabalhadores) ao movimento. Em reunião na noite de sexta (24), ficou acertado que não serão impostos novos procedimentos punitivos aos policiais e as ações judiciais contra familiares e associações de militares podem ser suspensas. Um novo encontro está marcado para quinta-feira (2). Participaram da reunião, além das mulheres e do secretário de Direitos Humanos, representantes da CUT, do Ministério Público do Trabalho e do Tribunal Regional do Trabalho, que irão atuar como mediadores. "Nós tínhamos 43 municípios com 100% dos policiais trabalhando até agora, mas hoje toda a PM responde às escalas de serviço", afirmou o comandante-geral da PM capixaba, Nylton Rodrigues, em entrevista à imprensa. O Espírito Santo tem 78 municípios. "Nossa premissa era evitar o uso progressivo da força [para retirada das mulheres]", disse Rodrigues. Em nome de todos os policias, o comandante se desculpou à sociedade "pelo momento terrível e trágico para todos". Entre o dia 4 e o dia 13, foram registrados 143 homicídios no Estado. Uma das mulheres autuantes no movimento afirmou à Folha que elas não desistiram das reivindicações principais: reposição de perdas salariais e perdão aos policiais envolvidos. O governo do Espírito Santo afirma não ser possível aumentar os salários devido à Lei de Responsabilidade Fiscal e colocou como condição para a negociação de outras demandas a retomada do policiamento. "Saímos para atender ao pedido do governador e iniciar a negociação. A gente agora precisa ser ouvida de outra forma", disse a representante. PUNIÇÕES Segundo Rodrigues, os processos administrativos e os inquéritos policiais –que podem levar à expulsão e até à prisão– em andamento não serão suspensos, mas a volta ao trabalho irá amenizar a situação dos policiais. "Os policiais que retornaram terão isso como sua defesa, o que irá colaborar para a decisão final", disse. Um total de 2.580 policiais já foi indiciado pelo crime militar de revolta e 271 respondem a processos administrativos. Por enquanto, as Forças Armadas e de Segurança Nacional enviadas pelo governo federal continuarão a atuar no Espírito Santo. O planejamento para o Carnaval será mantido, mas agora com o reforço de todo o efetivo da PM. O motim vinha perdendo força desde sábado (11), quando o comando-geral passou a fazer chamados em locais públicos para que os policiais se apresentassem sem a necessidade de ir até os batalhões obstruídos. Aos poucos, o efetivo da PM do Espírito Santo, de dez mil policiais, foi retomando as atividades e o número de mulheres nos batalhões foi diminuindo.
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Flamengo oferece R$ 4 milhões a mais do que Corinthians por Guerrero
Flamengo e os agentes de Paolo Guerrero têm um acerto verbal de que o jogador poderá chegar ao clube após 15 de julho, quando acaba o contrato do atacante com o Corinthians. Mas, para isso se concretizar, é preciso que o clube do Rio receba parte da verba de patrocínio que terá na temporada de 2015, algo em torno de R$ 22 milhões entre os patrocínios com a Caixa Econômica Federal e com a Jeep. O clube do Rio, ao contrário do que a diretoria do Corinthians imaginava que aconteceria, ofereceu a ele mais do que o clube paulista por um contrato de quatro anos. O valor não chega aos R$ 20 milhões de luvas (para assinar o contrato) que Guerrero queria, e parte seria diluída nos salários, que chegariam a R$ 500 mil, mas é mais do que o Corinthians pode pagar. A Folha apurou que o Corinthians ofereceu a Guerrero R$ 9 milhões para renovar o contrato, e R$ 500 mil de salário (que é mais ou menos o que ele ganha atualmente). O Flamengo pagaria até R$ 4 milhões a mais de luvas, com salário idêntico. O valor das luvas, porém, teria uma parte à vista, e outra diluída mensalmente. Editoria de Arte/Folhapress Mas para pagar o valor à vista, algo como 50% do oferecido, o clube depende das parcelas de patrocínio, por isso ainda há uma remota chance de o negócio fracassar. No Corinthians, a saída do jogador agora já é dada como certa. Ele se despediria domingo (31), no clássico contra o Palmeiras, no Itaquerão. Há preocupação, porém, da reação dos torcedores corintianos antes e durante a partida, que podem ofender o ídolo do gol que deu ao clube o título mundial em 2012. O Corinthians gostaria que a saída fosse tranquila. O técnico Tite e a diretoria definem nesta quarta se Guerrero joga ou não. Guerrero faria seu último jogo domingo porque no dia 1° de junho se apresenta à seleção do Peru, para a disputa da Copa América. O torneio termina dia 4 de julho, 11 dias antes do fim do acordo do jogador, o que torna improvável que jogue mais uma vez até 15 de julho.
