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Evento promove degustação de 90 rótulos de cervejas especiais em São Paulo | MARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO No próximo sábado (10), o centro de convenções do shopping Frei Caneca recebe a quinta edição do Encontro Cerveja Artesanal São Paulo. O evento vai receber cerca de 30 cervejarias, a maior parte paulistas, e 90 rótulos da bebida. O ingresso dá direito a uma caneca e à degustação das cervejas —se quiser provar várias delas, é melhor só bebericar. Criado para reunir amantes de cervejas especiais, o encontro teve sua primeira edição em 2014, com pouco mais de 200 pessoas. Nesta, a expectativa é reunir 3.000. "Boa parte do público já conhece, gosta de cerveja artesanal e vem atrás de novidades", explica Lisa Torrano, organizadora do evento. Os participantes também vão acompanhar palestras, inclusas no valor do ingresso, em parceria com a Sinnatrah Cervejaria Escola. Confira os destaques: 16h Workshop de degustação de cervejas com Ronaldo Rossi. Inclui degustação de uma cerveja exclusiva não presente no evento 16h40 Os caminhos para lançar sua marca de cerveja – colaborativa, brew pub, crowndfunding, cerveja cigana. Com Samuel Faria, da Cervejaria Landel 17h20 Voto popular – escolha um dos três temas e o evento monta a palestra junto com um cervejeiro convidado: - Ingredientes inusitados na cerveja - Lúpulos: americanos, alemães e ingleses - O que é IBU, ABV, SRM, Dry Hopping, filtrada, pasteurizada 18h Harmonização de queijos e cerveja, com Bruno Cabral, do Mestre Queijeiro 18h55 Tendências para 2017: estilos em alta, situação do mercado, o que esperar na gôndola e no bar nos próximos meses 5º Encontro Cerveja Artesanal São Paulo - shopping Frei Caneca. R. Frei Caneca, 569, 4º andar, Consolação, tel. 3472-2075. Sáb. (10): 15h às 21h. 18 anos. Ingr.: R$ 175 e R$ 215. | saopaulo | Evento promove degustação de 90 rótulos de cervejas especiais em São PauloMARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO No próximo sábado (10), o centro de convenções do shopping Frei Caneca recebe a quinta edição do Encontro Cerveja Artesanal São Paulo. O evento vai receber cerca de 30 cervejarias, a maior parte paulistas, e 90 rótulos da bebida. O ingresso dá direito a uma caneca e à degustação das cervejas —se quiser provar várias delas, é melhor só bebericar. Criado para reunir amantes de cervejas especiais, o encontro teve sua primeira edição em 2014, com pouco mais de 200 pessoas. Nesta, a expectativa é reunir 3.000. "Boa parte do público já conhece, gosta de cerveja artesanal e vem atrás de novidades", explica Lisa Torrano, organizadora do evento. Os participantes também vão acompanhar palestras, inclusas no valor do ingresso, em parceria com a Sinnatrah Cervejaria Escola. Confira os destaques: 16h Workshop de degustação de cervejas com Ronaldo Rossi. Inclui degustação de uma cerveja exclusiva não presente no evento 16h40 Os caminhos para lançar sua marca de cerveja – colaborativa, brew pub, crowndfunding, cerveja cigana. Com Samuel Faria, da Cervejaria Landel 17h20 Voto popular – escolha um dos três temas e o evento monta a palestra junto com um cervejeiro convidado: - Ingredientes inusitados na cerveja - Lúpulos: americanos, alemães e ingleses - O que é IBU, ABV, SRM, Dry Hopping, filtrada, pasteurizada 18h Harmonização de queijos e cerveja, com Bruno Cabral, do Mestre Queijeiro 18h55 Tendências para 2017: estilos em alta, situação do mercado, o que esperar na gôndola e no bar nos próximos meses 5º Encontro Cerveja Artesanal São Paulo - shopping Frei Caneca. R. Frei Caneca, 569, 4º andar, Consolação, tel. 3472-2075. Sáb. (10): 15h às 21h. 18 anos. Ingr.: R$ 175 e R$ 215. | 9 |
Com 21 complexos em SP, Cinemark é citado por 57% na zona norte | DE SÃO PAULO Seus 21 complexos apenas na cidade de São Paulo —que abrigam mais de 35 mil lugares— dão a dica: a Cinemark é líder no mercado brasileiro quando o assunto é cinema. O Cinemark, que também figura como a segunda maior rede exibidora do mundo, é o melhor cinema de São Paulo, na avaliação de paulistanos das classes A e B, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha. A rede foi eleita a melhor por 48% da população que figura nessas classes. Marcelo Bertini, 51, presidente da Cinemark Brasil e da Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplexes), atribui o gigantismo da rede ao fato de ela focar "as preferências do público". Segundo os números do Datafolha, a Cinemark é a rede mais lembrada pelos paulistanos. Especialmente nas regiões norte, onde 57% da população a aponta como a melhor exibidora de filmes da cidade. Infográfico/Arte Folha Entre os quatro cinemas que a zona abrigava na época da pesquisa, feita entre os dias 18 e 20 de março, três são da rede. Recentemente, a marca inaugurou mais dois complexos na área, o Tietê Plaza Shopping Cinemark e o Lar Center Cinemark. Outro fator também ajuda a entender, na avaliação da empresa, a lembrança predominante entre as classes A e B: a Cinemark criou o conceito "prime" no Brasil. O ingresso para entrar em uma das salas deste tipo chega a custar R$ 65. As primeiras da rede foram inauguradas em 2010 no shopping Cidade Jardim. Bertini classifica o serviço destes espaços como "diferenciado desde a chegada do público até a saída do cinema". Além do conforto das poltronas reclináveis, esses locais de exibição oferecem um cardápio VIP, com garçons que atendem dentro da própria sala. Nele, há opções que vão desde a costela com manteiga servida em um pão e acompanhada de chips de batata (R$ 35) ao vinho Château Castera - Medoc (R$ 54). Com complexos apenas em shoppings, a marca investe ainda no público que busca tecnologia: as salas Extreme Digital Cinema - XD, que têm telas 40% maiores que as convencionais e um som com sete vezes mais potência, estão presentes em 13 cinemas da metrópole. Serviço: Rede com 160 salas de exibição de filmes na cidade O que oferece: Tecnologias Extreme Digital, com telas maiores, e D-Box, com poltronas que simulam vibrações e quedas Criação: Na ativa desde outubro de 1997 Contato: cinemark.com.br e instagram.com/cinemarkoficial Mapa/Folha + Erramos | saopaulo | Com 21 complexos em SP, Cinemark é citado por 57% na zona norteDE SÃO PAULO Seus 21 complexos apenas na cidade de São Paulo —que abrigam mais de 35 mil lugares— dão a dica: a Cinemark é líder no mercado brasileiro quando o assunto é cinema. O Cinemark, que também figura como a segunda maior rede exibidora do mundo, é o melhor cinema de São Paulo, na avaliação de paulistanos das classes A e B, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha. A rede foi eleita a melhor por 48% da população que figura nessas classes. Marcelo Bertini, 51, presidente da Cinemark Brasil e da Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplexes), atribui o gigantismo da rede ao fato de ela focar "as preferências do público". Segundo os números do Datafolha, a Cinemark é a rede mais lembrada pelos paulistanos. Especialmente nas regiões norte, onde 57% da população a aponta como a melhor exibidora de filmes da cidade. Infográfico/Arte Folha Entre os quatro cinemas que a zona abrigava na época da pesquisa, feita entre os dias 18 e 20 de março, três são da rede. Recentemente, a marca inaugurou mais dois complexos na área, o Tietê Plaza Shopping Cinemark e o Lar Center Cinemark. Outro fator também ajuda a entender, na avaliação da empresa, a lembrança predominante entre as classes A e B: a Cinemark criou o conceito "prime" no Brasil. O ingresso para entrar em uma das salas deste tipo chega a custar R$ 65. As primeiras da rede foram inauguradas em 2010 no shopping Cidade Jardim. Bertini classifica o serviço destes espaços como "diferenciado desde a chegada do público até a saída do cinema". Além do conforto das poltronas reclináveis, esses locais de exibição oferecem um cardápio VIP, com garçons que atendem dentro da própria sala. Nele, há opções que vão desde a costela com manteiga servida em um pão e acompanhada de chips de batata (R$ 35) ao vinho Château Castera - Medoc (R$ 54). Com complexos apenas em shoppings, a marca investe ainda no público que busca tecnologia: as salas Extreme Digital Cinema - XD, que têm telas 40% maiores que as convencionais e um som com sete vezes mais potência, estão presentes em 13 cinemas da metrópole. Serviço: Rede com 160 salas de exibição de filmes na cidade O que oferece: Tecnologias Extreme Digital, com telas maiores, e D-Box, com poltronas que simulam vibrações e quedas Criação: Na ativa desde outubro de 1997 Contato: cinemark.com.br e instagram.com/cinemarkoficial Mapa/Folha + Erramos | 9 |
Bagagem transparente | Se a maioria dos países segue um determinado caminho e o Brasil escolhe outro, há boas chances de que a decisão errada tenha sido tomada por aqui. Embora não se trate de consequência necessária, com frequência é o que se verifica em matéria econômica, institucional ou de regulação. Assim, pelo menos em teoria, é positivo o pacote de medidas aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que aproxima as normas brasileiras da prática internacional. Além de imprimir um pouco mais de agilidade ao setor da aviação, as mudanças abrem espaço para a chegada de companhias aéreas de baixo custo, o que aumentaria bastante a concorrência e beneficiaria os viajantes. Desperta controvérsia, contudo, a decisão de revogar a franquia obrigatória de bagagens. A partir de março de 2017, as empresas poderão cobrar uma taxa pelo serviço. Segundo a regra atual, em voos nacionais pode-se despachar, sem custos, uma mala de até 23 kg; nos internacionais, o limite é de duas malas de até 32 kg. O Ministério Público Federal já se declarou contrário ao pacote da Anac. Alega que a cobrança pela bagagem é ilegal e afirma não haver garantias de que as mudanças se traduzirão em vantagens econômicas para os passageiros. Embora a gratuidade seja de evidente apelo popular, não se pode ignorar que o transporte de malas representa um custo nada desprezível para as empresas, estimado em R$ 117 milhões anuais. A franquia hoje existente soa como um direito de quem despacha sua mala, mas no fundo é uma espécie de subsídio cruzado: o passageiro com pouca bagagem arca com parte do custo daquele que viaja com a carga máxima permitida. A nova regra representa um ganho em termos de transparência e justiça tarifária —cada um pagará por aquilo que utiliza. Ademais, nada impedirá que as companhias ofereçam algum tipo de isenção. Outras medidas relevantes, e menos polêmicas, também conferem maior racionalidade ao sistema. São os casos da indenização imediata quando há mudança de horário de voo, da possibilidade de cancelar sem custos uma passagem até 24 horas após a compra e da redução do prazo de reembolso de 30 para 7 dias. No entanto, para que a diminuição de preços de fato se materialize, como almeja a Anac, é preciso haver concorrência real entre as companhias —e o atual cenário econômico dificilmente inspirará empresários aéreos a estender suas operações para o Brasil. [email protected] | opiniao | Bagagem transparenteSe a maioria dos países segue um determinado caminho e o Brasil escolhe outro, há boas chances de que a decisão errada tenha sido tomada por aqui. Embora não se trate de consequência necessária, com frequência é o que se verifica em matéria econômica, institucional ou de regulação. Assim, pelo menos em teoria, é positivo o pacote de medidas aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que aproxima as normas brasileiras da prática internacional. Além de imprimir um pouco mais de agilidade ao setor da aviação, as mudanças abrem espaço para a chegada de companhias aéreas de baixo custo, o que aumentaria bastante a concorrência e beneficiaria os viajantes. Desperta controvérsia, contudo, a decisão de revogar a franquia obrigatória de bagagens. A partir de março de 2017, as empresas poderão cobrar uma taxa pelo serviço. Segundo a regra atual, em voos nacionais pode-se despachar, sem custos, uma mala de até 23 kg; nos internacionais, o limite é de duas malas de até 32 kg. O Ministério Público Federal já se declarou contrário ao pacote da Anac. Alega que a cobrança pela bagagem é ilegal e afirma não haver garantias de que as mudanças se traduzirão em vantagens econômicas para os passageiros. Embora a gratuidade seja de evidente apelo popular, não se pode ignorar que o transporte de malas representa um custo nada desprezível para as empresas, estimado em R$ 117 milhões anuais. A franquia hoje existente soa como um direito de quem despacha sua mala, mas no fundo é uma espécie de subsídio cruzado: o passageiro com pouca bagagem arca com parte do custo daquele que viaja com a carga máxima permitida. A nova regra representa um ganho em termos de transparência e justiça tarifária —cada um pagará por aquilo que utiliza. Ademais, nada impedirá que as companhias ofereçam algum tipo de isenção. Outras medidas relevantes, e menos polêmicas, também conferem maior racionalidade ao sistema. São os casos da indenização imediata quando há mudança de horário de voo, da possibilidade de cancelar sem custos uma passagem até 24 horas após a compra e da redução do prazo de reembolso de 30 para 7 dias. No entanto, para que a diminuição de preços de fato se materialize, como almeja a Anac, é preciso haver concorrência real entre as companhias —e o atual cenário econômico dificilmente inspirará empresários aéreos a estender suas operações para o Brasil. [email protected] | 7 |
O método em debate | RESUMO Controvérsias no meio da física e da cosmologia põem em questão o método científico na elaboração de teorias arrojadas. Neste ano, George Ellis e Joseph Silk criticaram cientistas que deixam de lado a confirmação experimental, alegando que certas teorias só precisariam ser "suficientemente elegantes e explicativas". * Será que físicos precisam de evidência empírica para confirmar suas teorias? Tradicionalmente, a resposta deveria ser um "sim!" intransigente, dado que a ciência funciona através da confirmação experimental de hipóteses. É como aprendemos o famoso método científico na escola: uma hipótese sobre como funciona o mundo, por mais absurda que pareça, se bem formulada, merece ser testada no laboratório ou, no caso das ciências astronômicas, por meio de observações telescópicas. É claro que existem nuances aqui. Por exemplo, é possível afirmar que teorias nunca estão "certas", sendo descrições provisórias do que podemos aferir da natureza. Segundo esse prisma, o papel da ciência é provar que teorias estão erradas, substituindo-as por outras teorias que funcionam provisoriamente. De qualquer modo, sem o teste empírico é impossível averiguar a plausibilidade de uma hipótese científica. Por mais de 400 anos essa metodologia vem funcionando espetacularmente bem. Porém, uma controvérsia nas fronteiras da física e da cosmologia vem forçando cientistas a repensar o papel do método científico na elaboração de suas teorias mais arrojadas, sugerindo que, talvez, a questão não seja tão simples. No início deste ano, George Ellis e Joseph Silk, dois pesquisadores de renome internacional, publicaram um ensaio na revista "Nature" com o título "Método Científico: Defenda a Integridade da Física". Nele, os autores criticam um grupo de cientistas que vem casualmente deixando de lado a necessidade de confirmação experimental no estudo de teorias cósmicas ambiciosas, alegando que basta que essas teorias sejam "suficientemente elegantes e explicativas". Ellis e Silk alertam que, mesmo trabalhando nas fronteiras do conhecimento, esses cientistas estão "rompendo com uma tradição filosófica de séculos, que define o conhecimento científico como sendo empírico". Ellis e Silk expressam a preocupação de muitos cientistas. Afinal, o método científico dá credibilidade à ciência. Sem ele, como garantir que hipóteses sobre a natureza não passam de fantasias? Como defender a ciência publicamente em situações politizadas, como no caso do aquecimento global? Como chegamos nesse impasse? De certa forma, a descoberta sensacional do bóson de Higgs três anos atrás por pesquisadores do Cern (Centro Europeu de Física Nuclear) trabalhando no Grande Colisor de Hádrons (LHC) marcou o fim de uma era. Com existência prevista em meados da década de 1960, o elusivo bóson era a peça que faltava no que os físicos chamam de Modelo Padrão da física de partículas, uma teoria matemática que descreve todas as partículas de matéria conhecidas e suas interações através de três forças que agem sobre elas (o eletromagnetismo e as forças nucleares fraca e forte). Completando a descrição moderna, adicionamos uma quarta força, a gravidade. Beco Apesar de seu enorme sucesso, o Modelo Padrão é um beco sem saída. Não podemos usá-lo para unir a descrição da matéria como composta por minúsculas entidades subatômicas (as partículas elementares, como os quarks, que compõem o próton e o nêutron, e o elétron) com o outro pilar da física do século 20, a teoria da relatividade geral de Einstein, que descreve a gravidade. Sem uma união dessas duas teorias –o que chamamos de uma teoria da gravitação quântica– não podemos saber porque o universo é composto dessas partículas e não outras, ou porque tem essas quatro forças. Também não sabemos como entender o Big Bang, o evento cósmico que marca o início do tempo. É aqui que a possibilidade de uma ciência sem validação empírica surge para assombrar a consciência dos físicos. Por mais de meio século, cientistas tentam ir além do Modelo Padrão, criando teorias com o objetivo de unir a gravidade com o mundo das partículas. Apesar das muitas possibilidades sugeridas nesse período (como a popular teoria das supercordas), infelizmente nenhuma oferece qualquer sinal de evidência empírica. Se medirmos o sucesso de uma hipótese científica pelo número de seus aderentes, a vencedora atual chama-se supersimetria (o "super" das supercordas vem daí). Teorias supersimétricas preveem que cada partícula de matéria tem uma companheira supersimétrica, efetivamente dobrando o número de tijolos fundamentais de matéria que existem na natureza. A teoria é matematicamente elegante, e pode até solucionar a questão da "matéria escura": sabemos que existe um tipo de matéria no universo seis vezes mais abundante do que a matéria comum que não emite luz (portanto, "escura"), mas não sabemos que matéria é essa. Dada a utilidade (ao menos hipotética) da supersimetria, muitos pesquisadores estavam confiantes de que a teoria seria confirmada assim que o LHC entrasse em funcionamento. A natureza não perderia uma chance dessas. Mas não foi o que ocorreu. Até o momento, apesar de uma busca vigorosa em vários experimentos espalhados pelo mundo, nenhuma partícula prevista por teorias supersimétricas foi detectada. Se o LHC não descobrir ao menos uma delas (a mais leve, na maioria dos modelos), muitos cientistas jogarão a toalha, declarando a supersimetria (e, por extensão, as supercordas) mais uma bela ideia na física que não deu certo. Mas muitos não entregarão os pontos, optando por redefinir seus modelos de forma que as massas das partículas supersimétricas sejam tão grandes que escapariam à detecção no LHC, ou em algum substituto no futuro próximo. (O alcance de um detector depende da energia atingida pelas partículas ao colidirem entre si: quanto maior a energia da colisão, maior a massa das partículas produzidas, consequência direta da famosa fórmula E = mc². Colisores de partículas transmutam energia em matéria, um dos aspectos mais surpreendentes da física moderna. Físicos gostam de brincar que é como se colidíssemos duas bolas de tênis para criar um Boeing 747.) A possibilidade de redefinição dos parâmetros que definem os modelos teóricos (como a massa das partículas supersimétricas) leva a uma questão filosófica essencial: como determinar a validade duma teoria se não podemos testá-la experimentalmente? Será que deve ser abandonada simplesmente porque, com a tecnologia disponível num determinado momento, é impossível encontrar evidência empírica a seu favor? Nesse caso, quanto tempo devemos esperar por novas tecnologias antes de aposentar a teoria: dez anos? Cinquenta anos? Séculos? Quando paramos de reajustar parâmetros para manter a teoria viável? Como outro exemplo, considere a teoria do multiverso, que sugere que nosso universo seja apenas um dentre uma multidão de outros universos, separados por distâncias intransponíveis. Alguns cientistas acreditam que essa teoria possa resolver questões complexas sobre nosso universo como, por exemplo, os valores dos parâmetros do Modelo Padrão (massa do elétron e dos quarks, suas cargas elétricas etc.). Mas o preço é alto: os outros universos são inobserváveis diretamente. Mesmo assim, os defensores da ideia do multiverso consideram importante continuar à explorá-la, buscando ao menos por evidência indireta da existência de outros universos. SEM PROVAS O time oposto, no entanto, tem suas objeções. Considere uma teoria que explica o que podemos detectar supondo a existência de entidades que não podemos detectar (como outros universos ou as dimensões extras das teorias das supercordas). Qual o status que devemos atribuir a essas entidades? Devemos considerá-las tão reais quanto as partículas do Modelo Padrão? Nesse caso, como justificar cientificamente que sua existência é diferente da de outras entidades inobserváveis que podem ser propostas para explicar a realidade, como fadas ou duendes? (O leitor pode escolher a sua favorita.) É bom lembrar dos epiciclos, os círculos imaginários que Ptolomeu propôs por volta de 150 d.C. para descrever o movimento dos planetas. Mesmo que não houvesse qualquer evidência de sua existência, epiciclos explicavam satisfatoriamente o que os astrônomos da Grécia Antiga observavam nos céus. Com isso, muitos os consideravam reais. Passaram-se mais de 1.500 anos até que os epiciclos começassem a ser vistos como ficção, nada mais do que uma ferramenta que possibilitava o cálculo das órbitas planetárias. Será que as supercordas e o multiverso, frutos de algumas das mentes mais brilhantes do planeta, não passam de versões modernas dos epiciclos? No final de maio, cientistas reiniciaram as pesquisas no LHC, após uma parada de dois anos. A interrupção foi proposital, para que a energia das colisões entre as partículas fosse aumentada, chegando agora quase ao dobro do valor anterior. Com isso, físicos poderão explorar as propriedades do bóson de Higgs com mais detalhes, inclusive determinando se ele é ou não composto por partículas ainda menores. Mas o grande foco das novas colisões é a busca por partículas supersimétricas. Caso sejam descobertas, será um enorme triunfo da física moderna, um dos maiores de todos os tempos. Mas caso nenhum indício de supersimetria seja encontrado, os próximos passos serão difíceis e plenos de controvérsia, desafiando não só o modo como avança o conhecimento nessa área mas também o papel do método científico no futuro da ciência em geral. Nota: Este texto é uma versão ampliada do publicado pelo autor, em coautoria com o físico Adam Frank, no jornal "The New York Times", em 7 de junho. MARCELO GLEISER, 56, é professor de física, astronomia e filosofia natural no Darmouth College, nos EUA. Seu livro mais recente é "A Ilha do Conhecimento" (Record). | ilustrissima | O método em debateRESUMO Controvérsias no meio da física e da cosmologia põem em questão o método científico na elaboração de teorias arrojadas. Neste ano, George Ellis e Joseph Silk criticaram cientistas que deixam de lado a confirmação experimental, alegando que certas teorias só precisariam ser "suficientemente elegantes e explicativas". * Será que físicos precisam de evidência empírica para confirmar suas teorias? Tradicionalmente, a resposta deveria ser um "sim!" intransigente, dado que a ciência funciona através da confirmação experimental de hipóteses. É como aprendemos o famoso método científico na escola: uma hipótese sobre como funciona o mundo, por mais absurda que pareça, se bem formulada, merece ser testada no laboratório ou, no caso das ciências astronômicas, por meio de observações telescópicas. É claro que existem nuances aqui. Por exemplo, é possível afirmar que teorias nunca estão "certas", sendo descrições provisórias do que podemos aferir da natureza. Segundo esse prisma, o papel da ciência é provar que teorias estão erradas, substituindo-as por outras teorias que funcionam provisoriamente. De qualquer modo, sem o teste empírico é impossível averiguar a plausibilidade de uma hipótese científica. Por mais de 400 anos essa metodologia vem funcionando espetacularmente bem. Porém, uma controvérsia nas fronteiras da física e da cosmologia vem forçando cientistas a repensar o papel do método científico na elaboração de suas teorias mais arrojadas, sugerindo que, talvez, a questão não seja tão simples. No início deste ano, George Ellis e Joseph Silk, dois pesquisadores de renome internacional, publicaram um ensaio na revista "Nature" com o título "Método Científico: Defenda a Integridade da Física". Nele, os autores criticam um grupo de cientistas que vem casualmente deixando de lado a necessidade de confirmação experimental no estudo de teorias cósmicas ambiciosas, alegando que basta que essas teorias sejam "suficientemente elegantes e explicativas". Ellis e Silk alertam que, mesmo trabalhando nas fronteiras do conhecimento, esses cientistas estão "rompendo com uma tradição filosófica de séculos, que define o conhecimento científico como sendo empírico". Ellis e Silk expressam a preocupação de muitos cientistas. Afinal, o método científico dá credibilidade à ciência. Sem ele, como garantir que hipóteses sobre a natureza não passam de fantasias? Como defender a ciência publicamente em situações politizadas, como no caso do aquecimento global? Como chegamos nesse impasse? De certa forma, a descoberta sensacional do bóson de Higgs três anos atrás por pesquisadores do Cern (Centro Europeu de Física Nuclear) trabalhando no Grande Colisor de Hádrons (LHC) marcou o fim de uma era. Com existência prevista em meados da década de 1960, o elusivo bóson era a peça que faltava no que os físicos chamam de Modelo Padrão da física de partículas, uma teoria matemática que descreve todas as partículas de matéria conhecidas e suas interações através de três forças que agem sobre elas (o eletromagnetismo e as forças nucleares fraca e forte). Completando a descrição moderna, adicionamos uma quarta força, a gravidade. Beco Apesar de seu enorme sucesso, o Modelo Padrão é um beco sem saída. Não podemos usá-lo para unir a descrição da matéria como composta por minúsculas entidades subatômicas (as partículas elementares, como os quarks, que compõem o próton e o nêutron, e o elétron) com o outro pilar da física do século 20, a teoria da relatividade geral de Einstein, que descreve a gravidade. Sem uma união dessas duas teorias –o que chamamos de uma teoria da gravitação quântica– não podemos saber porque o universo é composto dessas partículas e não outras, ou porque tem essas quatro forças. Também não sabemos como entender o Big Bang, o evento cósmico que marca o início do tempo. É aqui que a possibilidade de uma ciência sem validação empírica surge para assombrar a consciência dos físicos. Por mais de meio século, cientistas tentam ir além do Modelo Padrão, criando teorias com o objetivo de unir a gravidade com o mundo das partículas. Apesar das muitas possibilidades sugeridas nesse período (como a popular teoria das supercordas), infelizmente nenhuma oferece qualquer sinal de evidência empírica. Se medirmos o sucesso de uma hipótese científica pelo número de seus aderentes, a vencedora atual chama-se supersimetria (o "super" das supercordas vem daí). Teorias supersimétricas preveem que cada partícula de matéria tem uma companheira supersimétrica, efetivamente dobrando o número de tijolos fundamentais de matéria que existem na natureza. A teoria é matematicamente elegante, e pode até solucionar a questão da "matéria escura": sabemos que existe um tipo de matéria no universo seis vezes mais abundante do que a matéria comum que não emite luz (portanto, "escura"), mas não sabemos que matéria é essa. Dada a utilidade (ao menos hipotética) da supersimetria, muitos pesquisadores estavam confiantes de que a teoria seria confirmada assim que o LHC entrasse em funcionamento. A natureza não perderia uma chance dessas. Mas não foi o que ocorreu. Até o momento, apesar de uma busca vigorosa em vários experimentos espalhados pelo mundo, nenhuma partícula prevista por teorias supersimétricas foi detectada. Se o LHC não descobrir ao menos uma delas (a mais leve, na maioria dos modelos), muitos cientistas jogarão a toalha, declarando a supersimetria (e, por extensão, as supercordas) mais uma bela ideia na física que não deu certo. Mas muitos não entregarão os pontos, optando por redefinir seus modelos de forma que as massas das partículas supersimétricas sejam tão grandes que escapariam à detecção no LHC, ou em algum substituto no futuro próximo. (O alcance de um detector depende da energia atingida pelas partículas ao colidirem entre si: quanto maior a energia da colisão, maior a massa das partículas produzidas, consequência direta da famosa fórmula E = mc². Colisores de partículas transmutam energia em matéria, um dos aspectos mais surpreendentes da física moderna. Físicos gostam de brincar que é como se colidíssemos duas bolas de tênis para criar um Boeing 747.) A possibilidade de redefinição dos parâmetros que definem os modelos teóricos (como a massa das partículas supersimétricas) leva a uma questão filosófica essencial: como determinar a validade duma teoria se não podemos testá-la experimentalmente? Será que deve ser abandonada simplesmente porque, com a tecnologia disponível num determinado momento, é impossível encontrar evidência empírica a seu favor? Nesse caso, quanto tempo devemos esperar por novas tecnologias antes de aposentar a teoria: dez anos? Cinquenta anos? Séculos? Quando paramos de reajustar parâmetros para manter a teoria viável? Como outro exemplo, considere a teoria do multiverso, que sugere que nosso universo seja apenas um dentre uma multidão de outros universos, separados por distâncias intransponíveis. Alguns cientistas acreditam que essa teoria possa resolver questões complexas sobre nosso universo como, por exemplo, os valores dos parâmetros do Modelo Padrão (massa do elétron e dos quarks, suas cargas elétricas etc.). Mas o preço é alto: os outros universos são inobserváveis diretamente. Mesmo assim, os defensores da ideia do multiverso consideram importante continuar à explorá-la, buscando ao menos por evidência indireta da existência de outros universos. SEM PROVAS O time oposto, no entanto, tem suas objeções. Considere uma teoria que explica o que podemos detectar supondo a existência de entidades que não podemos detectar (como outros universos ou as dimensões extras das teorias das supercordas). Qual o status que devemos atribuir a essas entidades? Devemos considerá-las tão reais quanto as partículas do Modelo Padrão? Nesse caso, como justificar cientificamente que sua existência é diferente da de outras entidades inobserváveis que podem ser propostas para explicar a realidade, como fadas ou duendes? (O leitor pode escolher a sua favorita.) É bom lembrar dos epiciclos, os círculos imaginários que Ptolomeu propôs por volta de 150 d.C. para descrever o movimento dos planetas. Mesmo que não houvesse qualquer evidência de sua existência, epiciclos explicavam satisfatoriamente o que os astrônomos da Grécia Antiga observavam nos céus. Com isso, muitos os consideravam reais. Passaram-se mais de 1.500 anos até que os epiciclos começassem a ser vistos como ficção, nada mais do que uma ferramenta que possibilitava o cálculo das órbitas planetárias. Será que as supercordas e o multiverso, frutos de algumas das mentes mais brilhantes do planeta, não passam de versões modernas dos epiciclos? No final de maio, cientistas reiniciaram as pesquisas no LHC, após uma parada de dois anos. A interrupção foi proposital, para que a energia das colisões entre as partículas fosse aumentada, chegando agora quase ao dobro do valor anterior. Com isso, físicos poderão explorar as propriedades do bóson de Higgs com mais detalhes, inclusive determinando se ele é ou não composto por partículas ainda menores. Mas o grande foco das novas colisões é a busca por partículas supersimétricas. Caso sejam descobertas, será um enorme triunfo da física moderna, um dos maiores de todos os tempos. Mas caso nenhum indício de supersimetria seja encontrado, os próximos passos serão difíceis e plenos de controvérsia, desafiando não só o modo como avança o conhecimento nessa área mas também o papel do método científico no futuro da ciência em geral. Nota: Este texto é uma versão ampliada do publicado pelo autor, em coautoria com o físico Adam Frank, no jornal "The New York Times", em 7 de junho. MARCELO GLEISER, 56, é professor de física, astronomia e filosofia natural no Darmouth College, nos EUA. Seu livro mais recente é "A Ilha do Conhecimento" (Record). | 14 |
Acompanhamento do contrato social | Com os números do gasto público fechados para 2014, é o momento de acompanharmos a evolução do que venho chamando de contrato social, a expansão dos gastos sociais brasileiros em função da demanda nesse sentido manifestada pelos eleitores desde a reinstauração da democracia. De 1997 até 2014, o gasto não financeiro da União, excluindo transferências a Estados e municípios, cresceu de 14% do PIB (Produto Interno Bruto) para 20%. Trata-se de expansão de seis pontos percentuais do PIB de uma economia cujo crescimento real acumulado no período foi de 60%. De acordo com o IBGE, a carga tributária bruta no Brasil era de 28,6% do PIB em 1997. Atualmente deve estar na casa de 36% –aumento, portanto, de 7,4 pontos percentuais do PIB desde 1997. Desse crescimento, 6 pontos percentuais foram, como vimos, para o gasto não financeiro da União. O 1,4 ponto percentual restante deve corresponder ao crescimento dos gastos dos governos regionais. O próximo passo é sabermos quais rubricas se expandiram: 44% do crescimento, ou 2,7 pontos percentuais do PIB, deveu-se à elevação dos gastos com INSS; 11%, ao custeio da saúde e educação; e 30%, ao crescimento dos programas sociais, rubrica que compreende o Bolsa Família, o seguro-desemprego, benefícios da lei orgânica da assistência social e o abono salarial. Ou seja, 85% da elevação do gasto da União em pontos de percentagem do PIB ocorrida de 1997 até hoje se deveu a três rubricas do gasto social. Se incluirmos os subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida, encontraremos 90% do aumento! O aumento do gasto não financeiro da União tem ocorrido porque a sociedade, por meio do Congresso Nacional, desenhou programas sociais com critérios de elegibilidade e valores de benefícios ou subsídios, como é o caso do Minha Casa, Minha Vida, que resultam em crescimento automático do gasto público ao ritmo de 0,36 ponto percentual do PIB todo ano. Evidentemente, para que a conta feche, a carga tributária tem que crescer ao mesmo ritmo todo ano. Existe um desequilíbrio entre a demanda sobre o setor público que decorre da legislação e a capacidade do setor público de arrecadar. Como escrevi em coluna recente, esse desequilíbrio foi mascarado por alguns anos por alguns eventos que não se repetirão –como a forte formalização do mercado de trabalho– e que resultaram numa taxa de crescimento da receita pública maior do que a taxa de crescimento do produto. Essa dinâmica muito favorável da receita deixou de existir em 2012. O buraco fiscal que se abriu desde então resultou essencialmente do processo automático de crescimento do gasto público –fruto do contrato social– e da redução natural na taxa de crescimento da receita, para valores compatíveis com o crescimento do produto. A situação fiscal foi agravada por uma política desastrosa de desoneração tributária e controle de preços que a atual equipe econômica tem revertido. Assim, é importante que a sociedade entenda que ou revemos os termos do contrato social –critérios de elegibilidade e valores de benefícios e subsídios implícitos nos diversos programas sociais– ou é necessário passarmos por uma nova rodada de elevação, ainda maior do que está programado para 2015 e 2016, da carga tributária. É nesse contexto que as medidas de reformulação dos critérios de elegibilidade e valor dos benefícios do seguro-desemprego, pensão por morte e abono salarial precisam ser analisadas. Além de atender ao objetivo de curto prazo de atingir o superavit primário de 1,2% do PIB, tão importante para que não percamos o grau de investimento na classificação de risco de nossa dívida soberana, as medidas atendem o objetivo estrutural, essencial em toda sociedade civilizada, de que os benefícios concedidos em lei tenham dinâmica compatível com a evolução do Orçamento. É importante que o Congresso Nacional entenda esse ponto e aprove as medidas do ajuste fiscal. | colunas | Acompanhamento do contrato socialCom os números do gasto público fechados para 2014, é o momento de acompanharmos a evolução do que venho chamando de contrato social, a expansão dos gastos sociais brasileiros em função da demanda nesse sentido manifestada pelos eleitores desde a reinstauração da democracia. De 1997 até 2014, o gasto não financeiro da União, excluindo transferências a Estados e municípios, cresceu de 14% do PIB (Produto Interno Bruto) para 20%. Trata-se de expansão de seis pontos percentuais do PIB de uma economia cujo crescimento real acumulado no período foi de 60%. De acordo com o IBGE, a carga tributária bruta no Brasil era de 28,6% do PIB em 1997. Atualmente deve estar na casa de 36% –aumento, portanto, de 7,4 pontos percentuais do PIB desde 1997. Desse crescimento, 6 pontos percentuais foram, como vimos, para o gasto não financeiro da União. O 1,4 ponto percentual restante deve corresponder ao crescimento dos gastos dos governos regionais. O próximo passo é sabermos quais rubricas se expandiram: 44% do crescimento, ou 2,7 pontos percentuais do PIB, deveu-se à elevação dos gastos com INSS; 11%, ao custeio da saúde e educação; e 30%, ao crescimento dos programas sociais, rubrica que compreende o Bolsa Família, o seguro-desemprego, benefícios da lei orgânica da assistência social e o abono salarial. Ou seja, 85% da elevação do gasto da União em pontos de percentagem do PIB ocorrida de 1997 até hoje se deveu a três rubricas do gasto social. Se incluirmos os subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida, encontraremos 90% do aumento! O aumento do gasto não financeiro da União tem ocorrido porque a sociedade, por meio do Congresso Nacional, desenhou programas sociais com critérios de elegibilidade e valores de benefícios ou subsídios, como é o caso do Minha Casa, Minha Vida, que resultam em crescimento automático do gasto público ao ritmo de 0,36 ponto percentual do PIB todo ano. Evidentemente, para que a conta feche, a carga tributária tem que crescer ao mesmo ritmo todo ano. Existe um desequilíbrio entre a demanda sobre o setor público que decorre da legislação e a capacidade do setor público de arrecadar. Como escrevi em coluna recente, esse desequilíbrio foi mascarado por alguns anos por alguns eventos que não se repetirão –como a forte formalização do mercado de trabalho– e que resultaram numa taxa de crescimento da receita pública maior do que a taxa de crescimento do produto. Essa dinâmica muito favorável da receita deixou de existir em 2012. O buraco fiscal que se abriu desde então resultou essencialmente do processo automático de crescimento do gasto público –fruto do contrato social– e da redução natural na taxa de crescimento da receita, para valores compatíveis com o crescimento do produto. A situação fiscal foi agravada por uma política desastrosa de desoneração tributária e controle de preços que a atual equipe econômica tem revertido. Assim, é importante que a sociedade entenda que ou revemos os termos do contrato social –critérios de elegibilidade e valores de benefícios e subsídios implícitos nos diversos programas sociais– ou é necessário passarmos por uma nova rodada de elevação, ainda maior do que está programado para 2015 e 2016, da carga tributária. É nesse contexto que as medidas de reformulação dos critérios de elegibilidade e valor dos benefícios do seguro-desemprego, pensão por morte e abono salarial precisam ser analisadas. Além de atender ao objetivo de curto prazo de atingir o superavit primário de 1,2% do PIB, tão importante para que não percamos o grau de investimento na classificação de risco de nossa dívida soberana, as medidas atendem o objetivo estrutural, essencial em toda sociedade civilizada, de que os benefícios concedidos em lei tenham dinâmica compatível com a evolução do Orçamento. É importante que o Congresso Nacional entenda esse ponto e aprove as medidas do ajuste fiscal. | 1 |
Secretário de SP exclui educação de papel do Estado e gera reação negativa | O secretário estadual da Educação de São Paulo, José Renato Nalini, publicou artigo no site da pasta defendendo que o Estado atue apenas em situações "elementares e básicas", sem mencionar o atendimento à educação. Para o integrante do governo Geraldo Alckmin (PSDB), "tudo o mais deveria ser providenciado pelos particulares" e há uma "proliferação de direitos fundamentais" (leia a íntegra abaixo). O texto provocou reação negativa entre educadores e especialistas, principalmente por desconsiderar o papel do Estado na garantia do direito à educação. O artigo "A sociedade órfã" foi publicado na terça-feira (5) no canal de notícias do site da secretaria. O espaço é destinado a informações e posicionamentos da pasta. No texto, Nalini critica a visão do Estado como "provedor", que teria se consolidado a partir da perda de importância de referências como a família, a igreja e a escola. "Muito ajuda o Estado que não atrapalha", diz. "Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça, como emblemáticas." Para Nalini, a população "se acostumou a reivindicar". "Tudo aquilo que antigamente era fruto do trabalho, do esforço [...], passou à categoria de 'direito'", afirma. O secretário sugere o resgate dos valores da família e da igreja. Ex-presidente do Tribunal de Justiça, Nalini assumiu a secretaria em janeiro pregando a abertura ao diálogo após movimento de ocupações de escolas no ano passado. Nina Ranieri, professora da USP e especialista em direito à educação, diz estranhar o trecho em que o secretário elenca as missões do Estado. "Ele cita segurança e justiça, esquecendo educação e saúde, direitos fundamentais celebrados na Constituição." Para Salomão Ximenes, professor da Universidade Federal do ABC, o artigo mostra uma visão de um Estado que só atuaria quando a família não consegue, ao contrário do que a Constituição prevê. Ele critica a inclusão do artigo no site da pasta. "É um espaço para se comunicar com alunos e professores. Não é oportuno que ninguém, quanto mais o secretário, use para doutrinação." Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara se disse "atônito" com o texto também por, na sua visão, ele ir contra a Constituição. Priscila Cruz, do Movimento Todos Pela Educação, diz que a publicação indica a ideia equivocada de que a sociedade deve cobrar menos do poder público. "Não vamos esquecer que 245 mil jovens estão fora da escola em São Paulo. Cadê as ações do governo para trazê-los?" Ela pondera que não basta reivindicar. "A gente precisa assumir algumas responsabilidades, porque só a dimensão do direito não vai fazer a gente avançar." 'POUCA ATENÇÃO' À Folha Nalini afirmou que o texto reflete uma visão geral, não só da educação, e é um chamado à "consciência". "Falei na questão de justiça e segurança porque a família não pode se encarregar disso", diz. "Quem leu e encontrou a incongruência ou foi pouca atenção ou má-fé." Segundo Nalini, a importância da educação é um pressuposto, "mas a família pode colaborar mais." "As pessoas precisam ter mais consciência de que as pretensões podem ser todas legítimas e justificadas, mas a dimensão das reivindicações às vezes não cabe no PIB", afirma. Leia abaixo a íntegra do texto do secretário da Educação, José Renato Nalini, publicado no site da Secretaria Estadual da Educação na última terça (5). * Uma das explicações para a situação de anomia que a sociedade humana enfrenta em nossos dias é a de que ela se tornou órfã. Com efeito. A fragmentação da família, a perda de importância da figura paterna "" e também a materna "" a irrelevância da Igreja e da Escola em múltiplos ambientes, gera um convívio amorfo. Predomina o egoísmo, o consumismo, o êxtase momentâneo por sensações baratas, a ilusão do sexo, a volúpia da velocidade, o desencanto e o niilismo. Uma sociedade órfã vai se socorrer de instâncias que substituam a tíbia parentalidade. O Estado assume esse papel de provedor e se assenhoreia de incumbências que não seriam dele. Afinal, Estado é instrumento de coordenação do convívio, assegurador das condições essenciais a que indivíduos e grupos intermediários possam atender à sua vocação. Muito ajuda o Estado que não atrapalha. Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça, como emblemáticas. Tudo o mais, deveria ser providenciado pelos particulares. Lamentavelmente, não é isso o que ocorre. Da feição "gendarme", na concepção do "laissez faire, laissez passer", de mero observador, o Estado moderno assumiu a fisionomia do "welfare state". Ou seja: considerou-se responsável por inúmeras outras tarefas, formatando exteriorizações múltiplas para vencê-las, auto-atribuindo-se de tamanhos encargos, que deles não deu mais conta. A população se acostumou a reivindicar. Tudo aquilo que antigamente era fruto do trabalho, do esforço, do sacrifício e do empenho, passou à categoria de "direito". E de "direito fundamental", ou seja, aquele que não pode ser negado e que deve ser usufruído por todas as pessoas. A proliferação de direitos fundamentais causou a trivialização do conceito de direito e, com esse nome, começaram a ser exigíveis desejos, aspirações, anseios, vontades mimadas e até utopias. Tudo a ser propiciado por um Estado que se tornou onipotente, onisciente, onipresente e perdeu a característica de instrumento, para se converter em finalidade. Todas as reivindicações encontram eco no Estado-babá, cuja outra face é o Estado-polvo, tentacular, interventor e intervencionista. Para seu sustento, agrava a arrecadação, penaliza o contribuinte, inventa tributos e é inflexível ao cobrá-los. Vive-se a paranoia de um Estado a cada dia maior. Inflado, inchado, inflamado e ineficiente. Sob suas formas tradicionais "" Executivo, Legislativo e Judiciário. Todas elas alvo fácil das exigências, cabidas e descabidas, de uma legião ávida por assistência integral. Desde o pré-natal à sepultura, tudo tem de ser oferecido pelo Estado. E assim se acumulam demandas junto ao Governo, junto ao Parlamento, junto ao sistema Justiça. O Brasil é um caso emblemático. Passa ao restante do globo a sensação de que todos litigam contra todos. São mais de 106 milhões de processos em curso. Mais da metade deles não precisaria estar na Justiça. Mas é preciso atender também ao mercado jurídico, ainda promissor e ainda aliciante de milhões de jovens que se iludem, mas que poderão enfrentar dificuldades irremovíveis num futuro próximo. No dia em que a população perceber que ela não precisa ser órfã e que a receita para um Brasil melhor está no resgate dos valores esgarçados: no reforço da família, da escola, da Igreja e do convívio fraterno. Não no viés facilitado de acreditar que a orfandade será corrigida por um Estado que está capenga e perplexo, pois já não sabe como honrar suas ambiciosas promessas de tornar todos ricos e felizes. JOSÉ RENATO NALINI, secretário da Educação do Estado de São Paulo | educacao | Secretário de SP exclui educação de papel do Estado e gera reação negativaO secretário estadual da Educação de São Paulo, José Renato Nalini, publicou artigo no site da pasta defendendo que o Estado atue apenas em situações "elementares e básicas", sem mencionar o atendimento à educação. Para o integrante do governo Geraldo Alckmin (PSDB), "tudo o mais deveria ser providenciado pelos particulares" e há uma "proliferação de direitos fundamentais" (leia a íntegra abaixo). O texto provocou reação negativa entre educadores e especialistas, principalmente por desconsiderar o papel do Estado na garantia do direito à educação. O artigo "A sociedade órfã" foi publicado na terça-feira (5) no canal de notícias do site da secretaria. O espaço é destinado a informações e posicionamentos da pasta. No texto, Nalini critica a visão do Estado como "provedor", que teria se consolidado a partir da perda de importância de referências como a família, a igreja e a escola. "Muito ajuda o Estado que não atrapalha", diz. "Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça, como emblemáticas." Para Nalini, a população "se acostumou a reivindicar". "Tudo aquilo que antigamente era fruto do trabalho, do esforço [...], passou à categoria de 'direito'", afirma. O secretário sugere o resgate dos valores da família e da igreja. Ex-presidente do Tribunal de Justiça, Nalini assumiu a secretaria em janeiro pregando a abertura ao diálogo após movimento de ocupações de escolas no ano passado. Nina Ranieri, professora da USP e especialista em direito à educação, diz estranhar o trecho em que o secretário elenca as missões do Estado. "Ele cita segurança e justiça, esquecendo educação e saúde, direitos fundamentais celebrados na Constituição." Para Salomão Ximenes, professor da Universidade Federal do ABC, o artigo mostra uma visão de um Estado que só atuaria quando a família não consegue, ao contrário do que a Constituição prevê. Ele critica a inclusão do artigo no site da pasta. "É um espaço para se comunicar com alunos e professores. Não é oportuno que ninguém, quanto mais o secretário, use para doutrinação." Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara se disse "atônito" com o texto também por, na sua visão, ele ir contra a Constituição. Priscila Cruz, do Movimento Todos Pela Educação, diz que a publicação indica a ideia equivocada de que a sociedade deve cobrar menos do poder público. "Não vamos esquecer que 245 mil jovens estão fora da escola em São Paulo. Cadê as ações do governo para trazê-los?" Ela pondera que não basta reivindicar. "A gente precisa assumir algumas responsabilidades, porque só a dimensão do direito não vai fazer a gente avançar." 'POUCA ATENÇÃO' À Folha Nalini afirmou que o texto reflete uma visão geral, não só da educação, e é um chamado à "consciência". "Falei na questão de justiça e segurança porque a família não pode se encarregar disso", diz. "Quem leu e encontrou a incongruência ou foi pouca atenção ou má-fé." Segundo Nalini, a importância da educação é um pressuposto, "mas a família pode colaborar mais." "As pessoas precisam ter mais consciência de que as pretensões podem ser todas legítimas e justificadas, mas a dimensão das reivindicações às vezes não cabe no PIB", afirma. Leia abaixo a íntegra do texto do secretário da Educação, José Renato Nalini, publicado no site da Secretaria Estadual da Educação na última terça (5). * Uma das explicações para a situação de anomia que a sociedade humana enfrenta em nossos dias é a de que ela se tornou órfã. Com efeito. A fragmentação da família, a perda de importância da figura paterna "" e também a materna "" a irrelevância da Igreja e da Escola em múltiplos ambientes, gera um convívio amorfo. Predomina o egoísmo, o consumismo, o êxtase momentâneo por sensações baratas, a ilusão do sexo, a volúpia da velocidade, o desencanto e o niilismo. Uma sociedade órfã vai se socorrer de instâncias que substituam a tíbia parentalidade. O Estado assume esse papel de provedor e se assenhoreia de incumbências que não seriam dele. Afinal, Estado é instrumento de coordenação do convívio, assegurador das condições essenciais a que indivíduos e grupos intermediários possam atender à sua vocação. Muito ajuda o Estado que não atrapalha. Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça, como emblemáticas. Tudo o mais, deveria ser providenciado pelos particulares. Lamentavelmente, não é isso o que ocorre. Da feição "gendarme", na concepção do "laissez faire, laissez passer", de mero observador, o Estado moderno assumiu a fisionomia do "welfare state". Ou seja: considerou-se responsável por inúmeras outras tarefas, formatando exteriorizações múltiplas para vencê-las, auto-atribuindo-se de tamanhos encargos, que deles não deu mais conta. A população se acostumou a reivindicar. Tudo aquilo que antigamente era fruto do trabalho, do esforço, do sacrifício e do empenho, passou à categoria de "direito". E de "direito fundamental", ou seja, aquele que não pode ser negado e que deve ser usufruído por todas as pessoas. A proliferação de direitos fundamentais causou a trivialização do conceito de direito e, com esse nome, começaram a ser exigíveis desejos, aspirações, anseios, vontades mimadas e até utopias. Tudo a ser propiciado por um Estado que se tornou onipotente, onisciente, onipresente e perdeu a característica de instrumento, para se converter em finalidade. Todas as reivindicações encontram eco no Estado-babá, cuja outra face é o Estado-polvo, tentacular, interventor e intervencionista. Para seu sustento, agrava a arrecadação, penaliza o contribuinte, inventa tributos e é inflexível ao cobrá-los. Vive-se a paranoia de um Estado a cada dia maior. Inflado, inchado, inflamado e ineficiente. Sob suas formas tradicionais "" Executivo, Legislativo e Judiciário. Todas elas alvo fácil das exigências, cabidas e descabidas, de uma legião ávida por assistência integral. Desde o pré-natal à sepultura, tudo tem de ser oferecido pelo Estado. E assim se acumulam demandas junto ao Governo, junto ao Parlamento, junto ao sistema Justiça. O Brasil é um caso emblemático. Passa ao restante do globo a sensação de que todos litigam contra todos. São mais de 106 milhões de processos em curso. Mais da metade deles não precisaria estar na Justiça. Mas é preciso atender também ao mercado jurídico, ainda promissor e ainda aliciante de milhões de jovens que se iludem, mas que poderão enfrentar dificuldades irremovíveis num futuro próximo. No dia em que a população perceber que ela não precisa ser órfã e que a receita para um Brasil melhor está no resgate dos valores esgarçados: no reforço da família, da escola, da Igreja e do convívio fraterno. Não no viés facilitado de acreditar que a orfandade será corrigida por um Estado que está capenga e perplexo, pois já não sabe como honrar suas ambiciosas promessas de tornar todos ricos e felizes. JOSÉ RENATO NALINI, secretário da Educação do Estado de São Paulo | 12 |
No ritmo do LSD: Dois livros viajam pelo som da cultura psicodélica | RESUMO Dois autores, um britânico e outro americano, publicam livros sobre a história das bandas de rock que foram influenciadas e cultivaram a cultura lisérgica. Rob Chapman, inglês e biógrafo de Syd Barrett, desenha um painel mais amplo, enquanto Ben Graham destaca a psicodelia que se desenvolveu no Texas. Em 1943, o químico suíço Albert Hofmann (1906-2008) retomou as pesquisas que iniciara cinco anos antes ao sintetizar o ácido lisérgico a partir de um fungo encontrado no centeio. Trabalhando para a farmacêutica Sandoz, ele buscava uma substância que impedisse o sangramento após o parto. Aí entra em cena o acaso. Em sua 25ª tentativa, Hofmann adicionou a dietilamina, sintetizando a Dietilamida do Ácido Lisérgico, mais conhecida como LSD-25, e se contaminou, descobrindo acidentalmente as propriedades psicodélicas do que viria a chamar de seu "filho problemático", no livro escrito em 1979 sobre as suas primeiras experiências lisérgicas. Quatro anos depois de sua descoberta, a Sandoz lança no mercado o LSD-25 como Delysid. Até ser proibido em 1966, o fármaco foi objeto de numerosos estudos clínicos, principalmente no campo da psicoterapia, para o tratamento de alcoolismo e disfunções sexuais, mas também como arma química. A CIA, por exemplo, pesquisava seu uso para o controle da mente no auge da Guerra Fria. A realidade é que, conforme a comunidade de primeiros exploradores das viagens lisérgicas crescia, o Delysid ganhava concorrentes no mercado negro, sendo distribuído em papel, cubos de açúcar e misturado com o suco Kool-Aid para uma geração que buscava romper as amarras da tradição por meio da iluminação, da integração com a natureza e da liberdade criativa. Essa viagem química não era só de bênção e de contato profundo com a natureza física e metafísica. O ácido tinha o poder de desencadear doenças mentais e as famosas "bad trips", com suas visões aterrorizantes. Justamente por estar no fio de navalha entre o céu e o inferno, a experiência lisérgica é fundamental para a criação de uma subcultura que usa a abertura das portas da percepção para transformar radicalmente a arte, o cinema, a literatura e, sobretudo, a música nos anos 1960. É interessante que agora, no momento em que as pesquisas com LSD voltam a ser liberadas na Inglaterra e nos EUA depois de quase 40 anos de obscurantismo patrocinado pela guerra às drogas, dois livros recém-lançados recontem a história do uso do LSD como catalisador criativo para toda uma geração de músicos de perspectivas diferentes e complementares. O primeiro é "Psychedelia and Other Colours" [Faber & Faber, 656 págs., R$ 100, R$ 45 em e-book, na Amazon.com.br], de Rob Chapman, e o segundo, "A Gathering of Promises: The Battle for Texas's Psychedelic Music, From the 13th Floor Elevators to the Black Angels and Beyond" [Zero Books, 390 págs., R$ 53,42 em e-book na Amazon.com.br], de Ben Graham. PAINEL Chapman, biógrafo inglês do líder do Pink Floyd Syd Barrett, um dos principais símbolos da criatividade lisérgica e da tragédia que pode estar associada a ela, traz um painel mais amplo da psicodelia nos Estados Unidos e no Reino Unido. Conta de forma didática toda a história do LSD, de seus principais advogados (Aldous Huxley, Ken Kesey, Alan Watts e Thimothy Leary) para então mergulhar na música. Partindo de uma pesquisa gigantesca, o catatau de Chapman descarta uma série de bandas menores para contar com mais detalhes a história dos principais protagonistas. Vai das bandas que nasceram embebidas em ácido nas festas The Electric Kool-Aid Acid Test, em San Francisco, como Jefferson Airplane, Country Joe and the Fish e Grateful Dead, às que se converteram à nova moda, como The Byrds, The Mamas and the Papas e Beach Boys, além de artistas e grupos que surgem a partir da sedimentação da cultura lisérgica, como Doors, Love, Jimi Hendrix e Funkadelic. Fundamental na narrativa é o papel dos Beatles em canalizar a revolução na Inglaterra. "Revolver" e depois "Sgt. Pepper's" são discos que amplificam e disseminam a cultura psicodélica e abrem espaço para uma série de novas bandas, como Pink Floyd e The Soft Machine, e para a reciclagem criativa de grupos já estabelecidos, de gigantes como The Who, Small Faces e Rolling Stones, às mais marginais, como The Zombies, The Troggs e The Pretty Things. Do ponto de vista crítico, Chapman mostra as principais diferenças da música produzida nos EUA e no Reino Unido. O arco evolutivo das bandas americanas do período vai do folk ao rock psicodélico –e daí para o country rock. Já no Reino Unido, os grupos partem do R&B para o pop psicodélico e a seguir decolam para o progressivo. Mesmo sendo tão ambicioso, o livro de Chapman passa muito lateralmente pela história que é contada por Graham em sua batalha texana. O inglês dedica mais tempo à banda de San Francisco Big Brother and the Holding Company do que a sua líder, a texana Janis Joplin –e os 13th Floor Elevators, centrais para o livro de Graham, mal são citados por Chapman. A tese de Graham é mais charmosa. Ao centrar-se na mutação psicodélica que nasce no Texas e em especial na figura quase xamânica dos 13th Floor Elevators e seus parceiros no crime (The Red Caryola, Lost and Found, The Golden Dawn), o autor traz um retrato quase atemporal da contracultura de fronteira. Para Graham, a principal diferença é que a psicodelia do Texas se desenvolve a partir de uma cultura verdadeiramente gnóstica, que nasce do contato pessoal com o ácido e com o peiote em vez de ser filtrada pela mídia e pela moda, como em San Francisco. Ninguém incorpora melhor esse espírito do que os 13th Floors Elevators e a figura mítica do vocalista Roky Erickson, um visionário que buscava trazer para a arte o que descobria em suas viagens por outros planos de consciência. Como aconteceu com Syd Barrett, arrebanhou uma série de espíritos afins até que as viagens causaram danos permanentes e o impediram de seguir com a banda. Essa primeira onda psicodélica terminou soterrada pelo rock bubblegum, mas até hoje há toda uma linhagem texana de música psicodélica que exige respeito e vai de bandas que nascem no pós-punk, como Butthole Surfers e Charalambides, até os contemporâneos...And You Will Know Us By The Trail of Dead e The Mars Volta. Ao reconhecer esse contínuo psicodélico, mesmo sem se aprofundar nele, é que o livro de Graham suplanta o de Chapman. Enquanto o inglês se contenta em limitar sua bíblia ao período que vai da metade dos anos 60 ao início dos anos 70 e dá por encerrada a missão de entender a psicodelia, Graham sabe que só escreveu o primeiro capítulo da história. E que, uma vez abertas as portas da percepção, a cultura irá sempre recorrer com mais ou menos força aos paraísos artificiais. Isso aconteceu no pós-punk, na acid-house e em toda a cultura das raves. E volta hoje, tanto por meio das bandas que seguem a onda do retrô quanto das que tentam encontrar formas mais heterodoxas para expressar as manifestações de suas mentes. GUILHERME WERNECK, 43, é jornalista, garimpeiro de música e sócio da agência de comunicação Latitude Zero. | ilustrissima | No ritmo do LSD: Dois livros viajam pelo som da cultura psicodélicaRESUMO Dois autores, um britânico e outro americano, publicam livros sobre a história das bandas de rock que foram influenciadas e cultivaram a cultura lisérgica. Rob Chapman, inglês e biógrafo de Syd Barrett, desenha um painel mais amplo, enquanto Ben Graham destaca a psicodelia que se desenvolveu no Texas. Em 1943, o químico suíço Albert Hofmann (1906-2008) retomou as pesquisas que iniciara cinco anos antes ao sintetizar o ácido lisérgico a partir de um fungo encontrado no centeio. Trabalhando para a farmacêutica Sandoz, ele buscava uma substância que impedisse o sangramento após o parto. Aí entra em cena o acaso. Em sua 25ª tentativa, Hofmann adicionou a dietilamina, sintetizando a Dietilamida do Ácido Lisérgico, mais conhecida como LSD-25, e se contaminou, descobrindo acidentalmente as propriedades psicodélicas do que viria a chamar de seu "filho problemático", no livro escrito em 1979 sobre as suas primeiras experiências lisérgicas. Quatro anos depois de sua descoberta, a Sandoz lança no mercado o LSD-25 como Delysid. Até ser proibido em 1966, o fármaco foi objeto de numerosos estudos clínicos, principalmente no campo da psicoterapia, para o tratamento de alcoolismo e disfunções sexuais, mas também como arma química. A CIA, por exemplo, pesquisava seu uso para o controle da mente no auge da Guerra Fria. A realidade é que, conforme a comunidade de primeiros exploradores das viagens lisérgicas crescia, o Delysid ganhava concorrentes no mercado negro, sendo distribuído em papel, cubos de açúcar e misturado com o suco Kool-Aid para uma geração que buscava romper as amarras da tradição por meio da iluminação, da integração com a natureza e da liberdade criativa. Essa viagem química não era só de bênção e de contato profundo com a natureza física e metafísica. O ácido tinha o poder de desencadear doenças mentais e as famosas "bad trips", com suas visões aterrorizantes. Justamente por estar no fio de navalha entre o céu e o inferno, a experiência lisérgica é fundamental para a criação de uma subcultura que usa a abertura das portas da percepção para transformar radicalmente a arte, o cinema, a literatura e, sobretudo, a música nos anos 1960. É interessante que agora, no momento em que as pesquisas com LSD voltam a ser liberadas na Inglaterra e nos EUA depois de quase 40 anos de obscurantismo patrocinado pela guerra às drogas, dois livros recém-lançados recontem a história do uso do LSD como catalisador criativo para toda uma geração de músicos de perspectivas diferentes e complementares. O primeiro é "Psychedelia and Other Colours" [Faber & Faber, 656 págs., R$ 100, R$ 45 em e-book, na Amazon.com.br], de Rob Chapman, e o segundo, "A Gathering of Promises: The Battle for Texas's Psychedelic Music, From the 13th Floor Elevators to the Black Angels and Beyond" [Zero Books, 390 págs., R$ 53,42 em e-book na Amazon.com.br], de Ben Graham. PAINEL Chapman, biógrafo inglês do líder do Pink Floyd Syd Barrett, um dos principais símbolos da criatividade lisérgica e da tragédia que pode estar associada a ela, traz um painel mais amplo da psicodelia nos Estados Unidos e no Reino Unido. Conta de forma didática toda a história do LSD, de seus principais advogados (Aldous Huxley, Ken Kesey, Alan Watts e Thimothy Leary) para então mergulhar na música. Partindo de uma pesquisa gigantesca, o catatau de Chapman descarta uma série de bandas menores para contar com mais detalhes a história dos principais protagonistas. Vai das bandas que nasceram embebidas em ácido nas festas The Electric Kool-Aid Acid Test, em San Francisco, como Jefferson Airplane, Country Joe and the Fish e Grateful Dead, às que se converteram à nova moda, como The Byrds, The Mamas and the Papas e Beach Boys, além de artistas e grupos que surgem a partir da sedimentação da cultura lisérgica, como Doors, Love, Jimi Hendrix e Funkadelic. Fundamental na narrativa é o papel dos Beatles em canalizar a revolução na Inglaterra. "Revolver" e depois "Sgt. Pepper's" são discos que amplificam e disseminam a cultura psicodélica e abrem espaço para uma série de novas bandas, como Pink Floyd e The Soft Machine, e para a reciclagem criativa de grupos já estabelecidos, de gigantes como The Who, Small Faces e Rolling Stones, às mais marginais, como The Zombies, The Troggs e The Pretty Things. Do ponto de vista crítico, Chapman mostra as principais diferenças da música produzida nos EUA e no Reino Unido. O arco evolutivo das bandas americanas do período vai do folk ao rock psicodélico –e daí para o country rock. Já no Reino Unido, os grupos partem do R&B para o pop psicodélico e a seguir decolam para o progressivo. Mesmo sendo tão ambicioso, o livro de Chapman passa muito lateralmente pela história que é contada por Graham em sua batalha texana. O inglês dedica mais tempo à banda de San Francisco Big Brother and the Holding Company do que a sua líder, a texana Janis Joplin –e os 13th Floor Elevators, centrais para o livro de Graham, mal são citados por Chapman. A tese de Graham é mais charmosa. Ao centrar-se na mutação psicodélica que nasce no Texas e em especial na figura quase xamânica dos 13th Floor Elevators e seus parceiros no crime (The Red Caryola, Lost and Found, The Golden Dawn), o autor traz um retrato quase atemporal da contracultura de fronteira. Para Graham, a principal diferença é que a psicodelia do Texas se desenvolve a partir de uma cultura verdadeiramente gnóstica, que nasce do contato pessoal com o ácido e com o peiote em vez de ser filtrada pela mídia e pela moda, como em San Francisco. Ninguém incorpora melhor esse espírito do que os 13th Floors Elevators e a figura mítica do vocalista Roky Erickson, um visionário que buscava trazer para a arte o que descobria em suas viagens por outros planos de consciência. Como aconteceu com Syd Barrett, arrebanhou uma série de espíritos afins até que as viagens causaram danos permanentes e o impediram de seguir com a banda. Essa primeira onda psicodélica terminou soterrada pelo rock bubblegum, mas até hoje há toda uma linhagem texana de música psicodélica que exige respeito e vai de bandas que nascem no pós-punk, como Butthole Surfers e Charalambides, até os contemporâneos...And You Will Know Us By The Trail of Dead e The Mars Volta. Ao reconhecer esse contínuo psicodélico, mesmo sem se aprofundar nele, é que o livro de Graham suplanta o de Chapman. Enquanto o inglês se contenta em limitar sua bíblia ao período que vai da metade dos anos 60 ao início dos anos 70 e dá por encerrada a missão de entender a psicodelia, Graham sabe que só escreveu o primeiro capítulo da história. E que, uma vez abertas as portas da percepção, a cultura irá sempre recorrer com mais ou menos força aos paraísos artificiais. Isso aconteceu no pós-punk, na acid-house e em toda a cultura das raves. E volta hoje, tanto por meio das bandas que seguem a onda do retrô quanto das que tentam encontrar formas mais heterodoxas para expressar as manifestações de suas mentes. GUILHERME WERNECK, 43, é jornalista, garimpeiro de música e sócio da agência de comunicação Latitude Zero. | 14 |
Entrevistas do integralismo, seminário Ilustríssima e mais quatro indicações | SEMINÁRIO ILUSTRÍSSIMA FGV | MINISTÉRIO PÚBLICO Participam do seminário o procurador e professor da FGV Direito e da USP Ronaldo Porto Macedo, e o ambientalista Sérgio Leitão, do Instituto Escolhas, com medição do repórter especial da Folha Mário Cesar Carvalho. Eles discutem o papel do Ministério Público na atual crise institucional. FGV Direito SP | tel. (11) 3799-2222 | qui. (22), às 17h | grátis | inscrições * LANÇAMENTO | A TENTAÇÃO FASCISTA NO BRASIL O cientista político e ex-reitor da UFRGS Helgio Trindade, autor de "Integralismo: O Fascismo Brasileiro dos Anos 30", de 1974, lança livro em que reúne entrevistas feitas entre 1969 e 1970 com membros da Ação Integralista Brasileira. Muitos dos entrevistados faziam parte do governo militar na ditadura e exigiram que só fossem publicadas após suas mortes. Livraria Cultura - Conj. Nacional | tel. (11) 3170-4033 | qui. (22), às 19h Editora da UFRGS | R$ 64, 90 (838 págs.) * EXPOSIÇÃO | FRIDA KAHLO Dividida em dois espaços na capital paulista, mostra exibe parte do acervo de 6.500 fotos que pertenciam à pintora mexicana, que ficaram guardadas em sua casa, hoje museu, por cerca de 50 anos após sua morte. Fizemos três perguntas a Hilda Trujillo, diretora do Museu Frida Kahlo. MIS | tel. (11) 2117-4777 | de ter. a sáb., das 12h às 20h; dom., das 11h às 19h Espaço Cultural Porto Seguro | tel. (11) 3226-7361 | de ter. a sáb., das 10h às 19h; dom., das 10h às 17h | R$ 6 (ter. grátis) | até 20/11 Folha - Frida também tirava fotos? Hilda Trujillo - Ela assinou cinco fotografias, mas cremos que fez apenas mais algumas. Frida, porém, usava as fotos feitas por outros para inspirar suas pinturas. Quais os pontos mais importantes de sua coleção de fotos? Ela construiu uma personagem para si, e vemos ali que gostava de ser retratada como tal por fotógrafos importantes. Além disso, eram objetos vivos para ela, usava fotos em quadros, as beijava, dobrava aquelas em que apareciam seus inimigos. Que Frida essa exposição revela? É possível ver seu mundo íntimo e entender melhor porque ela pintou, entender que ela era uma mulher intelectual, com muitos interesses e com um mundo rico, por isso conseguiu transformar a dor em arte. (ÚRSULA PASSOS) CINEMA | MULHERES EM CENA A mostra exibe 18 filmes de cineastas mulheres da América Latina, que participam de mesas de debate. Destaque para "A Menina Santa", "A Mulher sem Cabeça" e "O Pântano", da argentina Lucrecia Martel, que fala no dia 5/10, "Hamaca Paraguaya", de Paz Encina, que estará no festival dia 2/10 com a chilena Marialy Rivas, diretora de "Jovem Aloucada". Centro Cultural Banco do Brasil | tel. (11) 3113-3651 | programação | R$ 10; debates gratuitos | até 10/10 * EXPOSIÇÃO | AYRSON HERÁCLITO Na individual "Pérola Negra", o artista baiano (Macaúbas, 1968) mostra fotografias e uma vídeo-instalação das séries "Buruburu" e "Vodun Agbê", pela primeira vez expostas juntas. Blau Projects | tel. (11) 3467-8819 | de ter. a sáb., das 11h às 19h | grátis | última semana EXPOSIÇÃO | EXPERIMENTAÇÃO E VISUALIDADE NA POESIA A mostra celebra os 60 anos da poesia concreta com obras de artistas como Arnaldo Antunes, João Bandeira, Lenora de Barros, Lula Wanderley, Omar Khouri, Regina Vater, Paulo Miranda, Walter Silveira e Tadeu Jungle. Baró - galpão | tel. (11) 3666-6489 | de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 16h | grátis | até 22/10 | ilustrissima | Entrevistas do integralismo, seminário Ilustríssima e mais quatro indicaçõesSEMINÁRIO ILUSTRÍSSIMA FGV | MINISTÉRIO PÚBLICO Participam do seminário o procurador e professor da FGV Direito e da USP Ronaldo Porto Macedo, e o ambientalista Sérgio Leitão, do Instituto Escolhas, com medição do repórter especial da Folha Mário Cesar Carvalho. Eles discutem o papel do Ministério Público na atual crise institucional. FGV Direito SP | tel. (11) 3799-2222 | qui. (22), às 17h | grátis | inscrições * LANÇAMENTO | A TENTAÇÃO FASCISTA NO BRASIL O cientista político e ex-reitor da UFRGS Helgio Trindade, autor de "Integralismo: O Fascismo Brasileiro dos Anos 30", de 1974, lança livro em que reúne entrevistas feitas entre 1969 e 1970 com membros da Ação Integralista Brasileira. Muitos dos entrevistados faziam parte do governo militar na ditadura e exigiram que só fossem publicadas após suas mortes. Livraria Cultura - Conj. Nacional | tel. (11) 3170-4033 | qui. (22), às 19h Editora da UFRGS | R$ 64, 90 (838 págs.) * EXPOSIÇÃO | FRIDA KAHLO Dividida em dois espaços na capital paulista, mostra exibe parte do acervo de 6.500 fotos que pertenciam à pintora mexicana, que ficaram guardadas em sua casa, hoje museu, por cerca de 50 anos após sua morte. Fizemos três perguntas a Hilda Trujillo, diretora do Museu Frida Kahlo. MIS | tel. (11) 2117-4777 | de ter. a sáb., das 12h às 20h; dom., das 11h às 19h Espaço Cultural Porto Seguro | tel. (11) 3226-7361 | de ter. a sáb., das 10h às 19h; dom., das 10h às 17h | R$ 6 (ter. grátis) | até 20/11 Folha - Frida também tirava fotos? Hilda Trujillo - Ela assinou cinco fotografias, mas cremos que fez apenas mais algumas. Frida, porém, usava as fotos feitas por outros para inspirar suas pinturas. Quais os pontos mais importantes de sua coleção de fotos? Ela construiu uma personagem para si, e vemos ali que gostava de ser retratada como tal por fotógrafos importantes. Além disso, eram objetos vivos para ela, usava fotos em quadros, as beijava, dobrava aquelas em que apareciam seus inimigos. Que Frida essa exposição revela? É possível ver seu mundo íntimo e entender melhor porque ela pintou, entender que ela era uma mulher intelectual, com muitos interesses e com um mundo rico, por isso conseguiu transformar a dor em arte. (ÚRSULA PASSOS) CINEMA | MULHERES EM CENA A mostra exibe 18 filmes de cineastas mulheres da América Latina, que participam de mesas de debate. Destaque para "A Menina Santa", "A Mulher sem Cabeça" e "O Pântano", da argentina Lucrecia Martel, que fala no dia 5/10, "Hamaca Paraguaya", de Paz Encina, que estará no festival dia 2/10 com a chilena Marialy Rivas, diretora de "Jovem Aloucada". Centro Cultural Banco do Brasil | tel. (11) 3113-3651 | programação | R$ 10; debates gratuitos | até 10/10 * EXPOSIÇÃO | AYRSON HERÁCLITO Na individual "Pérola Negra", o artista baiano (Macaúbas, 1968) mostra fotografias e uma vídeo-instalação das séries "Buruburu" e "Vodun Agbê", pela primeira vez expostas juntas. Blau Projects | tel. (11) 3467-8819 | de ter. a sáb., das 11h às 19h | grátis | última semana EXPOSIÇÃO | EXPERIMENTAÇÃO E VISUALIDADE NA POESIA A mostra celebra os 60 anos da poesia concreta com obras de artistas como Arnaldo Antunes, João Bandeira, Lenora de Barros, Lula Wanderley, Omar Khouri, Regina Vater, Paulo Miranda, Walter Silveira e Tadeu Jungle. Baró - galpão | tel. (11) 3666-6489 | de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 16h | grátis | até 22/10 | 14 |
Festival ABCR debate sustentabilidade financeira das organizações do 3º setor | Durante quase cem horas, entre quarta (4) e sexta-feira (6), profissionais consagrados participam da oitava edição do Festival ABCR, em palestras do nível básico ao avançado. A ABCR é parceira do Prêmio Empreendedor Social, que está com inscrições abertas; participe. Pela primeira vez, o evento premiará a excelência e inovação em captação de recursos para organizações da sociedade civil, valorizando tanto o indivíduo –captador– como as próprias organizações no jantar Prêmio ABCR - Noite dos Campões, após o segundo dia do evento. Durante o jantar, estará presente Darian Heyman, captador de recursos, empreendedor social e escritor, apresentando seu atual lançamento "Nonprofit Fundraising 101 - Um Guia Prático com Ideias e Dicas de Captação Fáceis de Serem Implementadas". Dentre as palestras já confirmadas, destacam-se as avançadas, que tratarão de temas clássicos e atuais, como captação com empresas e realidade virtual e captação de recursos pela perspectiva de profissionais experientes. Participarão do festival profissionais das áreas de mobilização e captação de recursos; gestores dessas organizações; acadêmicos; estudantes; e demais interessados em compreender a situação atual e as tendências de mobilização de recursos. A abertura do evento, na quarta-feira (4), às 18 horas, é aberta a toda a comunidade e terá a presença da ex-jogadora de basquetebol brasileira Magic Paula. A inscrição para os outros eventos da programação pode ser feita pelo site da ABCR. Festival ABCR - Centro de Convenções Rebouças - avenida Rebouças, 600, Pinheiros, São Paulo, SP - Qua. (4) a Sex. (6) - Inscrições e informações, no site da ABCR | empreendedorsocial | Festival ABCR debate sustentabilidade financeira das organizações do 3º setorDurante quase cem horas, entre quarta (4) e sexta-feira (6), profissionais consagrados participam da oitava edição do Festival ABCR, em palestras do nível básico ao avançado. A ABCR é parceira do Prêmio Empreendedor Social, que está com inscrições abertas; participe. Pela primeira vez, o evento premiará a excelência e inovação em captação de recursos para organizações da sociedade civil, valorizando tanto o indivíduo –captador– como as próprias organizações no jantar Prêmio ABCR - Noite dos Campões, após o segundo dia do evento. Durante o jantar, estará presente Darian Heyman, captador de recursos, empreendedor social e escritor, apresentando seu atual lançamento "Nonprofit Fundraising 101 - Um Guia Prático com Ideias e Dicas de Captação Fáceis de Serem Implementadas". Dentre as palestras já confirmadas, destacam-se as avançadas, que tratarão de temas clássicos e atuais, como captação com empresas e realidade virtual e captação de recursos pela perspectiva de profissionais experientes. Participarão do festival profissionais das áreas de mobilização e captação de recursos; gestores dessas organizações; acadêmicos; estudantes; e demais interessados em compreender a situação atual e as tendências de mobilização de recursos. A abertura do evento, na quarta-feira (4), às 18 horas, é aberta a toda a comunidade e terá a presença da ex-jogadora de basquetebol brasileira Magic Paula. A inscrição para os outros eventos da programação pode ser feita pelo site da ABCR. Festival ABCR - Centro de Convenções Rebouças - avenida Rebouças, 600, Pinheiros, São Paulo, SP - Qua. (4) a Sex. (6) - Inscrições e informações, no site da ABCR | 20 |
Fundo que aplica em moeda estrangeira dá sinais de recuperação | Após amargar o pior desempenho da indústria de fundos no primeiro semestre do ano passado, os investimentos em fundos cambiais começam a esboçar sinais de recuperação. Enquanto nos seis primeiros meses do ano passado esses fundos acumulavam perdas de até 17,5%, o líder dessa categoria conseguiu contabilizar rentabilidade de 11% até junho deste ano. "Saímos de uma base depreciada em 2016 para as cotações encontrarem uma estabilidade neste ano", diz Marcelo Pacheco, gerente executivo de fundos multimercado e offshore do BB Gestão de Recursos DTVM. "Já retornamos a um nível próximo do que tínhamos antes da delação do Joesley [Batista, executivo da JBS que divulgou gravações de conversas comprometedoras envolvendo o presidente Michel Temer], que mexeu muito com o mercado", diz. "Hoje, estamos em um nível bem mais próximo dos fundamentos e perto do equilíbrio, com a expectativa de a moeda fechar o ano entre R$ 3,15 e R$ 3,20." Os produtos da gestora lideraram as três primeiras posições do ranking elaborado pela Comdinheiro. No topo da lista está o fundo atrelado ao euro, impulsionado pela recuperação dos países da zona do euro. Já o segundo e o terceiro colocados investem em dólar. A diferença está na aplicação inicial e na taxa de administração, que também influenciou a colocação dos produtos. No fundo com aporte inicial de pelo menos R$ 20 mil, o custo é menor, de 1% ao ano. Já o de R$ 1.000 tem taxa um pouco mais salgada, de 1,5% ao ano. | mercado | Fundo que aplica em moeda estrangeira dá sinais de recuperaçãoApós amargar o pior desempenho da indústria de fundos no primeiro semestre do ano passado, os investimentos em fundos cambiais começam a esboçar sinais de recuperação. Enquanto nos seis primeiros meses do ano passado esses fundos acumulavam perdas de até 17,5%, o líder dessa categoria conseguiu contabilizar rentabilidade de 11% até junho deste ano. "Saímos de uma base depreciada em 2016 para as cotações encontrarem uma estabilidade neste ano", diz Marcelo Pacheco, gerente executivo de fundos multimercado e offshore do BB Gestão de Recursos DTVM. "Já retornamos a um nível próximo do que tínhamos antes da delação do Joesley [Batista, executivo da JBS que divulgou gravações de conversas comprometedoras envolvendo o presidente Michel Temer], que mexeu muito com o mercado", diz. "Hoje, estamos em um nível bem mais próximo dos fundamentos e perto do equilíbrio, com a expectativa de a moeda fechar o ano entre R$ 3,15 e R$ 3,20." Os produtos da gestora lideraram as três primeiras posições do ranking elaborado pela Comdinheiro. No topo da lista está o fundo atrelado ao euro, impulsionado pela recuperação dos países da zona do euro. Já o segundo e o terceiro colocados investem em dólar. A diferença está na aplicação inicial e na taxa de administração, que também influenciou a colocação dos produtos. No fundo com aporte inicial de pelo menos R$ 20 mil, o custo é menor, de 1% ao ano. Já o de R$ 1.000 tem taxa um pouco mais salgada, de 1,5% ao ano. | 2 |
Imprudente e ilegal | Não é de hoje que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) lida de forma desastrosa com reivindicações estudantis no Estado de São Paulo. No ano passado, o tucano apresentou sem o devido debate um plano de reorganização da rede de ensino. Embora meritória, a medida conheceu forte oposição discente. Enquanto a resistência ganhava apoio da população, despencava a popularidade do governador, que enfim suspendeu a proposta. Em outras ocasiões, quando alunos realizam atos nas ruas da capital, Alckmin com frequência recorre à truculência policial, com vistas a forçar o fim das manifestações —como se estas, se mantidas dentro de limites razoáveis e pouco importando sua pauta, não fossem um direito de todo cidadão. O desinteresse pelo diálogo constitui a regra, portanto, e não uma exceção verificada apenas agora que os estudantes ocupam escolas técnicas de São Paulo. Ainda assim, causou espanto a atitude do secretário estadual da Segurança, Alexandre de Moraes. Consta que partiu dele a ordem para a Polícia Militar entrar na sede do Centro Paula Souza, onde alunos permanecem desde a semana passada. Levada adiante na segunda-feira (2), a ação, mais que imprudente, foi ilegal: ocorreu sem a expedição do mandado judicial para a reintegração de posse do prédio. Pode-se debater, obviamente, a agenda dos estudantes; cabe criticá-los, sem dúvida, quando se valem de métodos abusivos, como a invasão da Assembleia Legislativa. Deveria estar fora de discussão, porém, que a lei precisa ser cumprida por todos —inclusive, ou sobretudo, por aqueles que atuam em nome do Estado. "Um país que se anuncia sob a ordem do Direito deve respeitar os parâmetros definidos pelo sistema jurídico, e não pela vontade casuística e personalíssima de agentes que se encontram no poder", escreveu o juiz Luis Manuel Pires. Alexandre de Moraes, todavia, às vezes parece considerar decisões judiciais um detalhe. Candidato a ministro no futuro governo de Michel Temer (PMDB), o secretário descumpriu ordem para entregar a esta Folha os registros policiais usados como base das estatísticas criminais do Estado, que apontam queda acentuada dos homicídios. Num caso, Geraldo Alckmin e seu secretário lançam dúvidas sobre uma conquista de sua gestão; no outro, jogam combustível num movimento inflamável por natureza. É difícil entender se agem assim devido a certo pendor autoritário ou por simples inabilidade política. [email protected] | opiniao | Imprudente e ilegalNão é de hoje que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) lida de forma desastrosa com reivindicações estudantis no Estado de São Paulo. No ano passado, o tucano apresentou sem o devido debate um plano de reorganização da rede de ensino. Embora meritória, a medida conheceu forte oposição discente. Enquanto a resistência ganhava apoio da população, despencava a popularidade do governador, que enfim suspendeu a proposta. Em outras ocasiões, quando alunos realizam atos nas ruas da capital, Alckmin com frequência recorre à truculência policial, com vistas a forçar o fim das manifestações —como se estas, se mantidas dentro de limites razoáveis e pouco importando sua pauta, não fossem um direito de todo cidadão. O desinteresse pelo diálogo constitui a regra, portanto, e não uma exceção verificada apenas agora que os estudantes ocupam escolas técnicas de São Paulo. Ainda assim, causou espanto a atitude do secretário estadual da Segurança, Alexandre de Moraes. Consta que partiu dele a ordem para a Polícia Militar entrar na sede do Centro Paula Souza, onde alunos permanecem desde a semana passada. Levada adiante na segunda-feira (2), a ação, mais que imprudente, foi ilegal: ocorreu sem a expedição do mandado judicial para a reintegração de posse do prédio. Pode-se debater, obviamente, a agenda dos estudantes; cabe criticá-los, sem dúvida, quando se valem de métodos abusivos, como a invasão da Assembleia Legislativa. Deveria estar fora de discussão, porém, que a lei precisa ser cumprida por todos —inclusive, ou sobretudo, por aqueles que atuam em nome do Estado. "Um país que se anuncia sob a ordem do Direito deve respeitar os parâmetros definidos pelo sistema jurídico, e não pela vontade casuística e personalíssima de agentes que se encontram no poder", escreveu o juiz Luis Manuel Pires. Alexandre de Moraes, todavia, às vezes parece considerar decisões judiciais um detalhe. Candidato a ministro no futuro governo de Michel Temer (PMDB), o secretário descumpriu ordem para entregar a esta Folha os registros policiais usados como base das estatísticas criminais do Estado, que apontam queda acentuada dos homicídios. Num caso, Geraldo Alckmin e seu secretário lançam dúvidas sobre uma conquista de sua gestão; no outro, jogam combustível num movimento inflamável por natureza. É difícil entender se agem assim devido a certo pendor autoritário ou por simples inabilidade política. [email protected] | 7 |
Idealização e ilusão | O brasileiro está perplexo diante dos fatos que escancaram as entranhas e histórias de várias de nossas instituições públicas e privadas. A vida em sociedade faz-se de exemplos e convivemos, faz tempo, com os de perversão e ganância de ícones representativos da sociedade. Essa história vai além dos tempos atuais e conta como construímos nossa cultura social. Exemplos que afetam nossa capacidade de confiança e relacionamento. O ciclo é perigoso e vicioso. Delata-se com o único objetivo de redução da própria pena, da compra da própria liberdade em troca da clausura de outrem, ato ainda mais hediondo. Ninguém é capaz de admitir seus próprios erros, mesmo em casos de réus primários, e confiar no princípio de equilíbrio da Justiça. O direito é equilíbrio e, portanto, é a própria Justiça que está em risco. Queremos a lei do "olho por olho, dente por dente". O judiciário é fundamental para o exercício da democracia, mas não é somente um poder de fato, pois deve exercer também seu papel primordial de serviço à sociedade. O exercício da Justiça deve estar longe da espetacularização e da sede de sangue da sociedade, deve procurar servir aos cidadãos com o bom senso para aplicar a lei e resguardar a sociedade. Será que somos capazes de dimensionar o trauma social que o país atravessa? Precisamos viver o luto da morte da confiança no próximo, luto que não é de esquerda, de direita ou de qualquer ideologia. É muito mais profundo, é a perda do nosso ideal. Ao idealizarmos o Brasil como nação maravilhosa, sem limites e cheia de potencial, também somos levados à ilusão do paraíso. A grande nação, mãe de todos nós. Queremos mamar eternamente em berço esplêndido. A realidade, porém, impõe-se e temos que lidar com os nossos limites. Sofremos o desmame, somos jovens, imaturos; ainda precisamos viver e crescer na dor de uma democracia a ser conquistada a duras penas. Estamos perplexos, desmamados do seio protetor da nossa mãe. Perplexidade combina com paralisia, e paralisia significa inação, incapacidade de pensar. Sintoma que se assemelha ao estresse que, quando aumenta a produção de cortisol no corpo, gera um pensamento nebuloso, incapaz de raciocinar clara e logicamente. Estamos estressados e angustiados diante da realidade. Vamos "desidealizar" o Brasil! O país não se sustentará na desconfiança dos pilares das delações premiadas. Independente do julgamento de mérito de tais medidas, precisamos dar um passo maior, mudar o sistema de relações entre o público e o privado. Os homens e a sociedade são capazes e competentes somente quando a confiança se estabelece. Precisamos ter a capacidade de elaborar e construir novos caminhos, inspirados em virtudes como a prudência, a perseverança e a coragem. Precisamos de comprometimento e de ação da sociedade para lutar por um caminho político-institucional moderno, descentralizado, não autoritário, não persecutório, de respeito à natureza, distributivo e ético. Essa é uma longa luta, dolorosa, que demandará a firmeza e a altivez necessárias para um novo e moderno pacto social. LUIZ AUGUSTO CANDIOTA, economista formado pela PUC-RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, foi diretor de política monetária do Banco Central (governo Lula) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Idealização e ilusãoO brasileiro está perplexo diante dos fatos que escancaram as entranhas e histórias de várias de nossas instituições públicas e privadas. A vida em sociedade faz-se de exemplos e convivemos, faz tempo, com os de perversão e ganância de ícones representativos da sociedade. Essa história vai além dos tempos atuais e conta como construímos nossa cultura social. Exemplos que afetam nossa capacidade de confiança e relacionamento. O ciclo é perigoso e vicioso. Delata-se com o único objetivo de redução da própria pena, da compra da própria liberdade em troca da clausura de outrem, ato ainda mais hediondo. Ninguém é capaz de admitir seus próprios erros, mesmo em casos de réus primários, e confiar no princípio de equilíbrio da Justiça. O direito é equilíbrio e, portanto, é a própria Justiça que está em risco. Queremos a lei do "olho por olho, dente por dente". O judiciário é fundamental para o exercício da democracia, mas não é somente um poder de fato, pois deve exercer também seu papel primordial de serviço à sociedade. O exercício da Justiça deve estar longe da espetacularização e da sede de sangue da sociedade, deve procurar servir aos cidadãos com o bom senso para aplicar a lei e resguardar a sociedade. Será que somos capazes de dimensionar o trauma social que o país atravessa? Precisamos viver o luto da morte da confiança no próximo, luto que não é de esquerda, de direita ou de qualquer ideologia. É muito mais profundo, é a perda do nosso ideal. Ao idealizarmos o Brasil como nação maravilhosa, sem limites e cheia de potencial, também somos levados à ilusão do paraíso. A grande nação, mãe de todos nós. Queremos mamar eternamente em berço esplêndido. A realidade, porém, impõe-se e temos que lidar com os nossos limites. Sofremos o desmame, somos jovens, imaturos; ainda precisamos viver e crescer na dor de uma democracia a ser conquistada a duras penas. Estamos perplexos, desmamados do seio protetor da nossa mãe. Perplexidade combina com paralisia, e paralisia significa inação, incapacidade de pensar. Sintoma que se assemelha ao estresse que, quando aumenta a produção de cortisol no corpo, gera um pensamento nebuloso, incapaz de raciocinar clara e logicamente. Estamos estressados e angustiados diante da realidade. Vamos "desidealizar" o Brasil! O país não se sustentará na desconfiança dos pilares das delações premiadas. Independente do julgamento de mérito de tais medidas, precisamos dar um passo maior, mudar o sistema de relações entre o público e o privado. Os homens e a sociedade são capazes e competentes somente quando a confiança se estabelece. Precisamos ter a capacidade de elaborar e construir novos caminhos, inspirados em virtudes como a prudência, a perseverança e a coragem. Precisamos de comprometimento e de ação da sociedade para lutar por um caminho político-institucional moderno, descentralizado, não autoritário, não persecutório, de respeito à natureza, distributivo e ético. Essa é uma longa luta, dolorosa, que demandará a firmeza e a altivez necessárias para um novo e moderno pacto social. LUIZ AUGUSTO CANDIOTA, economista formado pela PUC-RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, foi diretor de política monetária do Banco Central (governo Lula) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
Biblioteca Mário de Andrade, em SP, recebe exposição de fotos | A biblioteca Mário de Andrade, na zona central de São Paulo, recebe até 20 de agosto a exposição de fotografia "Alfabeto", do cineasta e fotógrafo paulistano Marcelo Masagão. As 25 imagens, feitas ao longo de 2016, retratam a própria biblioteca e serão espalhadas pelo local, nas salas de convivência e de leitura, nos corredores e no elevador. "O prédio, que não achava muito bonito, chamou minha atenção depois da última reforma. Foi quando passei a registrar a estrutura e as pessoas que frequentavam o espaço", afirma Masagão. A imagem "Calçada Panorâmica" (ao lado), que integra a exposição, foi feita no telhado do edifício. Nela, destaca-se o mosaico da artista Regina Silveira, de 2015, com a palavra "biblioteca" escrita em 12 idiomas. | turismo | Biblioteca Mário de Andrade, em SP, recebe exposição de fotosA biblioteca Mário de Andrade, na zona central de São Paulo, recebe até 20 de agosto a exposição de fotografia "Alfabeto", do cineasta e fotógrafo paulistano Marcelo Masagão. As 25 imagens, feitas ao longo de 2016, retratam a própria biblioteca e serão espalhadas pelo local, nas salas de convivência e de leitura, nos corredores e no elevador. "O prédio, que não achava muito bonito, chamou minha atenção depois da última reforma. Foi quando passei a registrar a estrutura e as pessoas que frequentavam o espaço", afirma Masagão. A imagem "Calçada Panorâmica" (ao lado), que integra a exposição, foi feita no telhado do edifício. Nela, destaca-se o mosaico da artista Regina Silveira, de 2015, com a palavra "biblioteca" escrita em 12 idiomas. | 13 |
Saberemos cobrar desfecho favorável à ética na Lava Jato, afirma leitor | STF Hoje não importa qual ministro passará a ser o relator da Lava Jato porque nós, brasileiros, os maiores interessados, saberemos cobrar um desfecho favorável à ética e à justiça, não à impunidade que se costuram entre os políticos de todos os partidos. OSMAR G. LOUREIRO (Cravinhos, SP) * Ao estabelecer o sigilo das delações da Odebrecht e sortear a relatoria dos processos da Lava Jato entre os membros da Segunda Turma, a presidente do STF começa a fazer política, não justiça. Com esses atos, ela pode pôr fim aos princípios da publicidade e da transparência que até o momento moldavam as investigações. PEDRO VALENTIM (Bauru, SP) * É inacreditável que Gilmar Mendes tenha pedido vista de assunto tão urgente para o Brasil. É óbvio que um cidadão que seja réu não pode ocupar cargos na linha sucessória. Qual é a dúvida que o ministro tem? MÁRCIA MEIRELES (São Paulo, SP) - ELEIÇÃO NO SENADO Num país minimamente sério, o senhor Eunício Oliveira, apelidado de "Índio" na planilha da Odebrecht, não poria nem os pés no Senado. Porém aqui em Pindorama ele não só vai entrar como se sentará na cadeira da presidência por um longo período, num acinte a todos nós. MILTON MEDINA (Carapicuíba, SP) - PEDRO PARENTE Pedro Parente, que está reerguendo a Petrobras, é uma das provas de que o país está mudando para melhor. Os "pithecanthropus ideológicos" que são contra o capital estrangeiro arruinaram a empresa dizendo que estavam defendendo o Brasil. RUBENS FIGUEIREDO (São Paulo, SP) * Que garantia os brasileiros têm de que este tal capital estrangeiro vai diminuir o desemprego no Brasil? E que adianta ter engenheiros brasileiros trabalhando eternamente para os capitalistas estrangeiros? A continuar dessa forma, jamais seremos uma nação independente. ADENOR DIAS (Guarulhos, SP) - FUTEBOL Os números justificam a revolta de Paulo Autuori, treinador do Atlético-PR, com o calendário do futebol brasileiro. Caso seu clube chegue à final de todas as competições de 2017, seus atletas poderão disputar 85 partidas oficiais. Na Alemanha, o máximo de jogos oficiais numa temporada são 57. FELIPE MARTINS MORAES DAHER (Barretos, SP) - JOÃO DORIA Infelizmente, um editorial como este revela quão parcial a Folha se tornou. Comparar João Doria a Donald Trump é intelectualmente desonesto. A cidade de São Paulo está mais limpa, parcerias público-privadas estão trazendo benefícios para a cidade e o prefeito está dando uma aula de gestão. Ao mesmo tempo, não me lembro de um gestor no Brasil que, em 30 dias, tenha feito um programa para integrar os moradores de rua à sociedade. ALEX LIMA (São Paulo, SP) * O pior é que tem muita gente que compra esse espetáculo midiático. Antes de seis meses de gestão é impossível fazer uma avaliação da administração Doria com o mínimo de substância, mesmo com algumas iniciativas interessantes (outras nem tanto) que ele vem apresentando. Mas o povo quer circo desde a véspera e já aplaude de pé. LEONARDO DOS REIS GAMA (São Paulo, SP) * Circulo pela cidade todos os dias. Percebo que, um mês após a posse do prefeito João Doria, São Paulo está mais pichada do que estava no dia 31 de dezembro. O tiro do gestor está saindo pela culatra. ALBERTO VILLAS (São Paulo, SP) * O prefeito João Doria tem meu apoio incondicional na luta contra as pichações. Prédios públicos e privados, monumentos, nada escapa à sujeira dos pichadores. Não vamos confundir pichações com o grafite de artistas profissionais que, regulamentados, expressam arte e embelezam muros e viadutos. Parabéns, prefeito! JOSÉ OTÁVIO COSTA AULER JUNIOR (São Paulo, SP) - REMUNERAÇÃO A comparação precisa ser feita com qualidade, entre cargos similares em nível de complexidade e responsabilidade. O governo deveria ter uma agência de remuneração pública independente que garantisse comparações corretas de remuneração entre servidores públicos e empregados do setor privado. Provavelmente os políticos e gestores públicos de alto nível melhorariam suas remunerações, e os de nível médio as teriam corrigidas para baixo. EDUARDO GIULIANI (São Paulo, SP) - JÂNIO QUADROS O jornalista Ruy Castro rememorou, em seu artigo "Com razão", o centenário do ex-presidente Jânio Quadros, dimensionando mal facetas importantes da vida e da obra de Jânio, preferindo supervalorizar sua caricatura. "Ninguém, com razão, se lembrou de sua literatura", escreveu o jornalista. Nós é que não iremos nos lembrar do jornalismo mesquinho e apoucado praticado por Ruy Castro. Seu artigo sobre Jânio bem que poderia se chamar "Sem razão". MARCELO HENRIQUE, autor do livro "Jânio Quadros - Sem Retoque" (Amparo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Saberemos cobrar desfecho favorável à ética na Lava Jato, afirma leitorSTF Hoje não importa qual ministro passará a ser o relator da Lava Jato porque nós, brasileiros, os maiores interessados, saberemos cobrar um desfecho favorável à ética e à justiça, não à impunidade que se costuram entre os políticos de todos os partidos. OSMAR G. LOUREIRO (Cravinhos, SP) * Ao estabelecer o sigilo das delações da Odebrecht e sortear a relatoria dos processos da Lava Jato entre os membros da Segunda Turma, a presidente do STF começa a fazer política, não justiça. Com esses atos, ela pode pôr fim aos princípios da publicidade e da transparência que até o momento moldavam as investigações. PEDRO VALENTIM (Bauru, SP) * É inacreditável que Gilmar Mendes tenha pedido vista de assunto tão urgente para o Brasil. É óbvio que um cidadão que seja réu não pode ocupar cargos na linha sucessória. Qual é a dúvida que o ministro tem? MÁRCIA MEIRELES (São Paulo, SP) - ELEIÇÃO NO SENADO Num país minimamente sério, o senhor Eunício Oliveira, apelidado de "Índio" na planilha da Odebrecht, não poria nem os pés no Senado. Porém aqui em Pindorama ele não só vai entrar como se sentará na cadeira da presidência por um longo período, num acinte a todos nós. MILTON MEDINA (Carapicuíba, SP) - PEDRO PARENTE Pedro Parente, que está reerguendo a Petrobras, é uma das provas de que o país está mudando para melhor. Os "pithecanthropus ideológicos" que são contra o capital estrangeiro arruinaram a empresa dizendo que estavam defendendo o Brasil. RUBENS FIGUEIREDO (São Paulo, SP) * Que garantia os brasileiros têm de que este tal capital estrangeiro vai diminuir o desemprego no Brasil? E que adianta ter engenheiros brasileiros trabalhando eternamente para os capitalistas estrangeiros? A continuar dessa forma, jamais seremos uma nação independente. ADENOR DIAS (Guarulhos, SP) - FUTEBOL Os números justificam a revolta de Paulo Autuori, treinador do Atlético-PR, com o calendário do futebol brasileiro. Caso seu clube chegue à final de todas as competições de 2017, seus atletas poderão disputar 85 partidas oficiais. Na Alemanha, o máximo de jogos oficiais numa temporada são 57. FELIPE MARTINS MORAES DAHER (Barretos, SP) - JOÃO DORIA Infelizmente, um editorial como este revela quão parcial a Folha se tornou. Comparar João Doria a Donald Trump é intelectualmente desonesto. A cidade de São Paulo está mais limpa, parcerias público-privadas estão trazendo benefícios para a cidade e o prefeito está dando uma aula de gestão. Ao mesmo tempo, não me lembro de um gestor no Brasil que, em 30 dias, tenha feito um programa para integrar os moradores de rua à sociedade. ALEX LIMA (São Paulo, SP) * O pior é que tem muita gente que compra esse espetáculo midiático. Antes de seis meses de gestão é impossível fazer uma avaliação da administração Doria com o mínimo de substância, mesmo com algumas iniciativas interessantes (outras nem tanto) que ele vem apresentando. Mas o povo quer circo desde a véspera e já aplaude de pé. LEONARDO DOS REIS GAMA (São Paulo, SP) * Circulo pela cidade todos os dias. Percebo que, um mês após a posse do prefeito João Doria, São Paulo está mais pichada do que estava no dia 31 de dezembro. O tiro do gestor está saindo pela culatra. ALBERTO VILLAS (São Paulo, SP) * O prefeito João Doria tem meu apoio incondicional na luta contra as pichações. Prédios públicos e privados, monumentos, nada escapa à sujeira dos pichadores. Não vamos confundir pichações com o grafite de artistas profissionais que, regulamentados, expressam arte e embelezam muros e viadutos. Parabéns, prefeito! JOSÉ OTÁVIO COSTA AULER JUNIOR (São Paulo, SP) - REMUNERAÇÃO A comparação precisa ser feita com qualidade, entre cargos similares em nível de complexidade e responsabilidade. O governo deveria ter uma agência de remuneração pública independente que garantisse comparações corretas de remuneração entre servidores públicos e empregados do setor privado. Provavelmente os políticos e gestores públicos de alto nível melhorariam suas remunerações, e os de nível médio as teriam corrigidas para baixo. EDUARDO GIULIANI (São Paulo, SP) - JÂNIO QUADROS O jornalista Ruy Castro rememorou, em seu artigo "Com razão", o centenário do ex-presidente Jânio Quadros, dimensionando mal facetas importantes da vida e da obra de Jânio, preferindo supervalorizar sua caricatura. "Ninguém, com razão, se lembrou de sua literatura", escreveu o jornalista. Nós é que não iremos nos lembrar do jornalismo mesquinho e apoucado praticado por Ruy Castro. Seu artigo sobre Jânio bem que poderia se chamar "Sem razão". MARCELO HENRIQUE, autor do livro "Jânio Quadros - Sem Retoque" (Amparo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
Moreira Franco deve permanecer em eventual governo de Rodrigo Maia | O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) deve ser mantido no governo caso Rodrigo Maia (DEM-RJ) assuma a Presidência, substituindo Michel Temer. O alardeado parentesco entre os dois, que impediria legalmente a permanência, não existe. LAÇO Moreira Franco não é sogro de Maia. Ele é, na verdade, casado com Clara Vasconcelos, mãe de Patrícia Maia, mulher do presidente da Câmara. Ou seja, é apenas o marido da sogra. CASA NOVA Moreira, portanto, deve ficar —mas em outra pasta. CASA NOVA 2 Já Eliseu Padilha sai da Casa Civil na mesma hora caso Maia vire presidente. Quando muito, ganha um ministério menos importante, apenas para manter o foro privilegiado. CASA NOVA 3 As apostas na Câmara são as de que até mesmo Henrique Meirelles corre risco de sair do Ministério da Fazenda. De acordo com interlocutor frequente de Maia, ele não teria "nenhuma admiração" pelo atual comandante da economia, a quem consideraria pouco criativo e até mesmo ultrapassado. NA MESMA No entorno do próprio Meirelles se diz que o ministro até concordaria em ficar —mas sob determinadas condições, como a de não ver rifada a reforma da Previdência. A FESTA É MINHA O estilista Sergio K comemorou seu aniversário na quarta (5), no clube Passa. O empresário Carlos Jereissati Filho, a consultora de marca Fabiola Kassin e a empresária Duda Derani participaram da festa. TABUADA O deputado Beto Mansur (PRB-SP) viajou com Temer para a Alemanha. No voo, ele, o presidente e o chanceler Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) fizeram e refizeram "as contas" para saber quantos votos o governo teria na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) caso a votação sobre a denúncia contra Temer fosse apreciada nas próximas horas. "Seriam 39 de um total de 66", diz Mansur. FACA AMOLADA "Fizemos uma conta conservadora", diz ele. "O Michel está com a faca nos dentes e vamos vencer", afirma. ARTIGO 171 Iso Weinfeld, empresário conhecido na comunidade judaica de São Paulo, foi preso preventivamente na tarde de quinta-feira (6) sob a acusação de estelionato. Segundo a denúncia do Ministério Público, Iso obtinha dinheiro das vítimas se apresentando como administrador de um fundo de investimentos. Depois de algum tempo, deixava de repassar os rendimentos do dinheiro e se recusava a devolver a aplicação inicial. EM SÉRIE A denúncia que levou à prisão de Iso relata um prejuízo de R$ 2,7 milhões para três pessoas, mas há outros inquéritos em curso. O advogado Jonathan Raicher, que defende oito das supostas vítimas, afirma que as perdas de seus clientes chegam a R$ 20 milhões. VERSÃO A defesa de Iso diz que os fatos da denúncia "não correspondem à realidade" e que "sua inocência será provada". EU SOZINHA O monólogo "Carne de Mulher", protagonizado por Paula Cohen, teve estreia na quarta (5). As atrizes Martha Nowill e Angela Figueiredo e a novelista Duca Rachid foram ao evento. Branco Mello, baixista dos Titãs, também assistiu à peça, no Teatro de Arena. LUTA CONTRA O CRACK A cracolândia vai ganhar um octógono a partir deste sábado (8), com um projeto do lutador de MMA Matheus Serafim para ensinar luta. As aulas serão nas unidades da prefeitura, na Luz, onde é feito o atendimento a usuários de drogas. Outros lutadores vão participar da iniciativa. Minotauro, por exemplo, deverá dar uma palestra. PALCO DO BEM Os programas da Globo no dia do show do "Criança Esperança" serão apresentados neste ano da mesa onde personalidades atendem às ligações de doadores da campanha. O "Caldeirão do Huck" e o programa "Estrelas", de Angélica, estão entre eles. É ELA Dira Paes será a atriz homenageada no Festival de Gramado deste ano, em agosto. Ela, que neste ano lançou "Redemoinho", de José Luiz Villamarim, fez ao longo da carreira 41 filmes. CURTO-CIRCUITO A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira comemorou nesta semana seus 65 anos de fundação. As bibliotecas municipais de São Paulo terão pontos de troca de figurinhas do Campeonato Brasileiro. Aos sábados, das 14h às 16h, e aos domingos, das 11h às 13h. A banda As Bahias e a Cozinha Mineira faz show com participação especial da cantora Maria Gadú, neste sábado (8), no Carioca Club, às 22h. O livro "Mulheres, Cultura e Política", da escritora americana Angela Davis, será lançado neste sábado (8) nas livrarias pela editora Boitempo. com JOELMIR TAVARES, LETÍCIA MORI e BRUNO FÁVERO; colaborou JOÃO CARNEIRO | colunas | Moreira Franco deve permanecer em eventual governo de Rodrigo MaiaO ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) deve ser mantido no governo caso Rodrigo Maia (DEM-RJ) assuma a Presidência, substituindo Michel Temer. O alardeado parentesco entre os dois, que impediria legalmente a permanência, não existe. LAÇO Moreira Franco não é sogro de Maia. Ele é, na verdade, casado com Clara Vasconcelos, mãe de Patrícia Maia, mulher do presidente da Câmara. Ou seja, é apenas o marido da sogra. CASA NOVA Moreira, portanto, deve ficar —mas em outra pasta. CASA NOVA 2 Já Eliseu Padilha sai da Casa Civil na mesma hora caso Maia vire presidente. Quando muito, ganha um ministério menos importante, apenas para manter o foro privilegiado. CASA NOVA 3 As apostas na Câmara são as de que até mesmo Henrique Meirelles corre risco de sair do Ministério da Fazenda. De acordo com interlocutor frequente de Maia, ele não teria "nenhuma admiração" pelo atual comandante da economia, a quem consideraria pouco criativo e até mesmo ultrapassado. NA MESMA No entorno do próprio Meirelles se diz que o ministro até concordaria em ficar —mas sob determinadas condições, como a de não ver rifada a reforma da Previdência. A FESTA É MINHA O estilista Sergio K comemorou seu aniversário na quarta (5), no clube Passa. O empresário Carlos Jereissati Filho, a consultora de marca Fabiola Kassin e a empresária Duda Derani participaram da festa. TABUADA O deputado Beto Mansur (PRB-SP) viajou com Temer para a Alemanha. No voo, ele, o presidente e o chanceler Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) fizeram e refizeram "as contas" para saber quantos votos o governo teria na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) caso a votação sobre a denúncia contra Temer fosse apreciada nas próximas horas. "Seriam 39 de um total de 66", diz Mansur. FACA AMOLADA "Fizemos uma conta conservadora", diz ele. "O Michel está com a faca nos dentes e vamos vencer", afirma. ARTIGO 171 Iso Weinfeld, empresário conhecido na comunidade judaica de São Paulo, foi preso preventivamente na tarde de quinta-feira (6) sob a acusação de estelionato. Segundo a denúncia do Ministério Público, Iso obtinha dinheiro das vítimas se apresentando como administrador de um fundo de investimentos. Depois de algum tempo, deixava de repassar os rendimentos do dinheiro e se recusava a devolver a aplicação inicial. EM SÉRIE A denúncia que levou à prisão de Iso relata um prejuízo de R$ 2,7 milhões para três pessoas, mas há outros inquéritos em curso. O advogado Jonathan Raicher, que defende oito das supostas vítimas, afirma que as perdas de seus clientes chegam a R$ 20 milhões. VERSÃO A defesa de Iso diz que os fatos da denúncia "não correspondem à realidade" e que "sua inocência será provada". EU SOZINHA O monólogo "Carne de Mulher", protagonizado por Paula Cohen, teve estreia na quarta (5). As atrizes Martha Nowill e Angela Figueiredo e a novelista Duca Rachid foram ao evento. Branco Mello, baixista dos Titãs, também assistiu à peça, no Teatro de Arena. LUTA CONTRA O CRACK A cracolândia vai ganhar um octógono a partir deste sábado (8), com um projeto do lutador de MMA Matheus Serafim para ensinar luta. As aulas serão nas unidades da prefeitura, na Luz, onde é feito o atendimento a usuários de drogas. Outros lutadores vão participar da iniciativa. Minotauro, por exemplo, deverá dar uma palestra. PALCO DO BEM Os programas da Globo no dia do show do "Criança Esperança" serão apresentados neste ano da mesa onde personalidades atendem às ligações de doadores da campanha. O "Caldeirão do Huck" e o programa "Estrelas", de Angélica, estão entre eles. É ELA Dira Paes será a atriz homenageada no Festival de Gramado deste ano, em agosto. Ela, que neste ano lançou "Redemoinho", de José Luiz Villamarim, fez ao longo da carreira 41 filmes. CURTO-CIRCUITO A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira comemorou nesta semana seus 65 anos de fundação. As bibliotecas municipais de São Paulo terão pontos de troca de figurinhas do Campeonato Brasileiro. Aos sábados, das 14h às 16h, e aos domingos, das 11h às 13h. A banda As Bahias e a Cozinha Mineira faz show com participação especial da cantora Maria Gadú, neste sábado (8), no Carioca Club, às 22h. O livro "Mulheres, Cultura e Política", da escritora americana Angela Davis, será lançado neste sábado (8) nas livrarias pela editora Boitempo. com JOELMIR TAVARES, LETÍCIA MORI e BRUNO FÁVERO; colaborou JOÃO CARNEIRO | 1 |
Chef abre casa nos Jardins com suas receitas favoritas de sanduíche | MAGÊ FLORES DE SÃO PAULO Irônico, mas quem trabalha na cozinha come muito sanduíche. Tanto que, com o tempo, pode acumular boas receitas —e até abrir uma outra casa. Pois o chef Gustavo Rozzino, do Tonton, inaugurou neste mês o Sandoui, também nos Jardins. Ele, que fazia em casa "hamburgadas" e "pastramadas", montou um cardápio com boas fritas, bem fininhas, sanduíches, espumantes e cervejas. A terrine de porco que servia no restaurante, por exemplo, foi adaptada e, à milanesa, compõe a receita com kimchi (acelga fermentada e condimentada) e maionese (R$ 21). A versão com pastrami (foto) tem queijo e coleslaw (R$ 33). Há também um sanduíche com camarões crocantes, maionese de wasabi e rúcula (R$ 35) e um com polvo, alface, vinagrete e gengibre (R$ 33). Em homenagem ao "jeito paulistano de comer cachorro-quente", Rozzino preparou um com aligot, purê de batata com bastante queijo (R$ 20). Para acompanhar, há milk-shake de pêssego, com purê da fruta e pedaços em calda, e de chocolate, com ganache e brownie (ambos R$ 22). Os espumantes, vários deles brasileiros, custam de R$ 62 a R$ 160. Sandoui. Al. Joaquim Eugênio de Lima, 1.537, Jd. Paulista, tel. (11) 3051-4750. Ter. a sáb., das 12h às 23h. Dom., das 13h às 22h | saopaulo | Chef abre casa nos Jardins com suas receitas favoritas de sanduícheMAGÊ FLORES DE SÃO PAULO Irônico, mas quem trabalha na cozinha come muito sanduíche. Tanto que, com o tempo, pode acumular boas receitas —e até abrir uma outra casa. Pois o chef Gustavo Rozzino, do Tonton, inaugurou neste mês o Sandoui, também nos Jardins. Ele, que fazia em casa "hamburgadas" e "pastramadas", montou um cardápio com boas fritas, bem fininhas, sanduíches, espumantes e cervejas. A terrine de porco que servia no restaurante, por exemplo, foi adaptada e, à milanesa, compõe a receita com kimchi (acelga fermentada e condimentada) e maionese (R$ 21). A versão com pastrami (foto) tem queijo e coleslaw (R$ 33). Há também um sanduíche com camarões crocantes, maionese de wasabi e rúcula (R$ 35) e um com polvo, alface, vinagrete e gengibre (R$ 33). Em homenagem ao "jeito paulistano de comer cachorro-quente", Rozzino preparou um com aligot, purê de batata com bastante queijo (R$ 20). Para acompanhar, há milk-shake de pêssego, com purê da fruta e pedaços em calda, e de chocolate, com ganache e brownie (ambos R$ 22). Os espumantes, vários deles brasileiros, custam de R$ 62 a R$ 160. Sandoui. Al. Joaquim Eugênio de Lima, 1.537, Jd. Paulista, tel. (11) 3051-4750. Ter. a sáb., das 12h às 23h. Dom., das 13h às 22h | 9 |
'Cheguei na hora e não pude entrar', diz aluna impedida de fazer Fuvest | A estudante Bárbara de Souza Fernandes, 18, foi impedida de entrar na unidade Uninove campus Memorial da América Latina, na Barra Funda (zona oeste), mesmo com comprovante de inscrição indicando que este seria o local de prova da Fuvest. De acordo com os responsáveis pela aplicação da prova, o local do exame de Fernandes seria nas Faculdades Integradas Rio Branco, na Lapa (zona oeste). A estudante, porém, possui um comprovante, que retirou do site da Fuvest no dia 24 de outubro, que indica que o local de realização da prova seria no campus da Uninove. Ao acessar o site com os dados da estudante na tarde deste domingo (29), o resultado é que o local de prova é o colégio da Lapa. O número de inscrição que consta no resultado, contudo, é diferente daquele que Fernandes mostra. Ela perdeu a prova. A estudante tentaria uma vaga no curso de direito, pela segunda vez. Contatada, a Fuvest diz que é improvável que o local tenha mudado, e que a estudante pode ter se confundido ao olhar o local de prova de 2014, e não deste ano. CHUVA Em meio a uma forte chuva, estudantes que iriam prestar a Fuvest, etapa inicial do processo seletivo da USP (Universidade de São Paulo) e da Santa Casa, se aglomeravam em frente aos portões dos colégios que recebem a prova na região da Paulista, em São Paulo. A expectativa entre os candidatos a uma vaga na USP era de uma prova longa e de nível parecido com anos anteriores. Cerca de 143 mil candidatos participam do processo seletivo. Neste ano, a concorrência deve ser bem maior em relação ao ano passado, devido a uma redução na quantidade de vagas. Em vez das 11.057 vagas anteriores destinadas à USP, por exemplo, agora serão 9.568 vagas. A estudante Karen Maria, 21, presta o vestibular pela quinta vez. Buscando uma vaga em medicina, um dos cursos mais concorridos na universidade, ela esperava uma prova difícil, principalmente em matemática. "Na Fuvest, matemática é sempre muito difícil. Química e física devem estar razoáveis e as matérias de humanas mais fáceis", afirmou Maria, que estuda das 6h as 21h no cursinho. Outros vestibulandos demonstravam confiança com a prova, enquanto aguardavam a abertura dos portões em frente ao colégio São Luís, em São Paulo. Matheus de Sampaio, 18, presta Fuvest pela segunda vez. "Ano passado estava difícil, mas nesse ano estou mais preparado", disse o estudante, que estuda sete horas por dia por uma vaga no curso de relações públicas. Em frente a outro colégio tradicional de São Paulo, o Dante Alighieri, nos Jardins (zona oeste de SP), os estudantes se encolhiam embaixo de marquises para se esconder da chuva minutos antes do fechamento dos portões. "Essa chuva me castigou demais, vou passar a prova toda inteirinho molhado", disse Bruno Souza, 19. Manuela Lima, 21, chegou a cinco minutos do fechamento dos portões no Dante Alighieri. Encharcada, a vestibulanda que tenta uma vaga no curso de psicologia reclamava da chuva. "Me atrapalhou muito." A reportagem da Folha não presenciou estudantes atrasados ou confusão no fechamento dos portões, às 13h, nos colégios visitados. PRÓXIMA FASE A lista de convocados e os locais de prova da segunda fase do vestibular devem ser divulgados no dia 21 de dezembro. Os exames serão aplicados em janeiro. Estão em disputa neste ano 9.568 vagas na USP e na Santa Casa. Outras 1.489 (13,4%) serão, pela primeira vez, selecionadas pelo Sisu (sistema federal), por meio do Enem. A adesão à seleção federal ficou a critério de cada unidade. Medicina no campus de Ribeirão Preto é o curso mais disputado na Fuvest deste ano —são 71,9 candidatos por vaga. Em segundo lugar está psicologia, com 59,8, seguido do curso de medicina em São Paulo (58,8). Fuvest 2016 | educacao | 'Cheguei na hora e não pude entrar', diz aluna impedida de fazer FuvestA estudante Bárbara de Souza Fernandes, 18, foi impedida de entrar na unidade Uninove campus Memorial da América Latina, na Barra Funda (zona oeste), mesmo com comprovante de inscrição indicando que este seria o local de prova da Fuvest. De acordo com os responsáveis pela aplicação da prova, o local do exame de Fernandes seria nas Faculdades Integradas Rio Branco, na Lapa (zona oeste). A estudante, porém, possui um comprovante, que retirou do site da Fuvest no dia 24 de outubro, que indica que o local de realização da prova seria no campus da Uninove. Ao acessar o site com os dados da estudante na tarde deste domingo (29), o resultado é que o local de prova é o colégio da Lapa. O número de inscrição que consta no resultado, contudo, é diferente daquele que Fernandes mostra. Ela perdeu a prova. A estudante tentaria uma vaga no curso de direito, pela segunda vez. Contatada, a Fuvest diz que é improvável que o local tenha mudado, e que a estudante pode ter se confundido ao olhar o local de prova de 2014, e não deste ano. CHUVA Em meio a uma forte chuva, estudantes que iriam prestar a Fuvest, etapa inicial do processo seletivo da USP (Universidade de São Paulo) e da Santa Casa, se aglomeravam em frente aos portões dos colégios que recebem a prova na região da Paulista, em São Paulo. A expectativa entre os candidatos a uma vaga na USP era de uma prova longa e de nível parecido com anos anteriores. Cerca de 143 mil candidatos participam do processo seletivo. Neste ano, a concorrência deve ser bem maior em relação ao ano passado, devido a uma redução na quantidade de vagas. Em vez das 11.057 vagas anteriores destinadas à USP, por exemplo, agora serão 9.568 vagas. A estudante Karen Maria, 21, presta o vestibular pela quinta vez. Buscando uma vaga em medicina, um dos cursos mais concorridos na universidade, ela esperava uma prova difícil, principalmente em matemática. "Na Fuvest, matemática é sempre muito difícil. Química e física devem estar razoáveis e as matérias de humanas mais fáceis", afirmou Maria, que estuda das 6h as 21h no cursinho. Outros vestibulandos demonstravam confiança com a prova, enquanto aguardavam a abertura dos portões em frente ao colégio São Luís, em São Paulo. Matheus de Sampaio, 18, presta Fuvest pela segunda vez. "Ano passado estava difícil, mas nesse ano estou mais preparado", disse o estudante, que estuda sete horas por dia por uma vaga no curso de relações públicas. Em frente a outro colégio tradicional de São Paulo, o Dante Alighieri, nos Jardins (zona oeste de SP), os estudantes se encolhiam embaixo de marquises para se esconder da chuva minutos antes do fechamento dos portões. "Essa chuva me castigou demais, vou passar a prova toda inteirinho molhado", disse Bruno Souza, 19. Manuela Lima, 21, chegou a cinco minutos do fechamento dos portões no Dante Alighieri. Encharcada, a vestibulanda que tenta uma vaga no curso de psicologia reclamava da chuva. "Me atrapalhou muito." A reportagem da Folha não presenciou estudantes atrasados ou confusão no fechamento dos portões, às 13h, nos colégios visitados. PRÓXIMA FASE A lista de convocados e os locais de prova da segunda fase do vestibular devem ser divulgados no dia 21 de dezembro. Os exames serão aplicados em janeiro. Estão em disputa neste ano 9.568 vagas na USP e na Santa Casa. Outras 1.489 (13,4%) serão, pela primeira vez, selecionadas pelo Sisu (sistema federal), por meio do Enem. A adesão à seleção federal ficou a critério de cada unidade. Medicina no campus de Ribeirão Preto é o curso mais disputado na Fuvest deste ano —são 71,9 candidatos por vaga. Em segundo lugar está psicologia, com 59,8, seguido do curso de medicina em São Paulo (58,8). Fuvest 2016 | 12 |
Elevando tom, ministro da Fazenda diz que precisa recuperar empregos | Durante a entrevista em que explicou projetos de lei que serão enviados ao Congresso para mudanças na cobrança na dívida dos estados e nas metas fiscais do governo, o ministro da Fazenda Nelson Barbosa alterou seu tom de voz, em geral tranquilo, para defender medidas para aumentar o emprego e a renda. "O país está numa recessão. A gente tem que ajudar o país a recuperar o emprego e a renda. Hoje, isso passa, sim, por preservar algumas despesas [do governo]. Preservar o investimento, a saúde e a educação. Isso é dever de uma autoridade", afirmou Barbosa que enviou ao Congresso pedido para ter a autorização para não cortar despesas não obrigatórias que forem consideradas essenciais em casos de baixo crescimento, como o atual. Perguntado se essa permissão não criaria uma nova obrigação ao governo, engessando ainda mais o orçamento, o ministro rebateu dizendo que só vai ser feita em casos de baixo crescimento e de forma justificada. E voltou a defender a renda e o emprego que, segundo ele, tem que parar de diminuir. "Não estamos querendo transformar despesa discricionária em obrigatória. Numa situação que o governo atue para recuperar a renda e o emprego, é necessário que tenha instrumentos para isso. Estamos tendo muito cuidado para não pedir um cheque em branco", disse Barbosa lembrando que tudo terá que ser justificado. "É mais transparência, mais prestação de contas e preservando despesas que melhoram o funcionamento da economia e, sobretudo, quando a gente ainda vive uma redução da atividade econômica, despesas que vão fazer o emprego e a renda se recuperar mais rapidamente", disse Barbosa. "Se não fizer isso, o governo acaba colocando a economia mais pro fundo e piorando a situação". Barbosa vem sendo pressionado por setores do PT, partido do governo, que querem uma política mais expansiva de gastos do governo para tirar o país da recessão. Um dos críticos é o ex-presidente Lula, nomeado recentemente ministro da Casa Civil. ESTÍMULO Barbosa defendeu que vem tratando de medidas de estímulo à economia desde o início de sua gestão, três meses atrás, lembrando que fez mudanças que abriram a possibilidade de aumento de R$ 82 bilhões em empréstimos para a economia. Além disso, segundo ele, já foram pedidas autorizações para gastar mais R$ 9 bilhões em obras do PAC e R$ 3 bilhões com saúde. Segundo Barbosa, é preciso atuar em medidas de curto prazo mas que essas medidas serão compensadas por mudanças de longo prazo como as anunciadas nesta segunda-feira que vão dar estabilidade ao gastos públicos do país, incluindo os estados e municípios. O ministro reconheceu os problemas políticos do país, voltou a pedir que a política ajude a economia e afirmou que é preciso discutir com serenidade. Ao ser lembrado que o processo de impeachment da presidente e as eleições municipais de outubro podem atrapalhar o andamento dos projetos do governo, Barbosa afirmou que o Congresso pode discutir ao mesmo tempo mais de um tema e que os governadores estão dispostos a ajudar na aprovação. Barbosa também sinalizou que as medidas são um projeto de logro prazo, que interessa a qualquer governo por ser um assunto de estado. "Uma melhora no debate político ajuda à economia. Tá na hora da política também ajudar a economia. Acho que a gente tem que resgatar a civilidade no debate público. O debate público onde todo mundo grita e ninguém ouve ninguém, não vai chegar a lugar nenhum". CPMF Perguntado sobre não ter ainda aprovado propostas mais antigas enviadas ao Congresso, como a recriação da CPMF, o ministro afirmou que não desistiu da proposta mas que ela está atrasada pela situação política. Segundo ele, é necessário aumentar a arrecadação porque, segundo ele, a carga tributária sobre impostos (sem considerar a Previdência) está mais baixa que no início da década de 2000, considerando o percentual do PIB. "É preciso recuperar a arrecadação. Isso envolve duas coisas: medidas de recuperação de receita e, principalmente, recuperar o crescimento. Se o crescimento recupera, aumenta o salário das pessoas". Sobre a reforma da Previdência, que era defendida pela Fazenda como prioridade mas que não tem apoio do partido do governo, Nelson Barbosa disse que as discussões estão andando e vão até meados de abril. Mas anunciou que o governo vai avaliar o cenário político para saber o melhor momento de enviar a proposta ao Congresso. "Vivemos um contexto político conturbado e essa decisão de enviar também tem que atentar para o cenário político", disse o ministro. FMI Barbosa também voltou a negar o uso das reservas internacionais para gastos dizendo que esta não é "a melhor solução". Segundo ele, só é possível manter no Brasil os debates sobre como resolver os problemas econômicos por causa da segurança que as reservas proporcionam. "Sinceramente, várias autoridades já se manifestaram sobre isso. São ativos importantes para manter a estabilidade financeira do Brasil. Com elas, temos autonomia de política econômica. Nosso maior problema é orçamentário, em reais. Não é um problema em dólares. É melhor manter as reservas lá porque elas dão autonomia à política econômica brasileira. É isso que permite discutir as alternativas com os brasileiros e não tenho que discutir com o FMI, com órgãos internacionais", disse Barbosa lembrando que isso também dá segurança aos títulos da dívida do país. "A gente não deve confundir volatilidade com solvência. Os títulos brasileiros são seguros e rentáveis. Eu não preciso usar reservas para aumentar o investimento. Preciso de autorização do Congresso". | mercado | Elevando tom, ministro da Fazenda diz que precisa recuperar empregosDurante a entrevista em que explicou projetos de lei que serão enviados ao Congresso para mudanças na cobrança na dívida dos estados e nas metas fiscais do governo, o ministro da Fazenda Nelson Barbosa alterou seu tom de voz, em geral tranquilo, para defender medidas para aumentar o emprego e a renda. "O país está numa recessão. A gente tem que ajudar o país a recuperar o emprego e a renda. Hoje, isso passa, sim, por preservar algumas despesas [do governo]. Preservar o investimento, a saúde e a educação. Isso é dever de uma autoridade", afirmou Barbosa que enviou ao Congresso pedido para ter a autorização para não cortar despesas não obrigatórias que forem consideradas essenciais em casos de baixo crescimento, como o atual. Perguntado se essa permissão não criaria uma nova obrigação ao governo, engessando ainda mais o orçamento, o ministro rebateu dizendo que só vai ser feita em casos de baixo crescimento e de forma justificada. E voltou a defender a renda e o emprego que, segundo ele, tem que parar de diminuir. "Não estamos querendo transformar despesa discricionária em obrigatória. Numa situação que o governo atue para recuperar a renda e o emprego, é necessário que tenha instrumentos para isso. Estamos tendo muito cuidado para não pedir um cheque em branco", disse Barbosa lembrando que tudo terá que ser justificado. "É mais transparência, mais prestação de contas e preservando despesas que melhoram o funcionamento da economia e, sobretudo, quando a gente ainda vive uma redução da atividade econômica, despesas que vão fazer o emprego e a renda se recuperar mais rapidamente", disse Barbosa. "Se não fizer isso, o governo acaba colocando a economia mais pro fundo e piorando a situação". Barbosa vem sendo pressionado por setores do PT, partido do governo, que querem uma política mais expansiva de gastos do governo para tirar o país da recessão. Um dos críticos é o ex-presidente Lula, nomeado recentemente ministro da Casa Civil. ESTÍMULO Barbosa defendeu que vem tratando de medidas de estímulo à economia desde o início de sua gestão, três meses atrás, lembrando que fez mudanças que abriram a possibilidade de aumento de R$ 82 bilhões em empréstimos para a economia. Além disso, segundo ele, já foram pedidas autorizações para gastar mais R$ 9 bilhões em obras do PAC e R$ 3 bilhões com saúde. Segundo Barbosa, é preciso atuar em medidas de curto prazo mas que essas medidas serão compensadas por mudanças de longo prazo como as anunciadas nesta segunda-feira que vão dar estabilidade ao gastos públicos do país, incluindo os estados e municípios. O ministro reconheceu os problemas políticos do país, voltou a pedir que a política ajude a economia e afirmou que é preciso discutir com serenidade. Ao ser lembrado que o processo de impeachment da presidente e as eleições municipais de outubro podem atrapalhar o andamento dos projetos do governo, Barbosa afirmou que o Congresso pode discutir ao mesmo tempo mais de um tema e que os governadores estão dispostos a ajudar na aprovação. Barbosa também sinalizou que as medidas são um projeto de logro prazo, que interessa a qualquer governo por ser um assunto de estado. "Uma melhora no debate político ajuda à economia. Tá na hora da política também ajudar a economia. Acho que a gente tem que resgatar a civilidade no debate público. O debate público onde todo mundo grita e ninguém ouve ninguém, não vai chegar a lugar nenhum". CPMF Perguntado sobre não ter ainda aprovado propostas mais antigas enviadas ao Congresso, como a recriação da CPMF, o ministro afirmou que não desistiu da proposta mas que ela está atrasada pela situação política. Segundo ele, é necessário aumentar a arrecadação porque, segundo ele, a carga tributária sobre impostos (sem considerar a Previdência) está mais baixa que no início da década de 2000, considerando o percentual do PIB. "É preciso recuperar a arrecadação. Isso envolve duas coisas: medidas de recuperação de receita e, principalmente, recuperar o crescimento. Se o crescimento recupera, aumenta o salário das pessoas". Sobre a reforma da Previdência, que era defendida pela Fazenda como prioridade mas que não tem apoio do partido do governo, Nelson Barbosa disse que as discussões estão andando e vão até meados de abril. Mas anunciou que o governo vai avaliar o cenário político para saber o melhor momento de enviar a proposta ao Congresso. "Vivemos um contexto político conturbado e essa decisão de enviar também tem que atentar para o cenário político", disse o ministro. FMI Barbosa também voltou a negar o uso das reservas internacionais para gastos dizendo que esta não é "a melhor solução". Segundo ele, só é possível manter no Brasil os debates sobre como resolver os problemas econômicos por causa da segurança que as reservas proporcionam. "Sinceramente, várias autoridades já se manifestaram sobre isso. São ativos importantes para manter a estabilidade financeira do Brasil. Com elas, temos autonomia de política econômica. Nosso maior problema é orçamentário, em reais. Não é um problema em dólares. É melhor manter as reservas lá porque elas dão autonomia à política econômica brasileira. É isso que permite discutir as alternativas com os brasileiros e não tenho que discutir com o FMI, com órgãos internacionais", disse Barbosa lembrando que isso também dá segurança aos títulos da dívida do país. "A gente não deve confundir volatilidade com solvência. Os títulos brasileiros são seguros e rentáveis. Eu não preciso usar reservas para aumentar o investimento. Preciso de autorização do Congresso". | 2 |
E se o iPhone fosse produzido nos EUA? | A Apple desenvolve o iPhone e outros produtos em sua sede em Cupertino, na Califórnia. Nela trabalha a maioria dos 116 mil funcionários da empresa, empregados em tempo integral, incluindo engenheiros, designers, programadores e profissionais de marketing. Há também só nos EUA 268 lojas da Apple, as Apple Stores, que também têm seus empregados. Entretanto, o iPhone é produzido na China, assim como a maioria dos smartphones dos concorrentes, através de duas empresas que estão sediadas em Taiwan: Hon Hai Precision Industry, também conhecida como Foxconn, e a Pegatron. Juntas, as duas empresas produzem cerca de 200 milhões de iPhones por ano. "Vou fazer a Apple produzir seus computadores e iPhones no nosso país e não na China", disse Trump repetidamente durante a campanha eleitoral. A mensagem é que isso resultaria na criação de empregos nos Estados Unidos para os americanos, e o país se tornaria novamente "great". A conta, por favor! De acordo com a revista japonesa especializada em economia Nikkei Asian Review, a Apple pediu a seus subcontratados Foxconn e Pegatron que calculassem o custo de uma transferência da produção para os EUA. "A Foxconn atendeu ao pedido", informou a publicação, citando uma fonte anônima. "Pegatron, no entanto, se recusou, por razões de custo, a fazer o cálculo." O resultado dos cálculos da Foxconn, de acordo com a mesma fonte: fabricar iPhones nos EUA custaria mais do que o dobro. Um iPhone 7 com 32 GB de memória custa US$ 649 para a Apple. O custo de produção calculado pela consultoria IHS Markit é de US$ 220, dos quais, cerca de US$ 5 são encargos salariais. Mas a Foxconn, como principal produtora do iPhone na China, não é uma fonte confiável para prever uma duplicação de custos em uma transferência para os EUA. Jason Dedrick, pesquisador de globalização da Universidade de Syracuse, em Nova York, chega a outras cifras. "Se o iPhone fosse montado nos EUA e todos os componentes necessários fossem importados prontos, o custo de produção aumentaria em US$ 30 a US$ 40", diz Dedrick, em entrevista à DW. Isso decorre, em parte, dos salários mais elevados dos EUA e, por outro lado, dos custos mais elevados de transporte e logística. "Caso todos os itens forem produzidos nos EUA, e o iPhone também for montado no país, a produção encareceria em pelo menos 80 a 90 dólares", calcula Dedrick. A Apple poderia compensar os custos aumentando o preço de venda ou teria que ter uma margem de lucro correspondentemente menor. VANTAGEM DA CHINA Mas mesmo Dedrick não acredita em uma transferência de toda a produção do iPhone para os Estados Unidos. "A curto e médio prazo, seria impossível construir no país toda a infraestrutura necessária para a produção de centenas de milhões de iPhones anualmente", pondera Dedrick. Pois os locais de produção na China se tornaram verdadeiros centros urbanos para a fabricação de smartphones. Neles, não apenas os dispositivos de todos os fabricantes são montados. Nesses locais, estão também a maioria dos fornecedores e processadores das chamadas "terras-raras", que são extraídas principalmente na China e não podem faltar nos celulares. "A Apple precisa também, para continuar competitiva, de uma empresa como a Foxconn, que tem o equipamento, o conhecimento e a experiência necessárias para iniciar a produção, indo de zero a vários milhões, dentro de um curto período de tempo", diz Dedrick. A construção desta infraestrutura na China durou "várias décadas" e necessitou, segundo o especialista, de investimentos elevados de milhares de empresas. "É impossível estimar o quanto custaria uma estrutura semelhante nos EUA", afirma Dedrick. MAIS ROBÔS É questionável também se de fato muitos empregos seriam criados por uma transferência da montagem para os Estados Unidos. "Lá, provavelmente a produção seria mais automatizada", diz Dedrick. Pois já agora, devido aos salários ainda relativamente baixos, mas que vêm subindo na China, os fabricantes já estão fazendo planos para que a montagem seja cada vez realizada por robôs. Dedrick está convencido de que uma transferência da produção também traria desvantagens para os Estados Unidos. "Especialmente os concorrentes da Apple lucrariam com isso, porque eles têm vantagens de custo na China. E se a Apple vender menos, também muitos postos de trabalho de altos salários nos EUA podem desaparecer, em pesquisa e desenvolvimento, entre engenheiros e gestores", afirma. Como presidente, Donald Trump dificilmente vai conseguir obrigar a Apple e outras empresas a produzir nos EUA. Ele também tinha prometido na campanha eleitoral que sobretaxaria em até 45% exportações da China. Ao ser lembrado por um entrevistador da emissora americana NBC, em junho, que as regras da Organização Mundial do Comércio proíbem tais tarifas punitivas, Trump disse: "Então renegociamos ou saímos. A Organização Mundial do Comércio é um desastre." No início de 1980, o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, tentou proteger setores americanos, como fabricantes de chip e de motocicleta, da concorrência —então, os japoneses—, com altas tarifas alfandegárias. "No geral, porém, os EUA mantiveram uma política comercial livre e aberta", frisa David Flath, professor de economia da Universidade Estadual da Carolina do Norte. Se isso mudar com Trump, não só os EUA como o resto do mundo sairá prejudicado. "Um fechamento das portas dos EUA é a invenção de tolos, não é uma meta que possa ser alcançada", conclui Flath. | mercado | E se o iPhone fosse produzido nos EUA?A Apple desenvolve o iPhone e outros produtos em sua sede em Cupertino, na Califórnia. Nela trabalha a maioria dos 116 mil funcionários da empresa, empregados em tempo integral, incluindo engenheiros, designers, programadores e profissionais de marketing. Há também só nos EUA 268 lojas da Apple, as Apple Stores, que também têm seus empregados. Entretanto, o iPhone é produzido na China, assim como a maioria dos smartphones dos concorrentes, através de duas empresas que estão sediadas em Taiwan: Hon Hai Precision Industry, também conhecida como Foxconn, e a Pegatron. Juntas, as duas empresas produzem cerca de 200 milhões de iPhones por ano. "Vou fazer a Apple produzir seus computadores e iPhones no nosso país e não na China", disse Trump repetidamente durante a campanha eleitoral. A mensagem é que isso resultaria na criação de empregos nos Estados Unidos para os americanos, e o país se tornaria novamente "great". A conta, por favor! De acordo com a revista japonesa especializada em economia Nikkei Asian Review, a Apple pediu a seus subcontratados Foxconn e Pegatron que calculassem o custo de uma transferência da produção para os EUA. "A Foxconn atendeu ao pedido", informou a publicação, citando uma fonte anônima. "Pegatron, no entanto, se recusou, por razões de custo, a fazer o cálculo." O resultado dos cálculos da Foxconn, de acordo com a mesma fonte: fabricar iPhones nos EUA custaria mais do que o dobro. Um iPhone 7 com 32 GB de memória custa US$ 649 para a Apple. O custo de produção calculado pela consultoria IHS Markit é de US$ 220, dos quais, cerca de US$ 5 são encargos salariais. Mas a Foxconn, como principal produtora do iPhone na China, não é uma fonte confiável para prever uma duplicação de custos em uma transferência para os EUA. Jason Dedrick, pesquisador de globalização da Universidade de Syracuse, em Nova York, chega a outras cifras. "Se o iPhone fosse montado nos EUA e todos os componentes necessários fossem importados prontos, o custo de produção aumentaria em US$ 30 a US$ 40", diz Dedrick, em entrevista à DW. Isso decorre, em parte, dos salários mais elevados dos EUA e, por outro lado, dos custos mais elevados de transporte e logística. "Caso todos os itens forem produzidos nos EUA, e o iPhone também for montado no país, a produção encareceria em pelo menos 80 a 90 dólares", calcula Dedrick. A Apple poderia compensar os custos aumentando o preço de venda ou teria que ter uma margem de lucro correspondentemente menor. VANTAGEM DA CHINA Mas mesmo Dedrick não acredita em uma transferência de toda a produção do iPhone para os Estados Unidos. "A curto e médio prazo, seria impossível construir no país toda a infraestrutura necessária para a produção de centenas de milhões de iPhones anualmente", pondera Dedrick. Pois os locais de produção na China se tornaram verdadeiros centros urbanos para a fabricação de smartphones. Neles, não apenas os dispositivos de todos os fabricantes são montados. Nesses locais, estão também a maioria dos fornecedores e processadores das chamadas "terras-raras", que são extraídas principalmente na China e não podem faltar nos celulares. "A Apple precisa também, para continuar competitiva, de uma empresa como a Foxconn, que tem o equipamento, o conhecimento e a experiência necessárias para iniciar a produção, indo de zero a vários milhões, dentro de um curto período de tempo", diz Dedrick. A construção desta infraestrutura na China durou "várias décadas" e necessitou, segundo o especialista, de investimentos elevados de milhares de empresas. "É impossível estimar o quanto custaria uma estrutura semelhante nos EUA", afirma Dedrick. MAIS ROBÔS É questionável também se de fato muitos empregos seriam criados por uma transferência da montagem para os Estados Unidos. "Lá, provavelmente a produção seria mais automatizada", diz Dedrick. Pois já agora, devido aos salários ainda relativamente baixos, mas que vêm subindo na China, os fabricantes já estão fazendo planos para que a montagem seja cada vez realizada por robôs. Dedrick está convencido de que uma transferência da produção também traria desvantagens para os Estados Unidos. "Especialmente os concorrentes da Apple lucrariam com isso, porque eles têm vantagens de custo na China. E se a Apple vender menos, também muitos postos de trabalho de altos salários nos EUA podem desaparecer, em pesquisa e desenvolvimento, entre engenheiros e gestores", afirma. Como presidente, Donald Trump dificilmente vai conseguir obrigar a Apple e outras empresas a produzir nos EUA. Ele também tinha prometido na campanha eleitoral que sobretaxaria em até 45% exportações da China. Ao ser lembrado por um entrevistador da emissora americana NBC, em junho, que as regras da Organização Mundial do Comércio proíbem tais tarifas punitivas, Trump disse: "Então renegociamos ou saímos. A Organização Mundial do Comércio é um desastre." No início de 1980, o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, tentou proteger setores americanos, como fabricantes de chip e de motocicleta, da concorrência —então, os japoneses—, com altas tarifas alfandegárias. "No geral, porém, os EUA mantiveram uma política comercial livre e aberta", frisa David Flath, professor de economia da Universidade Estadual da Carolina do Norte. Se isso mudar com Trump, não só os EUA como o resto do mundo sairá prejudicado. "Um fechamento das portas dos EUA é a invenção de tolos, não é uma meta que possa ser alcançada", conclui Flath. | 2 |
Governo quer retomar 2.000 obras de pequeno porte paradas no país | O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, anunciou que o governo pretende retomar 2.000 obras de pequeno porte que estão paralisadas pelo país. O anúncio foi feito após uma reunião de ministros do setor de infraestrutura com o presidente interino Michel Temer nesta terça-feira (26). De acordo com Oliveira, o saldo a pagar dessas obras, quase todas pertencentes ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e muitas feitas em convênios com estados e municípios, é estimado em R$ 2 bilhões. Os recursos usados para elas serão remanejados de outros projetos dos próprios ministérios, sem novos gastos. Segundo Oliveira, vão receber recursos as obras que só tiverem problemas de orçamento para seguir. Mas, segundo ele, parte das intervenções não pode continuar por outros problemas, como falta de licença, por exemplo. Estão contemplados projetos de rodovias, saneamento, mobilidade urbana, entre outros. Segundo Oliveira, todos os projetos de obras públicas paradas de até R$ 10 milhões com recursos do Governo Federal estão nesse pacote. Obras com valor acima desse teto também estão paradas serão analisadas pelos ministérios para que o governo apresente, posteriormente, uma lista de prioridades para retomada dos investimentos no futuro. "Nos próximos anos, vamos pedir aos governos que façam esforço concentrado para que tenhamos efetivamente a conclusão de um conjunto amplo de obras em todas as áreas", afirmou o ministro. De acordo com o ministro, a escolha do presidente interino por começar pelas obras de menor valor seria porque elas "agregam mais movimento ao comércio local" e também agregariam mais empregos nessas regiões, prioridade do governo. O ministro do Planejamento voltou a garantir que o governo vai cumprir a meta fiscal do ano, estabelecida com um déficit primário de R$ 170 bilhões, e que até agora não há motivos para duvidar disso. Mas, segundo ele, se as receitas não se mostrarem suficientes, "não estão descartadas" medidas para conter as despesas. | mercado | Governo quer retomar 2.000 obras de pequeno porte paradas no paísO ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, anunciou que o governo pretende retomar 2.000 obras de pequeno porte que estão paralisadas pelo país. O anúncio foi feito após uma reunião de ministros do setor de infraestrutura com o presidente interino Michel Temer nesta terça-feira (26). De acordo com Oliveira, o saldo a pagar dessas obras, quase todas pertencentes ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e muitas feitas em convênios com estados e municípios, é estimado em R$ 2 bilhões. Os recursos usados para elas serão remanejados de outros projetos dos próprios ministérios, sem novos gastos. Segundo Oliveira, vão receber recursos as obras que só tiverem problemas de orçamento para seguir. Mas, segundo ele, parte das intervenções não pode continuar por outros problemas, como falta de licença, por exemplo. Estão contemplados projetos de rodovias, saneamento, mobilidade urbana, entre outros. Segundo Oliveira, todos os projetos de obras públicas paradas de até R$ 10 milhões com recursos do Governo Federal estão nesse pacote. Obras com valor acima desse teto também estão paradas serão analisadas pelos ministérios para que o governo apresente, posteriormente, uma lista de prioridades para retomada dos investimentos no futuro. "Nos próximos anos, vamos pedir aos governos que façam esforço concentrado para que tenhamos efetivamente a conclusão de um conjunto amplo de obras em todas as áreas", afirmou o ministro. De acordo com o ministro, a escolha do presidente interino por começar pelas obras de menor valor seria porque elas "agregam mais movimento ao comércio local" e também agregariam mais empregos nessas regiões, prioridade do governo. O ministro do Planejamento voltou a garantir que o governo vai cumprir a meta fiscal do ano, estabelecida com um déficit primário de R$ 170 bilhões, e que até agora não há motivos para duvidar disso. Mas, segundo ele, se as receitas não se mostrarem suficientes, "não estão descartadas" medidas para conter as despesas. | 2 |