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Flamengo oferece R$ 4 milhões a mais do que Corinthians por GuerreroFlamengo e os agentes de Paolo Guerrero têm um acerto verbal de que o jogador poderá chegar ao clube após 15 de julho, quando acaba o contrato do atacante com o Corinthians. Mas, para isso se concretizar, é preciso que o clube do Rio receba parte da verba de patrocínio que terá na temporada de 2015, algo em torno de R$ 22 milhões entre os patrocínios com a Caixa Econômica Federal e com a Jeep. O clube do Rio, ao contrário do que a diretoria do Corinthians imaginava que aconteceria, ofereceu a ele mais do que o clube paulista por um contrato de quatro anos. O valor não chega aos R$ 20 milhões de luvas (para assinar o contrato) que Guerrero queria, e parte seria diluída nos salários, que chegariam a R$ 500 mil, mas é mais do que o Corinthians pode pagar. A Folha apurou que o Corinthians ofereceu a Guerrero R$ 9 milhões para renovar o contrato, e R$ 500 mil de salário (que é mais ou menos o que ele ganha atualmente). O Flamengo pagaria até R$ 4 milhões a mais de luvas, com salário idêntico. O valor das luvas, porém, teria uma parte à vista, e outra diluída mensalmente. Editoria de Arte/Folhapress Mas para pagar o valor à vista, algo como 50% do oferecido, o clube depende das parcelas de patrocínio, por isso ainda há uma remota chance de o negócio fracassar. No Corinthians, a saída do jogador agora já é dada como certa. Ele se despediria domingo (31), no clássico contra o Palmeiras, no Itaquerão. Há preocupação, porém, da reação dos torcedores corintianos antes e durante a partida, que podem ofender o ídolo do gol que deu ao clube o título mundial em 2012. O Corinthians gostaria que a saída fosse tranquila. O técnico Tite e a diretoria definem nesta quarta se Guerrero joga ou não. Guerrero faria seu último jogo domingo porque no dia 1° de junho se apresenta à seleção do Peru, para a disputa da Copa América. O torneio termina dia 4 de julho, 11 dias antes do fim do acordo do jogador, o que torna improvável que jogue mais uma vez até 15 de julho.
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Manifesto em defesa do Iphan recolhe 1.500 assinaturas
Profissionais envolvidos com preservação do patrimônio estão lançamento um manifesto em defesa do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A carta diz que a criação da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pelo governo Temer, vai enfraquecer o órgão de patrimônio, que sempre teve autonomia. A iniciativa recolheu mais de 1.500 assinaturas. Leia a coluna completa aqui
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Manifesto em defesa do Iphan recolhe 1.500 assinaturasProfissionais envolvidos com preservação do patrimônio estão lançamento um manifesto em defesa do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A carta diz que a criação da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pelo governo Temer, vai enfraquecer o órgão de patrimônio, que sempre teve autonomia. A iniciativa recolheu mais de 1.500 assinaturas. Leia a coluna completa aqui
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Constituição pode ser aperfeiçoada, não desobedecida, diz leitor
A matéria Sem teto pagam taxa para viver em invasão é emblemática. A reboque desses movimentos e partidos que acreditam no Direito que vem da rua, vem também o conceito de cada liderança do que é justo ou não. Acabam criando um monte de "leis" diferentes. Nem para a cobrança de taxas nos imóveis invadidos há o consenso. O Direito se encontra na Constituição que pode ser aperfeiçoada, não desobedecida. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Constituição pode ser aperfeiçoada, não desobedecida, diz leitorA matéria Sem teto pagam taxa para viver em invasão é emblemática. A reboque desses movimentos e partidos que acreditam no Direito que vem da rua, vem também o conceito de cada liderança do que é justo ou não. Acabam criando um monte de "leis" diferentes. Nem para a cobrança de taxas nos imóveis invadidos há o consenso. O Direito se encontra na Constituição que pode ser aperfeiçoada, não desobedecida. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
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Cineasta português Manoel de Oliveira morre aos 106 anos
Morreu nesta quinta-feira (2), aos 106 anos, o português Manoel de Oliveira, um dos principais diretores do cinema europeu, autor de cerca de 60 filmes, incluindo os premiados "Os Canibais" (1988), "A Divina Comédia" (1991), "Vale Abraão" (1993) e "A Carta" (1999). Questionado em 2005 sobre que conselho daria a jovens realizadores, o diretor disse: "Não se ensina a vocação a ninguém. Só a técnica é que se pode aprender". Mais longevo cineasta do mundo, começou a filmar ainda na época dos filmes mudos e dirigiu obras até 2014, quando realizou os curtas "O Velho do Restelo" e "Chafariz das Virtudes", inspirados em textos de Camões, Teixeira de Pascoaes e Cervantes. Antes disso, o filme "O Gebo e a Sombra" —uma comédia dramática, adaptação da peça de 1923 do português Raul Brandão, com os atores Michael Londsdale, Claudia Cardinale e Jeanne Moreau— foi apresentado no verão de 2012 no Festival de Veneza. Naquele mesmo ano, ele rodou o curta "O Conquistador Conquistado", sobre Guimarães, cidade do norte de Portugal nomeada capital europeia da Cultura. Em sua longa carreira, trabalhou com atores como John Malkovich, Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni e Michel Picolli, um de seus principais parceiros. TRAJETÓRIA Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu em 11 de dezembro de 1908, no Porto, filho de uma família da alta burguesia industrial. Considerado um mau aluno, dedicou-se ao atletismo, mas só se interessou pelas artes aos 20 anos, quando entra na escola de atores fundada em Portugal pelo cineasta italiano Rino Lupo. Neste período, Oliveira criou seu primeiro filme, o curta-metragem "Douro, Faina Fluvial", de 1931. A estreia em um longa de ficção só veio em 1942, com "Aniki Bobó", sobre a infância pobre na região do rio Douro. Desiludido com o fracasso da primeira ficção, Oliveira abandonou outros projetos e dedicou-se aos negócios da família: vinho e indústria têxtil. Voltaria aos longas apenas duas décadas depois, com "Ato de Primavera" (1963), recriação da Paixão de Cristo. Conhecido por seu estilo rigoroso e reflexivo, pelas cenas longas, com câmeras fixas, ausência de música e de cenas de sexo e violência, ao longo dos anos, Oliveira encantou críticos de vários países, mas espantou, muitas vezes, o público português. Até os 70 anos de idade, o cineasta português Manoel de Oliveira era apenas uma nota de rodapé nos livros de cinema. Representante de um país sem tradição cinematográfica, era autor de apenas quatro longas-metragens, alguns curtas e vários projetos não realizados. A consagração internacional veio "Amor de Perdição", em 1978. A partir daí, financiado pelo governo português, passou a filmar com maior constância. Durante a década de 90, lançou um filme por ano, atraindo prêmios e homenagens de festivais de cinema como Cannes, Veneza, Berlim e da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para qualquer outro artista, a idade avançada representaria o fim. Para Manoel, tratava-se apenas de um recomeço (mais um, numa carreira repleta deles). Selecionado sete vezes para o Festival de Cannes, Manoel de Oliveira recebeu uma Palma de Ouro especial pelo conjunto da obra há sete anos. Foi comparado pelo então diretor-geral do festival, Thierry Frémaux, a Fernando Pessoa, "outro gênio de Portugal." Mas o diretor não quis saber de descanso. Voltou a Cannes, dois anos depois, para apresentar "O Estranho Caso de Angélica" na mostra oficial "Um Certo Olhar". O longa, uma coprodução brasileira sobre um fotógrafo contratado para tirar o retrato de uma moça morta, também foi escolhido para abrir a 34ª Mostra de São Paulo, no mesmo ano. Manoel de Oliveira deixa a mulher, Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais, quatro filhos e cinco netos, um deles o ator Ricardo Trêpa.