Partidos deveriam combater bancada retrógrada, diz leitor | É espantoso que as mentes esclarecidas do PSDB, do PT e de outros partidos progressistas fiquem se digladiando por mesquinharias e não percebam que o inimigo comum a ser combatido são as forças retrógradas e obscurantistas que tomaram de assalto o Congresso Nacional e querem pautar a política brasileira. Refiro-me às turmas da bala, da Bíblia, da motosserra e outras, que são lideradas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e fazem e desfazem sem que sejam detidas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Partidos deveriam combater bancada retrógrada, diz leitorÉ espantoso que as mentes esclarecidas do PSDB, do PT e de outros partidos progressistas fiquem se digladiando por mesquinharias e não percebam que o inimigo comum a ser combatido são as forças retrógradas e obscurantistas que tomaram de assalto o Congresso Nacional e querem pautar a política brasileira. Refiro-me às turmas da bala, da Bíblia, da motosserra e outras, que são lideradas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e fazem e desfazem sem que sejam detidas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
BMW vai abrir fábrica no México em 2019, apesar de Trump | A BMW seguirá com os planos de abrir uma fábrica no México em 2019, apesar dos alertas feitos pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para impor um imposto de fronteira sobre os veículos da marca alemã fabricados naquele país e destinados aos EUA, disse um executivo. Em uma entrevista ao jornal alemão Bild publicada no domingo (15), Trump disse que a BMW deve construir sua nova fábrica de carros nos EUA, porque isso seria "muito melhor" para a empresa. Mas a BMW vai manter seus planos e abrir a fábrica em San Luis Potosí em 2019, disse o executivo Peter Schwarzenbauer a repórteres em uma conferência em Munique nesta segunda-feira (16). A nova fábrica mexicana construirá o BMW Série 3 a partir de 2019, com a produção destinada ao mercado mundial. A fábrica seria um complemento das instalações de produção da Série 3 existentes na Alemanha e na China. Trump alertou também que vai impor tarifa de 35% sobre veículos importados, pressionando em baixa as ações das montadoras alemãs BMW, Daimler e Volkswagen nesta segunda. As três montadoras investiram pesado em fábricas no México, onde os custos de produção são mais baixos do que nos EUA, a fim de exportarem veículos de pequeno porte para o mercado americano. Em entrevista ao jornal alemão "Bild" publicada nesta segunda-feira, Trump criticou as montadoras alemãs por não produzirem mais carros em solo americano. "Se você quer produzir carros no mundo, então lhe desejo o melhor. Você pode produzir carros para os Estados Unidos, mas para cada carro que vier de fora aos EUA, terá que pagar um imposto de 35%", disse Trump em declarações traduzidas para o alemão. "Eu diria à BMW que, se estiverem construindo uma fábrica no México e planejam vender carros para os EUA, sem contar com um imposto de 35%, você pode esquecer disso", disse Trump, acrescentando que montadoras teriam que construir fábricas nos EUA para evitar essa taxa. Mercedes-Benz e BMW já possuem fábricas grandes nos EUA, onde montam veículos esportivos utilitários com altas margens. EM QUEDA As ações da BMW caíam 0,85% nesta segunda-feira, as da Daimler tinham queda de 1,54% e as da Volkswagen perdiam 1,07% no começo das negociações em Frankfurt. Em junho do ano passado, a BMW prometeu investir US$ 2,2 bilhões no México até 2019 para montar uma capacidade de produção de 150 mil carros por ano. A Daimler disse ter planos para começar a montar veículos Mercedes-Benz em 2018 a partir de uma unidade de US$ 1 bilhão compartilhada com a Renault-Nissan, na cidade mexicana de Aguascalientes. A empresa não estava imediatamente disponível para comentários. No ano passado, a Audi, divisão da Volkswagen, inaugurou uma fábrica de US$ 1,3 bilhão com capacidade de 150 mil carros perto de Puebla. A companhia não pode ser imediatamente contactada. Trump salientou que a Alemanha é uma grande produtora de veículos, notando que carros da Mercedes-Benz são frequentemente vistos em Nova York, mas alegou que não há reciprocidade suficiente. Alemães não estão comprando carros da Chevrolet no mesmo ritmo, disse ele, classificando a relação comercial como uma injusta rua de mão única. | mercado | BMW vai abrir fábrica no México em 2019, apesar de TrumpA BMW seguirá com os planos de abrir uma fábrica no México em 2019, apesar dos alertas feitos pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para impor um imposto de fronteira sobre os veículos da marca alemã fabricados naquele país e destinados aos EUA, disse um executivo. Em uma entrevista ao jornal alemão Bild publicada no domingo (15), Trump disse que a BMW deve construir sua nova fábrica de carros nos EUA, porque isso seria "muito melhor" para a empresa. Mas a BMW vai manter seus planos e abrir a fábrica em San Luis Potosí em 2019, disse o executivo Peter Schwarzenbauer a repórteres em uma conferência em Munique nesta segunda-feira (16). A nova fábrica mexicana construirá o BMW Série 3 a partir de 2019, com a produção destinada ao mercado mundial. A fábrica seria um complemento das instalações de produção da Série 3 existentes na Alemanha e na China. Trump alertou também que vai impor tarifa de 35% sobre veículos importados, pressionando em baixa as ações das montadoras alemãs BMW, Daimler e Volkswagen nesta segunda. As três montadoras investiram pesado em fábricas no México, onde os custos de produção são mais baixos do que nos EUA, a fim de exportarem veículos de pequeno porte para o mercado americano. Em entrevista ao jornal alemão "Bild" publicada nesta segunda-feira, Trump criticou as montadoras alemãs por não produzirem mais carros em solo americano. "Se você quer produzir carros no mundo, então lhe desejo o melhor. Você pode produzir carros para os Estados Unidos, mas para cada carro que vier de fora aos EUA, terá que pagar um imposto de 35%", disse Trump em declarações traduzidas para o alemão. "Eu diria à BMW que, se estiverem construindo uma fábrica no México e planejam vender carros para os EUA, sem contar com um imposto de 35%, você pode esquecer disso", disse Trump, acrescentando que montadoras teriam que construir fábricas nos EUA para evitar essa taxa. Mercedes-Benz e BMW já possuem fábricas grandes nos EUA, onde montam veículos esportivos utilitários com altas margens. EM QUEDA As ações da BMW caíam 0,85% nesta segunda-feira, as da Daimler tinham queda de 1,54% e as da Volkswagen perdiam 1,07% no começo das negociações em Frankfurt. Em junho do ano passado, a BMW prometeu investir US$ 2,2 bilhões no México até 2019 para montar uma capacidade de produção de 150 mil carros por ano. A Daimler disse ter planos para começar a montar veículos Mercedes-Benz em 2018 a partir de uma unidade de US$ 1 bilhão compartilhada com a Renault-Nissan, na cidade mexicana de Aguascalientes. A empresa não estava imediatamente disponível para comentários. No ano passado, a Audi, divisão da Volkswagen, inaugurou uma fábrica de US$ 1,3 bilhão com capacidade de 150 mil carros perto de Puebla. A companhia não pode ser imediatamente contactada. Trump salientou que a Alemanha é uma grande produtora de veículos, notando que carros da Mercedes-Benz são frequentemente vistos em Nova York, mas alegou que não há reciprocidade suficiente. Alemães não estão comprando carros da Chevrolet no mesmo ritmo, disse ele, classificando a relação comercial como uma injusta rua de mão única. | 2 |
Cérebro reage diferentemente segundo idiomas ouvidos na infância | A exposição precoce a uma língua influencia a forma como o cérebro trata, mais tarde, os sons de uma outra língua –é o que diz um estudo publicado nesta terça-feira (1°) na revista "Nature Communications". Parece difícil para os autores do artigo, no entanto, concluir que o fato de escutar uma língua nos primeiros anos de vida influenciará, mais tarde, o aprendizado de línguas estrangeiras. Assim, durante o primeiro ano de vida, o cérebro é muito atencioso e armazena muitas informações. Representações neurais de sons ouvidos são estabelecidas. Para este estudo, os pesquisadores canadenses analisaram 43 crianças, com idades entre 10 a 17 anos, que falam francês e que foram, algumas delas, expostas muito cedo ao chinês. Eles fizeram com que três subgrupos ouvissem gravações de pseudopalavras, então as sonoridades eram próximas ao francês mas não faziam sentido, como por exemplo "vapagne" ou "chansette". O primeiro subgrupo era constituído por crianças nascidas e criadas em famílias francófonas que não haviam estudado nem ouvido chinês. O segundo subgrupo compreendia crianças chinesas que falavam fluentemente o francês na idade de 3 anos. O terceiro subgrupo era formado por crianças adotadas na China antes dos 3 anos, por famílias que só falavam francês. Estas crianças não haviam mais falado, nem ouvido o idioma chinês. "Nós utilizamos pseudopalavras francesas para estudar a forma como o cérebro trata os sons de uma língua falada de maneira corrente em função das línguas ouvidas após o nascimento", explicou Lara Pierce, psicóloga da Universidade McGill em Montréal no Canada e coautora do estudo, "mas sem que outas características da língua, como o sentido, pudesse intervir". Exames de ressonância magnética efetuados durante a difusão destes sons demonstraram que todas as crianças que foram expostas ao chinês muito cedo –quer tenham ou não continuado a falar a língua– tinham uma região do cérebro ativa que não era vista nas crianças unicamente expostas ao francês. Nas crianças adotadas por famílias de língua francesa e de língua não chinesa, foram ativados, como nas crianças bilíngues, áreas do cérebro conhecidas por estarem envolvidas na memória e na atenção. "Aprender uma língua na infância pode, portanto, mudar a maneira de apreender outro idioma", observou Lara Pierce. "Mas não podemos dizer se aprender uma nova língua será mais fácil ou não" para estas crianças, acrescentou. Em novembro de 2014, Lara Pierce e seus colegas também demonstraram que o cérebro continua a reagir a sons e tons de uma língua ouvida e aprendida na infância, mas depois esquecida. | ciencia | Cérebro reage diferentemente segundo idiomas ouvidos na infânciaA exposição precoce a uma língua influencia a forma como o cérebro trata, mais tarde, os sons de uma outra língua –é o que diz um estudo publicado nesta terça-feira (1°) na revista "Nature Communications". Parece difícil para os autores do artigo, no entanto, concluir que o fato de escutar uma língua nos primeiros anos de vida influenciará, mais tarde, o aprendizado de línguas estrangeiras. Assim, durante o primeiro ano de vida, o cérebro é muito atencioso e armazena muitas informações. Representações neurais de sons ouvidos são estabelecidas. Para este estudo, os pesquisadores canadenses analisaram 43 crianças, com idades entre 10 a 17 anos, que falam francês e que foram, algumas delas, expostas muito cedo ao chinês. Eles fizeram com que três subgrupos ouvissem gravações de pseudopalavras, então as sonoridades eram próximas ao francês mas não faziam sentido, como por exemplo "vapagne" ou "chansette". O primeiro subgrupo era constituído por crianças nascidas e criadas em famílias francófonas que não haviam estudado nem ouvido chinês. O segundo subgrupo compreendia crianças chinesas que falavam fluentemente o francês na idade de 3 anos. O terceiro subgrupo era formado por crianças adotadas na China antes dos 3 anos, por famílias que só falavam francês. Estas crianças não haviam mais falado, nem ouvido o idioma chinês. "Nós utilizamos pseudopalavras francesas para estudar a forma como o cérebro trata os sons de uma língua falada de maneira corrente em função das línguas ouvidas após o nascimento", explicou Lara Pierce, psicóloga da Universidade McGill em Montréal no Canada e coautora do estudo, "mas sem que outas características da língua, como o sentido, pudesse intervir". Exames de ressonância magnética efetuados durante a difusão destes sons demonstraram que todas as crianças que foram expostas ao chinês muito cedo –quer tenham ou não continuado a falar a língua– tinham uma região do cérebro ativa que não era vista nas crianças unicamente expostas ao francês. Nas crianças adotadas por famílias de língua francesa e de língua não chinesa, foram ativados, como nas crianças bilíngues, áreas do cérebro conhecidas por estarem envolvidas na memória e na atenção. "Aprender uma língua na infância pode, portanto, mudar a maneira de apreender outro idioma", observou Lara Pierce. "Mas não podemos dizer se aprender uma nova língua será mais fácil ou não" para estas crianças, acrescentou. Em novembro de 2014, Lara Pierce e seus colegas também demonstraram que o cérebro continua a reagir a sons e tons de uma língua ouvida e aprendida na infância, mas depois esquecida. | 15 |
A primeira mulher | A "primeira mulher" candidata à Presidência dos EUA seria uma notícia tão histórica quanto o "primeiro negro" na Casa Branca, com a condição de que o nome dela não fosse Hillary. A verdadeira novidade da campanha eleitoral americana não é uma Clinton, mas um Trump —o Donald. A candidata democrata representa o establishment; o republicano, uma revolta contra o establishment. Desse contraste emana o perigo real de triunfo do Donald. Hillary mantém o favoritismo, apesar do empate técnico registrado nas últimas sondagens. A demografia milita ao seu lado: Trump enfrenta a rejeição majoritária das mulheres, dos hispânicos e dos negros. O sistema eleitoral joga no campo democrata: nos 11 Estados oscilantes, campos de batalha decisivos, Obama obteve 11 vitórias em 2008 e dez em 2012. Contudo, Trump não é um McCain ou um Romney, expoentes da tradição republicana, mas um tipo diferente de candidato: a imagem do som e da fúria de uma nação profunda, imersa nas águas do rancor. O Donald invoca sempre o nome de Reagan, sugerindo um falso paralelo: Ronald foi um candidato solar; Donald é um profeta das sombras. Hillary falará dos dilemas do presente, na linguagem política convencional; Trump falará da restauração de uma idade de ouro, na linguagem do salvacionismo populista. "Fazer a América grande novamente": é a "mudança" contra a "permanência", uma fórmula sedutora, empapada pela umidade da crise. O jogo segue regras complexas, desdobrando-se em equações pontilhadas de incógnitas. O Donald é fruto do colapso de uma tradição. Na sua rebelião contra o centrismo republicano, o Tea Party declarou guerra ao Welfare State e flertou com o nativismo xenófobo da nação branca e protestante. Trump armou seu palanque no meio daquela rebelião, mas a reinventou de modos surpreendentes. Numa ponta, estendeu o discurso nativista às suas consequências extremas, fincando uma bandeira nas terras da intolerância e do racismo: a deportação em massa dos imigrantes ilegais, o banimento dos muçulmanos. Na outra, operando pela negação da negação, jurou conservar o Welfare State e proteger a indústria e os empregos americanos da concorrência estrangeira, fechando as estradas do livre comércio. Hillary enfrenta a força de uma mistura explosiva: ultranacionalismo + populismo. Atrás do Donald, sopra uma ventania. A crise do sistema político americano expressou-se pela ofensiva do Tea Party sobre as paliçadas do Partido Republicano e, do outro lado, por dois levantes sucessivos no universo do Partido Democrata: o furacão memorável de Obama em 2008 ("Yes, We Can"), e a imprevista tempestade de Sanders nas primárias que se encerram ("Feel the Bernie"). A cidadela de Hillary ruiu sob o impacto do primeiro, mas resistiu ao segundo. Som e fúria: Trump investe suas fichas na soma de todos os levantes, organizando uma "marcha sobre Washington". O Donald ataca, simultaneamente, pelos flancos direito e esquerdo. As invectivas odientas contra imigrantes e muçulmanos, uma radicalização dos discursos das franjas republicanas, miram a "nação branca". As promessas econômicas populistas e protecionistas, uma importação adaptada das miragens "socialistas" de Sanders, miram a "nação pobre". O solo que sustenta a árvore incongruente de Trump é composto por uma narrativa declinista. No mito do Grande Declínio, ou seja, da erosão do poder, da influência e da prosperidade americanas encontra-se a força persuasiva de sua candidatura. Hillary terçará armas contra um argumento que desconhece os limites habituais da razão. O Donald é sintoma de uma crise geral dos valores das democracias ocidentais. Na sua candidatura, estão impressos marcadores ideológicos similares aos dos partidos nacionalistas que ameaçam a costura da União Europeia. O destino da "primeira mulher" interessa ao mundo inteiro. | colunas | A primeira mulherA "primeira mulher" candidata à Presidência dos EUA seria uma notícia tão histórica quanto o "primeiro negro" na Casa Branca, com a condição de que o nome dela não fosse Hillary. A verdadeira novidade da campanha eleitoral americana não é uma Clinton, mas um Trump —o Donald. A candidata democrata representa o establishment; o republicano, uma revolta contra o establishment. Desse contraste emana o perigo real de triunfo do Donald. Hillary mantém o favoritismo, apesar do empate técnico registrado nas últimas sondagens. A demografia milita ao seu lado: Trump enfrenta a rejeição majoritária das mulheres, dos hispânicos e dos negros. O sistema eleitoral joga no campo democrata: nos 11 Estados oscilantes, campos de batalha decisivos, Obama obteve 11 vitórias em 2008 e dez em 2012. Contudo, Trump não é um McCain ou um Romney, expoentes da tradição republicana, mas um tipo diferente de candidato: a imagem do som e da fúria de uma nação profunda, imersa nas águas do rancor. O Donald invoca sempre o nome de Reagan, sugerindo um falso paralelo: Ronald foi um candidato solar; Donald é um profeta das sombras. Hillary falará dos dilemas do presente, na linguagem política convencional; Trump falará da restauração de uma idade de ouro, na linguagem do salvacionismo populista. "Fazer a América grande novamente": é a "mudança" contra a "permanência", uma fórmula sedutora, empapada pela umidade da crise. O jogo segue regras complexas, desdobrando-se em equações pontilhadas de incógnitas. O Donald é fruto do colapso de uma tradição. Na sua rebelião contra o centrismo republicano, o Tea Party declarou guerra ao Welfare State e flertou com o nativismo xenófobo da nação branca e protestante. Trump armou seu palanque no meio daquela rebelião, mas a reinventou de modos surpreendentes. Numa ponta, estendeu o discurso nativista às suas consequências extremas, fincando uma bandeira nas terras da intolerância e do racismo: a deportação em massa dos imigrantes ilegais, o banimento dos muçulmanos. Na outra, operando pela negação da negação, jurou conservar o Welfare State e proteger a indústria e os empregos americanos da concorrência estrangeira, fechando as estradas do livre comércio. Hillary enfrenta a força de uma mistura explosiva: ultranacionalismo + populismo. Atrás do Donald, sopra uma ventania. A crise do sistema político americano expressou-se pela ofensiva do Tea Party sobre as paliçadas do Partido Republicano e, do outro lado, por dois levantes sucessivos no universo do Partido Democrata: o furacão memorável de Obama em 2008 ("Yes, We Can"), e a imprevista tempestade de Sanders nas primárias que se encerram ("Feel the Bernie"). A cidadela de Hillary ruiu sob o impacto do primeiro, mas resistiu ao segundo. Som e fúria: Trump investe suas fichas na soma de todos os levantes, organizando uma "marcha sobre Washington". O Donald ataca, simultaneamente, pelos flancos direito e esquerdo. As invectivas odientas contra imigrantes e muçulmanos, uma radicalização dos discursos das franjas republicanas, miram a "nação branca". As promessas econômicas populistas e protecionistas, uma importação adaptada das miragens "socialistas" de Sanders, miram a "nação pobre". O solo que sustenta a árvore incongruente de Trump é composto por uma narrativa declinista. No mito do Grande Declínio, ou seja, da erosão do poder, da influência e da prosperidade americanas encontra-se a força persuasiva de sua candidatura. Hillary terçará armas contra um argumento que desconhece os limites habituais da razão. O Donald é sintoma de uma crise geral dos valores das democracias ocidentais. Na sua candidatura, estão impressos marcadores ideológicos similares aos dos partidos nacionalistas que ameaçam a costura da União Europeia. O destino da "primeira mulher" interessa ao mundo inteiro. | 1 |
Reino Unido e União Europeia divergem sobre direitos dos cidadãos | A primeira rodada completa de negociações sobre o "brexit" entre o representante do Reino Unido, David Davis, e o da União Europeia, Michel Barnier, trouxe pouco comprometimento de ambas as partes a respeito dos principais temas em debate. Ambos disseram que os quatro dias de discussões foram "construtivos" e que as conversas foram "robustas" e ajudaram a "construir uma confiança" mútua. Mas eles também confirmaram "divergências fundamentais" sobre como proteger os direitos dos cidadãos europeus que vivem no Reino e dos britânicos que vivem na UE. Um dos pontos levantados foi o de que os britânicos que vivem na União Europeia poderiam perder o direito de morar em outro Estado-membro da UE após o "brexit". Durante as discussões, a União Europeia deixou claro que não mudaria de posição sem uma oferta recíproca dos britânicos para que os europeus que vivem no Reino Unido tenham a permissão para se deslocar para algum país do bloco e retornar a suas casas. O debate ressalta a incerteza enfrentada por quase 5 milhões de britânicos e europeus que se encontram nessa situação. Cerca de 1,2 milhão de cidadãos do Reino Unido vivendo na UE poderiam ser afetados. Autoridades de Bruxelas disseram que estavam prontas para analisar a questão, mas Londres teve que fazer uma oferta recíproca para proteger os 3,5 milhões de cidadãos da UE que vivem no Reino Unido e que permitam, por exemplo, que um residente alemão de Manchester pudesse ir a seu país de origem e, sem seguida, retornar a cidade britânica. Uma fonte próxima das negociações relatou ao jornal britânico "The Guardian" que as duas partes estão de acordo sobre 50% das questões envolvendo os direitos dos cidadãos. "Mas ainda temos dúvidas sobre os planos da UE e seu compromisso em defender os direitos dos cidadãos", acrescentou a fonte. "O Reino Unido colocou uma oferta séria sobre a mesa, mas há lacunas significativas na oferta da UE". O governo britânico propôs o "status de estabelecido" para os cidadãos da UE, mas isso seria perdido se uma pessoa deixasse o Reino Unido por mais de dois anos, a menos que pudesse provar que possuía vínculos fortes com o país. A UE está buscando uma garantia que permita aos cidadãos europeus se reassentarem no Reino Unido após um período indefinido vivendo em outro país europeu. A questão envolvendo o direitos dos cidadãos é uma questão politicamente sensível que afeta emprego, cobertura de saúde, pensões, entre outros temas. Outro ponto que divide as duas partes com relação ao direito dos cidadãos é o da Justiça europeia. Londres se opõe à vontade de Bruxelas de que o Tribunal de Justiça da UE seja competente para resolver os conflitos nessa seara, depois do "brexit". | mundo | Reino Unido e União Europeia divergem sobre direitos dos cidadãosA primeira rodada completa de negociações sobre o "brexit" entre o representante do Reino Unido, David Davis, e o da União Europeia, Michel Barnier, trouxe pouco comprometimento de ambas as partes a respeito dos principais temas em debate. Ambos disseram que os quatro dias de discussões foram "construtivos" e que as conversas foram "robustas" e ajudaram a "construir uma confiança" mútua. Mas eles também confirmaram "divergências fundamentais" sobre como proteger os direitos dos cidadãos europeus que vivem no Reino e dos britânicos que vivem na UE. Um dos pontos levantados foi o de que os britânicos que vivem na União Europeia poderiam perder o direito de morar em outro Estado-membro da UE após o "brexit". Durante as discussões, a União Europeia deixou claro que não mudaria de posição sem uma oferta recíproca dos britânicos para que os europeus que vivem no Reino Unido tenham a permissão para se deslocar para algum país do bloco e retornar a suas casas. O debate ressalta a incerteza enfrentada por quase 5 milhões de britânicos e europeus que se encontram nessa situação. Cerca de 1,2 milhão de cidadãos do Reino Unido vivendo na UE poderiam ser afetados. Autoridades de Bruxelas disseram que estavam prontas para analisar a questão, mas Londres teve que fazer uma oferta recíproca para proteger os 3,5 milhões de cidadãos da UE que vivem no Reino Unido e que permitam, por exemplo, que um residente alemão de Manchester pudesse ir a seu país de origem e, sem seguida, retornar a cidade britânica. Uma fonte próxima das negociações relatou ao jornal britânico "The Guardian" que as duas partes estão de acordo sobre 50% das questões envolvendo os direitos dos cidadãos. "Mas ainda temos dúvidas sobre os planos da UE e seu compromisso em defender os direitos dos cidadãos", acrescentou a fonte. "O Reino Unido colocou uma oferta séria sobre a mesa, mas há lacunas significativas na oferta da UE". O governo britânico propôs o "status de estabelecido" para os cidadãos da UE, mas isso seria perdido se uma pessoa deixasse o Reino Unido por mais de dois anos, a menos que pudesse provar que possuía vínculos fortes com o país. A UE está buscando uma garantia que permita aos cidadãos europeus se reassentarem no Reino Unido após um período indefinido vivendo em outro país europeu. A questão envolvendo o direitos dos cidadãos é uma questão politicamente sensível que afeta emprego, cobertura de saúde, pensões, entre outros temas. Outro ponto que divide as duas partes com relação ao direito dos cidadãos é o da Justiça europeia. Londres se opõe à vontade de Bruxelas de que o Tribunal de Justiça da UE seja competente para resolver os conflitos nessa seara, depois do "brexit". | 4 |
Partilhar e conceder | Nascida sob inspiração de um nacionalismo ultrapassado, a política brasileira para a exploração do petróleo do pré-sal, felizmente, torna-se mais pragmática. Pela primeira vez em 11 anos, o governo decidiu adotar o regime de concessão à iniciativa privada, que desobriga a participação estatal nos contratos. Tal regra valerá para parte das áreas a serem leiloadas no segundo semestre. O modelo concebido pela administração petista privilegiava o regime de partilha, no qual o governo converte-se em proprietário direto de parte do óleo extraído. Segundo seus ideólogos, o mecanismo preserva a soberania nacional. Tal alegação não resiste, já de início, a um exame mais detido; posta em prática de maneira dogmática, contribuiu para a ruína financeira da Petrobras e o atraso da produção brasileira. Na concessão, o poder público recebe royalties e impostos decorrentes da exploração privada. Pode definir as normas das concorrências e as obrigações a serem cumpridas pelas concessionárias. Não há motivo para imaginar perdas apenas porque deixará de ser dono de barris de petróleo. Assim se dão, aliás, os contratos referentes ao petróleo que não está na camada do pré-sal. Imposições associadas ao regime de partilha mostraram-se contraproducentes ou pouco eficazes. Entre elas estão a elevada exigência de conteúdo nacional —ou seja, de utilização de serviços e equipamentos produzidos no país— e a exclusividade da Petrobras como operadora dos campos. A primeira elevou custos e afastou interessados no negócio. Prova disso é que, em uma década, leiloou-se apenas um campo associado ao pré-sal –o de Libra, arrematado em 2013, sem competição e ao preço mínimo de R$ 15 bilhões, por um consórcio liderado pela petroleira estatal. A segunda obrigou a empresa a realizar investimentos acima de sua capacidade, o que resultou em escalada do endividamento. Tais normas estão sendo revistas, o que é uma boa notícia. Mais contestada pelo setor empresarial, a redução do conteúdo doméstico exigido não representa o abandono dos estímulos à indústria brasileira. Eles devem concentrar-se, porém, nos segmentos em que a produção do país atende a requisitos de eficiência e competitividade. Superstições ideológicas à parte, não há nada que distinga o petróleo do pré-sal do encontrado em outras áreas. Ao país interessa explorar as reservas, onde estiverem, com risco mínimo e máximo retorno possível para o contribuinte. [email protected] | opiniao | Partilhar e concederNascida sob inspiração de um nacionalismo ultrapassado, a política brasileira para a exploração do petróleo do pré-sal, felizmente, torna-se mais pragmática. Pela primeira vez em 11 anos, o governo decidiu adotar o regime de concessão à iniciativa privada, que desobriga a participação estatal nos contratos. Tal regra valerá para parte das áreas a serem leiloadas no segundo semestre. O modelo concebido pela administração petista privilegiava o regime de partilha, no qual o governo converte-se em proprietário direto de parte do óleo extraído. Segundo seus ideólogos, o mecanismo preserva a soberania nacional. Tal alegação não resiste, já de início, a um exame mais detido; posta em prática de maneira dogmática, contribuiu para a ruína financeira da Petrobras e o atraso da produção brasileira. Na concessão, o poder público recebe royalties e impostos decorrentes da exploração privada. Pode definir as normas das concorrências e as obrigações a serem cumpridas pelas concessionárias. Não há motivo para imaginar perdas apenas porque deixará de ser dono de barris de petróleo. Assim se dão, aliás, os contratos referentes ao petróleo que não está na camada do pré-sal. Imposições associadas ao regime de partilha mostraram-se contraproducentes ou pouco eficazes. Entre elas estão a elevada exigência de conteúdo nacional —ou seja, de utilização de serviços e equipamentos produzidos no país— e a exclusividade da Petrobras como operadora dos campos. A primeira elevou custos e afastou interessados no negócio. Prova disso é que, em uma década, leiloou-se apenas um campo associado ao pré-sal –o de Libra, arrematado em 2013, sem competição e ao preço mínimo de R$ 15 bilhões, por um consórcio liderado pela petroleira estatal. A segunda obrigou a empresa a realizar investimentos acima de sua capacidade, o que resultou em escalada do endividamento. Tais normas estão sendo revistas, o que é uma boa notícia. Mais contestada pelo setor empresarial, a redução do conteúdo doméstico exigido não representa o abandono dos estímulos à indústria brasileira. Eles devem concentrar-se, porém, nos segmentos em que a produção do país atende a requisitos de eficiência e competitividade. Superstições ideológicas à parte, não há nada que distinga o petróleo do pré-sal do encontrado em outras áreas. Ao país interessa explorar as reservas, onde estiverem, com risco mínimo e máximo retorno possível para o contribuinte. [email protected] | 7 |
Editorial: Inépcia não saneada | Quem julgasse o saneamento básico do país pelo destaque que o tema recebeu na campanha eleitoral de 2014 talvez imaginasse que existe pouco a fazer nessa área. Os dados do setor, no entanto, revelam um quadro vexaminoso. Embora 82,7% das pessoas tenham acesso à água tratada, apenas 22 (0,4%) dos 5.570 municípios brasileiros contavam com 100% de cobertura nesse serviço em 2012 (informações mais recentes). A coleta de esgotos, por sua vez, alcança menos da metade (48,3%) da população, e a taxa de tratamento fica em ridículos 38,7%, na média nacional, ou 41,3%, nos cem maiores municípios. São bilhões de litros de água não tratada despejados em rios, lagos, praias. Os maiores desafios estão no Norte e Nordeste, onde os índices de coleta dos dejetos são de cerca de 15% e 20%, respectivamente. São Paulo, a maior e mais rica metrópole do país, recolhe 96,1% do esgoto, mas trata meros 52,2%. Diante de quadro tão precário, é lamentável que governo federal e municípios tenham criado uma situação que só agrava o problema. Segundo reportagem do jornal "O Globo", muitas cidades podem perder verbas da União para saneamento básico por não terem se adequado a um decreto presidencial. Datado de março, o diploma estipulou que, após 31 de dezembro de 2014, os municípios que não tiverem criado órgão colegiado de controle social para o setor deixarão de receber parte da verba para investimentos em saneamento. Cerca de metade das cidades não possui tais conselhos, de acordo com José Carlos Rassier, secretário-geral da Associação Brasileira de Municípios. Esse tipo de irresponsabilidade não é nova. Findo em agosto de 2014 o prazo de quatro anos para adaptação às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos, menos de metade das prefeituras encerraram seus lixões, forma rudimentar de deposição de detritos. No caso do saneamento, segundo o Ministério das Cidades, a restrição de dinheiro se refere às transferências voluntárias da União, como convênios, e não às transferências constitucionais obrigatórias. De todo modo, é com o recurso proveniente de convênios que muitas prefeituras realizam os tão necessários investimentos no setor. A inépcia dos municípios tem consequências que vão além do óbvio prejuízo a seus moradores. Implica que o país como um todo continuará ostentando níveis vergonhosos em item tão fundamental para a qualidade de vida. | opiniao | Editorial: Inépcia não saneadaQuem julgasse o saneamento básico do país pelo destaque que o tema recebeu na campanha eleitoral de 2014 talvez imaginasse que existe pouco a fazer nessa área. Os dados do setor, no entanto, revelam um quadro vexaminoso. Embora 82,7% das pessoas tenham acesso à água tratada, apenas 22 (0,4%) dos 5.570 municípios brasileiros contavam com 100% de cobertura nesse serviço em 2012 (informações mais recentes). A coleta de esgotos, por sua vez, alcança menos da metade (48,3%) da população, e a taxa de tratamento fica em ridículos 38,7%, na média nacional, ou 41,3%, nos cem maiores municípios. São bilhões de litros de água não tratada despejados em rios, lagos, praias. Os maiores desafios estão no Norte e Nordeste, onde os índices de coleta dos dejetos são de cerca de 15% e 20%, respectivamente. São Paulo, a maior e mais rica metrópole do país, recolhe 96,1% do esgoto, mas trata meros 52,2%. Diante de quadro tão precário, é lamentável que governo federal e municípios tenham criado uma situação que só agrava o problema. Segundo reportagem do jornal "O Globo", muitas cidades podem perder verbas da União para saneamento básico por não terem se adequado a um decreto presidencial. Datado de março, o diploma estipulou que, após 31 de dezembro de 2014, os municípios que não tiverem criado órgão colegiado de controle social para o setor deixarão de receber parte da verba para investimentos em saneamento. Cerca de metade das cidades não possui tais conselhos, de acordo com José Carlos Rassier, secretário-geral da Associação Brasileira de Municípios. Esse tipo de irresponsabilidade não é nova. Findo em agosto de 2014 o prazo de quatro anos para adaptação às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos, menos de metade das prefeituras encerraram seus lixões, forma rudimentar de deposição de detritos. No caso do saneamento, segundo o Ministério das Cidades, a restrição de dinheiro se refere às transferências voluntárias da União, como convênios, e não às transferências constitucionais obrigatórias. De todo modo, é com o recurso proveniente de convênios que muitas prefeituras realizam os tão necessários investimentos no setor. A inépcia dos municípios tem consequências que vão além do óbvio prejuízo a seus moradores. Implica que o país como um todo continuará ostentando níveis vergonhosos em item tão fundamental para a qualidade de vida. | 7 |
Perseguição à Lei Rouanet | No bojo das discussões sobre a atuação do Estado no campo da cultura, estimuladas pelo contexto de grave crise política que o país atravessa, foi protocolado um requerimento para a criação da CPI da Lei Rouanet na Câmara dos Deputados. As críticas à lei que fundamentam o pedido de abertura de investigação demonstram que os requerentes desconhecem como ela funciona. Políticas públicas de fomento à cultura são comuns em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Algumas se baseiam em incentivos fiscais, como nos Estados Unidos, e outras enfatizam a atuação direta do Estado, como na maioria dos países da Europa. A Lei Rouanet busca estimular o fomento à cultura do ponto de vista das leis de incentivo e na busca de mecanismos -como os fundos de cultura, linhas de investimento e linhas de crédito- capazes de incrementar as práticas culturais. Além disso, ao vedar a apreciação subjetiva quanto ao valor artístico ou cultural dos projetos apresentados, refuta análises em que preferências estéticas, orientações ideológicas ou preconceitos influenciem os pareceres, garantindo os princípios da isonomia e da impessoalidade. Cabe lembrar ainda que não há repasses de recursos diretos do governo. São as empresas e cidadãos que patrocinam os projetos que definem o que pretendem apoiar. Além disso, poucas leis são tão transparentes quando a Rouanet em relação à prestação de contas. Dados sobre os projetos aprovados, os valores das captações e as empresas que apoiaram as iniciativas estão disponíveis na rede, no site do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (SalicNet). Sem dúvidas, a lei precisa ser aperfeiçoada, de maneira a se pensar o fomento à cultura como um sistema integrado, fundamentado na qualificação dos mecanismos já disponíveis e na criação de novas alternativas de estímulo às práticas culturais. Abrir mão da Rouanet, todavia, seria um retrocesso brutal. O pano de fundo de todo este debate é político. Ele envolve a atuação de setores retrógrados que tentam desqualificar o campo da cultura e os seus trabalhadores; os artistas e os agentes culturais. São setores que vinculam, de forma obscurantista, a arte à "coisa de vagabundos", desconsiderando, inclusive, os desdobramentos das discussões sobre a economia da cultura no século 21. O campo da cultura não se define como uma instância de controle ideológico referendada pelo discurso dos resultados de gestão. Cultura é, sobretudo, um campo de dimensão libertadora que propaga e amplia os ideais de tolerância, reconhecimento de diversidades e capacidade criativa de indivíduos e coletividades. É exatamente esse potencial libertador e criativo que se encontra na mira dos inimigos das políticas públicas de estímulo às práticas culturais. Um Brasil livre e soberano, afinal, afronta os seus projetos fundados na estreiteza da intolerância. CHICO D'ANGELO é é deputado federal (PT-RJ) e presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. | opiniao | Perseguição à Lei RouanetNo bojo das discussões sobre a atuação do Estado no campo da cultura, estimuladas pelo contexto de grave crise política que o país atravessa, foi protocolado um requerimento para a criação da CPI da Lei Rouanet na Câmara dos Deputados. As críticas à lei que fundamentam o pedido de abertura de investigação demonstram que os requerentes desconhecem como ela funciona. Políticas públicas de fomento à cultura são comuns em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Algumas se baseiam em incentivos fiscais, como nos Estados Unidos, e outras enfatizam a atuação direta do Estado, como na maioria dos países da Europa. A Lei Rouanet busca estimular o fomento à cultura do ponto de vista das leis de incentivo e na busca de mecanismos -como os fundos de cultura, linhas de investimento e linhas de crédito- capazes de incrementar as práticas culturais. Além disso, ao vedar a apreciação subjetiva quanto ao valor artístico ou cultural dos projetos apresentados, refuta análises em que preferências estéticas, orientações ideológicas ou preconceitos influenciem os pareceres, garantindo os princípios da isonomia e da impessoalidade. Cabe lembrar ainda que não há repasses de recursos diretos do governo. São as empresas e cidadãos que patrocinam os projetos que definem o que pretendem apoiar. Além disso, poucas leis são tão transparentes quando a Rouanet em relação à prestação de contas. Dados sobre os projetos aprovados, os valores das captações e as empresas que apoiaram as iniciativas estão disponíveis na rede, no site do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (SalicNet). Sem dúvidas, a lei precisa ser aperfeiçoada, de maneira a se pensar o fomento à cultura como um sistema integrado, fundamentado na qualificação dos mecanismos já disponíveis e na criação de novas alternativas de estímulo às práticas culturais. Abrir mão da Rouanet, todavia, seria um retrocesso brutal. O pano de fundo de todo este debate é político. Ele envolve a atuação de setores retrógrados que tentam desqualificar o campo da cultura e os seus trabalhadores; os artistas e os agentes culturais. São setores que vinculam, de forma obscurantista, a arte à "coisa de vagabundos", desconsiderando, inclusive, os desdobramentos das discussões sobre a economia da cultura no século 21. O campo da cultura não se define como uma instância de controle ideológico referendada pelo discurso dos resultados de gestão. Cultura é, sobretudo, um campo de dimensão libertadora que propaga e amplia os ideais de tolerância, reconhecimento de diversidades e capacidade criativa de indivíduos e coletividades. É exatamente esse potencial libertador e criativo que se encontra na mira dos inimigos das políticas públicas de estímulo às práticas culturais. Um Brasil livre e soberano, afinal, afronta os seus projetos fundados na estreiteza da intolerância. CHICO D'ANGELO é é deputado federal (PT-RJ) e presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. | 7 |
Austera majestade britânica | Os britânicos já dão os primeiros passos nas celebrações do recorde de reinado da rainha Elizabeth 2ª, de 89 anos. Mas desta vez será com moderação, longe da pompa em torno do jubileu de diamante em 2012. Elizabeth 2ª vai superar no dia 10 de setembro o período de 63 anos da rainha Vitória (1837-1901) e se tornar a monarca com mais tempo da Coroa Britânica. O Palácio de Buckingham calcula que Vitória foi rainha por 23.226 dias, 16 horas e 23 minutos. A conta é feita a partir do dia da morte do monarca anterior, no caso George 3º, e não da data de coroação. Elizabeth 2ª assumiu o trono em 6 de fevereiro de 1952, mas recebeu a coroa em 2 junho de 1953. A marca da rainha é lembrada num momento em que cresce a polêmica sobre a farra que seus herdeiros fazem com o dinheiro público pelo mundo afora. Não à toa: o momento é de rígida austeridade imposta pelo governo conservador aos súditos, com pelo menos 12 bilhões de libras (R$ 65 bilhões) de cortes na área social. Ou seja, é hora de celebrar o recorde da majestade, mas com parcimônia. Um recente relatório do Palácio de Buckingham revelou que a família real gastou no ano passado 5,1 milhões de libras só com viagens representando o Reino Unido. Foram 63 "tours" (17 a mais do que no ano anterior). Disso, 1,2 milhão de libras foi com o casal Charles e Camila Parker –a maioria em jatinhos privados. A visita do príncipe Harry ao Brasil para assistir a jogos na Copa do Mundo, incluindo uma parada no Chile, custou 104 mil libras –40 mil gastos com jatos alugados, ao invés de voos comerciais. No total, estima-se que a família real custe 330 milhões de libras por ano aos britânicos. O movimento republicano no Reino Unido lembra que o valor supera o que a Inglaterra gasta no combate ao câncer no seu sistema de saúde pública, o NHS. Com esse dinheiro, é possível contratar 15 mil enfermeiras, 15 mil professores e 14 mil policiais. A polêmica expõe muito mais os herdeiros do trono do que a rainha. A monarquia continua com a popularidade em alta sobretudo por causa dela: 70% da população, segundo as pesquisas, concordam que Elizabeth 2ª deve ter suas despesas pagas por recursos públicos. Menos da metade acha que Harry tem direito a isso. BOAS-VINDAS REAIS De 19/8 a 19/9, o fotógrafo Hugo Rittson Thomas expõe na Eleven Gallery a exposição "The Queen's People" (a rainha do povo), com retratos do rosto da rainha Elizabeth 2ª feitos de diferentes ângulos (de frente, de lado e por trás). As fotos foram tiradas em 2013 no castelo de Windsor usando uma técnica com espelhos. Os turistas já podem visitar o Palácio de Buckingham, que segue a tradição de abrir ao público por dois meses no verão, entre julho e setembro. Desta vez, há a sessão "Royal Welcome" (boas-vindas reais), com uma ideia dos banquetes oferecidos pela família real. POLIGAMIA, AQUI, NÃO A poligamia é moralmente reprovável, deve continuar ilegal no Reino Unido e qualquer um pode evitá-la, é simples, basta querer. Assim pensam os britânicos, segundo pesquisa desta semana do Instituto Yougov. O curioso é que homens e mulheres não falam a mesma língua quando questionados se o ser humano é monógamo por natureza. Para 46% dos homens, as pessoas não são naturalmente comprometidas com um só parceiro. O mesmo percentual de mulheres respondeu o contrário: acreditam que essa postura seja instintiva. Numa coisa, os dois concordam: a monogamia é algo fácil de controlar, um comportamento que depende simplesmente de esforço, segundo 72% dos entrevistados. GELADO PRA CACHORRO Um pet shop virou febre numa das áreas mais chiques de Londres ao lançar sorvete para os cães enfrentarem o verão londrino. Quem passa pela King's Road, na região nobre do mercado de Chelsea, pode ver a cena inusitada de cachorros saboreando a iguaria. Há três tipos: o mais vendido, banana com mel, além de morango com maçã e banana com cenoura. A "porção" é vendida por 3 libras (R$ 15). "As pessoas podem até provar, mas não acho que vão gostar", brinca o dono do Pet Pavilion, Andrew Saville-Edells. LEANDRO COLON, 35, é correspondente da Folha em Londres. | ilustrissima | Austera majestade britânicaOs britânicos já dão os primeiros passos nas celebrações do recorde de reinado da rainha Elizabeth 2ª, de 89 anos. Mas desta vez será com moderação, longe da pompa em torno do jubileu de diamante em 2012. Elizabeth 2ª vai superar no dia 10 de setembro o período de 63 anos da rainha Vitória (1837-1901) e se tornar a monarca com mais tempo da Coroa Britânica. O Palácio de Buckingham calcula que Vitória foi rainha por 23.226 dias, 16 horas e 23 minutos. A conta é feita a partir do dia da morte do monarca anterior, no caso George 3º, e não da data de coroação. Elizabeth 2ª assumiu o trono em 6 de fevereiro de 1952, mas recebeu a coroa em 2 junho de 1953. A marca da rainha é lembrada num momento em que cresce a polêmica sobre a farra que seus herdeiros fazem com o dinheiro público pelo mundo afora. Não à toa: o momento é de rígida austeridade imposta pelo governo conservador aos súditos, com pelo menos 12 bilhões de libras (R$ 65 bilhões) de cortes na área social. Ou seja, é hora de celebrar o recorde da majestade, mas com parcimônia. Um recente relatório do Palácio de Buckingham revelou que a família real gastou no ano passado 5,1 milhões de libras só com viagens representando o Reino Unido. Foram 63 "tours" (17 a mais do que no ano anterior). Disso, 1,2 milhão de libras foi com o casal Charles e Camila Parker –a maioria em jatinhos privados. A visita do príncipe Harry ao Brasil para assistir a jogos na Copa do Mundo, incluindo uma parada no Chile, custou 104 mil libras –40 mil gastos com jatos alugados, ao invés de voos comerciais. No total, estima-se que a família real custe 330 milhões de libras por ano aos britânicos. O movimento republicano no Reino Unido lembra que o valor supera o que a Inglaterra gasta no combate ao câncer no seu sistema de saúde pública, o NHS. Com esse dinheiro, é possível contratar 15 mil enfermeiras, 15 mil professores e 14 mil policiais. A polêmica expõe muito mais os herdeiros do trono do que a rainha. A monarquia continua com a popularidade em alta sobretudo por causa dela: 70% da população, segundo as pesquisas, concordam que Elizabeth 2ª deve ter suas despesas pagas por recursos públicos. Menos da metade acha que Harry tem direito a isso. BOAS-VINDAS REAIS De 19/8 a 19/9, o fotógrafo Hugo Rittson Thomas expõe na Eleven Gallery a exposição "The Queen's People" (a rainha do povo), com retratos do rosto da rainha Elizabeth 2ª feitos de diferentes ângulos (de frente, de lado e por trás). As fotos foram tiradas em 2013 no castelo de Windsor usando uma técnica com espelhos. Os turistas já podem visitar o Palácio de Buckingham, que segue a tradição de abrir ao público por dois meses no verão, entre julho e setembro. Desta vez, há a sessão "Royal Welcome" (boas-vindas reais), com uma ideia dos banquetes oferecidos pela família real. POLIGAMIA, AQUI, NÃO A poligamia é moralmente reprovável, deve continuar ilegal no Reino Unido e qualquer um pode evitá-la, é simples, basta querer. Assim pensam os britânicos, segundo pesquisa desta semana do Instituto Yougov. O curioso é que homens e mulheres não falam a mesma língua quando questionados se o ser humano é monógamo por natureza. Para 46% dos homens, as pessoas não são naturalmente comprometidas com um só parceiro. O mesmo percentual de mulheres respondeu o contrário: acreditam que essa postura seja instintiva. Numa coisa, os dois concordam: a monogamia é algo fácil de controlar, um comportamento que depende simplesmente de esforço, segundo 72% dos entrevistados. GELADO PRA CACHORRO Um pet shop virou febre numa das áreas mais chiques de Londres ao lançar sorvete para os cães enfrentarem o verão londrino. Quem passa pela King's Road, na região nobre do mercado de Chelsea, pode ver a cena inusitada de cachorros saboreando a iguaria. Há três tipos: o mais vendido, banana com mel, além de morango com maçã e banana com cenoura. A "porção" é vendida por 3 libras (R$ 15). "As pessoas podem até provar, mas não acho que vão gostar", brinca o dono do Pet Pavilion, Andrew Saville-Edells. LEANDRO COLON, 35, é correspondente da Folha em Londres. | 14 |
Apesar da crise, Estados ampliam arrecadação com reajustes de energia | Em meio à crise econômica e à grave situação das finanças públicas, a maioria dos Estados conseguiu ampliar em números reais a arrecadação de impostos nos primeiros meses de 2015. Os fortes reajustes de combustíveis e da energia elétrica no semestre levaram a um consequente aumento da arrecadação do ICMS sobre esses dois itens, o que reforçou o caixa dos governadores. Levantamento da Folha mostra que a arrecadação caiu só em 9 dos 26 Estados. Grandes economias como Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Bahia elevaram a arrecadação em números reais. Em Santa Catarina, por exemplo, o valor obtido com ICMS pelo consumo de energia no mês de maio pelo governo praticamente dobrou em comparação com 2014. Em locais como Mato Grosso e Bahia, a arrecadação com os setores de combustíveis e de energia corresponde a mais de 35% do total obtido com o ICMS, imposto que é a base dos caixas estaduais. O aumento nas contas de luz no início do ano foi de até 48%, com reajuste médio de 23%. Com a elevação da tarifa bem superior à inflação e a alíquota de imposto mantida igual, o valor obtido pelos Estados aumentou. A verba extra pode compensar a arrecadação menor com a indústria e o comércio, já que o ICMS é muito sensível à diminuição da atividade econômica. O governo do Rio Grande do Sul estima que, neste ano, a receita extra decorrente dos aumentos tarifários chegue a R$ 600 milhões. O volume é suficiente para quitar um terço de um mês da folha de pagamento, que o Estado vem sofrendo para manter em dia. "Os preços administrados, como energia elétrica, têm subido absurdamente e esse é um imposto do qual não se foge", afirma o secretário da Fazenda de Pernambuco, Márcio Stefanni. O professor de direito tributário da Universidade Federal da Bahia Helcônio Almeida afirma que energia, telecomunicações e combustível são hoje os grandes contribuintes dos Estados devido às alíquotas "altíssimas" e pelo regime de arrecadação "insonegável", junto às concessionárias. "A crise dos Estados não é maior por conta disso. Não tem como deixar de pagar conta de luz ou do combustível ou do telefone. Quando se fala em aumento de energia elétrica, pode-se colocar na conta um aumento de imposto também." O Rio de Janeiro teve a maior queda de arrecadação entre os Estados no período, mas o governo diz que houve uma mudança no método de contabilidade neste ano. Ainda assim, segundo a Secretaria da Fazenda, as receitas do ICMS recuaram, entre outros motivos, devido à incerteza na indústria do petróleo, o que prejudicou a arrecadação e provocou até atrasos em pagamentos. Os governos estaduais avaliam que o ganho extra com a arrecadação de impostos devido ao aumento das tarifas de combustíveis e de energia no começo deste ano não alivia, no entanto, o cenário de penúria nas contas públicas em vários Estados. | poder | Apesar da crise, Estados ampliam arrecadação com reajustes de energiaEm meio à crise econômica e à grave situação das finanças públicas, a maioria dos Estados conseguiu ampliar em números reais a arrecadação de impostos nos primeiros meses de 2015. Os fortes reajustes de combustíveis e da energia elétrica no semestre levaram a um consequente aumento da arrecadação do ICMS sobre esses dois itens, o que reforçou o caixa dos governadores. Levantamento da Folha mostra que a arrecadação caiu só em 9 dos 26 Estados. Grandes economias como Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Bahia elevaram a arrecadação em números reais. Em Santa Catarina, por exemplo, o valor obtido com ICMS pelo consumo de energia no mês de maio pelo governo praticamente dobrou em comparação com 2014. Em locais como Mato Grosso e Bahia, a arrecadação com os setores de combustíveis e de energia corresponde a mais de 35% do total obtido com o ICMS, imposto que é a base dos caixas estaduais. O aumento nas contas de luz no início do ano foi de até 48%, com reajuste médio de 23%. Com a elevação da tarifa bem superior à inflação e a alíquota de imposto mantida igual, o valor obtido pelos Estados aumentou. A verba extra pode compensar a arrecadação menor com a indústria e o comércio, já que o ICMS é muito sensível à diminuição da atividade econômica. O governo do Rio Grande do Sul estima que, neste ano, a receita extra decorrente dos aumentos tarifários chegue a R$ 600 milhões. O volume é suficiente para quitar um terço de um mês da folha de pagamento, que o Estado vem sofrendo para manter em dia. "Os preços administrados, como energia elétrica, têm subido absurdamente e esse é um imposto do qual não se foge", afirma o secretário da Fazenda de Pernambuco, Márcio Stefanni. O professor de direito tributário da Universidade Federal da Bahia Helcônio Almeida afirma que energia, telecomunicações e combustível são hoje os grandes contribuintes dos Estados devido às alíquotas "altíssimas" e pelo regime de arrecadação "insonegável", junto às concessionárias. "A crise dos Estados não é maior por conta disso. Não tem como deixar de pagar conta de luz ou do combustível ou do telefone. Quando se fala em aumento de energia elétrica, pode-se colocar na conta um aumento de imposto também." O Rio de Janeiro teve a maior queda de arrecadação entre os Estados no período, mas o governo diz que houve uma mudança no método de contabilidade neste ano. Ainda assim, segundo a Secretaria da Fazenda, as receitas do ICMS recuaram, entre outros motivos, devido à incerteza na indústria do petróleo, o que prejudicou a arrecadação e provocou até atrasos em pagamentos. Os governos estaduais avaliam que o ganho extra com a arrecadação de impostos devido ao aumento das tarifas de combustíveis e de energia no começo deste ano não alivia, no entanto, o cenário de penúria nas contas públicas em vários Estados. | 0 |
'Netflix' das roupas, serviço de vestuário compartilhado chega a SP | AMANDA MASSUELA DE SÃO PAULO Funciona como uma biblioteca, mas no lugar de livros, há roupas, e em vez de clássicos da literatura, é possível alugar peças com a grife de um "Dom Casmurro" enquanto beberica uma taça de espumante. É assim na primeira "roupateca" brasileira, a House of Bubbles, que abre suas portas em Pinheiros, zona oeste, a partir desta segunda-feira (2). Famoso em cidades europeias como Amsterdã, Paris e Barcelona, o conceito de guarda-roupa compartilhado chega a uma das "houses" do empresário Wolf Menke com a intenção de trazer aos paulistanos um "novo conceito de consumo", segundo Nathalia Roberto, 34, uma das co-criadoras do espaço. "Uma forma de tornarmos nosso consumo mais responsável é esgotando o tempo de vida das peças ao máximo", diz ela, que classifica o serviço como uma espécie de "Netflix das roupas". "Na roupateca fazemos isso coletivamente. É economia compartilhada em último grau." Os clientes podem optar por assinaturas mensais de R$ 100, R$ 200 ou R$ 300. Cada uma delas dá direito ao aluguel de uma, duas ou seis peças, respectivamente, durante um prazo máximo de dez dias. Mas não é preciso esperar até o fim desse período para trocar a roupa. A única exigência para escolher um novo item da arara coletiva é devolver a peça anterior (lavada), já que tudo funciona na base da troca. E a regra não vale só para roupas - são 110 peças até o momento. Sapatos e acessórios também entram no escambo, que no futuro deve ter até "Apple Watch", relógio inteligente da marca. Nos primeiros dois meses, durante a "fase beta" do projeto, serão disponibilizadas apenas 50 assinaturas. "A ideia é testar esse acervo pra entendermos o que funciona mais", diz Nathalia. O espaço, que originalmente funcionaria apenas como lavanderia aos moldes americanos -daí o "bubbles"- conta também com um bar com ofurô e espaço para shows. R. Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 61, Pinheiros. Seg. a sex.: 11h às 20h. Sab.: 11h às 17h. | saopaulo | 'Netflix' das roupas, serviço de vestuário compartilhado chega a SPAMANDA MASSUELA DE SÃO PAULO Funciona como uma biblioteca, mas no lugar de livros, há roupas, e em vez de clássicos da literatura, é possível alugar peças com a grife de um "Dom Casmurro" enquanto beberica uma taça de espumante. É assim na primeira "roupateca" brasileira, a House of Bubbles, que abre suas portas em Pinheiros, zona oeste, a partir desta segunda-feira (2). Famoso em cidades europeias como Amsterdã, Paris e Barcelona, o conceito de guarda-roupa compartilhado chega a uma das "houses" do empresário Wolf Menke com a intenção de trazer aos paulistanos um "novo conceito de consumo", segundo Nathalia Roberto, 34, uma das co-criadoras do espaço. "Uma forma de tornarmos nosso consumo mais responsável é esgotando o tempo de vida das peças ao máximo", diz ela, que classifica o serviço como uma espécie de "Netflix das roupas". "Na roupateca fazemos isso coletivamente. É economia compartilhada em último grau." Os clientes podem optar por assinaturas mensais de R$ 100, R$ 200 ou R$ 300. Cada uma delas dá direito ao aluguel de uma, duas ou seis peças, respectivamente, durante um prazo máximo de dez dias. Mas não é preciso esperar até o fim desse período para trocar a roupa. A única exigência para escolher um novo item da arara coletiva é devolver a peça anterior (lavada), já que tudo funciona na base da troca. E a regra não vale só para roupas - são 110 peças até o momento. Sapatos e acessórios também entram no escambo, que no futuro deve ter até "Apple Watch", relógio inteligente da marca. Nos primeiros dois meses, durante a "fase beta" do projeto, serão disponibilizadas apenas 50 assinaturas. "A ideia é testar esse acervo pra entendermos o que funciona mais", diz Nathalia. O espaço, que originalmente funcionaria apenas como lavanderia aos moldes americanos -daí o "bubbles"- conta também com um bar com ofurô e espaço para shows. R. Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 61, Pinheiros. Seg. a sex.: 11h às 20h. Sab.: 11h às 17h. | 9 |
Impunidade mineira | Já pertencem ao folclore político nacional as notícias —melhor dizendo, a falta delas— sobre o andamento judicial do chamado mensalão mineiro, formalmente denunciado quase uma década atrás. Como no caso petista, o mensalão tucano envolveu a participação do empresário Marcos Valério de Souza, a quem se atribui a arquitetura de um esquema destinado a desviar recursos de empresas públicas para o financiamento de campanhas eleitorais. Em Minas, estatais estariam na origem de recursos que, passando pelo célebre Banco Rural —também utilizado no esquema do PT— terminavam alimentando a agência publicitária de Marcos Valério, a qual se dedicava à campanha do então governador do Estado, Eduardo Azeredo (PSDB), candidato à reeleição em 1998. Condenado, em dezembro de 2015, a 20 anos de prisão —foi o único, em todo o escândalo, a conhecer alguma sentença até agora—, Azeredo continua em liberdade, na dependência de uma confirmação em segunda instância. Não há data para o julgamento. Outros envolvidos beneficiam-se da prescrição. Como não é incomum em processos desse tipo, o mensalão mineiro seguiu um complexo percurso entre o Supremo Tribunal Federal, o juízo de primeira instância e o Tribunal de Justiça estadual, conforme seus personagens assumiam ou deixavam cargos com foro privilegiado. Na Justiça mineira, o caso desmembrou-se em seis processos, dois deles ainda na fase preliminar em que se coletam testemunhos. Embora extremo, o exemplo de impunidade que se obtém com esse episódio não constitui exceção, sem dúvida, ao se analisar o quadro geral do país antes do mensalão petista e da Lava Jato. Tudo parece agravar-se, contudo, quando se levam em conta notícias sobre supostas omissões do Ministério Público em Minas. Inspeção recente, realizada pela Corregedoria Nacional do MP, menciona irregularidades de monta. Um processo apontando propaganda irregular, quando prefeito, por parte do hoje governador Fernando Pimentel (PT) teria passado cinco anos dentro de um armário. Autoridades eram avisadas com antecedência das denúncias de que eram objeto. Um promotor considerado incômodo para políticos teria sofrido represálias, enquanto outros, suspeitos de crimes, passaram apenas por audiências internas. Acrescente-se que dificilmente haverão de limitar-se a Minas Gerais problemas desse tipo. No combate à corrupção, não há dúvidas de que a Lava Jato ainda espera sua plena tradução nas diversas administrações estaduais. [email protected] | opiniao | Impunidade mineiraJá pertencem ao folclore político nacional as notícias —melhor dizendo, a falta delas— sobre o andamento judicial do chamado mensalão mineiro, formalmente denunciado quase uma década atrás. Como no caso petista, o mensalão tucano envolveu a participação do empresário Marcos Valério de Souza, a quem se atribui a arquitetura de um esquema destinado a desviar recursos de empresas públicas para o financiamento de campanhas eleitorais. Em Minas, estatais estariam na origem de recursos que, passando pelo célebre Banco Rural —também utilizado no esquema do PT— terminavam alimentando a agência publicitária de Marcos Valério, a qual se dedicava à campanha do então governador do Estado, Eduardo Azeredo (PSDB), candidato à reeleição em 1998. Condenado, em dezembro de 2015, a 20 anos de prisão —foi o único, em todo o escândalo, a conhecer alguma sentença até agora—, Azeredo continua em liberdade, na dependência de uma confirmação em segunda instância. Não há data para o julgamento. Outros envolvidos beneficiam-se da prescrição. Como não é incomum em processos desse tipo, o mensalão mineiro seguiu um complexo percurso entre o Supremo Tribunal Federal, o juízo de primeira instância e o Tribunal de Justiça estadual, conforme seus personagens assumiam ou deixavam cargos com foro privilegiado. Na Justiça mineira, o caso desmembrou-se em seis processos, dois deles ainda na fase preliminar em que se coletam testemunhos. Embora extremo, o exemplo de impunidade que se obtém com esse episódio não constitui exceção, sem dúvida, ao se analisar o quadro geral do país antes do mensalão petista e da Lava Jato. Tudo parece agravar-se, contudo, quando se levam em conta notícias sobre supostas omissões do Ministério Público em Minas. Inspeção recente, realizada pela Corregedoria Nacional do MP, menciona irregularidades de monta. Um processo apontando propaganda irregular, quando prefeito, por parte do hoje governador Fernando Pimentel (PT) teria passado cinco anos dentro de um armário. Autoridades eram avisadas com antecedência das denúncias de que eram objeto. Um promotor considerado incômodo para políticos teria sofrido represálias, enquanto outros, suspeitos de crimes, passaram apenas por audiências internas. Acrescente-se que dificilmente haverão de limitar-se a Minas Gerais problemas desse tipo. No combate à corrupção, não há dúvidas de que a Lava Jato ainda espera sua plena tradução nas diversas administrações estaduais. [email protected] | 7 |
Google dará bolsas de mestrado e doutorado em computação no Brasil | O Google vai anunciar nesta segunda-feira (1º) um programa de custeio de projetos acadêmicos em ciências da computação que dará US$ 750 mensais (cerca de R$ 2.350) para mestrandos e US$ 1.200 (R$ 3.750) para doutorandos dos 20 processos selecionados durante três anos. Segundo Berthier Ribeiro-Neto, coordenador do centro de pesquisa do Google em Belo Horizonte e um dos idealizadores da iniciativa, o interesse da empresa em dar o incentivo é buscar soluções para problemas reais da internet hoje e descobrir possíveis funcionários para a empresa. "Não há qualquer condicionante que ligue os projetos escolhidos ao Google", afirma. "A Fapesp também faz esse papel [de fomento acadêmico], a Capes, o CNPq. Isso não impede que o Google ofereça um estímulo adicional." "Demos um salto no volume de produção acadêmica nos últimos 50 anos, mas precisamos agora de um salto qualitativo." O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação participará do evento de anúncio, que será feito na capital mineira, com a presença do ministro Aldo Rebelo. Os professores-orientadores responsáveis também recebem, mas um valor um pouco menor (US$ 675 e US$ 750, cerca de R$ 2.350 e R$ 2.100, respectivamente, para mestrado e para doutorado). Para Ribeiro-Neto, projetos que serão preferidos devem ter abordagem inovadora para problemas reais ligados à internet. "A web está passando por uma mudança revolucionária, como na parcela de usuários que só conhece o celular, nunca usou um computador. Seu comportamento é diferente, e buscamos entendê-lo." Áreas como internet das coisas, tecnologia de cidades inteligentes e convergência nas plataformas de entretenimento (como plataformas de smart TV) foram menos estudadas, e portanto projetos relacionados a elas podem ter mais chance de seleção, diz o professor. (outras dicas podem ser conferidas nesta página de ajuda) Serão exclusivamente aceitas pesquisas de instituições latino-americanas. A ideia é que o professor-orientador encaminhe a proposta ao Google por meio do site g.co/ResearchAwardsLatinAmerica até o dia 6 de julho. A empresa tem um oferecimento semelhante nos EUA por meio de sua divisão Google for Education. PILOTO A companhia americana já vem financiando alguns projetos como um teste para o programa que anunciará nesta segunda. Um deles é o da professora Jussara Marques de Almeida, também da UFMG, que tenta descobrir os fatores que causam a "viralidade" (popularização rápida de conteúdo na internet) de um vídeo no YouTube monitorando o engajamento de internautas com o filme durante um período curto. "Quando fomos contemplados com o financiamento, já tínhamos chance de tirar o projeto do papel, mas é inegável que ele foi fundamental para levá-lo adiante", diz. "O financiamento de uma empresa do porte da do Google atesta a relevância da pesquisa." Segundo Almeida, a análise de milhares de vídeos e seu sucesso permitiu a criação de modelos de previsão. O projeto foi premiado durante uma conferência de aprendizado de máquinas em Nancy (França) no ano passado. Outro projeto participante é o do professor Edmundo de Souza e Silva, da UFRJ, cuja proposta é criar um sistema de monitoramento por sensores de alunos do Cederj, plataforma de educação a distância das universidades públicas fluminenses. "Você nunca sabe se um aluno está prestando atenção a uma aula virtual, e portanto não tem informações sobre quais partes estão menos ou mais interessantes e o que deveria ser mudado", diz. Os sensores captariam movimentos das pálpebras e das pupilas para observar desatenção, por exemplo, para modificar o "fluxo" de uma aula (ordem das suas partes, por exemplo) de maneira automática. "Não tem a ver com punição. A ideia é melhorar a experiência do aluno ao assistir à videoaula." Outros sensores que poderiam ser empregados num eventual produto final –todos baratos e disponíveis, segundo Souza e Silva– são de bioimpedância e até um de eletroencefalograma. | tec | Google dará bolsas de mestrado e doutorado em computação no BrasilO Google vai anunciar nesta segunda-feira (1º) um programa de custeio de projetos acadêmicos em ciências da computação que dará US$ 750 mensais (cerca de R$ 2.350) para mestrandos e US$ 1.200 (R$ 3.750) para doutorandos dos 20 processos selecionados durante três anos. Segundo Berthier Ribeiro-Neto, coordenador do centro de pesquisa do Google em Belo Horizonte e um dos idealizadores da iniciativa, o interesse da empresa em dar o incentivo é buscar soluções para problemas reais da internet hoje e descobrir possíveis funcionários para a empresa. "Não há qualquer condicionante que ligue os projetos escolhidos ao Google", afirma. "A Fapesp também faz esse papel [de fomento acadêmico], a Capes, o CNPq. Isso não impede que o Google ofereça um estímulo adicional." "Demos um salto no volume de produção acadêmica nos últimos 50 anos, mas precisamos agora de um salto qualitativo." O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação participará do evento de anúncio, que será feito na capital mineira, com a presença do ministro Aldo Rebelo. Os professores-orientadores responsáveis também recebem, mas um valor um pouco menor (US$ 675 e US$ 750, cerca de R$ 2.350 e R$ 2.100, respectivamente, para mestrado e para doutorado). Para Ribeiro-Neto, projetos que serão preferidos devem ter abordagem inovadora para problemas reais ligados à internet. "A web está passando por uma mudança revolucionária, como na parcela de usuários que só conhece o celular, nunca usou um computador. Seu comportamento é diferente, e buscamos entendê-lo." Áreas como internet das coisas, tecnologia de cidades inteligentes e convergência nas plataformas de entretenimento (como plataformas de smart TV) foram menos estudadas, e portanto projetos relacionados a elas podem ter mais chance de seleção, diz o professor. (outras dicas podem ser conferidas nesta página de ajuda) Serão exclusivamente aceitas pesquisas de instituições latino-americanas. A ideia é que o professor-orientador encaminhe a proposta ao Google por meio do site g.co/ResearchAwardsLatinAmerica até o dia 6 de julho. A empresa tem um oferecimento semelhante nos EUA por meio de sua divisão Google for Education. PILOTO A companhia americana já vem financiando alguns projetos como um teste para o programa que anunciará nesta segunda. Um deles é o da professora Jussara Marques de Almeida, também da UFMG, que tenta descobrir os fatores que causam a "viralidade" (popularização rápida de conteúdo na internet) de um vídeo no YouTube monitorando o engajamento de internautas com o filme durante um período curto. "Quando fomos contemplados com o financiamento, já tínhamos chance de tirar o projeto do papel, mas é inegável que ele foi fundamental para levá-lo adiante", diz. "O financiamento de uma empresa do porte da do Google atesta a relevância da pesquisa." Segundo Almeida, a análise de milhares de vídeos e seu sucesso permitiu a criação de modelos de previsão. O projeto foi premiado durante uma conferência de aprendizado de máquinas em Nancy (França) no ano passado. Outro projeto participante é o do professor Edmundo de Souza e Silva, da UFRJ, cuja proposta é criar um sistema de monitoramento por sensores de alunos do Cederj, plataforma de educação a distância das universidades públicas fluminenses. "Você nunca sabe se um aluno está prestando atenção a uma aula virtual, e portanto não tem informações sobre quais partes estão menos ou mais interessantes e o que deveria ser mudado", diz. Os sensores captariam movimentos das pálpebras e das pupilas para observar desatenção, por exemplo, para modificar o "fluxo" de uma aula (ordem das suas partes, por exemplo) de maneira automática. "Não tem a ver com punição. A ideia é melhorar a experiência do aluno ao assistir à videoaula." Outros sensores que poderiam ser empregados num eventual produto final –todos baratos e disponíveis, segundo Souza e Silva– são de bioimpedância e até um de eletroencefalograma. | 10 |
Grupo de NY faz jazz com clássicos; confira mais shows da semana | DE SÃO PAULO Formada por jovens instrumentistas nova-iorquinos, a New York Youth Symphony Jazz Band realiza três apresentações em SP. Na sexta (18), no Auditório Ibirapuera, o conjunto interpreta músicas de mestres do gênero, como Peter DeRose e Charles Mingus, e dá ritmo de jazz a peças eruditas de nomes como Johannes Brahms e Giuseppe Verdi. No sábado (19), na Unibes Cultural, haverá "jam session" com alunos da Emesp Tom Jobim. No dia 22, no Bourbon Street, a banda presta homenagem ao trompetista norte-americano Dizzy Gillespie. Auditório Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 3629-1075. 806 lugares. Sex. (18): 21h. 90 min. Livre. Retirar ingr. uma hora e 30 min. antes. GRÁTIS Unibes Cultural. R. Oscar Freire, 2.500, Pinheiros, tel. 3065-4333. 1.000 pessoas. Sáb.: 16h. 120 min. Livre. GRÁTIS Confira mais shows e concertos que acontecem nesta semana. SHOWS ALICE CAYMMI Com elementos da bossa nova, samba, jazz e rock na construção de seu som, a cantora carioca neta de Dorival Caymmi apresenta o show intitulado "Rainha dos Raios - Banda". No repertório, músicas como "Iansã" (Caetano Veloso e Gilberto Gil) e "Paint It Black" (Rolling Stones). Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 774 lugares. Dom. (13): 19h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. ARNALDO ANTUNES Em show da turnê de seu disco mais recente, o 16º da carreira, "Já É" -que possui sonoridade eclética e traz parcerias na composição das letras-, o cantor e compositor canta as músicas "Põe Fé Que Já É" e "Saudade Farta", entre outras. Sesc Pinheiros - teatro Paulo Autran. R. Paes Leme, 195, Pinheiros, região oeste, tel. 3095-9400. 1.010 lugares. Sex. (18), qua. (16) e qui. (17): 21h. Até 18/3. 90 min. 10 anos. Ingr.: R$ 15 a R$ 50. Estac. (R$ 7,50 e R$ 10 p/ 3 h). Ingr. p/ sescsp.org.br. AS BAHIAS E A COZINHA MINEIRA Com músicas que transitam pela bossa nova, o rock e o xote, e abordam a liberdade do corpo e o empoderamento da mulher, a banda composta pelas vocalistas transexuais Assucena Assucena e Raquel Virgínia e pelo guitarrista Rafael Acerbi estreia com o CD "Mulher". Itaú Cultural - sala Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, Bela Vista, região central, tel. 2168-1777. 247 lugares. Sex. (18): 20h. 60 min. 16 anos. Retirar ingr. 30 min. antes. Estac. c/ manob. (R$ 10 p/ 12 h, na r. Leôncio de Carvalho, 108 - convênio). GRÁTIS A BANDA MAIS BONITA DA CIDADE Para o lançamento do DVD "A Banda Mais Bonita da Cidade - Ao Vivo no Cine Joia", o grupo convida ao palco os artistas Tiê, Leo Fressato, Ana Larousse e China. No repertório, além de trabalhos já conhecidos como "Oração" -cujo videoclipe já conta com mais de 18 milhões de visualizações no YouTube-, e "Canção pra Não Voltar", figuram músicas inéditas do disco que será lançado até o final deste ano. Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer - Pq. Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portões 2 (pedestre) e 3 (veículos), Parque Ibirapuera, região sul, tel. 3629-1075. Sáb. (19): 21h. 90 min. Livre. Ingressos esgotados. Ingr.: R$ 20 (estudantes: R$ 10). Estac. (sistema Zona Azul - portão 3). BARBATUQUES O grupo de música corporal apresenta seu quarto disco, intitulado "Ayú". Na ocasião, o conjunto presta homenagem ao percussionista Naná Vasconcelos, que faria parte da apresentação, mas morreu na quarta (9/3). Constam no programa as composições do disco -com destaque para "Kererê" e "Tá Na Roda", produzida por Vasconcelos-, e músicas que exploram fonética e recursos percussivos variados. Sesc Vila Mariana - teatro. R. Pelotas, 141, Vila Mariana, região sul, tel. 5080-3000. 620 lugares. Dom. (13): 18h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 25. Estac. (R$ 4,50 e R$ 10 a 1ª h). CHICO CÉSAR Natural do interior da Paraíba, o cantor e compositor apresenta seu novo álbum, "Estado de Poesia", primeiro trabalho autoral em oito anos. Passando pelo samba, forró, frevo, toada e reggae, o show também tem em seu programa músicas que marcaram a trajetória do artista. Teatro Santos Dummond. Av. Goiás, 1.111, Santo Antônio, São Caetano do Sul, tel. 4223-8800. 370 lugares. Sáb. (19): 20h. 80 min. Livre. Ingressos esgotados. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. DANI BLACK Parceiro de Zélia Duncan e Chico César, o músico e compositor -ex-integrante da banda "5 a Seco"- apresenta músicas de seu segundo álbum, "Dilúvio" (2015). Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 774 lugares. Sex. (18): 21h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. DANIEL VIANA - ACOMPANHAMENTO MUSICAL: PERI PANE Em show de pré-lançamento do disco "Do Coração dos Pés", de Daniel Viana, que traz parcerias com o poeta arrudA e Paulo Viggu, o músico Peri Pane faz o acompanhamento musical. Galeria Olido - sala Olido. Av. São João, 473, República, região central, tel. 3397-0171. 293 lugares. Qua. (16): 20h. Livre. Retirar ingr. a partir das 14h. GRÁTIS GRUPO KODO Depois de oito anos, o grupo de percussão japonês volta a tocar em solo brasileiro. Com direção de Tamasaburo Bando, o espetáculo "Dadan" explora os sons dos tambores "taiko", nos seus mais variados tipos e tamanhos, e se caracteriza pela ausência de canto, dança, flautas e integrantes do sexo feminino. Teatro Alfa - sala A. R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Jardim Dom Bosco, região sul, tel. 5693-4000. 1.110 lugares. Seg. (14) e ter. (15): 21h. 90 min. Livre. Ingr.: R$ 60 a R$ 160 (estudantes: R$ 30 a R$ 80). Estac. (R$ 26) ou valet (R$ 37). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. HABLAN POR LA ESPALDA Referência do rock uruguaio no exterior, a banda -que leva quatro discos na bagagem- segue uma linha estética rebelde e vanguardista e apresenta o que chamam de "candoblues", estilo que predomina no grupo, com influência de bandas uruguaias dos anos 1970. Sesc Pompeia - comedoria. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 800 pessoas. Ter. (15): 21h30. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Ingr. p/ sescsp.org.br. HERMETO PASCOAL & GRUPO Show comemorativo dos 80 anos do artista alagoano. Reconhecido internacionalmente como multi-instrumentista, arranjador e improvisador, ao longo da sua carreira ele já lançou mais de 35 discos. Sesc Vila Mariana - teatro. R. Pelotas, 141, Vila Mariana, região sul, tel. 5080-3000. 620 lugares. Sáb. (19): 21h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 25. Estac. (R$ 4,50 e R$ 10 a 1ª h). Ingr. p/ sescsp.org.br. MARCELO JENECI Depois de lançar dois discos -"Feito pra Acabar" (2010) e "De Graça" (2014)-, o cantor paulistano volta a subir aos palcos. No repertório do show, músicas como "Felicidade" e "Pra Sonhar" e "O Melhor da Vida", além de inéditas. Theatro Net São Paulo - Shopping Vila Olímpia. R. Olimpíadas, 360, 5º andar, Vila Olímpia, região oeste, tel. 4003-1212. 799 lugares. Qui. (17): 21h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 100 e R$ 140 (estudantes: R$ 50 e R$ 70). Estac. (R$ 9 p/ 2 h). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. MARIA RITA Nesta apresentação, a cantora interpreta clássicos do samba, passando por homenagens a artistas que influenciaram a sua carreira, como Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz. No repertório, músicas que celebram a voz feminina do samba, com composições de Elis Regina e Alcione, músicas inéditas e sucessos da sua carreira. Sesc Itaquera - palco da Orquestra Mágica. Av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1.000, Parque do Carmo, região leste, tel. 2523-9200. 12 mil pessoas. Dom. (13): 15h. 90 min. Livre. Estac. (R$ 10 e R$ 20). GRÁTIS MAROON 5 Em show de sua turnê mundial "Maroon V", o grupo americano de pop rock, liderado pelo vocalista Adam Levine e vencedor de três Grammys, apresenta sucessos da carreira e composições de seu disco mais recente, "V"-com destaque para as canções "Animals", "Maps" e "Sugar". Allianz Parque. R. Palestra Itália, 200, Parque do Terceiro Lago, região oeste, tel. 4003-5588. 45.900 pessoas. Sáb. (19) e qui. (17): 21h30. 100 min. 14 anos. Ingr.: R$ 200 a R$ 650 (estudantes: 100 a R$ 325). Ingressos esgotados. Estac. (R$ 12 a R$ 100). PAU BRASIL Há 35 anos na estrada, o conjunto de música instrumental apresenta show de lançamento de seu disco mais recente, intitulado "Daqui" (2015). Voltado para as matrizes musicais do país, a banda apresenta repertório com obras de compositores como Tom Jobim, Baden Powell e Ary Barroso, além de músicas autorais e inéditas. Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 356 lugares. Sáb. (19): 21h. 60 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. * CONCERTOS CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE O coral se apresenta nas escadarias internas do Theatro Municipal de São Paulo, com programa de cantos sacros. Theatro Municipal de São Paulo. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, República, região central, tel. 3053-2090. Qua.: 12h. 20 min. Livre.. GRÁTIS MÚSICA NO MCB A Orquesta Pinheiros apresenta o concerto "Sophisticated Ladies", em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8/3. Sob regência de Murilo Alvarenga, o grupo toca músicas compostas e interpretadas por mulheres. Museu da Casa Brasileira - terraço. Av. Brig. Faria Lima, 2.705, Jardim Paulistano, região oeste, tel. 3032-3727. 220 lugares. Dom.: 11h. 60 min. Livre. Estac. (R$ 14 a R$ 23). GRÁTIS OSM E CORO LÍRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Com o maestro John Neschling à frente, a Orquestra Sinfônica Municipal abre a temporada com a peça "Um Réquiem Alemão", do compositor Johannes Brahms. A apresentação conta com as participações do Coro Lírico Municipal de São Paulo, da soprano Lina Mendes e do barítono Albert Dohmen. Theatro Municipal de São Paulo. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, República, região central, tel. 3053-2090. 1.500 lugares. Dom.: 17h. 60 min. Livre. Ingr.: R$ 25 a R$ 90 (estudantes: R$ 12,50 a R$ 45). Ingr. p/ 2626-0857 ou compreingressos.com/theatromunicipaldesaopaulo. RECITAL DE VIOLINO E PIANO - ERKIN ONAY E GÜLSIN ONAY O duo Onay, composto pela pianista turca Gülsin e seu filho violinista Erkin, executa sonatas de Mozart, Beethoven e Brahms compostas para os dois instrumentos, além de uma suíte do compositor turco Ahmed Adnan Saygun. Centro Cultural São Paulo - sala Jardel Filho. R. Vergueiro, 1.000, Liberdade, região central, tel. 3397-4002. 321 lugares. Ter.: 20h30. 75 min. Livre. Retirar ingr. duas horas antes. GRÁTIS | saopaulo | Grupo de NY faz jazz com clássicos; confira mais shows da semanaDE SÃO PAULO Formada por jovens instrumentistas nova-iorquinos, a New York Youth Symphony Jazz Band realiza três apresentações em SP. Na sexta (18), no Auditório Ibirapuera, o conjunto interpreta músicas de mestres do gênero, como Peter DeRose e Charles Mingus, e dá ritmo de jazz a peças eruditas de nomes como Johannes Brahms e Giuseppe Verdi. No sábado (19), na Unibes Cultural, haverá "jam session" com alunos da Emesp Tom Jobim. No dia 22, no Bourbon Street, a banda presta homenagem ao trompetista norte-americano Dizzy Gillespie. Auditório Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 3629-1075. 806 lugares. Sex. (18): 21h. 90 min. Livre. Retirar ingr. uma hora e 30 min. antes. GRÁTIS Unibes Cultural. R. Oscar Freire, 2.500, Pinheiros, tel. 3065-4333. 1.000 pessoas. Sáb.: 16h. 120 min. Livre. GRÁTIS Confira mais shows e concertos que acontecem nesta semana. SHOWS ALICE CAYMMI Com elementos da bossa nova, samba, jazz e rock na construção de seu som, a cantora carioca neta de Dorival Caymmi apresenta o show intitulado "Rainha dos Raios - Banda". No repertório, músicas como "Iansã" (Caetano Veloso e Gilberto Gil) e "Paint It Black" (Rolling Stones). Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 774 lugares. Dom. (13): 19h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. ARNALDO ANTUNES Em show da turnê de seu disco mais recente, o 16º da carreira, "Já É" -que possui sonoridade eclética e traz parcerias na composição das letras-, o cantor e compositor canta as músicas "Põe Fé Que Já É" e "Saudade Farta", entre outras. Sesc Pinheiros - teatro Paulo Autran. R. Paes Leme, 195, Pinheiros, região oeste, tel. 3095-9400. 1.010 lugares. Sex. (18), qua. (16) e qui. (17): 21h. Até 18/3. 90 min. 10 anos. Ingr.: R$ 15 a R$ 50. Estac. (R$ 7,50 e R$ 10 p/ 3 h). Ingr. p/ sescsp.org.br. AS BAHIAS E A COZINHA MINEIRA Com músicas que transitam pela bossa nova, o rock e o xote, e abordam a liberdade do corpo e o empoderamento da mulher, a banda composta pelas vocalistas transexuais Assucena Assucena e Raquel Virgínia e pelo guitarrista Rafael Acerbi estreia com o CD "Mulher". Itaú Cultural - sala Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, Bela Vista, região central, tel. 2168-1777. 247 lugares. Sex. (18): 20h. 60 min. 16 anos. Retirar ingr. 30 min. antes. Estac. c/ manob. (R$ 10 p/ 12 h, na r. Leôncio de Carvalho, 108 - convênio). GRÁTIS A BANDA MAIS BONITA DA CIDADE Para o lançamento do DVD "A Banda Mais Bonita da Cidade - Ao Vivo no Cine Joia", o grupo convida ao palco os artistas Tiê, Leo Fressato, Ana Larousse e China. No repertório, além de trabalhos já conhecidos como "Oração" -cujo videoclipe já conta com mais de 18 milhões de visualizações no YouTube-, e "Canção pra Não Voltar", figuram músicas inéditas do disco que será lançado até o final deste ano. Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer - Pq. Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portões 2 (pedestre) e 3 (veículos), Parque Ibirapuera, região sul, tel. 3629-1075. Sáb. (19): 21h. 90 min. Livre. Ingressos esgotados. Ingr.: R$ 20 (estudantes: R$ 10). Estac. (sistema Zona Azul - portão 3). BARBATUQUES O grupo de música corporal apresenta seu quarto disco, intitulado "Ayú". Na ocasião, o conjunto presta homenagem ao percussionista Naná Vasconcelos, que faria parte da apresentação, mas morreu na quarta (9/3). Constam no programa as composições do disco -com destaque para "Kererê" e "Tá Na Roda", produzida por Vasconcelos-, e músicas que exploram fonética e recursos percussivos variados. Sesc Vila Mariana - teatro. R. Pelotas, 141, Vila Mariana, região sul, tel. 5080-3000. 620 lugares. Dom. (13): 18h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 25. Estac. (R$ 4,50 e R$ 10 a 1ª h). CHICO CÉSAR Natural do interior da Paraíba, o cantor e compositor apresenta seu novo álbum, "Estado de Poesia", primeiro trabalho autoral em oito anos. Passando pelo samba, forró, frevo, toada e reggae, o show também tem em seu programa músicas que marcaram a trajetória do artista. Teatro Santos Dummond. Av. Goiás, 1.111, Santo Antônio, São Caetano do Sul, tel. 4223-8800. 370 lugares. Sáb. (19): 20h. 80 min. Livre. Ingressos esgotados. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. DANI BLACK Parceiro de Zélia Duncan e Chico César, o músico e compositor -ex-integrante da banda "5 a Seco"- apresenta músicas de seu segundo álbum, "Dilúvio" (2015). Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 774 lugares. Sex. (18): 21h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. DANIEL VIANA - ACOMPANHAMENTO MUSICAL: PERI PANE Em show de pré-lançamento do disco "Do Coração dos Pés", de Daniel Viana, que traz parcerias com o poeta arrudA e Paulo Viggu, o músico Peri Pane faz o acompanhamento musical. Galeria Olido - sala Olido. Av. São João, 473, República, região central, tel. 3397-0171. 293 lugares. Qua. (16): 20h. Livre. Retirar ingr. a partir das 14h. GRÁTIS GRUPO KODO Depois de oito anos, o grupo de percussão japonês volta a tocar em solo brasileiro. Com direção de Tamasaburo Bando, o espetáculo "Dadan" explora os sons dos tambores "taiko", nos seus mais variados tipos e tamanhos, e se caracteriza pela ausência de canto, dança, flautas e integrantes do sexo feminino. Teatro Alfa - sala A. R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Jardim Dom Bosco, região sul, tel. 5693-4000. 1.110 lugares. Seg. (14) e ter. (15): 21h. 90 min. Livre. Ingr.: R$ 60 a R$ 160 (estudantes: R$ 30 a R$ 80). Estac. (R$ 26) ou valet (R$ 37). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. HABLAN POR LA ESPALDA Referência do rock uruguaio no exterior, a banda -que leva quatro discos na bagagem- segue uma linha estética rebelde e vanguardista e apresenta o que chamam de "candoblues", estilo que predomina no grupo, com influência de bandas uruguaias dos anos 1970. Sesc Pompeia - comedoria. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 800 pessoas. Ter. (15): 21h30. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Ingr. p/ sescsp.org.br. HERMETO PASCOAL & GRUPO Show comemorativo dos 80 anos do artista alagoano. Reconhecido internacionalmente como multi-instrumentista, arranjador e improvisador, ao longo da sua carreira ele já lançou mais de 35 discos. Sesc Vila Mariana - teatro. R. Pelotas, 141, Vila Mariana, região sul, tel. 5080-3000. 620 lugares. Sáb. (19): 21h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 25. Estac. (R$ 4,50 e R$ 10 a 1ª h). Ingr. p/ sescsp.org.br. MARCELO JENECI Depois de lançar dois discos -"Feito pra Acabar" (2010) e "De Graça" (2014)-, o cantor paulistano volta a subir aos palcos. No repertório do show, músicas como "Felicidade" e "Pra Sonhar" e "O Melhor da Vida", além de inéditas. Theatro Net São Paulo - Shopping Vila Olímpia. R. Olimpíadas, 360, 5º andar, Vila Olímpia, região oeste, tel. 4003-1212. 799 lugares. Qui. (17): 21h. 90 min. 12 anos. Ingr.: R$ 100 e R$ 140 (estudantes: R$ 50 e R$ 70). Estac. (R$ 9 p/ 2 h). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. MARIA RITA Nesta apresentação, a cantora interpreta clássicos do samba, passando por homenagens a artistas que influenciaram a sua carreira, como Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz. No repertório, músicas que celebram a voz feminina do samba, com composições de Elis Regina e Alcione, músicas inéditas e sucessos da sua carreira. Sesc Itaquera - palco da Orquestra Mágica. Av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1.000, Parque do Carmo, região leste, tel. 2523-9200. 12 mil pessoas. Dom. (13): 15h. 90 min. Livre. Estac. (R$ 10 e R$ 20). GRÁTIS MAROON 5 Em show de sua turnê mundial "Maroon V", o grupo americano de pop rock, liderado pelo vocalista Adam Levine e vencedor de três Grammys, apresenta sucessos da carreira e composições de seu disco mais recente, "V"-com destaque para as canções "Animals", "Maps" e "Sugar". Allianz Parque. R. Palestra Itália, 200, Parque do Terceiro Lago, região oeste, tel. 4003-5588. 45.900 pessoas. Sáb. (19) e qui. (17): 21h30. 100 min. 14 anos. Ingr.: R$ 200 a R$ 650 (estudantes: 100 a R$ 325). Ingressos esgotados. Estac. (R$ 12 a R$ 100). PAU BRASIL Há 35 anos na estrada, o conjunto de música instrumental apresenta show de lançamento de seu disco mais recente, intitulado "Daqui" (2015). Voltado para as matrizes musicais do país, a banda apresenta repertório com obras de compositores como Tom Jobim, Baden Powell e Ary Barroso, além de músicas autorais e inéditas. Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 356 lugares. Sáb. (19): 21h. 60 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. Ingr. p/ sescsp.org.br. * CONCERTOS CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE O coral se apresenta nas escadarias internas do Theatro Municipal de São Paulo, com programa de cantos sacros. Theatro Municipal de São Paulo. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, República, região central, tel. 3053-2090. Qua.: 12h. 20 min. Livre.. GRÁTIS MÚSICA NO MCB A Orquesta Pinheiros apresenta o concerto "Sophisticated Ladies", em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8/3. Sob regência de Murilo Alvarenga, o grupo toca músicas compostas e interpretadas por mulheres. Museu da Casa Brasileira - terraço. Av. Brig. Faria Lima, 2.705, Jardim Paulistano, região oeste, tel. 3032-3727. 220 lugares. Dom.: 11h. 60 min. Livre. Estac. (R$ 14 a R$ 23). GRÁTIS OSM E CORO LÍRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Com o maestro John Neschling à frente, a Orquestra Sinfônica Municipal abre a temporada com a peça "Um Réquiem Alemão", do compositor Johannes Brahms. A apresentação conta com as participações do Coro Lírico Municipal de São Paulo, da soprano Lina Mendes e do barítono Albert Dohmen. Theatro Municipal de São Paulo. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, República, região central, tel. 3053-2090. 1.500 lugares. Dom.: 17h. 60 min. Livre. Ingr.: R$ 25 a R$ 90 (estudantes: R$ 12,50 a R$ 45). Ingr. p/ 2626-0857 ou compreingressos.com/theatromunicipaldesaopaulo. RECITAL DE VIOLINO E PIANO - ERKIN ONAY E GÜLSIN ONAY O duo Onay, composto pela pianista turca Gülsin e seu filho violinista Erkin, executa sonatas de Mozart, Beethoven e Brahms compostas para os dois instrumentos, além de uma suíte do compositor turco Ahmed Adnan Saygun. Centro Cultural São Paulo - sala Jardel Filho. R. Vergueiro, 1.000, Liberdade, região central, tel. 3397-4002. 321 lugares. Ter.: 20h30. 75 min. Livre. Retirar ingr. duas horas antes. GRÁTIS | 9 |
Maior produtividade da pecuária brasileira reduziria emissão de gases-estufa | Não é folclore nem é piada: gases produzidos na digestão de bois e vacas pioram o aquecimento global. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que dá para reduzir muito os arrotos e demais produções poluidoras dos 211 milhões de cabeças do Brasil –o maior rebanho comercial do mundo. O equivalente a 115 milhões de toneladas de gás carbônico (tCO2eq, como se abrevia a medida padrão para gases do efeito-estufa) poderiam deixar de ser lançadas até 2030 apenas melhorando a produtividade da pecuária. Isso representa quase um décimo de todo o carbono emitido pelo Brasil anualmente. O trabalho foi capitaneado por Britaldo Silveira Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto, e Fabiano Alvim Barbosa, da Escola de Veterinária, ambos da UFMG. Participaram ainda a ONG Aliança da Terra e centros de pesquisa americanos. A pecuária bovina ocupa mais de um quarto do território nacional, 2,2 milhões de km2, dos quais 700 mil km2 na Amazônia. Com baixíssima produtividade, menos de cem cabeças por quilômetro quadrado, o rebanho sempre cresceu à custa da devastação de florestas. "A pecuária é uma variável chave na equação do território brasileiro", diz Soares-Filho. "Dos assuntos que já estudei, é o mais difícil." A pesquisa demorou um ano e meio para ser concluída. "O setor está em transformação muito rápida, não tem muito mais área para se expandir horizontalmente", constata o pesquisador, aludindo à pressão conservacionista que levou à redução de 80% nas taxas de desmatamento na última década. A demanda por proteína animal só faz aumentar, por outro lado, tanto no mercado interno quanto no externo. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina e envia 20% da produção ao exterior. No entanto, nossa pecuária é muito ineficiente. Com apenas 88 milhões de reses, os EUA produziam em 2013 seus 11,7 milhões de toneladas de carne, 28,6% mais que os 9,1 milhões por aqui. INOVAÇÃO A equipe simulou três cenários para a pecuária nacional, combinando diferentes taxas de crescimento do rebanho, de confinamento (em que animais recebem alimentação melhor) e de recuperação de pastagens degradadas. Com capim melhor, bois e vacas crescem mais rápido e vão para o matadouro mais cedo. Não é raro no Brasil o abate ocorrer após os 40 meses, quando é possível fazê-lo aos 24. Seriam 16 meses a menos emitindo gases. No melhor cenário, apelidado de "inovador", o rebanho chegaria a 250 milhões de cabeças em 2030 (em vez dos 300 milhões projetados pelo governo). As pastagens, no entanto, se reduziriam em 21%, para 1,74 milhão de km2. No modelo rodado pelos computadores da UFMG, com a intensificação da atividade a produção de carne subiria para 12,4 milhões de toneladas. A produtividade daria um salto de 3,5 arrobas por hectare para 5,8 @/ha. Em outras palavras: com pasto melhor e suplementação alimentar (rações balanceadas), o gado engordaria mais e mais rápido. Nesse processo, passaria menos tempo no pasto arrotando. O xis da questão está no metano (CH4) produzido no rúmen. Para azar dos pecuaristas, e nosso, ele é um dos piores gases do efeito estufa, 21 vezes mais capaz de reter calor na atmosfera que o CO2. Estima-se que cada rês, no sistema tradicional de criação, produza em média 53,4 kg de metano por ano. Com confinamento e outras boas práticas, esses arrotos cairiam para 40,3 kg/ano. Os 115 milhões de tCO2eq podem parecer pouco, diante de 1,2 bilhão de tCO2eq emitidas anualmente pelo Brasil. Mas corresponde à poluição climática que seria produzida por uma frota imaginária de 115 milhões de carros 1.0 rodando 20 mil km por ano. E representa um quarto de todas as emissões atuais do setor agropecuário. Conter o arroto dos bovinos parece um bom começo para levar a pecuária nacional até o século 21. Clique no infográfico: Bois em milhões Clique no infográfico: Técnicas de criação de gado Clique no infográfico: Produção de carne Clique no infográfico: Lucro da produção de carne | ciencia | Maior produtividade da pecuária brasileira reduziria emissão de gases-estufaNão é folclore nem é piada: gases produzidos na digestão de bois e vacas pioram o aquecimento global. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que dá para reduzir muito os arrotos e demais produções poluidoras dos 211 milhões de cabeças do Brasil –o maior rebanho comercial do mundo. O equivalente a 115 milhões de toneladas de gás carbônico (tCO2eq, como se abrevia a medida padrão para gases do efeito-estufa) poderiam deixar de ser lançadas até 2030 apenas melhorando a produtividade da pecuária. Isso representa quase um décimo de todo o carbono emitido pelo Brasil anualmente. O trabalho foi capitaneado por Britaldo Silveira Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto, e Fabiano Alvim Barbosa, da Escola de Veterinária, ambos da UFMG. Participaram ainda a ONG Aliança da Terra e centros de pesquisa americanos. A pecuária bovina ocupa mais de um quarto do território nacional, 2,2 milhões de km2, dos quais 700 mil km2 na Amazônia. Com baixíssima produtividade, menos de cem cabeças por quilômetro quadrado, o rebanho sempre cresceu à custa da devastação de florestas. "A pecuária é uma variável chave na equação do território brasileiro", diz Soares-Filho. "Dos assuntos que já estudei, é o mais difícil." A pesquisa demorou um ano e meio para ser concluída. "O setor está em transformação muito rápida, não tem muito mais área para se expandir horizontalmente", constata o pesquisador, aludindo à pressão conservacionista que levou à redução de 80% nas taxas de desmatamento na última década. A demanda por proteína animal só faz aumentar, por outro lado, tanto no mercado interno quanto no externo. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina e envia 20% da produção ao exterior. No entanto, nossa pecuária é muito ineficiente. Com apenas 88 milhões de reses, os EUA produziam em 2013 seus 11,7 milhões de toneladas de carne, 28,6% mais que os 9,1 milhões por aqui. INOVAÇÃO A equipe simulou três cenários para a pecuária nacional, combinando diferentes taxas de crescimento do rebanho, de confinamento (em que animais recebem alimentação melhor) e de recuperação de pastagens degradadas. Com capim melhor, bois e vacas crescem mais rápido e vão para o matadouro mais cedo. Não é raro no Brasil o abate ocorrer após os 40 meses, quando é possível fazê-lo aos 24. Seriam 16 meses a menos emitindo gases. No melhor cenário, apelidado de "inovador", o rebanho chegaria a 250 milhões de cabeças em 2030 (em vez dos 300 milhões projetados pelo governo). As pastagens, no entanto, se reduziriam em 21%, para 1,74 milhão de km2. No modelo rodado pelos computadores da UFMG, com a intensificação da atividade a produção de carne subiria para 12,4 milhões de toneladas. A produtividade daria um salto de 3,5 arrobas por hectare para 5,8 @/ha. Em outras palavras: com pasto melhor e suplementação alimentar (rações balanceadas), o gado engordaria mais e mais rápido. Nesse processo, passaria menos tempo no pasto arrotando. O xis da questão está no metano (CH4) produzido no rúmen. Para azar dos pecuaristas, e nosso, ele é um dos piores gases do efeito estufa, 21 vezes mais capaz de reter calor na atmosfera que o CO2. Estima-se que cada rês, no sistema tradicional de criação, produza em média 53,4 kg de metano por ano. Com confinamento e outras boas práticas, esses arrotos cairiam para 40,3 kg/ano. Os 115 milhões de tCO2eq podem parecer pouco, diante de 1,2 bilhão de tCO2eq emitidas anualmente pelo Brasil. Mas corresponde à poluição climática que seria produzida por uma frota imaginária de 115 milhões de carros 1.0 rodando 20 mil km por ano. E representa um quarto de todas as emissões atuais do setor agropecuário. Conter o arroto dos bovinos parece um bom começo para levar a pecuária nacional até o século 21. Clique no infográfico: Bois em milhões Clique no infográfico: Técnicas de criação de gado Clique no infográfico: Produção de carne Clique no infográfico: Lucro da produção de carne | 15 |
Imposto sobre fortunas, de graça | O governo inventou um modo de aumentar impostos em 2017, um jeito quase sem custos. De quebra, seria um tributo sobre grandes fortunas, para dizer a coisa de modo sarcástico. Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, anunciou nesta terça (1º) que vai propor projeto de lei a fim de reabrir o programa de "repatriação", a declaração de dinheiros mantidos ilegalmente no exterior. O prazo da primeira "repatriação" terminou na segunda-feira (31). Nesta rodada, o governo arrecadou R$ 50,9 bilhões em multas e impostos, cobrados de uma base de R$ 169,9 bilhões declarados à Receita. Calheiros diz que apresenta o projeto na semana que vem. De acordo com um senador envolvido no assunto e com gente do Ministério da Fazenda, a nova chance de regularizar o dinheiro vai custar mais caro. O plano é aumentar imposto e multa de 15% para 17,5%, "para a nova chance não sair de graça para os atrasados". Não está certo ainda se o novo programa começa em janeiro ou fevereiro. Não haveria gambiarra para permitir que políticos regularizem dinheiro clandestino. Esse era um lobby que movia o projeto de reabertura do prazo de "repatriação" na Câmara, que gorou. Deve haver modificação na lei de modo a "tornar mais claro" que não haverá risco de os contribuintes agora arrependidos se sujeitarem a processos criminais. Em escritórios de advocacia que assessoram interessados na "repatriação", se diz que esse risco teria "inibido clientes". Calheiros disse que podem vir mais R$ 50 bilhões. Escritórios de advocacia chutam que R$ 25 bilhões seria um número razoável. Para gente do governo, o valor pode ser um pouco maior, mas ainda não haveria estimativa confiável. Advogados dizem que já têm gente na fila, clientes que se atrasaram, esperavam mudanças de regras na Câmara ou "não estavam atentos" para os riscos de não regularizar o patrimônio. O risco é o de ser flagrado com dinheiro irregular no exterior, que vai aumentar com a troca de informações entre os fiscos de vários países. Para o governo, esse "imposto sobre grandes fortunas" pode ser um alívio. A perspectiva de fechar as contas no ano que vem é no mínimo nebulosa. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse outra vez na segunda-feira que, com a aprovação do "teto" para os gastos do governo, não seria necessário aumentar impostos. Não é possível afirmar tal coisa, a não ser que o governo não esteja nem aí para a meta de saldo primário que anunciou para 2017. Não está? O "teto" limita despesas, mas não garante receitas. Se a receita for insuficiente, não se cumpre a meta, aumenta o deficit primário (receitas menos despesas, afora gastos com juros da dívida pública), aumenta a dívida. Até setembro, a receita nominal (sem descontar a inflação) vinha crescendo apenas 1,1% ao ano. Para atingir a meta fiscal de 2017, o governo parece contar com um aumento de 9,9% da arrecadação. Com R$ 25 bilhões de impostos e multas da "repatriação", teria pelo menos 2,3% extras. Sim, trata-se de dinheiro extraordinário, que não vai entrar de novo em 2018. Mas, na pindaíba medonha de agora, é um alívio na dívida. Sem o custo econômico e político de aumentar impostos. | colunas | Imposto sobre fortunas, de graçaO governo inventou um modo de aumentar impostos em 2017, um jeito quase sem custos. De quebra, seria um tributo sobre grandes fortunas, para dizer a coisa de modo sarcástico. Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, anunciou nesta terça (1º) que vai propor projeto de lei a fim de reabrir o programa de "repatriação", a declaração de dinheiros mantidos ilegalmente no exterior. O prazo da primeira "repatriação" terminou na segunda-feira (31). Nesta rodada, o governo arrecadou R$ 50,9 bilhões em multas e impostos, cobrados de uma base de R$ 169,9 bilhões declarados à Receita. Calheiros diz que apresenta o projeto na semana que vem. De acordo com um senador envolvido no assunto e com gente do Ministério da Fazenda, a nova chance de regularizar o dinheiro vai custar mais caro. O plano é aumentar imposto e multa de 15% para 17,5%, "para a nova chance não sair de graça para os atrasados". Não está certo ainda se o novo programa começa em janeiro ou fevereiro. Não haveria gambiarra para permitir que políticos regularizem dinheiro clandestino. Esse era um lobby que movia o projeto de reabertura do prazo de "repatriação" na Câmara, que gorou. Deve haver modificação na lei de modo a "tornar mais claro" que não haverá risco de os contribuintes agora arrependidos se sujeitarem a processos criminais. Em escritórios de advocacia que assessoram interessados na "repatriação", se diz que esse risco teria "inibido clientes". Calheiros disse que podem vir mais R$ 50 bilhões. Escritórios de advocacia chutam que R$ 25 bilhões seria um número razoável. Para gente do governo, o valor pode ser um pouco maior, mas ainda não haveria estimativa confiável. Advogados dizem que já têm gente na fila, clientes que se atrasaram, esperavam mudanças de regras na Câmara ou "não estavam atentos" para os riscos de não regularizar o patrimônio. O risco é o de ser flagrado com dinheiro irregular no exterior, que vai aumentar com a troca de informações entre os fiscos de vários países. Para o governo, esse "imposto sobre grandes fortunas" pode ser um alívio. A perspectiva de fechar as contas no ano que vem é no mínimo nebulosa. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse outra vez na segunda-feira que, com a aprovação do "teto" para os gastos do governo, não seria necessário aumentar impostos. Não é possível afirmar tal coisa, a não ser que o governo não esteja nem aí para a meta de saldo primário que anunciou para 2017. Não está? O "teto" limita despesas, mas não garante receitas. Se a receita for insuficiente, não se cumpre a meta, aumenta o deficit primário (receitas menos despesas, afora gastos com juros da dívida pública), aumenta a dívida. Até setembro, a receita nominal (sem descontar a inflação) vinha crescendo apenas 1,1% ao ano. Para atingir a meta fiscal de 2017, o governo parece contar com um aumento de 9,9% da arrecadação. Com R$ 25 bilhões de impostos e multas da "repatriação", teria pelo menos 2,3% extras. Sim, trata-se de dinheiro extraordinário, que não vai entrar de novo em 2018. Mas, na pindaíba medonha de agora, é um alívio na dívida. Sem o custo econômico e político de aumentar impostos. | 1 |
Petrobras não descarta novos cortes no preço da gasolina e do diesel | O diretor de refino e gás da Petrobras, Jorge Celestino, disse nesta quarta (9) que a estatal pode reduzir novamente os preços da gasolina e do diesel caso as cotações internacionais permaneçam em queda. Ele lembrou que a avaliação é feita pela estatal uma vez por mês e considera, além do mercado internacional, o nível de importações pelos concorrentes da petrolífera. Na terça (8), a companhia anunciou corte de 10,4% no preço do diesel e de 3,1% no preço da gasolina. Foi a segunda redução em menos de um mês. Em entrevista para explicar a mudança, Celestino disse que as cotações dos derivados no mercado internacional caíram 12% desde a última reunião do grupo interno que avalia os preços dos combustíveis. Além disso, a participação de mercado da companhia no mercado interno de diesel caiu de 86% para 82%. Em outubro, empresas privadas importaram 1 bilhão de litros do combustível. Celestino defendeu que os preços da companhia estão "alinhados" ao mercado internacional, mas evitou detalhar as margens de lucro praticados pela companhia. "Os nossos preços são bastante competitivos e estão alinhados ao mercado internacional", afirmou. Ele espera que, com os novos cortes, as importações por empresas privadas caiam. Mas não descartou agir novamente em caso de manutenção da tendência de queda nas cotações internacionais. "Sim. O que a gente está dizendo é o seguinte: nós vamos ter preços alinhados com relação ao mercado internacional", respondeu ele, quando questionado sobre a possibilidade de novas reduções. | mercado | Petrobras não descarta novos cortes no preço da gasolina e do dieselO diretor de refino e gás da Petrobras, Jorge Celestino, disse nesta quarta (9) que a estatal pode reduzir novamente os preços da gasolina e do diesel caso as cotações internacionais permaneçam em queda. Ele lembrou que a avaliação é feita pela estatal uma vez por mês e considera, além do mercado internacional, o nível de importações pelos concorrentes da petrolífera. Na terça (8), a companhia anunciou corte de 10,4% no preço do diesel e de 3,1% no preço da gasolina. Foi a segunda redução em menos de um mês. Em entrevista para explicar a mudança, Celestino disse que as cotações dos derivados no mercado internacional caíram 12% desde a última reunião do grupo interno que avalia os preços dos combustíveis. Além disso, a participação de mercado da companhia no mercado interno de diesel caiu de 86% para 82%. Em outubro, empresas privadas importaram 1 bilhão de litros do combustível. Celestino defendeu que os preços da companhia estão "alinhados" ao mercado internacional, mas evitou detalhar as margens de lucro praticados pela companhia. "Os nossos preços são bastante competitivos e estão alinhados ao mercado internacional", afirmou. Ele espera que, com os novos cortes, as importações por empresas privadas caiam. Mas não descartou agir novamente em caso de manutenção da tendência de queda nas cotações internacionais. "Sim. O que a gente está dizendo é o seguinte: nós vamos ter preços alinhados com relação ao mercado internacional", respondeu ele, quando questionado sobre a possibilidade de novas reduções. | 2 |
Isaquias se irrita em rádio, cancela festa em cidade natal, mas volta atrás
| DO UOL Maior medalhista brasileiro em uma única edição de Jogos Olímpicos, Isaquias Queiroz se irritou durante participação na "Rádio Ubaitaba", cidade na Bahia em que nasceu. O canoísta desabafou sobre comentários maldosos que sua namorada Larissa tem recebido nas redes sociais e no município. "Tem muitas pessoas ingratas em Ubaitaba. Que percam a paciência e o respeito por mim, porque já acabei com a paciência com o pessoal de Ubaitaba. Não vou aceitar que um monte de gente hipócrita, mal-educada, fique falando mal da minha namorada na rua", desabafou. "O que ela fez para as pessoas de Ubaitaba? Não foi ela que pediu para namorar comigo, não. Eu que pedi. Dizem que Larissa é isso, aquilo... Um monte de gente burra, que não sabe da vida dos outros. Um monte de gente, chamou ela de p... nas redes sociais. Estou tremendo de raiva. Já estou de saco cheio", prosseguiu Isaquias. Durante o desabafo, o canoísta chegou a afirmar que não participaria mais do desfile em carro aberto e de uma festa que estava sendo organizada na cidade para comemorar suas três medalhas olímpica. "Desculpe a quem não tem nada com isso, mas não estava aguentando. Estava de boa, feliz, mas por causa de imbecis, que não sabem cuidar da própria vida, ninguém vai ver Isaquias em carro aberto. Nunca fiz questão de sair de carro aberto. Por causa desses imbecis, não vou desfilar, não vou fazer p... nenhuma, vou pra minha casa. Fiquem com raiva, f...-se o resto. Não vai ter recepção, nem nada. Desculpem a quem não tem nada com isso, mas é o preço a se pagar por se falar mal dos outros". Mais tarde, no entanto, Isaquias voltou atrás. Pelo Facebook, o canoísta afirmou que não ia deixar de fazer os eventos "por causa de alguns". "Olá, pessoal de Ubaitaba. Quero dizer que está tudo confirmado: a carreata amanhã e a festa no outro final de semana. Vocês merecem a carreata e a festa até pela torcida e o carinho que vocês vêm me dando desde o início da carreira até as Olimpíadas. Espero contar com todos lá, pois todos merecem esse momento. Amo muito Ubaitaba, não é por causa de 'alguns' que vou prejudicar todos". Em sua participação na Rio-2016, Isaquias Queiroz conquistou três medalhas: duas de prata (C.1 1.000 m e C2 1.000 m ) e uma de bronze (C1 200 m ). Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo | esporte |
Isaquias se irrita em rádio, cancela festa em cidade natal, mas volta atrás
DO UOL Maior medalhista brasileiro em uma única edição de Jogos Olímpicos, Isaquias Queiroz se irritou durante participação na "Rádio Ubaitaba", cidade na Bahia em que nasceu. O canoísta desabafou sobre comentários maldosos que sua namorada Larissa tem recebido nas redes sociais e no município. "Tem muitas pessoas ingratas em Ubaitaba. Que percam a paciência e o respeito por mim, porque já acabei com a paciência com o pessoal de Ubaitaba. Não vou aceitar que um monte de gente hipócrita, mal-educada, fique falando mal da minha namorada na rua", desabafou. "O que ela fez para as pessoas de Ubaitaba? Não foi ela que pediu para namorar comigo, não. Eu que pedi. Dizem que Larissa é isso, aquilo... Um monte de gente burra, que não sabe da vida dos outros. Um monte de gente, chamou ela de p... nas redes sociais. Estou tremendo de raiva. Já estou de saco cheio", prosseguiu Isaquias. Durante o desabafo, o canoísta chegou a afirmar que não participaria mais do desfile em carro aberto e de uma festa que estava sendo organizada na cidade para comemorar suas três medalhas olímpica. "Desculpe a quem não tem nada com isso, mas não estava aguentando. Estava de boa, feliz, mas por causa de imbecis, que não sabem cuidar da própria vida, ninguém vai ver Isaquias em carro aberto. Nunca fiz questão de sair de carro aberto. Por causa desses imbecis, não vou desfilar, não vou fazer p... nenhuma, vou pra minha casa. Fiquem com raiva, f...-se o resto. Não vai ter recepção, nem nada. Desculpem a quem não tem nada com isso, mas é o preço a se pagar por se falar mal dos outros". Mais tarde, no entanto, Isaquias voltou atrás. Pelo Facebook, o canoísta afirmou que não ia deixar de fazer os eventos "por causa de alguns". "Olá, pessoal de Ubaitaba. Quero dizer que está tudo confirmado: a carreata amanhã e a festa no outro final de semana. Vocês merecem a carreata e a festa até pela torcida e o carinho que vocês vêm me dando desde o início da carreira até as Olimpíadas. Espero contar com todos lá, pois todos merecem esse momento. Amo muito Ubaitaba, não é por causa de 'alguns' que vou prejudicar todos". Em sua participação na Rio-2016, Isaquias Queiroz conquistou três medalhas: duas de prata (C.1 1.000 m e C2 1.000 m ) e uma de bronze (C1 200 m ). Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo | 3 |
Lateral do Palmeiras é convocado para o lugar de Zeca na seleção olímpica | O lateral-direito João Pedro, do Palmeiras, foi convocado nesta segunda-feira (5) para a seleção olímpica (sub-23) no lugar de Zeca, lateral esquerdo do Santos, cortado por lesão. O reserva de Lucas no time alviverde se apresenta com os demais jogadores nesta noite, em Manaus, local dos dois amistosos, contra República Dominicana, na sexta (9), e Haiti, na próxima segunda (12). Apesar de jogar como lateral esquerdo no Santos, Zeca é destro, e por isso tinha sido convocado para atuar na direita pela seleção. Para a esquerda, Dunga chamou Wendell (Bayer Leverkusen) e Douglas Santos (Atlético-MG). João Pedro já participou de duas competições de base pela seleção em 2015: o Sul-Americano sub-20, no Uruguai, e o Mundial sub-20, na Nova Zelândia. | esporte | Lateral do Palmeiras é convocado para o lugar de Zeca na seleção olímpicaO lateral-direito João Pedro, do Palmeiras, foi convocado nesta segunda-feira (5) para a seleção olímpica (sub-23) no lugar de Zeca, lateral esquerdo do Santos, cortado por lesão. O reserva de Lucas no time alviverde se apresenta com os demais jogadores nesta noite, em Manaus, local dos dois amistosos, contra República Dominicana, na sexta (9), e Haiti, na próxima segunda (12). Apesar de jogar como lateral esquerdo no Santos, Zeca é destro, e por isso tinha sido convocado para atuar na direita pela seleção. Para a esquerda, Dunga chamou Wendell (Bayer Leverkusen) e Douglas Santos (Atlético-MG). João Pedro já participou de duas competições de base pela seleção em 2015: o Sul-Americano sub-20, no Uruguai, e o Mundial sub-20, na Nova Zelândia. | 3 |
1 em cada 12 alunos da rede pública de São Paulo não recebeu kit escolar | Passado mais de um mês do início do ano letivo, 1 em cada 12 alunos das escolas do Estado e da prefeitura paulistana ainda não recebeu os kits de material escolar. O problema atinge cerca de 390 mil estudantes, 7,8% do total de matrículas nas duas redes somadas –que fazem compras de forma separada. A situação é pior no sistema gerido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), em que 8,5% dos estudantes estão sem o material. Segundo a Apeoesp (sindicato dos professores), é a primeira vez que há atraso na entrega, que começou em 2006. A Folha obteve os dados em levantamento no site da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), da Secretaria da Educação. A pasta afirmou que houve problema na licitação para a compra dos kits –que incluem cadernos e conjuntos de lápis, canetas e borrachas. Nas escolas mantidas pelo prefeito Fernando Haddad (PT), 5% dos alunos estão sem o material, segundo a Secretaria de Educação. A gestão diz que a situação indica melhora, pois o percentual já foi maior em outros anos. IMPROVISO Entre os alunos que não receberam os materiais estão os dois filhos da catadora de recicláveis Alessandra da Silva, 36. As crianças têm sete e oito anos de idade. Elas levam para a escola estadual Paulo Gomes Romeo, em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), um caderno de desenho, um lápis e uma caixa de giz, tudo improvisado pela mãe. Além de Ribeirão Preto, as regiões onde há mais afetados pelo atraso na rede estadual são a capital, Sorocaba, Taboão da Serra e Jundiaí. Os alunos mais prejudicados estão entre o 6º e o 9º ano. Até a última sexta-feira (6), 236.253 kits não haviam sido entregues para esse ciclo. No caso de algumas escolas, o site informa que a pasta encaminhou os kits, mas os respectivos diretores, que têm de registrar o recebimento no sistema, não o fizeram. Há também municípios para onde o governo estadual nem encaminhou o material. É o caso de escolas de cinco cidades da região de Ibitinga, onde faltam 3.406 kits, e de seis cidades da região de Sertãozinho, que ainda não recebeu 5.460 conjuntos. "O problema é que ninguém consegue dizer quando esses materiais vão chegar", disse a agente de saúde Elaine Cristina Silveira, 35. Moradora de Bebedouro (a 381 km da capital) e com um salário de R$ 850, ela disse que contou com a ajuda de parentes e amigos para comprar material para os dois filhos, de oito e 15 anos. Ambos estudam na escola Orlando França de Carvalho e começaram o ano letivo usando folhas de sulfite no lugar de cadernos. Já em Franca (a 400 km da capital), a família da doceira Eliane Aparecida da Silva, 30, teve de cortar a comida para comprar material. "Há um mês, estamos comendo só arroz e feijão. Ficou apertado, meu marido estava desempregado", disse ela, que tem filhos na escola Maria do Carmo Silva Ferreira. Eliane conta que gastou com materiais escolares cerca de R$ 200 previstos para despesas domésticas. Há casos de professores que tiram o material do próprio bolso. "Muita gente pede lápis e caderno para a professora, daí ela acaba dando", conta Luane Caroline de Jesus, 10, de Ribeirão. Para Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP Ribeirão, a falta do material pode provocar sentimento de revolta entre alunos e pais, além de comprometer o aprendizado. "Indica descaso e abandono. O problema se reflete no relacionamento com os professores, que estão na linha de frente e não têm culpa." Colaborou FÁBIO TAKAHASHI | educacao | 1 em cada 12 alunos da rede pública de São Paulo não recebeu kit escolarPassado mais de um mês do início do ano letivo, 1 em cada 12 alunos das escolas do Estado e da prefeitura paulistana ainda não recebeu os kits de material escolar. O problema atinge cerca de 390 mil estudantes, 7,8% do total de matrículas nas duas redes somadas –que fazem compras de forma separada. A situação é pior no sistema gerido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), em que 8,5% dos estudantes estão sem o material. Segundo a Apeoesp (sindicato dos professores), é a primeira vez que há atraso na entrega, que começou em 2006. A Folha obteve os dados em levantamento no site da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), da Secretaria da Educação. A pasta afirmou que houve problema na licitação para a compra dos kits –que incluem cadernos e conjuntos de lápis, canetas e borrachas. Nas escolas mantidas pelo prefeito Fernando Haddad (PT), 5% dos alunos estão sem o material, segundo a Secretaria de Educação. A gestão diz que a situação indica melhora, pois o percentual já foi maior em outros anos. IMPROVISO Entre os alunos que não receberam os materiais estão os dois filhos da catadora de recicláveis Alessandra da Silva, 36. As crianças têm sete e oito anos de idade. Elas levam para a escola estadual Paulo Gomes Romeo, em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), um caderno de desenho, um lápis e uma caixa de giz, tudo improvisado pela mãe. Além de Ribeirão Preto, as regiões onde há mais afetados pelo atraso na rede estadual são a capital, Sorocaba, Taboão da Serra e Jundiaí. Os alunos mais prejudicados estão entre o 6º e o 9º ano. Até a última sexta-feira (6), 236.253 kits não haviam sido entregues para esse ciclo. No caso de algumas escolas, o site informa que a pasta encaminhou os kits, mas os respectivos diretores, que têm de registrar o recebimento no sistema, não o fizeram. Há também municípios para onde o governo estadual nem encaminhou o material. É o caso de escolas de cinco cidades da região de Ibitinga, onde faltam 3.406 kits, e de seis cidades da região de Sertãozinho, que ainda não recebeu 5.460 conjuntos. "O problema é que ninguém consegue dizer quando esses materiais vão chegar", disse a agente de saúde Elaine Cristina Silveira, 35. Moradora de Bebedouro (a 381 km da capital) e com um salário de R$ 850, ela disse que contou com a ajuda de parentes e amigos para comprar material para os dois filhos, de oito e 15 anos. Ambos estudam na escola Orlando França de Carvalho e começaram o ano letivo usando folhas de sulfite no lugar de cadernos. Já em Franca (a 400 km da capital), a família da doceira Eliane Aparecida da Silva, 30, teve de cortar a comida para comprar material. "Há um mês, estamos comendo só arroz e feijão. Ficou apertado, meu marido estava desempregado", disse ela, que tem filhos na escola Maria do Carmo Silva Ferreira. Eliane conta que gastou com materiais escolares cerca de R$ 200 previstos para despesas domésticas. Há casos de professores que tiram o material do próprio bolso. "Muita gente pede lápis e caderno para a professora, daí ela acaba dando", conta Luane Caroline de Jesus, 10, de Ribeirão. Para Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP Ribeirão, a falta do material pode provocar sentimento de revolta entre alunos e pais, além de comprometer o aprendizado. "Indica descaso e abandono. O problema se reflete no relacionamento com os professores, que estão na linha de frente e não têm culpa." Colaborou FÁBIO TAKAHASHI | 12 |
Willian marca duas vezes, e Chelsea vai à final da Copa da Inglaterra | Os gols de Eden Hazard e Nemanja Matric, em Wembley, neste sábado (22) definiram a vitória do Chelsea sobre o Tottenham por 4 a 2, na semifinal da Copa da Inglaterra. Com o resultado, a equipe avançou para a final da competição. Arsenal e Manchester City disputam a outra semifinal neste domingo (23), às 11h. O brasileiro Willian, surpreendentemente escolhido no lugar de Hazard como titular, colocou duas vezes o Chelsea à frente do marcador, primeiro, aos 4 min, em cobrança de falta, e depois, perto do intervalo, de pênalti. Duas vezes o Tottenham buscou o empate com Harry Kane aos 18 minutos e Dele Alli, fazendo 2 a 2 aos 7 min do segundo tempo. O Tottenham, vice-líder do Campeonato Inglês após sete vitórias consecutivas, quatro pontos atrás do Chelsea, dominou o jogo em alguns momentos, mas suas esperanças de chegar à primeira final da Copa da Inglaterra desde 1991 naufragaram. Hazard, que substituiu Willian, chutou de fora da área ao 30 min do segundo tempo. Depois, Matic acertou um lindo chute de longa distância e ampliou a vantagem. Foi uma vitória importante para o Chelsea, que vacilou nas últimas rodadas do Inglês, com duas derrotas. | esporte | Willian marca duas vezes, e Chelsea vai à final da Copa da InglaterraOs gols de Eden Hazard e Nemanja Matric, em Wembley, neste sábado (22) definiram a vitória do Chelsea sobre o Tottenham por 4 a 2, na semifinal da Copa da Inglaterra. Com o resultado, a equipe avançou para a final da competição. Arsenal e Manchester City disputam a outra semifinal neste domingo (23), às 11h. O brasileiro Willian, surpreendentemente escolhido no lugar de Hazard como titular, colocou duas vezes o Chelsea à frente do marcador, primeiro, aos 4 min, em cobrança de falta, e depois, perto do intervalo, de pênalti. Duas vezes o Tottenham buscou o empate com Harry Kane aos 18 minutos e Dele Alli, fazendo 2 a 2 aos 7 min do segundo tempo. O Tottenham, vice-líder do Campeonato Inglês após sete vitórias consecutivas, quatro pontos atrás do Chelsea, dominou o jogo em alguns momentos, mas suas esperanças de chegar à primeira final da Copa da Inglaterra desde 1991 naufragaram. Hazard, que substituiu Willian, chutou de fora da área ao 30 min do segundo tempo. Depois, Matic acertou um lindo chute de longa distância e ampliou a vantagem. Foi uma vitória importante para o Chelsea, que vacilou nas últimas rodadas do Inglês, com duas derrotas. | 3 |
Imigrantes mudam o perfil do centro com lojas e restaurantes | Djenab Soumah, 24, não tem dúvidas quando lhe perguntam o que ela mais gosta no Brasil. "O brasileiro", diz. Na verdade, uma brasileira em específico: Tiranké, sua filha, nascida no país. De resto, Djenab, que veio da Guiné e vive no Brasil há cerca de um ano e meio, tem poucos elogios ao país. Ela mora em Osasco e todos os dias pega um ônibus com sua filha em direção à Galeria Presidente, a alguns quarteirões da praça da República, no centro de São Paulo. Conhecido como Galeria do Reggae, o local é um reduto de comunidades africanas no centro. No primeiro andar, o espaço tem lojas de roupas, discos e tabacarias antigas. A partir do segundo piso, o cenário é outro, e mudou muito nos últimos anos. Salões de beleza e restaurantes improvisados de comida africana dão o tom do local. Para Djenab, seu trabalho não é bem um trabalho. Ao lado de outros cinco conterrâneos, passa seu tempo em um minúsculo salão de beleza na galeria, o Jalekatu Angélica - Salão da Amizade. Os clientes são raros. "Aqui é muito fraco", diz ela. "É difícil arrumar trabalho. Por mim, voltaria para Guiné, mas falta dinheiro." A galeria não é o único lugar da região central de São Paulo que mudou de cara com a chegada de imigrantes. Na região do Brás, de passado industrial, imigrantes bolivianos mudaram o perfil das redondezas abrindo lojas e restaurantes. Em 2014, a rua Coimbra –que concentra grande número de negócios dos imigrantes– se tornou, por portaria da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, patrimônio dos bolivianos. Há duas décadas, a rua era dominada por galpões e casas vazias. APOIO "Os imigrantes chegam aqui com muita expectativa, acham que o Brasil tem muitas opções", diz a colombiana Viviane Peña, coordenadora do Crai (Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes), órgão municipal localizado na Bela Vista que realiza atendimento especializado à população imigrante da cidade. Só neste ano, o centro já fez cerca de 3.600 atendimentos. A equipe, de sete pessoas, tem cinco imigrantes. Além de Peña, o Crai conta com atendentes de Síria, Congo, Angola e Peru. "Nós sabemos o que é ser imigrante. Conseguimos criar vínculos a partir dessa situação", diz Peña. Para o italiano Paolo Parise, padre que comanda a Missão Paz, na região do Glicério, que se notabilizou pelo seu atendimento a imigrantes haitianos, quem vem de fora acaba criando também uma ligação com o próprio centro. "A maioria dos equipamentos de atendimento a essa população está aqui, então depois de serem atendidos eles criam vínculos e se sentem mais seguros em regiões próximas, fazendo com que estabeleçam comunidades e redes na região central." De acordo com ele, um levantamento feito pela missão mostrou que há 170 pensões na região do Glicério. "São verdadeiros 'buracos', onde os imigrantes pagam de R$ 500 a R$ 600 por mês apenas pela comodidade de morar perto de tudo." O sonho de morar no centro virou realidade há 30 anos para a boliviana Flora Fernandes. Ela veio para o Brasil há quase meio século, sozinha, depois de perder os pais e os avós. Trabalhou como costureira e foi abandonada pelo marido para cuidar sozinha dos três filhos. "Sugeriram que eu pedisse esmola", lembra. "Amamentava meu filho de dois anos na oficina de costura, trabalhava sábados, domingos e feriados." Fernandes morava na Barra Funda, ao lado do viaduto Orlando Murgel. Quando ia ao trabalho, passava pelo bairro dos Campos Elíseos e namorava um velho sobrado. "Eu pedia muito a Deus para que ele fosse meu, mas me perguntava 'quem sou eu para ter uma casa no centro?'." Há três décadas, ela deu entrada no sobrado. Para pagar as prestações, vendia salteñas, as empanadas bolivianas, aos sábados. Com o tempo, os quitutes passaram a render mais que a costura. Fernandes, então, abriu um pequeno restaurante no fundo de seu quintal, meio clandestinamente. Ele funciona até hoje, agora legalizado, mas abrindo apenas em certos domingos. O nome, Rincón La Llajta, foi dado "pelo povo que vinha aqui", afirma Fernandes. "Em Cochabamba, significa algo como 'meu cantinho da cidade'", conta. | seminariosfolha | Imigrantes mudam o perfil do centro com lojas e restaurantesDjenab Soumah, 24, não tem dúvidas quando lhe perguntam o que ela mais gosta no Brasil. "O brasileiro", diz. Na verdade, uma brasileira em específico: Tiranké, sua filha, nascida no país. De resto, Djenab, que veio da Guiné e vive no Brasil há cerca de um ano e meio, tem poucos elogios ao país. Ela mora em Osasco e todos os dias pega um ônibus com sua filha em direção à Galeria Presidente, a alguns quarteirões da praça da República, no centro de São Paulo. Conhecido como Galeria do Reggae, o local é um reduto de comunidades africanas no centro. No primeiro andar, o espaço tem lojas de roupas, discos e tabacarias antigas. A partir do segundo piso, o cenário é outro, e mudou muito nos últimos anos. Salões de beleza e restaurantes improvisados de comida africana dão o tom do local. Para Djenab, seu trabalho não é bem um trabalho. Ao lado de outros cinco conterrâneos, passa seu tempo em um minúsculo salão de beleza na galeria, o Jalekatu Angélica - Salão da Amizade. Os clientes são raros. "Aqui é muito fraco", diz ela. "É difícil arrumar trabalho. Por mim, voltaria para Guiné, mas falta dinheiro." A galeria não é o único lugar da região central de São Paulo que mudou de cara com a chegada de imigrantes. Na região do Brás, de passado industrial, imigrantes bolivianos mudaram o perfil das redondezas abrindo lojas e restaurantes. Em 2014, a rua Coimbra –que concentra grande número de negócios dos imigrantes– se tornou, por portaria da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, patrimônio dos bolivianos. Há duas décadas, a rua era dominada por galpões e casas vazias. APOIO "Os imigrantes chegam aqui com muita expectativa, acham que o Brasil tem muitas opções", diz a colombiana Viviane Peña, coordenadora do Crai (Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes), órgão municipal localizado na Bela Vista que realiza atendimento especializado à população imigrante da cidade. Só neste ano, o centro já fez cerca de 3.600 atendimentos. A equipe, de sete pessoas, tem cinco imigrantes. Além de Peña, o Crai conta com atendentes de Síria, Congo, Angola e Peru. "Nós sabemos o que é ser imigrante. Conseguimos criar vínculos a partir dessa situação", diz Peña. Para o italiano Paolo Parise, padre que comanda a Missão Paz, na região do Glicério, que se notabilizou pelo seu atendimento a imigrantes haitianos, quem vem de fora acaba criando também uma ligação com o próprio centro. "A maioria dos equipamentos de atendimento a essa população está aqui, então depois de serem atendidos eles criam vínculos e se sentem mais seguros em regiões próximas, fazendo com que estabeleçam comunidades e redes na região central." De acordo com ele, um levantamento feito pela missão mostrou que há 170 pensões na região do Glicério. "São verdadeiros 'buracos', onde os imigrantes pagam de R$ 500 a R$ 600 por mês apenas pela comodidade de morar perto de tudo." O sonho de morar no centro virou realidade há 30 anos para a boliviana Flora Fernandes. Ela veio para o Brasil há quase meio século, sozinha, depois de perder os pais e os avós. Trabalhou como costureira e foi abandonada pelo marido para cuidar sozinha dos três filhos. "Sugeriram que eu pedisse esmola", lembra. "Amamentava meu filho de dois anos na oficina de costura, trabalhava sábados, domingos e feriados." Fernandes morava na Barra Funda, ao lado do viaduto Orlando Murgel. Quando ia ao trabalho, passava pelo bairro dos Campos Elíseos e namorava um velho sobrado. "Eu pedia muito a Deus para que ele fosse meu, mas me perguntava 'quem sou eu para ter uma casa no centro?'." Há três décadas, ela deu entrada no sobrado. Para pagar as prestações, vendia salteñas, as empanadas bolivianas, aos sábados. Com o tempo, os quitutes passaram a render mais que a costura. Fernandes, então, abriu um pequeno restaurante no fundo de seu quintal, meio clandestinamente. Ele funciona até hoje, agora legalizado, mas abrindo apenas em certos domingos. O nome, Rincón La Llajta, foi dado "pelo povo que vinha aqui", afirma Fernandes. "Em Cochabamba, significa algo como 'meu cantinho da cidade'", conta. | 24 |
Grilagem premiada | Assim como o Congresso tem o mau hábito de aprovar medidas irresponsáveis no escuro da madrugada, o governo federal deixa para praticar algumas maldades no remanso do final do ano. Assim se deu com a amputação da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará. A poucos dias do Natal, o Planalto deu a fazendeiros, posseiros e grileiros o presente por que eles tanto ansiavam desde 2006, quando a Flona do Jamanxim foi criada: de 13 mil km2, uma área 60% maior do que a região metropolitana de São Paulo, ela encolheu para 5.600 km2. Outro vício comum em Brasília consiste em tentar fazer passar por positivas medidas obviamente deletérias para a ordem legal. No caso, a desfiguração da Flona veio embutida num pacote de ampliação de áreas protegidas em 2.300 km2, com a criação de novas unidades de conservação (UCs). Para rematar, o embrulho foi atado por meio de medidas provisórias. Parece evidente que não se achavam presentes os requisitos constitucionais de relevância e urgência para recorrer a esse expediente autocrático. Os conflitos fundiários na região de Novo Progresso (PA) se arrastam há mais de década. Incapaz de conter a violência de grileiros e exploradores ilegais de madeira, porém, o Estado brasileiro desistiu de se impor por ali. Há meros seis meses um policial terminou morto numa emboscada logo após participar de operação de desmonte de acampamento de madeireiros clandestinos. Há dois anos, a Operação Castanheira desbaratou uma quadrilha que grilava terras, ainda hoje, inclusive na Flona Jamanxim. Não é impossível que alguns fazendeiros tenham comprado de boa-fé terras na floresta nacional. Mas são raros os que têm títulos para comprovar que não o fizeram depois de criada a UC, ou que não se tratava de áreas obtidas por meio de esbulho fundiário. Nesses poucos casos, o mais correto seria indenizá-los em montante justo para manter a integridade da floresta nacional –sempre supondo que a demarcação da UC obedecera, na época, critérios técnicos de relevância ecológica da área a ser conservada. Ao ceder às pressões dos beneficiários da grilagem, atuais ou antigos, o governo de Michel Temer (PMDB) não só concede um prêmio em alguns casos concretos como também emite péssimo sinal em abstrato: reafirma que apoderar-se de terras públicas continua a ser um bom negócio, pois algum dia o Estado acaba por reconhecê-las como propriedade legítima. [email protected] | opiniao | Grilagem premiadaAssim como o Congresso tem o mau hábito de aprovar medidas irresponsáveis no escuro da madrugada, o governo federal deixa para praticar algumas maldades no remanso do final do ano. Assim se deu com a amputação da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará. A poucos dias do Natal, o Planalto deu a fazendeiros, posseiros e grileiros o presente por que eles tanto ansiavam desde 2006, quando a Flona do Jamanxim foi criada: de 13 mil km2, uma área 60% maior do que a região metropolitana de São Paulo, ela encolheu para 5.600 km2. Outro vício comum em Brasília consiste em tentar fazer passar por positivas medidas obviamente deletérias para a ordem legal. No caso, a desfiguração da Flona veio embutida num pacote de ampliação de áreas protegidas em 2.300 km2, com a criação de novas unidades de conservação (UCs). Para rematar, o embrulho foi atado por meio de medidas provisórias. Parece evidente que não se achavam presentes os requisitos constitucionais de relevância e urgência para recorrer a esse expediente autocrático. Os conflitos fundiários na região de Novo Progresso (PA) se arrastam há mais de década. Incapaz de conter a violência de grileiros e exploradores ilegais de madeira, porém, o Estado brasileiro desistiu de se impor por ali. Há meros seis meses um policial terminou morto numa emboscada logo após participar de operação de desmonte de acampamento de madeireiros clandestinos. Há dois anos, a Operação Castanheira desbaratou uma quadrilha que grilava terras, ainda hoje, inclusive na Flona Jamanxim. Não é impossível que alguns fazendeiros tenham comprado de boa-fé terras na floresta nacional. Mas são raros os que têm títulos para comprovar que não o fizeram depois de criada a UC, ou que não se tratava de áreas obtidas por meio de esbulho fundiário. Nesses poucos casos, o mais correto seria indenizá-los em montante justo para manter a integridade da floresta nacional –sempre supondo que a demarcação da UC obedecera, na época, critérios técnicos de relevância ecológica da área a ser conservada. Ao ceder às pressões dos beneficiários da grilagem, atuais ou antigos, o governo de Michel Temer (PMDB) não só concede um prêmio em alguns casos concretos como também emite péssimo sinal em abstrato: reafirma que apoderar-se de terras públicas continua a ser um bom negócio, pois algum dia o Estado acaba por reconhecê-las como propriedade legítima. [email protected] | 7 |
Tecnologia 'retrô' vira relíquia e é vendida por milhares de dólares na internet | A tecnologia parece ter uma data de validade cada vez menor. Um smartphone comprado agora, por exemplo, pode já estar ultrapassado daqui seis meses ou até antes, caso um modelo mais novo chegue às prateleiras. No entanto, um fenômeno tem se tornado comum: a busca por aparelhos "retrotecnológicos", lançados há pouco mais de uma década (ou mais) e que podem ser vendidos por dezenas de milhares de dólares em sites especializados ou de leilões. Apesar de estarem completamente obsoletos, esses aparelhos são considerados "retrô" —e estão na moda. Confira alguns exemplos (e preços). _ 1. iPod de 2004: US$ 90 mil No início da década de 2000, o iPod Classic era a última palavra em tecnologia para ouvir música. A edição de 2004 tinha 30 gigabytes (GB) de memória, design exclusivo e custava US$ 349 (cerca de R$ 1,2 mil) —essa primeira versão deu origem a seis gerações e inspirou o lançamento dos iPods Mini (2004), Nano e Shuffle (ambos em 2005) e o Touch (2007). Em 2014, a Apple decidiu parar de fabricar a versão clássica do player, já que, segundo o diretor-executivo da empresa, Tim Cook, estava impossível conseguir peças para a fabricação. Bastou esse anúncio para os preços dispararem. Em novembro daquele ano, um iPod Classic de 2004 foi vendido na internet por US$ 90 mil (cerca de R$ 312 mil), segundo informações da Terapeak, uma empresa que segue tendências no site de leilões eBay. A análise da Terapeak mostrava que outros modelos do iPod também estavam sendo vendidos por milhares de dólares no site: de acordo com o relatório, um iPod da primeira geração, de 5GB, foi vendido por US$ 20 mil (quase R$ 70 mil). Outros exemplos de vendas lucrativas no eBay: uma versão de 20GB chegou a US$ 7.999 (mais de R$ 27 mil) e outra, com capacidade para 10GB, alcançou US$ 2,5 mil (cerca de R$ 8,6 mil). "Os últimos modelos do iPod Classic ainda não tinham atingido estes preços mais altos. Mas pode ser que cheguem a isso, levando em conta a trajetória de outros produtos da Apple e das gerações anteriores do iPod Classic", escreveu Aron Hsiao, especialista da Terapeak, no blog da empresa. Segundo Hsiao, "se você tem um iPod Classic em bom estado na sua coleção, pode ser que você tenha em mãos algo muito valorizado". 2. iPhone (1ª geração): US$ 12 mil Os iPods lançados no início dos anos 2000 não são os únicos produtos antigos da Apple vendidos por milhares de dólares na web. Em maio de 2016, um iPhone de primeira geração de 4GB foi vendido na Austrália por mais de US$ 11 mil (mais de R$ 38 mil). Quando foi lançado pela Apple, em 2007, o modelo custava cerca de US$ 380 (mais de R$ 1,3 mil). Dois meses antes, também na Austrália e por meio do eBay, outro usuário tinha vendido o mesmo modelo de iPhone por US$ 12 mil (R$ 41,6 mil). A companhia está prestes a lançar a sétima geração do iPhone. 3. Nokia 3210: US$ 7,9 mil O Nokia 3210, o primeiro celular da vida de muitas pessoas, se transformou no aparelho de maior sucesso e fama da empresa finlandesa desde seu lançamento, em 1999. Hoje em dia, é uma relíquia tecnológica. Muitos afirmam que os celulares mais modernos não têm a mesma resistência a quedas e choques que esse modelo Nokia tinha —o aparelho era chamado de "inquebrável". Além disso, os celulares de hoje não vêm com o jogo Snake (conhecido no Brasil como "jogo da cobrinha"), que ficou muito popular à época. Quando chegou ao mercado, o Nokia 3210 custava cerca de US$ 100 (aproximadamente R$ 347). Mas, em abril passado, um britânico conseguiu vender um celular desses por nada menos que US$ 7,9 mil (mais de R$ 27 mil). 4. Walkman: US$ 2,2 mil Os mais jovens podem até não se lembrar dele, mas o Walkman da Sony marcou a juventude dos anos 1980 e 1990. Com o passar dos anos, o reprodutor de áudio —que tinha rádio e toca-fitas— acabou sendo substituído pelos tocadores de CDs e reprodutores de mp3. Alguns exemplares chegaram a alcançar centenas de dólares do eBay recentemente —alguns deles ajudados pelo hype do filme Guardiões da Galáxia (2014). Um australiano vendeu no eBay um Walkman "ainda na caixa, sem abrir" por mais de US$ 2,2 mil (R$ 7,6 mil) —e deixou bem claro que se tratava do "mesmo modelo que Peter Quill" usava no filme da Marvel. Outro usuário do eBay recentemente vendeu o seu por US$ 773 (cerca de R$ 2,6 mil). 5. Game Boy original: US$ 1.050 O primeiro console portátil Game Boy, da Nintendo, foi lançado em 1989. E alcançou um estrondoso sucesso, com mais de 120 milhões de exemplares vendidos. Um de seus maiores atrativos era o jogo Tetris, que conquistou mais de 30 milhões de usuários em todo o mundo. Em maio de 2016, um vendedor de Michigan, nos Estados Unidos, conseguiu por seu Game Boy original, com o Tetris incluído, US$ 1.050 (cerca de R$ 3,6 mil). Um dia antes, outro americano conseguiu vender um modelo, mas sem os jogos, por US$ 750 (aproximadamente R$ 2,6 mil). Aparentemente há muita demanda: o leilão de outro Game Boy já alcançou o valor de US$ 1,4 mil (cerca de R$ 4,8 mil). 6. PlayStation One: US$ 900 Estados Unidos, 1995: a Sony lança no mercado seu console de mesa PlayStation One (PS1). Na época, o dispositivo custava pouco mais de US$ 112 (quase R$ 389) e era uma versão mais econômica do PlayStation original lançado em 1995, que custava US$ 299 (pouco mais de R$ 1 mil) e superou as 100 milhões de unidades vendidas. Hoje, há colecionadores dispostos a pagar por um PS1 quase dez vezes mais do que o preço original. Em maio de 2016, um deles, vindo da Califórnia, foi vendido no eBay por US$ 899 (R$ 3,1 mil), e outro, de Nova York, chegou a US$ 699 (R$ 2,4 mil). Os preços do PS1 também dispararam em outros sites. No Mercado Livre mexicano, por exemplo, pode-se encontrar o game por preços que variam entre US$ 1.399 (R$ 4,8 mil) a US$ 1,5 mil (R$ 5,2 mil). | tec | Tecnologia 'retrô' vira relíquia e é vendida por milhares de dólares na internetA tecnologia parece ter uma data de validade cada vez menor. Um smartphone comprado agora, por exemplo, pode já estar ultrapassado daqui seis meses ou até antes, caso um modelo mais novo chegue às prateleiras. No entanto, um fenômeno tem se tornado comum: a busca por aparelhos "retrotecnológicos", lançados há pouco mais de uma década (ou mais) e que podem ser vendidos por dezenas de milhares de dólares em sites especializados ou de leilões. Apesar de estarem completamente obsoletos, esses aparelhos são considerados "retrô" —e estão na moda. Confira alguns exemplos (e preços). _ 1. iPod de 2004: US$ 90 mil No início da década de 2000, o iPod Classic era a última palavra em tecnologia para ouvir música. A edição de 2004 tinha 30 gigabytes (GB) de memória, design exclusivo e custava US$ 349 (cerca de R$ 1,2 mil) —essa primeira versão deu origem a seis gerações e inspirou o lançamento dos iPods Mini (2004), Nano e Shuffle (ambos em 2005) e o Touch (2007). Em 2014, a Apple decidiu parar de fabricar a versão clássica do player, já que, segundo o diretor-executivo da empresa, Tim Cook, estava impossível conseguir peças para a fabricação. Bastou esse anúncio para os preços dispararem. Em novembro daquele ano, um iPod Classic de 2004 foi vendido na internet por US$ 90 mil (cerca de R$ 312 mil), segundo informações da Terapeak, uma empresa que segue tendências no site de leilões eBay. A análise da Terapeak mostrava que outros modelos do iPod também estavam sendo vendidos por milhares de dólares no site: de acordo com o relatório, um iPod da primeira geração, de 5GB, foi vendido por US$ 20 mil (quase R$ 70 mil). Outros exemplos de vendas lucrativas no eBay: uma versão de 20GB chegou a US$ 7.999 (mais de R$ 27 mil) e outra, com capacidade para 10GB, alcançou US$ 2,5 mil (cerca de R$ 8,6 mil). "Os últimos modelos do iPod Classic ainda não tinham atingido estes preços mais altos. Mas pode ser que cheguem a isso, levando em conta a trajetória de outros produtos da Apple e das gerações anteriores do iPod Classic", escreveu Aron Hsiao, especialista da Terapeak, no blog da empresa. Segundo Hsiao, "se você tem um iPod Classic em bom estado na sua coleção, pode ser que você tenha em mãos algo muito valorizado". 2. iPhone (1ª geração): US$ 12 mil Os iPods lançados no início dos anos 2000 não são os únicos produtos antigos da Apple vendidos por milhares de dólares na web. Em maio de 2016, um iPhone de primeira geração de 4GB foi vendido na Austrália por mais de US$ 11 mil (mais de R$ 38 mil). Quando foi lançado pela Apple, em 2007, o modelo custava cerca de US$ 380 (mais de R$ 1,3 mil). Dois meses antes, também na Austrália e por meio do eBay, outro usuário tinha vendido o mesmo modelo de iPhone por US$ 12 mil (R$ 41,6 mil). A companhia está prestes a lançar a sétima geração do iPhone. 3. Nokia 3210: US$ 7,9 mil O Nokia 3210, o primeiro celular da vida de muitas pessoas, se transformou no aparelho de maior sucesso e fama da empresa finlandesa desde seu lançamento, em 1999. Hoje em dia, é uma relíquia tecnológica. Muitos afirmam que os celulares mais modernos não têm a mesma resistência a quedas e choques que esse modelo Nokia tinha —o aparelho era chamado de "inquebrável". Além disso, os celulares de hoje não vêm com o jogo Snake (conhecido no Brasil como "jogo da cobrinha"), que ficou muito popular à época. Quando chegou ao mercado, o Nokia 3210 custava cerca de US$ 100 (aproximadamente R$ 347). Mas, em abril passado, um britânico conseguiu vender um celular desses por nada menos que US$ 7,9 mil (mais de R$ 27 mil). 4. Walkman: US$ 2,2 mil Os mais jovens podem até não se lembrar dele, mas o Walkman da Sony marcou a juventude dos anos 1980 e 1990. Com o passar dos anos, o reprodutor de áudio —que tinha rádio e toca-fitas— acabou sendo substituído pelos tocadores de CDs e reprodutores de mp3. Alguns exemplares chegaram a alcançar centenas de dólares do eBay recentemente —alguns deles ajudados pelo hype do filme Guardiões da Galáxia (2014). Um australiano vendeu no eBay um Walkman "ainda na caixa, sem abrir" por mais de US$ 2,2 mil (R$ 7,6 mil) —e deixou bem claro que se tratava do "mesmo modelo que Peter Quill" usava no filme da Marvel. Outro usuário do eBay recentemente vendeu o seu por US$ 773 (cerca de R$ 2,6 mil). 5. Game Boy original: US$ 1.050 O primeiro console portátil Game Boy, da Nintendo, foi lançado em 1989. E alcançou um estrondoso sucesso, com mais de 120 milhões de exemplares vendidos. Um de seus maiores atrativos era o jogo Tetris, que conquistou mais de 30 milhões de usuários em todo o mundo. Em maio de 2016, um vendedor de Michigan, nos Estados Unidos, conseguiu por seu Game Boy original, com o Tetris incluído, US$ 1.050 (cerca de R$ 3,6 mil). Um dia antes, outro americano conseguiu vender um modelo, mas sem os jogos, por US$ 750 (aproximadamente R$ 2,6 mil). Aparentemente há muita demanda: o leilão de outro Game Boy já alcançou o valor de US$ 1,4 mil (cerca de R$ 4,8 mil). 6. PlayStation One: US$ 900 Estados Unidos, 1995: a Sony lança no mercado seu console de mesa PlayStation One (PS1). Na época, o dispositivo custava pouco mais de US$ 112 (quase R$ 389) e era uma versão mais econômica do PlayStation original lançado em 1995, que custava US$ 299 (pouco mais de R$ 1 mil) e superou as 100 milhões de unidades vendidas. Hoje, há colecionadores dispostos a pagar por um PS1 quase dez vezes mais do que o preço original. Em maio de 2016, um deles, vindo da Califórnia, foi vendido no eBay por US$ 899 (R$ 3,1 mil), e outro, de Nova York, chegou a US$ 699 (R$ 2,4 mil). Os preços do PS1 também dispararam em outros sites. No Mercado Livre mexicano, por exemplo, pode-se encontrar o game por preços que variam entre US$ 1.399 (R$ 4,8 mil) a US$ 1,5 mil (R$ 5,2 mil). | 10 |