ilustrada
Cineasta português Manoel de Oliveira morre aos 106 anosMorreu nesta quinta-feira (2), aos 106 anos, o português Manoel de Oliveira, um dos principais diretores do cinema europeu, autor de cerca de 60 filmes, incluindo os premiados "Os Canibais" (1988), "A Divina Comédia" (1991), "Vale Abraão" (1993) e "A Carta" (1999). Questionado em 2005 sobre que conselho daria a jovens realizadores, o diretor disse: "Não se ensina a vocação a ninguém. Só a técnica é que se pode aprender". Mais longevo cineasta do mundo, começou a filmar ainda na época dos filmes mudos e dirigiu obras até 2014, quando realizou os curtas "O Velho do Restelo" e "Chafariz das Virtudes", inspirados em textos de Camões, Teixeira de Pascoaes e Cervantes. Antes disso, o filme "O Gebo e a Sombra" —uma comédia dramática, adaptação da peça de 1923 do português Raul Brandão, com os atores Michael Londsdale, Claudia Cardinale e Jeanne Moreau— foi apresentado no verão de 2012 no Festival de Veneza. Naquele mesmo ano, ele rodou o curta "O Conquistador Conquistado", sobre Guimarães, cidade do norte de Portugal nomeada capital europeia da Cultura. Em sua longa carreira, trabalhou com atores como John Malkovich, Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni e Michel Picolli, um de seus principais parceiros. TRAJETÓRIA Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu em 11 de dezembro de 1908, no Porto, filho de uma família da alta burguesia industrial. Considerado um mau aluno, dedicou-se ao atletismo, mas só se interessou pelas artes aos 20 anos, quando entra na escola de atores fundada em Portugal pelo cineasta italiano Rino Lupo. Neste período, Oliveira criou seu primeiro filme, o curta-metragem "Douro, Faina Fluvial", de 1931. A estreia em um longa de ficção só veio em 1942, com "Aniki Bobó", sobre a infância pobre na região do rio Douro. Desiludido com o fracasso da primeira ficção, Oliveira abandonou outros projetos e dedicou-se aos negócios da família: vinho e indústria têxtil. Voltaria aos longas apenas duas décadas depois, com "Ato de Primavera" (1963), recriação da Paixão de Cristo. Conhecido por seu estilo rigoroso e reflexivo, pelas cenas longas, com câmeras fixas, ausência de música e de cenas de sexo e violência, ao longo dos anos, Oliveira encantou críticos de vários países, mas espantou, muitas vezes, o público português. Até os 70 anos de idade, o cineasta português Manoel de Oliveira era apenas uma nota de rodapé nos livros de cinema. Representante de um país sem tradição cinematográfica, era autor de apenas quatro longas-metragens, alguns curtas e vários projetos não realizados. A consagração internacional veio "Amor de Perdição", em 1978. A partir daí, financiado pelo governo português, passou a filmar com maior constância. Durante a década de 90, lançou um filme por ano, atraindo prêmios e homenagens de festivais de cinema como Cannes, Veneza, Berlim e da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para qualquer outro artista, a idade avançada representaria o fim. Para Manoel, tratava-se apenas de um recomeço (mais um, numa carreira repleta deles). Selecionado sete vezes para o Festival de Cannes, Manoel de Oliveira recebeu uma Palma de Ouro especial pelo conjunto da obra há sete anos. Foi comparado pelo então diretor-geral do festival, Thierry Frémaux, a Fernando Pessoa, "outro gênio de Portugal." Mas o diretor não quis saber de descanso. Voltou a Cannes, dois anos depois, para apresentar "O Estranho Caso de Angélica" na mostra oficial "Um Certo Olhar". O longa, uma coprodução brasileira sobre um fotógrafo contratado para tirar o retrato de uma moça morta, também foi escolhido para abrir a 34ª Mostra de São Paulo, no mesmo ano. Manoel de Oliveira deixa a mulher, Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais, quatro filhos e cinco netos, um deles o ator Ricardo Trêpa.
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'Os amigos da minha filha também gostam da lancheira dela', diz Bela Gil
A lancheira que a apresentadora de TV Bela Gil mandou para a sua filha, Flor, gerou polêmica na internet. Saiba o que ela disse à Folha sobre o lanche de batata-doce e outras coisas saudáveis. Folha - Sempre posta fotos da marmita da sua filha? Bela Gil - Não, essa foi a primeira vez. Eu estava organizando as coisas para levá-la ao colégio e achei a marmita fofa. Aí postei! Você esperava tamanha repercussão? Em momento algum! Postei e levei ela ao colégio. Só quando voltei para casa e abri meu Instagram vi a quantidade de gente comentando. Com a repercussão da foto, reparei que as pessoas levam a vida na superfície, elas não querem se aprofundar em nenhum assunto que não diz respeito à satisfação pessoal. Devemos pensar no impacto da comida além do prato. O que mais te irritou no caso? E o que foi mais legal? Não é que tenha me irritado, mas fiquei preocupada com o desinteresse de algumas pessoas em melhorar, através da alimentação, a qualidade de vida deles e, principalmente, dos filhos. A minha filha come batata-doce porque gosta, porque eu sei que faz bem à saúde física e mental dela. Além de tudo, não polui o planeta como um pacotinho de biscoito e a conecta com a natureza e com o seu país. O mais legal da repercussão foi ver que a marmita da Flor influenciou muitas mães e incentivou muitas crianças a comerem melhor na escola. O que a Flor disse de tudo isso? Ela nem ficou sabendo. Os coleguinhas dela comentaram alguma coisa? Eles também têm uma marmita saudável?  Até agora não. Igual à marmita da minha filha ninguém tem. Infelizmente é uma realidade muito distante dessa avalanche de industrializados que vemos hoje nas lanchonetes de escola e lancheiras. Mas sempre que a Flor leva a merenda a maioria adora. Quando eu faço beiju (tapioca), por exemplo, tenho que fazer o triplo de quantidade pois todos eles comem! (risos) Todos os dias a lancheira tem granola, batata-doce, banana da terra e água? Se não, como são nos outros dias? Como você escolhe? Quase todos os dias têm batata-doce ou banana da terra porque ela ama. De bebida, sempre coloco água ou chá. Suco natural ela toma fresquinho, em casa. Suco de caixinha, nem pensar E, para variar, às vezes coloco pão integral com molho pesto, pão com mel e tahine, pão com ghee (manteiga clarificada), pão de mandioquinha, abóbora cozida, frutas frescas, barrinha de cereal caseira, ovo cozido, cookies feitos em casa, chocolate 70%, beiju ou tapioca com queijo de leite cru. Você diz que manda uma marmita assim, principalmente, porque ela gosta. Ela sempre gostou? Como você ensinou ela a gostar? Ela sempre gostou porque sempre foi o que ela comeu. Desde muito pequena é esse tipo de lanche que levava para a rua quando passávamos o dia inteiro fora de casa. Ela se acostumou com comida de verdade e não besteiras. Bolo, batata frita, pizza, essas coisas, ela come em ocasiões especiais como festas de aniversário, datas comemorativas, etc. Que conselho você daria para as crianças que estão lendo essa matéria? Visitem uma horta. Conhecer de onde vem o alimento, ter um contato direto com ele e manipular a comida, desperta muito interesse nas crianças para provarem novos alimentos e sabores.
folhinha
'Os amigos da minha filha também gostam da lancheira dela', diz Bela GilA lancheira que a apresentadora de TV Bela Gil mandou para a sua filha, Flor, gerou polêmica na internet. Saiba o que ela disse à Folha sobre o lanche de batata-doce e outras coisas saudáveis. Folha - Sempre posta fotos da marmita da sua filha? Bela Gil - Não, essa foi a primeira vez. Eu estava organizando as coisas para levá-la ao colégio e achei a marmita fofa. Aí postei! Você esperava tamanha repercussão? Em momento algum! Postei e levei ela ao colégio. Só quando voltei para casa e abri meu Instagram vi a quantidade de gente comentando. Com a repercussão da foto, reparei que as pessoas levam a vida na superfície, elas não querem se aprofundar em nenhum assunto que não diz respeito à satisfação pessoal. Devemos pensar no impacto da comida além do prato. O que mais te irritou no caso? E o que foi