Semana tem Frank Sinatra no museu, comida com 30% de desconto e ópera baseada em Oscar Wilde | BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO Veja abaixo sugestões de programas para curtir a semana entre os dias 14/8 e 20/8. * SEGUNDA | TERÇA | QUARTA | QUINTA | SEXTA | SÁBADO DOMINGO (14/8) Um dia no museu | Museus ligados à Secretaria de Estado da Cultura têm programação especial para o Dia dos Pais. No da Casa Brasileira há um show, às 11h, em homenagem ao centenário do nascimento de Frank Sinatra. Veja a programação em estadodacultura.sp.gov.br. Museu da Casa Brasileira. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705, Jardim Paulistano, região oeste, tel. 3026-3913. Dom.: 11h. GRÁTIS * SEGUNDA (15/8) 10% de serviço, 30% de desconto | Casas como o L'Entrecôte de Paris, o Torero Valese, a pizzaria Camelo e o Bar Léo participam do "Jogos dos Sabores". Ao todo, o evento reúne 30 bares e restaurantes de diversas especialidades (20 delas em São Paulo, dez no Rio), que dão 30% de descontos em itens de seus menus. A promoção segue até dia 21/8. Veja a relação completa de restaurantes participantes em eventos.restorando.com.br. É preciso fazer reserva. * TERÇA (16/8) Samba, samba, minha gente | O compositor e sambista carioca Jorge Aragão faz um show com os grandes sucessos de sua carreira. No repertório estão hits como "Coisinha do Pai", "Festejar" e uma versão para cavaquinho da música clássica "Ave Maria", de Charles Gounoud e Bach. Teatro Porto Seguro. Al. Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, região central, tel. 3226-7300. Ter.: 21h. Ingr.: R$ 80 a R$ 150 p/ www.ingressorapido.com.br. * QUARTA (17/8) Celeiro de ópera | Baseada em conto de Oscar Wilde, a ópera "O Anão", de Alexander von Zemlinsky, estreia montagem com regência de André dos Santos. O espetáculo é encenado por membros do elenco estável do Theatro São Pedro e estudantes da Academia de Ópera. Theatro São Pedro. R. Dr. Albuquerque Lins, 207, Santa Cecília, região central, tel. 3661-6600. Qua. e sex.: 20h. Até 28/8. Ingr.: R$ 30 a R$ 80 p/ www.ingressorapido.com.br * QUINTA (18/8) Imprensa alternativa | O documentário "Lampião da Esquina", que estreia no CineSesc, conta a história do jornal que dá nome à produção. Surgida na década de 1970, a publicação abordava questões relacionadas às minorias e à homossexualidade. Na equipe que a produzia estiveram Aguinaldo Silva e o escritor João Silvério Trevisan. CineSesc. R. Augusta, 2.075, Cerqueira César, região oeste, tel. 3087-0500. Qui. 17h30 e 21h. Ingresso: R$ 3,50 a R$ 20. www.sescsp.org.br * SEXTA (19/8) Dança performática | O dançarino e coreógrafo Marcos Abranches apresenta "Corpo Sobre Tela". O espetáculo, inspirado na vida do pintor irlandês Francis Bacon (1909-1992), utiliza elementos da dança, da performance e das artes plásticas. Abranches une movimentos ensaiados a reflexos aleatórios -ele é portador de coreoatetose, estado patológico que resulta em movimentos involuntários. Sesc Consolação. R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, centro, tel. 3234-3000. Qui. (18) e sex. (19): 20h. Ingr.: R$ 20 p/ www.sescsp.org.br * SÁBADO (20/8) Ringtone erudito | Sob a regência de Isaac Karabtchevsky, a Orquestra Sinfônica Heliópolis apresenta repertório dedicado ao compositor italiano Gioachino Rossini. Entre as peças a serem interpretadas estão as aberturas das óperas "O Barbeiro de Sevilha" e "Guilherme Tell" (opção de toque em celulares Nokia antigos). Sala São Paulo. Pça. Júlio Prestes, 16, centro, tel. 3367-9500. Sáb.: 16h. Ingr.: R$ 40 p/ ingressorapido.com.br | saopaulo | Semana tem Frank Sinatra no museu, comida com 30% de desconto e ópera baseada em Oscar WildeBRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO Veja abaixo sugestões de programas para curtir a semana entre os dias 14/8 e 20/8. * SEGUNDA | TERÇA | QUARTA | QUINTA | SEXTA | SÁBADO DOMINGO (14/8) Um dia no museu | Museus ligados à Secretaria de Estado da Cultura têm programação especial para o Dia dos Pais. No da Casa Brasileira há um show, às 11h, em homenagem ao centenário do nascimento de Frank Sinatra. Veja a programação em estadodacultura.sp.gov.br. Museu da Casa Brasileira. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705, Jardim Paulistano, região oeste, tel. 3026-3913. Dom.: 11h. GRÁTIS * SEGUNDA (15/8) 10% de serviço, 30% de desconto | Casas como o L'Entrecôte de Paris, o Torero Valese, a pizzaria Camelo e o Bar Léo participam do "Jogos dos Sabores". Ao todo, o evento reúne 30 bares e restaurantes de diversas especialidades (20 delas em São Paulo, dez no Rio), que dão 30% de descontos em itens de seus menus. A promoção segue até dia 21/8. Veja a relação completa de restaurantes participantes em eventos.restorando.com.br. É preciso fazer reserva. * TERÇA (16/8) Samba, samba, minha gente | O compositor e sambista carioca Jorge Aragão faz um show com os grandes sucessos de sua carreira. No repertório estão hits como "Coisinha do Pai", "Festejar" e uma versão para cavaquinho da música clássica "Ave Maria", de Charles Gounoud e Bach. Teatro Porto Seguro. Al. Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, região central, tel. 3226-7300. Ter.: 21h. Ingr.: R$ 80 a R$ 150 p/ www.ingressorapido.com.br. * QUARTA (17/8) Celeiro de ópera | Baseada em conto de Oscar Wilde, a ópera "O Anão", de Alexander von Zemlinsky, estreia montagem com regência de André dos Santos. O espetáculo é encenado por membros do elenco estável do Theatro São Pedro e estudantes da Academia de Ópera. Theatro São Pedro. R. Dr. Albuquerque Lins, 207, Santa Cecília, região central, tel. 3661-6600. Qua. e sex.: 20h. Até 28/8. Ingr.: R$ 30 a R$ 80 p/ www.ingressorapido.com.br * QUINTA (18/8) Imprensa alternativa | O documentário "Lampião da Esquina", que estreia no CineSesc, conta a história do jornal que dá nome à produção. Surgida na década de 1970, a publicação abordava questões relacionadas às minorias e à homossexualidade. Na equipe que a produzia estiveram Aguinaldo Silva e o escritor João Silvério Trevisan. CineSesc. R. Augusta, 2.075, Cerqueira César, região oeste, tel. 3087-0500. Qui. 17h30 e 21h. Ingresso: R$ 3,50 a R$ 20. www.sescsp.org.br * SEXTA (19/8) Dança performática | O dançarino e coreógrafo Marcos Abranches apresenta "Corpo Sobre Tela". O espetáculo, inspirado na vida do pintor irlandês Francis Bacon (1909-1992), utiliza elementos da dança, da performance e das artes plásticas. Abranches une movimentos ensaiados a reflexos aleatórios -ele é portador de coreoatetose, estado patológico que resulta em movimentos involuntários. Sesc Consolação. R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, centro, tel. 3234-3000. Qui. (18) e sex. (19): 20h. Ingr.: R$ 20 p/ www.sescsp.org.br * SÁBADO (20/8) Ringtone erudito | Sob a regência de Isaac Karabtchevsky, a Orquestra Sinfônica Heliópolis apresenta repertório dedicado ao compositor italiano Gioachino Rossini. Entre as peças a serem interpretadas estão as aberturas das óperas "O Barbeiro de Sevilha" e "Guilherme Tell" (opção de toque em celulares Nokia antigos). Sala São Paulo. Pça. Júlio Prestes, 16, centro, tel. 3367-9500. Sáb.: 16h. Ingr.: R$ 40 p/ ingressorapido.com.br | 9 |
'Quem não gostaria de colocar o Pelé em campo?', diz ministro sobre Lula | No momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre pressão do PT e do governo para assumir uma pasta na gestão Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou nesta quarta-feira (9) que depende do petista a decisão de ocupar um lugar na Esplanada dos Ministérios. Segundo o ministro, que se apropriou do estilo Lula de utilizar metáforas futebolísticas, "a bola sempre esteve com ele". "Qual time não gostaria de colocar o Pelé em campo?", questionou, comparando o ex-presidente ao ex-jogador de futebol. Segundo relato de amigos, Lula não aceitaria um cargo no governo federal para fugir do juiz Sergio Mouro, que, na semana passada, autorizou uma operação da Lava Jato que teve o ex-presidente como foco principal, determinando inclusive sua condução coercitiva para depoimento na Polícia Federal. A reportagem da Folha questionou um interlocutor de Lula se a afirmação do ex-presidente não deixava uma porta aberta para aceitar um convite para um cargo com participação efetiva e direta nos rumos do governo Dilma. Ele respondeu que o ex-presidente fez questão de dizer que não aceitaria um convite se fosse para escapar do juiz de Curitiba, mas não avançou mais sobre o caso. O interlocutor admitiu que o ex-presidente estava preocupado em ajudar o governo Dilma a sair da crise e, nesta linha, só faria sentido ele assumir uma pasta central no governo. Segundo a Folha apurou, petistas estariam sugerindo que ele assumisse a Secretaria de Governo no lugar de Berzoini, que poderia ser seu secretário-executivo. NOMES DE PESO Numa hipótese de Lula assumir uma pasta deste porte, interlocutores do ex-presidente acreditam que ele conseguiria trazer para o governo dois nomes de peso: Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda e Nelson Jobim para o da Justiça, na busca de dar uma "chacoalhada" no governo. No caso de Jobim, um problema potencial é o fato de que ele é um dos principais consultores das defesas de empreiteiras acusadas na Operação Lava Jato, assumindo o papel de coordenador informal delas após a morte do criminalista Márcio Thomaz Bastos. Uma indicação sua para comandar, hierarquicamente, a Polícia Federal seria vista ao menos simbolicamente como uma tentativa de controle sobre a entidade responsável pela logística das ações da Lava Jato. Em favor de Jobim, a vasta experiência e trânsito político –já foi, inclusive, titular da Justiça nos dois primeiros anos do governo FHC. Depois, foi ministro do Supremo Tribunal Federal e ficou à frente da Defesa entre 2007 e 2011. A dúvida se Lula virá mesmo a aceitar o convite reside em dois pontos. Primeiro, diante da avaliação de aliados e auxiliares de que aceitar assumir uma pasta neste momento seria interpretado como uma "confissão de culpa", como se ele quisesse escapar do juiz Sergio Moro, o que o próprio Lula diz ser contra. Em segundo lugar, porque, a depender do cargo, ele poderia transformar a presidente Dilma numa "rainha da Inglaterra", passando a assumir o comando do governo da petista. Em jantar no Palácio do Alvorada na noite de terça-feira (8), Lula rechaçou a possibilidade de assumir um ministério no governo Dilma, segundo interlocutores ouvidos pela reportagem. O tema foi abordado rapidamente durante o encontro, mas, antes mesmo que chegasse a ser feito um convite formal, o petista fez questão de negar a intenção. Dilma aceitou oferecer um ministério a seu antecessor para evitar que ele possa ser preso no rastro da Operação Lava Jato, como mostrou nesta quarta-feira a coluna Painel. Mas a ideia inicial seria oferecer ao petista o comando do Ministério das Comunicações, atualmente sob o comando de André Figueiredo, ex-líder do PDT na Câmara dos Deputados, ou de Relações Exteriores, no lugar do diplomata Mauro Vieira. Estas soluções, porém, não seriam do agrado de Lula, porque passariam exatamente a mensagem de que ele aceitou apenas como uma "proteção" contra a Operação Lava Jato. O jantar no Palácio da Alvorada, entre Dilma e Lula, teve ainda as participações do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini. No encontro, segundo relatos de presentes, o petista voltou a criticar o que chamou de excessos da Polícia Federal e defendeu que o governo federal reaja ao cerco que tem sofrido pela Lava Jato. | poder | 'Quem não gostaria de colocar o Pelé em campo?', diz ministro sobre LulaNo momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre pressão do PT e do governo para assumir uma pasta na gestão Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou nesta quarta-feira (9) que depende do petista a decisão de ocupar um lugar na Esplanada dos Ministérios. Segundo o ministro, que se apropriou do estilo Lula de utilizar metáforas futebolísticas, "a bola sempre esteve com ele". "Qual time não gostaria de colocar o Pelé em campo?", questionou, comparando o ex-presidente ao ex-jogador de futebol. Segundo relato de amigos, Lula não aceitaria um cargo no governo federal para fugir do juiz Sergio Mouro, que, na semana passada, autorizou uma operação da Lava Jato que teve o ex-presidente como foco principal, determinando inclusive sua condução coercitiva para depoimento na Polícia Federal. A reportagem da Folha questionou um interlocutor de Lula se a afirmação do ex-presidente não deixava uma porta aberta para aceitar um convite para um cargo com participação efetiva e direta nos rumos do governo Dilma. Ele respondeu que o ex-presidente fez questão de dizer que não aceitaria um convite se fosse para escapar do juiz de Curitiba, mas não avançou mais sobre o caso. O interlocutor admitiu que o ex-presidente estava preocupado em ajudar o governo Dilma a sair da crise e, nesta linha, só faria sentido ele assumir uma pasta central no governo. Segundo a Folha apurou, petistas estariam sugerindo que ele assumisse a Secretaria de Governo no lugar de Berzoini, que poderia ser seu secretário-executivo. NOMES DE PESO Numa hipótese de Lula assumir uma pasta deste porte, interlocutores do ex-presidente acreditam que ele conseguiria trazer para o governo dois nomes de peso: Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda e Nelson Jobim para o da Justiça, na busca de dar uma "chacoalhada" no governo. No caso de Jobim, um problema potencial é o fato de que ele é um dos principais consultores das defesas de empreiteiras acusadas na Operação Lava Jato, assumindo o papel de coordenador informal delas após a morte do criminalista Márcio Thomaz Bastos. Uma indicação sua para comandar, hierarquicamente, a Polícia Federal seria vista ao menos simbolicamente como uma tentativa de controle sobre a entidade responsável pela logística das ações da Lava Jato. Em favor de Jobim, a vasta experiência e trânsito político –já foi, inclusive, titular da Justiça nos dois primeiros anos do governo FHC. Depois, foi ministro do Supremo Tribunal Federal e ficou à frente da Defesa entre 2007 e 2011. A dúvida se Lula virá mesmo a aceitar o convite reside em dois pontos. Primeiro, diante da avaliação de aliados e auxiliares de que aceitar assumir uma pasta neste momento seria interpretado como uma "confissão de culpa", como se ele quisesse escapar do juiz Sergio Moro, o que o próprio Lula diz ser contra. Em segundo lugar, porque, a depender do cargo, ele poderia transformar a presidente Dilma numa "rainha da Inglaterra", passando a assumir o comando do governo da petista. Em jantar no Palácio do Alvorada na noite de terça-feira (8), Lula rechaçou a possibilidade de assumir um ministério no governo Dilma, segundo interlocutores ouvidos pela reportagem. O tema foi abordado rapidamente durante o encontro, mas, antes mesmo que chegasse a ser feito um convite formal, o petista fez questão de negar a intenção. Dilma aceitou oferecer um ministério a seu antecessor para evitar que ele possa ser preso no rastro da Operação Lava Jato, como mostrou nesta quarta-feira a coluna Painel. Mas a ideia inicial seria oferecer ao petista o comando do Ministério das Comunicações, atualmente sob o comando de André Figueiredo, ex-líder do PDT na Câmara dos Deputados, ou de Relações Exteriores, no lugar do diplomata Mauro Vieira. Estas soluções, porém, não seriam do agrado de Lula, porque passariam exatamente a mensagem de que ele aceitou apenas como uma "proteção" contra a Operação Lava Jato. O jantar no Palácio da Alvorada, entre Dilma e Lula, teve ainda as participações do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini. No encontro, segundo relatos de presentes, o petista voltou a criticar o que chamou de excessos da Polícia Federal e defendeu que o governo federal reaja ao cerco que tem sofrido pela Lava Jato. | 0 |
Educação de evidências | Há um adágio da física que assevera que só se conhece aquilo que se pode medir. Especialmente nas ciências humanas, essa ideia é vista com horror e espanto. Não há necessidade de aguardar a suspensão desse debate epistemológico nem de posicionar-se a seu respeito para concluir que a mensuração de um fenômeno, mesmo não sendo essencial ao conhecimento, decerto o favorece. É positivo, portanto, constatar que a preocupação em medir resultados tenha chegado ao campo da educação, paradoxalmente um dos que mais resistem a avaliações. O Instituto Unibanco e secretarias estaduais de educação mantêm o projeto Jovem de Futuro. Ele oferece apoio a escolas públicas interessadas em melhorar a gestão educacional, adotando programas estruturados com foco no aluno. O economista Ricardo Paes de Barros, do Insper, testou o Jovem de Futuro seguindo cânones do método científico e concluiu que, neste caso, o que parece óbvio não apenas funciona, isto é, resulta em maior aprendizado, como ainda o faz numa escala considerável. Levar projetos educacionais à bancada do laboratório para medi-los com alguma precisão nem sempre é fácil, mas Paes de Barros e o Instituto Unibanco conseguiram. De uma amostra de escolas interessadas em aderir ao programa, eles sortearam algumas para adotá-lo imediatamente e outras, o grupo de controle, para aguardar três anos antes de fato iniciá-lo. Assim, puderam realizar 141 experimentos de comparação entre escolas com perfil inicial semelhante e testar o impacto que a introdução do programa gerou. Ao final do terceiro ano de teste, os estudantes que concluíram o ensino médio nas escolas que mudaram sua gestão obtiveram em média cinco pontos a mais nas provas do exame Saeb do que os dos colégios que ficaram no grupo de controle. A análise estatística apontou robustez nos resultados. A melhora de cinco pontos equivale a 80% do que o estudante brasileiro normalmente aprende num ano letivo —um ganho considerável. Iniciativas para investigar com rigor o impacto de políticas educacionais precisam multiplicar-se. Não dá mais para autoridades e educadores implantarem políticas com base em meras opiniões e em teorias pedagógicas favoritas. É preciso que suas decisões estejam amparadas em estudos científicos, num movimento análogo ao que a medicina realizou algumas décadas atrás, inaugurando a chamada medicina baseada em evidências –uma inovação que salvou incontáveis vidas. | opiniao | Educação de evidênciasHá um adágio da física que assevera que só se conhece aquilo que se pode medir. Especialmente nas ciências humanas, essa ideia é vista com horror e espanto. Não há necessidade de aguardar a suspensão desse debate epistemológico nem de posicionar-se a seu respeito para concluir que a mensuração de um fenômeno, mesmo não sendo essencial ao conhecimento, decerto o favorece. É positivo, portanto, constatar que a preocupação em medir resultados tenha chegado ao campo da educação, paradoxalmente um dos que mais resistem a avaliações. O Instituto Unibanco e secretarias estaduais de educação mantêm o projeto Jovem de Futuro. Ele oferece apoio a escolas públicas interessadas em melhorar a gestão educacional, adotando programas estruturados com foco no aluno. O economista Ricardo Paes de Barros, do Insper, testou o Jovem de Futuro seguindo cânones do método científico e concluiu que, neste caso, o que parece óbvio não apenas funciona, isto é, resulta em maior aprendizado, como ainda o faz numa escala considerável. Levar projetos educacionais à bancada do laboratório para medi-los com alguma precisão nem sempre é fácil, mas Paes de Barros e o Instituto Unibanco conseguiram. De uma amostra de escolas interessadas em aderir ao programa, eles sortearam algumas para adotá-lo imediatamente e outras, o grupo de controle, para aguardar três anos antes de fato iniciá-lo. Assim, puderam realizar 141 experimentos de comparação entre escolas com perfil inicial semelhante e testar o impacto que a introdução do programa gerou. Ao final do terceiro ano de teste, os estudantes que concluíram o ensino médio nas escolas que mudaram sua gestão obtiveram em média cinco pontos a mais nas provas do exame Saeb do que os dos colégios que ficaram no grupo de controle. A análise estatística apontou robustez nos resultados. A melhora de cinco pontos equivale a 80% do que o estudante brasileiro normalmente aprende num ano letivo —um ganho considerável. Iniciativas para investigar com rigor o impacto de políticas educacionais precisam multiplicar-se. Não dá mais para autoridades e educadores implantarem políticas com base em meras opiniões e em teorias pedagógicas favoritas. É preciso que suas decisões estejam amparadas em estudos científicos, num movimento análogo ao que a medicina realizou algumas décadas atrás, inaugurando a chamada medicina baseada em evidências –uma inovação que salvou incontáveis vidas. | 7 |
Eleita melhor serviço de bordo, Latam amplia cardápio e passa a vender comida a bordo | GUILHERME MAGALHÃES DE SÃO PAULO Esqueça o sanduíche gelado e aquela opção espartana de refrigerante ou suco ou água. O serviço de bordo no Brasil vem se alinhando ao que é oferecido em mercados mais maduros, como o europeu e o americano: a oportunidade de o passageiro escolher o que beber e comer dentre um leque mais variado, ainda que para isso tenha de pagar mais. A Latam captou esse desejo por mais liberdade em levantamentos internos. "Esse passageiro quer estar 'empoderado'", afirma Igor Miranda, diretor de marketing da Latam Brasil. "Hoje o consumidor quer ter opções e definir ele mesmo o que é melhor." Nesse sentido, a empresa acaba de implantar em seus voos domésticos o Mercado Latam, serviço de bordo com cardápio turbinado. E, com o maior serviço de bordo, vieram as novas tarifas. A ideia é abraçar tanto o passageiro que faz as contas na ponta do lápis e não está interessado em milhas ou despachar bagagem, até o "heavy user", que viaja com frequência e deseja flexibilidade e não tem medo de pagar a mais pelos serviços. O passageiro "empoderado" também quer ter pouca interação com pessoas. Para esse público, Miranda diz que a Latam oferecerá, em breve, a opção de resolver qualquer problema do voo via smartphone. Se a caminho de Congonhas, por exemplo, você descobrir que o aeroporto foi fechado devido ao mau tempo, o aplicativo irá informá-lo da situação e apresentar opções sobre o que fazer. MILHAS Com 13 milhões de associados, o Latam Fidelidade é o maior programa de milhagem do país e acaba de passar por alterações. A estratégia é se diferenciar por ter o resgate de passagens mais barato do mercado. * R$ 20 custa um sanduíche de frango a bordo. | saopaulo | Eleita melhor serviço de bordo, Latam amplia cardápio e passa a vender comida a bordoGUILHERME MAGALHÃES DE SÃO PAULO Esqueça o sanduíche gelado e aquela opção espartana de refrigerante ou suco ou água. O serviço de bordo no Brasil vem se alinhando ao que é oferecido em mercados mais maduros, como o europeu e o americano: a oportunidade de o passageiro escolher o que beber e comer dentre um leque mais variado, ainda que para isso tenha de pagar mais. A Latam captou esse desejo por mais liberdade em levantamentos internos. "Esse passageiro quer estar 'empoderado'", afirma Igor Miranda, diretor de marketing da Latam Brasil. "Hoje o consumidor quer ter opções e definir ele mesmo o que é melhor." Nesse sentido, a empresa acaba de implantar em seus voos domésticos o Mercado Latam, serviço de bordo com cardápio turbinado. E, com o maior serviço de bordo, vieram as novas tarifas. A ideia é abraçar tanto o passageiro que faz as contas na ponta do lápis e não está interessado em milhas ou despachar bagagem, até o "heavy user", que viaja com frequência e deseja flexibilidade e não tem medo de pagar a mais pelos serviços. O passageiro "empoderado" também quer ter pouca interação com pessoas. Para esse público, Miranda diz que a Latam oferecerá, em breve, a opção de resolver qualquer problema do voo via smartphone. Se a caminho de Congonhas, por exemplo, você descobrir que o aeroporto foi fechado devido ao mau tempo, o aplicativo irá informá-lo da situação e apresentar opções sobre o que fazer. MILHAS Com 13 milhões de associados, o Latam Fidelidade é o maior programa de milhagem do país e acaba de passar por alterações. A estratégia é se diferenciar por ter o resgate de passagens mais barato do mercado. * R$ 20 custa um sanduíche de frango a bordo. | 9 |
Já sentiu que tudo acontece quando você não está olhando? Veja tirinhas | Já sentiu que as coisas só acontecem quando você não está lá? Foi justamente por essa situação que o personagem do cartunista Adão passou nas tirinhas da "Folhinha" nesta semana. Veja abaixo também os quadrinhos de Laerte e as aventuras de Armandinho. * | folhinha | Já sentiu que tudo acontece quando você não está olhando? Veja tirinhasJá sentiu que as coisas só acontecem quando você não está lá? Foi justamente por essa situação que o personagem do cartunista Adão passou nas tirinhas da "Folhinha" nesta semana. Veja abaixo também os quadrinhos de Laerte e as aventuras de Armandinho. * | 19 |
Obama sanciona exigência de mandado para espionagem | Pela primeira vez desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o Congresso americano decidiu restringir os poderes de vigilância do governo dos EUA. Dois dias após deixar expirar a autorização para que a NSA (Agência de Segurança Nacional) coletasse dados telefônicos de toda a população, o Senado aprovou nesta terça-feira (2) um projeto de lei que vai restringir o acesso das autoridades a esses dados —sem comprometer o combate ao terrorismo, segundo os parlamentares. O Freedom Act (Lei da Liberdade, em tradução livre) transfere para as empresas de telefonia a responsabilidade pelos chamados metadados –duração, data e origem das chamadas—, hoje armazenados pela NSA. Para acessá-las, a agência precisará de mandados judiciais. Apoiador da mudança, o presidente americano, Barack Obama, sancionou a nova lei assim que ela chegou à Casa Branca, ainda na noite desta terça. "Nos últimos 18 meses, eu venho pedindo reformas que protejam mais a privacidade e as liberdades civis do povo americano, ao mesmo tempo em que assegurem que nossos agentes de segurança nacional mantenham ferramentas importantes para mantê-lo seguro", disse, em comunicado. O projeto havia sido aprovado pela Câmara em maio. Nesta terça, os legisladores bloquearam as tentativas do líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell (Kentucky), de aprovar emendas à proposta original que reduzissem as restrições ao governo. "Esse é um passo na direção errada", afirmou, após ter seus esforços frustrados pelos colegas. Para McConnell, o projeto "não aumenta a proteção da privacidade dos americanos e, com certeza, prejudica a segurança americana ao retirar mais uma ferramenta de nossos guerreiros no momento errado". O governo queria apressar a entrada em vigor da lei, que vai substituir ferramentas de combate ao terrorismo perdidas pelo governo na segunda-feira (1º), após a expiração de parte da Lei Patriótica. A principal mudança prevista pelo Freedom Act, porém, não será imediata. As empresas de telefonia e a NSA terão seis meses para se adaptar ao novo modelo para coleta e armazenamento das informações das chamadas. Até lá, o governo continuará com acesso irrestrito aos dados. SNOWDEN O extenso programa de monitoramento dos dados das chamadas telefônicas foi revelado pelo ex-funcionário da NSA Edward Snowden há dois anos. Apesar de inovadora, a restrição aprovada nesta terça não trata de todas as ferramentas de espionagem usadas pelo governo e reveladas por Snowden, como o acesso aos dados de navegação na internet. Exilado na Rússia, Snowden afirmou, em participação em vídeo em debate da Anistia Internacional, que a mudança é histórica. "Pela primeira vez na história recente, descobrimos que, apesar das alegações do governo, a população tomou a decisão final, e essa é uma mudança radical que devemos valorizar e fazer avançar", disse. * DIFERENÇAS NAS LEIS LEI PATRIÓTICA - Coleta de dados NSA coleta metadados (duração, origem e data das chamadas telefônicas), mas só os acessa quando há suspeitas de envolvimento com terroristas no exterior - 'Lobo solitário' Para identificar suspeitos que agem sozinhos, governo pode usar ferramentas de inteligência e grampear linhas e aparelhos para rastrear quem troca de celular sucessivamente - Transparência NSA não divulga quantas vezes teve acesso aos dados telefônicos nem como os usou FREEDOM ACT - Coleta de dados Em 6 meses, dados serão armazenados por companhias de telefonia; NSA precisará de mandados para acessar as informações relevantes - 'Lobo solitário' As duas autorizações voltam a valer sob a nova lei - Transparência Informações sobre acesso aos dados são ampliados | mundo | Obama sanciona exigência de mandado para espionagemPela primeira vez desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o Congresso americano decidiu restringir os poderes de vigilância do governo dos EUA. Dois dias após deixar expirar a autorização para que a NSA (Agência de Segurança Nacional) coletasse dados telefônicos de toda a população, o Senado aprovou nesta terça-feira (2) um projeto de lei que vai restringir o acesso das autoridades a esses dados —sem comprometer o combate ao terrorismo, segundo os parlamentares. O Freedom Act (Lei da Liberdade, em tradução livre) transfere para as empresas de telefonia a responsabilidade pelos chamados metadados –duração, data e origem das chamadas—, hoje armazenados pela NSA. Para acessá-las, a agência precisará de mandados judiciais. Apoiador da mudança, o presidente americano, Barack Obama, sancionou a nova lei assim que ela chegou à Casa Branca, ainda na noite desta terça. "Nos últimos 18 meses, eu venho pedindo reformas que protejam mais a privacidade e as liberdades civis do povo americano, ao mesmo tempo em que assegurem que nossos agentes de segurança nacional mantenham ferramentas importantes para mantê-lo seguro", disse, em comunicado. O projeto havia sido aprovado pela Câmara em maio. Nesta terça, os legisladores bloquearam as tentativas do líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell (Kentucky), de aprovar emendas à proposta original que reduzissem as restrições ao governo. "Esse é um passo na direção errada", afirmou, após ter seus esforços frustrados pelos colegas. Para McConnell, o projeto "não aumenta a proteção da privacidade dos americanos e, com certeza, prejudica a segurança americana ao retirar mais uma ferramenta de nossos guerreiros no momento errado". O governo queria apressar a entrada em vigor da lei, que vai substituir ferramentas de combate ao terrorismo perdidas pelo governo na segunda-feira (1º), após a expiração de parte da Lei Patriótica. A principal mudança prevista pelo Freedom Act, porém, não será imediata. As empresas de telefonia e a NSA terão seis meses para se adaptar ao novo modelo para coleta e armazenamento das informações das chamadas. Até lá, o governo continuará com acesso irrestrito aos dados. SNOWDEN O extenso programa de monitoramento dos dados das chamadas telefônicas foi revelado pelo ex-funcionário da NSA Edward Snowden há dois anos. Apesar de inovadora, a restrição aprovada nesta terça não trata de todas as ferramentas de espionagem usadas pelo governo e reveladas por Snowden, como o acesso aos dados de navegação na internet. Exilado na Rússia, Snowden afirmou, em participação em vídeo em debate da Anistia Internacional, que a mudança é histórica. "Pela primeira vez na história recente, descobrimos que, apesar das alegações do governo, a população tomou a decisão final, e essa é uma mudança radical que devemos valorizar e fazer avançar", disse. * DIFERENÇAS NAS LEIS LEI PATRIÓTICA - Coleta de dados NSA coleta metadados (duração, origem e data das chamadas telefônicas), mas só os acessa quando há suspeitas de envolvimento com terroristas no exterior - 'Lobo solitário' Para identificar suspeitos que agem sozinhos, governo pode usar ferramentas de inteligência e grampear linhas e aparelhos para rastrear quem troca de celular sucessivamente - Transparência NSA não divulga quantas vezes teve acesso aos dados telefônicos nem como os usou FREEDOM ACT - Coleta de dados Em 6 meses, dados serão armazenados por companhias de telefonia; NSA precisará de mandados para acessar as informações relevantes - 'Lobo solitário' As duas autorizações voltam a valer sob a nova lei - Transparência Informações sobre acesso aos dados são ampliados | 4 |
Mesmo com vagas no Sisu, cai inclusão de alunos de escola pública na USP | A USP (Universidade de São Paulo) registrou queda no ingresso de alunos de escola pública no vestibular de 2016. O resultado ocorre mesmo com a adoção do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para selecionar parte dos ingressantes, aposta da instituição para ampliar a inclusão. Das 11.057 vagas da USP neste ano, 34,6% foram preenchidas por alunos de escola pública –o que representa 3.767 alunos. No ano passado, esse percentual foi de 35,1%. A meta era de que 39% dos ingressantes neste ano viessem de escola pública. Essa mesma marca havia sido traçada como objetivo no ano passado, quando também não foi alcançada. A universidade pretende registrar ao menos 50% dos ingressantes de escola pública até 2018. Para tentar reverter esse quadro, a instituição promete ampliar no próximo ano a quantidade de vagas oferecidas no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que usa a nota do Enem. Cerca de 85% dos estudantes de ensino médio estão nas escolas públicas. Neste ano, 13,4% das vagas entraram no sistema. A direção da USP pretende chegar a 20% no próximo ano. Em 2016, a inclusão de pretos, pardos e indígenas também caiu: passou de 1.232 alunos em 2015, para 1.089 neste ano. Em percentual sobre o total de alunos de escola pública, o número deste ano representa 29%. Em 2015 foram 32%. De acordo com pró-reitor de Graduação da USP, Antônio Carlos Hernandes, os resultados deste ano serviram "como experimento" sobre o uso do Sisu como porta de entrada na USP além do vestibular da Fuvest. "Vamos manter a bonificação no vestibular e ampliar as vagas no Sisu. Se não resolver, teremos que ter uma medida mais radical para atingir a meta de ter 50% dos alunos de escola pública até 2018", disse. Das 1.489 vagas oferecidas pela USP no Sisu, 814 (55%) foram preenchidas pelo sistema. Desse total, 1.038 eram exclusivas para a escola pública –e só 567 (55%) dessas foram ocupadas. A imposição de notas de corte muito altas no Sisu em vários cursos e a realização de apenas quatro chamadas pelo sistema dificultaram, segundo Hernandes, que as vagas fossem todas preenchidas. "Esses dois descompassos fizeram com que a USP não preenchesse todas as vagas no Sisu", diz ele. Após o não preenchimento pelo Sisu, as vagas foram redirecionadas para a lista da Fuvest. Sisu No ano passado, as unidades decidiram a quantidade de vagas que seriam oferecidas por cada curso no Sisu e se haveria reserva para a escola pública. Cursos tradicionais, como Medicina, Engenharia e Economia, não entraram no sistema. A pró-reitoria quer agora que as faculdades ampliem essa quantidade, mas a decisão vai depender de cada unidade de ensino. "As direções terão a responsabilidade de decidir isso, não dá pra gente repetir em 2017 o experimento deste ano", diz Hernandes. Não está nos planos da universidade alterar o sistema de bonificação na Fuvest. Alunos de escola pública podem garantir até 15% de incremento na nota. Caso ele seja preto, pardo ou indígena, o bônus pode chegar a 20%. Para frei Davi Santos, diretor-executivo da Educafro, organização que luta pela inclusão negra, a USP insiste em "fugir da responsabilidade" da inclusão. "É inaceitável que a universidade brasileira mais famosa no mundo não use critérios científicos para criar uma política de inclusão", diz ele. Desde 2012, as universidades federais adotam sistema de cotas para escola pública, respeitando critérios de renda e raça. Entre as estaduais, a Unesp passou a adotar sistema de cota a partir de 2014. Na Unicamp, o sistema de bonificação garantiu que 51,9% dos alunos aprovados em 2016 sejam de escolas públicas. Para o pró-reitor da USP, o tamanho e a heterogeneidade da USP dificultam mudanças mais velozes. "Mas em dois anos, avançamos mais do que nos últimos 40 [com o ingresso no Enem e reformulação do bônus]", diz Hernandes. O pró-reitor comemorou o fato de 15% dos ingressantes pelo Sisu serem de outros Estados. Na média de outros anos, esse percentual era de 11%. | educacao | Mesmo com vagas no Sisu, cai inclusão de alunos de escola pública na USPA USP (Universidade de São Paulo) registrou queda no ingresso de alunos de escola pública no vestibular de 2016. O resultado ocorre mesmo com a adoção do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para selecionar parte dos ingressantes, aposta da instituição para ampliar a inclusão. Das 11.057 vagas da USP neste ano, 34,6% foram preenchidas por alunos de escola pública –o que representa 3.767 alunos. No ano passado, esse percentual foi de 35,1%. A meta era de que 39% dos ingressantes neste ano viessem de escola pública. Essa mesma marca havia sido traçada como objetivo no ano passado, quando também não foi alcançada. A universidade pretende registrar ao menos 50% dos ingressantes de escola pública até 2018. Para tentar reverter esse quadro, a instituição promete ampliar no próximo ano a quantidade de vagas oferecidas no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que usa a nota do Enem. Cerca de 85% dos estudantes de ensino médio estão nas escolas públicas. Neste ano, 13,4% das vagas entraram no sistema. A direção da USP pretende chegar a 20% no próximo ano. Em 2016, a inclusão de pretos, pardos e indígenas também caiu: passou de 1.232 alunos em 2015, para 1.089 neste ano. Em percentual sobre o total de alunos de escola pública, o número deste ano representa 29%. Em 2015 foram 32%. De acordo com pró-reitor de Graduação da USP, Antônio Carlos Hernandes, os resultados deste ano serviram "como experimento" sobre o uso do Sisu como porta de entrada na USP além do vestibular da Fuvest. "Vamos manter a bonificação no vestibular e ampliar as vagas no Sisu. Se não resolver, teremos que ter uma medida mais radical para atingir a meta de ter 50% dos alunos de escola pública até 2018", disse. Das 1.489 vagas oferecidas pela USP no Sisu, 814 (55%) foram preenchidas pelo sistema. Desse total, 1.038 eram exclusivas para a escola pública –e só 567 (55%) dessas foram ocupadas. A imposição de notas de corte muito altas no Sisu em vários cursos e a realização de apenas quatro chamadas pelo sistema dificultaram, segundo Hernandes, que as vagas fossem todas preenchidas. "Esses dois descompassos fizeram com que a USP não preenchesse todas as vagas no Sisu", diz ele. Após o não preenchimento pelo Sisu, as vagas foram redirecionadas para a lista da Fuvest. Sisu No ano passado, as unidades decidiram a quantidade de vagas que seriam oferecidas por cada curso no Sisu e se haveria reserva para a escola pública. Cursos tradicionais, como Medicina, Engenharia e Economia, não entraram no sistema. A pró-reitoria quer agora que as faculdades ampliem essa quantidade, mas a decisão vai depender de cada unidade de ensino. "As direções terão a responsabilidade de decidir isso, não dá pra gente repetir em 2017 o experimento deste ano", diz Hernandes. Não está nos planos da universidade alterar o sistema de bonificação na Fuvest. Alunos de escola pública podem garantir até 15% de incremento na nota. Caso ele seja preto, pardo ou indígena, o bônus pode chegar a 20%. Para frei Davi Santos, diretor-executivo da Educafro, organização que luta pela inclusão negra, a USP insiste em "fugir da responsabilidade" da inclusão. "É inaceitável que a universidade brasileira mais famosa no mundo não use critérios científicos para criar uma política de inclusão", diz ele. Desde 2012, as universidades federais adotam sistema de cotas para escola pública, respeitando critérios de renda e raça. Entre as estaduais, a Unesp passou a adotar sistema de cota a partir de 2014. Na Unicamp, o sistema de bonificação garantiu que 51,9% dos alunos aprovados em 2016 sejam de escolas públicas. Para o pró-reitor da USP, o tamanho e a heterogeneidade da USP dificultam mudanças mais velozes. "Mas em dois anos, avançamos mais do que nos últimos 40 [com o ingresso no Enem e reformulação do bônus]", diz Hernandes. O pró-reitor comemorou o fato de 15% dos ingressantes pelo Sisu serem de outros Estados. Na média de outros anos, esse percentual era de 11%. | 12 |
Assessor que atuou em caso de Geddel teve apoio de Cunha para conselho | O advogado Gustavo do Vale Rocha já defendeu na Justiça o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba por causa da Lava Jato, e foi apoiado pelo ex-parlamentar para uma vaga de conselheiro no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Rocha ocupa o cargo desde 2015 no conselho. O advogado havia atuado em favor de Geddel Vieira Lima na Justiça Eleitoral, em representações variadas, até 2014. Ele atuava pelo PMDB da Bahia e também pelo candidato. Procurado pela Folha (25), Geddel afirmou, por escrito, que Rocha "era advogado do PMDB nacional em causas eleitorais". O advogado também foi personagem na saída do então ministro da AGU (Advocacia Geral da União), Fabio Osório Medina, em setembro. Ao sair, o então ministro afirmou que era alvo de fogo amigo na Casa Civil, que teria vindo de Rocha. Rocha é alvo de críticas nos bastidores do Judiciário por acumular o cargo da assessoria jurídica do governo federal com a cadeira que tem no CNMP, órgão de controle externo do Ministério Público. À Folha ele afirmou que o CNMP decidiu "por unanimidade, pela compatibilidade entre as duas funções, bem como pelo Ministério Público Federal". Gustavo já trabalha por sua recondução no conselho e apoia seu adjunto na Casa Civil, Felipe Cascaes, a uma vaga do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Ao justificar sua atuação como advogado de Geddel, Eduardo Cunha e do PMDB em alguns casos na Justiça Eleitoral, ele disse que, ao longo de quase 20 anos, "atuou para centenas de clientes, sempre pautado pela ética e pelo profissionalismo". Na sabatina no Senado que aprovou seu nome para o CNMP, ele foi indagado sobre a defesa que fazia por Cunha. Respondeu que trabalhava de fato como advogado, mas que em nenhum procedimento movimento pelo Ministério Público Federal. "Afirmo que as colocações envolvendo o meu nome podem estar vinculadas às disputas no CNMP e no CNJ, nas quais não interferi, e não interferirei no processo, por razões já explicadas anteriormente", disse em nota à reportagem. Ele negou estar fazendo pressão por algum candidato a uma vaga no CNJ. Sobre sua recondução à CNMP, disse que seu mandato vai até junho de 2017. | poder | Assessor que atuou em caso de Geddel teve apoio de Cunha para conselhoO advogado Gustavo do Vale Rocha já defendeu na Justiça o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba por causa da Lava Jato, e foi apoiado pelo ex-parlamentar para uma vaga de conselheiro no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Rocha ocupa o cargo desde 2015 no conselho. O advogado havia atuado em favor de Geddel Vieira Lima na Justiça Eleitoral, em representações variadas, até 2014. Ele atuava pelo PMDB da Bahia e também pelo candidato. Procurado pela Folha (25), Geddel afirmou, por escrito, que Rocha "era advogado do PMDB nacional em causas eleitorais". O advogado também foi personagem na saída do então ministro da AGU (Advocacia Geral da União), Fabio Osório Medina, em setembro. Ao sair, o então ministro afirmou que era alvo de fogo amigo na Casa Civil, que teria vindo de Rocha. Rocha é alvo de críticas nos bastidores do Judiciário por acumular o cargo da assessoria jurídica do governo federal com a cadeira que tem no CNMP, órgão de controle externo do Ministério Público. À Folha ele afirmou que o CNMP decidiu "por unanimidade, pela compatibilidade entre as duas funções, bem como pelo Ministério Público Federal". Gustavo já trabalha por sua recondução no conselho e apoia seu adjunto na Casa Civil, Felipe Cascaes, a uma vaga do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Ao justificar sua atuação como advogado de Geddel, Eduardo Cunha e do PMDB em alguns casos na Justiça Eleitoral, ele disse que, ao longo de quase 20 anos, "atuou para centenas de clientes, sempre pautado pela ética e pelo profissionalismo". Na sabatina no Senado que aprovou seu nome para o CNMP, ele foi indagado sobre a defesa que fazia por Cunha. Respondeu que trabalhava de fato como advogado, mas que em nenhum procedimento movimento pelo Ministério Público Federal. "Afirmo que as colocações envolvendo o meu nome podem estar vinculadas às disputas no CNMP e no CNJ, nas quais não interferi, e não interferirei no processo, por razões já explicadas anteriormente", disse em nota à reportagem. Ele negou estar fazendo pressão por algum candidato a uma vaga no CNJ. Sobre sua recondução à CNMP, disse que seu mandato vai até junho de 2017. | 0 |
Ministério detecta 630 trabalhadores sem registro e multa Rio-2016 por R$ 315 mil
| EDUARDO GERAQUE ENVIADO ESPECIAL AO RIO Em mais um capítulo da série vila olímpica e seus problemas, o Ministério do Trabalho encontrou 630 trabalhadores sem registro em carteira em uma blitz feita na tarde de quarta-feira (27) na Vila Olímpica do Rio de Janeiro. Todos os funcionários estavam trabalhando em obras emergenciais, que começaram no último sábado (23), depois da abertura oficial do condomínio de alto padrão onde estão sendo abrigadas todas as delegações olímpicas que chegam ao Rio de Janeiro para os jogos. Várias delegações encontraram problemas de acabamento nos apartamentos que depois dos jogos vão ser todos comercializados. Além de vazamentos e falta de energia. A autuação, encaminhada ao comitê organizador dos jogos e as empresas terceirizadas contratadas para fazer os reparos pode render uma multa total de R$ 315 mil. São R$ 500 para cada trabalhador em situação irregular. Os autuados podem recorrer. Segundo o auditor fiscal Hércules Terra, a vistoria também detectou outros graves problemas trabalhistas. Entre eles, pessoas cumprindo uma jornada de 23 horas. "Os registros mostram pontos assinados das 7h de um dia até 6h do dia seguinte", disse Terra, que também reclamou da falta de empenho do comitê de entregar toda a documentação dos funcionários pedida pelos auditores. Filas grandes para as refeições também são problemas segundo o grupo de fiscais. "O trabalhador está ficando 40 minutos na fila da refeição. Depois que ele entra, ele tem só 20 minutos para comer e voltar correndo ao trabalho", afirma Terra. O imbróglio entre o ministério do trabalho e o comitê é apenas mais um capítulo da tumultuada abertura oficial da Vila Olímpica, na Barra da Tijuca, ao lado do Riocentro, na zona oeste do Rio. O próprio prefeito Eduardo Paes (PMDB) admitiu novamente nesta terça ter sido surpreendido pela quantidade enorme de problemas nos apartamentos dos atletas. Tudo começou no sábado, quando os primeiros atletas chegaram. Paes colocou a culpa no comitê organizador local que não teria feito as vistorias necessárias. "São muitos apartamentos. Realmente faltou checar todos eles", disse o prefeito carioca nesta terça (26). OUTRO LADO Procurado pela Folha, o comitê organizador da Rio-2016 informou que a situação dos trabalhadores contratados para obras emergenciais na Vila Olímpica é regular. O comitê informou, ainda, que vai encaminhar ao Ministério do Trabalho toda a documentação necessária para resolver a questão. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB) responsabilizou o comitê pelos problemas na vila. "Reconhecemos desde o início os problemas que surgiram nos últimos dias. Prova de que foi algo de última hora é que tudo vai ser resolvido em cinco ou seis dias. O que teve ali foi uma falha no acompanhamento, de gestão, pelo comitê organizador, que tem um timaço e está preparado para resolver os problemas", afirmou Paes. Rodrigo Tostes, diretor de operações do comitê, disse à Folha na segunda (25), afirmou que o momento não era de procurar culpados, mas sim de resolver os problemas. As construtoras Odebrecht e Carvalho Hosken, que formam o consórcio responsável pela obra, não comentaram. MAPA DA VILA OLÍMPICA Vila dos Atletas HISTÓRICO A abertura da Vila Olímpica aos competidores da Olimpíada do Rio de Janeiro no último domingo (24) causou reclamações por parte das delegações em relação à limpeza e falta de acabamento em alguns apartamentos do local. Países como a Austrália e Argentina, por exemplo, se recusaram a entrar no espaço e bancaram por conta própria funcionários para arrumar problemas de encanamento, limpeza e furtos. Atletas da Belarus, bem como do Japão e também do Quênia demonstraram insatisfação com a maneira com que receberam a Vila Olímpica. Com isso, o Comitê Rio 2016 contratou mais de 500 trabalhadores para o serviço, iniciado no mesmo dia da inauguração do local. Na segunda-feira (25), o Comitê da Rio-2016 admitiu que metade dos prédios complexo de residência das equipes não estava pronta. Na terça-feira (26), a organização dos Jogos afirmou que teria 25 do total de 30 prédios Vila prontos. A previsão é que tudo esteja finalizado até esta quinta-feira (28). Colaboraram MARCEL MERGUIZO e CAMILA MATTOSO | esporte |
Ministério detecta 630 trabalhadores sem registro e multa Rio-2016 por R$ 315 mil
EDUARDO GERAQUE ENVIADO ESPECIAL AO RIO Em mais um capítulo da série vila olímpica e seus problemas, o Ministério do Trabalho encontrou 630 trabalhadores sem registro em carteira em uma blitz feita na tarde de quarta-feira (27) na Vila Olímpica do Rio de Janeiro. Todos os funcionários estavam trabalhando em obras emergenciais, que começaram no último sábado (23), depois da abertura oficial do condomínio de alto padrão onde estão sendo abrigadas todas as delegações olímpicas que chegam ao Rio de Janeiro para os jogos. Várias delegações encontraram problemas de acabamento nos apartamentos que depois dos jogos vão ser todos comercializados. Além de vazamentos e falta de energia. A autuação, encaminhada ao comitê organizador dos jogos e as empresas terceirizadas contratadas para fazer os reparos pode render uma multa total de R$ 315 mil. São R$ 500 para cada trabalhador em situação irregular. Os autuados podem recorrer. Segundo o auditor fiscal Hércules Terra, a vistoria também detectou outros graves problemas trabalhistas. Entre eles, pessoas cumprindo uma jornada de 23 horas. "Os registros mostram pontos assinados das 7h de um dia até 6h do dia seguinte", disse Terra, que também reclamou da falta de empenho do comitê de entregar toda a documentação dos funcionários pedida pelos auditores. Filas grandes para as refeições também são problemas segundo o grupo de fiscais. "O trabalhador está ficando 40 minutos na fila da refeição. Depois que ele entra, ele tem só 20 minutos para comer e voltar correndo ao trabalho", afirma Terra. O imbróglio entre o ministério do trabalho e o comitê é apenas mais um capítulo da tumultuada abertura oficial da Vila Olímpica, na Barra da Tijuca, ao lado do Riocentro, na zona oeste do Rio. O próprio prefeito Eduardo Paes (PMDB) admitiu novamente nesta terça ter sido surpreendido pela quantidade enorme de problemas nos apartamentos dos atletas. Tudo começou no sábado, quando os primeiros atletas chegaram. Paes colocou a culpa no comitê organizador local que não teria feito as vistorias necessárias. "São muitos apartamentos. Realmente faltou checar todos eles", disse o prefeito carioca nesta terça (26). OUTRO LADO Procurado pela Folha, o comitê organizador da Rio-2016 informou que a situação dos trabalhadores contratados para obras emergenciais na Vila Olímpica é regular. O comitê informou, ainda, que vai encaminhar ao Ministério do Trabalho toda a documentação necessária para resolver a questão. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB) responsabilizou o comitê pelos problemas na vila. "Reconhecemos desde o início os problemas que surgiram nos últimos dias. Prova de que foi algo de última hora é que tudo vai ser resolvido em cinco ou seis dias. O que teve ali foi uma falha no acompanhamento, de gestão, pelo comitê organizador, que tem um timaço e está preparado para resolver os problemas", afirmou Paes. Rodrigo Tostes, diretor de operações do comitê, disse à Folha na segunda (25), afirmou que o momento não era de procurar culpados, mas sim de resolver os problemas. As construtoras Odebrecht e Carvalho Hosken, que formam o consórcio responsável pela obra, não comentaram. MAPA DA VILA OLÍMPICA Vila dos Atletas HISTÓRICO A abertura da Vila Olímpica aos competidores da Olimpíada do Rio de Janeiro no último domingo (24) causou reclamações por parte das delegações em relação à limpeza e falta de acabamento em alguns apartamentos do local. Países como a Austrália e Argentina, por exemplo, se recusaram a entrar no espaço e bancaram por conta própria funcionários para arrumar problemas de encanamento, limpeza e furtos. Atletas da Belarus, bem como do Japão e também do Quênia demonstraram insatisfação com a maneira com que receberam a Vila Olímpica. Com isso, o Comitê Rio 2016 contratou mais de 500 trabalhadores para o serviço, iniciado no mesmo dia da inauguração do local. Na segunda-feira (25), o Comitê da Rio-2016 admitiu que metade dos prédios complexo de residência das equipes não estava pronta. Na terça-feira (26), a organização dos Jogos afirmou que teria 25 do total de 30 prédios Vila prontos. A previsão é que tudo esteja finalizado até esta quinta-feira (28). Colaboraram MARCEL MERGUIZO e CAMILA MATTOSO | 3 |
Manual: veja câmeras recomendadas por fotógrafos e onde imprimir fotos | A Folha convidou sete profissionais —um do jornal e outros de fora— para dar dicas de como conseguir o melhor clique nas férias. Veja quais câmeras eles recomendam aos amadores e onde é possível imprimir suas fotos em São Paulo. * COMPRAS As queridinhas recomendadas por fotógrafos CANON EOS REBEL T5I Sensor de 18 megapixels, sete filtros criativos e tela touch O QUE ELES DIZEM "Indico aos fotógrafos de viagem iniciantes" (Cristiano Xavier) QUANTO R$ 3.499,99 ONDE canon.pt iPhone 6 As versões mais recentes –do 5 em diante– trazem câmeras com boa performance em viagens O QUE ELES DIZEM "Hoje, é a melhor máquina para um turista: pequena, prática e eficaz. Com alguns aplicativos, dá para criar imagens ótimas. 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Com bons recursos, é ideal para amadores" (Valdemir Cunha) QUANTO R$ 2.549 ONDE lojafuji.com.br * OLD SCHOOL Não quer deixar as fotos perdidas em arquivos que depois nunca serão vistos no computador? Veja onde imprimir seus cliques em São Paulo A3 Laboratório Fotográfico ONDE av. Pedroso de Moraes, 99, Pinheiros; a3laboratorio.com.br QUANTO R$ 1 foto tamanho 10x15 cm; R$ 2,65 em 15x20 cm; R$ 5,85 em 20x30 cm; R$ 390 o metro quadrado de papel fosco em impressão em fine art ADI - Atelier de Impressão ONDE al. Lorena, 1.257, casa 5, Jardim Paulista; atelierdeimpressao.com.br QUANTO R$ 35 foto 20x30 cm em papel de algodão; R$ 140 foto 40x60 cm (só imprime em fine art) Capovilla Laboratório Fotográfico Digital ONDE av. Pedroso de Moraes, 77, Pinheiros; capovilladigital.com.br QUANTO a partir de R$ 0,89 a foto 10x15 cm; R$ 2 em 15x20 cm; R$ 6,10 em 20x30 cm Marcos Ribeiro Estúdio Digital ONDE r. Mateus Grou, 282, sobreloja, Pinheiros; mrestudiodigital.com.br QUANTO R$ 750 o metro quadrado (inclui provas e ajustes; só imprime em fine art) | turismo | Manual: veja câmeras recomendadas por fotógrafos e onde imprimir fotosA Folha convidou sete profissionais —um do jornal e outros de fora— para dar dicas de como conseguir o melhor clique nas férias. Veja quais câmeras eles recomendam aos amadores e onde é possível imprimir suas fotos em São Paulo. * COMPRAS As queridinhas recomendadas por fotógrafos CANON EOS REBEL T5I Sensor de 18 megapixels, sete filtros criativos e tela touch O QUE ELES DIZEM "Indico aos fotógrafos de viagem iniciantes" (Cristiano Xavier) QUANTO R$ 3.499,99 ONDE canon.pt iPhone 6 As versões mais recentes –do 5 em diante– trazem câmeras com boa performance em viagens O QUE ELES DIZEM "Hoje, é a melhor máquina para um turista: pequena, prática e eficaz. Com alguns aplicativos, dá para criar imagens ótimas. 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Editorial: Iguaria polêmica | Fosse na França, talvez houvesse algum sentido em ocupar o tempo do Poder Legislativo com debates a respeito da produção e da comercialização do foie gras. Na cidade de São Paulo, contudo, a aprovação de um projeto de lei com vistas a proibir a venda da polêmica iguaria não passa de uma excentricidade da Câmara Municipal. Não por não existir aí uma discussão legítima sobre o sofrimento animal; ocorre que os vereadores simplesmente não têm competência constitucional para aprovar esse tipo de restrição –e ao prefeito Fernando Haddad (PT) bastará esse motivo para vetar o dispositivo. Na arquitetura federativa do Brasil, não cabe aos edis banir mercadorias que são legais no país. Mesmo que apenas quisessem disciplinar a produção do pitéu nos limites do município, a iniciativa teria alcance quase nulo, já que São Paulo não apresenta grandes porções de zona rural nem se notabiliza por sua atividade agrícola –e menos ainda no setor de foie gras. Daí não decorre que militantes dos direitos dos animais devam resignar-se e abandonar patos e gansos à própria sorte. Existem outras formas de atuação política que não passam pela criação de leis, normas e regulamentos. Pode-se assumir que o processo consagrado de produção do foie gras (significa "fígado gordo" em francês) gera sofrimento desnecessário às aves. Em sua última quinzena de vida, elas são submetidas a um regime de alimentação forçada por meio de tubos inseridos várias vezes por dia em seus esôfagos. É compreensível a repulsa provocada pela prática de enfiar nutrientes goela abaixo de patos e gansos a fim de que seus fígados desenvolvam uma esteatose capaz de torná-los mais tenros. Os grupos de ação deveriam aproveitar essa indignação para incentivar consumidores a exigir melhor tratamento para as aves. Movimentos do gênero já eclodiram em outras partes do mundo. São consideráveis as chances de sucesso desse tipo de campanha. Afinal, a alimentação forçada não é absolutamente essencial à produção da iguaria. Há muito tempo a humanidade sabe que patos e gansos passam por um processo de engorda voluntária nos períodos pré-migratórios. Trata-se, portanto, de buscar maneiras mais aceitáveis de conseguir uma esteatose, obtendo um "foie gras ético". Militantes mais engajados ainda manterão sua crítica de fundo quanto ao sacrifício de animais para satisfazer os humanos, mas, até onde a vista alcança, o mundo ainda não está pronto para o vegetarianismo universal. | opiniao | Editorial: Iguaria polêmicaFosse na França, talvez houvesse algum sentido em ocupar o tempo do Poder Legislativo com debates a respeito da produção e da comercialização do foie gras. Na cidade de São Paulo, contudo, a aprovação de um projeto de lei com vistas a proibir a venda da polêmica iguaria não passa de uma excentricidade da Câmara Municipal. Não por não existir aí uma discussão legítima sobre o sofrimento animal; ocorre que os vereadores simplesmente não têm competência constitucional para aprovar esse tipo de restrição –e ao prefeito Fernando Haddad (PT) bastará esse motivo para vetar o dispositivo. Na arquitetura federativa do Brasil, não cabe aos edis banir mercadorias que são legais no país. Mesmo que apenas quisessem disciplinar a produção do pitéu nos limites do município, a iniciativa teria alcance quase nulo, já que São Paulo não apresenta grandes porções de zona rural nem se notabiliza por sua atividade agrícola –e menos ainda no setor de foie gras. Daí não decorre que militantes dos direitos dos animais devam resignar-se e abandonar patos e gansos à própria sorte. Existem outras formas de atuação política que não passam pela criação de leis, normas e regulamentos. Pode-se assumir que o processo consagrado de produção do foie gras (significa "fígado gordo" em francês) gera sofrimento desnecessário às aves. Em sua última quinzena de vida, elas são submetidas a um regime de alimentação forçada por meio de tubos inseridos várias vezes por dia em seus esôfagos. É compreensível a repulsa provocada pela prática de enfiar nutrientes goela abaixo de patos e gansos a fim de que seus fígados desenvolvam uma esteatose capaz de torná-los mais tenros. Os grupos de ação deveriam aproveitar essa indignação para incentivar consumidores a exigir melhor tratamento para as aves. Movimentos do gênero já eclodiram em outras partes do mundo. São consideráveis as chances de sucesso desse tipo de campanha. Afinal, a alimentação forçada não é absolutamente essencial à produção da iguaria. Há muito tempo a humanidade sabe que patos e gansos passam por um processo de engorda voluntária nos períodos pré-migratórios. Trata-se, portanto, de buscar maneiras mais aceitáveis de conseguir uma esteatose, obtendo um "foie gras ético". Militantes mais engajados ainda manterão sua crítica de fundo quanto ao sacrifício de animais para satisfazer os humanos, mas, até onde a vista alcança, o mundo ainda não está pronto para o vegetarianismo universal. | 7 |
Cidade oca: Em SP, bairros do centro têm menos gente por moradia | Os bairros nobres da cidade de São Paulo passaram por uma espécie de "crescimento oco" entre 2000 e 2010. Nessa década, quase um prédio subiu por dia no centro expandido da capital. Ao mesmo tempo, porém, o número de pessoas por apartamento diminuiu na cidade. A análise feita pelo urbanista Kazuo Nakano, em tese de doutorado aprovada na Unicamp, ganha relevância no momento em que os moradores vão recomeçar a discutir o zoneamento paulistano. Audiências públicas organizadas pela Câmara Municipal começam nesta semana. Depois do Plano Diretor de 2002, que não enfrentou o problema de levar mais gente para o centro expandido de São Paulo, a nova versão da mesma lei aprovada no ano passado tem a proposta de aumentar o número de moradias pelo menos perto dos corredores de ônibus e metrô. "O processo de crescimento reforça a ideia que adensamento e verticalização [mais prédios] são coisas totalmente distintas", afirma Nakano. Editoria de Arte/Folhapress MORADOR ÚNICO A explicação para o fenômeno identificado pela pesquisa passa por três pontos: 1) Maior número de apartamentos com uma só pessoa; 2) Habitações com casais sem filhos; 3) Imóveis vagos, que podem estar fechados apenas no aguardo de valorização. "O nosso termômetro, de quem passa 24 horas vivendo da venda de apartamentos, atesta boa parte desse cenário", diz Marcos Fontes, delegado do Creci-SP (conselho de corretores de imóveis). Segundo ele, na área que engloba bairros como Pompeia, Perdizes e Vila Madalena, por exemplo, boa parte dos apartamentos estão habitados por uma só pessoa ou casais jovens, sem filhos. "São pessoas até os 40 anos de idade aproximadamente, que moram em imóveis de até 70 metros quadrados. Agora, apartamento vago, isso não tem", diz Fontes. Para reforçar o conceito da chamada "cidade oca", o urbanista Nakano utiliza o exemplo emblemático, segundo ele, do distrito da Barra Funda, na zona oeste da capital de São Paulo. A região ganhou 3.198 apartamentos e uma população de 2.680 habitantes nesse período de dez anos. Entretanto, se os 2,4 moradores por apartamento fossem mantidos (taxa de 2010 que representa a relação média dentro de todos os edifícios do distrito), mais 5.037 pessoas morariam no local. "É como se o número de apartamentos lançados pelo mercado imobiliário comportasse uma população muito maior", afirma Nakano. CAPITAL SUSTENTÁVEL Para ele, o poder público poderia intervir mais no sentido de realmente promover o adensamento de toda a cidade, posição também defendida por Rafael Rossi, sócio da Huma Empreendimentos. "É um golaço querer levar mais gente para os centros de transporte público, como está nessa nova política, mas isso deveria ser feito em todas as regiões da cidade", afirma. Muito mais do que estimular as pessoas a morar em apartamentos pequenos, a discussão sobre densidade ideal visa criar parâmetros para uma cidade sustentável. A finalidade é beneficiar uma parcela maior da população com os recursos em infraestrutura disponíveis. Referência internacional, a estudiosa Jane Jacobs (1916-2006) chegou a considerar ideal a densidade habitacional de 430 habitantes por hectare registrada no Village, em Nova York, em 2000. Em São Paulo, no mesmo período, havia 88 moradores em cada hectare de terreno. | cotidiano | Cidade oca: Em SP, bairros do centro têm menos gente por moradiaOs bairros nobres da cidade de São Paulo passaram por uma espécie de "crescimento oco" entre 2000 e 2010. Nessa década, quase um prédio subiu por dia no centro expandido da capital. Ao mesmo tempo, porém, o número de pessoas por apartamento diminuiu na cidade. A análise feita pelo urbanista Kazuo Nakano, em tese de doutorado aprovada na Unicamp, ganha relevância no momento em que os moradores vão recomeçar a discutir o zoneamento paulistano. Audiências públicas organizadas pela Câmara Municipal começam nesta semana. Depois do Plano Diretor de 2002, que não enfrentou o problema de levar mais gente para o centro expandido de São Paulo, a nova versão da mesma lei aprovada no ano passado tem a proposta de aumentar o número de moradias pelo menos perto dos corredores de ônibus e metrô. "O processo de crescimento reforça a ideia que adensamento e verticalização [mais prédios] são coisas totalmente distintas", afirma Nakano. Editoria de Arte/Folhapress MORADOR ÚNICO A explicação para o fenômeno identificado pela pesquisa passa por três pontos: 1) Maior número de apartamentos com uma só pessoa; 2) Habitações com casais sem filhos; 3) Imóveis vagos, que podem estar fechados apenas no aguardo de valorização. "O nosso termômetro, de quem passa 24 horas vivendo da venda de apartamentos, atesta boa parte desse cenário", diz Marcos Fontes, delegado do Creci-SP (conselho de corretores de imóveis). Segundo ele, na área que engloba bairros como Pompeia, Perdizes e Vila Madalena, por exemplo, boa parte dos apartamentos estão habitados por uma só pessoa ou casais jovens, sem filhos. "São pessoas até os 40 anos de idade aproximadamente, que moram em imóveis de até 70 metros quadrados. Agora, apartamento vago, isso não tem", diz Fontes. Para reforçar o conceito da chamada "cidade oca", o urbanista Nakano utiliza o exemplo emblemático, segundo ele, do distrito da Barra Funda, na zona oeste da capital de São Paulo. A região ganhou 3.198 apartamentos e uma população de 2.680 habitantes nesse período de dez anos. Entretanto, se os 2,4 moradores por apartamento fossem mantidos (taxa de 2010 que representa a relação média dentro de todos os edifícios do distrito), mais 5.037 pessoas morariam no local. "É como se o número de apartamentos lançados pelo mercado imobiliário comportasse uma população muito maior", afirma Nakano. CAPITAL SUSTENTÁVEL Para ele, o poder público poderia intervir mais no sentido de realmente promover o adensamento de toda a cidade, posição também defendida por Rafael Rossi, sócio da Huma Empreendimentos. "É um golaço querer levar mais gente para os centros de transporte público, como está nessa nova política, mas isso deveria ser feito em todas as regiões da cidade", afirma. Muito mais do que estimular as pessoas a morar em apartamentos pequenos, a discussão sobre densidade ideal visa criar parâmetros para uma cidade sustentável. A finalidade é beneficiar uma parcela maior da população com os recursos em infraestrutura disponíveis. Referência internacional, a estudiosa Jane Jacobs (1916-2006) chegou a considerar ideal a densidade habitacional de 430 habitantes por hectare registrada no Village, em Nova York, em 2000. Em São Paulo, no mesmo período, havia 88 moradores em cada hectare de terreno. | 5 |