mais legal? Não é que tenha me irritado, mas fiquei preocupada com o desinteresse de algumas pessoas em melhorar, através da alimentação, a qualidade de vida deles e, principalmente, dos filhos. A minha filha come batata-doce porque gosta, porque eu sei que faz bem à saúde física e mental dela. Além de tudo, não polui o planeta como um pacotinho de biscoito e a conecta com a natureza e com o seu país. O mais legal da repercussão foi ver que a marmita da Flor influenciou muitas mães e incentivou muitas crianças a comerem melhor na escola. O que a Flor disse de tudo isso? Ela nem ficou sabendo. Os coleguinhas dela comentaram alguma coisa? Eles também têm uma marmita saudável?  Até agora não. Igual à marmita da minha filha ninguém tem. Infelizmente é uma realidade muito distante dessa avalanche de industrializados que vemos hoje nas lanchonetes de escola e lancheiras. Mas sempre que a Flor leva a merenda a maioria adora. Quando eu faço beiju (tapioca), por exemplo, tenho que fazer o triplo de quantidade pois todos eles comem! (risos) Todos os dias a lancheira tem granola, batata-doce, banana da terra e água? Se não, como são nos outros dias? Como você escolhe? Quase todos os dias têm batata-doce ou banana da terra porque ela ama. De bebida, sempre coloco água ou chá. Suco natural ela toma fresquinho, em casa. Suco de caixinha, nem pensar E, para variar, às vezes coloco pão integral com molho pesto, pão com mel e tahine, pão com ghee (manteiga clarificada), pão de mandioquinha, abóbora cozida, frutas frescas, barrinha de cereal caseira, ovo cozido, cookies feitos em casa, chocolate 70%, beiju ou tapioca com queijo de leite cru. Você diz que manda uma marmita assim, principalmente, porque ela gosta. Ela sempre gostou? Como você ensinou ela a gostar? Ela sempre gostou porque sempre foi o que ela comeu. Desde muito pequena é esse tipo de lanche que levava para a rua quando passávamos o dia inteiro fora de casa. Ela se acostumou com comida de verdade e não besteiras. Bolo, batata frita, pizza, essas coisas, ela come em ocasiões especiais como festas de aniversário, datas comemorativas, etc. Que conselho você daria para as crianças que estão lendo essa matéria? Visitem uma horta. Conhecer de onde vem o alimento, ter um contato direto com ele e manipular a comida, desperta muito interesse nas crianças para provarem novos alimentos e sabores.
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Agentes da Força Nacional ameaçam abandonar segurança da Olimpíada
Policiais e bombeiros da Força Nacional que estão no Rio para a Olimpíada realizaram protesto na tarde desta terça (12) por atraso nos pagamentos das diárias e pelas más condições dos apartamentos em que estão alojados, na zona oeste da cidade.Atualmente, são 3.000 servidores da Força no Rio. Outros 3.000 chegarão à cidade para os Jogos. A Força Nacional será responsável pela segurança no interior das arenas e na área entorno dos locais de competição.Os agentes da Força estão em apartamentos de dois quartos do programa Minha Casa, Minha Vida. Como vizinhos há favelas dominadas por milicianos e por traficantes da facção Comando Vermelho. No imóvel, recém-entregue, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, não há chuveiro ou camas. Por isso, há servidores dormindo no chão.
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Agentes da Força Nacional ameaçam abandonar segurança da OlimpíadaPoliciais e bombeiros da Força Nacional que estão no Rio para a Olimpíada realizaram protesto na tarde desta terça (12) por atraso nos pagamentos das diárias e pelas más condições dos apartamentos em que estão alojados, na zona oeste da cidade.Atualmente, são 3.000 servidores da Força no Rio. Outros 3.000 chegarão à cidade para os Jogos. A Força Nacional será responsável pela segurança no interior das arenas e na área entorno dos locais de competição.Os agentes da Força estão em apartamentos de dois quartos do programa Minha Casa, Minha Vida. Como vizinhos há favelas dominadas por milicianos e por traficantes da facção Comando Vermelho. No imóvel, recém-entregue, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, não há chuveiro ou camas. Por isso, há servidores dormindo no chão.