'Rei da libélula', mineiro descreveu 97 espécies e coleciona 35 mil bichos | É um inseto com quatro asas, bota ovos dentro d'água, tem visão extremamente apurada, abdome alongado e aparelho bucal mastigador. Pode ser chamado de lavadeira, lava-bunda, jacinta ou pito, entre outros nomes. Há mais de 800 espécies de libélulas no Brasil, e cerca de 10% delas foram descobertas por um pesquisador: o mineiro Angelo Machado, 81. Ele é médico, professor universitário, pesquisador, escritor e dramaturgo. Mas gosta mesmo de ser zoólogo. A paixão são as libélulas, e 97 delas foram descritas por ele, tanto no Brasil quanto em outros países. É dono de uma coleção com 35 mil espécimes do animal, a segunda maior da América Latina, diz ele, atrás apenas do acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. No ano passado, doou tudo para a UFMG, mas ainda é o responsável por mantê-la. Há 55 espécies nomeadas em sua homenagem, de libélulas (a maior parte), a aranhas, rãs e fungos. "Tem até um pernilongo que leva meu nome [o Culex machadoi]. Como vou matar um mosquito com o mesmo nome que eu? Isso não se faz", diz. Tudo começou na adolescência. "Um dia peguei cinco libélulas na fazenda, e uma tia me disse para procurar um amigo dela, o grande pesquisador Newton Santos, e ele me contaria os nomes", diz. Chegando lá, a decepção: o cientista disse que não revelaria os nomes dos insetos, mas indicou onde o então adolescente Angelo poderia descobri-los, e pediu que voltasse para ver se tinha acertado. "Errei umas, acertei outras, mas a paixão por pesquisar nunca me abandonou." E foi longe para encontrar libélulas inéditas: fez sete viagens longas à floresta amazônica. "Tinha um amigo na FAB (Força Aérea) que arrumava carona para a Amazônia nos aviões. Subi de canoa o rio Tapajós, fui ao interior de Rondônia, Roraima, Amapá, conheci os índios Tirió, Macuxi, Wai Wai. Tudo para procurar bicho", diz ele. Para encontrá-los, procura água, onde esse insetos põem ovos. Quando as libélulas aparecem, ele as captura com uma rede, depois as guarda em envelopes ou vidros com cianeto e leva para seu laboratório, onde vai analisar se são mesmo uma nova espécie. Sua coleção tem desde as pequenas Agriocnenis, com 20 mm, até as grandes Mecistogaster, com 145 mm, cuja velocidade de voo pode chegar aos 80 km/h, diz ele. Este último gênero vive nas matas brasileiras e se alimenta de presas capturadas por aranhas. São as únicas libélulas que voam em marcha-ré, diz Machado, para não se embrenharem pelas teias. As libélulas se alimentam sobretudo de mosquitos, controlando pragas e ajudando até no combate ao Aedes aegypti, que transmite os vírus da dengue e da zika. As ninfas podem demorar de poucos meses até três anos para se desenvolverem, e na fase adulta o inseto costuma viver de quatro a seis meses, de acordo com a espécie. De formação, na verdade, Angelo é médico. "Para a saúde dos doentes, nunca tratei ninguém. E foi não tratando que salvei vidas", brinca. Foi professor no curso de medicina da UFMG entre 1958 e 1986, enquanto mantinha o estudo dos insetos como hobby. Só se tornou entomólogo profissional quando passou a dar aulas no departamento de zoologia da universidade. Deixou as salas de aula em 2005, quando se tornou professor emérito da universidade. "Eu levava meus alunos para o mato, mas nessa idade não dá mais", diz. Hoje, trabalha de forma quase exclusiva na busca de novas espécies, aumentando de forma considerável a lista desde os anos 2000. "Minha função principal é a ciência pura. A taxonomia [classificação de espécies] exige experiência para distinguir o que é mesmo novo, então aproveito que já tô velho e tô sabendo um pouco mais", diz o membro da Academia Brasileira de Ciências. LITERATURA Depois de se tornar professor de zoologia, começou a escrever e não parou desde então. A maior produção foi na literatura infantil. Já publicou 37 livros para crianças e tem outros dois programados para este ano, sempre com a temática ambiental e com foco em divulgar ciência. Com o livro "O Velho da Montanha: uma Aventura Amazônica", de 1992, que ganhou um prêmio Jabuti, o mais importante da área, na categoria infanto-juvenil. Escreveu ainda outros três livros para adultos e nove peças. Ele tem outros escritores de renome na família, como a tia Lúcia Machado de Almeida, cuja principal obra, aliás, teve participação de Angelo. Quando era estudante de medicina, a tia, sabendo de sua predileção por insetos, pediu que indicasse um animal "com um nome capaz de matar uma pessoa". A sugestão deu origem ao livro "O Escaravelho do Diabo". Com toda essa experiência, preserva boa saúde, diz. Há dois anos foi internado com uma pneumonia. No hospital, teve um infarto. "Aproveitei que já estava lá para ter uma parada cardíaca, era mais prático, se não eu teria que voltar depois", brinca. Apesar do susto, logo se recuperou e hoje não tem sequelas. | ciencia | 'Rei da libélula', mineiro descreveu 97 espécies e coleciona 35 mil bichosÉ um inseto com quatro asas, bota ovos dentro d'água, tem visão extremamente apurada, abdome alongado e aparelho bucal mastigador. Pode ser chamado de lavadeira, lava-bunda, jacinta ou pito, entre outros nomes. Há mais de 800 espécies de libélulas no Brasil, e cerca de 10% delas foram descobertas por um pesquisador: o mineiro Angelo Machado, 81. Ele é médico, professor universitário, pesquisador, escritor e dramaturgo. Mas gosta mesmo de ser zoólogo. A paixão são as libélulas, e 97 delas foram descritas por ele, tanto no Brasil quanto em outros países. É dono de uma coleção com 35 mil espécimes do animal, a segunda maior da América Latina, diz ele, atrás apenas do acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. No ano passado, doou tudo para a UFMG, mas ainda é o responsável por mantê-la. Há 55 espécies nomeadas em sua homenagem, de libélulas (a maior parte), a aranhas, rãs e fungos. "Tem até um pernilongo que leva meu nome [o Culex machadoi]. Como vou matar um mosquito com o mesmo nome que eu? Isso não se faz", diz. Tudo começou na adolescência. "Um dia peguei cinco libélulas na fazenda, e uma tia me disse para procurar um amigo dela, o grande pesquisador Newton Santos, e ele me contaria os nomes", diz. Chegando lá, a decepção: o cientista disse que não revelaria os nomes dos insetos, mas indicou onde o então adolescente Angelo poderia descobri-los, e pediu que voltasse para ver se tinha acertado. "Errei umas, acertei outras, mas a paixão por pesquisar nunca me abandonou." E foi longe para encontrar libélulas inéditas: fez sete viagens longas à floresta amazônica. "Tinha um amigo na FAB (Força Aérea) que arrumava carona para a Amazônia nos aviões. Subi de canoa o rio Tapajós, fui ao interior de Rondônia, Roraima, Amapá, conheci os índios Tirió, Macuxi, Wai Wai. Tudo para procurar bicho", diz ele. Para encontrá-los, procura água, onde esse insetos põem ovos. Quando as libélulas aparecem, ele as captura com uma rede, depois as guarda em envelopes ou vidros com cianeto e leva para seu laboratório, onde vai analisar se são mesmo uma nova espécie. Sua coleção tem desde as pequenas Agriocnenis, com 20 mm, até as grandes Mecistogaster, com 145 mm, cuja velocidade de voo pode chegar aos 80 km/h, diz ele. Este último gênero vive nas matas brasileiras e se alimenta de presas capturadas por aranhas. São as únicas libélulas que voam em marcha-ré, diz Machado, para não se embrenharem pelas teias. As libélulas se alimentam sobretudo de mosquitos, controlando pragas e ajudando até no combate ao Aedes aegypti, que transmite os vírus da dengue e da zika. As ninfas podem demorar de poucos meses até três anos para se desenvolverem, e na fase adulta o inseto costuma viver de quatro a seis meses, de acordo com a espécie. De formação, na verdade, Angelo é médico. "Para a saúde dos doentes, nunca tratei ninguém. E foi não tratando que salvei vidas", brinca. Foi professor no curso de medicina da UFMG entre 1958 e 1986, enquanto mantinha o estudo dos insetos como hobby. Só se tornou entomólogo profissional quando passou a dar aulas no departamento de zoologia da universidade. Deixou as salas de aula em 2005, quando se tornou professor emérito da universidade. "Eu levava meus alunos para o mato, mas nessa idade não dá mais", diz. Hoje, trabalha de forma quase exclusiva na busca de novas espécies, aumentando de forma considerável a lista desde os anos 2000. "Minha função principal é a ciência pura. A taxonomia [classificação de espécies] exige experiência para distinguir o que é mesmo novo, então aproveito que já tô velho e tô sabendo um pouco mais", diz o membro da Academia Brasileira de Ciências. LITERATURA Depois de se tornar professor de zoologia, começou a escrever e não parou desde então. A maior produção foi na literatura infantil. Já publicou 37 livros para crianças e tem outros dois programados para este ano, sempre com a temática ambiental e com foco em divulgar ciência. Com o livro "O Velho da Montanha: uma Aventura Amazônica", de 1992, que ganhou um prêmio Jabuti, o mais importante da área, na categoria infanto-juvenil. Escreveu ainda outros três livros para adultos e nove peças. Ele tem outros escritores de renome na família, como a tia Lúcia Machado de Almeida, cuja principal obra, aliás, teve participação de Angelo. Quando era estudante de medicina, a tia, sabendo de sua predileção por insetos, pediu que indicasse um animal "com um nome capaz de matar uma pessoa". A sugestão deu origem ao livro "O Escaravelho do Diabo". Com toda essa experiência, preserva boa saúde, diz. Há dois anos foi internado com uma pneumonia. No hospital, teve um infarto. "Aproveitei que já estava lá para ter uma parada cardíaca, era mais prático, se não eu teria que voltar depois", brinca. Apesar do susto, logo se recuperou e hoje não tem sequelas. | 15 |
Leitor questiona se Dilma não tem o mérito de ter permitido a investigação | Com relação à crise política, será que não estamos deixando de fazer as perguntas corretas? Será que, no início da Lava Jato, a presidenta Dilma, com a aprovação popular em alta e todo o apoio que teria de políticos e empresários envolvidos, não teria tido a força de abafar a investigação que já se sabia aonde ia chegar? Será que, como disse o presidente do Itaú (Não há motivos para tirar Dilma do cargo, diz Setubal), ela não tem o grande mérito em ter permitido que a investigação se processasse com liberdade? RICARDO CORRÊA DE ARAÚJO (Recife, PE) * * Dilma disse que não sabe quando vai passar a situação difícil (Dilma afirma que errou na avaliação da economia), mas, no horário da propaganda política, afirmou que a crise era apenas uma passagem. Onde está a verdade? PAULO T. JUVENAL SANTOS (Barretos, SP) * Não acredito que falte experiência parlamentar à presidente Dilma Rousseff como escreveu Elio Gaspari (O olho da crise está no bunker). Ela já governa o país há quatro anos e já deveria ter aprendido pelo menos um pouco nesse período na Presidência. O que faltou sim foi investir na infraestrutura do país quando haviam condições financeiras e não em programas imediatistas de curto prazo –na maioria das vezes pensando apenas na próxima eleição. Reconhecer o erro foi o primeiro passo, agora cortar na própria carne para colocar a casa em ordem é que não será nada fácil. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) * O ex-ministro Delfim Neto, no seu artigo Consequências, foi perfeito no seu diagnóstico ao dizer que os 10% de popularidade que restam para presidente Dilma vem do ONGismo, ou seja, dos movimentos sociais domesticados. Aproveito a oportunidade para lembrar o óbvio: o Brasil precisa ter um presidente. Sendo assim, venho, neste espaço democrático e popular, propor, para 2018, o nome do dr. Delfim para tal. Sem a ilusão de que ele vai solucionar os problemas, pois os problemas não têm solução: só administração. "O trabalho de presidente consiste em ter que decidir entre duas coisas ruins." (J. F. Kennedy). ELNIRO BRANDÃO (Fortaleza, CE) * O leitor Sílvio Natal diz que o PT abusou dos cofres públicos para fazer o "resgate da dívida social" (aspas dele). Era de esperar que os que têm o dinheiro e o poder algum dia se vingassem dos que querem fazer este resgate da dívida (sem aspas, pois esta é real). Esta turma sempre foi do "deixa o bolo crescer para então dividir", como disse (e esquecemos) Delfim Netto. Se não foi derrotando o PT nas urnas, tem que ser no tapetão, como agora se está fazendo. CARLOS BRISOLA MARCONDES (Florianópolis, SC) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Leitor questiona se Dilma não tem o mérito de ter permitido a investigaçãoCom relação à crise política, será que não estamos deixando de fazer as perguntas corretas? Será que, no início da Lava Jato, a presidenta Dilma, com a aprovação popular em alta e todo o apoio que teria de políticos e empresários envolvidos, não teria tido a força de abafar a investigação que já se sabia aonde ia chegar? Será que, como disse o presidente do Itaú (Não há motivos para tirar Dilma do cargo, diz Setubal), ela não tem o grande mérito em ter permitido que a investigação se processasse com liberdade? RICARDO CORRÊA DE ARAÚJO (Recife, PE) * * Dilma disse que não sabe quando vai passar a situação difícil (Dilma afirma que errou na avaliação da economia), mas, no horário da propaganda política, afirmou que a crise era apenas uma passagem. Onde está a verdade? PAULO T. JUVENAL SANTOS (Barretos, SP) * Não acredito que falte experiência parlamentar à presidente Dilma Rousseff como escreveu Elio Gaspari (O olho da crise está no bunker). Ela já governa o país há quatro anos e já deveria ter aprendido pelo menos um pouco nesse período na Presidência. O que faltou sim foi investir na infraestrutura do país quando haviam condições financeiras e não em programas imediatistas de curto prazo –na maioria das vezes pensando apenas na próxima eleição. Reconhecer o erro foi o primeiro passo, agora cortar na própria carne para colocar a casa em ordem é que não será nada fácil. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) * O ex-ministro Delfim Neto, no seu artigo Consequências, foi perfeito no seu diagnóstico ao dizer que os 10% de popularidade que restam para presidente Dilma vem do ONGismo, ou seja, dos movimentos sociais domesticados. Aproveito a oportunidade para lembrar o óbvio: o Brasil precisa ter um presidente. Sendo assim, venho, neste espaço democrático e popular, propor, para 2018, o nome do dr. Delfim para tal. Sem a ilusão de que ele vai solucionar os problemas, pois os problemas não têm solução: só administração. "O trabalho de presidente consiste em ter que decidir entre duas coisas ruins." (J. F. Kennedy). ELNIRO BRANDÃO (Fortaleza, CE) * O leitor Sílvio Natal diz que o PT abusou dos cofres públicos para fazer o "resgate da dívida social" (aspas dele). Era de esperar que os que têm o dinheiro e o poder algum dia se vingassem dos que querem fazer este resgate da dívida (sem aspas, pois esta é real). Esta turma sempre foi do "deixa o bolo crescer para então dividir", como disse (e esquecemos) Delfim Netto. Se não foi derrotando o PT nas urnas, tem que ser no tapetão, como agora se está fazendo. CARLOS BRISOLA MARCONDES (Florianópolis, SC) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
Projeto dará nota para reportagens da área da saúde | As reportagens sobre novos tratamentos poderiam informar melhor o leitor. É partindo dessa premissa que um grupo de pesquisadores da área de farmacoeconomia da UFMG lançará nas próximas semanas o projeto Media Doctor Brasil, que vai monitorar e avaliar notícias da área de saúde, inicialmente, de nove veículos, entre eles a Folha. Os outros são os jornais "O Globo" e "Estado de Minas", as revistas "Veja", "IstoÉ" e "Época" e os portais G1, Yahoo e UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha. A iniciativa tem como modelo projetos similares (muitos também com o nome de Media Doctor) em países como Japão, EUA e Austrália. Segundo Augusto Guerra, do Ccates (Centro Colaborador do SUS/Avaliação de Tecnologias e Excelência em Saúde) e um dos idealizadores da iniciativa, os pesquisadores não avaliarão o tom ou o conteúdo crítico de uma notícia, mas, sim, se o texto apresenta o contexto em que se inserem as novidades, as opções disponíveis no Brasil, as fontes da informação e o contraditório, para citar alguns exemplos. A nota final das reportagens será dada em estrelas –cinco, no máximo. O projeto priorizará a avaliação de textos sobre novos tratamentos para humanos, incluindo novas drogas, vacinas e cirurgias. "A gente vê a mídia em geral aflita por novas matérias, mas ela não investe a dedicação necessária e acaba divulgando as notícias de uma maneira indesejável", diz. Um dos problemas frequentes, segundo os pesquisadores, é uma frequente parcialidade dos textos sobre novos tratamentos trazidos pela indústria farmacêutica. Isso é resultado de um maciço investimento em marketing, afirma o professor Francisco Acurcio. "Os autores dos estudos quase nunca publicam tudo o que sabem, e as novas drogas não são necessariamente mais eficazes e seguras, mas certamente serão mais caras que as atuais." O jornalista GABRIEL ALVES viajou a convite do Ccates/UFMG | equilibrioesaude | Projeto dará nota para reportagens da área da saúdeAs reportagens sobre novos tratamentos poderiam informar melhor o leitor. É partindo dessa premissa que um grupo de pesquisadores da área de farmacoeconomia da UFMG lançará nas próximas semanas o projeto Media Doctor Brasil, que vai monitorar e avaliar notícias da área de saúde, inicialmente, de nove veículos, entre eles a Folha. Os outros são os jornais "O Globo" e "Estado de Minas", as revistas "Veja", "IstoÉ" e "Época" e os portais G1, Yahoo e UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha. A iniciativa tem como modelo projetos similares (muitos também com o nome de Media Doctor) em países como Japão, EUA e Austrália. Segundo Augusto Guerra, do Ccates (Centro Colaborador do SUS/Avaliação de Tecnologias e Excelência em Saúde) e um dos idealizadores da iniciativa, os pesquisadores não avaliarão o tom ou o conteúdo crítico de uma notícia, mas, sim, se o texto apresenta o contexto em que se inserem as novidades, as opções disponíveis no Brasil, as fontes da informação e o contraditório, para citar alguns exemplos. A nota final das reportagens será dada em estrelas –cinco, no máximo. O projeto priorizará a avaliação de textos sobre novos tratamentos para humanos, incluindo novas drogas, vacinas e cirurgias. "A gente vê a mídia em geral aflita por novas matérias, mas ela não investe a dedicação necessária e acaba divulgando as notícias de uma maneira indesejável", diz. Um dos problemas frequentes, segundo os pesquisadores, é uma frequente parcialidade dos textos sobre novos tratamentos trazidos pela indústria farmacêutica. Isso é resultado de um maciço investimento em marketing, afirma o professor Francisco Acurcio. "Os autores dos estudos quase nunca publicam tudo o que sabem, e as novas drogas não são necessariamente mais eficazes e seguras, mas certamente serão mais caras que as atuais." O jornalista GABRIEL ALVES viajou a convite do Ccates/UFMG | 16 |
Mostra de Teatro de SP começa 2ª edição maior e tentando resolver filas | A segunda edição da MITsp (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo) começa nesta sexta (6) com a intenção, por parte dos organizadores, de sanar o problema das longas filas da edição passada. Em 2014, o festival recebeu 14 mil pessoas. Neste ano, espera 16 mil. O que pode ser visto como sucesso, contudo, foi também seu ponto fraco e objeto das maiores críticas. MITsp No ano passado, com todos os ingressos gratuitos, houve quem esperasse até dez horas para pegar o bilhete (distribuído uma hora antes de cada sessão) e muitos não conseguiram entrar. Agora, as medidas para evitar o problema foram cobrar ingressos para a maioria das sessões, mesmo que a preços populares (R$ 20), e vendê-los antecipadamente na internet. Mas várias atrações já estão esgotadas. Outra novidade é o maior número de apresentações e endereços. As peças terão de três a cinco sessões em dez espaços (veja mapa abaixo). O crescimento da mostra, segundo seu diretor artístico, Antonio Araújo, foi mais qualitativo que quantitativo. "A ideia não é ter 'trocentos' espetáculos. Tentamos montar a grade para que quem quiser acompanhar a mostra do início ao fim possa ver tudo." Ainda assim, o número de peças aumentou menos do que a expectativa da organização, subindo de dez para 12. "Queríamos chegar a 15, mas, com a crise econômica e cambial, tivemos que lidar com a verba no limite", diz Araújo. TEMAS CONCRETOS A MITsp começou em 2014 com a proposta de resgatar festivais do passado paulistano, em especial aquele promovido pela atriz Ruth Escobar entre 1974 e 1999. O Festival Internacional de Teatro de Ruth apostava em montagens bastante experimentais e influenciou artistas do calibre do diretor Antunes Filho. "O modelo de festivais tem sido questionado, mas o sucesso [da primeira MITsp] mostrou que ele cumpre uma função. É um espaço de concentração, 'cria faísca' para a criação teatral", diz Araújo. Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Rudifran Pompeu, além de proporcionar uma movimentação cultural importante, a mostra vem ocupar um espaço de reflexão e de intercâmbio entre as produções nacionais e estrangeiras. "Acho ela que renova um pouco a cena [teatral], até para fazermos uma crítica [do que se produz aqui e lá fora]." Na opinião do diretor Zé Celso Martinez Corrêa, o festival trata de "assuntos concretos de uma forma nova. São temas que interessam, coisas que estão pulsando". A curadoria desta edição se concentra em três eixos temáticos. O primeiro, que abrange zonas de conflito, é explicitado no israelense "Arquivo", de Arkadi Zaides, que usa filmagens de palestinos na Cisjordânia ocupada por judeus. E no russo "Opus nº 7", de Dmitry Krymov, sobre a perseguição de judeus soviéticos no regime de Stálin. A segunda vertente é a adaptação, bem contemporânea, de textos clássicos, caso de "A Gaivota", do russo Yuri Butusov, baseado na obra de Anton Tchékhov (1860-1904). Já o grupo alemão Schaubühne traz "Senhorita Julia", inspirado no texto de August Strindberg (1849-1912). A peça também esbarra no último eixo da MITsp: a aproximação entre teatro e cinema. O encontro entre as áreas é um dos elementos principais de "E se Elas Fossem para Moscou?" e "Julia", de Christiane Jatahy, as únicas montagens brasileiras na programação. Colaborou Nelson de Sá, de São Paulo | ilustrada | Mostra de Teatro de SP começa 2ª edição maior e tentando resolver filasA segunda edição da MITsp (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo) começa nesta sexta (6) com a intenção, por parte dos organizadores, de sanar o problema das longas filas da edição passada. Em 2014, o festival recebeu 14 mil pessoas. Neste ano, espera 16 mil. O que pode ser visto como sucesso, contudo, foi também seu ponto fraco e objeto das maiores críticas. MITsp No ano passado, com todos os ingressos gratuitos, houve quem esperasse até dez horas para pegar o bilhete (distribuído uma hora antes de cada sessão) e muitos não conseguiram entrar. Agora, as medidas para evitar o problema foram cobrar ingressos para a maioria das sessões, mesmo que a preços populares (R$ 20), e vendê-los antecipadamente na internet. Mas várias atrações já estão esgotadas. Outra novidade é o maior número de apresentações e endereços. As peças terão de três a cinco sessões em dez espaços (veja mapa abaixo). O crescimento da mostra, segundo seu diretor artístico, Antonio Araújo, foi mais qualitativo que quantitativo. "A ideia não é ter 'trocentos' espetáculos. Tentamos montar a grade para que quem quiser acompanhar a mostra do início ao fim possa ver tudo." Ainda assim, o número de peças aumentou menos do que a expectativa da organização, subindo de dez para 12. "Queríamos chegar a 15, mas, com a crise econômica e cambial, tivemos que lidar com a verba no limite", diz Araújo. TEMAS CONCRETOS A MITsp começou em 2014 com a proposta de resgatar festivais do passado paulistano, em especial aquele promovido pela atriz Ruth Escobar entre 1974 e 1999. O Festival Internacional de Teatro de Ruth apostava em montagens bastante experimentais e influenciou artistas do calibre do diretor Antunes Filho. "O modelo de festivais tem sido questionado, mas o sucesso [da primeira MITsp] mostrou que ele cumpre uma função. É um espaço de concentração, 'cria faísca' para a criação teatral", diz Araújo. Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Rudifran Pompeu, além de proporcionar uma movimentação cultural importante, a mostra vem ocupar um espaço de reflexão e de intercâmbio entre as produções nacionais e estrangeiras. "Acho ela que renova um pouco a cena [teatral], até para fazermos uma crítica [do que se produz aqui e lá fora]." Na opinião do diretor Zé Celso Martinez Corrêa, o festival trata de "assuntos concretos de uma forma nova. São temas que interessam, coisas que estão pulsando". A curadoria desta edição se concentra em três eixos temáticos. O primeiro, que abrange zonas de conflito, é explicitado no israelense "Arquivo", de Arkadi Zaides, que usa filmagens de palestinos na Cisjordânia ocupada por judeus. E no russo "Opus nº 7", de Dmitry Krymov, sobre a perseguição de judeus soviéticos no regime de Stálin. A segunda vertente é a adaptação, bem contemporânea, de textos clássicos, caso de "A Gaivota", do russo Yuri Butusov, baseado na obra de Anton Tchékhov (1860-1904). Já o grupo alemão Schaubühne traz "Senhorita Julia", inspirado no texto de August Strindberg (1849-1912). A peça também esbarra no último eixo da MITsp: a aproximação entre teatro e cinema. O encontro entre as áreas é um dos elementos principais de "E se Elas Fossem para Moscou?" e "Julia", de Christiane Jatahy, as únicas montagens brasileiras na programação. Colaborou Nelson de Sá, de São Paulo | 6 |
Se os anos 70 foram de David Bowie, os 80 foram de Prince | Com as mortes de David Bowie e Prince, a música pop perdeu dois de seus artistas mais talentosos e transgressores. É simbólico que esses dois gênios tenham nos deixado em um intervalo tão curto: apesar das diferenças de geração e origem, havia semelhanças entre suas obras musicalmente ecléticas, sexualmente explícitas e ambíguas e na obsessão que demonstraram em construir suas carreiras de forma livre e independente. Se os anos 1970 foram de Bowie, os 80 foram de Prince. Claro que Michael Jackson e Madonna venderam mais discos, mas os dez LPs que Prince lançou entre 1978 e 1988, incluindo "1999" (1982), "Purple Rain" (1984) e "Sign o' the Times" (1987) formam uma sequência imbatível no período. A palavra "gênio" é usada sem muita parcimônia hoje em dia, mas é difícil não aplicá-la a Prince. Segundo relatos, aos 13 anos de idade já era um músico extraordinário. Aos 20, quando gravou o primeiro LP, "For You" (1978), tocou todos os 27 instrumentos presentes no disco. Aliás, gravou praticamente sozinho suas primeiras cinco obras. Seu gosto era eclético, e seu trabalho sempre refletiu a abrangência de estilos que ouvia em casa, tendo pais músicos. Em quase 40 anos de carreira, Prince criou discos que misturavam soul, funk, rock, blues, hip-hop, psicodelia, hard rock e tecnopop. Ele cantava como Michael Jackson, seduzia como Mick Jagger, se mexia no palco como James Brown e tocava guitarra como Jimi Hendrix. E ninguém, além dele, fez tudo isso de uma vez. Sua excentricidade era tão marcante quanto seu talento. Em 1992, assinou um contrato de US$ 100 milhões com a Warner, só para se dizer "escravizado" pela gravadora e aparecer em público com a palavra "slave" (escravo) escrita no rosto; mudou de nome, escolhendo como nome artístico um símbolo; despediu um instrumentista por olhar para o relógio durante um ensaio, e mantinha músicos em disponibilidade ininterrupta para o caso de ter uma inspiração no meio da madrugada e precisar correr para o estúdio. ENTREVISTA Prince dava pouquíssimas entrevistas e, quando dava, eram sempre um acontecimento. Entrevistei-o uma vez, em meados dos anos 1990, época em que ele havia virado testemunha de Jeová e passava por uma fase de paranoia aguda, com mania de perseguição e fobia de aparecer em público. A entrevista mais pareceu um encontro secreto com um espião da KGB: um carro me pegou em uma esquina de Nova York e rumou para um prédio, cujo endereço não tinha sido informado. Lá, uma assessora passou uma série de regras que deveriam ser seguidas à risca, sob pena de cancelarem a entrevista. Eu deveria chamá-lo de "O Artista", não poderia levar gravador e bloco de anotações e não poderia apertar sua mão ("Só aperte a mão dele se ele apertar a sua primeiro"). A assessora avisou que "O Artista", se não gostasse de determinada pergunta, simplesmente iria embora. "O Artista" apareceu vestido de verde e com sapatos pontiagudos, como um duende. Mas o papo foi estranhamente normal: falou do disco que divulgava, criticou as gravadoras e disse que não gostava de praticar instrumentos porque "atrapalhava sua inspiração". | ilustrada | Se os anos 70 foram de David Bowie, os 80 foram de PrinceCom as mortes de David Bowie e Prince, a música pop perdeu dois de seus artistas mais talentosos e transgressores. É simbólico que esses dois gênios tenham nos deixado em um intervalo tão curto: apesar das diferenças de geração e origem, havia semelhanças entre suas obras musicalmente ecléticas, sexualmente explícitas e ambíguas e na obsessão que demonstraram em construir suas carreiras de forma livre e independente. Se os anos 1970 foram de Bowie, os 80 foram de Prince. Claro que Michael Jackson e Madonna venderam mais discos, mas os dez LPs que Prince lançou entre 1978 e 1988, incluindo "1999" (1982), "Purple Rain" (1984) e "Sign o' the Times" (1987) formam uma sequência imbatível no período. A palavra "gênio" é usada sem muita parcimônia hoje em dia, mas é difícil não aplicá-la a Prince. Segundo relatos, aos 13 anos de idade já era um músico extraordinário. Aos 20, quando gravou o primeiro LP, "For You" (1978), tocou todos os 27 instrumentos presentes no disco. Aliás, gravou praticamente sozinho suas primeiras cinco obras. Seu gosto era eclético, e seu trabalho sempre refletiu a abrangência de estilos que ouvia em casa, tendo pais músicos. Em quase 40 anos de carreira, Prince criou discos que misturavam soul, funk, rock, blues, hip-hop, psicodelia, hard rock e tecnopop. Ele cantava como Michael Jackson, seduzia como Mick Jagger, se mexia no palco como James Brown e tocava guitarra como Jimi Hendrix. E ninguém, além dele, fez tudo isso de uma vez. Sua excentricidade era tão marcante quanto seu talento. Em 1992, assinou um contrato de US$ 100 milhões com a Warner, só para se dizer "escravizado" pela gravadora e aparecer em público com a palavra "slave" (escravo) escrita no rosto; mudou de nome, escolhendo como nome artístico um símbolo; despediu um instrumentista por olhar para o relógio durante um ensaio, e mantinha músicos em disponibilidade ininterrupta para o caso de ter uma inspiração no meio da madrugada e precisar correr para o estúdio. ENTREVISTA Prince dava pouquíssimas entrevistas e, quando dava, eram sempre um acontecimento. Entrevistei-o uma vez, em meados dos anos 1990, época em que ele havia virado testemunha de Jeová e passava por uma fase de paranoia aguda, com mania de perseguição e fobia de aparecer em público. A entrevista mais pareceu um encontro secreto com um espião da KGB: um carro me pegou em uma esquina de Nova York e rumou para um prédio, cujo endereço não tinha sido informado. Lá, uma assessora passou uma série de regras que deveriam ser seguidas à risca, sob pena de cancelarem a entrevista. Eu deveria chamá-lo de "O Artista", não poderia levar gravador e bloco de anotações e não poderia apertar sua mão ("Só aperte a mão dele se ele apertar a sua primeiro"). A assessora avisou que "O Artista", se não gostasse de determinada pergunta, simplesmente iria embora. "O Artista" apareceu vestido de verde e com sapatos pontiagudos, como um duende. Mas o papo foi estranhamente normal: falou do disco que divulgava, criticou as gravadoras e disse que não gostava de praticar instrumentos porque "atrapalhava sua inspiração". | 6 |
Crise econômica e repressão fazem venezuelanos buscar solo uruguaio | "Quando saímos do consulado em Caracas com os papéis, meu marido e eu nos abraçamos no elevador. No térreo, tinha uma estátua do Artigas, que eu nem sabia quem era [o prócer da independência uruguaia]. Eu disse: vou aprender tudo sobre você para agradecê-lo", conta a venezuelana Maria Eugenia Contreras, 32. Advogada e mãe de dois filhos, Contreras diz que a decisão de ir para o Uruguai foi planejada por dois anos, quando o governo de Nicolás Maduro começou a endurecer mais, e a escassez de alimentos chegou aos bairros de classe média alta. A escolha do Uruguai veio depois de descartar países vizinhos que o casal considerava instáveis. "Ainda não sabemos se a paz na Colômbia é para valer; no Equador, estava Rafael Correa, bem ou mal um aliado do chavismo; e no Brasil tem o problema do idioma. Mas o que definiu mesmo foi a facilidade de obter visto de residência no Uruguai a partir de Caracas." Nem tudo, porém, foi fácil. O marido foi primeiro, e ela, justo no dia em que cruzaria a pé a fronteira com a Colômbia (de onde pegaria um voo até São Paulo e depois a Montevidéu), com os dois filhos, recebeu a notícia de que a passagem fora fechada. Hoje, o casal está empregado e vive no bairro de classe média alta de Pocitos. "Diminuímos nosso padrão de vida, mas não muito. E meus filhos têm uma ótima educação. Esse foi outro ponto que contou, quando vimos os níveis de escolaridade do país." ESTUDANTES Já Gregory Chirinos, 25, e Jesus Guillén, 23, contam uma história mais dramática. Ambos filhos de famílias de classe média, estudavam na Universidad de los Andes, em Táchira, um dos locais onde a violência da repressão de Maduro aos protestos de 2014 foi mais intensa. "Acordávamos sempre com a notícia de que alguém tinha sido preso ou encontrado morto", diz Chirinos. Primeiro, eles pediram vistos para os EUA e o Canadá, mas não foram concedidos. Depois, começaram a olhar para o Sul. "O Uruguai nos dava condições muito boas, especialmente a de terminarmos nossos estudos universitários." Hoje, Chirinos está terminando o curso de ciências sociais, e Guillén, o de administração. Só de solicitações pendentes, a chancelaria uruguaia afirma ter 6.000 de venezuelanos. Internamente, a recusa do Estado de conceder residência a cidadãos da Venezuela tem levantado críticas da oposição. | mundo | Crise econômica e repressão fazem venezuelanos buscar solo uruguaio"Quando saímos do consulado em Caracas com os papéis, meu marido e eu nos abraçamos no elevador. No térreo, tinha uma estátua do Artigas, que eu nem sabia quem era [o prócer da independência uruguaia]. Eu disse: vou aprender tudo sobre você para agradecê-lo", conta a venezuelana Maria Eugenia Contreras, 32. Advogada e mãe de dois filhos, Contreras diz que a decisão de ir para o Uruguai foi planejada por dois anos, quando o governo de Nicolás Maduro começou a endurecer mais, e a escassez de alimentos chegou aos bairros de classe média alta. A escolha do Uruguai veio depois de descartar países vizinhos que o casal considerava instáveis. "Ainda não sabemos se a paz na Colômbia é para valer; no Equador, estava Rafael Correa, bem ou mal um aliado do chavismo; e no Brasil tem o problema do idioma. Mas o que definiu mesmo foi a facilidade de obter visto de residência no Uruguai a partir de Caracas." Nem tudo, porém, foi fácil. O marido foi primeiro, e ela, justo no dia em que cruzaria a pé a fronteira com a Colômbia (de onde pegaria um voo até São Paulo e depois a Montevidéu), com os dois filhos, recebeu a notícia de que a passagem fora fechada. Hoje, o casal está empregado e vive no bairro de classe média alta de Pocitos. "Diminuímos nosso padrão de vida, mas não muito. E meus filhos têm uma ótima educação. Esse foi outro ponto que contou, quando vimos os níveis de escolaridade do país." ESTUDANTES Já Gregory Chirinos, 25, e Jesus Guillén, 23, contam uma história mais dramática. Ambos filhos de famílias de classe média, estudavam na Universidad de los Andes, em Táchira, um dos locais onde a violência da repressão de Maduro aos protestos de 2014 foi mais intensa. "Acordávamos sempre com a notícia de que alguém tinha sido preso ou encontrado morto", diz Chirinos. Primeiro, eles pediram vistos para os EUA e o Canadá, mas não foram concedidos. Depois, começaram a olhar para o Sul. "O Uruguai nos dava condições muito boas, especialmente a de terminarmos nossos estudos universitários." Hoje, Chirinos está terminando o curso de ciências sociais, e Guillén, o de administração. Só de solicitações pendentes, a chancelaria uruguaia afirma ter 6.000 de venezuelanos. Internamente, a recusa do Estado de conceder residência a cidadãos da Venezuela tem levantado críticas da oposição. | 4 |
Hora de se entusiasmar com os piores jargões corporativos | O ano passado foi excelente para o prêmio "Flanela de Ouro". Sei que digo isso todos os anos, mas 2015 quebrou todos os recordes de ofuscação, eufemismo e feiura. Filtrando os disparates —dos quais muitos chegaram por meio do site novo do "Financial Times", o Guffipedia— em busca de vencedores dignos para o "Flanela", o que se destacou foi o número de registros que ofendem não somente os olhos e os ouvidos, mas também fazem mal ao corpo. Então, decidi adicionar uma nova categoria —o "Sick Bucket Gong" [gongada da náusea], para a qual a lista é ao mesmo tempo forte e revoltante. Houve o "suar mais a sua pegada" ("sweat the footprint"), que traz o temor de pé de atleta. Houve um banqueiro que estava "grávido do acordo" ("pregnant with the deal"). Houve o "teste da referência" ("bench testing") e o "grude de vendedor" ("merchant stickiness"). Mas o vencedor foi, de longe, o "sobrecarga do executivo" ("executive brownout"), expressão que chegou a nós pela "Harvard Business Review". Um dos prêmios mais aguardados de todos os anos é o "Obfuscation Champion Chief" [Campeonato do Chefe da Ofuscação]. Estou desconfortavelmente ciente de que prometi entregá-lo para o veterano em disparates Tim Armstrong, por causa do seu novo verbo "to game-change" [algo como virar o jogo], mas espero que o chefe AOL me perdoe por mudar de ideia. No ano passado, dois CEOs sucessivos de Twitter perverteram a clareza e a concisão que seu site supostamente promove. Dick Costolo amontoou em uma só frase interminável "iterar" ("iterate"), "experiência desconectada" ("log out experience"), "curadoria" ("curate"), "momentos" ("moments"), "plataforma" ("platform") e "entregar" ("deliver"). Em seguida, ele renunciou e foi substituído por Jack Dorsey, que prometeu falar honesta e objetivamente em um e-mail apenas para polvilhá-lo com expressões como "ir em frente" ("moving forwards"), "planos" ("roadmaps"), e "reinvistir nossas prioridades mais impactantes" ("reinvest our most impactful priorities"). No entanto, até mesmo os esforços da dupla do Twitter são débeis em comparação com um diretor de RH, anônimo, que alertou os gestores presentes em uma reunião fora do local de trabalho a "estarem cientes da ótica de sua marca pessoal" ("be cognizant of the optics of your personal brand"). Ele é o campeão de ofuscação deste ano. Dorsey quase ganhou um prêmio de consolação pelo o melhor eufemismo para demitir pessoas ("trilhar rotas distintas" ["part ways"]), mas esse vai para o chefe de RH de um grupo grande de petróleo que anunciou planos de "ventilar" ("to ventilate") funcionários de performance abaixo do esperado. Isso sugere que as pessoas são como ar viciado e que, se você abrir a janela, vão voar. O Prêmio Nerb —dado a substantivos que fingem ser verbos— teve um ano abundante, com alguns deslumbrantes vice-campeões: to effort [esforçar-se], to town hall ["burocracizar"] e to future ["futurear"]. Qualquer um teria sido digno de vencer; no entanto, todos foram varridos por "to language" ["linguar"]. Um leitor ouviu um colega dizendo: "Deve haver uma maneira melhor de dizer isso". Ele está certo. Tem que ter. A Copa da Comunicação —cujo prêmio é dado à pior maneira de se descrever uma reunião— tem uma lista impressionante: "diarising" "visitations" [visitações "diarizadas"]; "co-creating conversations" [conversas cocriativas] e (a favorita) to front-face [encarar de frente]. No entanto, o vencedor é "reunião telefônica bilateral" ("bilateral telephonic meeting"), o que revela a triste verdade que teleconferência virou de tal forma a regra que uma conversa entre duas pessoas precisa de um termo especial para ser descrita. O Prêmio Metáfora Misturada vai para Rick Hamada, CEO da Avnet, que disse: "Conseguir mais um sucesso em serviços, na verdade, é pensar em múltiplas raias de oportunidade em torno do negócio". Cada uma dessas metáforas virou moda, e ele tem nos presenteado com elas, "na verdade", para nada. De fato, merece o prêmio. Muitos títulos me foram enviados em 2015. Gostei do Diretora Catalisadora de Manifesto, que trabalha na Danone. No entanto, o vencedor maior é a McKinsey, que chama alguns consultores de "Master Experts", uma tautologia, sem dúvida, um estratagema para amolecer o cliente como um prelúdio para cobrar o dobro. Agora vem a palavra que resume o ano de 2015. Primeiro, pense em "viagem". No "FT", estávamos em uma "viagem de eficácia" até que nossos antigos proprietários, a Pearson, acabaram com ela nos punindo. Enquanto isso, no aeroporto de Stansted (onde começam viagens reais) o departamento de reclamações de clientes disse que a "viagem ao cliente é uma transição suave, intuitiva durante toda a viagem dos passageiros", adicionando que "nossa equipe de atendimento ao cliente oferece agora uma equipe de embaixadores proporcionando uma presença humana". Ao ler isso mudei de opinião. A palavra do ano não é "viagem". É "humano/a". Howard Schultz, da Starbucks, um excelente vendedor de disparates, fala de uma forma esplêndida: "A inovação é a força que vai continuar a conduzir nossos negócios e nos permitirá expandir e aumentar receitas e lucros —sempre através de um olhar de humanidade." Para o futuro, vou fazer uma previsão para o maior disparate de 2016. Eu o encontrei no memorando de Larry Page da Alphabet, no qual, depois de professar cinco vezes estar "entusiasmado" e "superentusiasmado", ele diz: "Estamos muito entusiasmados em relação ao crescimento de nosso braço de investimento." Espero que vocês estejam preparados para 2016. Vocês vão ficar entusiasmados, gostem ou não. Tradução de MARIA PAULA AUTRAN | colunas | Hora de se entusiasmar com os piores jargões corporativosO ano passado foi excelente para o prêmio "Flanela de Ouro". Sei que digo isso todos os anos, mas 2015 quebrou todos os recordes de ofuscação, eufemismo e feiura. Filtrando os disparates —dos quais muitos chegaram por meio do site novo do "Financial Times", o Guffipedia— em busca de vencedores dignos para o "Flanela", o que se destacou foi o número de registros que ofendem não somente os olhos e os ouvidos, mas também fazem mal ao corpo. Então, decidi adicionar uma nova categoria —o "Sick Bucket Gong" [gongada da náusea], para a qual a lista é ao mesmo tempo forte e revoltante. Houve o "suar mais a sua pegada" ("sweat the footprint"), que traz o temor de pé de atleta. Houve um banqueiro que estava "grávido do acordo" ("pregnant with the deal"). Houve o "teste da referência" ("bench testing") e o "grude de vendedor" ("merchant stickiness"). Mas o vencedor foi, de longe, o "sobrecarga do executivo" ("executive brownout"), expressão que chegou a nós pela "Harvard Business Review". Um dos prêmios mais aguardados de todos os anos é o "Obfuscation Champion Chief" [Campeonato do Chefe da Ofuscação]. Estou desconfortavelmente ciente de que prometi entregá-lo para o veterano em disparates Tim Armstrong, por causa do seu novo verbo "to game-change" [algo como virar o jogo], mas espero que o chefe AOL me perdoe por mudar de ideia. No ano passado, dois CEOs sucessivos de Twitter perverteram a clareza e a concisão que seu site supostamente promove. Dick Costolo amontoou em uma só frase interminável "iterar" ("iterate"), "experiência desconectada" ("log out experience"), "curadoria" ("curate"), "momentos" ("moments"), "plataforma" ("platform") e "entregar" ("deliver"). Em seguida, ele renunciou e foi substituído por Jack Dorsey, que prometeu falar honesta e objetivamente em um e-mail apenas para polvilhá-lo com expressões como "ir em frente" ("moving forwards"), "planos" ("roadmaps"), e "reinvistir nossas prioridades mais impactantes" ("reinvest our most impactful priorities"). No entanto, até mesmo os esforços da dupla do Twitter são débeis em comparação com um diretor de RH, anônimo, que alertou os gestores presentes em uma reunião fora do local de trabalho a "estarem cientes da ótica de sua marca pessoal" ("be cognizant of the optics of your personal brand"). Ele é o campeão de ofuscação deste ano. Dorsey quase ganhou um prêmio de consolação pelo o melhor eufemismo para demitir pessoas ("trilhar rotas distintas" ["part ways"]), mas esse vai para o chefe de RH de um grupo grande de petróleo que anunciou planos de "ventilar" ("to ventilate") funcionários de performance abaixo do esperado. Isso sugere que as pessoas são como ar viciado e que, se você abrir a janela, vão voar. O Prêmio Nerb —dado a substantivos que fingem ser verbos— teve um ano abundante, com alguns deslumbrantes vice-campeões: to effort [esforçar-se], to town hall ["burocracizar"] e to future ["futurear"]. Qualquer um teria sido digno de vencer; no entanto, todos foram varridos por "to language" ["linguar"]. Um leitor ouviu um colega dizendo: "Deve haver uma maneira melhor de dizer isso". Ele está certo. Tem que ter. A Copa da Comunicação —cujo prêmio é dado à pior maneira de se descrever uma reunião— tem uma lista impressionante: "diarising" "visitations" [visitações "diarizadas"]; "co-creating conversations" [conversas cocriativas] e (a favorita) to front-face [encarar de frente]. No entanto, o vencedor é "reunião telefônica bilateral" ("bilateral telephonic meeting"), o que revela a triste verdade que teleconferência virou de tal forma a regra que uma conversa entre duas pessoas precisa de um termo especial para ser descrita. O Prêmio Metáfora Misturada vai para Rick Hamada, CEO da Avnet, que disse: "Conseguir mais um sucesso em serviços, na verdade, é pensar em múltiplas raias de oportunidade em torno do negócio". Cada uma dessas metáforas virou moda, e ele tem nos presenteado com elas, "na verdade", para nada. De fato, merece o prêmio. Muitos títulos me foram enviados em 2015. Gostei do Diretora Catalisadora de Manifesto, que trabalha na Danone. No entanto, o vencedor maior é a McKinsey, que chama alguns consultores de "Master Experts", uma tautologia, sem dúvida, um estratagema para amolecer o cliente como um prelúdio para cobrar o dobro. Agora vem a palavra que resume o ano de 2015. Primeiro, pense em "viagem". No "FT", estávamos em uma "viagem de eficácia" até que nossos antigos proprietários, a Pearson, acabaram com ela nos punindo. Enquanto isso, no aeroporto de Stansted (onde começam viagens reais) o departamento de reclamações de clientes disse que a "viagem ao cliente é uma transição suave, intuitiva durante toda a viagem dos passageiros", adicionando que "nossa equipe de atendimento ao cliente oferece agora uma equipe de embaixadores proporcionando uma presença humana". Ao ler isso mudei de opinião. A palavra do ano não é "viagem". É "humano/a". Howard Schultz, da Starbucks, um excelente vendedor de disparates, fala de uma forma esplêndida: "A inovação é a força que vai continuar a conduzir nossos negócios e nos permitirá expandir e aumentar receitas e lucros —sempre através de um olhar de humanidade." Para o futuro, vou fazer uma previsão para o maior disparate de 2016. Eu o encontrei no memorando de Larry Page da Alphabet, no qual, depois de professar cinco vezes estar "entusiasmado" e "superentusiasmado", ele diz: "Estamos muito entusiasmados em relação ao crescimento de nosso braço de investimento." Espero que vocês estejam preparados para 2016. Vocês vão ficar entusiasmados, gostem ou não. Tradução de MARIA PAULA AUTRAN | 1 |
Feriado de 7 de Setembro registra 92 mortes em estradas federais | Nos quatro dias da Operação Independência, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), 92 pessoas morreram em acidentes nas estradas federais, de acordo com balanço divulgado nesta terça (8). 69.548 veículos foram flagrados pelos radares fixos e portáteis com velocidade acima da permitida. O alto índice de registros, segundo a corporação, demonstra necessidade de mudança de comportamento por parte dos motoristas. Mais de 129 mil veículos foram fiscalizados entre os dias 4 e 7 de setembro. A PRF fez 38.912 testes de bafômetro. No período, 1.056 pessoas foram impedidas de dirigir por estarem sob efeito de álcool e 151 foram presas por embriaguez. Um dos destaques divulgados foi registrado no município de Altos (PI), onde um motociclista foi abordado por estar sem capacete e no acostamento da contramão de direção. Ao ser submetido ao teste do bafômetro, foi constatado o índice de 1,81 mg de álcool por litro de ar expelido –valor 45 vezes superior ao permitido em lei. A corporação ressaltou que, dez meses após o aumento da penalidade por ultrapassagens indevidas, 6.777 ocorrências desse tipo foram flagradas durante o feriado. Essas manobras em locais proibidos são a principal causa de colisões frontais, tipo de acidente que, segundo a PRF, apresenta baixa incidência, mas altíssima letalidade. Durante o feriado prolongado, 384 motociclistas foram flagrados sem capacete, 336 crianças, sem a cadeirinha, e 2.609 motoristas e passageiros, sem o cinto de segurança. Em meio aos acidentes mais graves, dois foram responsáveis por 14% das mortes. Em Goiás, na BR-070, no município de Montes Claros de Goiás, quatro adultos e três adolescentes morreram na noite de domingo (6), quando uma caminhonete invadiu a pista contrária e bateu de frente com uma picape. Os veículos pegaram fogo. Em Grão Mogol, norte de Minas Gerais, na sexta-feira (4), um acidente entre um caminhão cegonheira e um carro de passeio matou seis pessoas da mesma família. O caminhão trafegava na BR-251 quando invadiu a contramão e colidiu com o veículo. Dois adultos, dois adolescentes e duas crianças, que ocupavam o carro, morreram no local. | cotidiano | Feriado de 7 de Setembro registra 92 mortes em estradas federaisNos quatro dias da Operação Independência, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), 92 pessoas morreram em acidentes nas estradas federais, de acordo com balanço divulgado nesta terça (8). 69.548 veículos foram flagrados pelos radares fixos e portáteis com velocidade acima da permitida. O alto índice de registros, segundo a corporação, demonstra necessidade de mudança de comportamento por parte dos motoristas. Mais de 129 mil veículos foram fiscalizados entre os dias 4 e 7 de setembro. A PRF fez 38.912 testes de bafômetro. No período, 1.056 pessoas foram impedidas de dirigir por estarem sob efeito de álcool e 151 foram presas por embriaguez. Um dos destaques divulgados foi registrado no município de Altos (PI), onde um motociclista foi abordado por estar sem capacete e no acostamento da contramão de direção. Ao ser submetido ao teste do bafômetro, foi constatado o índice de 1,81 mg de álcool por litro de ar expelido –valor 45 vezes superior ao permitido em lei. A corporação ressaltou que, dez meses após o aumento da penalidade por ultrapassagens indevidas, 6.777 ocorrências desse tipo foram flagradas durante o feriado. Essas manobras em locais proibidos são a principal causa de colisões frontais, tipo de acidente que, segundo a PRF, apresenta baixa incidência, mas altíssima letalidade. Durante o feriado prolongado, 384 motociclistas foram flagrados sem capacete, 336 crianças, sem a cadeirinha, e 2.609 motoristas e passageiros, sem o cinto de segurança. Em meio aos acidentes mais graves, dois foram responsáveis por 14% das mortes. Em Goiás, na BR-070, no município de Montes Claros de Goiás, quatro adultos e três adolescentes morreram na noite de domingo (6), quando uma caminhonete invadiu a pista contrária e bateu de frente com uma picape. Os veículos pegaram fogo. Em Grão Mogol, norte de Minas Gerais, na sexta-feira (4), um acidente entre um caminhão cegonheira e um carro de passeio matou seis pessoas da mesma família. O caminhão trafegava na BR-251 quando invadiu a contramão e colidiu com o veículo. Dois adultos, dois adolescentes e duas crianças, que ocupavam o carro, morreram no local. | 5 |
Nerd da hora, Simon Pegg atua em 'Star Trek' e em 'Star Wars' | Não é preciso ser um "trekkie" para embarcar na Enterprise a partir de 1º/9, quando estreia no Brasil "Star Trek: Sem Fronteiras". Mas fãs de longa data -lá se vão 50 anos desde o surgimento, na TV, do capitão Kirk e do dr. Spock- desta vez não devem chiar por eventuais escapadas do cânone estabelecido por Gene Rodenberry (1921-1991). O roteiro do novo filme, o terceiro da franquia desde a reinvenção da série tramada por J.J. Abrams em 2009 e dirigido pelo taiwanês Justin Li, é co-assinado por Simon Pegg. Aclamado pela mídia americana como "o nerd mais cool do momento", Simon é o único ser humano a fazer parte dos elencos tanto de "Star Trek" quanto de "Star Wars". "Obviamente, não posso entrar em um ambiente e dizer 'Oi, eu sou cool'. Viraria um mala. Não sei se lá em casa diriam que Simon, o cool, corresponde à realidade", brinca o ator inglês de 46 anos. Simon não é o galã de "Star Trek". Mas o Kirk de Chris Pine e o Spock de Zachary Quinto não teriam graça nenhuma sem as tiradas de Scotty, o engenheiro e, sim, nerd de plantão da frota mais afiada da Federação, espécie de ONU do futuro que fascinou o ator e roteirista desde criança. Ele cresceu em uma cidadezinha de 7.000 habitantes na fronteira com o País de Gales e seus pais se separaram quando tinha sete anos, mesma idade de sua filha, Matilda, com Maureen, ex-assessora do Coldplay. Chris Martin é padrinho de Matilda, e Simon Pegg é padrinho de Apple, filha do cantor com Gwyneth Paltrow. ET SARCÁSTICO O convite para escrever o roteiro do terceiro "Star Trek" não veio por acaso. J.J.Abrams virou fã de Simon Pegg por sua capacidade como ator e por escrever diálogos com o sarcasmo intelectualizado inglês sem deixar de lado o humor mais físico, típico da comédia americana, que ele imprimiu nos filmes "Todo Mundo Quase Morto" (2004), "Arma Fatal" (2007) e "Heróis de Ressaca" (2013). Suas credenciais nerds ainda contam com a participação em "Star Wars", em que voz e corpo se escondem na pele do alienígena Unkar Plutt. Mas a realização total virá em 2018, quando estreia "Ready Player One", ainda sem título em português, dirigido por Steven Spielberg. "Ele é meu herói. Ser fã e viver o sonho é algo único. Vá lá, pode escrever que sou cool sim." VEJA O TRAILER DO NOVO "STAR TREK" | serafina | Nerd da hora, Simon Pegg atua em 'Star Trek' e em 'Star Wars'Não é preciso ser um "trekkie" para embarcar na Enterprise a partir de 1º/9, quando estreia no Brasil "Star Trek: Sem Fronteiras". Mas fãs de longa data -lá se vão 50 anos desde o surgimento, na TV, do capitão Kirk e do dr. Spock- desta vez não devem chiar por eventuais escapadas do cânone estabelecido por Gene Rodenberry (1921-1991). O roteiro do novo filme, o terceiro da franquia desde a reinvenção da série tramada por J.J. Abrams em 2009 e dirigido pelo taiwanês Justin Li, é co-assinado por Simon Pegg. Aclamado pela mídia americana como "o nerd mais cool do momento", Simon é o único ser humano a fazer parte dos elencos tanto de "Star Trek" quanto de "Star Wars". "Obviamente, não posso entrar em um ambiente e dizer 'Oi, eu sou cool'. Viraria um mala. Não sei se lá em casa diriam que Simon, o cool, corresponde à realidade", brinca o ator inglês de 46 anos. Simon não é o galã de "Star Trek". Mas o Kirk de Chris Pine e o Spock de Zachary Quinto não teriam graça nenhuma sem as tiradas de Scotty, o engenheiro e, sim, nerd de plantão da frota mais afiada da Federação, espécie de ONU do futuro que fascinou o ator e roteirista desde criança. Ele cresceu em uma cidadezinha de 7.000 habitantes na fronteira com o País de Gales e seus pais se separaram quando tinha sete anos, mesma idade de sua filha, Matilda, com Maureen, ex-assessora do Coldplay. Chris Martin é padrinho de Matilda, e Simon Pegg é padrinho de Apple, filha do cantor com Gwyneth Paltrow. ET SARCÁSTICO O convite para escrever o roteiro do terceiro "Star Trek" não veio por acaso. J.J.Abrams virou fã de Simon Pegg por sua capacidade como ator e por escrever diálogos com o sarcasmo intelectualizado inglês sem deixar de lado o humor mais físico, típico da comédia americana, que ele imprimiu nos filmes "Todo Mundo Quase Morto" (2004), "Arma Fatal" (2007) e "Heróis de Ressaca" (2013). Suas credenciais nerds ainda contam com a participação em "Star Wars", em que voz e corpo se escondem na pele do alienígena Unkar Plutt. Mas a realização total virá em 2018, quando estreia "Ready Player One", ainda sem título em português, dirigido por Steven Spielberg. "Ele é meu herói. Ser fã e viver o sonho é algo único. Vá lá, pode escrever que sou cool sim." VEJA O TRAILER DO NOVO "STAR TREK" | 25 |
Governo tentará votar renegociação de dívida dos Estados nesta terça-feira | O governo vai tentar costurar um acordo para votar no início da tarde desta terça-feira (20) a proposta de renegociação da dívida dos Estados na Câmara dos Deputados. Por falta de quórum, a Câmara, pela segunda vez, não conseguiu nesta segunda-feira (19) votar o projeto de socorro aos Estados em situação orçamentária mais grave. Caso não haja votação nesta terça, o tema só será retomado na volta dos deputados das férias parlamentares, em fevereiro de 2017. Partidos de oposição querem retirar as contrapartidas do regime de recuperação fiscal, incluídas pelo Senado. A chamada "bancada da bala" quer retirar especificamente o trecho do projeto que proíbe aumentos e promoções para militares. Nesta segunda, governadores —principalmente do Sul e do Sudeste, os mais endividados— passaram o dia telefonando para os deputados de seus Estados para que apareçam no Congresso nesta terça. O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), conta que terá entre 320 e 330 deputados na Casa. Como o quórum será baixo, o governo vai retirar a proposta de pauta se não houver acordo e tiver que se fazer votação nominal. Mais uma vez o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), esteve no plenário da Câmara para pedir a votação da proposta, mas até às 20h apenas 186 dos 513 deputados haviam marcado presença na sessão. O projeto, já aprovado pelo Senado, possibilita a suspensão por três anos do pagamento da dívida dos Estados mediante contrapartidas como a suspensão de aumentos salariais ao funcionalismo, o endurecimento das regras previdenciárias estaduais e a realização de privatizações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que buscará um acordo para que as contrapartidas sejam objeto de futura negociação entre o governo federal e os Estados. Segundo ele, essas regras não precisam estar na lei federal, mas em leis estaduais aprovadas por cada Assembleia Legislativa. Nesta terça, ele se reunirá com líderes partidários e governadores para tentar fechar um entendimento. Caso essa tese prevaleça, as medidas de restrição teriam que ser defendidas pelos governadores nas Assembleias, assumindo para si o eventual desgaste eleitoral. Em linhas gerais, os opositores das medidas afirmaram que não é possível socorrer os Estados mediante o estrangulamento do funcionalismo estadual. O programa de recuperação dos Estados em calamidade poderia resultar num alívio de cerca de R$ 15 bilhões para Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul no ano que vem. Governadores e líderes partidários farão uma reunião na manhã desta terça na residência oficial da presidência da Câmara para tentar um acordo, que será encaminhado para avaliação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. "Dá [para votar nesta terça] se conseguirmos construir acordo, o que estamos tentando fazer. Estamos negociando com as bancadas, principalmente as que fazem oposição. Se não houver acordo, dificilmente vamos conseguir votar a matéria", afirmou André Moura. "É necessário que se mantenham as contrapartidas dos Estados", completou. | mercado | Governo tentará votar renegociação de dívida dos Estados nesta terça-feiraO governo vai tentar costurar um acordo para votar no início da tarde desta terça-feira (20) a proposta de renegociação da dívida dos Estados na Câmara dos Deputados. Por falta de quórum, a Câmara, pela segunda vez, não conseguiu nesta segunda-feira (19) votar o projeto de socorro aos Estados em situação orçamentária mais grave. Caso não haja votação nesta terça, o tema só será retomado na volta dos deputados das férias parlamentares, em fevereiro de 2017. Partidos de oposição querem retirar as contrapartidas do regime de recuperação fiscal, incluídas pelo Senado. A chamada "bancada da bala" quer retirar especificamente o trecho do projeto que proíbe aumentos e promoções para militares. Nesta segunda, governadores —principalmente do Sul e do Sudeste, os mais endividados— passaram o dia telefonando para os deputados de seus Estados para que apareçam no Congresso nesta terça. O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), conta que terá entre 320 e 330 deputados na Casa. Como o quórum será baixo, o governo vai retirar a proposta de pauta se não houver acordo e tiver que se fazer votação nominal. Mais uma vez o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), esteve no plenário da Câmara para pedir a votação da proposta, mas até às 20h apenas 186 dos 513 deputados haviam marcado presença na sessão. O projeto, já aprovado pelo Senado, possibilita a suspensão por três anos do pagamento da dívida dos Estados mediante contrapartidas como a suspensão de aumentos salariais ao funcionalismo, o endurecimento das regras previdenciárias estaduais e a realização de privatizações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que buscará um acordo para que as contrapartidas sejam objeto de futura negociação entre o governo federal e os Estados. Segundo ele, essas regras não precisam estar na lei federal, mas em leis estaduais aprovadas por cada Assembleia Legislativa. Nesta terça, ele se reunirá com líderes partidários e governadores para tentar fechar um entendimento. Caso essa tese prevaleça, as medidas de restrição teriam que ser defendidas pelos governadores nas Assembleias, assumindo para si o eventual desgaste eleitoral. Em linhas gerais, os opositores das medidas afirmaram que não é possível socorrer os Estados mediante o estrangulamento do funcionalismo estadual. O programa de recuperação dos Estados em calamidade poderia resultar num alívio de cerca de R$ 15 bilhões para Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul no ano que vem. Governadores e líderes partidários farão uma reunião na manhã desta terça na residência oficial da presidência da Câmara para tentar um acordo, que será encaminhado para avaliação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. "Dá [para votar nesta terça] se conseguirmos construir acordo, o que estamos tentando fazer. Estamos negociando com as bancadas, principalmente as que fazem oposição. Se não houver acordo, dificilmente vamos conseguir votar a matéria", afirmou André Moura. "É necessário que se mantenham as contrapartidas dos Estados", completou. | 2 |
Álbum de Viagem mostra o lado 'zen' do Japão | O Japão se equilibra entre dois opostos. De um lado, está a cidade caótica, cheia de pessoas, carros, luzes e movimento. De outro, o silêncio, a espiritualidade e a contemplação oriental. "Kioto, por exemplo, é uma cidade cheia de turistas, mas tem um parque de bambus que fica um pouco mais afastado e tem menos barulho", diz Jefferson Kimura, que passou duas semanas no país em setembro. O arquiteto aproveitou uma viagem para visitar o irmão, que mora no país há 12 anos, para conhecer Tóquio, Kioto e a região próxima ao monte Fuji. Sem falar japonês, ele se deslocou pelo país falando apenas inglês. "Na parte turística, todo mundo fala. O problema era maior na hora de comer. Uma dica é só pedir pratos que tenham fotos no cardápio ou ir a restaurantes com menus em inglês. Porque a gastronomia é bem diferente." * Veja outras edições do Álbum de Viagem: Animais de Galápagos, por Carolina Daffara O Rio visto do mar, por Rico Sombra Berlim na primavera, por André Felipe América Central, por Claudio Vitor Vaz Bolívia, por Rogério Fernandes Festas populares de Mato Grosso, por Rafael Coelho Cânions gaúchos, por Keiny Andrade Rostos no Peru e na Bolívia, por Maíra Cabral 'Safári' no Pantanal, por Ricardo Nogueira Japão, por Fernando Sciarra | turismo | Álbum de Viagem mostra o lado 'zen' do JapãoO Japão se equilibra entre dois opostos. De um lado, está a cidade caótica, cheia de pessoas, carros, luzes e movimento. De outro, o silêncio, a espiritualidade e a contemplação oriental. "Kioto, por exemplo, é uma cidade cheia de turistas, mas tem um parque de bambus que fica um pouco mais afastado e tem menos barulho", diz Jefferson Kimura, que passou duas semanas no país em setembro. O arquiteto aproveitou uma viagem para visitar o irmão, que mora no país há 12 anos, para conhecer Tóquio, Kioto e a região próxima ao monte Fuji. Sem falar japonês, ele se deslocou pelo país falando apenas inglês. "Na parte turística, todo mundo fala. O problema era maior na hora de comer. Uma dica é só pedir pratos que tenham fotos no cardápio ou ir a restaurantes com menus em inglês. Porque a gastronomia é bem diferente." * Veja outras edições do Álbum de Viagem: Animais de Galápagos, por Carolina Daffara O Rio visto do mar, por Rico Sombra Berlim na primavera, por André Felipe América Central, por Claudio Vitor Vaz Bolívia, por Rogério Fernandes Festas populares de Mato Grosso, por Rafael Coelho Cânions gaúchos, por Keiny Andrade Rostos no Peru e na Bolívia, por Maíra Cabral 'Safári' no Pantanal, por Ricardo Nogueira Japão, por Fernando Sciarra | 13 |
Solução para menor "candidato" à marginalidade é barata, diz leitor | A reportagem País tem 30 mil crianças em abrigos fora da fila de adoção ("Cotidiano", 23/5) é assunto da maior relevância, particularmente agora, em que se discute a redução da maioridade penal. Embora superficial, o texto mostra claramente o descaso e a ineficiência do Estado e da sociedade na questão do menor "candidato" à marginalidade. A solução é óbvia e barata, basta torná-la prioridade. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Solução para menor "candidato" à marginalidade é barata, diz leitorA reportagem País tem 30 mil crianças em abrigos fora da fila de adoção ("Cotidiano", 23/5) é assunto da maior relevância, particularmente agora, em que se discute a redução da maioridade penal. Embora superficial, o texto mostra claramente o descaso e a ineficiência do Estado e da sociedade na questão do menor "candidato" à marginalidade. A solução é óbvia e barata, basta torná-la prioridade. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
Grande Prêmio do Cinema Brasileiro terá apenas recepcionistas trans | A recepção do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado pela Academia Brasileira de Cinema, em outubro, será feita exclusivamente por travestis e transexuais. Trabalharão no evento, no Theatro Municipal do Rio, cerca de 20 alunas e ex-alunas do projeto Damas, da Coordenadoria da Diversidade Sexual da prefeitura. ÚLTIMO REBELDE Conhecido por suas produções cult independentes e por sua parceria com Jack Nicholson em filmes de faroeste, o diretor Monte Hellman vai ganhar um mostra no Brasil com 14 longas produzidos entre 1959 e 2010, quando ganhou Leão de Ouro especial no Festival de Berlim com "Road to Nowhere" (ainda não lançado no Brasil), seu último filme. A mostra deve passar por Rio, SP e Brasília no ano que vem. Leia a coluna completa aqui | colunas | Grande Prêmio do Cinema Brasileiro terá apenas recepcionistas transA recepção do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado pela Academia Brasileira de Cinema, em outubro, será feita exclusivamente por travestis e transexuais. Trabalharão no evento, no Theatro Municipal do Rio, cerca de 20 alunas e ex-alunas do projeto Damas, da Coordenadoria da Diversidade Sexual da prefeitura. ÚLTIMO REBELDE Conhecido por suas produções cult independentes e por sua parceria com Jack Nicholson em filmes de faroeste, o diretor Monte Hellman vai ganhar um mostra no Brasil com 14 longas produzidos entre 1959 e 2010, quando ganhou Leão de Ouro especial no Festival de Berlim com "Road to Nowhere" (ainda não lançado no Brasil), seu último filme. A mostra deve passar por Rio, SP e Brasília no ano que vem. Leia a coluna completa aqui | 1 |
Frederico Vasconcelos: Júri simulado sobre o aborto | Será realizado nesta sexta-feira (27), na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, um júri simulado sobre o tema aborto.(*) Atuará na defesa a Procuradora de Justiça Luiza Nagib Eluf, do Ministério Público do Estado de São Paulo. A ... Leia post completo no blog | poder | Frederico Vasconcelos: Júri simulado sobre o abortoSerá realizado nesta sexta-feira (27), na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, um júri simulado sobre o tema aborto.(*) Atuará na defesa a Procuradora de Justiça Luiza Nagib Eluf, do Ministério Público do Estado de São Paulo. A ... Leia post completo no blog | 0 |
Jennifer Lopez leva Hillary ao palco em show de Miami e pede votos | A candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, ganhou mais um apoio ilustre na noite deste sábado (29). Ela foi a convidada especial da cantora Jennifer Lopez em um show lotado em Miami, no Estado americano da Flórida. "Nós estamos em uma encruzilhada onde temos que acertar pelo nosso futuro. Nós temos a pessoa perfeita para nos levar até lá", disse a cantora, antes de chamar ao palco "a primeira mulher presidente dos Estados Unidos". Segundo o jornal "Miami Herald", a democrata ficou apenas alguns minutos no palco. "Nós acabamos de ouvir Jennifer cantar 'Let's Get Loud' [vamos cantar alto, em tradução livre]. Bem, eu digo, vamos falar alto na cabine de votação. Vocês podem votar antecipadamente. Não esperem mais um dia para votar", disse Hillary, segundo o jornal. "Esta é nossa chance de defender nosso valores, de falar em uma só voz: amor supera o ódio", completou a presidente, usando um de seus slogans de campanha "Love trumps hate", uma referência ao seu rival republicano, Donald Trump. Enquanto Hillary deixava o palco, JLo engatou a próxima música do show, "Respect", de Aretha Franklin, considerada um hino feminista. Antes do show, a cantora, que é descendente de porto-riquenhos, divulgou um comunicado no qual chamou a eleição deste ano da mais importante de nossas vidas. "Flórida, lar de uma de minhas cidades favoritas, Miami, e milhões de latinos é um Estado crucial para essa eleição. É hora de nos unirmos, apoiar e votar na única escolha que faz sentido não apenas para mulheres ou latinos, mas todos os americanos. Votem na Hillary. eu a apoio". Cerca de 16% dos eleitores do Estado são hispânicos, segundo o "Miami Herald". A cantora já havia declarado apoio a Hillary em abril do ano passado, dizendo estar "empolgada" em eleger a primeira mulher presidente dos EUA. | mundo | Jennifer Lopez leva Hillary ao palco em show de Miami e pede votosA candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, ganhou mais um apoio ilustre na noite deste sábado (29). Ela foi a convidada especial da cantora Jennifer Lopez em um show lotado em Miami, no Estado americano da Flórida. "Nós estamos em uma encruzilhada onde temos que acertar pelo nosso futuro. Nós temos a pessoa perfeita para nos levar até lá", disse a cantora, antes de chamar ao palco "a primeira mulher presidente dos Estados Unidos". Segundo o jornal "Miami Herald", a democrata ficou apenas alguns minutos no palco. "Nós acabamos de ouvir Jennifer cantar 'Let's Get Loud' [vamos cantar alto, em tradução livre]. Bem, eu digo, vamos falar alto na cabine de votação. Vocês podem votar antecipadamente. Não esperem mais um dia para votar", disse Hillary, segundo o jornal. "Esta é nossa chance de defender nosso valores, de falar em uma só voz: amor supera o ódio", completou a presidente, usando um de seus slogans de campanha "Love trumps hate", uma referência ao seu rival republicano, Donald Trump. Enquanto Hillary deixava o palco, JLo engatou a próxima música do show, "Respect", de Aretha Franklin, considerada um hino feminista. Antes do show, a cantora, que é descendente de porto-riquenhos, divulgou um comunicado no qual chamou a eleição deste ano da mais importante de nossas vidas. "Flórida, lar de uma de minhas cidades favoritas, Miami, e milhões de latinos é um Estado crucial para essa eleição. É hora de nos unirmos, apoiar e votar na única escolha que faz sentido não apenas para mulheres ou latinos, mas todos os americanos. Votem na Hillary. eu a apoio". Cerca de 16% dos eleitores do Estado são hispânicos, segundo o "Miami Herald". A cantora já havia declarado apoio a Hillary em abril do ano passado, dizendo estar "empolgada" em eleger a primeira mulher presidente dos EUA. | 4 |