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O homem salvo por um peito de titânio
O britânico Edward Evan, que quase morreu por conta de uma infecção no osso esterno, protetor do coração e dos pulmões, hoje vive com uma prótese de titânio feita sob medida por uma impressora 3D. O material foi desenvolvido em Melbourne, na Austrália; ele é forte e rígido, mas, ainda assim, leve e menos suscetível a infecções do que próteses tradicionais. O drama começou quando assistia a um jogo de rúgbi do filho, em um domingo, e sentiu uma forte dor no peito. Ele foi diagnosticado com uma rara infecção no esterno. O caso era tão grave que os médicos precisaram remover grande parte do osso. Tudo o que podiam fazer na época era cobrir o buraco com músculo, deixando seus pulmões e coração vulneráveis. Durante os sete anos em que viveu desse jeito, uma simples pancada no coração poderia matá-lo. Evan teve que mudar o estilo de vida e deixar de lado muitas das coisas que gostava de fazer. "Naquela época, eu jogava futsal, ensinava meninos a jogar rúgbi de vez em quando... E tive que parar de fazer isso", conta Evan. "Eu sentia falta disso, gostava de me manter ativo, em forma... Eu queria pedalar, queria caminhar... Na minha cabeça, existe uma forte relação entre ficar em forma e me sentir forte". Mas agora sua vida voltou ao normal, graças à prótese enviada da Austrália ao Reino Unido, onde foi inserida, durante um procedimento cirúrgico pioneiro. Evan foi o primeiro britânico a passar pela cirurgia –e o segundo no mundo. No Brasil, próteses de titânio já foram usadas em cirurgias como a de crânio. A prótese de titânio é encaixada perfeitamente na caixa torácica do paciente. Os cirurgiões só têm que fixá-la com parafusos. Eles não precisam usar cimento ósseo, material que fixa a prótese dentro do osso em cirurgias tradicionais. Segundo o cirurgião torácico Ehab Bis, responsável pelo procedimento no Reino Unido, antes era preciso moldar com as mãos o cimento cirúrgico, o que aumentava o risco de infecções. Onze semanas depois da cirurgia, Evan contou ao programa Trust Me I´m a doctor, da BBC, que se sentia confortável. "Me sinto hoje como me sentia quando meu peito era normal". A impressão 3D oferece boas perspectivas à criação de implantes cirúrgicos de maior tamanho e complexidade.
equilibrioesaude
O homem salvo por um peito de titânioO britânico Edward Evan, que quase morreu por conta de uma infecção no osso esterno, protetor do coração e dos pulmões, hoje vive com uma prótese de titânio feita sob medida por uma impressora 3D. O material foi desenvolvido em Melbourne, na Austrália; ele é forte e rígido, mas, ainda assim, leve e menos suscetível a infecções do que próteses tradicionais. O drama começou quando assistia a um jogo de rúgbi do filho, em um domingo, e sentiu uma forte dor no peito. Ele foi diagnosticado com uma rara infecção no esterno. O caso era tão grave que os médicos precisaram remover grande parte do osso. Tudo o que podiam fazer na época era cobrir o buraco com músculo, deixando seus pulmões e coração vulneráveis. Durante os sete anos em que viveu desse jeito, uma simples pancada no coração poderia matá-lo. Evan teve que mudar o estilo de vida e deixar de lado muitas das coisas que gostava de fazer. "Naquela época, eu jogava futsal, ensinava meninos a jogar rúgbi de vez em quando... E tive que parar de fazer isso", conta Evan. "Eu sentia falta disso, gostava de me manter ativo, em forma... Eu queria pedalar, queria caminhar... Na minha cabeça, existe uma forte relação entre ficar em forma e me sentir forte". Mas agora sua vida voltou ao normal, graças à prótese enviada da Austrália ao Reino Unido, onde foi inserida, durante um procedimento cirúrgico pioneiro. Evan foi o primeiro britânico a passar pela cirurgia –e o segundo no mundo. No Brasil, próteses de titânio já foram usadas em cirurgias como a de crânio. A prótese de titânio é encaixada perfeitamente na caixa torácica do paciente. Os cirurgiões só têm que fixá-la com parafusos. Eles não precisam usar cimento ósseo, material que fixa a prótese dentro do osso em cirurgias tradicionais. Segundo o cirurgião torácico Ehab Bis, responsável pelo procedimento no Reino Unido, antes era preciso moldar com as mãos o cimento cirúrgico, o que aumentava o risco de infecções. Onze semanas depois da cirurgia, Evan contou ao programa Trust Me I´m a doctor, da BBC, que se sentia confortável. "Me sinto hoje como me sentia quando meu peito era normal". A impressão 3D oferece boas perspectivas à criação de implantes cirúrgicos de maior tamanho e complexidade.
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Desordens filipinas
No curto período de cinco meses à frente das Filipinas, o presidente Rodrigo Duterte já acumula uma série de medidas desconcertantes que alarma a comunidade internacional. O populista Duterte elegeu-se com a imagem de elemento estranho às 400 famílias que mandavam no país de 102 milhões de habitantes havia décadas. Assumiu a Presidência prometendo dura repressão à criminalidade e ao tráfico de drogas. Dando curso à mesma virulência com que dirige palavrões ao papa Francisco, Duterte cumpre sua promessa. Deu carta branca para policiais e, de modo implícito, justiceiros saírem à caça de supostos bandidos e viciados, como relatou reportagem desta Folha publicada no domingo (11). "Matem os criminosos, e eu os protegerei", afirmou o presidente filipino, publicamente, à polícia nacional (PNP). Já são mais de 6.000 mortos na onda de violência que desencadeou, com a média atual de 37 assassinatos por dia pela PNP e por esquadrões da morte. A Igreja Católica condena essas execuções extrajudiciais, mas até aqui sua posição se mostrou incapaz de diminuir a popularidade de Duterte. Num país em que 81% da população segue a fé de Roma, 80% apoiam a campanha policialesca patrocinada pelo presidente. Organizações humanitárias tampouco conseguem se fazer ouvir. "Não dou a mínima para o que o pessoal dos direitos humanos diz. Minha obrigação é defender nossas crianças", declarou o presidente. Estima-se que existam no país cerca de 800 mil viciados em "shabu", o nome local de uma droga, a metanfetamina. Mesmo representando menos de 1% da população, o número de pessoas com vida degradada e de difícil recuperação é elevado o suficiente para sustentar o apoio à campanha demagógica. Por outro lado, constata-se que o sucesso do populismo nas Filipinas não encontra raízes numa crise econômica. Quando o novo presidente se elegeu, o PIB do país já vinha crescendo à taxa média de 6,2% ao ano de 2010 a 2015; o nível de pobreza extrema caíra de 10,6% para 8,4% da população em apenas três anos (2012-2015). Tais ganhos, todavia, não foram acompanhados pelo fortalecimento de instituições capazes de impedir que a repressão sangrenta se erija em política de Estado. Diante da debilidade da oposição interna, cabe à comunidade internacional, com os meios de pressão de que dispõe, emitir inequívocos sinais de repúdio à barbárie que acomete as Filipinas –antes que seja tarde demais. [email protected]
opiniao
Desordens filipinasNo curto período de cinco meses à frente das Filipinas, o presidente Rodrigo Duterte já acumula uma série de medidas desconcertantes que alarma a comunidade internacional. O populista Duterte elegeu-se com a imagem de elemento estranho às 400 famílias que mandavam no país de 102 milhões de habitantes havia décadas. Assumiu a Presidência prometendo dura repressão à criminalidade e ao tráfico de drogas. Dando curso à mesma virulência com que dirige palavrões ao papa Francisco, Duterte cumpre sua promessa. Deu carta branca para policiais e, de modo implícito, justiceiros saírem à caça de supostos bandidos e viciados, como relatou reportagem desta Folha publicada no domingo (11). "Matem os criminosos, e eu os protegerei", afirmou o presidente filipino, publicamente, à polícia nacional (PNP). Já são mais de 6.000 mortos na onda de violência que desencadeou, com a média atual de 37 assassinatos por dia pela PNP e por esquadrões da morte. A Igreja Católica condena essas execuções extrajudiciais, mas até aqui sua posição se mostrou incapaz de diminuir a popularidade de Duterte. Num país em que 81% da população segue a fé de Roma, 80% apoiam a campanha policialesca patrocinada pelo presidente. Organizações humanitárias tampouco conseguem se fazer ouvir. "Não dou a mínima para o que o pessoal dos direitos humanos diz. Minha obrigação é defender nossas crianças", declarou o presidente. Estima-se que existam no país cerca de 800 mil viciados em "shabu", o nome local de uma droga, a metanfetamina. Mesmo representando menos de 1% da população, o número de pessoas com vida degradada e de difícil recuperação é elevado o suficiente para sustentar o apoio à campanha demagógica. Por outro lado, constata-se que o sucesso do populismo nas Filipinas não encontra raízes numa crise econômica. Quando o novo presidente se elegeu, o PIB do país já vinha crescendo à taxa média de 6,2% ao ano de 2010 a 2015; o nível de pobreza extrema caíra de 10,6% para 8,4% da população em apenas três anos (2012-2015). Tais ganhos, todavia, não foram acompanhados pelo fortalecimento de instituições capazes de impedir que a repressão sangrenta se erija em política de Estado. Diante da debilidade da oposição interna, cabe à comunidade internacional, com os meios de pressão de que dispõe, emitir inequívocos sinais de repúdio à barbárie que acomete as Filipinas –antes que seja tarde demais. [email protected]
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