Pobreza e abusos estimulam casamentos infantis no Brasil | Imagine que sua filha vai se casar. Engravidou do primeiro namorado, um rapaz mais velho que ela conheceu na vizinhança. Vai deixar de estudar por causa da gravidez e do marido. O jovem casal vai morar na casa dos pais dele. No entanto, ela só tem 12 anos. O casamento de crianças e adolescentes brasileiros, como na situação narrada acima, é o tema da pesquisa Ela vai no meu barco, realizada pelo Instituto Promundo, ONG que desde 1997 estuda questões de gênero. De acordo com o Censo 2010, pelo menos 88 mil meninos e meninas com idades de 10 a 14 anos estavam casados em todo o Brasil. Na faixa etária de 15 a 17 anos, são 567 mil. A partir dos dados do Censo, a equipe de pesquisadores –financiada pela Fundação Ford, com apoio da Plan International e da Universidade Federal do Pará (UFPA)– foi ao Pará e ao Maranhão, Estados onde o fenômeno do casamento infanto-juvenil é mais comum, e mergulhou no universo das adolescentes que tão cedo têm que se transformar em adultas. Numa pesquisa qualitativa, foram entrevistadas 60 pessoas, entre garotas de 12 a 18 anos, seus maridos (todos com mais de 20 anos), seus parentes e funcionários da rede de proteção à infância e adolescência no Brasil. A idade média das jovens entrevistadas foi de 15 anos; seus maridos são, em média, nove anos mais velhos. Mas os pesquisadores descobriram que, no Brasil, o casamento de crianças e adolescentes é bem diferente dos arranjos ritualísticos existentes em países africanos e asiáticos, com jovens noivas prometidas pelas famílias em casamentos arranjados pelos parentes ou até mesmo forçados. O que acontece no Brasil, por outro lado, é um fenômeno marcado pela informalidade, pela pobreza e pela repressão da sexualidade e da vontade femininas. Normalmente os casamentos de jovens são informais (sem registro em cartório) e considerados consensuais, ou seja, de livre e espontânea vontade. NATURALIZAÇÃO Entre os motivos para os casamentos, a coordenadora do levantamento, Alice Taylor, pesquisadora do Instituto Promundo, destaca a falta de perspectiva das jovens e o desejo de deixar a casa dos pais como forma de encontrar uma vida melhor. Muitas fogem de abusos, escapam de ter de se prostituir e convivem de perto com a miséria e o uso de drogas. As entrevistas das jovens, transcritas no relatório final da pesquisa sob condição de anonimato, mostram um pouco do que elas enfrentam, como esta que diz ter saído de casa por causa do padrasto, que a maltratava. "Porque eu tava entrando na minha adolescência, eu queria sair, eu queria curtir, queria andar (...). Eu me relacionei com ele, namorei com ele três meses, ele me convidou pra morar na casa dele, aí eu fui pra casa dele. Não gostava muito dele, eu só fui mesmo pelo fato de o meu padrasto (me maltratar), aí na convivência nossa ele (o marido) me fez aprender a gostar dele, e hoje eu sou louca por ele", conta uma das garotas. A jovem casou-se aos 12 anos, grávida, com um homem de 19. No relatório, os pesquisadores afirmam que ela relatou ser abusada pelo padrasto, mas não fica claro o tipo de abuso. Também em Belém, outra jovem entrevistada, que casou grávida aos 15 anos, diz que a mãe "achou por bem a gente se casar logo, pra não haver esses falatórios que ia haver realmente". O rapaz era cinco anos mais velho. Em São Luís, uma das meninas mais novas entrevistadas relata que se casou aos 13 com um homem de 36 anos. E mostra a falta de perspectiva como fator fundamental para a decisão, ao dizer o que poderia acontecer caso não estivesse casada: "Acho que eu estaria quase no mesmo caminho que a minha irmã, que a minha irmã tá quase no caminho da prostituição". A coordenadora da pesquisa de campo em Belém, Maria Lúcia Chaves Lima, professora da UFPA, disse que as entrevistadas falaram de modo natural sobre suas uniões conjugais, mesmo sendo tão precoces. "É uma realidade naturalizada e pouco problematizada na nossa região", afirma. Segundo Lima, a gravidez ainda é a grande motivadora do casamento na adolescência, e a união é vista como uma forma de controlar a sexualidade das meninas. "A lógica é: 'melhor ser de só um do que de vários'. O casamento também aparece como forma de escapar de uma vida de limitações, seja econômica ou de liberdade", diz. LEGISLAÇÃO ATRASADA O casamento infantil, reconhecido internacionalmente como uma violação aos direitos humanos, é definido pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (CRC) –que o Brasil assinou e ratificou em 1990– como uma união envolvendo pelo menos um cônjuge abaixo dos 18 anos. No Brasil, acontece mais frequentemente a partir dos 12 anos, o que faz com que os pesquisadores definam o fenômeno como casamento na infância e na adolescência. Segundo a pesquisa, estimativa do Unicef com dados de 2011 aponta que o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em números absolutos de mulheres casadas antes dos 15 anos: seriam 877 mil mulheres com idades entre 20 e 24 anos que disseram ter se casado antes dos 15 anos. Mas essa estimativa exclui, por falta de dados, países como China, Bahrein, Irã, Israel, Kuait, Líbia, Omã, Catar, Arábia Saudita, Tunísia e os Emirados Árabes Unidos, entre outros. De qualquer modo, os pesquisadores alertam para a falta de discussão sobre o tema no Brasil e a necessidade de mudanças na legislação. No Brasil, a idade legal para o casamento é estabelecida como 18 anos para homens e mulheres, com várias exceções listadas no Código Civil. A primeira exceção –compartilhada por quase todos os países do mundo– permite o casamento com o consentimento de ambos os pais (ou com a autorização dos representantes legais) a partir dos 16 anos. Outra exceção é que a menor pode se casar antes dos 16 anos em caso de gravidez. SONHOS QUE ENVELHECEM CEDO De acordo com as entrevistas e a análise dos pesquisadores, o que acontece, na maioria das vezes, é que, em vez de serem controladas pelos pais, as garotas passam a ser controladas pelos maridos. Qualquer sonho de escola ou trabalho envelhece cedo, na rotina de criar os filhos e se adequar às exigências do cônjuge. O título da pesquisa, "Ela vai no meu barco", vem de uma frase de um dos maridos entrevistados, de 19 anos, afirmando que a jovem mulher, de 14 anos, grávida à época do casamento, tinha de seguir sua orientação. "Ela vai no sonho que eu pretendo pra mim, né? Ela vai seguindo... Acho que é uma desvantagem de a pessoa não ser bem estruturada, né? Geralmente cada um leva as suas escolhas, né? Mas por ela ser mais nova e eu ser mais velho, tipo assim, ela vai no meu barco", resume ele. Casadas, as jovens muitas vezes enfraquecem seus laços de amizade, sua vida social e passam a se dedicar apenas ao marido e aos filhos. São alvo do controle e do ciúme dos maridos, e algumas relataram casos de violência. "Queremos alertar que essa situação não é apenas restrita aos rincões do país. As entrevistas foram feitas em Belém e São Luís, o que mostra que é uma questão que ocorre nos centros urbanos", afirma Alice Taylor. | bbc | Pobreza e abusos estimulam casamentos infantis no BrasilImagine que sua filha vai se casar. Engravidou do primeiro namorado, um rapaz mais velho que ela conheceu na vizinhança. Vai deixar de estudar por causa da gravidez e do marido. O jovem casal vai morar na casa dos pais dele. No entanto, ela só tem 12 anos. O casamento de crianças e adolescentes brasileiros, como na situação narrada acima, é o tema da pesquisa Ela vai no meu barco, realizada pelo Instituto Promundo, ONG que desde 1997 estuda questões de gênero. De acordo com o Censo 2010, pelo menos 88 mil meninos e meninas com idades de 10 a 14 anos estavam casados em todo o Brasil. Na faixa etária de 15 a 17 anos, são 567 mil. A partir dos dados do Censo, a equipe de pesquisadores –financiada pela Fundação Ford, com apoio da Plan International e da Universidade Federal do Pará (UFPA)– foi ao Pará e ao Maranhão, Estados onde o fenômeno do casamento infanto-juvenil é mais comum, e mergulhou no universo das adolescentes que tão cedo têm que se transformar em adultas. Numa pesquisa qualitativa, foram entrevistadas 60 pessoas, entre garotas de 12 a 18 anos, seus maridos (todos com mais de 20 anos), seus parentes e funcionários da rede de proteção à infância e adolescência no Brasil. A idade média das jovens entrevistadas foi de 15 anos; seus maridos são, em média, nove anos mais velhos. Mas os pesquisadores descobriram que, no Brasil, o casamento de crianças e adolescentes é bem diferente dos arranjos ritualísticos existentes em países africanos e asiáticos, com jovens noivas prometidas pelas famílias em casamentos arranjados pelos parentes ou até mesmo forçados. O que acontece no Brasil, por outro lado, é um fenômeno marcado pela informalidade, pela pobreza e pela repressão da sexualidade e da vontade femininas. Normalmente os casamentos de jovens são informais (sem registro em cartório) e considerados consensuais, ou seja, de livre e espontânea vontade. NATURALIZAÇÃO Entre os motivos para os casamentos, a coordenadora do levantamento, Alice Taylor, pesquisadora do Instituto Promundo, destaca a falta de perspectiva das jovens e o desejo de deixar a casa dos pais como forma de encontrar uma vida melhor. Muitas fogem de abusos, escapam de ter de se prostituir e convivem de perto com a miséria e o uso de drogas. As entrevistas das jovens, transcritas no relatório final da pesquisa sob condição de anonimato, mostram um pouco do que elas enfrentam, como esta que diz ter saído de casa por causa do padrasto, que a maltratava. "Porque eu tava entrando na minha adolescência, eu queria sair, eu queria curtir, queria andar (...). Eu me relacionei com ele, namorei com ele três meses, ele me convidou pra morar na casa dele, aí eu fui pra casa dele. Não gostava muito dele, eu só fui mesmo pelo fato de o meu padrasto (me maltratar), aí na convivência nossa ele (o marido) me fez aprender a gostar dele, e hoje eu sou louca por ele", conta uma das garotas. A jovem casou-se aos 12 anos, grávida, com um homem de 19. No relatório, os pesquisadores afirmam que ela relatou ser abusada pelo padrasto, mas não fica claro o tipo de abuso. Também em Belém, outra jovem entrevistada, que casou grávida aos 15 anos, diz que a mãe "achou por bem a gente se casar logo, pra não haver esses falatórios que ia haver realmente". O rapaz era cinco anos mais velho. Em São Luís, uma das meninas mais novas entrevistadas relata que se casou aos 13 com um homem de 36 anos. E mostra a falta de perspectiva como fator fundamental para a decisão, ao dizer o que poderia acontecer caso não estivesse casada: "Acho que eu estaria quase no mesmo caminho que a minha irmã, que a minha irmã tá quase no caminho da prostituição". A coordenadora da pesquisa de campo em Belém, Maria Lúcia Chaves Lima, professora da UFPA, disse que as entrevistadas falaram de modo natural sobre suas uniões conjugais, mesmo sendo tão precoces. "É uma realidade naturalizada e pouco problematizada na nossa região", afirma. Segundo Lima, a gravidez ainda é a grande motivadora do casamento na adolescência, e a união é vista como uma forma de controlar a sexualidade das meninas. "A lógica é: 'melhor ser de só um do que de vários'. O casamento também aparece como forma de escapar de uma vida de limitações, seja econômica ou de liberdade", diz. LEGISLAÇÃO ATRASADA O casamento infantil, reconhecido internacionalmente como uma violação aos direitos humanos, é definido pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (CRC) –que o Brasil assinou e ratificou em 1990– como uma união envolvendo pelo menos um cônjuge abaixo dos 18 anos. No Brasil, acontece mais frequentemente a partir dos 12 anos, o que faz com que os pesquisadores definam o fenômeno como casamento na infância e na adolescência. Segundo a pesquisa, estimativa do Unicef com dados de 2011 aponta que o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em números absolutos de mulheres casadas antes dos 15 anos: seriam 877 mil mulheres com idades entre 20 e 24 anos que disseram ter se casado antes dos 15 anos. Mas essa estimativa exclui, por falta de dados, países como China, Bahrein, Irã, Israel, Kuait, Líbia, Omã, Catar, Arábia Saudita, Tunísia e os Emirados Árabes Unidos, entre outros. De qualquer modo, os pesquisadores alertam para a falta de discussão sobre o tema no Brasil e a necessidade de mudanças na legislação. No Brasil, a idade legal para o casamento é estabelecida como 18 anos para homens e mulheres, com várias exceções listadas no Código Civil. A primeira exceção –compartilhada por quase todos os países do mundo– permite o casamento com o consentimento de ambos os pais (ou com a autorização dos representantes legais) a partir dos 16 anos. Outra exceção é que a menor pode se casar antes dos 16 anos em caso de gravidez. SONHOS QUE ENVELHECEM CEDO De acordo com as entrevistas e a análise dos pesquisadores, o que acontece, na maioria das vezes, é que, em vez de serem controladas pelos pais, as garotas passam a ser controladas pelos maridos. Qualquer sonho de escola ou trabalho envelhece cedo, na rotina de criar os filhos e se adequar às exigências do cônjuge. O título da pesquisa, "Ela vai no meu barco", vem de uma frase de um dos maridos entrevistados, de 19 anos, afirmando que a jovem mulher, de 14 anos, grávida à época do casamento, tinha de seguir sua orientação. "Ela vai no sonho que eu pretendo pra mim, né? Ela vai seguindo... Acho que é uma desvantagem de a pessoa não ser bem estruturada, né? Geralmente cada um leva as suas escolhas, né? Mas por ela ser mais nova e eu ser mais velho, tipo assim, ela vai no meu barco", resume ele. Casadas, as jovens muitas vezes enfraquecem seus laços de amizade, sua vida social e passam a se dedicar apenas ao marido e aos filhos. São alvo do controle e do ciúme dos maridos, e algumas relataram casos de violência. "Queremos alertar que essa situação não é apenas restrita aos rincões do país. As entrevistas foram feitas em Belém e São Luís, o que mostra que é uma questão que ocorre nos centros urbanos", afirma Alice Taylor. | 18 |
Confira lista dos oito países menos visitados do mundo | Que tal fugir dos destinos lotados e ir para um lugar tranquilo e que poucos visitaram? Confira a lista do site Skyscanner 1. Liechtenstein 2. Butão 3. Moldávia 4. Tuvalu 5. Antártida 6. República de Belarus 7. San Marino 8. São Tomé e Príncipe | asmais | Confira lista dos oito países menos visitados do mundoQue tal fugir dos destinos lotados e ir para um lugar tranquilo e que poucos visitaram? Confira a lista do site Skyscanner 1. Liechtenstein 2. Butão 3. Moldávia 4. Tuvalu 5. Antártida 6. República de Belarus 7. San Marino 8. São Tomé e Príncipe | 22 |
Solução radical para salvar boto incomoda pescadores no Amazonas | A pesca de uma espécie que ganhava cada vez mais espaço nos frigoríficos do Amazonas –a piracatinga, um bagre carniceiro– está proibida desde o início do ano. A medida visa proteger o boto, golfinho de água doce cuja carne vinha sendo usada como isca, mas afeta famílias ribeirinhas. A moratória de cinco anos na comercialização de piracatinga foi uma decisão conjunta dos ministérios de Pesca e do Meio Ambiente. Estudos do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que acompanha botos na região de Mamirauá, apontam que a redução anual das populações chegava a 10% em algumas áreas. Assim, o animal poderia entrar em extinção rapidamente. "Depois de nascer, o boto demora sete anos para entrar em maturidade sexual, só tem um filhote só por gestação, que dura onze meses; depois amamenta o filhote por dois anos e ainda cuida dele mais um", explica Vera Ferreira da Silva, pesquisadora do Inpa. A necessidade de proibir a comercialização da piracatinga, afirma, é que o aumento na disponibilidade desse peixe estava diretamente ligada à caça ao boto para uso como isca. O uso do animal eximia os pescadores de comprar carne de boi para atrair o bagre. Pescadores que dizem capturar a piracatinga sem usar carne de boto, porém, se sentem injustiçados. "Trabalho há quase vinte anos com um açougue aqui, comprando banha de boi para pescar", diz Leonson Nóbrega, 60, da vila de Manacapuru, próxima a Manaus. "Esse é o único peixe aqui que permite a um pobre viver, porque é um peixe de couro, dá o ano todo. O peixe de escama some em um período." Veja vídeo A Folha visitou Manacapuru, onde não se vê mais botos com facilidade, mas nenhum pescador na região diz ter usado o animal como isca. "Essa matação de boto foi gente rica que fez, sabe Deus lá onde", diz Nóbrega. O MPF (Ministério Público Federal) reconhece o problema. "A moratória da piracatinga vai causar prejuízo econômico, e não se pode descartar que alguns justos venham a pagar pela maioria pecadora", afirma o procurador Rafael da Silva Rocha. Segundo ele, porém, é responsabilidade das autoridades locais ajudar pescadores a substituírem o piracatinga. Matusalém de Oliveira, dono de frigorífico em Manacapuru, diz que vai perder 20% do faturamento. "Caçar boto é proibido. Quem é pego com boto é que tem de ser punido." Segundo o MPF, porém, fiscalizar a miríade de pequenos barcos que abastecem os frigoríficos é inviável, e o uso do boto não era o único problema causado pela piracatinga. Por ser necrófago, esse bagre, conhecido na região como "urubu d'água", é pouco procurado em mercados locais, e a produção é vendida com outros nomes, como douradinha ou pirosca. "É propaganda ilegal", diz Rocha. Estudos com carne do animal vendida na Colômbia –principal mercado consumidor– encontraram muitas amostras com nível de mercúrio acima do aceitável. Pesquisadores do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) sugerem que em regiões onde a pesca da piracatinga ocorria existe potencial para uma atividade menos nociva ""o turismo de observação de botos. Segundo Marcelo Vidal, biólogo do ICMBio, o risco é que a alimentação artificial intoxique e faça os animais perderem instinto de caça. No rio Negro, porém, existe uma experiência positiva. Um antigo restaurante flutuante virou um ponto de observação –e não vende mais comida. "Mas não podemos liberar um flutuante de interação com botos em cada rio da Amazônia", diz Vidal. "Dar uma alternativa para a piracatinga vai ser um desafio." Fotografia DOUGLAS LAMBERT | Edição: BIA BITTENCOURT | Arte: EDUARDO ASTA | ciencia | Solução radical para salvar boto incomoda pescadores no AmazonasA pesca de uma espécie que ganhava cada vez mais espaço nos frigoríficos do Amazonas –a piracatinga, um bagre carniceiro– está proibida desde o início do ano. A medida visa proteger o boto, golfinho de água doce cuja carne vinha sendo usada como isca, mas afeta famílias ribeirinhas. A moratória de cinco anos na comercialização de piracatinga foi uma decisão conjunta dos ministérios de Pesca e do Meio Ambiente. Estudos do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que acompanha botos na região de Mamirauá, apontam que a redução anual das populações chegava a 10% em algumas áreas. Assim, o animal poderia entrar em extinção rapidamente. "Depois de nascer, o boto demora sete anos para entrar em maturidade sexual, só tem um filhote só por gestação, que dura onze meses; depois amamenta o filhote por dois anos e ainda cuida dele mais um", explica Vera Ferreira da Silva, pesquisadora do Inpa. A necessidade de proibir a comercialização da piracatinga, afirma, é que o aumento na disponibilidade desse peixe estava diretamente ligada à caça ao boto para uso como isca. O uso do animal eximia os pescadores de comprar carne de boi para atrair o bagre. Pescadores que dizem capturar a piracatinga sem usar carne de boto, porém, se sentem injustiçados. "Trabalho há quase vinte anos com um açougue aqui, comprando banha de boi para pescar", diz Leonson Nóbrega, 60, da vila de Manacapuru, próxima a Manaus. "Esse é o único peixe aqui que permite a um pobre viver, porque é um peixe de couro, dá o ano todo. O peixe de escama some em um período." Veja vídeo A Folha visitou Manacapuru, onde não se vê mais botos com facilidade, mas nenhum pescador na região diz ter usado o animal como isca. "Essa matação de boto foi gente rica que fez, sabe Deus lá onde", diz Nóbrega. O MPF (Ministério Público Federal) reconhece o problema. "A moratória da piracatinga vai causar prejuízo econômico, e não se pode descartar que alguns justos venham a pagar pela maioria pecadora", afirma o procurador Rafael da Silva Rocha. Segundo ele, porém, é responsabilidade das autoridades locais ajudar pescadores a substituírem o piracatinga. Matusalém de Oliveira, dono de frigorífico em Manacapuru, diz que vai perder 20% do faturamento. "Caçar boto é proibido. Quem é pego com boto é que tem de ser punido." Segundo o MPF, porém, fiscalizar a miríade de pequenos barcos que abastecem os frigoríficos é inviável, e o uso do boto não era o único problema causado pela piracatinga. Por ser necrófago, esse bagre, conhecido na região como "urubu d'água", é pouco procurado em mercados locais, e a produção é vendida com outros nomes, como douradinha ou pirosca. "É propaganda ilegal", diz Rocha. Estudos com carne do animal vendida na Colômbia –principal mercado consumidor– encontraram muitas amostras com nível de mercúrio acima do aceitável. Pesquisadores do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) sugerem que em regiões onde a pesca da piracatinga ocorria existe potencial para uma atividade menos nociva ""o turismo de observação de botos. Segundo Marcelo Vidal, biólogo do ICMBio, o risco é que a alimentação artificial intoxique e faça os animais perderem instinto de caça. No rio Negro, porém, existe uma experiência positiva. Um antigo restaurante flutuante virou um ponto de observação –e não vende mais comida. "Mas não podemos liberar um flutuante de interação com botos em cada rio da Amazônia", diz Vidal. "Dar uma alternativa para a piracatinga vai ser um desafio." Fotografia DOUGLAS LAMBERT | Edição: BIA BITTENCOURT | Arte: EDUARDO ASTA | 15 |
Fabricantes apostam em câmeras 360° após crescimento da realidade virtual | Se 2016 é o ano em que os grandes fabricantes de óculos de realidade virtual colocam seus aparelhos no mercado, este também é o ano em que as câmeras em 360 graus vão chegar às mãos dos usuários não profissionais. Opções de dispositivos que capturam e depois costuram imagens em todas as direções espalham-se pelos estandes e corredores da CES, maior feira de tecnologia do mundo, que abriu as portas nesta quarta-feira (5). A Nikon, por exemplo, anunciou nesta terça-feira sua KeyMission 360, do tamanho de uma GoPro, que captura imagens em todas as direções, com resolução 4k. É a primeira fabricante tradicional de câmeras a apostar no mercado amador de imagens em 360 graus, de pessoas que querem adotar a tecnologia, mas não são necessariamente profissionais de fotografia ou vídeo. Antes, havia apenas opções de empresas como a Ricoh, mas, com a chegada os óculos de realidade virtual, que oferecem uma experiência mais imersiva para esse tipo de conteúdo, fabricantes passaram a apostar no modelo. A tendência é análoga àquela iniciada com o primeiro modelo da GoPro, que colocou a fotografia de ação, que antes exigia equipamentos caros e complexos, nas mãos do usário comum. Hoje, o YouTube e o Facebook já oferecem a possibilidade de publicação de vídeos em 360 graus. Os fabricantes de câmera querem agora que capturar imagens desse tipo seja tão simples quanto tirar fotos tradicionais. A GoPro aposta no ecossistema de câmeras pequeninas, mas poderosas e resistentes, que vem montando há anos, desde o primeiro modelo até a Hero 4, carro-chefe da empresa. As "Spherical Solutions" são um conjunto de equipamentos e software feito para produzir conteúdo em 360 graus. Há suportes para encaixar GoPros em várias direções diferentes e aplicativos para costurar tudo em uma imagem final. A Ricoh também está na CES com suas câmeras Theta, que receberam boas críticas na edição de 2015 da feira. Mas há também outras opções, de fabricantes menos conhecidos, procurando espaço ao sol num mercado cada vez mais competitivo. No pavilhão central, um exibidor chamou atenção ao andar pelos corredores portando uma haste com uma bola verde no topo. Era a câmera esférica Panono, uma pioneira no segmento, que começou a ser desenvolvida ainda em 2011, quando ainda não tinha a companhia da Nokia Ozo, a câmera para realidade virtual da Nokia, e as 360fly, imaginadas pelo empresário Peter Adderton, um fã de esportes radicais, paras serem as GoPros do mercado de 360 graus. O jornalista viajou a convite da Samsung | tec | Fabricantes apostam em câmeras 360° após crescimento da realidade virtualSe 2016 é o ano em que os grandes fabricantes de óculos de realidade virtual colocam seus aparelhos no mercado, este também é o ano em que as câmeras em 360 graus vão chegar às mãos dos usuários não profissionais. Opções de dispositivos que capturam e depois costuram imagens em todas as direções espalham-se pelos estandes e corredores da CES, maior feira de tecnologia do mundo, que abriu as portas nesta quarta-feira (5). A Nikon, por exemplo, anunciou nesta terça-feira sua KeyMission 360, do tamanho de uma GoPro, que captura imagens em todas as direções, com resolução 4k. É a primeira fabricante tradicional de câmeras a apostar no mercado amador de imagens em 360 graus, de pessoas que querem adotar a tecnologia, mas não são necessariamente profissionais de fotografia ou vídeo. Antes, havia apenas opções de empresas como a Ricoh, mas, com a chegada os óculos de realidade virtual, que oferecem uma experiência mais imersiva para esse tipo de conteúdo, fabricantes passaram a apostar no modelo. A tendência é análoga àquela iniciada com o primeiro modelo da GoPro, que colocou a fotografia de ação, que antes exigia equipamentos caros e complexos, nas mãos do usário comum. Hoje, o YouTube e o Facebook já oferecem a possibilidade de publicação de vídeos em 360 graus. Os fabricantes de câmera querem agora que capturar imagens desse tipo seja tão simples quanto tirar fotos tradicionais. A GoPro aposta no ecossistema de câmeras pequeninas, mas poderosas e resistentes, que vem montando há anos, desde o primeiro modelo até a Hero 4, carro-chefe da empresa. As "Spherical Solutions" são um conjunto de equipamentos e software feito para produzir conteúdo em 360 graus. Há suportes para encaixar GoPros em várias direções diferentes e aplicativos para costurar tudo em uma imagem final. A Ricoh também está na CES com suas câmeras Theta, que receberam boas críticas na edição de 2015 da feira. Mas há também outras opções, de fabricantes menos conhecidos, procurando espaço ao sol num mercado cada vez mais competitivo. No pavilhão central, um exibidor chamou atenção ao andar pelos corredores portando uma haste com uma bola verde no topo. Era a câmera esférica Panono, uma pioneira no segmento, que começou a ser desenvolvida ainda em 2011, quando ainda não tinha a companhia da Nokia Ozo, a câmera para realidade virtual da Nokia, e as 360fly, imaginadas pelo empresário Peter Adderton, um fã de esportes radicais, paras serem as GoPros do mercado de 360 graus. O jornalista viajou a convite da Samsung | 10 |
Aos 27 anos, ex-jogador da NFL é encontrado morto na prisão | O ex-jogador de futebol americano Aaron Hernandez, de 27 anos, foi encontrado morto na prisão nos EUA, nesta quarta-feira (19). As autoridades do Estado de Massachussets informaram, em comunicado, que o atleta cometeu suicídio, já que ele estava enforcado em sua cela no Centro Correcional Souza-Baranowski. "O sr. Hernandez se enforcou utilizando um lençol preso à janela de sua cela. Ele também tentou bloquear sua porta por dentro, ao colocar vários itens encostados na mesma", informou o comunicado da polícia do Estado norte-americano. O advogado de Aaron Hernandez, Jose Baez, porém, diz que seu cliente não cometeu suicídio e acredita na hipótese de assassinato. A informação é do site TMZ. Segundo a publicação, Baez crê que a cena da morte foi montada por prisioneiros e pedirá autópsia. Em contato com familiares de Hernadez, Jose Baez disse que seu cliente estava bem espiritualmente dias antes da morte, colocando em dúvida a versão de suicídio. Os familiares do atleta estão chocados com a morte dentro do presídio. "Não houve conversas ou correspondências de Aaron com sua família ou com seus advogados que indicariam qualquer intenção disso [de se matar]", comunicou o advogado. Segundo nota oficial da polícia de Massachussets, os agentes utilizaram técnicas para tentar salvar a vida do ex-jogador do New England Patriots, time do marido de Gisele Bundchen, Tom Brady. Ele foi levado para um hospital de Massachussets, onde um médico declarou sua morte às 4h07 (5h07, no horário de Brasília). O detento estava em uma cela individual, pois cumpria pena perpétua pelo assassinado de Odin Lloyd, em junho de 2013. A vítima era jogador semi-profissional de futebol americano e estava namorando a irmã de Hernandez. Ele foi morto pela ex-estrela em local próximo à mansão de Hernandez. A condenação foi em 15 de abril de 2015. O jogador ainda respondia pelo homicídio de dois homens (Daniel de Abreu e Safiro Furtado), ocorrido em julho de 2012, mas foi absolvido na última sexta-feira. Ambos foram mortos a tiros em um carro enquanto estavam parados em um farol de South End, Boston. A justiça decidiu inocentar Hernadez, que ficou muito emocionado após ouvir a sentença. Sua noiva e sua filha de quatro anos estavam no tribunal e acompanharam as deliberações do júri. O ex-jogador mandou beijos à família após ser inocentado das mortes de Abreu e Furtado. Apesar da absolvição, Hernandez ainda teria de cumprir a pena perpétua pelo assassinato de Lloyd. A polícia iniciou uma investigação sobre o suicídio do jogador e já relatou que não foi encontrado nenhum tipo de carta de autoria própria da ex-estrela apontando mesmo um suicídio. Relatórios sugerem que Hernandez teve um registro violento na prisão, incluindo muitas lutas com outros presos, mas ele nunca tinha tentado se matar. Um porta-voz dos Patriots disse que a equipe ainda não decidiu se fará um pronunciamento oficial sobre o incidente. Hernandez era tido como um dos atletas mais promissores da NFL em sua posição. O tight end (que pode receber passes do quarterback ou também realizar corridas) defendeu o New England Patriots entre 2010 e 2012, chegando a ter um contrato de US$ 40 milhões (R$ 123 milhões). Hernandez atuou ao lado de Brady e conseguiu 1.956 jardas e 18 touchdowns em sua rápida carreira na NFL. Ele disputou e perdeu o Super Bowl, a grande final do campeonato de futebol americano, em 2011. | esporte | Aos 27 anos, ex-jogador da NFL é encontrado morto na prisãoO ex-jogador de futebol americano Aaron Hernandez, de 27 anos, foi encontrado morto na prisão nos EUA, nesta quarta-feira (19). As autoridades do Estado de Massachussets informaram, em comunicado, que o atleta cometeu suicídio, já que ele estava enforcado em sua cela no Centro Correcional Souza-Baranowski. "O sr. Hernandez se enforcou utilizando um lençol preso à janela de sua cela. Ele também tentou bloquear sua porta por dentro, ao colocar vários itens encostados na mesma", informou o comunicado da polícia do Estado norte-americano. O advogado de Aaron Hernandez, Jose Baez, porém, diz que seu cliente não cometeu suicídio e acredita na hipótese de assassinato. A informação é do site TMZ. Segundo a publicação, Baez crê que a cena da morte foi montada por prisioneiros e pedirá autópsia. Em contato com familiares de Hernadez, Jose Baez disse que seu cliente estava bem espiritualmente dias antes da morte, colocando em dúvida a versão de suicídio. Os familiares do atleta estão chocados com a morte dentro do presídio. "Não houve conversas ou correspondências de Aaron com sua família ou com seus advogados que indicariam qualquer intenção disso [de se matar]", comunicou o advogado. Segundo nota oficial da polícia de Massachussets, os agentes utilizaram técnicas para tentar salvar a vida do ex-jogador do New England Patriots, time do marido de Gisele Bundchen, Tom Brady. Ele foi levado para um hospital de Massachussets, onde um médico declarou sua morte às 4h07 (5h07, no horário de Brasília). O detento estava em uma cela individual, pois cumpria pena perpétua pelo assassinado de Odin Lloyd, em junho de 2013. A vítima era jogador semi-profissional de futebol americano e estava namorando a irmã de Hernandez. Ele foi morto pela ex-estrela em local próximo à mansão de Hernandez. A condenação foi em 15 de abril de 2015. O jogador ainda respondia pelo homicídio de dois homens (Daniel de Abreu e Safiro Furtado), ocorrido em julho de 2012, mas foi absolvido na última sexta-feira. Ambos foram mortos a tiros em um carro enquanto estavam parados em um farol de South End, Boston. A justiça decidiu inocentar Hernadez, que ficou muito emocionado após ouvir a sentença. Sua noiva e sua filha de quatro anos estavam no tribunal e acompanharam as deliberações do júri. O ex-jogador mandou beijos à família após ser inocentado das mortes de Abreu e Furtado. Apesar da absolvição, Hernandez ainda teria de cumprir a pena perpétua pelo assassinato de Lloyd. A polícia iniciou uma investigação sobre o suicídio do jogador e já relatou que não foi encontrado nenhum tipo de carta de autoria própria da ex-estrela apontando mesmo um suicídio. Relatórios sugerem que Hernandez teve um registro violento na prisão, incluindo muitas lutas com outros presos, mas ele nunca tinha tentado se matar. Um porta-voz dos Patriots disse que a equipe ainda não decidiu se fará um pronunciamento oficial sobre o incidente. Hernandez era tido como um dos atletas mais promissores da NFL em sua posição. O tight end (que pode receber passes do quarterback ou também realizar corridas) defendeu o New England Patriots entre 2010 e 2012, chegando a ter um contrato de US$ 40 milhões (R$ 123 milhões). Hernandez atuou ao lado de Brady e conseguiu 1.956 jardas e 18 touchdowns em sua rápida carreira na NFL. Ele disputou e perdeu o Super Bowl, a grande final do campeonato de futebol americano, em 2011. | 3 |
Construtoras podem se livrar de ação judicial caso banquem parque Augusta | O Ministério Público está disposto a retirar uma ação civil pública contra as donas da área do futuro parque Augusta caso elas aceitem bancar a implementação da iniciativa. O processo judicial, movido desde abril do ano passado, pede a devolução da área e requer o pagamento de danos morais coletivos no valor de R$ 500 mil por dia em que o parque esteve fechado. JOGANDO VERDE Há alguns dias, o prefeito João Doria (PSDB) anunciou que vai oferecer terrenos públicos às construtoras Setin e Cyrela em troca da área do parque. A negociação está em andamento. O projeto da obra, no entanto, já está sendo analisado. Estima-se que a intervenção custará entre R$ 15 e R$ 20 milhões. VERDE 2 "Essa será a condição para concordarmos com o arquivamento", diz o promotor Silvio Marques, que é um dos autores da ação e está na linha de frente das tratativas. A Cyrela e a Setin dizem que "não vão se pronunciar sobre o assunto neste momento". Leia a coluna completa aqui. | colunas | Construtoras podem se livrar de ação judicial caso banquem parque AugustaO Ministério Público está disposto a retirar uma ação civil pública contra as donas da área do futuro parque Augusta caso elas aceitem bancar a implementação da iniciativa. O processo judicial, movido desde abril do ano passado, pede a devolução da área e requer o pagamento de danos morais coletivos no valor de R$ 500 mil por dia em que o parque esteve fechado. JOGANDO VERDE Há alguns dias, o prefeito João Doria (PSDB) anunciou que vai oferecer terrenos públicos às construtoras Setin e Cyrela em troca da área do parque. A negociação está em andamento. O projeto da obra, no entanto, já está sendo analisado. Estima-se que a intervenção custará entre R$ 15 e R$ 20 milhões. VERDE 2 "Essa será a condição para concordarmos com o arquivamento", diz o promotor Silvio Marques, que é um dos autores da ação e está na linha de frente das tratativas. A Cyrela e a Setin dizem que "não vão se pronunciar sobre o assunto neste momento". Leia a coluna completa aqui. | 1 |
Futuro secretário diz que Interlagos não foi primeira opção para a Virada | "Interlagos não foi o plano 'A'. Foi o 'C' ou 'D', porque o Pacaembu e o Ibirapuera não eram possíveis." André Sturm, futuro secretário municipal da Cultura nomeado pelo prefeito eleito João Doria, quase descarta a ideia de levar os grandes shows da Virada Cultural para o autódromo e disse, em entrevista coletiva, que o evento continuará no centro, com duração de 24 horas, mas sem os "grandes palcos". Incomodado, tentando minimizar o desgaste causado pelo anúncio de confinar a Virada em Interlagos, Sturm disse que o plano não tem a ver com "murar" o evento, mas concentrar num só lugar os palcos que atraem multidões, já que grandes shows no centro "desvirtuam" a ideia do festival, que é fazer com que as pessoas circulem por ali. Ele também afirmou que, caso a lotação máxima de Interlagos não passe mesmo de 80 mil pessoas, que é o público de festivais como o Lollapalooza, por exemplo, o autódromo será descartado como opção para receber os shows. Não há ainda, no entanto, uma alternativa a Interlagos. "A Virada será no centro da cidade, terá 24 horas, terá uma programação diversificada, terá nomes conhecidos, nomes desconhecidos, nomes cults, nomes pops", disse Sturm. "O evento permanece no centro e será mais descentralizado do que ele já foi." Questionado sobre o projeto de lei do vereador Andrea Matarazzo, aprovado em primeira votação na Câmara e que preserva as características da Virada tal qual ela vem sendo realizada até o momento, Sturm disse que a proposta é "ótima" e que sua gestão não vai descaracterizar o evento. "Tudo que está na lei é o que vamos fazer", disse. "Só garanto que não haverá grandes palcos no centro." Sturm disse ainda que, mesmo com patrocínios privados, a Virada Cultural não mudará de nome nem será "um desfile de Carnaval de marcas". Entre as ideias para formar a programação está abrir uma espécie de edital e escolher a partir das propostas metade do que será realizado. Ele também propôs levar musicais ao Municipal. | ilustrada | Futuro secretário diz que Interlagos não foi primeira opção para a Virada"Interlagos não foi o plano 'A'. Foi o 'C' ou 'D', porque o Pacaembu e o Ibirapuera não eram possíveis." André Sturm, futuro secretário municipal da Cultura nomeado pelo prefeito eleito João Doria, quase descarta a ideia de levar os grandes shows da Virada Cultural para o autódromo e disse, em entrevista coletiva, que o evento continuará no centro, com duração de 24 horas, mas sem os "grandes palcos". Incomodado, tentando minimizar o desgaste causado pelo anúncio de confinar a Virada em Interlagos, Sturm disse que o plano não tem a ver com "murar" o evento, mas concentrar num só lugar os palcos que atraem multidões, já que grandes shows no centro "desvirtuam" a ideia do festival, que é fazer com que as pessoas circulem por ali. Ele também afirmou que, caso a lotação máxima de Interlagos não passe mesmo de 80 mil pessoas, que é o público de festivais como o Lollapalooza, por exemplo, o autódromo será descartado como opção para receber os shows. Não há ainda, no entanto, uma alternativa a Interlagos. "A Virada será no centro da cidade, terá 24 horas, terá uma programação diversificada, terá nomes conhecidos, nomes desconhecidos, nomes cults, nomes pops", disse Sturm. "O evento permanece no centro e será mais descentralizado do que ele já foi." Questionado sobre o projeto de lei do vereador Andrea Matarazzo, aprovado em primeira votação na Câmara e que preserva as características da Virada tal qual ela vem sendo realizada até o momento, Sturm disse que a proposta é "ótima" e que sua gestão não vai descaracterizar o evento. "Tudo que está na lei é o que vamos fazer", disse. "Só garanto que não haverá grandes palcos no centro." Sturm disse ainda que, mesmo com patrocínios privados, a Virada Cultural não mudará de nome nem será "um desfile de Carnaval de marcas". Entre as ideias para formar a programação está abrir uma espécie de edital e escolher a partir das propostas metade do que será realizado. Ele também propôs levar musicais ao Municipal. | 6 |
Atrasado decide 'ir de boa para não virar meme' e perde prova do Enem | Após um dia com correria e tentativa de invasões, a entrada para a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no campus da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, ocorreu com mais tranquilidade. Mas a cena de estudantes atrasados se repetiu. A última pessoa que entrou no prédio neste domingo (25), às 13h, foi empurrada e acabou caindo. Ela se machucou e foi levada de cadeira de rodas para dentro da universidade —pessoas que atuam na organização do exame cercaram a jovem para evitar que fosse fotografada. Atrasado, o estudante Lucas Prado se deparou com o portão fechado. Ele disse que pegou três ônibus para ir ao local e um dos veículos quebrou no caminho. "Saí de casa às 8h45. Moro muito longe." Jadson Rodrigo chegou à universidade três minutos depois do fechamento do portão. Ele disse que estava "com preguiça", pois as primeiras provas foram cansativas. Segundo o jovem, às 13h estava no terminal Barra Funda e, então, decidiu ir "de boa para não virar meme". Neste sábado (24), Rodrigo riu dos atrasados. Marluce Mariano, 31, também perdeu o segundo dia do exame. Ele fez a primeira prova no local neste sábado (24). Neste domingo (25), no entanto, não encontrou o nome dela nas salas. RESULTADO Quem quiser saber a nota obtida logo após o exame pode utilizar o aplicativo Quero a Minha Nota, lançado pela Folha em parceria com a empresa de tecnologia educacional TunEduc. Baixe o aplicativo Quero a minha Nota! para Android Raio-X do Enem p(division). - | educacao | Atrasado decide 'ir de boa para não virar meme' e perde prova do EnemApós um dia com correria e tentativa de invasões, a entrada para a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no campus da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, ocorreu com mais tranquilidade. Mas a cena de estudantes atrasados se repetiu. A última pessoa que entrou no prédio neste domingo (25), às 13h, foi empurrada e acabou caindo. Ela se machucou e foi levada de cadeira de rodas para dentro da universidade —pessoas que atuam na organização do exame cercaram a jovem para evitar que fosse fotografada. Atrasado, o estudante Lucas Prado se deparou com o portão fechado. Ele disse que pegou três ônibus para ir ao local e um dos veículos quebrou no caminho. "Saí de casa às 8h45. Moro muito longe." Jadson Rodrigo chegou à universidade três minutos depois do fechamento do portão. Ele disse que estava "com preguiça", pois as primeiras provas foram cansativas. Segundo o jovem, às 13h estava no terminal Barra Funda e, então, decidiu ir "de boa para não virar meme". Neste sábado (24), Rodrigo riu dos atrasados. Marluce Mariano, 31, também perdeu o segundo dia do exame. Ele fez a primeira prova no local neste sábado (24). Neste domingo (25), no entanto, não encontrou o nome dela nas salas. RESULTADO Quem quiser saber a nota obtida logo após o exame pode utilizar o aplicativo Quero a Minha Nota, lançado pela Folha em parceria com a empresa de tecnologia educacional TunEduc. Baixe o aplicativo Quero a minha Nota! para Android Raio-X do Enem p(division). - | 12 |
Decisões de tribunais aumentam a pressão por reforma trabalhista | Decisões da Justiça do Trabalho e de ministros do Supremo Tribunal Federal que favoreceram os empregadores fizeram aumentar neste ano as pressões do setor produtivo por uma ampla reforma da legislação trabalhista. Empresários pedem há anos redução do peso dos encargos e mais segurança jurídica para as relações com os trabalhadores, mas esbarram na oposição de sindicatos e seus aliados no Congresso. Na semana passada, após meses de hesitação, o presidente Michel Temer enviou à Câmara dos Deputados um projeto de lei que abre caminho para a negociação de vários benefícios trabalhistas garantidos pelas regras atuais. O projeto lista 12 áreas em que patrões e empregados poderiam negociar contratos coletivos com condições de trabalho mais duras, incluindo jornadas mais longas do que as oito horas que a lei prevê. A ideia é que esses acordos prevaleçam sobre o disposto na legislação e não possam ser contestados nos tribunais, o que reforçaria um entendimento que tem conquistado novos adeptos no Judiciário. Em setembro, o ministro do Supremo Teori Zavascki decidiu que, havendo previsão em acordo coletivo, uma empresa pode deixar de pagar o tempo gasto pelo empregado no trajeto entre a casa e o trabalho, compensando-o com outros benefícios. A opinião de Zavascki seguiu decisão unânime do plenário do STF, de abril de 2015. Na ocasião, o tribunal decidiu que, quando uma empresa tem um plano de demissão voluntária, pode deixar de pagar certas verbas trabalhistas se o contrato coletivo permitir. O que o governo quer mudar por meio de MP As duas decisões reformaram um entendimento anterior do TST (Tribunal Superior do Trabalho), instância máxima da Justiça do Trabalho. Em outubro, uma decisão de caráter provisório de outro ministro do STF, Gilmar Mendes, paralisou ações trabalhistas que discutem o chamado princípio da ultratividade, segundo o qual as cláusulas de um acordo coletivo vencido continuam valendo enquanto o novo não for negociado. O princípio da ultratividade é consagrado desde 2012 em uma das súmulas editadas pelo TST, que servem como diretrizes para instâncias inferiores da Justiça do Trabalho. O número de casos novos que chegam às varas tem crescido... - Em milhões ... o valor das indenizações está caindo... - Em R$ bilhões* ... e há equilíbrio nas principais decisões - Favorecidos pelas súmulas do TSE em vigor* PLACAR APERTADO Decisões recentes do TST também fizeram avançar pleitos do setor produtivo. Em outubro, uma das seções do tribunal absolveu uma empresa que fora condenada a pagar a um funcionário adicionais de periculosidade e insalubridade cumulativamente. A decisão reverteu entendimento anterior do tribunal e foi tomada com placar apertado, por sete votos a seis. Um mês depois, o plenário do TST reviu a jurisprudência do tribunal sobre as horas extras pagas aos bancários e decidiu que os bancos não precisam incluir os sábados no cálculo do repouso semanal remunerado, apoiando uma antiga demanda dos bancos. O julgamento permitirá uniformizar a atuação de outras instâncias da Justiça do Trabalho em casos semelhantes. A decisão também foi apertada, e coube ao presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, desempatar a votação. O ministro, que dirige o tribunal desde fevereiro, é um defensor de reformas nas leis trabalhistas. Ele argumenta que, em épocas de crise, a flexibilização ajuda mais a proteger empregos do que a interpretação rígida das regras. Essa visão é compartilhada por especialistas como o professor de direito do trabalho Paulo Sérgio João, da FGV (Fundação Getulio Vargas), para quem dar mais autonomia às negociações coletivas abriria espaço para mais postos de trabalho e daria estabilidade às empresas. Outros veem riscos na pressão por reformas. "Está em andamento um projeto neoliberal para a retirada de direitos trabalhistas", diz o advogado Wagner Luís Verquietini, do escritório Bonilha Advogados, de São Paulo. Integrantes do TST disseram à Folha que o ímpeto reformista de Martins Filho é minoritário no tribunal, composto por 27 ministros. Eles acham que mudanças nessa área deveriam ser debatidas com a sociedade, em vez de ser promovidas pelo Poder Judiciário. Negociações entre trabalhadores e empresas EQUILÍBRIO Uma análise das súmulas editadas pelo tribunal mostra equilíbrio em suas decisões. Segundo o procurador Rodrigo Carelli, do Ministério Público do Trabalho, 86 de 185 súmulas em vigor atendem a teses dos patrões, 89 aos trabalhadores e 10 são neutras. Para que uma súmula seja produzida, é necessário o apoio de pelo menos dez ministros da corte ou que um ministro do plenário do TST apresente ele mesmo a ideia. "Não se cria a jurisprudência por vontade própria, mas pelo pensamento majoritário", afirmou o ministro Aloysio Silva Corrêa da Veiga, que é integrante do pleno do TST. As três novas súmulas adotadas pelo tribunal neste ano, após a chegada de Martins Filho à presidência, favorecem teses dos trabalhadores. | mercado | Decisões de tribunais aumentam a pressão por reforma trabalhistaDecisões da Justiça do Trabalho e de ministros do Supremo Tribunal Federal que favoreceram os empregadores fizeram aumentar neste ano as pressões do setor produtivo por uma ampla reforma da legislação trabalhista. Empresários pedem há anos redução do peso dos encargos e mais segurança jurídica para as relações com os trabalhadores, mas esbarram na oposição de sindicatos e seus aliados no Congresso. Na semana passada, após meses de hesitação, o presidente Michel Temer enviou à Câmara dos Deputados um projeto de lei que abre caminho para a negociação de vários benefícios trabalhistas garantidos pelas regras atuais. O projeto lista 12 áreas em que patrões e empregados poderiam negociar contratos coletivos com condições de trabalho mais duras, incluindo jornadas mais longas do que as oito horas que a lei prevê. A ideia é que esses acordos prevaleçam sobre o disposto na legislação e não possam ser contestados nos tribunais, o que reforçaria um entendimento que tem conquistado novos adeptos no Judiciário. Em setembro, o ministro do Supremo Teori Zavascki decidiu que, havendo previsão em acordo coletivo, uma empresa pode deixar de pagar o tempo gasto pelo empregado no trajeto entre a casa e o trabalho, compensando-o com outros benefícios. A opinião de Zavascki seguiu decisão unânime do plenário do STF, de abril de 2015. Na ocasião, o tribunal decidiu que, quando uma empresa tem um plano de demissão voluntária, pode deixar de pagar certas verbas trabalhistas se o contrato coletivo permitir. O que o governo quer mudar por meio de MP As duas decisões reformaram um entendimento anterior do TST (Tribunal Superior do Trabalho), instância máxima da Justiça do Trabalho. Em outubro, uma decisão de caráter provisório de outro ministro do STF, Gilmar Mendes, paralisou ações trabalhistas que discutem o chamado princípio da ultratividade, segundo o qual as cláusulas de um acordo coletivo vencido continuam valendo enquanto o novo não for negociado. O princípio da ultratividade é consagrado desde 2012 em uma das súmulas editadas pelo TST, que servem como diretrizes para instâncias inferiores da Justiça do Trabalho. O número de casos novos que chegam às varas tem crescido... - Em milhões ... o valor das indenizações está caindo... - Em R$ bilhões* ... e há equilíbrio nas principais decisões - Favorecidos pelas súmulas do TSE em vigor* PLACAR APERTADO Decisões recentes do TST também fizeram avançar pleitos do setor produtivo. Em outubro, uma das seções do tribunal absolveu uma empresa que fora condenada a pagar a um funcionário adicionais de periculosidade e insalubridade cumulativamente. A decisão reverteu entendimento anterior do tribunal e foi tomada com placar apertado, por sete votos a seis. Um mês depois, o plenário do TST reviu a jurisprudência do tribunal sobre as horas extras pagas aos bancários e decidiu que os bancos não precisam incluir os sábados no cálculo do repouso semanal remunerado, apoiando uma antiga demanda dos bancos. O julgamento permitirá uniformizar a atuação de outras instâncias da Justiça do Trabalho em casos semelhantes. A decisão também foi apertada, e coube ao presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, desempatar a votação. O ministro, que dirige o tribunal desde fevereiro, é um defensor de reformas nas leis trabalhistas. Ele argumenta que, em épocas de crise, a flexibilização ajuda mais a proteger empregos do que a interpretação rígida das regras. Essa visão é compartilhada por especialistas como o professor de direito do trabalho Paulo Sérgio João, da FGV (Fundação Getulio Vargas), para quem dar mais autonomia às negociações coletivas abriria espaço para mais postos de trabalho e daria estabilidade às empresas. Outros veem riscos na pressão por reformas. "Está em andamento um projeto neoliberal para a retirada de direitos trabalhistas", diz o advogado Wagner Luís Verquietini, do escritório Bonilha Advogados, de São Paulo. Integrantes do TST disseram à Folha que o ímpeto reformista de Martins Filho é minoritário no tribunal, composto por 27 ministros. Eles acham que mudanças nessa área deveriam ser debatidas com a sociedade, em vez de ser promovidas pelo Poder Judiciário. Negociações entre trabalhadores e empresas EQUILÍBRIO Uma análise das súmulas editadas pelo tribunal mostra equilíbrio em suas decisões. Segundo o procurador Rodrigo Carelli, do Ministério Público do Trabalho, 86 de 185 súmulas em vigor atendem a teses dos patrões, 89 aos trabalhadores e 10 são neutras. Para que uma súmula seja produzida, é necessário o apoio de pelo menos dez ministros da corte ou que um ministro do plenário do TST apresente ele mesmo a ideia. "Não se cria a jurisprudência por vontade própria, mas pelo pensamento majoritário", afirmou o ministro Aloysio Silva Corrêa da Veiga, que é integrante do pleno do TST. As três novas súmulas adotadas pelo tribunal neste ano, após a chegada de Martins Filho à presidência, favorecem teses dos trabalhadores. | 2 |
Confira o que abre e fecha em São Paulo no feriado de Finados | Devido ao feriado de 2 de novembro, comemoração do Dia de Finados, alguns serviços funcionarão em horário diferenciado na capital paulista. O rodízio de veículos também ficará suspenso. Os cemitérios sob administração da prefeitura abrirão entre as 7h e as 18h. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vai monitorar o trânsito nos arredores dos principais cemitério da cidade, podendo fazer bloqueios e alteração na circulação. Além das tradicionais missas, alguns cemitérios promoverão exposição, encontro para homenagear ciclistas mortos, oficina infantil com psicólogas sobre a expressão do luto, simulação de uma cerimônia de cremação, entre outros. Veja a programação aqui. Segundo a previsão do tempo, o dia começa com sol e temperaturas em elevação. A máxima deve alcançar os 32ºC e a umidade, ficar perto dos 30%. No decorrer da tarde, porém, instabilidades que antecedem a chegada da frente fria podem provocar pancadas isoladas de chuva na Grande São Paulo, com potencial para formação de alagamentos e quedas de árvores. Em julho, a Folha passou uma semana acompanhando o dia a dia do cemitério São Luiz, na zona sul, e conta as histórias neste especial. Feriado - Abre e fecha | cotidiano | Confira o que abre e fecha em São Paulo no feriado de FinadosDevido ao feriado de 2 de novembro, comemoração do Dia de Finados, alguns serviços funcionarão em horário diferenciado na capital paulista. O rodízio de veículos também ficará suspenso. Os cemitérios sob administração da prefeitura abrirão entre as 7h e as 18h. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vai monitorar o trânsito nos arredores dos principais cemitério da cidade, podendo fazer bloqueios e alteração na circulação. Além das tradicionais missas, alguns cemitérios promoverão exposição, encontro para homenagear ciclistas mortos, oficina infantil com psicólogas sobre a expressão do luto, simulação de uma cerimônia de cremação, entre outros. Veja a programação aqui. Segundo a previsão do tempo, o dia começa com sol e temperaturas em elevação. A máxima deve alcançar os 32ºC e a umidade, ficar perto dos 30%. No decorrer da tarde, porém, instabilidades que antecedem a chegada da frente fria podem provocar pancadas isoladas de chuva na Grande São Paulo, com potencial para formação de alagamentos e quedas de árvores. Em julho, a Folha passou uma semana acompanhando o dia a dia do cemitério São Luiz, na zona sul, e conta as histórias neste especial. Feriado - Abre e fecha | 5 |
A história que deu origem ao mito da ligação entre vacinas e autismo | O dia 26 de fevereiro de 1998 marcou o início de uma desconfiança internacional sobre vacinas que reverbera até hoje, quase 20 anos depois. Foi naquele dia, em Londres, que o médico Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa preliminar, publicada na conceituada revista "Lancet", descrevendo 12 crianças que desenvolveram comportamentos autistas e inflamação intestinal grave. Em comum, dizia o estudo, as crianças tinham vestígios do vírus do sarampo no corpo. Wakefield e seus colegas de estudo levantaram a possibilidade de um "vínculo causal" desses problemas com a vacina MMR, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba e que havia sido aplicada em 11 das crianças estudadas. Wakefield reconhecia que se tratava apenas de uma hipótese de que as vacinas poderiam causar problemas gastrointestinais, os quais levariam a uma inflamação no cérebro –e talvez ao autismo. Foi o suficiente, porém, para que índices de vacinação de MMR começassem a cair no Reino Unido e, mais tarde, ao redor do mundo. Essa história está sendo resgatada por um livro recém-lançado no Brasil, "Outra Sintonia", em que os autores John Donvan e Caren Zucker narram a história do autismo na sociedade. O livro dedica um capítulo inteiro à polêmica em torno das vacinas –num momento em que, no Brasil e no mundo, debates sobre vacinação continuam fortes. Na Europa, uma epidemia de sarampo resultante da queda da imunização teve ao menos 500 infectados no primeiro trimestre deste ano e deixou as autoridades em alerta. Em resposta, países como Itália e Alemanha passaram a discutir punições para quem deixe de vacinar seus filhos. No Brasil, alguns pais se reúnem em grupos de Facebook e WhatsApp para discutir seus temores em relação às imunizações. As preocupações vão de efeitos colaterais das injeções à segurança das doses; de possíveis benefícios à indústria farmacêutica ao medo de que as vacinas múltiplas exponham os bebês a uma carga excessiva de substâncias. De volta ao livro, nos anos seguintes ao estudo de Wakefield, a polêmica chegou aos EUA. Lá o vínculo com o autismo não foi feito com a MMR, mas sim com o timerosal, componente antibactericida que está presente em algumas vacinas. Foram necessários muitos anos de debate para que ambas as teorias fossem desmontadas e para que o elo entre autismo e vacinas fosse descartado pela comunidade científica. 'IRRESPONSÁVEL' Em 2004, o Instituto de Medicina dos EUA concluiu que não havia provas de que o autismo tivesse relação com o timerosal. "Aliás, na Dinamarca, o timerosal fora retirado das vacinas em 1992, mas o autismo estava mais prevalente do que nunca", escrevem Donvan e Zucker em seu livro. A conclusão foi reforçada por análises na Califórnia, onde o timerosal foi tirado da composição das vacinas no início dos anos 2000. E, no entanto, a prevalência do autismo aumentou por ali em 2007. Quanto a Wakefield, também em 2004 descobriu-se que antes da publicação do artigo na "Lancet", em 1998, ele havia feito um pedido de patente para uma vacina contra sarampo que concorreria com a MMR, algo que foi visto como um conflito de interesses. Mas as acusações foram muito além disso: no estudo original, Wakefield dizia haver vestígios do vírus do sarampo nas 12 crianças pesquisadas. No entanto, um médico que o auxiliou no trabalho veio a público dizer que, na verdade, não havia encontrado o vírus em nenhuma delas –e que Wakefield ignorou essa informação para não prejudicar o estudo. Em 2010, o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido julgou Wakefield "inapto para o exercício da profissão", qualificando seu comportamento como "irresponsável", "antiético" e "enganoso". E a "Lancet" se retratou do estudo publicado uma década antes, dizendo que suas conclusões eram "totalmente falsas". Por fim, a entidade americana Autism Speaks, dedicada a estudos e debates sobre o autismo, decidiu se posicionar a favor da vacinação. "Vacinas não causam autismo", escreveu a entidade em seu site em 2015. "Pedimos encarecidamente que todas as crianças sejam vacinadas." IMUNIDADE COLETIVA No Brasil, estudiosos têm observado na última década um movimento, sobretudo nas classes A e B, de pais que evitam vacinar seus filhos. "Pelos dados que temos, são pessoas que têm acesso à informação e levantam a associação entre a vacinação e algumas patologias, apesar de muitos estudos comprovarem que essa relação não existe", diz à BBC Brasil José Cássio de Moraes, especialista em imunização e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. A pediatra Carolina Luisa Alves Barbieri conversou com diversos desses pais para sua tese de doutorado sobre vacinação, defendida em 2014 na Faculdade de Medicina da USP. "Os casais que não vacinaram relataram sentimento de medo diante da perda de autonomia nas decisões sobre a saúde de seus filhos", escreve Barbieri em sua tese. Ela cita, por exemplo, um casal que decidiu não dar a vacina da gripe a seu filho por insegurança com "vacinas novas"; ou outro que escolheu quais vacinas daria em seus bebês por causa das reações adversas que as injeções poderiam causar –evitando, por exemplo, a MMR "por medo de sua associação com o autismo"; há também uma mãe que decidiu pela não vacinação total de seus filhos porque "buscava um modo de vida mais natural, sem intervenções nem medicamentos". Para José Cássio de Moraes, a cobertura de vacinação do Brasil ainda é satisfatória, "mas se aumenta o número de pessoas suscetíveis [aos vírus], corremos o risco de perder a imunidade coletiva". 'UM CONTAMINA DEZ' Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, argumenta que o medo dos pais por possíveis efeitos adversos da vacina não pode se sobrepor ao perigo, muito mais grave, da doença em si. "A diminuição da mortalidade infantil no Brasil se deve à vacinação", argumenta à BBC Brasil. "E não procede achar que 'meu filho é bem nutrido e não precisa de vacina'. Ainda temos no mundo casos de pólio e sarampo, como mostra o surto na Europa. Com o livre-comércio e turismo, sempre há a chance de se pegar e passar adiante." "Uma pessoa com sarampo, por exemplo, consegue contaminar outras dez. E é uma doença de elevada mortalidade e sequelas importantes, como cegueira e surdez", prossegue. Ainda assim, Domingues acredita que as oscilações nos índices de vacinação se devem mais à "desinformação" do que a uma contrariedade às vacinas. "Muitos pais já não veem mais algumas doenças acontecerem e acham que não precisam mais vacinar", diz ela. "No ano passado, quando houve surto de influenza, a cobertura da vacina da gripe chegou a 96% no Brasil. Neste ano, porém, só nove Estados tiveram uma cobertura acima de 90%." Moraes diz também que as rotinas de mães e pais que trabalham precisam ser levadas em conta. "Às vezes há dificuldades de acesso ao sistema de saúde pública: muitos pais não conseguem ir [durante o horário de expediente] ao posto de saúde dar as vacinas, o que diminui a cobertura, por exemplo, das doses de reforço ou das que são dadas quando a criança tem um ano de idade." Segundo o especialista, muitos dos questionamentos que afastam os pais da vacinação têm resposta. Ele argumenta que as doses múltiplas de vacinas não causam problemas em bebês. "Quando a criança nasce, entra em contato com milhares de substâncias novas. Ela dá conta com folga do volume de antígenos [presente nas vacinas múltiplas]." Sobre o timerosal, que causa temores por causa do mercúrio, de fato a substância pode causar problemas neurológicos, mas em doses mais altas. "A vacina tem uma dose mínima, e de qualquer forma o timerosal é só usado para as multidoses [em que um mesmo frasco serve para vacinar múltiplos pacientes], cada vez mais raras no Brasil." Em relação às críticas à indústria farmacêutica, Moraes afirma que "uma parcela importante das vacinas brasileiras é feita por laboratórios públicos, como o Butantan. É claro que há interesses comerciais, mas acredito que a exigência de segurança para vacinas seja maior do que para os medicamentos comuns". Hoje, segundo a OMS, as vacinas salvam de dois a três milhões de vidas por ano no mundo. | equilibrioesaude | A história que deu origem ao mito da ligação entre vacinas e autismoO dia 26 de fevereiro de 1998 marcou o início de uma desconfiança internacional sobre vacinas que reverbera até hoje, quase 20 anos depois. Foi naquele dia, em Londres, que o médico Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa preliminar, publicada na conceituada revista "Lancet", descrevendo 12 crianças que desenvolveram comportamentos autistas e inflamação intestinal grave. Em comum, dizia o estudo, as crianças tinham vestígios do vírus do sarampo no corpo. Wakefield e seus colegas de estudo levantaram a possibilidade de um "vínculo causal" desses problemas com a vacina MMR, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba e que havia sido aplicada em 11 das crianças estudadas. Wakefield reconhecia que se tratava apenas de uma hipótese de que as vacinas poderiam causar problemas gastrointestinais, os quais levariam a uma inflamação no cérebro –e talvez ao autismo. Foi o suficiente, porém, para que índices de vacinação de MMR começassem a cair no Reino Unido e, mais tarde, ao redor do mundo. Essa história está sendo resgatada por um livro recém-lançado no Brasil, "Outra Sintonia", em que os autores John Donvan e Caren Zucker narram a história do autismo na sociedade. O livro dedica um capítulo inteiro à polêmica em torno das vacinas –num momento em que, no Brasil e no mundo, debates sobre vacinação continuam fortes. Na Europa, uma epidemia de sarampo resultante da queda da imunização teve ao menos 500 infectados no primeiro trimestre deste ano e deixou as autoridades em alerta. Em resposta, países como Itália e Alemanha passaram a discutir punições para quem deixe de vacinar seus filhos. No Brasil, alguns pais se reúnem em grupos de Facebook e WhatsApp para discutir seus temores em relação às imunizações. As preocupações vão de efeitos colaterais das injeções à segurança das doses; de possíveis benefícios à indústria farmacêutica ao medo de que as vacinas múltiplas exponham os bebês a uma carga excessiva de substâncias. De volta ao livro, nos anos seguintes ao estudo de Wakefield, a polêmica chegou aos EUA. Lá o vínculo com o autismo não foi feito com a MMR, mas sim com o timerosal, componente antibactericida que está presente em algumas vacinas. Foram necessários muitos anos de debate para que ambas as teorias fossem desmontadas e para que o elo entre autismo e vacinas fosse descartado pela comunidade científica. 'IRRESPONSÁVEL' Em 2004, o Instituto de Medicina dos EUA concluiu que não havia provas de que o autismo tivesse relação com o timerosal. "Aliás, na Dinamarca, o timerosal fora retirado das vacinas em 1992, mas o autismo estava mais prevalente do que nunca", escrevem Donvan e Zucker em seu livro. A conclusão foi reforçada por análises na Califórnia, onde o timerosal foi tirado da composição das vacinas no início dos anos 2000. E, no entanto, a prevalência do autismo aumentou por ali em 2007. Quanto a Wakefield, também em 2004 descobriu-se que antes da publicação do artigo na "Lancet", em 1998, ele havia feito um pedido de patente para uma vacina contra sarampo que concorreria com a MMR, algo que foi visto como um conflito de interesses. Mas as acusações foram muito além disso: no estudo original, Wakefield dizia haver vestígios do vírus do sarampo nas 12 crianças pesquisadas. No entanto, um médico que o auxiliou no trabalho veio a público dizer que, na verdade, não havia encontrado o vírus em nenhuma delas –e que Wakefield ignorou essa informação para não prejudicar o estudo. Em 2010, o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido julgou Wakefield "inapto para o exercício da profissão", qualificando seu comportamento como "irresponsável", "antiético" e "enganoso". E a "Lancet" se retratou do estudo publicado uma década antes, dizendo que suas conclusões eram "totalmente falsas". Por fim, a entidade americana Autism Speaks, dedicada a estudos e debates sobre o autismo, decidiu se posicionar a favor da vacinação. "Vacinas não causam autismo", escreveu a entidade em seu site em 2015. "Pedimos encarecidamente que todas as crianças sejam vacinadas." IMUNIDADE COLETIVA No Brasil, estudiosos têm observado na última década um movimento, sobretudo nas classes A e B, de pais que evitam vacinar seus filhos. "Pelos dados que temos, são pessoas que têm acesso à informação e levantam a associação entre a vacinação e algumas patologias, apesar de muitos estudos comprovarem que essa relação não existe", diz à BBC Brasil José Cássio de Moraes, especialista em imunização e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. A pediatra Carolina Luisa Alves Barbieri conversou com diversos desses pais para sua tese de doutorado sobre vacinação, defendida em 2014 na Faculdade de Medicina da USP. "Os casais que não vacinaram relataram sentimento de medo diante da perda de autonomia nas decisões sobre a saúde de seus filhos", escreve Barbieri em sua tese. Ela cita, por exemplo, um casal que decidiu não dar a vacina da gripe a seu filho por insegurança com "vacinas novas"; ou outro que escolheu quais vacinas daria em seus bebês por causa das reações adversas que as injeções poderiam causar –evitando, por exemplo, a MMR "por medo de sua associação com o autismo"; há também uma mãe que decidiu pela não vacinação total de seus filhos porque "buscava um modo de vida mais natural, sem intervenções nem medicamentos". Para José Cássio de Moraes, a cobertura de vacinação do Brasil ainda é satisfatória, "mas se aumenta o número de pessoas suscetíveis [aos vírus], corremos o risco de perder a imunidade coletiva". 'UM CONTAMINA DEZ' Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, argumenta que o medo dos pais por possíveis efeitos adversos da vacina não pode se sobrepor ao perigo, muito mais grave, da doença em si. "A diminuição da mortalidade infantil no Brasil se deve à vacinação", argumenta à BBC Brasil. "E não procede achar que 'meu filho é bem nutrido e não precisa de vacina'. Ainda temos no mundo casos de pólio e sarampo, como mostra o surto na Europa. Com o livre-comércio e turismo, sempre há a chance de se pegar e passar adiante." "Uma pessoa com sarampo, por exemplo, consegue contaminar outras dez. E é uma doença de elevada mortalidade e sequelas importantes, como cegueira e surdez", prossegue. Ainda assim, Domingues acredita que as oscilações nos índices de vacinação se devem mais à "desinformação" do que a uma contrariedade às vacinas. "Muitos pais já não veem mais algumas doenças acontecerem e acham que não precisam mais vacinar", diz ela. "No ano passado, quando houve surto de influenza, a cobertura da vacina da gripe chegou a 96% no Brasil. Neste ano, porém, só nove Estados tiveram uma cobertura acima de 90%." Moraes diz também que as rotinas de mães e pais que trabalham precisam ser levadas em conta. "Às vezes há dificuldades de acesso ao sistema de saúde pública: muitos pais não conseguem ir [durante o horário de expediente] ao posto de saúde dar as vacinas, o que diminui a cobertura, por exemplo, das doses de reforço ou das que são dadas quando a criança tem um ano de idade." Segundo o especialista, muitos dos questionamentos que afastam os pais da vacinação têm resposta. Ele argumenta que as doses múltiplas de vacinas não causam problemas em bebês. "Quando a criança nasce, entra em contato com milhares de substâncias novas. Ela dá conta com folga do volume de antígenos [presente nas vacinas múltiplas]." Sobre o timerosal, que causa temores por causa do mercúrio, de fato a substância pode causar problemas neurológicos, mas em doses mais altas. "A vacina tem uma dose mínima, e de qualquer forma o timerosal é só usado para as multidoses [em que um mesmo frasco serve para vacinar múltiplos pacientes], cada vez mais raras no Brasil." Em relação às críticas à indústria farmacêutica, Moraes afirma que "uma parcela importante das vacinas brasileiras é feita por laboratórios públicos, como o Butantan. É claro que há interesses comerciais, mas acredito que a exigência de segurança para vacinas seja maior do que para os medicamentos comuns". Hoje, segundo a OMS, as vacinas salvam de dois a três milhões de vidas por ano no mundo. | 16 |
Índice de Sustentabilidade de Alimentos rebaixa país com equívocos | A EIU (Economist Intelligence Unit), divisão de dados da revista "The Economist", lançou recentemente o Índice de Sustentabilidade de Alimentos. Patrocinado pelo Centro Barilla para Alimentos e Nutrição, o índice é composto por 34 indicadores usados para ranquear 25 países em três grandes áreas (perdas e desperdício de alimentos; agricultura sustentável; saúde e nutrição). Trata-se de uma iniciativa relevante e inovadora, que chega em boa hora. Surpreendentemente o Brasil foi classificado numa das piores posições: 20º lugar. Em sustentabilidade da agricultura, área em que avançamos mais do que qualquer outro país nos últimos anos, fomos puxados para baixo por indicadores conceitualmente equivocados ou de mensuração altamente questionável. A saber: - Impacto ambiental da agricultura na terra: fomos punidos pelo uso elevado de fertilizantes e agroquímicos. Ora, corrigir e adubar solos e combater pragas e doenças deveria dar nota alta, e não baixa, principalmente em zona tropical, onde se plantam duas safras por ano. Alta tecnologia, se bem utilizada, aumenta a produção e poupa terra. Nos trópicos, é o que separa quem deu certo e quem fracassou. - Uso da terra: segundo o indicador, seriam sustentáveis os países que têm maior área relativa ocupada com produção orgânica. O contrassenso é evidente: como a produtividade da agricultura orgânica é notoriamente menor do que a da agricultura convencional, ela fatalmente acabará demandando maiores extensões de terra, leia-se desmatamento adicional, além do impacto do maior custo do alimento final. Aqui não aparece nenhuma referência ao percentual da área de cada país preservada com florestas (onde somos campeões mundiais) ou à obrigatoriedade de manter reservas florestais em cada propriedade rural, que só existe no Código Florestal brasileiro. - Qualidade dos subsídios agrícolas: as políticas protecionistas da Europa, do Japão e da Coreia do Sul são muito mais dispendiosas e distorcivas que as da Austrália, da Argentina e do Brasil. Basta ver os estudos da OCDE ou checar as notificações na OMC. Sem comentários. - Diversificação do uso da terra: com toda a nossa experiência acumulada na rotação de culturas, na integração lavoura-pecuária e duas a três safras por ano na mesma área, recebemos "nota zero" nesse conceito. Inacreditável terem proposto uma mensuração que não faz sentido algum, e ainda com contas erradas. - Impacto da produção de rações animais e biocombustíveis no uso da terra: as teses absurdas desse indicador são: a) as rações servem para produzir proteínas animais (carnes e lácteos), produtos que por definição seriam "insustentáveis"; b) a bioenergia é ruim para o ambiente porque prejudica a produção de alimentos, independentemente se ela é feita de milho, cana-de-açúcar ou biomassa. Na parte de nutrição e saúde, o indicador para "adoção de dietas não saudáveis" é a população do país dividida pelo número total de restaurantes das cadeias McDonald's, KFC e Burger King. Basta ver as filas que se formam nesses restaurantes nas cidades em que o cidadão não acha os alimentos com origem conhecida e o padrão de qualidade e sanidade oferecido por essas redes. Enfim, não surpreende que o patrocínio de um trabalho com vieses tão claros —como essa visão preconceituosa contra proteínas animais— venha de uma das principais empresas que vendem carboidratos no mundo, que é líder mundial em macarrão e com significativa participação nos segmentos de pães e biscoitos. Difícil mesmo é entender por que a área de dados da "Economist" não checou seriamente a pertinência dos indicadores propostos ou ao menos abriu o debate sobre esse índice para círculos científicos fora da Europa. | colunas | Índice de Sustentabilidade de Alimentos rebaixa país com equívocosA EIU (Economist Intelligence Unit), divisão de dados da revista "The Economist", lançou recentemente o Índice de Sustentabilidade de Alimentos. Patrocinado pelo Centro Barilla para Alimentos e Nutrição, o índice é composto por 34 indicadores usados para ranquear 25 países em três grandes áreas (perdas e desperdício de alimentos; agricultura sustentável; saúde e nutrição). Trata-se de uma iniciativa relevante e inovadora, que chega em boa hora. Surpreendentemente o Brasil foi classificado numa das piores posições: 20º lugar. Em sustentabilidade da agricultura, área em que avançamos mais do que qualquer outro país nos últimos anos, fomos puxados para baixo por indicadores conceitualmente equivocados ou de mensuração altamente questionável. A saber: - Impacto ambiental da agricultura na terra: fomos punidos pelo uso elevado de fertilizantes e agroquímicos. Ora, corrigir e adubar solos e combater pragas e doenças deveria dar nota alta, e não baixa, principalmente em zona tropical, onde se plantam duas safras por ano. Alta tecnologia, se bem utilizada, aumenta a produção e poupa terra. Nos trópicos, é o que separa quem deu certo e quem fracassou. - Uso da terra: segundo o indicador, seriam sustentáveis os países que têm maior área relativa ocupada com produção orgânica. O contrassenso é evidente: como a produtividade da agricultura orgânica é notoriamente menor do que a da agricultura convencional, ela fatalmente acabará demandando maiores extensões de terra, leia-se desmatamento adicional, além do impacto do maior custo do alimento final. Aqui não aparece nenhuma referência ao percentual da área de cada país preservada com florestas (onde somos campeões mundiais) ou à obrigatoriedade de manter reservas florestais em cada propriedade rural, que só existe no Código Florestal brasileiro. - Qualidade dos subsídios agrícolas: as políticas protecionistas da Europa, do Japão e da Coreia do Sul são muito mais dispendiosas e distorcivas que as da Austrália, da Argentina e do Brasil. Basta ver os estudos da OCDE ou checar as notificações na OMC. Sem comentários. - Diversificação do uso da terra: com toda a nossa experiência acumulada na rotação de culturas, na integração lavoura-pecuária e duas a três safras por ano na mesma área, recebemos "nota zero" nesse conceito. Inacreditável terem proposto uma mensuração que não faz sentido algum, e ainda com contas erradas. - Impacto da produção de rações animais e biocombustíveis no uso da terra: as teses absurdas desse indicador são: a) as rações servem para produzir proteínas animais (carnes e lácteos), produtos que por definição seriam "insustentáveis"; b) a bioenergia é ruim para o ambiente porque prejudica a produção de alimentos, independentemente se ela é feita de milho, cana-de-açúcar ou biomassa. Na parte de nutrição e saúde, o indicador para "adoção de dietas não saudáveis" é a população do país dividida pelo número total de restaurantes das cadeias McDonald's, KFC e Burger King. Basta ver as filas que se formam nesses restaurantes nas cidades em que o cidadão não acha os alimentos com origem conhecida e o padrão de qualidade e sanidade oferecido por essas redes. Enfim, não surpreende que o patrocínio de um trabalho com vieses tão claros —como essa visão preconceituosa contra proteínas animais— venha de uma das principais empresas que vendem carboidratos no mundo, que é líder mundial em macarrão e com significativa participação nos segmentos de pães e biscoitos. Difícil mesmo é entender por que a área de dados da "Economist" não checou seriamente a pertinência dos indicadores propostos ou ao menos abriu o debate sobre esse índice para círculos científicos fora da Europa. | 1 |
Destroço pode ser de avião desaparecido, diz Austrália | A Austrália confirmou nesta quarta-feira (23) que os destroços encontrados na costa de Moçambique no início do mês são 'muito provavelmente' do voo MH370 da Malaysia Airlines, que desapareceu em 8 de março de 2014 com 239 passageiros a bordo logo após decolar de Kuala Lumpur, na Malásia, com destino a Pequim. Uma equipe da Malásia descobriu que os pedaços são compatíveis com painéis de um Boeing 777, mesmo modelo da aeronave que desapareceu, de acordo com o ministro para Infraestrutura e Transporte australiano, Darren Chester. "A análise concluiu que os destroços são muito provavelmente do voo MH370", disse ele. A Austrália coordena as investigações sobre o caso. No início da semana, as peças chegaram ao país para serem examinadas por investigadores da Austrália e da Malásia e especialistas da Boeing e de universidades locais. Os destroços foram encontrados na costa de Moçambique no início do mês por um aventureiro americano que realizava buscas independentes pela aeronave. Uma delas é um fragmento cinza com a inscrição "No Step" e a outra uma placa de metal de um metro. Em julho do ano passado, um pedaço de asa foi encontrado na ilha francesa de Reunion, próximo à ilha de Madagascar, e mais tarde foi confirmado que a peça pertencia ao Boeing desaparecido. A aeronave sumiu dos radares logo após decolar de Kuala Lumpur. Os investigadores acreditam que ela tenha voado por milhares de quilômetros até cair no oceano próximo à Austrália. | mundo | Destroço pode ser de avião desaparecido, diz AustráliaA Austrália confirmou nesta quarta-feira (23) que os destroços encontrados na costa de Moçambique no início do mês são 'muito provavelmente' do voo MH370 da Malaysia Airlines, que desapareceu em 8 de março de 2014 com 239 passageiros a bordo logo após decolar de Kuala Lumpur, na Malásia, com destino a Pequim. Uma equipe da Malásia descobriu que os pedaços são compatíveis com painéis de um Boeing 777, mesmo modelo da aeronave que desapareceu, de acordo com o ministro para Infraestrutura e Transporte australiano, Darren Chester. "A análise concluiu que os destroços são muito provavelmente do voo MH370", disse ele. A Austrália coordena as investigações sobre o caso. No início da semana, as peças chegaram ao país para serem examinadas por investigadores da Austrália e da Malásia e especialistas da Boeing e de universidades locais. Os destroços foram encontrados na costa de Moçambique no início do mês por um aventureiro americano que realizava buscas independentes pela aeronave. Uma delas é um fragmento cinza com a inscrição "No Step" e a outra uma placa de metal de um metro. Em julho do ano passado, um pedaço de asa foi encontrado na ilha francesa de Reunion, próximo à ilha de Madagascar, e mais tarde foi confirmado que a peça pertencia ao Boeing desaparecido. A aeronave sumiu dos radares logo após decolar de Kuala Lumpur. Os investigadores acreditam que ela tenha voado por milhares de quilômetros até cair no oceano próximo à Austrália. | 4 |
Plano do governo prevê internet veloz em 70% dos municípios do Brasil | O governo anunciou nesta segunda-feira (9) o programa Brasil Inteligente, que pretende levar a fibra óptica a 70% dos municípios até 2019. Hoje, só metade está coberta por essa infraestrutura. O programa deverá contar com recursos do Orçamento da União e de fundos setoriais. O plano resgata o PNBL (Plano Nacional da Banda Larga) e o Banda Larga 2.0, que não avançaram como o previsto. A diferença é que, segundo o ministro André Figueiredo (Comunicações), desta vez, haverá medidas regulatórias de estímulo. Em uma das frentes, o governo pretende conectar todas as escolas, no campo e nas cidades com velocidade de conexão média de 78 Mbps. Nas edições anteriores do plano, essa velocidade mal chegou a 2 Mbps. Estima-se que essa etapa do novo programa exigirá cerca de R$ 2 bilhões. A primeira fase, contempla cerca de 26 mil –onde estudam os 70% dos alunos com mais dificuldade de aprendizado. O Brasil Inteligente também prevê a construção de 7.800 km de infovias nos leitos de cinco rios da região amazônica (Solimões, Negro, Madeira, Juruá e Purus), conectando 45 municípios. Para estimular o surgimento de empresas menores de internet, será criado o Fundo Garantidor de Infraestrutura. Ele contará com R$ 400 milhões, e os empreendedores habilitados poderão usar esses recursos como garantia na hora de tomar empréstimos em bancos para a construção de redes próprias de fibra óptica. O governo espera até R$ 2,5 bilhões em investimentos em pelo menos 1.188 municípios com população abaixo de 100 mil habitantes. Nas áreas mais remotas, a internet deverá ser levada por satélite. Para isso, a Telebras planeja lançar um satélite. A presidente Dilma Rousseff também quer aproveitar o plano para tornar obrigatória a construção de dutos para internet na terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida. | mercado | Plano do governo prevê internet veloz em 70% dos municípios do BrasilO governo anunciou nesta segunda-feira (9) o programa Brasil Inteligente, que pretende levar a fibra óptica a 70% dos municípios até 2019. Hoje, só metade está coberta por essa infraestrutura. O programa deverá contar com recursos do Orçamento da União e de fundos setoriais. O plano resgata o PNBL (Plano Nacional da Banda Larga) e o Banda Larga 2.0, que não avançaram como o previsto. A diferença é que, segundo o ministro André Figueiredo (Comunicações), desta vez, haverá medidas regulatórias de estímulo. Em uma das frentes, o governo pretende conectar todas as escolas, no campo e nas cidades com velocidade de conexão média de 78 Mbps. Nas edições anteriores do plano, essa velocidade mal chegou a 2 Mbps. Estima-se que essa etapa do novo programa exigirá cerca de R$ 2 bilhões. A primeira fase, contempla cerca de 26 mil –onde estudam os 70% dos alunos com mais dificuldade de aprendizado. O Brasil Inteligente também prevê a construção de 7.800 km de infovias nos leitos de cinco rios da região amazônica (Solimões, Negro, Madeira, Juruá e Purus), conectando 45 municípios. Para estimular o surgimento de empresas menores de internet, será criado o Fundo Garantidor de Infraestrutura. Ele contará com R$ 400 milhões, e os empreendedores habilitados poderão usar esses recursos como garantia na hora de tomar empréstimos em bancos para a construção de redes próprias de fibra óptica. O governo espera até R$ 2,5 bilhões em investimentos em pelo menos 1.188 municípios com população abaixo de 100 mil habitantes. Nas áreas mais remotas, a internet deverá ser levada por satélite. Para isso, a Telebras planeja lançar um satélite. A presidente Dilma Rousseff também quer aproveitar o plano para tornar obrigatória a construção de dutos para internet na terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida. | 2 |
Regra dos 5 segundos não funciona, diz pesquisa americana | De acordo com a sabedoria popular, qualquer alimento que caia no chão pode ser consumido sem risco, se for coletado em até cinco segundos. O tempo de exposição varia de acordo com as regiões do globo –há defensores dos três segundos e até quem arrisque 15. A má notícia vem de um estudo da Rutgers University, em Nova Jersey, Estados Unidos. Os pesquisadores selecionaram quatro tipos de pisos (azulejo, madeira, carpete e aço inox) e quatro tipos de alimentos (pão branco, pão com manteiga, melancia e bala de goma), que entraram em contato por tempos de menos de um segundo até cinco minutos, antes de serem analisados. "Nossa principal conclusão é que a regra dos cinco segundos não é verdadeira. Bactérias podem se transferir para o alimento mesmo em uma fração de segundo. Mas o tempo de contato faz bastante diferença", comenta o professor Donald Schaffner, um dos responsáveis pelo estudo, publicado no início de setembro na revista "Applied and Environmental Microbiology". Superfícies foram contaminadas com bactérias Enterobacter aerogenes, similar à salmonela. Alimentos, com bactérias contadas, tinham contato com as superfícies, eram processados e passavam por nova contagem. Regra dos 5 segundos A melancia teve as taxas de contaminação mais altas do experimento, com até 97% em cinco segundos sobre o piso cerâmico. Com menos de um segundo no aço inox, a contaminação já era de 91%. Isso ocorre, de acordo com os cientistas, pela composição da fruta, que tem muito líquido e é pegajosa. As balas de goma de ursinhos, bastante populares nos Estados Unidos, são mais secas e obtiveram as menores taxas de contaminação, com 11% após cinco minutos sobre o azulejo. O carpete foi a superfície menos contaminante. Segundo o pesquisador, isso não quer dizer que seja o mais seguro ou limpo. A topografia do tecido impede que o alimento entre em contato com a sujeira, o que pode influenciar nos dados. "Eu jamais recomendaria que alguém colocasse carpete na cozinha. A questão é que esse tipo de ambiente precisa de superfícies fáceis de limpar, o que não é o caso", diz Schaffner. FAZ MAL? Segundo o professor, o risco de contrair alguma doença após consumir comida do chão, não depende só da presença ou não de bactérias, mas do tipo delas. A maioria delas é inofensiva para o organismo humano e não causará mal algum. Algumas cepas de bactérias como a E. coli ou salmonela, no entanto, podem causar graves infecções abdominais. No Brasil, em 2015, cerca de 9.300 pessoas foram hospitalizadas por doenças transmitidas por alimentos. Alguns ativistas da "regra dos cinco segundos" acreditam ainda que uma boa assoprada na comida logo após o contato com o chão garante a segurança de quem consome. De acordo com Schaffner, não existem estudos que comprovem a eficácia dessa modalidade "profilática", mas o cientista cita outro estudo que mostra que lavar em água corrente pode eliminar até 90% das ameaças. De todo modo, ele não é a favor do "assopro higienizador". Após mergulhar nos resultados das 2.560 medições feitas durante o estudo, porém, Schaffner, sim, come do chão: "Eu como quando é algo seco e cai no chão da minha casa, porque eu sei que foi limpo recentemente. Nunca como quando é um alimento úmido e jamais comeria do chão dos outros". | equilibrioesaude | Regra dos 5 segundos não funciona, diz pesquisa americanaDe acordo com a sabedoria popular, qualquer alimento que caia no chão pode ser consumido sem risco, se for coletado em até cinco segundos. O tempo de exposição varia de acordo com as regiões do globo –há defensores dos três segundos e até quem arrisque 15. A má notícia vem de um estudo da Rutgers University, em Nova Jersey, Estados Unidos. Os pesquisadores selecionaram quatro tipos de pisos (azulejo, madeira, carpete e aço inox) e quatro tipos de alimentos (pão branco, pão com manteiga, melancia e bala de goma), que entraram em contato por tempos de menos de um segundo até cinco minutos, antes de serem analisados. "Nossa principal conclusão é que a regra dos cinco segundos não é verdadeira. Bactérias podem se transferir para o alimento mesmo em uma fração de segundo. Mas o tempo de contato faz bastante diferença", comenta o professor Donald Schaffner, um dos responsáveis pelo estudo, publicado no início de setembro na revista "Applied and Environmental Microbiology". Superfícies foram contaminadas com bactérias Enterobacter aerogenes, similar à salmonela. Alimentos, com bactérias contadas, tinham contato com as superfícies, eram processados e passavam por nova contagem. Regra dos 5 segundos A melancia teve as taxas de contaminação mais altas do experimento, com até 97% em cinco segundos sobre o piso cerâmico. Com menos de um segundo no aço inox, a contaminação já era de 91%. Isso ocorre, de acordo com os cientistas, pela composição da fruta, que tem muito líquido e é pegajosa. As balas de goma de ursinhos, bastante populares nos Estados Unidos, são mais secas e obtiveram as menores taxas de contaminação, com 11% após cinco minutos sobre o azulejo. O carpete foi a superfície menos contaminante. Segundo o pesquisador, isso não quer dizer que seja o mais seguro ou limpo. A topografia do tecido impede que o alimento entre em contato com a sujeira, o que pode influenciar nos dados. "Eu jamais recomendaria que alguém colocasse carpete na cozinha. A questão é que esse tipo de ambiente precisa de superfícies fáceis de limpar, o que não é o caso", diz Schaffner. FAZ MAL? Segundo o professor, o risco de contrair alguma doença após consumir comida do chão, não depende só da presença ou não de bactérias, mas do tipo delas. A maioria delas é inofensiva para o organismo humano e não causará mal algum. Algumas cepas de bactérias como a E. coli ou salmonela, no entanto, podem causar graves infecções abdominais. No Brasil, em 2015, cerca de 9.300 pessoas foram hospitalizadas por doenças transmitidas por alimentos. Alguns ativistas da "regra dos cinco segundos" acreditam ainda que uma boa assoprada na comida logo após o contato com o chão garante a segurança de quem consome. De acordo com Schaffner, não existem estudos que comprovem a eficácia dessa modalidade "profilática", mas o cientista cita outro estudo que mostra que lavar em água corrente pode eliminar até 90% das ameaças. De todo modo, ele não é a favor do "assopro higienizador". Após mergulhar nos resultados das 2.560 medições feitas durante o estudo, porém, Schaffner, sim, come do chão: "Eu como quando é algo seco e cai no chão da minha casa, porque eu sei que foi limpo recentemente. Nunca como quando é um alimento úmido e jamais comeria do chão dos outros". | 16 |
Nunca entendi direito Renato Janine, afirma leitor | Nunca entendi direito Renato Janine. Tem o perfil de um humanista respeitável. Só não entendo a razão pela qual ele acha que para ser um verdadeiro humanista tem de ser de esquerda, tão apegado ao PT. Como aceitar que "o PT está sempre certo, e o inferno são os outros"? Não significa exagerar nas posições do politicamente correto a ponto de recair nos impasses e nas contradições denunciadas pelo implacável Demétrio Magnoli? * * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | paineldoleitor | Nunca entendi direito Renato Janine, afirma leitorNunca entendi direito Renato Janine. Tem o perfil de um humanista respeitável. Só não entendo a razão pela qual ele acha que para ser um verdadeiro humanista tem de ser de esquerda, tão apegado ao PT. Como aceitar que "o PT está sempre certo, e o inferno são os outros"? Não significa exagerar nas posições do politicamente correto a ponto de recair nos impasses e nas contradições denunciadas pelo implacável Demétrio Magnoli? * * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected] | 8 |
'Estou de volta à minha mesa' diz executivo do Facebook após deixar prisão em SP | Liberado na manhã desta quarta-feira (2), o vice-presidente do Facebook para a América Latina, Diego Dzodan, se manifestou no Facebook para agradecer as mensagens de apoio que recebeu. "Eu estou de volta à minha mesa e quero agradecer a todos vocês pelo imenso apoio que recebi durante as últimas 24 horas", escreveu. Dzodan foi preso na terça-feira (1º) por decisão de um juiz de Lagarto (SE), após a empresa não divulgar informações sobre conversas no WhatsApp para investigações da Polícia Federal. Ele passou a noite em uma cela isolada no Centro de Detenção Provisória, em Pinheiros, –como é padrão na instituição quando o preso chega ao sistema prisional– e foi liberado na manhã seguinte após o Tribunal de Justiça de Sergipe ter concedido habeas corpus. No Facebook, Dzodan escreveu que seu "inbox" (a caixa de mensagens) ficou lotado de "mensagens calorosas do mundo todo". "Nós temos o maior respeito pelo Brasil e suas leis, e sempre foi nosso objetivo ter um diálogo construtivo com as autoridades. O diálogo traz compreensão e ajuda todos a se beneficiarem com as oportunidades que a internet oferece." O CASO O executivo foi preso por decisão do juiz Marcel Maia Montalvão, da cidade de Lagarto (SE), dada depois de a empresa não colaborar com investigações da Polícia Federal a respeito de conversas no WhatsApp, aplicativo que pertence ao Facebook desde 2014 -o crime em apuração é o de tráfico de drogas. A Polícia Federal em Sergipe informou que a investigação começou há cerca de quatro meses, após uma apreensão de drogas em Lagarto. Foi pedido, então, que o WhatsApp repassasse dados sobre a localização e a identificação de suspeitos de tráfico, mas a companhia não divulgou as informações. O magistrado então estipulou uma multa (inicialmente de R$ 50 mil por dia e, depois, de R$ 1 milhão por dia –valor que, de acordo com a PF, chegou a ser bloqueado dos bens da empresa americana). Como os dados não foram liberados, Montalvão mandou prender o executivo "por impedir a investigação policial, com base no artº 2º, §1º, da Lei 12.850/2013", conforme divulgado em nota pelo magistrado. | tec | 'Estou de volta à minha mesa' diz executivo do Facebook após deixar prisão em SPLiberado na manhã desta quarta-feira (2), o vice-presidente do Facebook para a América Latina, Diego Dzodan, se manifestou no Facebook para agradecer as mensagens de apoio que recebeu. "Eu estou de volta à minha mesa e quero agradecer a todos vocês pelo imenso apoio que recebi durante as últimas 24 horas", escreveu. Dzodan foi preso na terça-feira (1º) por decisão de um juiz de Lagarto (SE), após a empresa não divulgar informações sobre conversas no WhatsApp para investigações da Polícia Federal. Ele passou a noite em uma cela isolada no Centro de Detenção Provisória, em Pinheiros, –como é padrão na instituição quando o preso chega ao sistema prisional– e foi liberado na manhã seguinte após o Tribunal de Justiça de Sergipe ter concedido habeas corpus. No Facebook, Dzodan escreveu que seu "inbox" (a caixa de mensagens) ficou lotado de "mensagens calorosas do mundo todo". "Nós temos o maior respeito pelo Brasil e suas leis, e sempre foi nosso objetivo ter um diálogo construtivo com as autoridades. O diálogo traz compreensão e ajuda todos a se beneficiarem com as oportunidades que a internet oferece." O CASO O executivo foi preso por decisão do juiz Marcel Maia Montalvão, da cidade de Lagarto (SE), dada depois de a empresa não colaborar com investigações da Polícia Federal a respeito de conversas no WhatsApp, aplicativo que pertence ao Facebook desde 2014 -o crime em apuração é o de tráfico de drogas. A Polícia Federal em Sergipe informou que a investigação começou há cerca de quatro meses, após uma apreensão de drogas em Lagarto. Foi pedido, então, que o WhatsApp repassasse dados sobre a localização e a identificação de suspeitos de tráfico, mas a companhia não divulgou as informações. O magistrado então estipulou uma multa (inicialmente de R$ 50 mil por dia e, depois, de R$ 1 milhão por dia –valor que, de acordo com a PF, chegou a ser bloqueado dos bens da empresa americana). Como os dados não foram liberados, Montalvão mandou prender o executivo "por impedir a investigação policial, com base no artº 2º, §1º, da Lei 12.850/2013", conforme divulgado em nota pelo magistrado. | 10 |
Promessa de Dilma, programa de creches fica estagnado e será revisto | Promessa da primeira campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), a construção de 6.000 creches e pré-escolas em todo o país estagnou e, agora, o programa será revisto. A execução do projeto será um dos principais desafios a ser enfrentados pelo novo ministro da Educação, o filósofo e professor da USP Renato Janine Ribeiro, cuja escolha foi oficializada pelo Planalto na última sexta-feira (27). Para acelerar a entrega das unidades, o governo federal substituiu o modelo de alvenaria por um pré-moldado e fez um edital único para a contratação de fornecedores em todo o país. O novo formato tornou-se obrigatório para as prefeituras receberem a ajuda do governo federal para as obras da educação infantil. A exceção ficou restrita a capitais e grandes cidades, que puderam manter licitações próprias para as creches. A intenção do Ministério da Educação era liberar os municípios do processo de licitação. Sem essa etapa, a obra poderia ser concluída num prazo de seis meses, segundo previsão do MEC. O resultado, no entanto, não saiu como o esperado. FALTA DE ESTRUTURA No ano passado, quando esse formato foi adotado, o desembolso foi de 25,3% dos R$ 3,5 bilhões previstos para o programa. Em 2012, ano de melhor execução até aqui, o percentual chegou a 44,3% dos R$ 2,4 bilhões previstos. "Todos nós aplaudimos quando a iniciativa foi feita, porque o objetivo era ganhar tempo. Mas na prática, isso não aconteceu", lamenta Rodolfo da Luz, secretário de Educação de Florianópolis. Ele conta que, até o momento, nenhuma das cinco creches do município teve a obra iniciada. O motivo principal, aponta, é a falta de estrutura dos fornecedores em atender a demanda em diferentes regiões do país. "A empresa tem que fazer uma extensão territorial muito grande, às vezes tem até dificuldade de chegar no local. E na hora de montar tem que ter pessoal especializado." A dificuldade em encontrar um terreno no tamanho exigido para a construção e deixá-lo pronto para a obra também são apontados como fatores para o atraso. "Eu mudei para esse novo modelo justamente porque o outro estava muito atrasado, mas infelizmente ficou na mesma", conclui Neyde Aparecida da Silva, secretária de Educação de Goiânia. A cidade tem 14 creches e pré-escolas contratadas para receber a verba federal, mas até agora apenas três foram iniciadas. Segundo a secretária, o município atende hoje 26 mil crianças na educação infantil, mas tem demanda adicional por 3.500 vagas. Das empresas contratadas, ouviu dois motivos para a demora na execução das obras: a dificuldade em encontrar matéria-prima para o modelo pré-moldado e o aumento do custo da construção. RECUO Diante da enxurrada de reclamações de todo o país, o FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação) prometeu rever o modelo até o próximo mês (leia texto nesta página). A ideia agora é que as prefeituras voltem a receber dinheiro federal para desenvolver projetos próprios -hoje isso é permitido apenas para capitais e grandes cidades. O recuo, no entanto, pode significar novo problema: os secretários pedem a atualização do valor de repasse para a construção das creches, sob pena de a contrapartida dos municípios ser excessiva. Segundo a Folha apurou, o FNDE já sinalizou que, diante de um ano de ajuste fiscal, terá dificuldade em atender o pedido das administrações municipais. | educacao | Promessa de Dilma, programa de creches fica estagnado e será revistoPromessa da primeira campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), a construção de 6.000 creches e pré-escolas em todo o país estagnou e, agora, o programa será revisto. A execução do projeto será um dos principais desafios a ser enfrentados pelo novo ministro da Educação, o filósofo e professor da USP Renato Janine Ribeiro, cuja escolha foi oficializada pelo Planalto na última sexta-feira (27). Para acelerar a entrega das unidades, o governo federal substituiu o modelo de alvenaria por um pré-moldado e fez um edital único para a contratação de fornecedores em todo o país. O novo formato tornou-se obrigatório para as prefeituras receberem a ajuda do governo federal para as obras da educação infantil. A exceção ficou restrita a capitais e grandes cidades, que puderam manter licitações próprias para as creches. A intenção do Ministério da Educação era liberar os municípios do processo de licitação. Sem essa etapa, a obra poderia ser concluída num prazo de seis meses, segundo previsão do MEC. O resultado, no entanto, não saiu como o esperado. FALTA DE ESTRUTURA No ano passado, quando esse formato foi adotado, o desembolso foi de 25,3% dos R$ 3,5 bilhões previstos para o programa. Em 2012, ano de melhor execução até aqui, o percentual chegou a 44,3% dos R$ 2,4 bilhões previstos. "Todos nós aplaudimos quando a iniciativa foi feita, porque o objetivo era ganhar tempo. Mas na prática, isso não aconteceu", lamenta Rodolfo da Luz, secretário de Educação de Florianópolis. Ele conta que, até o momento, nenhuma das cinco creches do município teve a obra iniciada. O motivo principal, aponta, é a falta de estrutura dos fornecedores em atender a demanda em diferentes regiões do país. "A empresa tem que fazer uma extensão territorial muito grande, às vezes tem até dificuldade de chegar no local. E na hora de montar tem que ter pessoal especializado." A dificuldade em encontrar um terreno no tamanho exigido para a construção e deixá-lo pronto para a obra também são apontados como fatores para o atraso. "Eu mudei para esse novo modelo justamente porque o outro estava muito atrasado, mas infelizmente ficou na mesma", conclui Neyde Aparecida da Silva, secretária de Educação de Goiânia. A cidade tem 14 creches e pré-escolas contratadas para receber a verba federal, mas até agora apenas três foram iniciadas. Segundo a secretária, o município atende hoje 26 mil crianças na educação infantil, mas tem demanda adicional por 3.500 vagas. Das empresas contratadas, ouviu dois motivos para a demora na execução das obras: a dificuldade em encontrar matéria-prima para o modelo pré-moldado e o aumento do custo da construção. RECUO Diante da enxurrada de reclamações de todo o país, o FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação) prometeu rever o modelo até o próximo mês (leia texto nesta página). A ideia agora é que as prefeituras voltem a receber dinheiro federal para desenvolver projetos próprios -hoje isso é permitido apenas para capitais e grandes cidades. O recuo, no entanto, pode significar novo problema: os secretários pedem a atualização do valor de repasse para a construção das creches, sob pena de a contrapartida dos municípios ser excessiva. Segundo a Folha apurou, o FNDE já sinalizou que, diante de um ano de ajuste fiscal, terá dificuldade em atender o pedido das administrações municipais. | 12 |
Uma nova agenda para a África | A população do continente africano deve triplicar nos próximos 50 anos. Sem uma transformação estrutural, principalmente no sentido de administrar apropriadamente o rápido processo de urbanização, não será possível lidar com os desafios decorrentes desse crescimento. A taxa de urbanização na África, que em 1960 girava em torno de 15%, cresceu para 40% em 2010. Projeções da ONU (Organização das Nações Unidas), que propõe uma nova agenda urbana para o desenvolvimento do continente, indicam que, em 2050, 60% de sua população viverá em cidades. Milhões de africanos praticam, hoje, o "pan-africanismo", movimento que prega a união de todos os povos africanos para aumentar a influência internacional do continente. Em função disso, uma forte migração entre cidades, com cruzamento de fronteiras nacionais, está estruturando uma forma de integração sociocultural. A "União Africana" promove a cooperação continental, comanda a união de forças militares para serem enviadas a zonas de conflito e, regularmente, debate os prós e os contras dessa grande unificação. Esse movimento é também um convite à democracia, à melhoria da governança e ao desenvolvimento econômico. Jovens africanos têm procurado a vanguarda, forjando a almejada unidade continental com o uso das mídias sociais, que se tornaram plataformas populares de interação e promoção de debates. Contudo, existe grande variação no nível de urbanização de um país para outro, e crescimento populacional concentrado nas regiões mais pobres. Portanto, a integração espacial tem importância fundamental. O acesso a oportunidades econômicas dependerá da eficiência do fluxo de recursos, energia e informações, que, por meio dos sistemas urbanos, poderá ancorar uma atividade econômica sustentável. Por outro lado, o déficit da capacidade de infraestrutura instalada e as dificuldades de financiamento criam uma situação de tremenda pressão no julgamento das prioridades dos investimentos, levando ao adiamento de decisões importantes e, consequentemente, dificultando o processo de fortalecimento da integração continental. Políticas urbanas nacionais devem considerar a dinâmica do desenvolvimento econômico regional e sua inserção no âmbito continental, uma vez que os países africanos são marcados por uma complexa interdependência das economias formal e informal. A solução para esse problema passa, obrigatoriamente, pela redução da pobreza. Para isso, é necessário o desenvolvimento de padrões inovadores de crescimento, mesmo que, num primeiro momento, associados a estratégias que considerem a economia informal e possam requalificar a população em termos de produtividade, habilidades, empreendedorismo e conhecimentos básicos de finanças. Uma completa reforma legislativa voltada ao planejamento urbano e uso do solo deve ser estabelecida. Aplica-se o mesmo à regulação da infraestrutura setorial, como transporte, energia e saneamento, hoje, na maioria dos países da região, desestruturada e ineficiente. Não há dúvidas de que será necessária uma extraordinária vontade política, clareza de entendimento e investimento em pesquisas para lidar com os enormes desafios que afligem a maioria das cidades e dos países africanos. Uma profunda alteração nos modelos de governança deve criar mecanismos mais apropriados para moderar conflitos e conduzir às melhores decisões de desenvolvimento das cidades. De qualquer forma, o entendimento diferenciado do território, a democracia, o respeito à justiça e aos direitos humanos devem forjar a base dessa nova agenda para o futuro africano. | colunas | Uma nova agenda para a ÁfricaA população do continente africano deve triplicar nos próximos 50 anos. Sem uma transformação estrutural, principalmente no sentido de administrar apropriadamente o rápido processo de urbanização, não será possível lidar com os desafios decorrentes desse crescimento. A taxa de urbanização na África, que em 1960 girava em torno de 15%, cresceu para 40% em 2010. Projeções da ONU (Organização das Nações Unidas), que propõe uma nova agenda urbana para o desenvolvimento do continente, indicam que, em 2050, 60% de sua população viverá em cidades. Milhões de africanos praticam, hoje, o "pan-africanismo", movimento que prega a união de todos os povos africanos para aumentar a influência internacional do continente. Em função disso, uma forte migração entre cidades, com cruzamento de fronteiras nacionais, está estruturando uma forma de integração sociocultural. A "União Africana" promove a cooperação continental, comanda a união de forças militares para serem enviadas a zonas de conflito e, regularmente, debate os prós e os contras dessa grande unificação. Esse movimento é também um convite à democracia, à melhoria da governança e ao desenvolvimento econômico. Jovens africanos têm procurado a vanguarda, forjando a almejada unidade continental com o uso das mídias sociais, que se tornaram plataformas populares de interação e promoção de debates. Contudo, existe grande variação no nível de urbanização de um país para outro, e crescimento populacional concentrado nas regiões mais pobres. Portanto, a integração espacial tem importância fundamental. O acesso a oportunidades econômicas dependerá da eficiência do fluxo de recursos, energia e informações, que, por meio dos sistemas urbanos, poderá ancorar uma atividade econômica sustentável. Por outro lado, o déficit da capacidade de infraestrutura instalada e as dificuldades de financiamento criam uma situação de tremenda pressão no julgamento das prioridades dos investimentos, levando ao adiamento de decisões importantes e, consequentemente, dificultando o processo de fortalecimento da integração continental. Políticas urbanas nacionais devem considerar a dinâmica do desenvolvimento econômico regional e sua inserção no âmbito continental, uma vez que os países africanos são marcados por uma complexa interdependência das economias formal e informal. A solução para esse problema passa, obrigatoriamente, pela redução da pobreza. Para isso, é necessário o desenvolvimento de padrões inovadores de crescimento, mesmo que, num primeiro momento, associados a estratégias que considerem a economia informal e possam requalificar a população em termos de produtividade, habilidades, empreendedorismo e conhecimentos básicos de finanças. Uma completa reforma legislativa voltada ao planejamento urbano e uso do solo deve ser estabelecida. Aplica-se o mesmo à regulação da infraestrutura setorial, como transporte, energia e saneamento, hoje, na maioria dos países da região, desestruturada e ineficiente. Não há dúvidas de que será necessária uma extraordinária vontade política, clareza de entendimento e investimento em pesquisas para lidar com os enormes desafios que afligem a maioria das cidades e dos países africanos. Uma profunda alteração nos modelos de governança deve criar mecanismos mais apropriados para moderar conflitos e conduzir às melhores decisões de desenvolvimento das cidades. De qualquer forma, o entendimento diferenciado do território, a democracia, o respeito à justiça e aos direitos humanos devem forjar a base dessa nova agenda para o futuro africano. | 1 |
Filho do traficante 'El Chapo' Guzmán é sequestrado no México | A polícia do Estado mexicano de Jalisco anunciou nesta terça-feira (16) que um filho do líder do cartel de Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán, foi sequestrado em um restaurante da cidade turística de Puerto Vallarta. Segundo os agentes, Jesús Alfredo Guzmán Salazar, 29, estava entre seis pessoas que foram levadas por homens armados que invadiram o estabelecimento em um bairro nobre na noite de segunda (15). O procurador-geral de Jalisco, Eduardo Almaguer, disse que o principal suspeito do sequestro é o cartel Jalisco Nova Geração, rival do grupo de Sinaloa e que tenta dominar o tráfico de drogas após a prisão de "El Chapo" Guzmán. As autoridades ainda não receberam nenhuma queixa pelos seis sequestrados, que se suspeita de que sejam todos membros do cartel de Sinaloa. Quatro dos seis capturados foram identificados pela polícia. Os agentes ainda investigam se, dentre os dois não identificados, está Ivan Archivaldo Guzmán. Irmão mais velho de Jesús Alfredo, ele é considerado por especialistas o sucessor do pai no comando dos negócios. Joaquín "El Chapo" Guzmán foi recapturado em janeiro, depois de ter fugido duas vezes da cadeia em 15 anos —a última em julho do ano passado. O México liberou sua extradição em maio e deve ser levado aos EUA nos próximos meses. Tanto Jesús Alfredo quando Ivan Archivaldo foram indiciados nos EUA por associação ao tráfico de drogas. O último é considerado um símbolo dos chamados juniores, filhos de traficantes que são adeptos à ostentação. Especialistas afirmam que, ao não mudar seus hábitos de mostrar o luxo nas cidades por onde passam e nas redes sociais, Ivan tenha atraído a ira de outros traficantes mais experientes, que mantêm a discrição. "El Chapo" Guzmán já teve um filho morto por rivais. Em 2008, Edgar foi assassinado por um pistoleiro contratado pelo cartel Los Zetas, dos irmãos Beltrán Leyva, levando a uma guerra entre os dois cartéis. | mundo | Filho do traficante 'El Chapo' Guzmán é sequestrado no MéxicoA polícia do Estado mexicano de Jalisco anunciou nesta terça-feira (16) que um filho do líder do cartel de Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán, foi sequestrado em um restaurante da cidade turística de Puerto Vallarta. Segundo os agentes, Jesús Alfredo Guzmán Salazar, 29, estava entre seis pessoas que foram levadas por homens armados que invadiram o estabelecimento em um bairro nobre na noite de segunda (15). O procurador-geral de Jalisco, Eduardo Almaguer, disse que o principal suspeito do sequestro é o cartel Jalisco Nova Geração, rival do grupo de Sinaloa e que tenta dominar o tráfico de drogas após a prisão de "El Chapo" Guzmán. As autoridades ainda não receberam nenhuma queixa pelos seis sequestrados, que se suspeita de que sejam todos membros do cartel de Sinaloa. Quatro dos seis capturados foram identificados pela polícia. Os agentes ainda investigam se, dentre os dois não identificados, está Ivan Archivaldo Guzmán. Irmão mais velho de Jesús Alfredo, ele é considerado por especialistas o sucessor do pai no comando dos negócios. Joaquín "El Chapo" Guzmán foi recapturado em janeiro, depois de ter fugido duas vezes da cadeia em 15 anos —a última em julho do ano passado. O México liberou sua extradição em maio e deve ser levado aos EUA nos próximos meses. Tanto Jesús Alfredo quando Ivan Archivaldo foram indiciados nos EUA por associação ao tráfico de drogas. O último é considerado um símbolo dos chamados juniores, filhos de traficantes que são adeptos à ostentação. Especialistas afirmam que, ao não mudar seus hábitos de mostrar o luxo nas cidades por onde passam e nas redes sociais, Ivan tenha atraído a ira de outros traficantes mais experientes, que mantêm a discrição. "El Chapo" Guzmán já teve um filho morto por rivais. Em 2008, Edgar foi assassinado por um pistoleiro contratado pelo cartel Los Zetas, dos irmãos Beltrán Leyva, levando a uma guerra entre os dois cartéis. | 4 |
Justiça autoriza liberação de presos da nova fase da Operação Lava Jato | A Justiça Federal autorizou nesta sexta-feira (20) a libertação de três dos cinco suspeitos presos na mais recente fase da Operação Lava Jato. Sonia Branco, Dario Teixeira e Lucélio Roberto Góes estavam detidos na sede da Polícia Federal em Curitiba desde a última segunda-feira. O juiz federal Sergio Moro considerou que a prisão temporária dos três cumpriu os objetivos de preservar a colheita de provas e decidiu libertá-los. Eles precisarão, no entanto, cumprir obrigações, como comparecer à Justiça para todos os atos do processo. Até o fim da tarde desta sexta, eles ainda não tinham deixado o prédio da PF. Também detidos no início da semana, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e Adir Assad, apontado como um dos operadores de desvios, permanecerão presos. De acordo com o Ministério Público Federal, Góes atuava como operador de pagamentos junto com o pai, Mário Góes, que está preso. Dario Teixeira e Sônia Branco eram sócios de empresas de Adiar Assad que receberam repasses de dinheiro originados de desvios, de acordo com denúncia apresentada na segunda-feira. | poder | Justiça autoriza liberação de presos da nova fase da Operação Lava JatoA Justiça Federal autorizou nesta sexta-feira (20) a libertação de três dos cinco suspeitos presos na mais recente fase da Operação Lava Jato. Sonia Branco, Dario Teixeira e Lucélio Roberto Góes estavam detidos na sede da Polícia Federal em Curitiba desde a última segunda-feira. O juiz federal Sergio Moro considerou que a prisão temporária dos três cumpriu os objetivos de preservar a colheita de provas e decidiu libertá-los. Eles precisarão, no entanto, cumprir obrigações, como comparecer à Justiça para todos os atos do processo. Até o fim da tarde desta sexta, eles ainda não tinham deixado o prédio da PF. Também detidos no início da semana, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e Adir Assad, apontado como um dos operadores de desvios, permanecerão presos. De acordo com o Ministério Público Federal, Góes atuava como operador de pagamentos junto com o pai, Mário Góes, que está preso. Dario Teixeira e Sônia Branco eram sócios de empresas de Adiar Assad que receberam repasses de dinheiro originados de desvios, de acordo com denúncia apresentada na segunda-feira. | 0 |
Torneiras do Empório Alto dos Pinheiros são dedicadas a 'geeks' | Nem só de cervejas engarrafadas (ou enlatadas) será feita esta coluna. A partir de agora, daremos espaço para bares especializados em chopes artesanais, ou especiais, uma vez por mês. E não daria para inaugurar o plano com outro lugar que não o Empório Alto dos Pinheiros, um dos que têm mais torneiras engatadas na cidade. Logo na entrada, o balcão do lado direito é ornado com várias torneiras de cervejas importadas clássicas, como a inglesa Old Speckled Hen ou a belga Tripel Karmeliet. Esqueça. É tudo decorativo. Para saber quais são os chopes da casa, olhe na lousa do fundo, com mais de 30 sugestões. Não que o bar não tenha chope típico de pub, como o Guinness. Mas a concentração das chopeiras é outra. Se os rótulos especiais são o nicho de qualquer bar, a casa busca o "nicho do nicho". Ou seja, chopes artesanais difíceis de encontrar. Se as cervejas engarrafadas (mais de 300), dispostas nas geladeiras, atendem a qualquer tipo de público, as torneiras são mais dedicadas aos "geeks" cervejeiros. Na última semana, a paulista Dogma tinha nada menos que 12 estilos fresquinhos engatados no bar, incluindo vários da série "single hop", para os amantes do lúpulo, como o Galaxy Lover (R$ 39, 470 ml). Tinha até a fórmula original da Cafuza, cerveja muito lupulada que fez sucesso nas panelas da Dogma (R$ 45, 470 ml). O bar costuma abrigar lançamentos de cervejas, nacionais ou importadas. Até por isso, a rotatividade é bem grande e a lousa costuma ser reescrita com frequência. Dois lançamentos internacionais chamavam a atenção na última semana: a belga Fantôme, com sugestões como a saison Magic Ghost, que combina chá-verde e outras especiarias, com 8% de teor alcoólico (R$ 22, 150 ml); e a festejada americana Stone Brewing, da Califórnia, que traz sugestões como a Ruination 2.0, uma double IPA com 8,5% (R$ 26, 150 ml). Os copinhos de 150 ml, aliás, são ideais para quem quiser experimentar um número maior de opções. Empório Alto dos Pinheiros. R. Vupabussu, 305, Pinheiros; tel. 3031-4328 * Beer + Bike Tour Proprietários da Cervejaria Ideal, Steffen e Daniela estão montando um curioso tour que promete visitar cidades alemãs produtoras de cervejas tradicionais e vinho Riesling, como Colônia e Dusseldorf. E tudo com bicicletas elétricas. Mais informações na Ideal (tel. 3578-7534). | colunas | Torneiras do Empório Alto dos Pinheiros são dedicadas a 'geeks'Nem só de cervejas engarrafadas (ou enlatadas) será feita esta coluna. A partir de agora, daremos espaço para bares especializados em chopes artesanais, ou especiais, uma vez por mês. E não daria para inaugurar o plano com outro lugar que não o Empório Alto dos Pinheiros, um dos que têm mais torneiras engatadas na cidade. Logo na entrada, o balcão do lado direito é ornado com várias torneiras de cervejas importadas clássicas, como a inglesa Old Speckled Hen ou a belga Tripel Karmeliet. Esqueça. É tudo decorativo. Para saber quais são os chopes da casa, olhe na lousa do fundo, com mais de 30 sugestões. Não que o bar não tenha chope típico de pub, como o Guinness. Mas a concentração das chopeiras é outra. Se os rótulos especiais são o nicho de qualquer bar, a casa busca o "nicho do nicho". Ou seja, chopes artesanais difíceis de encontrar. Se as cervejas engarrafadas (mais de 300), dispostas nas geladeiras, atendem a qualquer tipo de público, as torneiras são mais dedicadas aos "geeks" cervejeiros. Na última semana, a paulista Dogma tinha nada menos que 12 estilos fresquinhos engatados no bar, incluindo vários da série "single hop", para os amantes do lúpulo, como o Galaxy Lover (R$ 39, 470 ml). Tinha até a fórmula original da Cafuza, cerveja muito lupulada que fez sucesso nas panelas da Dogma (R$ 45, 470 ml). O bar costuma abrigar lançamentos de cervejas, nacionais ou importadas. Até por isso, a rotatividade é bem grande e a lousa costuma ser reescrita com frequência. Dois lançamentos internacionais chamavam a atenção na última semana: a belga Fantôme, com sugestões como a saison Magic Ghost, que combina chá-verde e outras especiarias, com 8% de teor alcoólico (R$ 22, 150 ml); e a festejada americana Stone Brewing, da Califórnia, que traz sugestões como a Ruination 2.0, uma double IPA com 8,5% (R$ 26, 150 ml). Os copinhos de 150 ml, aliás, são ideais para quem quiser experimentar um número maior de opções. Empório Alto dos Pinheiros. R. Vupabussu, 305, Pinheiros; tel. 3031-4328 * Beer + Bike Tour Proprietários da Cervejaria Ideal, Steffen e Daniela estão montando um curioso tour que promete visitar cidades alemãs produtoras de cervejas tradicionais e vinho Riesling, como Colônia e Dusseldorf. E tudo com bicicletas elétricas. Mais informações na Ideal (tel. 3578-7534). | 1 |
Paulistanos não entendem, mas elogiam flashmob com ópera no metrô | DE SÃO PAULO Zenilda de Souza, 48, foi uma das dezenas de pessoas que pararam para assistir ao flashmob feito por cantores da Academia de Ópera Theatro São Pedro, nesta terça-feira (16), na estação Marechal Deodoro do metrô, em Santa Cecília. Apesar de ter gostado da cena final da ópera "Falstaff", de Giuseppe Verdi, ela disse não entender sobre o que era aquilo. Desde março de 2015, o Metrô firmou uma parceria cultural com o teatro, que incluiu outra apresentação, em maio, e a exposição de figurinos usados nas peças. Em cartaz no Theatro São Pedro, ao lado da estação, "Falstaff" trata de um homem de caráter duvidoso que, ao longo de três atos, tenta conquistar mulheres casadas, invade residências e demite empregados. "Sou fanática por qualquer tipo de música, acho que deveria ter sempre, mas não entendi bem que peça era", disse Zenilda. Monitora em uma escola de residência médica, ela assistiu às duas apresentações de cinco minutos ao lado de meninas que fotografavam e filmaram os atores, e que também disseram não conhecer a história. "É muito legal. Foi lindo, mas não saquei muito", comentou uma delas. CURIOSIDADE Essa dualidade pareceu ser o veredito de boa parte da plateia reunida na plataforma de embarque da Marechal Deodoro. O maestro Luiz Fernando Malheiro explica que esse é o efeito desejado no público. O objetivo, diz, é levá-lo ao teatro, onde legendas em português e uma palestra feita antes das cortinas abrirem facilitam a compreensão. "Hoje é muito mais fácil de entender. É como ir no cinema. A parte mais importante dessas ações é despertar a curiosidade. Atrair um público em potencial que hoje não frequenta" Como Zenilda, que lembrou de quando sua filha fazia teatro e sentiu saudades. "Só de ouvir já desestressa, né?", disse antes de embarcar no vagão. | saopaulo | Paulistanos não entendem, mas elogiam flashmob com ópera no metrôDE SÃO PAULO Zenilda de Souza, 48, foi uma das dezenas de pessoas que pararam para assistir ao flashmob feito por cantores da Academia de Ópera Theatro São Pedro, nesta terça-feira (16), na estação Marechal Deodoro do metrô, em Santa Cecília. Apesar de ter gostado da cena final da ópera "Falstaff", de Giuseppe Verdi, ela disse não entender sobre o que era aquilo. Desde março de 2015, o Metrô firmou uma parceria cultural com o teatro, que incluiu outra apresentação, em maio, e a exposição de figurinos usados nas peças. Em cartaz no Theatro São Pedro, ao lado da estação, "Falstaff" trata de um homem de caráter duvidoso que, ao longo de três atos, tenta conquistar mulheres casadas, invade residências e demite empregados. "Sou fanática por qualquer tipo de música, acho que deveria ter sempre, mas não entendi bem que peça era", disse Zenilda. Monitora em uma escola de residência médica, ela assistiu às duas apresentações de cinco minutos ao lado de meninas que fotografavam e filmaram os atores, e que também disseram não conhecer a história. "É muito legal. Foi lindo, mas não saquei muito", comentou uma delas. CURIOSIDADE Essa dualidade pareceu ser o veredito de boa parte da plateia reunida na plataforma de embarque da Marechal Deodoro. O maestro Luiz Fernando Malheiro explica que esse é o efeito desejado no público. O objetivo, diz, é levá-lo ao teatro, onde legendas em português e uma palestra feita antes das cortinas abrirem facilitam a compreensão. "Hoje é muito mais fácil de entender. É como ir no cinema. A parte mais importante dessas ações é despertar a curiosidade. Atrair um público em potencial que hoje não frequenta" Como Zenilda, que lembrou de quando sua filha fazia teatro e sentiu saudades. "Só de ouvir já desestressa, né?", disse antes de embarcar no vagão. | 9 |
Reação à entrevista de membro do MBL prova que a esquerda transa mal | A Folha publicou na sexta passada (7) uma entrevista com Pedro Augusto Ferreira Deiro, um dos fundadores do MBL (Movimento Brasil Livre). Quando ele não está debatendo reforma da Previdência ou a PEC do teto de gastos com seus pares, é porque se encontra no palco como Pedro D'Eyrot, membro do Bonde do Rolê, que junta funk, música eletrônica e pop. E há dois outros ingredientes na mistura: ironia e humor, produtos cada vez mais escassos num país obscurecido por ignorâncias de esquerda e de direita. E não que a virtude esteja no meio. Nunca está. No meio, sempre há um acerto condescendendo com um erro. Na entrevista, Pedro cravou a expressão "direita transante", que incendiou as redes sociais. Caetano Veloso, claro!, demonstrou algum interesse pela coisa, saudando um desejável ambiente de pluralidade. Lembrou a tacanhice pregressa da esquerda em matéria de comportamento. Foi o fascismo juvenil e anti-intelectualista de 1968 que fez com que o esquerdismo passasse a se confundir com um libertarismo. Do ponto de vista teórico, aqueles "assaltantes do céu" nada deviam ao marxismo. Não por acaso, os ortodoxos os consideravam uns degenerados. E, do ponto de vista da teoria revolucionária, eram mesmo. Foucault, um filho de 68, viu, cheio de entusiasmo, palpitações homoeróticas na revolução islâmica do Irã. O Ocidente capitalista lhe parecia o triunfo da vigilância e da punição. Os aiatolás venceram e mandaram pendurar os homossexuais em guindastes, em praça pública, para servir de exemplo. Depois foram pegar os comunistas. Foucault era esquerdista e gay. Pedro é um cara inteligente, articulado, talentoso. O MBL está contribuindo –muito mais do que percebeu a imprensa– para mudar o Brasil. Essa história ainda está para ser contada. Não tentarei conferir altitude teórica a uma expressão que ele criou, coisa que nem o autor pretendeu. Eu o conheço há um bom tempo já e não vejo nada de especioso nos dois "Pedros" que não há. Eles são um só. Nem antagônicos nem complementares. Não são metades que se chocam ou que se completam. O que me interessou foi a reação de setores da imprensa e das redes sociais, como se a tolerância, o experimentalismo, o antidogmatismo, o apreço pelo contraditório e pelo divergente fossem apanágios da esquerda. Essa suposição contraria os fatos. Em que momento da história a rigidez estética ou comportamental, por exemplo, foi uma imanência do pensamento liberal? Ou por outra: quando foi que o fascismo, de esquerda ou de direita, condescendeu com o dissenso? Nunca e nunca. A propósito: onde vocês imaginam ser maior a vontade de ordenar a realidade segundo uma concepção bastante rígida do que sejam o bem e o justo? No MBL ou no MTST? O mundo de Milton Friedman é "transante". O de Slavoj Zizek enxerga virtudes no terrorismo. A reação de surpresa com a expressão "direita transante" supõe, contra a história, que a esquerda detém não apenas o monopólio da verdade, mas também o da vida de afetos e anseios de justiça. Para lembrar a crítica que os católicos faziam aos existencialistas, nós também nos deixamos comover com o sorriso de uma criança ou com o sofrimento dos velhinhos. A gente só toma o cuidado de não transformar esse desvelo numa categoria de tal sorte absoluta que aniquile com as contas públicas. A matemática é transante. Comam e depois contem pra todo mundo. Facebook | colunas | Reação à entrevista de membro do MBL prova que a esquerda transa malA Folha publicou na sexta passada (7) uma entrevista com Pedro Augusto Ferreira Deiro, um dos fundadores do MBL (Movimento Brasil Livre). Quando ele não está debatendo reforma da Previdência ou a PEC do teto de gastos com seus pares, é porque se encontra no palco como Pedro D'Eyrot, membro do Bonde do Rolê, que junta funk, música eletrônica e pop. E há dois outros ingredientes na mistura: ironia e humor, produtos cada vez mais escassos num país obscurecido por ignorâncias de esquerda e de direita. E não que a virtude esteja no meio. Nunca está. No meio, sempre há um acerto condescendendo com um erro. Na entrevista, Pedro cravou a expressão "direita transante", que incendiou as redes sociais. Caetano Veloso, claro!, demonstrou algum interesse pela coisa, saudando um desejável ambiente de pluralidade. Lembrou a tacanhice pregressa da esquerda em matéria de comportamento. Foi o fascismo juvenil e anti-intelectualista de 1968 que fez com que o esquerdismo passasse a se confundir com um libertarismo. Do ponto de vista teórico, aqueles "assaltantes do céu" nada deviam ao marxismo. Não por acaso, os ortodoxos os consideravam uns degenerados. E, do ponto de vista da teoria revolucionária, eram mesmo. Foucault, um filho de 68, viu, cheio de entusiasmo, palpitações homoeróticas na revolução islâmica do Irã. O Ocidente capitalista lhe parecia o triunfo da vigilância e da punição. Os aiatolás venceram e mandaram pendurar os homossexuais em guindastes, em praça pública, para servir de exemplo. Depois foram pegar os comunistas. Foucault era esquerdista e gay. Pedro é um cara inteligente, articulado, talentoso. O MBL está contribuindo –muito mais do que percebeu a imprensa– para mudar o Brasil. Essa história ainda está para ser contada. Não tentarei conferir altitude teórica a uma expressão que ele criou, coisa que nem o autor pretendeu. Eu o conheço há um bom tempo já e não vejo nada de especioso nos dois "Pedros" que não há. Eles são um só. Nem antagônicos nem complementares. Não são metades que se chocam ou que se completam. O que me interessou foi a reação de setores da imprensa e das redes sociais, como se a tolerância, o experimentalismo, o antidogmatismo, o apreço pelo contraditório e pelo divergente fossem apanágios da esquerda. Essa suposição contraria os fatos. Em que momento da história a rigidez estética ou comportamental, por exemplo, foi uma imanência do pensamento liberal? Ou por outra: quando foi que o fascismo, de esquerda ou de direita, condescendeu com o dissenso? Nunca e nunca. A propósito: onde vocês imaginam ser maior a vontade de ordenar a realidade segundo uma concepção bastante rígida do que sejam o bem e o justo? No MBL ou no MTST? O mundo de Milton Friedman é "transante". O de Slavoj Zizek enxerga virtudes no terrorismo. A reação de surpresa com a expressão "direita transante" supõe, contra a história, que a esquerda detém não apenas o monopólio da verdade, mas também o da vida de afetos e anseios de justiça. Para lembrar a crítica que os católicos faziam aos existencialistas, nós também nos deixamos comover com o sorriso de uma criança ou com o sofrimento dos velhinhos. A gente só toma o cuidado de não transformar esse desvelo numa categoria de tal sorte absoluta que aniquile com as contas públicas. A matemática é transante. Comam e depois contem pra todo mundo. Facebook | 1 |
Exército sírio diz ter matado 'ministro de guerra' e mais 12 do Estado Islâmico | O Exército da Síria disse nesta quarta-feira que matou o "ministro de guerra" do Estado Islâmico e outras figuras graduadas do grupo militante em operações no leste da cidade de Aleppo. Uma fonte militar síria citada pela mídia estatal do país identificou o ministro como Abu Musab al-Masri, sem dizer exatamente quando ou onde ele morreu. Ele foi identificado entre 13 figuras graduadas do Estado Islâmico mortas em operações militares sírias no leste de Aleppo, incluindo homens identificados como cidadãos iraquianos e sauditas. Um ministro de guerra anterior do Estado Islâmico, Abu Omar al-Shishani, foi morto no último ano. O Pentágono disse que Shishani provavelmente foi morto por um ataque aéreo dos Estados Unidos na Síria. O grupo militante confirmou sua morte em julho, mas disse que ele morreu em combate na cidade iraquiana de Shirqat a sul de Mosul. O Estado Islâmico enfrenta campanhas separadas no norte da Síria –do Exército sírio apoiado pela Rússia, das Forças Democráticas da Síria apoiadas pelos Estados Unidos e das forças rebeldes apoiadas pela Turquia, que lutam sob a bandeira do Exército Livre da Síria. O país está em guerra há seis anos. | mundo | Exército sírio diz ter matado 'ministro de guerra' e mais 12 do Estado IslâmicoO Exército da Síria disse nesta quarta-feira que matou o "ministro de guerra" do Estado Islâmico e outras figuras graduadas do grupo militante em operações no leste da cidade de Aleppo. Uma fonte militar síria citada pela mídia estatal do país identificou o ministro como Abu Musab al-Masri, sem dizer exatamente quando ou onde ele morreu. Ele foi identificado entre 13 figuras graduadas do Estado Islâmico mortas em operações militares sírias no leste de Aleppo, incluindo homens identificados como cidadãos iraquianos e sauditas. Um ministro de guerra anterior do Estado Islâmico, Abu Omar al-Shishani, foi morto no último ano. O Pentágono disse que Shishani provavelmente foi morto por um ataque aéreo dos Estados Unidos na Síria. O grupo militante confirmou sua morte em julho, mas disse que ele morreu em combate na cidade iraquiana de Shirqat a sul de Mosul. O Estado Islâmico enfrenta campanhas separadas no norte da Síria –do Exército sírio apoiado pela Rússia, das Forças Democráticas da Síria apoiadas pelos Estados Unidos e das forças rebeldes apoiadas pela Turquia, que lutam sob a bandeira do Exército Livre da Síria. O país está em guerra há seis anos. | 4 |
Michel Laub discutirá linchamentos na internet em novo romance | Michel Laub acaba de entregar os originais de seu novo romance, "O Tribunal da Quinta-Feira", à Companhia das Letras. O novo livro vai tratar dos linchamentos na internet, mas tendo o sexo como tema. A obra conta a história de dois amigos cujas confidências por e-mail vazam -um deles tem o HIV. O romance discute a correspondência privada e a correção política dentro dela -e como tais mensagens têm o sentido alterado ao serem tornadas públicas. Vale esclarecer que o autor começou há três anos a escrever o livro, que não tem nada a ver com os vazamentos de conversas de atores da crise política. Leia a coluna completa aqui. | colunas | Michel Laub discutirá linchamentos na internet em novo romanceMichel Laub acaba de entregar os originais de seu novo romance, "O Tribunal da Quinta-Feira", à Companhia das Letras. O novo livro vai tratar dos linchamentos na internet, mas tendo o sexo como tema. A obra conta a história de dois amigos cujas confidências por e-mail vazam -um deles tem o HIV. O romance discute a correspondência privada e a correção política dentro dela -e como tais mensagens têm o sentido alterado ao serem tornadas públicas. Vale esclarecer que o autor começou há três anos a escrever o livro, que não tem nada a ver com os vazamentos de conversas de atores da crise política. Leia a coluna completa aqui. | 1 |
Na rua ou no restaurante, comida boa é regra em Bogotá | A banana frita vendida na rua por 1.500 pesos (R$ 1,60), as receitas típicas de frutos do mar, as cartas de tapas e petiscos. Comer bem e fora de casa é um hábito importante e barato em Bogotá. A cidade tem restaurantes por todos os cantos, e os melhores estão no centro e nas chamadas Zona Rosa e Zona G. É preciso prestar atenção aos horários. Em dias de semana, muitos estabelecimentos fecham suas portas por volta das 23h. Às sextas e sábados, dá pra esticar um pouco mais -o limite, ainda assim, costuma ser meia-noite. Essa regra vale inclusive para restaurantes mais sofisticados, como o Juana La Loca. A reportagem foi surpreendida, em uma quarta, com o expediente encerrado às 23h30. A passagem por lá é obrigatória para quem aprecia boa comida e design. Projetado pelo arquiteto paulistano Isay Weinfeld, o Juana serve pratos da cozinha mediterrânea. Escolhido pela revista "Wallpaper*" como o melhor restaurante de Bogotá em 2016, fica no terceiro andar de um conjunto comercial da rua 90, com outros bons restaurantes. O bar do Juana é o primeiro ambiente logo após o hall do elevador. Para chegar ao salão principal da casa, é preciso passar por um corredor que atravessa a cozinha. Lá, um pescado na brasa com legumes sai por R$ 39. Em Bogotá, porém, nem sempre ir direto ao prato principal é a melhor opção. A tradição de petiscar resulta em restaurantes com foco específico, como o La Juguetería, no bairro Macarena. Coloque na lista também o The Blind Tiger, que fica no burburinho da Zona T e tem o charme de uma entrada secreta: o visitante chega e se depara com uma varanda minúscula; ao fundo, há uma estante de livros —sim, essa é a porta. Ótimos drinques. A parte mais "roots" de Bogotá, onde turista praticamente não chega, também vale ser conhecida. A caminhada por Chapinero pode ter uma atmosfera um pouco árida, mas as lojas de música, os pequenos cafés e barbearias dão um charme ao lugar. Na rua 52 (número 14-22) há uma opção interessante para quem quer vivenciar algo mais cotidiano. O jeitão do Donde Chejo é de refeitório de fábrica. A tradicional sopa de banana é servida antes do churrasco. Com um copo de suco, a refeição sai por 10 mil pesos (ou R$ 10). Onde fica - Colômbia ONDE COMER A Seis Manos Num galpão, caiu no gosto dos artistas. Experimente o choripan (R$ 12,45) com a Club Colombia, cerveja popular no país Mais aseismanosblog.wordpress.com La Taperia No Bairro La Macarena, é decorado com objetos antigos e coleções de rolhas. A porção de ceviche com pãezinhos sai por 22 mil pesos (R$23,83) Mais lataperia.co The Blind Tiger O forte da casa são os drinques, como o Old Fashioned (R$ 35), com uísque, angostura, açúcar e laranja. Peça as empanadas (que são fritas) Mais facebook.com/jpcuellartbt Somos Masa Confeitaria e padaria, serve combinações de café da manhã, sanduíches, doces e sucos. Experimente o sanduíche de sorvete. Mais somosmasa.com Casa Vieja Funciona há 20 anos numa casa que já foi convento e serve comida tradicional colombiana; cesta de arepas quentinhas abre a refeição Mais casavieja.com.co Local by Rausch Tem mesas altas para grandes grupos, sofás espaçosos e confortáveis. Se está sozinho, prefira o balcão. Os barmen são bem simpáticos Mais hermanosrausch.com Juana La Loca Com design de Isay Weinfeld, serve cozinha mediterrânea Mais facebook.com/juanalalocabog Meridiano Especializado em pratos com produtos orgânicos, tem boas opções de saladas e peixes; a taça de vinho sai por 10 mil pesos (R$ 10,83) Mais facebook.com/merdianobogotarestaurante Gamberro Mesas ao ar livre convidam para um drinque; no menu, rabo de touro na brasa Mais restaurantegamberro.com | turismo | Na rua ou no restaurante, comida boa é regra em BogotáA banana frita vendida na rua por 1.500 pesos (R$ 1,60), as receitas típicas de frutos do mar, as cartas de tapas e petiscos. Comer bem e fora de casa é um hábito importante e barato em Bogotá. A cidade tem restaurantes por todos os cantos, e os melhores estão no centro e nas chamadas Zona Rosa e Zona G. É preciso prestar atenção aos horários. Em dias de semana, muitos estabelecimentos fecham suas portas por volta das 23h. Às sextas e sábados, dá pra esticar um pouco mais -o limite, ainda assim, costuma ser meia-noite. Essa regra vale inclusive para restaurantes mais sofisticados, como o Juana La Loca. A reportagem foi surpreendida, em uma quarta, com o expediente encerrado às 23h30. A passagem por lá é obrigatória para quem aprecia boa comida e design. Projetado pelo arquiteto paulistano Isay Weinfeld, o Juana serve pratos da cozinha mediterrânea. Escolhido pela revista "Wallpaper*" como o melhor restaurante de Bogotá em 2016, fica no terceiro andar de um conjunto comercial da rua 90, com outros bons restaurantes. O bar do Juana é o primeiro ambiente logo após o hall do elevador. Para chegar ao salão principal da casa, é preciso passar por um corredor que atravessa a cozinha. Lá, um pescado na brasa com legumes sai por R$ 39. Em Bogotá, porém, nem sempre ir direto ao prato principal é a melhor opção. A tradição de petiscar resulta em restaurantes com foco específico, como o La Juguetería, no bairro Macarena. Coloque na lista também o The Blind Tiger, que fica no burburinho da Zona T e tem o charme de uma entrada secreta: o visitante chega e se depara com uma varanda minúscula; ao fundo, há uma estante de livros —sim, essa é a porta. Ótimos drinques. A parte mais "roots" de Bogotá, onde turista praticamente não chega, também vale ser conhecida. A caminhada por Chapinero pode ter uma atmosfera um pouco árida, mas as lojas de música, os pequenos cafés e barbearias dão um charme ao lugar. Na rua 52 (número 14-22) há uma opção interessante para quem quer vivenciar algo mais cotidiano. O jeitão do Donde Chejo é de refeitório de fábrica. A tradicional sopa de banana é servida antes do churrasco. Com um copo de suco, a refeição sai por 10 mil pesos (ou R$ 10). Onde fica - Colômbia ONDE COMER A Seis Manos Num galpão, caiu no gosto dos artistas. Experimente o choripan (R$ 12,45) com a Club Colombia, cerveja popular no país Mais aseismanosblog.wordpress.com La Taperia No Bairro La Macarena, é decorado com objetos antigos e coleções de rolhas. A porção de ceviche com pãezinhos sai por 22 mil pesos (R$23,83) Mais lataperia.co The Blind Tiger O forte da casa são os drinques, como o Old Fashioned (R$ 35), com uísque, angostura, açúcar e laranja. Peça as empanadas (que são fritas) Mais facebook.com/jpcuellartbt Somos Masa Confeitaria e padaria, serve combinações de café da manhã, sanduíches, doces e sucos. Experimente o sanduíche de sorvete. Mais somosmasa.com Casa Vieja Funciona há 20 anos numa casa que já foi convento e serve comida tradicional colombiana; cesta de arepas quentinhas abre a refeição Mais casavieja.com.co Local by Rausch Tem mesas altas para grandes grupos, sofás espaçosos e confortáveis. Se está sozinho, prefira o balcão. Os barmen são bem simpáticos Mais hermanosrausch.com Juana La Loca Com design de Isay Weinfeld, serve cozinha mediterrânea Mais facebook.com/juanalalocabog Meridiano Especializado em pratos com produtos orgânicos, tem boas opções de saladas e peixes; a taça de vinho sai por 10 mil pesos (R$ 10,83) Mais facebook.com/merdianobogotarestaurante Gamberro Mesas ao ar livre convidam para um drinque; no menu, rabo de touro na brasa Mais restaurantegamberro.com | 13 |
Tênis e squash são bons esportes para jogar entre amigos (ou fazer novos) | DE SÃO PAULO "O tênis é um esporte para a vida inteira", afirma Eloy de Souza, 60, professor da modalidade há mais de 40 anos. "Quando você vê que a criança já domina a coordenação, pode começar a ter aulas. E o adulto que acha que já passou do tempo sempre pode experimentar." Entre as vantagens da prática, o profissional lista, primeiramente, a parte física. "Hoje eu vejo gente de mais de 90 anos jogando. Você desenvolve a coordenação motora e pensamento estratégico, além de suar a camiseta, que é uma boa prática cardiovascular." Em seguida, vem o lado social. "Você faz amigos por meio do tênis", acrescenta, sugerindo uma prática mínima de uma hora semanal. Vagner Pinheiro, 35, que ensina squash (esporte primo do tênis, só que mais acelerado, jogado em uma sala fechada) há dez anos, vê qualidades semelhantes em sua modalidade. "Ajuda a combater o estresse, aumenta a flexibilidade, trabalha a lateralidade, desenvolve a concentração e ajuda na tomada de decisões E queima calorias. Eu mesmo já perdi 1.100 em uma hora", explica. Para iniciantes, o professor sugere duas aulas de meia hora por semana -o que, de acordo com ele, traz melhoras em seis meses. PARA COMEÇAR Sugestões para quem pretende fazer aulas dos esportes Faixa de preço Aulas de tênis custam a partir de cerca de R$ 100 por hora, mas há quadras em parques públicos e também cursos em unidades do Sesc; lições de squash custam cerca de R$ 230 por mês Tempo disponível necessário O tempo mínimo sugerido é de uma hora, uma vez por semana Indicado para quem São indicados para quem tem rotina acelerada e quem deseja se dedicar a uma prática competitiva que pode ser útil socialmente Tempo de prática para os primeiros resultados Praticando-se duas vezes por semana, em três meses já é possível notar melhora no condicionamento lugares para praticar Play Tennis A rede possui cinco unidades na capital paulista. Também oferece local para praticar squash www.playtennis.com.br Tênis Clube Paulista Fundado em 1927, tem cinco quadras de tênis. Também fornece aulas de squash www.tenisclubepaulista.com.br Academia Paulistana Só dá aulas de tênis, individuais ou em grupos. Também aluga quadras para quem já sabe jogar www.apaulistana.com.br Winner Tênis Tem sedes nos bairros da zona sul (Saúde e Jabaquara) e zona leste (Vila Prudente). Não oferece a prática de squash www.winnertennis.com.br Sesc Tem aulas de tênis nas unidades Belenzinho, Itaquera e Santo Amaro, duas vezes por semana www.sescsp.org.br | saopaulo | Tênis e squash são bons esportes para jogar entre amigos (ou fazer novos)DE SÃO PAULO "O tênis é um esporte para a vida inteira", afirma Eloy de Souza, 60, professor da modalidade há mais de 40 anos. "Quando você vê que a criança já domina a coordenação, pode começar a ter aulas. E o adulto que acha que já passou do tempo sempre pode experimentar." Entre as vantagens da prática, o profissional lista, primeiramente, a parte física. "Hoje eu vejo gente de mais de 90 anos jogando. Você desenvolve a coordenação motora e pensamento estratégico, além de suar a camiseta, que é uma boa prática cardiovascular." Em seguida, vem o lado social. "Você faz amigos por meio do tênis", acrescenta, sugerindo uma prática mínima de uma hora semanal. Vagner Pinheiro, 35, que ensina squash (esporte primo do tênis, só que mais acelerado, jogado em uma sala fechada) há dez anos, vê qualidades semelhantes em sua modalidade. "Ajuda a combater o estresse, aumenta a flexibilidade, trabalha a lateralidade, desenvolve a concentração e ajuda na tomada de decisões E queima calorias. Eu mesmo já perdi 1.100 em uma hora", explica. Para iniciantes, o professor sugere duas aulas de meia hora por semana -o que, de acordo com ele, traz melhoras em seis meses. PARA COMEÇAR Sugestões para quem pretende fazer aulas dos esportes Faixa de preço Aulas de tênis custam a partir de cerca de R$ 100 por hora, mas há quadras em parques públicos e também cursos em unidades do Sesc; lições de squash custam cerca de R$ 230 por mês Tempo disponível necessário O tempo mínimo sugerido é de uma hora, uma vez por semana Indicado para quem São indicados para quem tem rotina acelerada e quem deseja se dedicar a uma prática competitiva que pode ser útil socialmente Tempo de prática para os primeiros resultados Praticando-se duas vezes por semana, em três meses já é possível notar melhora no condicionamento lugares para praticar Play Tennis A rede possui cinco unidades na capital paulista. Também oferece local para praticar squash www.playtennis.com.br Tênis Clube Paulista Fundado em 1927, tem cinco quadras de tênis. Também fornece aulas de squash www.tenisclubepaulista.com.br Academia Paulistana Só dá aulas de tênis, individuais ou em grupos. Também aluga quadras para quem já sabe jogar www.apaulistana.com.br Winner Tênis Tem sedes nos bairros da zona sul (Saúde e Jabaquara) e zona leste (Vila Prudente). Não oferece a prática de squash www.winnertennis.com.br Sesc Tem aulas de tênis nas unidades Belenzinho, Itaquera e Santo Amaro, duas vezes por semana www.sescsp.org.br | 9 |
Voto pela saída do Reino Unido da UE aumenta vantagem em pesquisa | O voto pela saída do Reino Unido da União Europeia (a chamada "Brexit) aumentou a vantagem sobre a permanência e lidera, por sete pontos percentuais, pesquisa do instituto TNS divulgada nesta terça (14). Segundo a pesquisa, 47% dos entrevistados votarão pela saída do país da UE no plebiscito do próximo dia 23, enquanto 40% escolherão a permanência —13% estavam indecisos ou não iriam votar. O TNS ouviu 2.497 pessoas. Na semana passada, pesquisa do TNS apontava vantagem de apenas dois pontos percentuais em favor da saída —43% a 41%, com 16% de indecisos. A nove dias do plebiscito, os partidários pela ruptura com a UE ganharam o apoio do jornal "The Sun", o mais lido do país. "Estamos a ponto de tomar a decisão mais importante de nossa vida política. The Sun convoca hoje todos a votar SAIR", afirma editorial do tabloide, que tem 4,5 milhões de leitores. Afetado pela "expansão sem cessar do Estado federal alemão", o futuro do Reino Unido seria "ainda mais obscuro" dentro do bloco de 28 países, acrescenta o jornal, que considera o Brexit a oportunidade para "reafirmar" a soberania nacional, até agora dependente da "ditadura de Bruxelas". "É nossa oportunidade para que a Grã-Bretanha seja ainda melhor, para recuperar nossa democracia, preservar os valores e a cultura dos quais somos tão orgulhosos", argumenta o "The Sun", que pertence ao magnata Rupert Murdoch, o primeiro grande jornal britânico de tiragem nacional a defender a "Brexit". Para tentar contra-atacar a tendência, os defensores da UE pretendem organizar uma nova ofensiva com um grande evento na sede da Trade Union Congress (TUC), a grande confederação sindical do Reino Unido. Vários líderes do Partido Trabalhista, entre eles seu presidente, Jeremy Corbyn, participarão do ato. Os trabalhistas defendem a permanência do país na UE, mesma posição adotada pelo primeiro-ministro David Cameron, que é do Partido Conservador —o partido defende a saída e está em "guerra civil". | mundo | Voto pela saída do Reino Unido da UE aumenta vantagem em pesquisaO voto pela saída do Reino Unido da União Europeia (a chamada "Brexit) aumentou a vantagem sobre a permanência e lidera, por sete pontos percentuais, pesquisa do instituto TNS divulgada nesta terça (14). Segundo a pesquisa, 47% dos entrevistados votarão pela saída do país da UE no plebiscito do próximo dia 23, enquanto 40% escolherão a permanência —13% estavam indecisos ou não iriam votar. O TNS ouviu 2.497 pessoas. Na semana passada, pesquisa do TNS apontava vantagem de apenas dois pontos percentuais em favor da saída —43% a 41%, com 16% de indecisos. A nove dias do plebiscito, os partidários pela ruptura com a UE ganharam o apoio do jornal "The Sun", o mais lido do país. "Estamos a ponto de tomar a decisão mais importante de nossa vida política. The Sun convoca hoje todos a votar SAIR", afirma editorial do tabloide, que tem 4,5 milhões de leitores. Afetado pela "expansão sem cessar do Estado federal alemão", o futuro do Reino Unido seria "ainda mais obscuro" dentro do bloco de 28 países, acrescenta o jornal, que considera o Brexit a oportunidade para "reafirmar" a soberania nacional, até agora dependente da "ditadura de Bruxelas". "É nossa oportunidade para que a Grã-Bretanha seja ainda melhor, para recuperar nossa democracia, preservar os valores e a cultura dos quais somos tão orgulhosos", argumenta o "The Sun", que pertence ao magnata Rupert Murdoch, o primeiro grande jornal britânico de tiragem nacional a defender a "Brexit". Para tentar contra-atacar a tendência, os defensores da UE pretendem organizar uma nova ofensiva com um grande evento na sede da Trade Union Congress (TUC), a grande confederação sindical do Reino Unido. Vários líderes do Partido Trabalhista, entre eles seu presidente, Jeremy Corbyn, participarão do ato. Os trabalhistas defendem a permanência do país na UE, mesma posição adotada pelo primeiro-ministro David Cameron, que é do Partido Conservador —o partido defende a saída e está em "guerra civil". | 4 |